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Rafael Alves - Advogado

RAFAEL HENRIQUE ALVES SANTOS – OAB/SP 445.269

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz De Direito da Comarca de Ipuã,


Estado de São Paulo.

AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS MATERIAIS E DANOS MORAIS

Em face de MARFIG GLOBAL FOODS S.A,


inscrita no CNPJ n° 03.853.896/27, localizado na Rodovia Marechal
Rondon, S/N, Setor SP 300, Núcleo Res. Edison Bastos Gasparini cidade
de Bauru, Estado de São Paulo, CEP 7022-531, pelos fatos e
fundamentos a seguir expostos:

I. DOS FATOS

O autor possui um supermercado de comércio


municipal, sendo ofertado inúmeros tipos de carne e alimentos. Por
consequência, o autor manteve um negócio com a empresa ré a fim de
repor o estoque de carnes.

No entanto, a empresa requerida forneceu duas


peças de carne que já se encontravam fora dos padrões de consumo,
estando com mal cheiro, textura e cor diferente do normal, já
perceptível a olho nú.

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Rua José Bonifácio, n.º 575, Centro, Ipuã-SP
CEP 14610-000 – Fone/Fax (16) 3832 1111 (16) 99979-1749
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O autor, ao perceber que não poderia colocar a


mercadoria em circulação no estabelecimento, notificou o fornecedor via
“WhatsApp” e pediu que o produto fosse removido e devidamente
descartado, vide prints anexos.

O fornecedor, de início, disse que faria a


retirada, porém posteriormente alegou que não poderia ser feito a
retirada por parte da empresa requerida, já que a peça se encontrava
aberta.

Acontece que as peças estão embaladas a vácuo


e congeladas num freezer separado, fazendo falta no estoque de peças
realmente boas para o consumo. Além disso, as peças precisam ser
retiradas com urgência pois, com a putrefação das carnes, as bactérias
podem se proliferar em grande escala e infectar outros alimentos,
colocando em risco todo o estoque do autor e os consumidores que vão
ingerir os alimentos.

II. DA TUTELA DE URGÊNCIA ANTECIPADA

Nos termos do art. 300 do CPC, a tutela de


urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a
probabilidade do direito e o perigo de dano ou risco ao resultado útil do
processo.

O primeiro requisito resta preenchido, uma vez


que todas as alegações estão devidamente comprovadas pela
documentação que instrui a peça vestibular, além dos alimentos estarem
claramente estragados, não necessitando nem de perícia para constatar
tal fato.

Por sua vez, deseja-se que seja designado à


vigilância sanitária ou órgão competente que faça a retirada e o descarte
correto das peças contaminadas do estabelecimento, já que o perigo do
dano se dá na possibilidade de contaminar os demais produtos
contidos no estoque e até mesmo os consumidores.

Vejamos, os principais agentes deteriorantes de


carnes conseguem se desenvolver em temperaturas baixas, como por
exemplo os bolores, pseudomonas, achromobacter, serratia, aeromonas,

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entre outras inúmeras, como demonstra o artigo “DETERIORAÇÃO


MICROBIANA” feita por 3 (três) professores da Universidade de São
Paulo (USP):

“Os principais agentes deterioradores de


carnes, pescado, ovos e alimentos de origem
vegetal, refrigerados, são representados pelas
bactérias dos gêneros Pseudomonas,
Achromobacter, Serratia, Aeromonas,
Alcaligenes, Enterococcus, Flavobacterium,
Micrococus, Lactobacillus, Bacillus, Brochothrix,
Shewanella, Pectobacterium, Psychrobacter,
entre outros. Bolores e leveduras também são
capazes de se desenvolver em baixas
temperaturas. As espécies mesófilas incluem
um elevado número de micro-organismos
presentes nos alimentos.”

Além disso, a pesquisa também demonstra que


produtos embalados a vácuo também podem estar no limite de
deterioração do alimento:

“Alguns produtos podem estar no limiar de


deterioração, a exemplo de carnes embaladas a vácuo com
odores já sendo perceptíveis”

A contaminação dos alimentos por micro-


organismos infectantes é feita através do ar e, por isso, é necessário que
a retirada seja efetuada o mais rápido possível, evitando a proliferação
de Surto de Doenças Transmissíveis por Alimentos (DTAS), além de
vírus, fungos e protozoários.

Ademais, sem a retirada das carnes, o autor


coloca em risco a saúde e integridade dos consumidores, podendo causar
toxinfecção, intoxicação alimentar, gastrenterite, entre outras doenças
graves.

Ainda, caso o estoque se torne impróprio pra


consumo, além de todos os problemas de saúde, o autor ainda teria um

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prejuízo inimaginável, sendo que foi vítima de um produto que é


responsabilidade da própria fornecedora recolher.

Desta feita, portanto, requer-se a concessão da


tutela de urgência antecipada, no sentido de determinar que a vigilância
sanitária faça a remoção e descarte das peças estragadas, garantido a
segurança do estoque de alimentos do autor e dos consumidores do
estabelecimento.

Termos em que,
Pede e aguarda deferimento.

Ipuã – SP, 05 de Novembro de 2021.

Rafael Henrique Alves dos Santos


OAB/SP 445.269

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