Você está na página 1de 4

NARCIZO, Elaine Cristina. Henri Wallon: a afetividade no processo de aprendizagem.

Profseducação. 26 de jul de 2021. Disponível em:


https://profseducacao.com.br/artigos/henri-wallon-a-afetividade-no-processo-de-
aprendizagem/ Acesso em: 22 de mar. de 2022

Henri Wallon

Estudiosos da teoria do desenvolvimento como Jean Piaget (1896-1980) e Lev


Vygotsky (1896-1934) já apontaram a relevância da afetividade no processo de
desenvolvimento. No entanto, foi o educador francês Henri Wallon (1879-1962) quem
fundamentou, de maneira mais detida e aprofundada, o papel e a importância da
afetividade para o desenvolvimento integral.

A importância da afetividade para o desenvolvimento integral

Para Wallon, o homem é resultado de influências sociais e fisiológicas, em que resultam


de aspectos fundamentais para o desenvolvimento integral.

Assim como Piaget, Wallon divide o desenvolvimento em cinco estágios, no processo


de aprendizagem, sendo eles:

1º estágio — Impulsivo-Emocional (0 a 1 ano):


Predominantemente afetivo, onde o sujeito se expressa por meio de movimentos
corporais, do contato corporal e do toque. O bebê a usa para se expressar e interagir
com as pessoas, que reagem a essas manifestações e intermediam a relação dele
com o ambiente
2º estágio — Sensório-Motor e Projetivo (1 a 3 anos):
. A inteligência prepondera. É o momento em que a criança começa a andar, falar e
manipular objetos e está voltada para o exterior, ou seja, para o conhecimento. O
processo de ensino-aprendizagem nesta fase solicita disposição do educador em oferecer
situações e espaços diversificados para que os alunos possam entrar em contato com
diversos objetos e vivências, facilitando o processo de diferenciação em relação a cada
um deles.

3º estágio — Personalismo (3 a 6 anos):


Nesta fase, a criança começa a se descobrir diferente das outras e dos adultos.  A
diferenciação se dá entre a criança e o outro, é importante que ela entre em contato
com atividades que possibilitem o exercício da escolha e com crianças de outras idades.

4º estágio —  Categorial (6 a 11 anos):


Ocorre a diferenciação mais intensa e nítida entre o eu e o outro, o que fornece a
estabilidade necessária para a exploração das diferenças e semelhanças entre objetos,
imagens, conceitos e ideias, o o que o aluno já sabe como diagnosticar o que ele precisa
saber para dominar certas ideias. A descoberta do mundo dependerá das experiências a
que terá acesso.

 5º estágio — Puberdade e Adolescência (11 anos em diante): 


Aqui há o reconhecimento da singularidade e autonomia do sujeito, com valores e
sentimentos próprios, mediante ações de confronto e auto-afirmação. O processo
ensino-aprendizagem deve primar pela criação de espaços e construção de vivências que
permitam a expressão e discussão das diferenças e das descobertas.

Aprendizagem não linear e teoria da afetividade


Ainda que, o desenvolvimento ocorra, para Wallon, através de uma sucessão de
estágios, assim como para Piaget, esses estágios não são tão delimitados quanto os
defendidos por este autor.

Para Wallon, o processo de desenvolvimento oscila constantemente entre a afetividade e


a inteligência, de maneira dialética, podendo até mesmo manifestar regressões. As
aquisições adquiridas em cada estágio são irreversíveis — no entanto, o indivíduo pode
retornar a algumas atividades de estágios anteriores.  A aprendizagem, não segue um
fluxo linear e pode ser composto por eles elementos regressivos, ela deve ser imbuída
de interações sociais, trocas e formação de vínculos, intermediados pela compreensão
do papel da afetividade e suas implicações. Nesse sentido professores e alunos são
mutuamente afetados no processo de formação, onde desenvolvimento cognitivo é,
também, ampliação dos afetos e da capacidade de expressar sentimentos. O desafio do
afeto é compartilhado entre todos os sujeitos, no ambiente escolar.
SALLA, Fernanda. O conceito de afetividade de Henri Wallon. Nova Escola, 01 de out
de 2001.Disponível em https://novaescola.org.br/conteudo/264/0-conceito-de-
afetividade-de-henri-wallon. Acesso em: 22 de jun de 2022

As três manifestações da afetividade

Wallon mostra que a afetividade é expressa de três maneiras: por meio da emoção, do
sentimento e da paixão. Essas manifestações surgem durante toda a vida do indivíduo,
mas, assim como o pensamento infantil, apresentam uma evolução, que caminha do
sincrético para o diferencial. A emoção, segundo o educador, é a primeira expressão da
afetividade. Ela tem uma ativação orgânica, ou seja, não é controlada pela razão.
Quando alguém é assaltado e fica com medo, por exemplo, pode sair correndo mesmo
sabendo que não é a melhor forma de reagir.

O sentimento, por sua vez, já tem um caráter mais cognitivo. Ele é a representação da
sensação e surge nos momentos em que a pessoa já consegue falar sobre o que lhe afeta
- ao comenta um momento de tristeza, por exemplo. Já a paixão tem como característica
o autocontrole em função de um objetivo. Ela se manifesta quando o indivíduo domina
o medo, por exemplo, para sair de uma situação de perigo. .

HENRI Wallon O educador integral. Nova Escola. Disponível em:


https://novaescola.org.br/conteudo/7229/henri-wallon. Acesso em: 22 de mar. de 2022
Biografia
 Henri Wallon nasceu em Paris, França, em 1879.
 Graduou-se em medicina e psicologia.
 Fez também filosofia.
 Atuou como médico na Primeira Guerra Mundial (1914-1918), ajudando a
cuidar de pessoas com distúrbios psiquiátricos.
 Em 1925, criou um laboratório de psicologia biológica da criança.
 Quatro anos mais tarde, tornou-se professor da Universidade Sorbonne e vice-
presidente do Grupo Francês de Educação Nova - instituição que ajudou a
revolucionar o sistema de ensino daquele país e da qual foi presidente de 1946
até morrer, também em Paris, em 1962.
 Ao longo de toda a vida, dedicou-se a conhecer a infância e os caminhos da
inteligência nas crianças.
 Militante de esquerda, participou das forças de resistência contra Adolf Hitler e
foi perseguido pela Gestapo (a polícia política nazista) durante a Segunda
Guerra (1939-1945).
 Em 1947, propôs mudanças estruturais no sistema educacional francês.
 Coordenou o projeto Reforma do Ensino, conhecido como Langevin-Wallon -
conjunto de propostas equivalente à nossa Lei de Diretrizes e Bases. Nele, por
exemplo, está escrito que nenhum aluno deve ser reprovado numa avaliação
escolar.
 Em 1948, lançou a revista Enfance, que serviria de plataforma de novas ideias
no mundo da Educação - e que rapidamente se transformou numa espécie de
bíblia para pesquisadores e professores.

Você também pode gostar