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FACULDADE CATÓLICA DE BELÉM

CURSO DE FILOSOFIA

MÁRIO JOSÉ ASSUNÇÃO DE SOUSA

A ANTIJURIDICIDADE DO ABORTO PELA VIOLAÇÃO DO BEM BÁSICO


DA VIDA.

Ananindeua-Pa
2022
MÁRIO JOSÉ ASSUNÇÃO DE SOUSA

A ANTIJURIDICIDADE DO ABORTO PELA VIOLAÇÃO DO BEM BÁSICO


DA VIDA.

Trabalho avaliativo apresentado à


Faculdade Católica de Belém, para a
obtenção de nota atribuída à Disciplina
Seminário III.

Prof. Henrique Santos.

Ananindeua-Pa
2022
A ANTIJURIDICIDADE DO ABORTO PELA VIOLAÇÃO DO BEM BÁSICO
DA VIDA.

John Finnis, filósofo contemporâneo e teórico da Nova Teoria do Direito


Natural, em sua obra “lei Natural e Direitos Naturais”, apresenta sete formas básicas de
realização do ser humano, são elas: O conhecimento; jogo; a vida; sociabilidade;
razoabilidade prática; experiência estética e religião. Finnis nomeou esses como “bens
humanos básicos” que devem ser garantidos a todo e qualquer homem por meio de
instituições de Direito humano afim de garantir a felicidade do mesmo1.
Esse presente trabalho irá deter-se no bem básico da vida, sendo este o primeiro
direito a ser garantido e já previsto no art.5 da Constituição Federal de 1988 nestes
termos: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-
se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade […]2”
Que a vida deve ser legalmente preservada não resta duvidas, a questão é: por
que então a busca incessante hoje pelo direto de abortar?
A ótica funcionalista3 da sociedade atual é a grande contribuinte para que o
homem seja estimado por aquilo que produz, e não pelo o que ele é. portanto, estando o
feto enquanto tal, impossibilitado de contribuir ativamente com a sociedade ele ainda
não tem o mesmo valor, para os adeptos ao aborto, de uma pessoa nascida, logo,
(erroneamente) sua existência poderia ser interrompida.
Fato é que a vida jamais deve ser medida por produção, ou melhor, nem deve ser
medida sob quaisquer circustancias, pelo seu valor intrínseco, ou seja, não são coisas
externas que valorizam o homem, ele tem pleno valor em si mesmo.
Sendo assim, levando em conta a realidade científica de que o nascituro logo
após a concepção já é uma vida humana, parece evidente que o mesmo é digno desde os
primeiros momentos da sua existência, por esse motivo que a interrupção intencional da
gravidez torna-se um atentado à moralidade e à lesgilção brasileira, pois se no art. 5
acima citado, o nascituro tem o direito a vida, logicamente, o mesmo, tem o dever de
não ser morto por outrem.
Ademais, porque todo aborto voluntário é um atentado contra a vida do feto, é

1
FINNIS, John. Lei Natural e Direitos Naturais. São Leopoldo: Unisinos, 2007.
2
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil: texto constitucional
promulgado em 05 de outubro de 1988. Brasília: Senado Federal, Coordenação de Edições Técnicas,
2016, art. 5º, caput.
3
Cf. sobre a ótica funcionalista RIBEIRO, 2020.
portanto intrínsecamente mau, como confirma Ribeiro:
A morte advinda do aborto voluntário é a morte da unidade substancial entre
um corpo e uma alma racional, é a morte de um ser em plena qualificação
antropológica e ética. Não se trata do extermínio dos que estão desprovidos
de dignidade, como as coisas, as plantas e os animais irracionais; trata-se do
extermínio de um ser vivo que, pela condição pessoal, existe como um
natural sujeito de deveres e direitos ao qual o homicídio proposital consiste
em um equívoco sem exceções. Fazer do aborto voluntário uma invariante
cultural é despir de significado a máxima (arduamente percebida ao longo da
história) de que o homem é um fim, levando-se a um patamar superior a
avaliação oposta, a de que o homem é um meio4.

Conclui-se portanto, que o aborto é uma pratica que fere o bem básico da vida,
tornando-se em todo antijurídico por ferir o direito moral absoluto da vida que o feto
possui, além de ferir a dignidade humana. Torna-se evidente então o quando a visão
coisificada do ser humano é perigosa, pois através dela, certas práticas podem parecer
lícitas, mesmo que desprovidas de preocupações morais, como por exemplo, das
recentes atrocidades patrocinadas durante a Segunda Guerra Mundial, a ponto de se
fazer indispensável a elaboração da Declaração Universal dos Direitos Humanos, em
1948.

4
RIBEIRO, 2021, p. 246-247. In: PINHEIRO, Victor Sales; RIBEIRO, Mário da Silva (orgs).
Dignidade da Pessoa Humana e Direito à Vida: Estudos de Filosofia, Direito e Bioética. Rio de
Janeiro: Lumen Juris, 2021, p. 246-247).

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