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Meteorologia
ESTABILIDADE ATMOSFÉRICA,
NUVENS E PRECIPITAÇÃO (PARTE 2)
Rita Yuri Ynoue
Michelle S. Reboita
Tércio Ambrizzi
Gyrlene A. M. da Silva
Nathalie T. Boiaski
5.4 Nuvens
5.4.1 Aquecimento da superfície e convecção livre
5.4.2 Levantamento orográfico
5.4.3 Convergência de ar
5.4.4 Levantamento ao longo de superfícies frontais
5.4.5 Tipos de nuvens
5.5 Precipitação
5.5.1 Crescimento por condensação
5.5.2 Crescimento em nuvens quentes
5.5.3 Crescimento em nuvens frias e mistas
5.5.4 Medidas de precipitação
Referências
5.4 Nuvens
Sabemos agora que a formação de nuvens se dá pelo levantamento do ar, seu resfriamento
até atingir a saturação, quando passa a ocorrer a condensação do vapor d’água.
a b
c d
Figura 5.5: Mecanismos de formação de nuvens: a. convecção; b. orografia; c. convergência de ar e d. ao longo de superfícies frontais.
/ Fonte: a, b e c. Adaptado de Ahrens, 2000; d. Adaptado de Apollo.
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5.4.3 Convergência de ar
1
Os nomes de nuvens Frentes frias estão associadas a zonas limites entre o ar quente e frio.
vem do latim. Cumulus
significa aglomerado e À medida que o ar frio penetra em uma área de ar quente, o ar quente sobe
nimbus, chuva forte.
ao longo da frente e produz nuvens como cumulus e cumulonimbus1.
A Tabela 5.1 mostra a altura média das nuvens nas diferentes regiões do planeta.
Tabela 5.1: Altura média das nuvens nas diferentes regiões do Planeta. / Fonte: Adaptado de Master.
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5.5 Precipitação
O processo de condensação por si só não é capaz de promover a ocorrência de precipitação,
pois, nesse processo, são formadas gotículas muito pequenas, que permanecem em suspensão na
atmosfera, não tendo massa suficiente para vencer a força de flutuação térmica.
Para que ocorra a precipitação deve haver a formação de gotas maiores resultantes do
processo de crescimento.
Os processos de crescimento podem ser divididos em:
A maior parte das nuvens baixas nos trópicos são nuvens quentes, ou seja, tem temperaturas
maiores que 0 °C. Neste tipo de nuvem, os processos de colisão e coalescência são os responsáveis
pelo crescimento das gotas de nuvem. As gotas dentro de uma nuvem têm diferentes tamanhos e,
portanto, diferentes velocidades terminais (velocidades de queda). Uma gota grande, por exemplo,
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tem uma velocidade de queda maior que uma gota pequena. Essa gota grande pode colidir com a
gota menor. Após a colisão, normalmente, a gota grande e a gota pequena se juntam, formando uma
gota maior num processo denominado coalescência (Figura 5.8).
A maior parte das nuvens médias e altas tem temperatura menor que 0 °C. Estas nuvens são
denominadas nuvens frias e são compostas de cristais de gelo e/ou gotas líquidas super-resfriadas.
Algumas, ainda, podem ter temperaturas menores que 0 °C somente na sua parte superior (nuvens
mistas), apresentar gotas líquidas em sua parte inferior, gotas super-resfriadas e cristais de gelo em
sua porção média e apenas cristais de gelo em sua parte superior (um Cb, por exemplo). O cresci-
mento das gotas e dos cristais nestes tipos de nuvens foi inicialmente descrito pelo meteorologista
Tor Bergeron e, por isso, esse processo é conhecido como Processo de Bergeron (Figura 5.9).
Para uma mesma temperatura, a pressão do vapor de saturação sobre o gelo (quantidade de
vapor d’água necessária para atingir a saturação) é menor do que sobre a água. Ou seja, num
ambiente com cristal de gelo e gota super-resfriada, se houver vapor suficiente para que uma
gota super-resfriada não evapore, com certeza haverá vapor mais que suficiente para se depositar
sobre o cristal de gelo. Isso acarretará uma evaporação da gota super-resfriada e esse vapor se
sublimará sobre o cristal de gelo. Assim, o cristal de gelo aumentará de tamanho enquanto a
gota super-resfriada vai desaparecendo. À medida que o cristal de gelo cresce, ele ganha veloci-
dade de queda, colide com outras gotas ou cristais de gelo, aumentando ainda mais de tamanho.
A quantidade e a distribuição das chuvas definem o clima de uma região (seco ou úmido)
e, juntamente com a temperatura do ar, define o tipo de vegetação natural que ocorre nas
diferentes regiões do globo. A classificação do clima será vista mais adiante.Vejamos agora como
se mede a precipitação.
A medida da chuva é feita, pontualmente, em estações meteorológicas, tanto automáticas
quanto convencionais. O equipamento básico para a medida da chuva é o pluviômetro, que pode
ser de diversos tipos (formato, tamanho, sistema de medida/registro). A unidade de medida da
chuva é a altura pluviométrica (h), que normalmente é expressa em milímetros (mm). Em alguns
países, são utilizadas outras unidades, como a polegada (inches – in.), sendo 1 mm = 0,039 in.
A altura pluviométrica (h) é dada pela seguinte relação:
volume precipitado
h= 5.8
área de captação
Se 1 litro de água for captado por uma área de 1 m2, a lâmina de água coletada terá a altura
de 1 mm. Em outras palavras, 1 mm = 1L / 1 m2. Portanto, se um pluviômetro coletar 52 mm,
isso corresponderá a 52 litros por 1 m2.
1L 1.000 cm3
=h = = 0,1 cm = 1 mm 5.9
1 m 2 10.000 cm 2
O pluviômetro padrão utilizado na rede de postos do Brasil é o Ville de Paris (Figura 5.10 a).
Outros tipos de pluviômetro, como o da Figura 5.10 b, são comercializados a um custo menor e têm
por finalidade monitorar as chuvas em propriedades agrícolas. A durabilidade desses pluviômetros e
sua precisão, em função da menor área de captação, são menores do que as dos pluviômetros padrões.
A área de captação mínima recomendável é de 100 cm2.
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Referências
Aguado, E.; Burt, J.E. Understanding Weather and Climate. 5. ed. NewYork: Prentice Hall, 2010.
Ahrens, C.D. Meteorology today: an introduction to weather, climate, and the environment.
9. ed. Belmont, CA: Brooks/Cole, 2009.
Apollo. Disponível em: <http://apollo.lsc.vsc.edu>. Acesso em: 09/2012.
CMMAP. Disponível em: <http://www.cmmap.org/>. Acesso em: 09/2012.
Lutgens, F.K.; Tarbuck, E.J. The Atmosphere: an introduction to meteorology. 11. ed.
New York: Prentice Hall, 2010.
Master. Disponível em: <http://www.master.iag.usp.br/ind.php?inic=00&prod=ensino&pos=2>.
Acesso em: 09/2012.
Wallace, J.M; P.V. Hobbs. Atmospheric science: an introductory survey. International
Geophysics Series, Academic Press. 2.ed. Rio de Janeiro: Elsevier Inc., 2006, 483 p.