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Músicas binaurais
Uma batida binaural é um tom ilusório criado pelo cérebro quando ele recebe dois tons
separadamente para cada ouvido, que diferem ligeiramente em frequência.
Barratt usou dados da Pesquisa Global de Drogas 2021, que contou com respostas de
mais de 30.000 pessoas em 22 países.
Os entrevistados afirmaram usar as batidas binaurais principalmente para relaxar ou
adormecer (72%) e para mudar seu humor (35%), enquanto 12% relataram tentar obter
um efeito semelhante ao das drogas psicodélicas.
"Assim como as substâncias ingeríveis, alguns usuários das batidas binaurais estavam
em busca de 'um barato'. Mas isso está longe de ser seu único uso. Muitas pessoas as
viram como uma fonte de ajuda, como terapia do sono ou alívio da dor," disse Barratt.
De meditação a "barato"
A pesquisa revelou que os usuários desses ritmos musicais binaurais são mais propensos
a serem mais jovens e relatarem o uso recente de drogas proibidas, em comparação com
o restante da amostra. A maioria dos entrevistados buscou se conectar consigo mesmo
ou com algo maior que eles mesmos, por meio da experiência.
O uso dos compassos binaurais para experimentar estados alterados de consciência foi
relatado por apenas 5% da amostra total. Nos Estados Unidos, 16% dos entrevistados
disseram que já experimentaram, enquanto no México e no Brasil, outros países onde o
uso está acima da média, ficaram com 14% e 11,5%, respectivamente.
Apesar da variedade de motivações para seu uso, Barratt afirma que o fenômeno das
batidas binaurais desafia a definição geral de uma droga.
"Estamos começando a ver experiências digitais definidas como drogas, mas também
podem ser vistas como práticas complementares ao uso de drogas. Talvez uma droga
não precise ser uma substância que você consome, pode ter a ver com a forma como
uma atividade afeta seu cérebro," disse ela.
Apesar de os ouvintes das músicas binaurais serem mais jovens, Barratt disse que essas
músicas não são necessariamente uma porta de entrada para o uso de drogas ingeríveis.
"Na pesquisa, descobrimos que a maioria das pessoas que ouvem já estava usando
substâncias ingeríveis," disse a pesquisadora. "Mas isso não descarta a necessidade de
mais pesquisas, principalmente para documentar e negar possíveis danos."