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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

ADEQUAÇÃO DO TRABALHO NO CENÁRIO PÓS-PANDÊMICO


EM PROL DA SAÚDE MENTAL

Nathália Cirne

Rio de Janeiro
2021
2

Nathália Cirne

ADEQUAÇÃO DO TRABALHO AO CENÁRIO PÓS-PANDÊMICO


EM PROL DA SAÚDE MENTAL

Trabalho de conclusão do curso MBA em Gestão


e Desenvolvimento Empresarial para obtenção do
título de especialista pela Universidade Federal
do Rio de Janeiro, na área de concentração em
Ciências Administrativas.

Orientador: Helios Malebranche Olbrisch Freres Filho

Rio de Janeiro
2021
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CIRNE, Nathália.

C578f Adequação do Trabalho ao Cenário Pós-Pandêmico em


prol da Saúde Coletiva - [Rio de Janeiro] 2021.

Ix, 70 f.; 210 x 297 mm (FACC/UFRJ, MBA em


Gestão e Desenvolvimento Empresarial, 2021)
Orientador: Helios Malebranche Olbrisch Freres Filho
Relatório técnico - Universidade Federal do Rio de Janeiro,
FACC.

1. Teletrabalho 2. Pandemia. 3. Psicologia Organizacional.


I. GDE FACC/UFRJ II. Título (série)
4

Nathália Cirne

ADEQUAÇÃO DO TRABALHO AO CENÁRIO PÓS-PANDÊMICO


EM PROL DA SAÚDE COLETIVA

MONOGRAFIA SUBMETIDA À COORDENAÇÃO DO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO


MBA EM GESTÃO E DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL, DA FACULDADE DE
ADMINISTRAÇÃO E CIÊNCIAS CONTÁBEIS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO
RIO DE JANEIRO, COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA O TÍTULO
DE ESPECIALISTA.

Avaliação:

_________________________________________
Prof. Orientador

_________________________________________
Prof. da Banca

_________________________________________
Prof. da Banca

Rio de Janeiro
2021
5

Dedico esse trabalho ao meu companheiro


Rodrigo Vieira, que me apoia incondicionalmente
e diariamente, e que me motivou em meio a tantos
contratempos e problemas de saúde - inclusive
cuidando de mim - à seguir com o curso de
Gestão e Desenvolvimento Empresarial.
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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por ter preservado a minha saúde mental e física
ao longo de dois anos de pandemia, me permitindo concluir esse trabalho de conclusão de
curso ainda que eu o fizesse simultaneamente com outras três especializações e uma segunda
graduação.

Ao meu marido, Rodrigo da Silva Vieira, por todo o suporte dado ao cuidar da
minha saúde de forma integral e me amparar em meu dia a dia. Por todo o carinho, pela
compreensão dos meus momentos de ausência, pela motivação me oferecida e por todo o
seu conhecimento compartilhado na área médica.

Á professora Maria Teresa Correia Coutinho, que é uma inspiração e através dos
conhecimentos compartilhados em sua disciplina,foi determinante no meu interesse por
psicologia, na minha autoavaliação profissional e aperfeiçoamento enquanto executiva.
7

“Learn your theories as well as you can, but put


them aside when you touch the miracle of the
living soul.”

(JUNG, 1928, p. 361)


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RESUMO

Sabendo que não foram feitas grandes atualizações relativas ao trabalho de acordo
com a evolução tecnológica em período anterior a pandemia, e que a COVID foi grande fator
de reavaliação e transformação digital nas empresas, essa monografia tratará dos impactos
positivos e os retornos esperados tanto para os trabalhadores quanto para os empregadores
ao se adequarem aos recursos facilitadores existentes hoje e à adequação do modelo de
trabalho no cenário de pós-pandêmico.

Abordará também a saúde mental e o seu reflexo na produtividade quando colocada


como peça central de análise e cuidado. Irá discorrer sobre doenças que vinham avançando
como consequências da dinâmica anterior em ambiente de trabalho, como Síndrome
do Intestino Irritável, Burnout, Ansiedade e Depressão, e como algumas estruturas
organizacionais, compreendendo as limitações humanas e o excesso atual de estímulos
devido a tecnologia, podem influenciar no bem-estar coletivo e recuperação econômica após
um dos piores cenários pandêmicos da história mundial.

O presente trabalho busca comparar as crenças de um passado não tão distante do


excesso de controle sob o trabalhador, delimitação de horário de trabalho e a criação de
ambientes físicos intimidadores com a dinâmica que está sendo implementada atualmente de
trabalho remoto, com mais flexibilidade, mais liberdade e uma reflexão maior especificamente
sobre a saúde mental e os seus impactos nos desempenhos empresariais e nas relações
humanas.

Palavras-chave: teletrabalho; pandemia; psicologia organizacional.


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ABSTRACT

Knowing that no major updates were made regarding the work in line with
technological developments in the period prior to the pandemic, and that COVID was a
major factor in the reassessment and digital transformation of companies, this monograph
will address the positive impacts and expected returns for both the workers and employers
by adapting to the enabling resources that exist today and to the adequacy of the work model
in the post-pandemic scenario.

It’ll also address mental health and its impact on productivity when placed as
the centerpiece of analysis and care. It’ll discuss diseases that have been advancing as
consequences of the previous dynamics in the work environment, such as Irritable Bowel
Syndrome, Burnout, Anxiety and Depression, and how some organizational structures,
including human limitations and the current excess of stimuli due to technology, can
influence collective well-being and economic recovery after one of the worst pandemic
scenarios in world history.

The present work seeks to compare the beliefs of the not-so-distant past of excessive
control over the worker, limited working hours and the creation of intimidating physical
environments with the dynamics that are currently being implemented of remote work, with
more flexibility, more freedom and a greater reflection specifically on mental health and its
impacts on business performance and human relationships.

Keywords: telecommuting; pandemic; organizational psychology.


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SINTESI

Sapendo che non sono stati effettuati importanti aggiornamenti sul lavoro in linea
con gli sviluppi tecnologici nel periodo antecedente la pandemia e che il COVID è stato un
fattore importante nella rivalutazione e nella trasformazione digitale delle aziende, questa
monografia affronterà gli impatti positivi e i ritorni attesi per sia i lavoratori che i datori
di lavoro adattandosi alle risorse abilitanti oggi esistenti e all’adeguatezza del modello di
lavoro nello scenario post-pandemia.

Affronterà anche la salute mentale e il suo impatto sulla produttività quando viene
posto al centro dell’analisi e della cura. Parlerà di malattie che stanno avanzando come
conseguenze delle precedenti dinamiche nell’ambiente di lavoro, come la sindrome
dell’intestino irritabile, il burnout, l’ansia e la depressione, e come alcune strutture
organizzative, comprese le limitazioni umane e l’attuale eccesso di stimoli dovuto alla
tecnologia , può influenzare il benessere collettivo e la ripresa economica dopo uno dei
peggiori scenari di pandemia della storia mondiale.

Il presente lavoro cerca di confrontare le convinzioni del passato non troppo lontano
di controllo eccessivo sul lavoratore, orari di lavoro limitati e creazione di ambienti fisici
intimidatori con le dinamiche attualmente in atto di lavoro a distanza, con più flessibilità,
più libertà e una maggiore riflessione specifica sulla salute mentale e sui suoi impatti sulla
performance aziendale e sui rapporti umani.

Parole chiave: telelavoro; pandemia; psicologia organizzativa.


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RESUMEN

Sabiendo que no se realizaron actualizaciones importantes sobre el trabajo en línea


con los desarrollos tecnológicos en el período anterior a la pandemia, y que COVID fue un
factor importante en la reevaluación y transformación digital de las empresas, esta monografía
abordará los impactos positivos y los retornos esperados para tanto a los trabajadores como
a los empresarios adaptándose a los recursos habilitadores que existen en la actualidad y la
adecuación del modelo de trabajo en el escenario pospandémico.

También abordará la salud mental y su impacto en la productividad cuando se


coloque como la pieza central del análisis y la atención. Se discutirán enfermedades que han
ido avanzando como consecuencia de las dinámicas previas en el ámbito laboral, como el
Síndrome del Intestino Irritable, Burnout, Ansiedad y Depresión, y cómo algunas estructuras
organizativas, entre ellas las limitaciones humanas y el actual exceso de estímulos debido a
la tecnología, puede influir en el bienestar colectivo y la recuperación económica después de
uno de los peores escenarios de pandemia de la historia mundial.

El presente trabajo busca comparar las creencias del pasado no tan lejano de control
excesivo sobre el trabajador, jornada limitada y la creación de ambientes físicos intimidantes
con las dinámicas que se están implementando actualmente del trabajo a distancia, con más
flexibilidad, más libertad y una mayor reflexión específicamente sobre la salud mental y sus
impactos en el desempeño empresarial y las relaciones humanas.

Palabras llave: teletrabajo; pandemia; Psicología Organizacional.


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RÉSUMÉ

Sachant qu’aucune mise à jour majeure n’a été faite concernant les travaux en lien
avec les évolutions technologiques de la période précédant la pandémie, et que le COVID
a été un facteur majeur dans la réévaluation et la transformation numérique des entreprises,
cette monographie abordera les impacts positifs et les rendements attendus pour à la fois
les travailleurs et les employeurs en s’adaptant aux ressources habilitantes qui existent
aujourd’hui et à l’adéquation du modèle de travail dans le scénario post-pandémique.

Il abordera également la santé mentale et son impact sur la productivité lorsqu’il


sera placé au cœur de l’analyse et des soins. Il discutera des maladies qui ont progressé en
tant que conséquences de la dynamique précédente dans l’environnement de travail, telles
que le syndrome du côlon irritable, l’épuisement professionnel, l’anxiété et la dépression,
et comment certaines structures organisationnelles, y compris les limitations humaines et
l’excès actuel de stimuli dus à la technologie, peut influencer le bien-être collectif et la
reprise économique après l’un des pires scénarios de pandémie de l’histoire du monde.

Le présent travail cherche à comparer les croyances du passé pas si lointain de contrôle
excessif sur le travailleur, d’horaires de travail limités et de création d’environnements
physiques intimidants avec les dynamiques qui sont actuellement mises en œuvre du travail à
distance, avec plus de flexibilité, plus liberté et une plus grande réflexion spécifiquement sur
la santé mentale et ses impacts sur la performance des entreprises et les relations humaines.

Mots-clés: télétravail; pandémie; psychologie organisationnelle.


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LISTA DE IMAGENS

Figura 01 – Hospital de campanha no Rio de Janeiro .............................................................. 24


Figura 02 – Notícia sobre variante mais contagiosa ................................................................ 25
Figura 03 – Enterros em abril de 2020, em Manaus ................................................................. 26
Figura 04 – Reportagem sobre declínio da Cólera ................................................................. 28
Figura 05 – Mulheres nos EUA durante a Gripe de Hong Kong ............................................ 29
Figura 06 – Chegada do navio trazendo o H1N1 ao Brasil ...................................................... 30
Figura 07 – Hospital improvisado durante a Gripe Espanhola ................................................ 31
Figura 08 – Infográfico com dados de saúde no mundo .......................................................... 32
Figura 09 – Confinados na Itália em suas varandas e janelas .................................................. 36
Figura 10 – Infográfico da ONU sobre doenças zoonóticas .................................................... 39
Figura 11 – Exemplificação da fórmula para o cálculo de turnover ......................................... 68
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LISTA DE TABELAS

Tabela 01 – comparativos de dados das pandemias ocorridas nos últimos 50 anos ................. 38
Tabela 02 – Resultados sobre a autoavaliação da saúde mental ............................................... 44
Tabela 03 – Resultado geral sobre o exercício do trabalho pelo modelo presencial ................. 44
Tabela 04 – Resultado geral sobre o aumento de ansiedade .................................................... 45
Tabela 05 – Resultado geral sobre aumento de tristeza e insatisfação ..................................... 45
Tabela 06 – Resultado geral sobre dificuldades de memória, atenção e concentração ............. 45
Tabela 07 – Resultado geral sobre aumento do sentimento de medo ....................................... 45
Tabela 08 – Resultado geral sobre aumento de agressividade e irritabilidade ........................ 46
Tabela 09 – Redução de rendimentos por sexo biológico ....................................................... 46
Tabela 10 – Percepção de aumento de ansiedade de acordo com o sexo biológico .................. 47
Tabela 11 – Aumento de tristeza e insatisfação de acordo com o sexo biológico ................... 47
Tabela 12 – Problemas de memória e concentração de acordo com o sexo biológico .............. 47
Tabela 13 – Aumento do sentimento de medo de acordo com o sexo biológico ................... 47
Tabela 14 – Aumento da agressividade de acordo com o sexo biológico ................................ 48
Tabela 15 – Dados sobre o aumento da ansiedade de acordo com a classe social .................... 48
Tabela 16 – Dados sobre tristeza de acordo com a classe social ............................................. 48
Tabela 17 – Problemas de memória e concentração de acordo com a classe social ................ 49
Tabela 18 – Aumento do sentimento de medo de acordo com a classe social ......................... 49
Tabela 19 – Aumento da agressividade de acordo com a classe social ................................... 49
Tabela 20 – Aumento de ansiedade de acordo com o gênero .................................................. 50
Tabela 21 – Aumento de tristeza de acordo com o gênero ...................................................... 51
Tabela 22 – Problemas de memória de acordo com o gênero .................................................. 51
Tabela 23 – Aumento do sentimento de medo de acordo com o gênero .................................. 51
Tabela 24 – Agressividade ou irritabilidade de acordo com o gênero ..................................... 52
Tabela 25 – Aumento da ansiedade de acordo com a orientação sexual ................................... 52
Tabela 26 – Aumento da tristeza de acordo com a orientação sexual ....................................... 53
Tabela 27 – Problemas de memória de acordo com a orientação sexual ................................. 53
Tabela 28 – Aumento do sentimento de medo de acordo com a orientação sexual ................. 53
Tabela 29 – Aumento da agressividade de acordo com a orientação sexual ........................... 54
Tabela 30 – Redução dos ganhos de acordo com o gênero ...................................................... 54
Tabela 31 – Redução dos ganhos de acordo com a orientação sexual ...................................... 55
Tabela 32 – Aumento de ansiedade de acordo com a cor da pele ....................................;....... 55
Tabela 33 – Aumento da tristeza de acordo com a cor da pele ................................................ 56
Tabela 34 – Problemas de memória de acordo com a cor da pele ............................................ 56
Tabela 35 – Aumento do medo de acordo com a cor da pele .................................................. 56
Tabela 36 – Aumento de agressividade de acordo com a cor da pele ...................................... 57
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Tabela 37 – Tristeza de acordo com a imunização por vacinação ............................................ 57


Tabela 38 – Medo de acordo com a imunização por vacinação ............................................... 57
Tabela 39 – Medo de acordo com histórico de infecção por COVID-19 ................................ 58
Tabela 40 – Agressividade de acordo com o histórico de infecção por COVID-19 ................. 58
Tabela 41 – Ansiedade de acordo com a gravidade da infecção por COVID-19...................... 59
Tabela 42 – Tristeza de acordo com a gravidade da infecção por COVID-19 ......................... 59
Tabela 43 – Medo de acordo com a gravidade da infecção por COVID-19 ............................ 59
Tabela 44 – Agressividade de acordo com a gravidade da infecção por COVID-19 .............. 59
Tabela 45 – Ansiedade de acordo com proximidade com vítimas fatais .................................. 60
Tabela 46 – Memória de acordo com proximidade com vítimas fatais ................................... 60
Tabela 47 – Agressividade de acordo com a proximidade com a área da saúde ..................... 61
Tabela 48 – Ansiedade de acordo com o consumo de informações jornalísticas .................... 61
Tabela 49 – Memória de acordo com o consumo de informações jornalísticas......................... 61
Tabela 50 – Agressividade de acordo com o consumo de informações jornalísticas ................ 62
Tabela 51 – Aumento da ansiedade de acordo com o uso das redes sociais ............................ 62
Tabela 52 – Aumento da tristeza de acordo com o uso de redes sociais .................................. 62
Tabela 53 – Problemas de memória de acordo com o uso de redes sociais ............................... 63
Tabela 54 – Aumento de medo de acordo com o uso de redes sociais .................................... 63
Tabela 55 – Aumento de agressividade de acordo com o uso de redes sociais ........................ 63
Tabela 56 – Ansiedade dentre trabalhadores presenciais e remotos ou desocupados .............. 64
Tabela 57 – Tristeza entre trabalhadores presenciais e remotos ou desocupados .................... 64
Tabela 58 – Memória entre trabalhadores presenciais e remotos ou desocupados................... 64
Tabela 59 – Medo entre trabalhadores presenciais e remotos ou desocupados ....................... 64
Tabela 60 – Agressividade entre trabalhadores presenciais e remotos ou desocupados .......... 65
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LISTA DE ABREVIATURAS

BEPS Boletim Estatístico da Previdência Social


CDC Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos
CNS Conselho Nacional de Saúde
ESPII Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional
FMUL Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa
HCoVs Coronavírus humanos
INSS Instituto Nacional do Seguro Social
OMS Organização Nacional da Saúde
ONU Organização das Nações Unidas
OPAS Organização Pan-Americana da Saúde
TEPT Transtornos de Estresse Pós Traumático
SII Síndrome do Intestino Irritável
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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 17

2 ELEMENTOS DA PROPOSIÇÃO
2.1 Apresentação geral do problema .................................................................. 20
2.2 Justificativa .................................................................................................... 20
2.3 Objetivos ........................................................................................................ 21
2.2.1 Objetivos gerais ............................................................................... 21
2.2.2 Objetivos específicos ....................................................................... 22
2.4 Metodologia de pesquisa ............................................................................... 23
1.4.1 Classificação da pesquisa quanto aos fins ...................................... 23
1.4.2 Classificação da pesquisa quanto aos meios .................................. 23

3 IMERSÃO AO TEMA ................................................................................... 24


3.1 Sobre SARS-CoV-2 ........................................................................................ 24
3.2 Contextualização histórica ............................................................................ 26
3.2.1 Pandemias e emergências anteriores .............................................. 26
3.2.2 Transtornos no trabalho ................................................................. 32
3.3 Impactos da COVID-19 ................................................................................. 36
3.3.1 Impactos sociais .............................................................................. 36
3.3.2 Impactos ambientais ....................................................................... 38
3.3.3 Impactos econômicos ...................................................................... 40

4 ANÁLISE E SÍNTESE DE DADOS .............................................................. 41


4.1 Pesquisa bibliográfica .................................................................................... 41
4.2 Pesquisa quantitativa .................................................................................... 44
4.3 Pesquisa de campo ......................................................................................... 66

5 CONCLUSÃO ............................................................................................... 70

REFERÊNCIAS ............................................................................................ 72

ANEXOS ....................................................................................................... 77
Anexo 01: Formulário de pesquisa ................................................................... 78
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1 INTRODUÇÃO

Percebe-se que na sociedade, antes mesmo do início da pandemia causada pelo


SARS-Cov-2, muitas doenças e limitações ganharam destaque nas discussões devido ao
modelo de trabalho implementado. Com crescentes casos de doenças ocupacionais, como
Burnout, Ansiedade, Síndrome do Intestino Irritável, entre outras, tornando o transtorno
mental já um dos principais motivos de aposentadoria no Brasil pelo INSS (WANDERLEY
JUNIOR, 2016), começaram a ser questionadas as configurações de trabalho e os métodos
empresariais adotados, sugerindo que já não estavam compatíveis com a saúde humana.

Concomitantemente, alguns pesquisadores apontam que o mercado de trabalho vem


ignorando as adaptações necessárias à inserção de novas tecnologias. Em outros tempos, a
mesma foi adaptada de acordo com as Revoluções Industriais, porém hoje, diante de uma
cultura exploradora do proletariado, os trabalhadores continuam sendo submetidos às mesmas
cargas horárias e aos mesmos modelos de trabalhos, ainda que a tecnologia disponível tenha
aprimorado a capacidade de produtividade. Essa falta de adaptação e o desequilíbrio causado
entre vida profissional e vida pessoal, com negligenciamento específico do lazer, faria com
que a sociedade fosse, de um modo geral, infeliz (RUSSELL, 2002).

Em um pico já de exaustão e exploração, quando algumas empresas já estudavam


métodos alternativos de trabalho mais condizentes com o cenário atual como forma de
encontrar o equilíbrio e aumentar a produtividade através da satisfação do trabalhador, veio
a pandemia provocada por um novo coronavírus, trazendo a doença COVID-19. Com a
COVID-19 órgãos mundiais como a Organização Mundial de Saúde (OMS) e nacionais
como o Conselho Nacional de Saúde (CNS) passaram a recomendar o isolamento social
com o intuito de conter o vírus (CNS, 2020; OMS, 2020b), e um movimento de adoção de
trabalho doméstico foi visto como forma de apoio.

Nesse novo cenário pandêmico as adaptações foram forçadas devido às limitações


sociais, e foi possível observar que inúmeros setores tinham a capacidade de adaptar suas
metodologias trabalhistas sem prejudicar o desempenho empresarial. E indo além, em
alguns casos melhorando a produtividade junto com esses novos modelos e novas posturas
de flexibilidade, como já era apontado por estudos anteriores que constataram que em
condições normais um índice 13% maior de produtividade era alcançado quando o trabalho
era executado de maneira remota (BLOOM et. al, 2013).

Com a pandemia, diversas empresas começaram a mudar seu regime de trabalho do


presencial para o teletrabalho, o que foi muito bem recebido por uma parte dos colaboradores,
enquanto outros após um tempo começaram a sentir a falta do trabalho presencial como
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forma de sociabilização. Se no início vimos uma euforia apontando que muitas empresas
teriam esse modelo como o principal mesmo depois que acabasse esse período histórico,
transcorridos 2 anos desde o início da pandemia vemos que talvez não seja exatamente essa
a adoção pela maioria

Empresas pressionadas ainda por crenças retrógradas de investidores, por uma


cultura de extremo controle sobre o colaborador, pela falta de estratégia para apresentar
novas alternativas aos funcionários que também não se adequaram ao trabalho residencial
e por uma pressão econômica do papel das empresas em levarem movimento, com seus
funcionários, às regiões menos residenciais, faz com que vejamos ainda uma indefinição do
que será realmente a tendência no mercado de trabalho, com muitos apontando que o futuro
seria o modelo híbrido, mas que talvez na prática também não seja realmente eficiente e
adequado à todos.

Paralelamente, ao longo da pandemia e após a sua superação, a tendência é que


tenhamos que lidar com outras consequências psicológicas na sociedade, já que a expectativa
é que tenhamos mais casos de sofrimentos psíquicos do que casos de acometidos pela
COVID-19 (ORNELL, 2020). A pandemia nos trouxe também diferentes contextos férteis
de deterioração da saúde mental: pessoas que sofrem com a privação de interação social,
pessoas que no extremo oposto desenvolveram o medo de retornarem ao convívio social,
profissionais que em suas profissões foram expostos de maneira intermitente ao sofrimento
causado pela COVID-19, pessoas que perderam amigos e familiares de maneira abrupta, além
daqueles que diante do risco de contaminação ou da própria contaminação experimentam
sentimentos diversos e exacerbados.

É preciso, ao analisar o futuro do trabalho no Brasil e no Mundo, ter consciência


que apesar de necessária a comparação entre períodos distintos para buscar uma conclusão
sobre o modelo ideal de trabalho para a sociedade atual, as condições físicas, mentais e
ambientais vistas em período anterior a pandemia, não são as mesmas durante a pandemia e
tão pouco similares ao período pós-pandêmico. Do mesmo modo que em condições normais,
o trabalho remoto não seria sinônimo de trabalho em casa, que é o que observamos agora em
um período de isolamento social.
20

2 ELEMENTOS DA PROPOSIÇÃO

2.1 Apresentação geral do tema

Este trabalho tem o intuito de tratar a adequação da jornada de trabalho como


meio impulsionador da economia e da preservação da saúde coletiva em um cenário pós-
pandêmico, observando que não foram feitas grandes atualizações relativas aos métodos
de trabalho de acordo com a evolução tecnológica ao longo dos anos, mesmo com a sua
disponibilidade, essa monografia tratará dos impactos positivos e os retornos esperados
tanto para os trabalhadores quanto para os empregadores ao se adequarem aos recursos
facilitadores existentes hoje e flexibilizarem o modelo de trabalho adotado até o momento
anterior a pandemia.

Abordará também os impactos na saúde coletiva, física e mental, e o reflexo na


produtividade quando colocada como peça central de análise e cuidado. Irá discorrer
sobre doenças que vem avançando como consequências da dinâmica atual em ambiente
de trabalho, como Síndrome do Intestino Irritável, Burnout, Ansiedade e Depressão, além
de novos transtornos que podem ser desenvolvidos após um período longo de isolamento
e como algumas estruturas organizacionais, compreendendo as limitações humanas e o
excesso atual de estímulos devido a tecnologia, podem influenciar no bem-estar coletivo e
recuperação econômica após um dos piores cenários pandêmicos da história mundial.

2.2 Justificativa

Nota-se nos últimos anos que, mesmo anterior a pandemia, já havia um aumento
de doenças ligadas ao trabalho, apontando também que o modelo até então conhecido tem
características prejudiciais. Transtornos mentais geram perdas de 1 trilhão de dólares ao
ano na economia mundial, sendo o Brasil - especificamente, - o ocupante do primeiro lugar
no ranking da América Latina quando falamos em ansiedade e depressão (OMS, 2017),
mostrando que o sofrimento psíquico encontrado na sociedade pode afetar diretamente a
economia local.

Contudo, hoje temos muitos trabalhadores atuando de forma não só remota, mas
de dentro de suas casas e sem poder intercalar com atividades externas sociais, abrindo
novas possibilidades de impactos mentais no período posterior à pandemia. Provavelmente
veremos reflexos naqueles que se sentiram privados de socialização, naqueles que se sentiram
mais expostos aos riscos, além das possíveis sequelas cognitivas da própria doença nos
acometidos por COVID-19 que podem durar períodos ainda indeterminados (VALENTIN
et. al, 2021).
21

Paralelamente, estudos que avaliavam as características do trabalho antes da pandemia


já demonstravam uma necessidade de revisão do que adotamos até então como padrão, tanto
partindo de uma análise da jornada (RUSSELL, 2002) quanto de uma análise do modelo
principal difundido (BLOOM et. al, 2013), sempre com a justificativa que era preciso haver
um equilíbrio entre vida pessoal e vida profissional para garantir a felicidade, que a própria
felicidade individual de cada colaborador interferia diretamente em sua produtividade, e que
não obtivemos atualizações significativas mediante os avanços tecnológicos.

Atualmente, muitos trabalhadores e empregadores se questionam como será a


relação trabalhista após um período de devastadora pandemia, e especialmente após um
período prolongado de isolamento social, sabendo que teremos que lidar com inúmeras
consequências psicológicas além dos transtornos que já víamos comumente em ambiente
de trabalho. O impacto de um estudo sobre a saúde mental, a adaptação dos processos de
trabalho, dos seus modelos adotados e seus impactos na economia é de interesse mundial.

2.3 Objetivos

É esperado que vejamos uma maior prevalência de Transtornos de Estresse Pós


Traumático (TEPT) na sociedade e especialmente em profissionais da saúde (YUAN
et. al, 2021) quando transpassarmos a pandemia atual, apontando para a necessidade de
captarmos informações, observarmos dados e compararmos os materiais disponíveis a fim
de reduzirmos os prejuízos sociais e econômicos a curto, médio e longo prazo esperados
como consequência da pandemia.

2.3.1 Objetivos gerais

Essa monografia tem como objetivo analisar as principais metodologias de trabalho


existentes e adotadas em cenários não pandêmicos e durante a pandemia de COVID-19, sem
ignorar os interesses financeiros empresariais, avaliando seus impactos sociais e possíveis
influências na saúde mental do colaborador, demonstrando que a atenção para este tema
está diretamente ligada a satisfação pessoal dos mesmos, o que por consequência, induziria
também ao alcance de melhores resultados para a empresa.

E, a partir dessas análises, considerando que equipes são formadas por perfis diferentes,
com necessidades pessoais e profissionais diferentes, além de históricos psicológicos
também distintos, apresentar os pontos de atenção e dados de referência para facilitar a
adoção de medidas empresariais que sejam capazes de conciliar e promover o encontro do
equilíbrio entre a produtividade, os resultados esperados e a preservação da saúde mental
dos colaboradores dentro do ambiente de trabalho.
22

2.3.2 Objetivos específicos

a) apresentar formas de adequação do trabalho ao período pós-pandêmico


considerando os diferentes sofrimentos psíquicos desenvolvidos na sociedade
após um prolongado período de isolamento social, luto e exposição ao risco
de contaminação por SARS-CoV-2;

b) apresentar as principais doenças relacionadas ao trabalho hoje, ou seja:


avaliar os fatores influenciadores no desenvolvimento de doenças como
síndrome de Burnout, Síndrome do Intestino Irritável, entre outras que são
correlacionadas ao cenário de estresse no ambiente de trabalho e que precisam
continuar sendo monitorados;

c) apresentar possíveis impactos à saúde física e mental do trabalhador após


o acometimento por COVID-19, ou seja: avaliar as possíveis acentuações de
problemas físicos, psicológicos e psiquiátricos decorrentes de sequelas;

d) demonstrar a possibilidade de equilíbrio entre interesses empresariais


e bem-estar do colaborador, ou seja: apontar estudos que demonstram
que a produtividade e os resultados da empresa podem ser diretamente
correlacionados com a satisfação e bem-estar dos colaboradores;

e) analisar o impacto na saúde dos trabalhadores da inserção massiva de


tecnologia, ou seja: avaliar o estresse causado por excesso de estímulos
promovidos pela tecnologia no ambiente de trabalho e pelo período prolongado
de socialização virtual, através das redes sociais;

f) avaliar estudos que comparam a produtividade ao adotar modelos e sistemas


de trabalho diversos no período pré-pandêmico, e confrontá-los com as novas
necessidades que estarão presentes no período pós-pandêmico;

g) identificar a incidência de transtornos psíquicos durante a pandemia em


grupos de sociais submetidos a modelos de trabalhos diferentes;

h) apresentar tendências de organização da jornada de trabalho após pandemia,


ou seja: avaliar as medidas que já vem sendo tomadas visando o período pós-
pandêmico, como adoção de teletrabalho e de ambientes híbridos.
23

2.4 Metodologia de pesquisa

Como método dessa pesquisa, serão levantadas as informações circuladas pela mídia,
pesquisa de registros históricos, livros de história, trabalhos acadêmicos e artigos científicos,
para ter uma visão histórica e social dos eventos anteriores, além de pesquisa quantitativa
aplicada e pesquisa de campo, de tal forma a classificar quanto aos fins e também quanto aos
meios.

2.4.1 Classificação da pesquisa quanto aos fins

Primeiramente exploratória, pois a metodologia principal será a análise documental


de períodos similares ao estudo de casos atuais, avaliando configurações de trabalho
diferenciadas e experimentais já implementadas por algumas empresas e analisando também
dados de momentos pandêmicos anteriores para realizar um comparativo com as observações
sociais atuais relativas à pandemia por COVID.

Mas também descritiva, pois também será analisada as variáveis em situações já


conhecidas, como o crescente número de doenças físicas e psicológicas originadas devido a
sobrecarga dos trabalhadores, e as consequências dessa sobrecarga, seja física ou emocional,
ao seu desempenho no trabalho, nas suas relações interpessoais, na sua vida doméstica e
no seu entendimento sobre a felicidade e sobre a influência dessa satisfação nos resultados
empresariais.

2.4.2 Classificação da pesquisa quanto aos meios

Pesquisa bibliográfica e ex-post-facto, pois serão revisadas publicações e informações


já divulgadas sobre sofrimento psíquico, satisfação trabalhista e comportamento social em
busca de informações relevantes para a compreensão da relação entre modelo de trabalho e
saúde mental.

Pesquisa de levantamento quantitativa. Pois haverá coleta de dados por meio de


aplicação de questionário eletrônico para a obtenção de dados quantitativos como forma de
entender melhor as tendências de respostas de acordo com agrupamentos sociais distintos e
o papel da influência socioeconômica nos resultados.

Pesquisa de campo. Pois serão analisados os comportamentos dos indivíduos


componentes de equipe específica até a véspera da pandemia e durante a pandemia, a fim de
detectar as semelhanças e as diferenças entre os perfis, além dos impactos empresariais e na
saúde mental e satisfação dos colaboradores de acordo com o modelo adotado.
24

3 IMERSÃO AO TEMA

Em 2019 o mundo começou a ver o início de uma nova pandemia, que foi caracterizada
como tal em março de 2020 pela OMS, se tornando a sexta declaração de Emergência de
Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII) na história da organização, após vermos
a pandemia H2N1 em 2009, a disseminação internacional de poliovírus e o surto de Ebola na
África Ocidental em 2014, o vírus Zika em 2016 e o surto de Ebola na República Democrática
do Congo em 2018 (OMS, 2020a).

3.1 Sobre o SARS-CoV-2

Segundo a OMS (2020a) o SARS-CoV-2 (CID-11 XN109), nomeado anteriormente


de 2019-nCoV, é o coronavírus responsável pela doença Covid-19 (CID-11 RA01),
compondo o grupo dos 7 coronavírus humanos já identificados, juntamente com alfa
coronavírus HCoV-229E, alfa coronavírus HCoV-NL63, beta coronavírus HCoV-OC43,
beta coronavírus HCoV-HKU1, SARS-CoV e MERS-CoV, esses últimos sendo responsáveis
respectivamente pelo desenvolvimento da síndrome respiratória aguda grave (SARS) e da
síndrome respiratória do Oriente Médio (MARS). Inspirado em pandemias anteriores e
analisando o corrido inicialmente na China, epicentro inicial da pandemia, e posteriormente
na Itália que se tornou o epicentro europeu, vimos no Brasil a construção de hospitais de
campanha (figura 01) para auxiliar a absorção dos indivíduos infectados.

Figura 01 - Hospital de Campanha no Rio de Janeiro.

Fonte: Michael Dantas, Getty Images


25

Sabe-se até agora que o período de incubação do vírus é de 2 a 14 dias e que pode
ser transmitido através do espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo e gotículas de
saliva, que podem estar presentes inclusive em uma simples conversa pessoalmente. O vírus
pode permanecer no organismo por tempo superior ao que se acreditava inicialmente e suas
sequelas cognitivas permanentes poderiam acometer 80% dos infectados (VALENTIN et.
al., 2020). Além disso, diferente do que se acreditava no início da pandemia, é possível
se reinfectar. Inclusive até mesmo no caso de pessoas vacinadas essa imunidade - quando
desenvolvida - também ainda pode ser por um período relativamente curto de tempo.

Entre tantas variantes já identificadas de SARS-CoV-2, segundo a OMS (2021), 4


até então apresentam maior preocupação, sendo elas: Delta (B.1.617.2) surgida na Índia
(figura 02); Alfa (B.1.1.7) surgida no Reino Unido; Beta (B.1.351) surgida na África do Sul;
e Gama (P1) surgida no Brasil. Já a lista de variantes de menor preocupação, mas ainda de
interesse, é composta por: Épsilon (B.1427 e B.1429); Zeta (P.2); Eta (B.1525); Teta (P.3 e
B.1.616); Iota (B.1526); Capa (B.1617.1; B1.620 e B.1.621); Lambda (C.37).

Figura 02 - Notícia sobre variante mais contagiosa

Fonte: G1

Entre os sintomas, os acometidos podem apresentar febre, mialgia, tosse, perda de


apetite e paladar, perda de olfato, dores de garganta, de cabeça, diarreia, irritações cutâneas
e oculares, além do problemas pulmonares e uma hiperinflação capaz de tomar outros órgãos
- como coração, fígado e rins - podendo resultar na morte do enfermo. E nos casos de
reinfecção, também é possível que os sintomas sejam ainda mais fortes (AZEVEDO, 2021).
26

Ao todo é estimado que a Covid-19 foi responsável por 4,55 milhões de mortes em
todo mundo, tendo infectado mais de 219 milhões de pessoas. No Brasil, até agora, foram
21,4 milhões de infectados, resultando em 597 mil mortes distribuídas por todas as cidades
do território nacional, deixando o país em segundo lugar no ranking mundial em números
absolutos de mortes por Covid-19, e em oitavo lugar em números de mortos por cada milhão
de habitantes (RITCHIE et. al, 2020). Uma das regiões mais devastadas foi a cidade de
Manaus, que teve que lidar com números exorbitante de mortes (figura 03).

Figura 03 - enterros em abril de 2020, em Manaus

Fonte: Michael Dantas, Getty Images

3.2 Contextualização histórica

3.2.1 Pandemias e emergências anteriores

Em janeiro de 2020 a OMS declarou a COVID-19 como uma ESPII, que é o mais alto
nível de alerta da organização e que só ocorreu anteriormente em outras 5 situações: H1N1
em 2009, Poliovírus em 2014, Ebola em 2014, Zika em 2016 e Ebola novamente em 2018. Na
história, já foram identificados 7 coronavírus humanos (HCoVs), incluindo o SARS-CoV-2,
causador da doença Covid-19 (OMS, 2020a). Nos últimos 50 anos a humanidade também
teve que lidar com pandemia de HIV desde os anos 80 até hoje e a pandemia de cólera nos
90. Essas pandemias vistas nas últimas décadas são capazes de aumentar significativamente
a morbidade e mortalidade no mundo, além de resultar em graves depreciações econômicas,
27

sociais e políticas (MADHAV et. al, 2017) também na esfera mundial.

Em 2014 a OPAS foi notificada pelo Chile sobre a transmissão local da Zika na Ilha de
Páscoa, enquanto o Brasil reportou em 2015. A Zika (CID-11 1D48) se alastrou para outros
países nos anos seguintes, levando a OMS decretar ESPII em 2016, recebendo notificações
até 2019. Tendo como vetor mosquitos da família Aedes, o vírus da Zika (CID-11 XN1H2)
foi associado ao desenvolvimento da síndrome de Guillain-Barré, e às malformações do
sistema nervoso central ao nascimento, incluindo microcefalia, nos casos de infecção em
grávidas (OPAS, 2017). No mundo, foram relatados 84276 infecções entre os anos de
2016 e 2019 (BHARGAVI; MOA, 2020), resultando em um total de 35 óbitos ao longo
do mesmo período. A OMS declarou o fim da Zika como ESPII ainda em 2016, somando
81.852 infecções, mas o maior número de óbitos ocorreu em 2017, quando houveram 609
casos de infecções e 25 mortes.

Também em 2014 a OMS declarou ESPII para dois vírus, sendo o primeiro o
poliovírus (CID-11 XN3M0), causador da doença endêmica Poliomielite (CID-11 1C81),
conhecida também como Paralisia Infantil, após o surgimento de casos na Ásia, Oriente
Médio e África. A Poliomielite apesar de na maioria dos casos não apresentar sintomas,
pode ocasionar a paralisia de membros inferiores e superiores de forma permanente,
especialmente em crianças com até 5 anos, podendo vir a óbito também pela paralisação
dos músculos respiratórios (OMS, 2019). Apesar de seguir em redução, o poliovírus segue
ainda declarado como ESPII com intuito de atingir sua total erradicação. Em 2018, foram
notificados em torno 30 casos da doença em todo o mundo (LABOISSIÈRE, 2019).

A segunda declaração em 2014 para ESPII foi para o Ebola (2013-2016), também
conhecido como Febre Hemorrágica e ocasionado pelo vírus Zaire Ebolavirus (CID-11
XN1EN), capaz de gerar um índice de 90% de mortalidade, onde entre os sobreviventes
é possível detectar sequelas permanentes posteriores como artrite, inflamações oculares,
problemas de visão e audição (OMS, 2021b). Dois anos depois da declaração do fim da
pandemia em 2016, em 2018, o Ebola (CID-11 1D60.0) foi sinalizado novamente como uma
emergência internacional pela OMS. Estima-se que a primeira pandemia infectou 28.652
pessoas e gerou 11.325 óbitos e a segunda matou entre 2018 e 2020 mais de 2,3 mil (CDC,
2019).

O H1N1 (CID-11 XN297), um subtipo de influenza A, além de ser o mesmo vírus


causador da Gripe Espanhola é também o vírus responsável pelo surgimento da doença Gripe
Suína. A pandemia foi considerada finalizada em 2010, após cerca de 20 meses da sua origem
identificada no México, mas o vírus não foi erradicado. A Gripe Suína foi a primeira pandemia
do século XXI e ocasionou 18.446 mortes no Mundo e em torno de 89 milhões de infectados
28

segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças do Estados Unidos até agosto de


2010 (CDC, 2010). Estudos posteriores, entretanto, apontaram que e o número de infectados
pode ter sido maior do que o divulgado durante a pandemia, tendo entre 11% e 21% da
população mundial infectada pelo H1N1 em 2019 (ROOS, 2011). A pandemia foi controlada
através da vacinação em massa.

No início dos anos 90, ressurgindo no Peru em sua 7ª pandemia, a América viu os
casos de Cólera (CID-11 1A00) se alastrarem (figura 04), e apesar da queda abrupta a partir
de 1995 os casos que iniciaram no século XX ainda se estenderam até o século XXI. A
doença é causada pela bactéria Vibrio cholerae (CID-11 XN7N1) e a contaminação se dá
pelo consumo de água ou alimentos contaminados, consistindo o tratamento basicamente no
processo de reidratação (CASTIÑEIRAS et. al, 2008). Entre os anos de 1991 e 1994 foram
961.193 pessoas infectadas e 9.992 óbitos registrados no mundo (GEROLOMO; PENNA,
1999).

Figura 04 - Reportagem sobre declínio da Cólera

Fonte: acervo do Diário de Notícias

Em 1981 foi detectado o primeiro caso de HIV (CID-11 XN487) responsável pelo
desenvolvimento da sindrome da imunodeficiencia adquirida (CID-11 1C62), entretanto,
cientistas apontaram mais recentemente que o vírus possivelmente já circulava entre humanos
29

desde 1920, onde haveria mais de 10 registros de transmissão de primatas para humanos,
onde em um desses casos, haveria originado a variação HIV-1 grupo M, responsável pela
maioria das infecções hoje e pelo desencadeamento da pandemia (FARIA et. al, 2014) que
completou 40 anos em 2021. O HIV seria responsável até 2020 pela contaminação de mais
de 75 milhões desde a sua primeira detecção e cerca de 35 milhões de óbitos. (NEWCOTT,
2021).

Falando das demais pandemias e doenças que se alastraram causando mortes,


historicamente temos outras 5 que se destacam. Começando pela H3N2, um subtipo da
Influenza A (CID-11 XN8WJ) e que hoje é considerada uma gripe comum e que circula
sazonalmente, mas que anteriormente foi responsável pela pandemia da Gripe de Hong Kong
que ocorreu entre 1968 e 1969 ([GRIPE] H3N2, 2018) e promoveu imagens bem similares
as vistas hoje (figura 05). Estima-se que a Gripe de Hong Kong - que provavelmente evoluiu
da Gripe Asiática - matou ao menos 1 milhão de pessoas durante o período considerado
pandêmico (COSTA; MERCHAN-HAMANN, 2016).

Figura 05: Mulheres nos EUA durante a Gripe de Hong Kong

Foto: Getty Images/BBC

Um pouco antes da Gripe de Hong Kong, entre 1957 e 1958, a humanidade também
passou pela pandemia da Gripe Asiática, igualmente causada por um subtipo da Influenza
A (CID-11 XN8WJ), o H2N2, que era composto por 3 genes diversos e seria originário da
Gripe Aviária (CDC, 2019). A Gripe Asiática afetou entre 40 e 50% da população mundial,
gerando sintomas em até 30% (COSTA; MERCHAN-HAMANN, 2016), provocando febre
alta, cansaço e dores articulares, acredita-se que tenha sido responsável por ao menos 1,1
milhão de óbitos no período (CDC, 2019).
30

Sendo bastante sinalizada como uma das pandemias que mais se assemelham com
a atual provocada pelo SARS-CoV-2, a Gripe Espanhola que também é conhecida como a
mãe de todas as pandemias foi - como outras já mencionadas - provocada pela Influenza
A, especificamente pelo subtipo H1N1 (CID-11 XN297). Ocorrida entre 1918 e 1920,
possivelmente atingiu entre 80% e 90% da população mundial (RIBEIRO, 2018), e foi
composta por 3 ondas e matou mais pessoas do que a Primeira Guerra Mundial, com uma
estimativa entre 40 e 100 milhões de óbito (FRANK, 2020). No Brasil, ela acabou chegando
através de um navio com indivíduos infectados (figura 06).

Figura 06 - Chegada do navio trazendo o H1N1 ao Brasil

Fonte: Biblioteca Nacional

Acredita-se que a Gripe Espanhola tenha causados inúmeros efeitos econômicos e


sociais, impulsionando empresas na área da saúde e prejudicando aquelas de atuação em outros
setores. A pandemia também promoveu posteriormente ganhos salarias mais altos devido
escassez de mão de obra (FRANK, 2020), e como também sugere Frank (2020), transtornos
mentais e psicológicos, incluindo casos de Transtornos de Estresse Pós Traumático (TEPT)
31

nos sobreviventes, como esperado em grandes e duradouras pandemias. Muito citada desde
o início da pandemia por COVID, as imagens da época apontam semelhanças com muitas
que vemos hoje, como por exemplo as imagens de hospitais improvisados (figura 07).

Figura 07 - Hospital improvisado durante a Gripe Espanhola

Fonte: FMUL

A Peste Bubônica (CID-11 1B93.0), também conhecida como Peste Negra, que
atingiu a Europa no Século XIV e estima-se que matou em torno de 100 milhões de pessoas.
Esses valores ainda são imprecisos, podendo ser maiores, devido a falta de documentação
pertinente em relação a mortalidade. A doença foi ocasionada pela bactéria Yersinia Pestis
e foi disseminada através do contato humano com pulgas Xenopsylla cheopis (CID-11
XN6QS) e Pulex Irritans, roedores infectados e em sua variação pneumônica através de
tosses e espirros (MARTINO, 2017). A Peste Bubônica é considerada a maior pandemia
mundial na história da humanidade, que originou na Ásia Central e migrou para o Ocidente,
mais especificamente para a Europa, em 1347, onde perdurou por 4 anos. Entretanto, sua
presença mundial no período medieval foi identificada entre 1346 e 1352, totalizando 6
anos.

Apesar do seu último surto ter ocorrido em 1949, a Varíola (CID-11 1E70) foi
considerada erradicada em 1980, após 3 anos do registro do seu último caso, depois ao
menos 3 mil anos assolando o planeta, sendo originada do Egito ou da Índia e possuindo
agora vacina e antivirais eficazes (CDC,2017). A doença foi responsável por matar ao menos
300 milhões de indivíduos (OMS, 2020) contaminados pelo vírus Orthopoxvirus (CID-11
XN4Q0) variolae, que motivou a criação da primeira vacina da história, no século XVIII, que
no Brasil ocasionou a Revolta da Vacina, ao gerar medo, recusa da imunização e oposição ao
governo quando determinou a sua obrigatoriedade (FIOCRUZ, 2015).
32

3.2.2 Transtornos no Trabalho

Em 2017, o relatório divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU) sobre
depressão e outros transtornos mentais comuns apontou o Brasil ocupando o primeiro lugar
no ranking mundial em ansiedade, e o colocou em quinto lugar geral em depressão, ficando
na América Latina na primeira posição e dentro de toda a América em segundo, apenas atrás
dos Estados Unidos nesse quesito, que é responsável por cerca de 800 mil suicídios por
ano no mundo (OMS, 2017). Os dados da ONU (2017) também apontaram que a depressão
e ansiedade juntas são responsáveis pelo custo anual de 1 trilhão de dólares na economia
mundial (figura 08). Esses dados podem ser comprovados também quando analisamos o
mercado de trabalho no Brasil, como por exemplo, os dados de afastamentos pelo Instituto
Nacional do Seguro Social (INSS).

Figura 08 - Infográfico com dados de saúde no mundo

Fonte: ONU (2017) / RS Design

Antes mesmo da pandemia,entre 2012 e 2016, transtornos mentais já ocupavam a


terceira maior causa de solicitação de auxílio (BRASIL, 2017), ficando dentro de algumas
categorias, como a jurídica, como a primeira. Já durante a pandemia, segundo a Secretaria
Especial de Previdência e Trabalho, os pedidos de auxílio-doença por afastamento devido
a transtornos mentais aumentaram 33,7% em 2020, saindo de 213,2 mil concessões em
2019, para 285,2 mil no primeiro ano de pandemia (BEPS, 2021). Entre as principais causas
de afastamento ligadas a saúde mental, estão a ansiedades, síndromes, fobias, transtorno
alcoólico, depressão e estresse, tendo administradores, motoristas, bancários, profissionais
33

da saúde e do varejo encabeçando as solicitações de pedidos de auxílio e aposentadoria por


invalidez (BRASIL, 2017).

Podemos verificar inclusive que o aumento da ansiedade na população brasileira


tem refletido inclusive nas buscas do Google, conforme dados (gráfico 01) extraídos da
ferramenta Google Trend, comumente usado de forma auxiliar em marketing, que apresenta
as buscas crescentes pelo termo “ansiedade” nos últimos 5 anos:

Gráfico 01 - Dados de pesquisas através do Google

Fonte: Google Trends

Segundo a cartilha de Saúde Mental do Ministério Público, existem patologias


clínicas reativas ao estresse: depressão e ansiedade; e consequências de um modelo de
vida estressante no trabalho: Burnout. O mesmo documento também destaca a Síndrome
da Fadiga Crônica (CID-11 8E49), Síndrome de Burnout (CID-11 QD85), Transtorno de
Ansiedade Generalizada (TAG) (CID-11 6B00), Síndrome e Transtorno do Pânico (CID-11
6B01 ) e Síndromes Depressivas (CID-11 6A71) como transtornos de maior atenção durante
o período pandêmico, o trabalho remoto e a submissão massiva à tecnologia, acompanhados
das privações de lazer em um período de afastamento social (GONÇALVES, BISOL e LUZ,
2020).

Além dos transtornos já citados, há também a Síndrome do Intestino Irritável (SII),


que apesar de ser enquadrado como um distúrbio gastrointestinal, sabe-se também que
o seu desenvolvimento e exacerbação estão diretamente ligados ao estresse, depressão e
ansiedade (NEMER et. al, 2011), além de ser uma doença crônica e muitas vezes limitantes
socialmente, que dependendo do caso e da extensão dos sintomas, poderá ser considerada
uma deficiência psicossocial. Inclusive, o SII (CID-11 DD91.0) é uma condição frequente
34

em veteranos e prisioneiro de guerras americanos, especialmente militares mulheres


(VETERANS AFFAIRS, 2021).

Dados de uma pesquisa realizada Gallup (2018), com 7500 colaboradores americanos,
constatou que dois terços dos entrevistados sofriam de Síndrome de Burnout, 63% tinham
mais chances de faltar ao trabalho por motivos de doença, 23% apresentavam mais riscos de
irem para uma emergência médica, além dos acometidos pela síndrome terem 3 vezes mais
chances de buscarem outros empregos. No Brasil, os índices apontam que 90% das pessoas
estão insatisfeitas com seus trabalhos (MACHADO, 2018), o que alimenta obviamente
o aumento do turnover e consequentemente os custos empresariais e o potencial de
produtividade, já que a rotatividade constante de pessoal demanda também novos processos
seletivos e treinamentos, por exemplo.

Complementarmente, uma pesquisa realizada pela plataforma de Kenoby - uma


startup de tecnologia para recrutamento - apontou que os profissionais de recursos humanos
das empresas declararam que a saúde mental é ignorada pela instituição para qual trabalham.
E 67% dos profissionais consultados também relataram que a empresa já teve afastamentos d
e funcionários por questões emocionais. Na mesma pesquisa, quando os participantes foram
questionados sobre a pretensão das respectivas empresas em investirem em saúde mental,
35% informou que tal investimento deverá vir dentro do período de um ano, enquanto 53%
declarou não ter ciência (GRANATO, 2021a), ainda que também o relatório da ONU (2017)
tenha apontado que a cada 1 dólar investido em bem-estar, 4 dólares são ganhos através da
produtividade.

Segundo a pesquisadora Sara Evans-Lacko, da London School of Economics, no


Brasil perdemos 78 bilhões de doláres anualmente com a queda da produtividade como
consequência da depressão (GRANATO, 2020a), mostrando que o cuidado com a saúde
mental precisa ser um compromisso empresarial com os seus colaboradores, inclusive com
o intuito de fomentar a economia nacional. Além de ser, claro, extremamente importante
para a manutenção da saúde pública e as relações sociais, especialmente em um cenário
de pós-pandemia, quando tendemos ver a saúde mental se depreciar ainda mais ao mesmo
tempo que a economia mundial também já é afetada.

E ainda falando do tema saúde mental no ambiente de trabalho, segundo os dados


sintetizados pela Escola Nacional de Administração Pública (ENAP, 2019), temos:

a) Dados da Capita (2019):

– 79% dos colaboradores relatando estresse nos 12 meses anteriores;


35

– 22% dos entrevistados relatando estresse frequente;


– 47% considerando normal sentir estresse e ansiedade devido o
trabalho;
– 45% apontando cogitar largar o emprego devido ao estresse;
– 49% informando que acreditam que seus líderes imediatos não
saberiam lidar caso fosse relatado algum problema de saúde mental;
– 42% relatando que já sofreram assédio moral no trabalho; 44%
afirmaram estar mais irritados no trabalho;
– 25% relataram o aumento de consumo de álcool;
– 28% confessaram descontar o estresse no trabalho em familiares;
– 15% relataram o aumento do consumo de cigarros.

b) Dados da Mental Health American (2019):

– 24% alegou ter se afastado por estresse, onde metade relatou não ter
registrado que a verdadeira motivação era a saúde mental;
– 37% afirmam não se sentirem confortáveis em contar aos seus colegas
de trabalho ou para a empresa sobre a necessidade de afastamento
devido a saúde mental;
– 55% afirmaram que sentem medo de tirarem folgas para cuidarem da
saúde mental.

c) Dados da Wellable (FRITZE et. al, 2019) sobre as medidas empresariais:

– 67% das empresas oferecem programas de assistência;


– 46% afirmaram valorizar recursos de educação em saúde mental;
– 30% adotam escalas de trabalho mais flexíveis;
– 29% afirmaram valorizar o acesso às ferramentas digitais de saúde
mental.

É visível que mundialmente a saúde mental no trabalho já demandava atenção até


mesmo anteriormente a pandemia de COVID-19, já que dados de diversas instituições
apontavam o crescente desenvolvimento de transtornos mentais na sociedade. Muitos
estudos também já apontavam que os aspectos relacionados ao trabalho e as culturas
organizacionais também eram fatores determinantes no adoecimento psíquico dos seus
colaboradores, do mesmo modo, que evidenciavam que como consequência também era
possível ver impactos na produtividade e também econômicos. A pandemia acompanhada
de uma série de configurações estressantes acelera a urgência de voltarmos o olhar para o
bem-estar do trabalhador, priorizando a saúde mental.
36

3.3 Os impactos da COVID-19

3.3.1 Impactos sociais

Vimos na pandemia a população mundial buscando alternativas de socialização a


partir de suas próprias residências, como nas emblemáticas imagens originadas na Itália
dos seus moradores cantando em suas varandas e janelas após a determinação de lockdown¹
(figura 09), no entanto, após quase dois anos de distanciamento social e restrições na
tentativa de conter a pandemia causada pelo SARS-CoV-2, o vírus causador da COVID-19,
toda a sociedade está sujeita a sofrer consequências psicológicas já esperadas diante dessa
configuração.

Figura 09 - confinados na Itália em suas varandas e janelas

Fonte: ANF

Uma parte considerável da população tem exercido seu trabalho de maneira remota
e tem também restringido o próprio lazer as atividades que podem ser feitas de suas casas,
como através do uso de redes sociais, videogames e o uso de streamings. E ao mesmo
tempo que a atual geração tem a tecnologia como aliada para driblar o total isolamento,
a tem também como fator agravante de estresse e do desenvolvimento de sofrimentos
psíquicos. Sabendo que as redes sociais, por exemplo, se utilizam da exploração do

¹ Protocolo de isolamento rigoroso imposto pelo Estado que restringe a circulação de pessoas e impõe o
fechamento de comércio não essencial como medida de proteção contra uma ameaça externa.
37

conceito do viés da confirmação (RODRIGUES, 2019) e assim aumentam tempo de uso e o


número de interações, um fator externo como pandemia acentuando ainda mais o uso delas,
pode promover também o maior desenvolvimento do comportamento intolerante e abaixar
ainda mais o limiar de um indivíduo para frustrações.

Em um período de incertezas já causadas pelo receio de contaminação ou pela perda


alguém próximo na pandemia, outras tantas mudanças sociais foram vistas. No Brasil, 50%
das pessoas optaram por passar o isolamento no interior, afastadas dos grandes centros,
aproveitando a mobilidade trazida pelo trabalho remoto (SENA, 2020). Ao mesmo tempo
segundo um levantamento do Colégio Notarial do Brasil, entre maio e julho de 2020, os
divórcios consensuais aumentaram em 54% (CASTRO, 2020), e essa tendência perdurou
nos meses seguintes, quando em Dezembro de 2020 teve o maior número de divórcios
registrados em único mês desde janeiro de 2007, e quando só no Estado de São Paulo foi
visto um aumento dos divórcios em 36,35% em 12 meses (LAUDARES, 2021).

Já a violência doméstica, que pode ser praticada por homens e mulheres contra
homens e mulheres, podendo ser física como também psicológica, segundo os dados do
DataFolha se manteve de um modo geral estável ao longo da pandemia, entretanto, com a
violência intrafamiliar tendo índices de alta. Ou seja, uma violência onde o agressor citado
passou a ser o pai, a mãe, o padrasto, a madrasta, o irmão, a irmã, o filho e a filha (PAULO,
2021), o que aponta que isolamento social e a maior permanência no ambiente domiciliar
pode estar sendo uma configuração prejudicial para alguns, que varia de acordo com as
necessidades individuais e as configurações familiares.

Ao mesmo tempo que houve um isolamento, houve também a redução de “distrações


sociais”, que juntamente com o receio da solidão, motivou o uso dos aplicativos de namoro
on-line, assim como o seu tempo de consumo (CARMEN, 2021). E ainda que o número de
divórcios tenha aumentado, alguns casais acabaram se formando durante a pandemia ou
se consolidando ao longo dela. Devido as restrições sociais, e por outras vezes até devido
a uma solução financeira, a pandemia contribuiu para que muitos casais decidissem morar
juntos, inclusive aqueles que antes devido ao trabalho se mantinham em cidades distintas
puderam se unir devido a implementação do trabalho remoto.

Somando aos impactos sociais da pandemia, tivemos no Brasil mais de 5 milhões


de crianças e adolescentes sem aula durante 2020, um número quase 4 vezes maior que
o número de crianças e adolescentes sem acesso a educação no ano anterior (UNICEF,
2021), sem que mencionemos aqueles que ficaram em quase sua totalidade do tempo tendo
aulas de maneira remota, acarretando também mudanças no dia a dia familiar. O impacto da
COVID-19 na educação tem efeitos presentes e garante também efeitos futuros na sociedade,
38

tendo em vista a defasagem causada no ensino no Brasil.

Quando fazemos um comparativo da COVID-19 com as outras pandemias ocorridas


nos últimos 50 anos, vemos que a COVID-19 foi a terceira pandemia mais duradoura,
ficando atrás apenas da Cólera e do HIV, sendo essa segunda uma pandemia considerada
ainda ativa. E quando analisamos a taxa de letalidade entre os vírus causadores, vemos
que o SARS-CoV-2 é também o terceiro vírus mais letal, ficando atrás do HIV e do vírus
Ebola. , esse último ocasionar de duas pandemias dentro do período analisado. Esses dados
demonstram a magnitude da pandemia atual e o seu potencial como fator de interferência
social e psicológico, já que as restrições sociais e as recomendações isolamento, estão se
estendendo por um longo período.

Tabela 01 - comparativos de dados das pandemias ocorridas nos últimos 50 anos

Fonte: ONU, CDC, National Geographic

3.3.2 Impactos ambientais

Além dos impactos sociais, a pandemia de COVID-19 também trouxe impactos


ambientais. Com a redução de voos, de descolamentos e especialmente com menos veículos
nas ruas, já que parte da população passou a trabalhar de casa, a emissão de dióxido de
carbono reduziu em 7% no mundo. Como os transportes terrestres são responsáveis por um
quinto das emissões do gás poluente (ONU, 2020), a adoção definitiva de flexibilizações no
trabalho podem ser de suma importância para o controle ambiental e a garantia de redução
de substâncias tóxicas no ar, o que a médio e longo prazo poderia ser inclusive um fator
determinante para a melhora da qualidade de vida da humanidade e o aumento de sua
39

expectativa de vida (STEFFENS, J.; STEFFENS, C., 2013).

Estudos anteriores a pandemia começaram a sugerir que a poluição do ar pode


também se correlacionar a saúde mental de um indivíduo, sendo capaz de promover uma
neuroinflamação e aumentar os riscos de distúrbios neuropsiquiátricos, com propensão
- segundo estudos feitos em animais - a desenvolver depressão e outros transtornos
(RZHETSKY et al., 2019). Além disso, a poluição do ar está também diretamente ligada às
mudanças climáticas, que é um dos fatores que contribuem para o surgimento de doenças
zoonóticas (figura 10), que pode ser o caso da própria COVID-19. Dessa forma, a redução de
gases poluentes, como o dióxido de carbono - como ocorreu em virtude do isolamento social
- pode contribuir positivamente na saúde mental da população e na prevenção do surgimento
de novas pandemias.

Figura 10 - infográfico da ONU sobre doenças zoonóticas

Fonte: ONU
40

3.3.3 Impactos econômicos

No Brasil, estima-se que o impacto econômico da pandemia alcançará R$ 3,8 trilhões,


que começa pela queda do Produto Interno Bruto (PIB) sendo responsável por 150 bilhões,
enquanto danos mentais corresponderiam a R$ 22 bilhões desse montante e danos físicos
somariam mais de 1,2 trilhão. Isso desconsiderando uma dívida pública de 250 bilhões e os
prejuízos provenientes das mortes, correspondendo a 2,1 trilhão (SINDSEG, 2021). Diante
dessa análise macro do país também podemos imaginar os possíveis danos individuais na
sociedade.

No ano de 2020, o primeiro ano de pandemia no Brasil, o desemprego atingiu 13,4


milhões de pessoas e o percentual de desocupação foi 13,5%, que é o maior índice desde a
criação Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) em 2012, segundo dados do
IBGE. Com isso, segundo a consultoria iDados, também atingimos a maior taxa desde 1993.
Como parâmetro, uma das épocas mais críticas foi o ano de 2017, que ainda assim se limitou
a uma taxa de desocupação menor, de 12,7% e acumulando 13,1 milhões de desempregados
(CUCOLO; GARCIA, 2021)

Quando falamos de abertura e do fechamento de empresas, em 2020 cerca de 3,35


milhões de CNPJs foram abertos no Brasil, enquanto 1,04 milhão sofreram baixa segundo o
Ministério da Economia. Apesar do saldo positivo e ser o maior número de empresas abertas
desde 2010, 2,6 milhões foram registrados como MEI. O crescimento do MEI foi de 8,6%
se comparado a 2019 (MARTELLO, 2021), mas isso aponta que pode ter ocorrido devido o
desemprego e falta de perspectiva na melhora de ofertas e contratações durante o período de
pandemia, estimulando a abertura de pequenos negócios próprios.

Um dos setores mais atingidos foi o de bares e restaurantes, que segundo a Associação
Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) teve 335 mil estabelecimentos extintos e o
fechamento de cerca de 1,3 milhão de postos de trabalhos durante o período. Os locais
mais atingidos foram aqueles localizados nos centros comerciais, que agora, entre os ainda
abertos, não chega a 10% do fluxo no pré-COVID (ALVARENGA, 2021).

Por fim, temos também aqueles trabalhadores, geralmente mais qualificados, que diante
das oportunidades remotas começaram a migrar suas atuações para empresas estrangeiras,
onde ao mesmo tempo que trazem capital externo para o país, reduzem a disponibilidade de
mão de obra qualificada para as empresas nacionais. O déficit que tem ocorrido em outros
países de determinados profissionais, somado a desvalorização do Real frente ao Euro e ao
Dólar, fez com que a demanda externa por profissionais brasileiros crescesse em 20% em
agosto de 2021 se comparado com igual período do ano passado (SENA, 2021).
41

4 ANÁLISE DE DADOS

Inúmeras variáveis precisam ser consideradas quando queremos falar de trabalho e


saúde mental na pandemia de COVID-19, como pesquisas anteriores acerca da produtividade
no trabalho, dados sobre a saúde mental e informações sobre a satisfação trabalhista diante
das medidas empresariais e os conceitos que a sustentam. Dessa forma, foram adotadas
três métodos de pesquisas para buscar uma conclusão quanto a necessidade de adequação
do trabalho em um período pós-pandêmico: pesquisa bibliográfica, pesquisa quantitativa e
pesquisa de campo.

4.1 Pesquisa bibliográfica

Em seu livro “O Elogio ao Ócio”, publicado originalmente em 1935, Russell (2002)


já destacava a importância da flexibilidade no trabalho como forma de alimentar a felicidade
na sociedade, além de destacar que o trabalhador usufruindo de mais tempo fora do horário de
expediente poderia também se atualizar mais academicamente e oferecer, por consequência,
um trabalho de maior qualidade e mais condizente com as necessidades contemporâneas.
Ele salientava também o papel da tecnologia, que deveria ser responsável por proporcionar
mais conforto e equilíbrio entre a vida pessoal e a profissional.

Apesar das ideias relativas a flexibilidade - seja ela advinda da redução de carga
horária ou da mobilidade - serem antigas, foi somente agora com a pandemia da COVID-19
que esse debate ganhou amplo destaque mundial associado ao olhar necessário também
sobre a saúde mental dos indivíduos. Ainda que Russell defendesse até mesmo uma jornada
de 20 horas semanais, isso ainda nas vésperas da Terceira Revolução Industrial, hoje vemos
um conflito entre o desejo do empregador e do empregado quando falamos de trabalho
remoto, mesmo que em jornada de 40 horas.

Hoje, é inegável que a maioria dos trabalhadores que experimentaram o trabalho remoto
durante a pandemia tem preferência pela sua manutenção diante de vantagens significativas
como a flexibilidade de horário, otimização do tempo ao dispensar descolamentos e a
possibilidade de usufruir de mais tempo com a família (BRIDI et al, 2020). Segundo uma
pesquisa realizada pela USP, com 1300 participantes majoritariamente com alta qualificação
e alta renda, 70% dos profissionais entrevistados desejam permanecer trabalhando de casa,
19% indicaram que não gostariam de atuar em home office² e 11% deles indicaram ser
indiferente (GRANATO, 2020b).

² Home office é um termo adotado no Brasil para se referir ao trabalho realizado necessariamente de casa, não
sendo o mesmo, portanto, que o trabalho remoto ou o teletrabalho.
42

Uma pesquisa realizada pela Revelo apontou que a área da tecnologia pode se destacar
ainda mais pela preferência pelo trabalho remoto, quando 78% dos participantes indicaram
a intenção de deixarem seus empregadores caso houvesse a imposição de um outro modelo
de trabalho. A pesquisa considerou como profissionais de tecnologia os desenvolvedores,
os designers, os marketers, os operadores de dados, entre outros (STRAZZA, 2021). E esse
indicativo poderá refletir no avanço das empresas na transformação digital necessária para
absorver e responder ao mundo que conhecemos hoje.

Reforçando a mesma ideia de preferência pelo trabalho remoto atualmente no


mercado, o estudo “Life and Work Beyond 2020”, realizado pela Avaya (2021) e divulgado
pelo portal Terra, constatou que 78% dos brasileiros participantes afirmaram que a extensão
do trabalho remoto para o período pós-pandêmico os deixariam mais felizes, e que 83%
apontou prezar o bem-estar em detrimento do trabalho. Na mesma pesquisa também foi
constatado que apesar da pandemia ter causado uma necessidade de interação presencial,
ocasionando uma certa nostalgia em relação a esse tipo de relação, 63% dos participantes
satisfariam esse desejo de forma pontual após as restrições, através de um dia de compras.

E ainda que muitas empresas estejam tentando emplacar a adoção de um trabalho


híbrido ou o retorno para o presencial, por uma necessidade primitiva de supervisão presencial
de seus colaboradores, uma pesquisa realizada pela Internacional Data Corporation,
encomendada Unisys, que analisou participantes de 15 países incluindo o Brasil, apontou
que tanto líderes quanto liderados concordam que o trabalho remoto é tão produtivo ou mais
que o trabalho presencial (SOUZA FILHO, 2021), apontando que estrategicamente do ponto
de vista empresarial, a adoção do trabalho remoto também após o período pandêmico seria
também benéfico para o mercado e não somente para o trabalhador.

Quando voltamos a revisão da literatura e de estudos em períodos anteriores a atual


pandemia, vemos que já era sabido que a flexibilidade no trabalho é um fator importante para
a promoção e manutenção da saúde mental do indivíduo. Em 2010, uma pesquisa apontou
que a flexibilidade no trabalho a longo prazo - observada mais frequentemente em países
desenvolvidos - sugeria fortemente uma melhora na saúde física e mental do trabalhador,
aumentando a sua sensação de bem-estar e reduzindo a pressão sanguínea, o ritmo cardíaco,
reduzindo a sensação de fadiga, aumentado a qualidade do sono, além de reduzir a incidência
de depressão (BAMBRA et al., 2010).

Complementarmente, uma pesquisa realizada no Reino Unido apontou que boa parte
do bem-estar promovido pelo trabalho remoto, ou por jornadas alternativas, é oriunda da
redução ou eliminação do tempo de deslocamento para o posto de trabalho. A pesquisa que
foi conduzida pela VitalityHealth e contou com 34 mil participantes britânicos, apontou
43

que aqueles que viajam mais tempo, demorando 60 minutos ou mais em seus trajetos até o
trabalho, possuem 33% mais chances de desenvolver depressão. Além disso, esse mesmo
grupo apontou 40% mais chances de desenvolver preocupações financeiras, 21% mais
provável apresentarem obesidade e 12% mais chances de relatar estresse associado ao
trabalho (RODIONOVA, 2017).

Um estudo randomizado publicado em 2016 com participantes especificamente


atuantes na área de tecnologia da informação também apontou que o trabalho realizado em
ambiente diferente do tradicional, do escritório do próprio empregador, seja ele em casa
ou em escritórios compartilhados também comumente denominados coworking, reduzem
o sofrimento psicológico e o estresse, especialmente em mulheres, após o período de 12
meses. O mesmo estudo também apontou um aumento da satisfação no trabalho quando o
mesmo é executado de maneira remota (MOEN et al., 2016).

Endossando os demais estudos citados anteriormente, apesar de não tratar diretamente


do trabalho remoto, uma pesquisa realizada pelo World Happiness Report (2019) sinalizou
que os maiores fatores de adoecimento psíquico possuem relação direta com o trabalho,
como a relação com pares e superiores e a falta de equilíbrio entre o tempo dedicado para
questões pessoais e para questões profissionais. Ou seja, antes mesmo da pandemia de
COVID-19 inúmeros estudos sinalizavam a necessidade de reavaliação das condições de
trabalho em prol da saúde mental, mas que somente diante de uma emergência sanitária mais
palpável e visível, como uma pandemia viral, houve uma adaptação em massa.

Em pesquisa para a revista digital Exame, a pesquisadora Tsedal Neeley da Harvard


Business School que dedicou os últimos 20 anos ao estudo do trabalho remoto e tecnologia,
aponta que em muitos casos foi visto uma produtividade ainda maior durante a pandemia
após muitos colaboradores começarem a trabalhar de casa, e ressalta a importância da
compreensão por parte das empresas que o trabalho híbrido ou presencial a partir de agora
precisa receber uma justificativa relevante para que haja uma aceitação por parte dos
profissionais.

Segundo Neely, depois de diversas empresas resistentes aos modelos mais flexíveis
terem conseguido migrar em poucos dias para o trabalho remoto, o foco empresarial agora
precisa ser o resultado e que a retomada do presencial após a pandemia seria um retrocesso.
O desejo de ter funcionários dentro dos escritórios seria motivado por microgerenciadores,
e que a tendência é de gerar ainda mais insatisfação se a percepção dos colaboradores
nesse retorno for de uma volta sem propósito, para seguir realizando atividades que já se
mostraram capazes de serem executadas de maneira remota. Tal postura tornaria o cenário
menos atrativo aos olhos do mercado (GRANATO, 2021b)
44

4.2 Pesquisa quantitativa

Para verificação prática da correlação entre a pandemia de COVID-19 e saúde


mental, foi aplicado um formulário (anexo 01) on-line entre os dias 4 de julho de 2021 e
20 de julho de 2021, onde foram ouvidas 1204 pessoas no Brasil, de diferentes regiões e
contextualizações sociais diversas, trazendo um grau de confiança de 95% e uma margem de
erro de 3 pontos percentuais (p.p) se considerarmos o valor de 212,6 milhões de habitantes
nacionais. O intuito da pesquisa era determinar se houve aumento da autopercepção de
fatores relacionados aos possíveis sofrimentos psíquicos, diferença de relatos entre os grupos
de modelo presencial e modelo remoto, além de considerar fatores sociais que poderiam
ser atenuantes ou agravantes para serem explorados mais profundamente em uma pesquisa
posterior a presente monografia.

Entre os entrevistados, apenas 24,77% considerou a própria saúde mental boa ou


muito boa durante a pandemia, conforme mostram os dados da tabela (tabela 02) abaixo:

Tabela 02 - Resultados sobre a autoavaliação da saúde mental

Fonte: CIRNE, 2021

Também foi questionado se os participantes estavam trabalhando ou estudando de


maneira presencial (tabela 03), tendo uma maioria respondendo que não. Ou seja, quase dois
terços dos participantes indicaram estar trabalhando remotamente.

Tabela 03 - Resultado geral sobre o exercício do trabalho pelo modelo presencial

Fonte: CIRNE, 2021

Ao longo da pesquisa também foi questionado se os participantes percebiam em si


um aumento de ansiedade durante a pandemia (tabela 04), aumento do sentimento de tristeza
45

(tabela 05), percepção de aumento de problemas de memória (tabela 06) aumento do sentimento
de medo (tabela 07), além do aumento da agressividade e/ irritabilidade (tabela 08). Em um
análise ampla, esses questionamentos apontaram que a maioria relatava a percepção de
aumento de todos esses fatores, conforme os dados a seguir:

Tabela 04 - Resultado geral sobre o aumento de ansiedade

Fonte: CIRNE, 2021

Tabela 05 - Resultado geral sobre aumento de tristeza e insatisfação

Fonte: CIRNE, 2021

Tabela 06 - Resultado geral sobre dificuldades de memória, atenção e concentração

Fonte: CIRNE, 2021

Tabela 07 - Resultado geral sobre aumento do sentimento de medo

Fonte: CIRNE, 2021


46

Tabela 08 - Resultado geral sobre aumento de agressividade e irritabilidade

Fonte: CIRNE, 2021

Quando falamos em ansiedade e sentimento de tristeza, vimos mais de 80% dos


participantes relatando uma percepção de aumento durante o período pandêmico. Entretanto,
para entender melhor esse fator, outras perguntas foram necessárias para conseguirmos
compreender se havia alguma influência que diferenciava os grupos que perceberam esse
aumento, do grupo que afirmou não ter percebido qualquer ampliação desses sentimentos
durante a pandemia. Portanto, foram feitas também perguntas relativas a renda, a orientação
sexual, ao gênero, cor da pele, aos impactos financeiros durante a pandemia e, obviamente,
também sobre o principal ponto de estudo da pesquisa, sobre a influência do modelo de
trabalho.

Foi percebido, de modo geral na pesquisa, que o sexo biológico feminino indicou
em maior escala o aumento da percepção dos fatores psicológicos apresentados, mas que
ao mesmo tempo e também foi aquele que relatou maior impacto nos ganhos financeiros
durante a pandemia, com uma diferença de 13% a mais se comparado com machos (tabela
09). Esses dados sugerem que pode haver uma ligação entre os dois dados, mas que não é
possível precisar se algum deles influenciou o outro, ou se trata de um caso que também
sofre influências sociais não passiveis de detecção e abordagem ao longo da pesquisa que
culminam nessa coincidência de dados.

Tabela 09 - Redução de rendimentos por sexo biológico

Fonte: CIRNE, 2021

Analisando individualmente as questões relativas ao aumento da percepção de


sofrimento psíquico, vemos que indivíduos nascidos mulheres apresentaram cerca de 10%
mais ansiedade (tabela 10), em torno de 3,5% mais tristeza (tabela 11), 16% mais relatos de
47

problemas de memória e dificuldades de concentração (tabela 12), 12% mais medo (tabela
13) e 14% mais percepção de aumento de agressividade e irritabilidade (tabela 14) se
comparados com os indivíduos nascidos homens. Esses dados apontam que há justamente
uma proximidade ao percentual de diferença na incidência de acometimento de redução de
rendimentos.

Tabela 10 - Percepção de aumento de ansiedade de acordo com o sexo biológico

Fonte: CIRNE, 2021

Tabela 11 - Aumento de tristeza e insatisfação de acordo com o sexo biológico

Fonte: CIRNE, 2021

Tabela 12 - Problemas de memória e concentração de acordo com o sexo biológico

Fonte: CIRNE, 2021

Tabela 13 - Aumento do sentimento de medo de acordo com o sexo biológico

Fonte: CIRNE, 2021


48

Tabela 14 - Aumento da agressividade de acordo com o sexo biológico

Fonte: CIRNE, 2021

Concomitantemente, foi percebido os impactos da classe social no sofrimento


psíquico através da percepção aumentada da ansiedade (tabela 15), da tristeza (tabela 16),
das dificuldades de concentração e armazenamento da memória (tabela 17), do medo (tabela
18) e da agressividade e irritabilidade (tabela 19) durante o período pandêmico.

Tabela 15 - Dados sobre o aumento da ansiedade de acordo com a classe social

Fonte: CIRNE, 2021

Tabela 16 - Dados sobre tristeza de acordo com a classe social

Fonte: CIRNE, 2021


49

Tabela 17 - Problemas de memória e concentração de acordo com a classe social

Fonte: CIRNE, 2021

Tabela 18 - Aumento do sentimento de medo de acordo com a classe social

Fonte: CIRNE, 2021

Tabela 19 - Aumento da agressividade de acordo com a classe social

Fonte: CIRNE, 2021


50

Com isso percebemos que, com exceção dos dados relativos ao questionamento
sobre o aumento da ansiedade, os demais fatores apresentaram valores crescentes de
incidência a medida que a classe social decaía. E até mesmo na avaliação de aumento da
ansiedade, considerando a margem de erro de 3 p.p. da pesquisa, vemos que a tendência é
ter mais relatos de aumento de sentimentos relacionados ao sofrimento psíquico nas classes
sociais mais baixas, apontando a influência do fator socioeconômico, especialmente da
classe social, na saúde mental durante a pandemia.

Ou seja, os dados extraídos do questionário apontam que é mais provável indivíduos


das classes C, D e E experimentarem, perceberem e relatarem um aumento de ansiedade,
da tristeza, do sentimento de medo, problemas de memória, de concentração e aumento de
agressividade e irritabilidade durante a pandemia, do que um indivíduo que ocupe a classe
A ou B e tenha melhores condições financeiras.

Em relação ao gênero os resultados foram antagônicos ao conceito de carga histórica


como fator de influência no sofrimento psíquico em grupos que em algum momento
foram conceituados como “à margem” da sociedade. Na pesquisa, o grupo de transgêneros
foi o que apresentou menor incidência de relatos de aumento de ansiedade (tabela 20),
tristeza (tabela 21), problemas de memória (tabela 22), medo (tabela 23) e agressividade
(tabela 24), tendo o grupo de cisgêneros liderando as incidência de relatos de aumento
de sofrimento psíquico, seguido de não-binários, que com exceção ao relato de aumento
de ansiedade, apresentou empate técnico diante - diferença menor de 3 p.p. - nos demais
questionamentos.

Tabela 20 - Aumento de ansiedade de acordo com o gênero

Fonte: CIRNE, 2021


51

Tabela 21 - Aumento de tristeza de acordo com o gênero

Fonte: CIRNE, 2021

Tabela 22 - Problemas de memória de acordo com o gênero

Fonte: CIRNE, 2021

Tabela 23 - Aumento do sentimento de medo de acordo com o gênero

Fonte: CIRNE, 2021


52

Tabela 24 - Agressividade ou irritabilidade de acordo com o gênero

Fonte: CIRNE, 2021

Entretanto, a premissa de determinações histórico-culturais como influência do


sofrimento psíquico se reforça quando falamos em orientação sexual e vemos que houve
uma incidência superior nos relatos advindos dos grupos de bissexuais e homossexuais,
especialmente quando falamos em ansiedade, onde um percentual maior que 90% em ambos
os grupos declarou aumento da ansiedade durante o período pandêmico, fazendo com que a
diferença - por exemplo - entre homossexuais e assexuais, que ocuparam respectivamente a
primeira e a última posição em ordem decrescente de incidência, seja de 21%.

Heterossexuais apresentaram o menor índice quanto ao aumento de problemas de


memória e de agressividade. Já os assexuais foram os que menos relataram aumento de
ansiedade, como falado anteriormente, e também do sentimento de tristeza e de de medo.
Com exceção do relato acerca da percepção de aumento da ansiedade - liderado pelo grupo
autointitulado homossexual como aquele a relatar a maior percepção - o grupo autodenominado
bissexual foi o que apresentou maior incidência de características associadas ao sofrimento
psíquico, conforme os dados apresentados sobre ansiedade (tabela 25), tristeza (tabela 26),
relatos de problemas de memória (tabela 27), medo (tabela 28) e agressividade (tabela 29).

Tabela 25 - Aumento da ansiedade de acordo com a orientação sexual

Fonte: CIRNE, 2021


53

Tabela 26 - Aumento da tristeza de acordo com a orientação sexual

Fonte: CIRNE, 2021

Tabela 27 - Problemas de memória de acordo com a orientação sexual

Fonte: CIRNE, 2021

Tabela 28 - Aumento do sentimento de medo de acordo com a orientação sexual

Fonte: CIRNE, 2021


54

Tabela 29 - Aumento da agressividade de acordo com a orientação sexual

Fonte: CIRNE, 2021

Quando comparamos os últimos dados, sobre orientação sexual e gênero, com os dados
sobre o acometimento de rendimentos, vemos resultados opostos aos encontrados quando
analisamos o sexo biológico. Anteriormente vimos que indivíduos nascidos com sexo feminino
apresentavam maior sofrimento psíquico e em proporção similar aos relatos de acometimento
de seus rendimentos devido a pandemia. Porém, o que vemos na análise de gênero e orientação
sexual são tendências opostas a essas, onde grupos que relataram mais impactos econômicos
foram os mesmos que indicaram menor incidência de sofrimento psíquico.

Ao falarmos de gênero, observamos que o grupo autodeclarado transgênero apesar de ter


relatado maior impacto em seus rendimentos (tabela 30), foi o que menos relatou sofrimentos
psíquicos, ao mesmo tempo que o grupo autodeclarado assexual também relatou os menores
índices de sofrimento psíquico, mas foi o que mais relatou acometimentos de seus rendimentos
(tabela 31). Essa análise aponta que além da queda de rendimento poder proporcionar impactos
diferentes em grupos diferentes, o aspecto mais coeso da pesquisa até então aponta para uma
influência maior da classe social ocupante do participante, e que mais relevante do que ter ou
não alterações nos ganhos, pode ter sido mais influenciador o grau de mudança de status social.

Tabela 30 - Redução de ganhos de acordo com o gênero

Fonte: CIRNE, 2021


55

Tabela 31 - Redução de ganhos de acordo com a orientação sexual

Fonte: CIRNE, 2021

Também foi avaliada uma a possível acentuação de relatos associados aos


sofrimentos psíquicos de acordo com a cor da pele através de uma autoclassificação
usando o método Felix von Luschan. O intuito era confirmar ou descartar a influência de
determinações histórico-culturais no sofrimento psíquico também durante a pandemia e
entender se a diferenciação da cor da pele poderia ser um dos fatores de agravo da saúde
mental nos últimos tempos.

Quando questionados sobre ansiedade, por exemplo, o grupo de pele muito escura
ou preta foi o único a se destacar, relatando a menor percepção de aumento de ansiedade
(tabela 32). E em tristeza (tabela 33), relatos de problemas de memória (tabela 34), medo
(tabela 35) e agressividade (tabela 36) foi percebida a tendência de maior homogeneidade
entre os índices dos grupos centrais, destacando-se pelos índices mais baixos os grupos de
extremidades, ou seja, os muito claros e os muito escuros.

Tabela 32 - Aumento de ansiedade de acordo com a cor da pele

Fonte: CIRNE, 2021


56

Tabela 33 - Aumento da tristeza de acordo com a cor da pele

Fonte: CIRNE, 2021

Tabela 34 - Problemas de memória de acordo com a cor da pele

Fonte: CIRNE, 2021

Tabela 35 - Aumento do medo de acordo com a cor da pele

Fonte: CIRNE, 2021


57

Tabela 36 - Aumento de agressividade de acordo com a cor da pele

Fonte: CIRNE, 2021

Quando avaliamos as pessoas separando-as entre o grupo que já recebeu alguma


dose de imunizante e o grupo que não recebeu, vemos que não houve diferença significativa
de relatos de aumento da ansiedade, agressividade ou problemas de memória. Porém, fica
mais visível quanto ao aumento de tristeza (tabela 37) e medo (tabela 38), com grupo dos
não imunizados apresentando índices maiores se comparado com o grupo imunizado ou
parcialmente imunizado. Ou seja, esses sentimentos poderiam estar ligados diretamente a
sensação de maior suscetibilidade de contração da doença.

Tabela 37 - Tristeza de acordo com a imunização por vacinação

Fonte: CIRNE, 2021

Tabela 38 - Medo de acordo com a imunização por vacinação

Fonte: CIRNE, 2021


58

Os participantes também foram questionados se tiveram COVID-19 e tiveram suas


respostas confrontadas com os relatos de aumento de fatores associados aos sofrimentos
psíquicos. Não foram vistas diferenças percentuais entre os grupos, exceto quando
questionados sobre o sentimento de medo (tabela 39), onde o grupo que relatou não ter
tomado alguma dose da vacina apontou também maior medo; e a autopercepção sobre um
aumento de comportamentos agressivos (tabela 40), onde indivíduos que tiveram COVID-19
reportaram mais o entendimento que se tornaram mais agressivos durante a pandemia.

Tabela 39 - Medo de acordo com histórico de infecção por COVID-19

Fonte: CIRNE, 2021

Tabela 40 - Agressividade de acordo com o histórico de infecção por COVID-19

Fonte: CIRNE, 2021

Já quando avaliamos as respostas entre aqueles que tiveram COVID-19 e não


passaram por hospitalização e os que necessitaram de hospitalização, percebemos que não
houve diferença significativa entre os grupos quanto os relatos de aumento de problemas de
memória, mas que houve uma diferença relevante quanto os relatos sobre a ansiedade (tabela
41) e a tristeza (tabela 42), onde os participantes que foram hospitalizados por complicações
devido à COVID-19 relataram de forma unânime a percepção de aumento de ambos os
sentimentos, gerando uma diferença percentual de quase 20% em relação ao grupo não
hospitalizado. Os entrevistados que afirmaram terem sido hospitalizados, também relataram
um pouco mais a percepção do aumento de medo (tabela 43) se comparado com o grupo que
não teve complicações. Porém, quando questionados sobre a autopercepção do aumento da
agressividade, foi o grupo não hospitalizado que liderou o número de relatos, estabelecendo
uma diferença de quase 15% entre os hospitalizados (tabela 44).
59

Tabela 41 - Ansiedade de acordo com a gravidade da infecção por COVID-19

Fonte: CIRNE, 2021

Tabela 42 - Tristeza de acordo com a gravidade da infecção por COVID-19

Fonte: CIRNE, 2021

Tabela 43 - Medo de acordo com a gravidade da infecção por COVID-19

Fonte: CIRNE, 2021

Tabela 44 - Agressividade de acordo com a gravidade da infecção por COVID-19

Fonte: CIRNE, 2021


60

Também foram analisadas as diferenças percentuais entre o grupo que informou


proximidade com alguma vítima fatal por COVID-19 e o grupo que informou não ter
proximidade com alguma vítima. Não foram identificadas diferenças significativas quando
se tratava de tristeza, medo ou agressividade, mas sim quando o objeto de análise era o
aumento de ansiedade (tabela 45) e percepção de aumento de problemas de memória (tabela
46), onde em ambos os casos a incidência foi maior entre aqueles que perderem alguém
próximo vítima de COVID-19.

Tabela 45 - Ansiedade de acordo com proximidade com vítimas fatais

Fonte: CIRNE, 2021

Tabela 46 - Memória de acordo com proximidade com vítimas fatais

Fonte: CIRNE, 2021

Sabendo também da importância dos profissionais de saúde ao longo da pandemia,


também foi analisado se haveria diferenças percentuais nos relatos entre profissionais de
saúde juntamente com os seus familiares e indivíduos que não atuam na área da saúde e
nem convivem com um profissional da área. A expectativa era que profissionais da área da
saúde apresentassem maior incidência de aumento de ansiedade, por exemplo, porém isso
não aconteceu.

Não foram observadas diferenças significativas entre os dois grupos quando se tratava
de ansiedade, tristeza, medo ou problemas de memória, no entanto, quando perguntados sobre
a autopercepção de um comportamento mais agressivo durante a pandemia, os profissionais
de saúde e seus familiares indicaram mais relatos, apresentando uma taxa quase 8% mais
alta se comparada com o outro grupo (tabela 47).
61

Tabela 47 - Agressividade de acordo com a proximidade com a área da saúde

Fonte: CIRNE, 2021

Sabendo que a comunicação hoje é muito mais massiva se comparada com outros
períodos pandêmicos, o que poderia também favorecer o desenvolvimento de sofrimentos
psíquicos na sociedade, os participantes também foram divididos de acordo com os seus
hábitos de consumo de informações. Entre aqueles que declararam consumir rotineiramente
informações jornalísticas, foi percebida uma maior incidência de relatos de aumento
de ansiedade (tabela 48), medo (tabela 49) e agressividade (tabela 50), porém quando
questionados sobre possíveis problemas relacionados à memória ou tristeza, não houve
diferenciação relevante, maior que a margem de erro esperada, entre os dois grupos.

Tabela 48 - Ansiedade de acordo com o consumo de informações jornalísticas

Fonte: CIRNE, 2021

Tabela 49 - Memória de acordo com o consumo de informações jornalísticas

Fonte: CIRNE, 2021


62

Tabela 50 - Agressividade de acordo com o consumo de informações jornalísticas

Fonte: CIRNE, 2021

E quando questionados sobre o uso de redes sociais com exposição constante


aos conteúdos relativos à COVID-19, os resultados foram ainda mais determinantes e a
diferença entre os grupos que relataram exposição e os que não relataram exposição foi
ainda mais acentuada, trazendo resultados visíveis de que o grupo que indicou consumir
mais informações sobre a pandemia por redes sociais tendia também a relatar uma maior
percepção do aumento de ansiedade (tabela 51), da tristeza (tabela 52), de problemas de
memória (tabela 53), medo (tabela 54) e de agressividade (tabela 55), chegando a uma
diferença de quase 13% em relação ao grupo que relatou não consumir, por exemplo, quando
questionados sobre o aumento do sentimento de medo.

Tabela 51 - Aumento da ansiedade de acordo com o uso das redes sociais

Fonte: CIRNE, 2021

Tabela 52 - Aumento da tristeza de acordo com o uso de redes sociais

Fonte: CIRNE, 2021


63

Tabela 53 - Problemas de memória de acordo com o uso de redes sociais

Fonte: CIRNE, 2021

Tabela 54 - Aumento de medo de acordo com o uso de redes sociais

Fonte: CIRNE, 2021

Tabela 55 - Aumento de agressividade de acordo com o uso de redes sociais

Fonte: CIRNE, 2021

Por fim, quando comparamos os dados do grupo que informou atuar de maneira
presencial e o grupo que informou não trabalhar presencialmente, incluindo desempregados,
percebemos que não houve discrepância entre eles que superasse a margem de erro já
esperada na pesquisa quando questionados sobre a percepção de aumento da ansiedade
(tabela 56) e do aumento do sentimento de tristeza (tabela 57). Entretanto, o grupo que
informou atuar de maneira remota ou não trabalhar apontou um índice maior, já superando
a margem de erro esperada, quando questionados sobre a identificação de um aumento de
problemas de memória e concentração (tabela 58), aumento do sentimento de medo (tabela
59) e percepção de um aumento da irritabilidade (tabela 60).
64

Tabela 56 - Ansiedade dentre trabalhadores presenciais e remotos ou desocupados

Fonte: CIRNE, 2021

Tabela 57 - Tristeza entre trabalhadores presenciais e remotos ou desocupados

Fonte: CIRNE, 2021

Tabela 58 - Memória entre trabalhadores presenciais e remotos ou desocupados

Fonte: CIRNE, 2021

Tabela 59 - Medo entre trabalhadores presenciais e remotos ou desocupados

Fonte: CIRNE, 2021


65

Tabela 60 - Agressividade entre trabalhadores presenciais e remotos ou desocupados

Fonte: CIRNE, 2021

Outros questionamentos foram feitos ao longo da pesquisa, mas que não se mostraram
pertinentes posteriormente para a avaliação dos modelos trabalhistas e sua influência
na saúde mental, seja ela em período pandêmico ou fora das condições de restrições e
ameaça biológica que observamos hoje. Já os dados trazidos aqui, ainda que não fossem
diretamente ligados ao modelo de trabalho, facilitaram o entendimento de possíveis fatores
socioeconômicos e comportamentais influentes no sofrimento psíquico em um período de
pandemia.

De acordo com os dados anteriores, especificamente sobre o modelo de trabalho, os


valores que se mostraram mais discrepantes apresentaram uma diferença de aproximadamente
7%, entretanto, é preciso sinalizar que não houve distinção no questionário entre aqueles que
estavam em casa devido a uma desocupação e aqueles que relataram estar em casa devido
uma atuação profissional remota. E sabendo que nos dados socioeconômicos e de consumo
de informações midiáticas foram percebidas como ligações diretas ao sofrimento psíquico
durante a pandemia, com incidência maior de relatos compatíveis quando ocupante de classes
mais baixas e com indivíduos mais expostos às redes sociais e as notícias jornalísticas, é
possível deduzir que o desemprego foi um fator de interferência para o entendimento das
diferenças entre o trabalho remoto e o trabalho no modelo presencial.

Sabendo que, no Brasil a taxa de desemprego na época da aplicação da pesquisa era de


13,7% (IBGE, 2021) e que necessariamente participantes desempregados se aglutinariam de
acordo com a pergunta feita juntamente com indivíduos atuantes profissionalmente através
do modelo de teletrabalho, e que principalmente fatores financeiros, econômicos e maior
disponibilidade para absorção de informações midiáticas já apontaram em dados anteriores
serem influenciadores na autopercepção de aumento de fatores relacionados ao sofrimento
psíquico, os resultados sugerem - ainda que não comprovem - que o trabalho remoto poderia
estar no mesmo nível que o trabalho presencial ou ser até mesmo melhor para preservação
da saúde mental de um indivíduo.
66

4.3 Pesquisa de campo

Ao longo do desenvolvimento da pesquisa também foi observada uma equipe de 10


integrantes que atuava anteriormente de maneira presencial em uma startup em São Paulo,
uma empresa privada, do ramo da tecnologia, que entrou em modelo de teletrabalho em
março de 2020 e retomou as atividades de maneira híbrida em agosto de 2021. Os integrantes
correspondiam aos seguintes perfis:

a) integrante A: homem, brasileiro, superior completo a nível de graduação,


casado, 38 anos, com três filhas, sendo a sua primogênita nascida no intervalo
menor que um ano. Reside com a família;

b) integrante B: mulher, brasileira, superior completo e concluinte de


especialização, casada, 24 anos, com uma filha, sendo sua filha nascida no
período inferior a um ano. Reside coma família;

c) integrante C: mulher, brasileira, superior incompleto, 28 anos, casada,


sem filhos, relatando o enfrentamento de problemas conjugais e estruturais
com outros familiares, em tratamento psicológico e psiquiátrico retomado ao
longo da pandemia. Reside com o marido;

d) integrante D: mulher, brasileira, superior completo a nível de graduação,


20 anos, em um relacionamento há dois anos, sem filhos. Reside com o
namorado;

e) integrante E: mulher, brasileira, superior incompleto, 36 anos, solteira, sem


filhos, em tratamento psicológico e psiquiátrico desde o início da pandemia.
Reside sozinha;

f) integrante F: mulher, brasileira, superior completo a nível de graduação, 37


anos, casada, com uma filha pré-adolescente. Reside com a família;

g) integrante G: homem, estrangeiro, superior completo a nível de graduação,


38 anos, tendo casado no último um ano, com dois filhos, sendo seu primogênito
também nascido também no último um ano. Reside com a família;

h) integrante H: homem, estrangeiro, superior completo a nível de graduação,


37 anos, casado, com três filhos de idade entre dois e seis anos, em tratamento
psicológico e psiquiátrico iniciado anteriormente à pandemia. Reside com a
67

família;

i) integrante I: homem, brasileiro, superior completo a nível de graduação,


29 anos, em relacionamento há seis meses, sem filhos. Reside com a família;

j) integrante J: mulher, brasileira, superior completo a nível de especialização,


32 anos, em um relacionamento há dois anos, sem filhos. Reside com o noivo.

Em agosto de 2021, todos os integrantes foram questionados sobre as preferências


do modelo de trabalho a ser adotado após a pandemia, tendo os integrantes C e E apontando
o desejo da retomada ao modelo presencial; O integrante H apontando o desejo de modelo
híbrido com mais dias presenciais do que dias remotos. A integrante F apontando que
preferência pelo modelo híbrido com mais dias remotos do que dias presenciais. E todos os
demais integrantes, A, B, D, G, I e J demonstrando interessem no modelo totalmente remoto.

Analisando as semelhanças entre os perfis de forma comparativa a preferência de


modelo de trabalho, foi visto que apenas as duas únicas funcionárias sem superior completo
desejavam a retomada das atividades como era em período anterior a pandemia, integralmente
presencial. Somente os três integrantes em tratamento psicológico e psiquiátrico, tendo
sido iniciado anteriormente a pandemia ou durante a pandemia, tinham preferência por
trabalharem mais tempo no escritório do que remotamente.

Entre os integrantes que demonstraram desejar um trabalho mais atuante de forma


presencial, as candidatas C e E apresentavam um histórico de avaliação de maturidade
profissional baixa de acordo com a metodologia de Hersey-Blanchard¹ (1986) transitando
entre os níveis M1 e M2, com fortes históricos de tomadas de decisões e execuções técnicas
erradas, apresentando perfis comportamentais compatíveis com o fenômeno conceituado
pelo Efeito Dunning-Kruger. Ao mesmo tempo, os integrantes C e H são declaradamente
fumantes regulares, o que poderia estar associado também a um maior índice de infelicidade
(SANTOS, 2013).

Todos que estavam em novos relacionamentos familiares, inferiores a dois anos,


sendo relacionamento sexual/amoroso, paterno ou materno, apontaram preferência pelo
modelo totalmente remoto. Ainda em agosto de 2021, quando a empresa começou a ensaiar
uma retomada primeiramente para o modelo híbrido diante de parcial imunização contra
COVID-19 e ignorando os desejos majoritários da equipe, as integrantes B e J - as únicas
com pós-graduação completa ou pós-graduação incompleta - solicitaram seus desligamentos
justificando não se enxergarem mais alinhadas à empresa.
68

Quando fazemos também um comparativo de idade, dividindo o grupo entre àqueles


que demonstraram algum interesse em uma atuação presencial (C, E, F e H), sendo ela
totalmente presencial ou híbrida, e àqueles que se manifestaram à favor do trabalho
totalmente remoto (A, B, D, G, I e J), vemos que o primeiro grupo apresenta uma média
de aproximadamente 35 anos de idade, enquanto o segundo grupo apresenta uma média de
30 anos. Essa diferença pode ser um indicativo de uma tendência do trabalho remoto ser
mais apreciado por indivíduos mais novos, por gerações mais novas, do que por gerações
anteriores que seriam mais habituadas ao modelo presencial.

A nível de comparação, para entender mais precisamente o comportamento dessa


equipe anteriormente a pandemia quando o trabalho era executado de maneira presencial, e
o seu comportamento durante a pandemia que representou um período de trabalho remoto,
podemos analisar também através de uma métrica própria de recursos humanos, como
turnover (figura 11).

Figura 11 - Exemplificação da fórmula para o cálculo de turnover

Fonte: Coalize

Durante o período de março de 2020 e julho de 2021 de atuação integral em modelo


de teletrabalho, equivalente a 17 meses, houve a contratação de 6 novos funcionários e
saída de 1 funcionária nessa mesma equipe através da solicitação de demissão voluntária,
69

levando a um turnover total de 35%. Em abril, considerando igualmente o período anterior


de 17 meses, de trabalho integralmente presencial, essa mesma equipe possuía um turnover
de 70%, onde todos os profissionais que saíram foram também por pedido voluntário de
demissão. Ou seja, durante o período de trabalho remoto, a taxa de turnover da empresa caiu
pela metade.

Essa equipe demonstrou uma tendência de preferência pelo trabalho presencial entre
aqueles que em um histórico recente apresentavam sinais e davam relatos de insatisfação
pessoal, enxergando possivelmente o ambiente empresarial físico como uma forma de
fuga da realidade doméstica. Esses, foram os mesmos que se demonstraram mais afetados
psicologicamente durante a pandemia, relatando o surgimento ou o agravamento dos
sentimentos de ansiedade, depressão e pânico. Em contrapartida, todos que apontaram
preferência pelo trabalho integralmente remoto foram os que apresentavam um grau elevado
de satisfação pessoal e familiar recente, além de demonstrarem maior equilíbrio emocional
durante o período de pandemia.

Os resultados obtidos na pesquisa de campo se mostraram alinhados com os demais


métodos de pesquisa, principalmente com a pesquisa bibliográfica no que diz respeito às
probabilidades de um colaborador se sentir insatisfeito e pedir desligamento, conforme os
dados de turnover analisados. Além disso, também foi percebida a correlação entre maior
índice de felicidade com o trabalho remoto e o maior índice de sofrimento psíquico associado
ao trabalho presencial, ainda que diferente do que foi observado na pesquisa bibliográfica, na
pesquisa de campo a sugestão foi que a preferência entre os modelos de trabalho poderiam
ser determinados por influência das condições prévias de saúde mental.
70

5 CONCLUSÃO

O cenário de pandemia gera um ambiente naturalmente estressante para todos,


aumentando as incidências de sofrimentos psíquicos. Considerando os dados relativos às
principais pandemias, como duração e proporção, associados a uma maior exposição atual
promovida pela internet às informações e o acompanhamento quase que em temo real da
proliferação de uma doença, é possível deduzir que do ponto de vista da saúde mental a
pandemia de COVID-19 tende a ser uma das mais devastadoras também.

A saúde mental comprovadamente pode ser um fator influenciador dentro da economia


e dos índices de produtividade, e a tendência é que pessoas mais felizes e autorrealizadas
tenham um desempenho melhor em suas tarefas e alcancem melhores resultados. Por isso,
a manutenção do bem-estar de um colaborador, também do ponto de vista mental, não deve
ser de interesse individual e particular, mas deve ser principalmente um ponto de interesse
empresarial, assim como a qualidade da saúde mental de uma sociedade em geral deve
também ser de interesse governamental.

O período de pandemia nos trouxe um avanço gigantesco nas empresas no que se


refere a transformação digital, e ao mesmo tempo, gerou impasses e debates mais calorosos
acerca dos modelos de trabalho adotados já que muitas empresas apresentaram resultados
até melhores a partir do instante que seus profissionais passaram a atuar de maneira remota.
Muitas empresas que apresentavam resistência ao trabalho remoto acabaram sendo induzidas
a adotá-lo em prol do bem-estar e da saúde coletiva, e quando os casos de COVID reduziram,
passaram a encontrar resistência no mercado de trabalho e de seus próprios colaboradores,
quando muitos desejavam a manutenção do modelo de teletrabalho ao invés de uma adoção
do modelo híbrido ou retorno para o modelo presencial.

Concomitantemente, a saúde mental também ganhou destaques nas discussões


corporativas após muitos anos sendo ignorada, ainda que dados mundiais apontassem
já anteriormente à pandemia os impactos econômicos gerados, foi na pandemia que se
popularizou mais o tema. Fica claro ainda que há um abismo entre o discurso empresarial e as
medidas adotadas na prática, mas a pressão sobre a parcela de responsabilidade empresarial
na saúde mental de seus colaboradores aumentou, indicando que haverá uma tendência
maior de reestruturação empresarial em prol desse interesse.

Os dados colhidos e apresentados anteriormente demonstram claramente que a maior


parcela da população que pôde usufruir do teletrabalho encontrou uma maior satisfação
nesse modelo se comparado ao modelo anterior de trabalho presencial. Porém, ainda que
em menor parcela, não é possível ignorar aqueles que também tiveram seus sofrimentos
71

psíquicos intensificados ou que desenvolveram transtornos durante o período de isolamento


por não encontrarem em seus ambientes domésticos a satisfação de todas as suas necessidades.

Ao mesmo tempo também é preciso reforçar que o modelo de teletrabalho adotado


durante a pandemia teve interferências das restrições impostas pela pandemia. Em condições
normais, o teletrabalho não significaria um reforço ao isolamento, mas sim flexibilidade. O
trabalho remoto não seria o equivalente a realizar o trabalho de forma domiciliar, mas sim
de poder realizar o trabalho de qualquer lugar, desde uma cafeteria como também viajando.
E pesquisas anteriores a pandemia, que avaliaram colaboradores em condições sociais
também anteriores, já apontavam que flexibilidade é um fator que inegavelmente possui
forte influência na promoção da saúde, física e mental, e também como consequência à
produtividade.

Pensando em uma forma de atender os diferentes perfis de colaboradores sem que


haja também uma promoção de oportunidades desiguais através da alocação parcial no
escritório, onde naturalmente com o tempo se configurariam relações de proximidades
emocionais distintas além de estimular conflitos por sentimentos de desigualdade, conclui-
se que a melhor alternativa para as iniciativas privadas seria de fomentar o trabalho remoto
atrelado a possibilidade de uso de coworkings.

De tal modo, aqueles que não encontram um ambiente doméstico satisfatório -


independente do motivo - poderiam usufruir de um espaço alternativo, ao mesmo tempo
que o convívio com outros profissionais, de outras empresas, também poderia trazer novas
oportunidades de relações comerciais e sociais. Contratos, por exemplo, com empresas de
coworking que atuam em nível nacional ou internacional, poderiam também proporcionar
maior mobilidade por parte dos seus colaboradores, fomentando a visão e a cultura de
trabalho nômade, que pode ser a longo prazo também benéfico para empresa do ponto de
vista de absorção e análise de novas culturas in loco para as suas decisões estratégicas
quanto a sua expansão.

A manutenção do trabalho remoto com o devido suporte das empresas, em condições


sociais normais sem que haja uma pandemia afligindo, seria o cenário de maior ganho tanto
para os colaboradores quanto para a própria empresa, que garantiria uma maior satisfação,
reduziria o turnover e os custos de uma manutenção de espaço físico fixo para todos, e
atrairia profissionais mais qualificados e mais exigentes quanto as condições para um
equilíbrio entre vida profissional e pessoal, além de profissionais com bagagens culturais
mais distintas.
72

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77

ANEXOS
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Anexo 01

1. Qual seu sexo biológico?


2. Em qual orientação sexual abaixo você melhor se enquadra?
3. Com quais dos gêneros abaixo você mais se identifica?
4. Qual cor mais se aproxima do tom da sua pele?
5. Qual a sua faixa etária?
6. Em qual unidade federativa você reside?
7. Qual a sua classe social? (Soma da renda de todos os integrantes da sua casa)
8. Você possui algum tipo de fé ou religião?
9. Você mora com outras pessoas?
10. Você tem o hábito de consumir informações através de meios jornalísticos?
11. Você utiliza alguma rede social na qual sinta-se submetido a conteúdos constantes relativos
a COVID?
12. Você já teve COVID?
13. Caso a resposta anterior tenha sido “sim”, você precisou de hospitalização?
14. Você perdeu alguém próximo por morte por COVID?
15. Você já tomou alguma dose de uma das vacinas disponíveis contra COVID?
16. Percebeu em si um aumento no consumo de bebidas alcoólicas e/ou outras drogas (lícitas e
não lícitas) durante o período pandêmico?
17. Percebeu em si alguma alteração acentuada em seus hábitos alimentares durante o período
pandêmico?
18. Percebeu em si um aumento de ansiedade durante o período pandêmico?
19. Percebeu em si um aumento de tristeza e/ou insatisfação pessoal durante o período
pandêmico?
20. Percebeu em si um aumento de agressividade e/ou irritabilidade durante o período
pandêmico?
21. Percebeu em si um aumento de problemas de memória e/ou de capacidade de concentração
durante o período pandêmico?
22. Percebeu em si um aumento do sentimento de medo, trazendo prejuízos sociais, durante o
período pandêmico?
23. Percebeu em si um aumento de despesas supérfluas durante o período pandêmico?
24. Foi acometido por uma redução dos seus rendimentos e/ou salário durante o período
pandêmico?
25. Você trabalha e/ou estuda de maneira presencial atualmente?
26. Você é, ou reside com, um profissional de saúde atuante na linha de frente no combate ao
COVID?
27. Fazendo uma autoanálise, como você classifica a sua saúde mental ao longo da pandemia?

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