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Disciplina
de
Mercados e Produtos Financeiros

PRODUTOS DA DÍVIDA PÚBLICA


I Semestre de 2019
Aula Décima Segunda (XII) de 06, 07 e 08 de Maio de 2019
(Aula IX – Preparação para o I teste – 15, 16 e 17 de Abril de 2019)
(Aula X – I teste – 22, 23 e 24 de Abril de 2019)
(Aula XI – Correcção do I teste – 29 e 30 de Abril e 01 de Maio de 2019

antónio matabele
Telefone: +258.82/84. 306. 7380
e-mail: gila.matabele@gmail.com
Fonte: Instituto de Formação Bancária de Moçambique, Mercado Financeiro II, Unidade II, Sessão 3

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Colaboração de Birgite Jonh
Sumário
1. Informação na Imprensa
2. Diagrama do Sistema Financeiro
3. Introdução
4. Objectivo
5. Definição de Bilhetes do Tesouro
6. Emissão e Colocação
7. Transacção
8. Caracterização
9. Risco
10. Segurança
11. Liquidez
12. Rentabilidade
13. Fiscalidade
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1 - Informação na Imprensa

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2 - Diagrama do Sistema Financeiro

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3 - Introdução
Nesta aula vamos desenvolver um dos produtos da dívida pública
do Mercado Monetário.
Falaremos do produto que o estado emite para se financiar a
curto prazo.
Estamos a referir-nos do endividamento doméstico ou interno do
Estado para suprir um défice temporário de tesouraria.
A notícia publicada num dos jornais locais e que apresentamos
no começo desta aula é um facto ilustrativo que o Estado recorre ao
público para arranjar dinheiro para financiar as suas necessidades de
dinheiro a curto prazo.
Abordamos, naturalmente, os Bilhetes do Tesouro (BTs).
Adiante veremos as Características, Risco e Rendibilidade dos BTs

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4. Objectivo
No final desta aula pretendemos que sejamos
capazes de:

1. Analisar as características fundamentais dos


Bilhetes do Tesouro;

2. Avaliar o risco dos Bilhetes do Tesouro;

3. Calcular a rendibilidade dos Bilhetes do


Tesouro
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5 - Definição de Bilhetes do Tesouro
1. Os Bilhetes do Tesouro (BTs) são títulos emitidos pelo Estado:

• A desconto;
• Por prazos não superiors a um ano;
• Com vista ao financiamento do défice orçamental; e
• Para o desenvolvimento de mecanismos de controle monetário.

2. Pelo exposto no nosso Diagrama do Sistema Financeiro,


anteriormente, apresentado podemos constatar que os Bilhetes do
Tesouro são parte integrante do Mercado Monetário Interbancário
(MMI), haja visto que os Mercados se subdividem em:

• Monetário
• Capital
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6 - Emissão e Colocação
1. Emissão – O critério que garante maior objectividade e
transparência na emissão dos Bilhetes do Tesouro são os leilões;
2. Acessibilidade – Têm acesso aos leilões de Bilhetes do Tesouro
todas as instituições financeiras (banca comercial, principalmente)
sujeitas à obrigação de manter reservas no Banco Central
3. Modus operandis:
3.1. Numa primeira fase (Mercado Primário), os BTs são colocados em
leilões realizados pelo Banco Central;
3.2. As instituições financeiras concorrentes ao leilão não sabem qual é a
taxa de intervenção (taxa de juro);
3.3. As instituições financeiras concorrentes apresentam propostas de
subscrição de BTs, indicando para cada proposta, o montante que pretendem
subscrever e a respective taxa de juro

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6 - Emissão e Colocação (Cont.)
3.4. Uma vez recebidas todas as propostas, o Banco Central ordena-as
por ordem crescente da taxa de juro e começa por satisfazer as propostas cujas
taxas de juro sejam mais baixas, até atingir:

3.4.1. O montante global de BTs a colocar; ou

3.4.2. A taxa de juro máxima que o Estado está disposto a pagar


para a emissão em causa – a chamada Taxa de Intervenção

Taxa de Intervenção – é, portanto, a taxa de juro acima da qual as propostas


apresentadas pelas instituições concorrentes ao leilão serão rejeitadas pelo
Banco Central porque se situam para além daquela que o Estado considera
rendível a operação

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6 - Emissão e Colocação (Cont.)
COLOCAÇÃO DE BILHETES DE TESOURO
(em Milhões de Meticais)
Taxa de
Nº Montantes Propostos Montante Acumulado
Juro (%)
1 2,575 15 15
2 2,600 15 30
3 2,625 20 50
4 2,650 25 75
5 2,675 30 105
6 2,7 (a) 35 140
7 2,725 (a) 45 185
(a) - Taxa de Jur superior à Taxa de Interenção
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6 - Emissão e Colocação (Cont.)
Memória explicativa da tabela anterior.
• Se, por exemplo, nesta emissão o Estado tivesse fixado a Taxa de
Intervenção e, 2,675%, e o montante dos BTs a colocar fosse de 75
Milões de Meticais, o Banco Central iria satisfazer todas as propostas
apresentadas até à taxa de 2,625% uma vez que, por um lado, é o
nível em que a soma acumulada dos montantes propostos atinge o
máximo de emissão e, por outro lado, trata-se de um valor inferior à
Taxa de Intervenção.
• Nesta situação, o Estado teria conseguido colocar a totalidade da
emissão a uma taxa de juro inferior à Taxa de Intervenção, que era de
2.675%. (ver notícia do jornal)
• Desta feita, a taxa de juro dos BTs não será igual para as instituições
participantes no leilão, uma vez que depende das propostas
apresentadas por cada instituição

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6 - Emissão e Colocação (Cont.)
Memória explicativa da tabela anterior (Continuação).
• Vamos calcular qual foi, em média, a taxa de juro conseguida pelas
instituições que subscreveram esta emissão de BTs, ou seja, a Taxa
Média Ponderada de colocação deste leilão.

• Sendo o reflexo da disponibilidade das instituições financeiras para


aplicação de liquidez excedentária em activos financeiros sem risco,
esta taxa constitui um importante referencial para outras operações
no âmbito do Mercado Financeiro.

• A taxa média ponderada do leilão será, então, igual ao somatório dos


montantes colocados multiplicados pela respectiva taxa de juro,
dividido pelo montante total colocado.
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6 - Emissão e Colocação (Cont.)
• Memória explicativa da tabela anterior (Continuação).

𝑛 𝑚𝑖 𝑥 𝑡 𝑖
• Taxa media ponderada = 𝑖=1 𝑀

• Em que (Legendas):

• M – Montante total colocado para ser objecto de leilão


• mi – Montante da proposta i
• ti – Montante da proposta i
• n – Número de propostas satisfeitas

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6 - Emissão e Colocação (Cont.)
COLOCAÇÃO DE BILHETES DE TESOURO
(em Milhões de Meticais)
Taxa de Taxa Média
Montantes Propostos Montante Acumulado Montante Taxa de (Montante x Taxa de
Nº Juro (%) Ponderada (%) (6) =
(2) (3) Juro (4) = (2) x (1) Juro) Acumulado (5)
(1) (5) : (3)
1 2,575 15 15 38,625 38,625 2,575
2 2,600 15 30 39,000 77,625 2,588
3 2,625 20 50 52,500 130,125 2,603
4 2,650 25 75 66,250 196,375 2,618
5 2,675 30 105 80,250 276,625 2,635
6 2,7 (a)
7 2,725 (a)
(a) - Taxa de Jur superior à Taxa de Interenção
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6 - Emissão e Colocação (Cont.)
• Uma vez realizado o leilão, o Banco Central comunica a cada uma das
instituições compradoras:
• O valor nominal;
• O montante líquido do desconto respeitante aos BTs que lhe foram
atribuídos;
• A taxa média ponderada da colocação; e
• O montante global colocado
• Adicionalmente, o Banco Central divulga ainda, mas desta vez para
todas as instituições concorrentes ao leilão, colectivamente:
• Os montantes anunciados;
• A procura;
• A colocação
• As taxas mínimas, média e máxima aceites

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6 - Emissão e Colocação (Cont.)
• Na data da emissão, o montante líquido dos BTs adquiridos é
creditado na conta do Tesouro Público existente no Banco Central,
por débito das contas de depósito à ordem das instituições
adquirentes, abertas em seu nome para este efeito no Banco de
Moçambique. Isto é, crédita-se a conta do Estado, por débito às das
instituições financeiras que concorreram ao leilão
• Na data do vencimento, o respectivo reembolso é realizado pelo
Banco Central, actuando por ordem e conta do Estado, pelo
respectivo valor nominal
• Suponhamos, em seguida, que o montante desta emissão, ou seja o
valor total de BTs que o Estado pretende colocar é de 120 Milhões de
Meticais

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6 - Emissão e Colocação (Cont.)
• Nesta situação, seriam satisfeitas todas as propostas com taxa igual
ou inferior à Taxa de Intervenção (2,675%) que, no exemplo
apresentado, totalizam 105 milhões de Meticais
• Este valor é, no entanto, inferior ao montante da emissão (120
Milhões de Meticais)
• Neste caso, o Banco Central poderá organizer um segundo leilão, em
que as taxas de juro já não são negociáveis; a taxa dos BTs a colocar
será sempre igual à taxa média ponderada do leilão principal que,
neste exemplo, teria sido 2.635%.
• Assim, neste Segundo leilão, as propostas ds instituiçõs financeiras
limitam-se a indicar os montantes que pretendem subscrever

Nota: comparar o conteúdo desde slide com a notícia publicada no


jornal, referida no ínicio desta aula
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7 - Transacção
• Pergunta: Se o acesso às emissões de BTs é reservado às
instituições financeiras, como é que este produto se torna acessível
ao público?

• Resposta:

• Como os BTs são livremente transaccionáveis, as instituições financeiras que


os subscrevem podem disponibilizá-los aos seus clientes (em operações de
Mercado Secundário);

• Apesar de os BTs serem emitidos por 91, 182 e 364 dias no Mercado Primário,
os clientes das instituições financeiras poderão subscrevê-los por prazos
inferiores

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7 – Transacção (Cont)
• Pergunta: Qual o benefício que as instituições financeiras retiram das operações
de subscrição de BTs no Mercado Primário e posterior venda em Mercado
Secundário a clientes?
• Resposta:

• As instituições financeiras beneficiam com o diferencial da taxa de juro:

• Recebem do Estado uma Taxa de Juro mais elevada do que aquela que
depois pagam aos seus clientes

• Este diferencial constitui na prática uma margem de intermediação,


reflectindo a diferença entre os valores pagos pelo Estado na aplicação da
liquidez por parte das instituições e a remuneração dada aos clientes pela
captação de fundos

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8 - Caracterização
Características mais importantes dos BTs:

• São emitidas por prazos de 91, 182 ou 364 dias

• Podem-se transaccionar livremente entre:

• Instituições financeiras – no Mercado Primário, aquele que ocorre no Banco


Central

• Clientes – No Mercado Secundário, aquele que ocorre entre as instituições


financeiras e os seus clientes

• São recompradas, na data de vencimento, pelas instituições que os tenham


colocado junto do público;

• Na posse das instituições financeiras, após vencidas, serão amortizados pelo


Estado através do Banco Central

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9 - Risco
Os factores de risco dos Bilhetes de Tesouro
são dois:

• Segurança

• Lquidez

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10 - Segurança
1. Segurança:
1.1. São uma dívida pública;
1.2. Os BTs são produtos financeiros de elevada
segurança;
1.3. O seu emitente é o Estado;
1.4. Gozam da garantia de reembolso integral;
1.5. Têm o respaldo financeiro das receitas do
Orçamamento Geral do Estado (OGE);
1.6. Têm prazos de reembolso curtos;
1.7. O seu reembolso não depende da forma como
decorre o exercício económico do Estado;
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11 – Liquidez
2. Liquidez:

2.1. Prazos curtos - gozam de uma liquidez elevada por via de


amortização;

2.2. Liquidez por transacção – possibilidade de recompra antecipada


pela instituição finaceira dos BTs adquiridos pelos clientes;

2.3. Recompra - pode resultar ou não da existência de um contrato que a


formalize: o chamdo contrato de reporte

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12 - Rendibilidade
1. O rendimento dos BTs é constituído pelo juro postecipado
que estes conferem ao seu detentor.
2. Este rendimento pode ser considerado em duas vertentes:
2.1. O que é pago pelo Estado às instituições financeiras –
que tenham actuando no Mercado Primário, junto ao Banco
Central
2.2. O que é pago pelas instituições financeiras aos seus
clientes no Mercado Secundário
2.3. A taxa de juro das remunerações dos BTs no Mercado
Secundário é negociado caso a caso entre as instituições
financeiras e os seus clientes;
2.4. Quando uma instituição financeira vende um BT terá
em conta não apenas a taxa a que o adquiriu, mas também o
“valor comercial” do cliente, isto é, a relação global com o
cliente
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12 – Rendibilidade (Cont)

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12 – Rendibilidade (Cont)

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12 – Rendibilidade (Cont)

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13 - Fiscalidade
• Os juros dos produtos da dívida pública, como é o caso dos BTs, são
tributados por retenção na fonte;

• Esta retenção na fonte tem carácter liberatório – quer dizer que o


imposto considera-se já definitivamente pago – para as pessoas
singulares;

• Para as pessoas colectivas a retenção tem a natureza de pagamento


por conta do imposto devido no final do exercício económico

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14 - Exercícos

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14 - Exercícos

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14 - Exercícos

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