Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
IGUALDADE
CIDADANIA direitos civis e políticos
identidades culturais movimentos sociais
racial
sustentabilidade
O novo sujeito é social igualdade
racial
igualdade MULHER sociais
direitos individuais e coletivos direitos sexuais educação
movimentos sociais Cidadania
CRIANÇA IDOSO
constituição
direitos individuaisdireitos
e coletivos sustentabilidade
FRATERNIDADE civis e políticos
defesa do consumidor
igualdade direitos humanos universais
HOMEM
HOMEM
O novo sujeito é social sustentabilidade
adolescente MULHER LIBERDADE
O novo sujeito é social
EDUCAÇÃO constituição
direitos civis e políticos
identidades culturais
IDOSO
direitos civis e políticos ADOLESCENTE
movimentos sociais direitos individuais e coletivos
defesa do consumidor CRIANÇA
igualdade liberdade
racial
Direitos
Humanos e
POLÍTICAS
PÚBLICAS
CURSO DE PEDAGOGIA A DISTÂNCIA
CEAD/UDESC/UAB
Centro de Educação a Distância
Universidade do Estado de Santa Catarina
Universidade Aberta do Brasil
FLORIANÓPOLIS
CEAD/UDESC/UAB
Secretário de Regulação e
Supervisão da Educação Superior | Jorge Rodrigo Araújo Messias
Diretor de Educação a
Distância da CAPES/MEC | João Carlos Teatini de Souza Clímaco
Pró-Reitor de Extensão,
Cultura e Comunidade | Mayco Morais Nunes
Chefe de Departamento de
Pedagogia a Distância CEAD/UDESC | Isabel Cristina da Cunha
Subchefe de Departamento de
Pedagogia a Distância CEAD/UDESC | Vera Márcia Marques Santos
Caderno Pedagógico
1ª edição
Florianópolis
2012
Design instrucional
Daniela Viviani
Professora parecerista
Marilise Luiza Martins dos Reis
Projeto instrucional
Ana Cláudia Taú
Carla Peres Souza
Carmen Maria Pandini Cipriani
Daniela Viviani
Melina de la Barrera Ayres
Roberta de Fátima Martins
Diagramação
Albert F. Gunther
Elisa Conceição da Silva Rosa
Revisão de texto
Roberta de Fátima Martins
Inclui Bibliografia
ISBN: 978-85-64210-59-2
CDD:341.2
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
Programando os estudos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
CAPÍTULO 1
Direitos Humanos e Cidadania: Entre o Moderno e o Pós-Moderno . . 15
Seção 1 - Direitos humanos, Estado, cidadania e sociedade. . . . . . . . . . . . . . 16
Seção 2 - As novas identidades culturais e suas implicações para a
educação e direitos humanos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
CAPÍTULO 2
Movimentos Sociais na Gestão de Políticas Públicas . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
Seção 1 - A participação dos movimentos sociais na gestão de políticas
públicas para a educação e direitos humanos . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
Seção 2 - As políticas afirmativas: direitos humanos e cidadania . . . . . . . . . 49
CAPÍTULO 3
Políticas Públicas para a Educação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
Seção 1 - Plano Nacional de Educação e políticas públicas . . . . . . . . . . . . . . 62
Seção 2 - A produção de políticas públicas educacionais contemporâneas:
em foco o Projeto de Lei do novo Plano Nacional de Educação.69
Considerações finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
Conhecendo os professores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
Comentários das atividades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
Referências das figuras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
Prezado(a) estudante,
Bons estudos!
Equipe CEAD\UDESC\UAB
Bons estudos!
Os autores
Ementa
Geral
Específicos
Carga horária
36 horas/aula
12
DATA ATIVIDADE
Conteúdo da disciplina
13
14
Seções de estudo
Seção 1
Direitos humanos, Estado, cidadania e sociedade
Objetivos de aprendizagem
17
Na questão dos direitos humanos, esse pressuposto também fica claro, pois
a emergência de direitos para o cidadão comum implica em confrontar essa
situação de ausência de direitos, tanto de cidadania quanto humanos, no
chamado Ancien Régime (Antigo Regime), derrubado politicamente com
revoluções liberais, principalmente pela Revolução Inglesa (Revolução
Puritana – 1640 e Revolução Gloriosa - 1688), Revolução Francesa (1789) e
Revolução Americana (1776).
18
19
21
A Assembléia Geral proclama a presente Declaração Universal dos Direitos Humanos como ideal comum
a atingir por todos os povos e todas as nações, a fim de que todos os indivíduos e todos os órgãos
da sociedade, tendo-a constantemente no espírito, se esforcem, pelo ensino e pela educação, por
desenvolver o respeito desses direitos e liberdades e por promover, por medidas progressivas de ordem
nacional e internacional, o seu reconhecimento e a sua aplicação universais e efetivos tanto entre as
populações dos próprios Estados membros como entre as dos territórios colocados sob a sua jurisdição.
ARTIGO 1º Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de
razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.
ARTIGO 2º Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados na presente
Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente de raça, de cor, de sexo, de língua, de
religião, de opinião política ou outra, de origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento
ou de qualquer outra situação. Além disso, não será feita nenhuma distinção fundada
no estatuto político, jurídico ou internacional do país ou do território da naturalidade da
pessoa, seja esse país ou território independente, sob tutela, autônomo ou sujeito a alguma
limitação de soberania.
ARTIGO 4º Ninguém será mantido em escravatura ou em servidão; a escravatura e o trato dos escravos,
sob todas as formas, são proibidos.
ARTIGO 5º Ninguém será submetido a tortura nem a penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou
degradantes.
22
Todavia, é preciso ter cuidado para não se pensar que todos os direitos
de primeira e segunda geração já foram superados, pois dependendo
da situação, os direitos humanos mais elementares ainda não foram
conquistados, principalmente no Brasil. Mesmo porque o anúncio de um
direito humano na lei não significa sua realização, justamente porque essa
não é apenas uma questão teórica ou legal e, sim uma questão prática,
que se realiza no âmbito das lutas sociais entre os grupos, as classes, as
organizações e instituições que disputam a hegemonia social. Para que
um direito se afirme, é preciso infraestrutura de combate às condições de
discriminação, humilhação e pobreza reinantes na sociedade brasileira e
mundial. Sobre essa questão, a introdução da primeira versão (1996) do
Programa Nacional de Direitos Humanos (BRASIL, 1998, p. 66) diz que:
23
24
E essa é uma discussão para a nossa segunda seção, que tratará da noção
de identidades culturais, sua emergência na Sociedade Contemporânea ou
Pós-Moderna, e suas inevitáveis implicações para os direitos humanos.
Seção 2
As novas identidades culturais e suas implicações
para a educação e direitos humanos
Objetivo de aprendizagem
25
SUJEITO DO ILUMINISMO
SUJEITO SOCIOLÓGICO
26
Em entrevista concedida em 2008, o antropólogo Constantin Von Barloewen descreve a “era das
identidades múltiplas” nos seguintes termos:
27
28
29
Por sua vez, Zygmunt Bauman (2005, p. 82-91) afirma que “o campo de
batalha é o lar natural da identidade”, e que a construção da mesma
“assumiu a forma de uma experimentação infindável”, promovendo, muitas
vezes, em diferentes latitudes do planeta, fenômenos como o nacionalismo,
o fascismo, o totalitarismo e o populismo.
30
31
32
33
vista legal. Entretanto, uma coisa são os aspectos legais amparados por
mecanismos do direito internacional, bastante avançados para a realidade
de nosso país, e outra é a efetivação desses mesmos direitos na realidade
cotidiana de cada cidadão, muitas vezes, insuficientes para alterar a realidade
de discriminação e de preconceitos, construídos ao longo de décadas,
disseminados culturalmente e presentes também no dia a dia das escolas.
Não haveria porque seguir pensando a escola como uma instituição neutra e
imparcial, depois das teorias críticas e pós-críticas do currículo. Ao contrário,
a escola é uma instituição produzida pela sociedade e, como tantas outras
instituições, pode reproduzir e reforçar as desigualdades e a exclusão, assim
como pode ser uma ferramenta de promoção de cidadania, pautadas no
reconhecimento das diferenças e da diversidade. Ocorre que se disseminou
no Brasil uma concepção de cultura uniforme, sem fissuras e diferenças.
Aprendemos, ao longo de décadas nos bancos das escolas, que o brasileiro
é resultante de três raças: o índio, o branco e o negro, naturalizando dessa
forma, as diferenças culturais em nome da construção de um projeto de
identidade nacional.
35
e das diferenças. Isto significa, que a Pós-Modernidade ainda terá que lidar,
por um longo tempo, com a questão da construção da identidade nacional.
Diversidade na Escola
Figura 1.3
Nesse contexto, o grande desafio para
as escolas do século XXI e, por extensão,
das escolas brasileiras será o de exercer
a sua função social tendo em vista que
nesse universo estão refletidas todas as
diferenças e diversidades da sociedade
brasileira, cabendo à escola, a importante
tarefa de mediar conteúdos, mas tendo claro que os valores da democracia ainda são a
melhor ferramenta que a escola dispõe para educar para a (e na) diversidade.
Síntese do capítulo
36
Você pode anotar a síntese do seu processo de estudo nas linhas a seguir:
37
Atividades de aprendizagem
38
39
Aprenda mais...
MOSCA, Juan José; PÉREZ AGUIRRE, Luis. Direitos humanos: pautas para
uma educação libertadora. Petrópolis: Vozes, 1990.
40
Seções de estudo
Seção 1
A participação dos movimentos sociais na gestão de
políticas públicas para a educação e direitos humanos
Objetivos de aprendizagem
Para dar início à trajetória do que temos pela frente, você será convidado a
adotar uma postura reflexiva, onde possa perceber a dinâmica que envolve
a contribuição dos movimentos sociais na gestão de políticas públicas para a
educação e direitos humanos; assim como, perceber as políticas afirmativas como
espaço de conquista de direitos humanos e cidadania. Podendo se tornar, assim,
um(a) profissional consciente da prerrogativa de cidadania.
42
Perceba que pelos textos utilizados, o autor apresenta momentos de reflexão que
podem contribuir para refletir sobre como compreendemos e vivenciamos a
nossa cidadania.
CIDADANIA
A educação com vistas à cidadania é o objetivo de Freire desde o começo de sua atuação como
educador. A cidadania em Freire é compreendida como apropriação da realidade para nela atuar,
participando consciente em favor da emancipação. Para Freire cidadão pode ser e deve ser o lavrador,
a faxineira, o assalariado, as mulheres do campo, da faxina, as que vivem do salário, as funcionárias
públicas.
Todo ser humano pode e necessita ser consciente de sua cidadania. É necessário que seja consciente
de sua situação e de seus direitos e deveres como pessoa humana. O humanismo progressista está
associado à vivência da cidadania em uma realidade e com a qual o sujeito se encontra.
Em Política e Educação, Freire estabelece uma relação estreita entre alfabetização e cidadania.
Desta forma se expressa: “Seria mais forte ainda se disséssemos: a alfabetização como formação da
cidadania ou a alfabetização como formadora da cidadania” (2000, p.45). Alfabetizar o sujeito para
que exerça com melhor qualidade a sua cidadania. Alfabetizar conforme Freire necessita ser um ato
político, e só então conduz à cidadania. Está além do aprender as letras, é uma leitura do mundo
para operar transformação com vistas à vivência da cidadania.
O exercício da cidadania do educador é compreendido pela luta por melhores condições de trabalho.
Luta em defesa de seus direitos e de sua dignidade como momento da prática docente como prática
ética. “Não é algo que vem de fora da atividade docente, mas algo que dela faz parte. O combate
em favor da dignidade da prática docente é tão parte dela mesmo quanto dela faz parte o respeito
que o professor deve ter à identidade do educando, à sua pessoa, a seu direito de ser” (FREIRE, 2001,
p74). Não há distinção entre prática docente e cidadania. É prática docente com cidadania no respeito
ao educando recriando significados por meio do conteúdo programático em debate. A opção pelo
conteúdo e pela forma de apropriação dos conhecimentos necessita estar em conformidade com a
realidade vivida pelos educandos. A cidadania será exercida a partir da, e na realidade onde acontece
o debate reflexivo.
43
forma a cidadania não se encontra restrita ao indivíduo. A cidadania se manifesta por meio das relações
sociais, por meio do exercício de produzir coletividade e poder de relacionamentos continuados em favor
da vivência dos direitos e deveres dos indivíduos nos grupos sociais. Um relacionamento compartilhado
e participativo é condição necessária para o exercício da cidadania.
Freire define a cidadania como “condição de cidadão, quer dizer, com o uso dos direitos e o direito de ter
deveres de cidadão” (1991, p. 45). Os círculos de cultura nos quais Freire trabalhou no Nordeste brasileiro e
posteriormente no Chile, fomentavam os participantes a conhecerem seus direitos. Cidadania construída
por meio de um processo de conscientização por meio da codificação, por meio da manifestação da
escrita e da palavra da cultura existente entre as pessoas envolvidas. A cidadania se manifesta pelo
rompimento com o sistema repressivo desaparecendo a relação de opressor/ oprimido.
Fonte – Dicionário Paulo Freire, organizado em 2008, por Danilo Streck; Euclides Redin e Jaime José
Zitkosk. Belo Horizonte. Editora Autêntica.
O texto objetiva ser reflexivo, mas também provocativo, pois como tratar de
Direitos Humanos e Políticas Públicas sem passar pela compreensão que temos
de cidadania? Use-o para refletir como tem sido a sua compreensão, as suas
vivências, quando se trata de Direitos Humanos e Políticas Públicas, em uma
perspectiva de cidadania.
Aproveite esse espaço para desvelar seus preconceitos. Isso certamente contribuirá
para a sua percepção sobre a importância das políticas afirmativas, como garantia
de direitos humanos e cidadania de uma população e/ou de grupos sociais.
Assim como, o ajudará a perceber contradições sociais históricas, quando se trata
de movimentos sociais na gestão de políticas públicas para a educação e direitos
humanos, foco de estudo desta seção.
44
A sociedade civil refere-se à esfera de ações de pessoas de uma sociedade. Algumas pessoas estão
na sociedade civil e na sociedade política, quando são representantes políticos, por exemplo. Existe
a sociedade civil organizada que é entendida como o conjunto de sujeitos ou fatores organizados,
a exemplo de associações, organizações não governamentais; movimentos sociais; sindicatos entre
outros. Todos nós, isoladamente, fazemos parte da sociedade civil. Mas, quando estamos organizados
em um grupo, passamos a pertencer a denominada sociedade civil organizada.
Fonte: SOUZA, Maria Antônia de. Movimentos Sociais e sociedade civil. Curitiba, IESDE, 2008.
Disponível em: <http://www2.videolivraria.com.br/pdfs/23959.pdf> . Acesso em: 31 maio 2012.
A análise dos movimentos sociais no Brasil revela forte enfoque teórico oriundo do
marxismo, sejam eles vinculados ao espaço urbano e/ou rural. Tais movimentos,
quando se referiam ao espaço urbano possuíam um leque amplo de temáticas,
como, por exemplo, as lutas por creches, por escola pública, por moradia,
transporte, saúde, saneamento básico etc. Quanto ao espaço rural, a diversidade
de temáticas expressou-se nos movimentos de boias-frias (das regiões cafeeiras,
citricultoras e canavieiras, principalmente), de posseiros, sem-terra, arrendatários
e pequenos proprietários. Cada um dos movimentos possuía uma reivindicação
específica, no entanto, todos expressavam as contradições econômicas e sociais
presentes na sociedade brasileira.
45
46
Movimentos Sociais
Figura 2.1
47
Você acompanhou até aqui a trajetória dos movimentos sociais e deve ter
percebido, que eles podem ser um potencializador para a gestão de políticas
públicas para a educação e direitos humanos. Essa trajetória proporcionou e tem
proporcionado documentos oficiais que garantem direitos, bem como geram
um movimento voltado para políticas afirmativas, como forma de garantia aos
direitos humanos, o que você verá na próxima seção de estudos deste Caderno
Pedagógico.
48
49
No Brasil na década de 1960, conheceu-se uma modalidade de Ação Afirmativa - a lei 5.465/1968 (lei do
boi), que reservava, preferencialmente, 50% das vagas de estabelecimentos de Ensino Médio agrícola e
de escolas superiores de Agricultura e Veterinária, mantidos pela União, a agricultores ou filhos destes,
proprietários ou não de terras, que residissem com suas famílias na zona rural, e 30% a agricultores ou
filhos destes, proprietários ou não de terras, que residissem em cidades ou vilas que não possuíssem
estabelecimentos de ensino médio.
Nesse sentido, Contins e Sant. Ana (1996, p. 210) chamam a atenção para
o fato de que a ação afirmativa ou a política de ação afirmativa teria como
função específica “[...] a promoção de oportunidades iguais para pessoas
vitimadas por discriminação. Seu objetivo é, portanto, o de fazer com que os
beneficiados possam vir a competir efetivamente por serviços educacionais
e por posições no mercado de trabalho”, dentre outras situações sociais.
As políticas de ação afirmativa objetivam redistribuir recursos sociais que
estão sob a influência de mecanismos discriminatórios, os quais impedem
uma pessoa, possuidora de certas características físicas e culturais, de ser
membro de uma diretoria ou de assumir determinado cargo ou profissão,
possibilitando que tal pessoa possa concorrer em pé de igualdade a esses
postos. Isso quer dizer que não é uma pessoa de menor qualificação quem
ocupará a função, mas, sim, alguém com as mesmas ou, até melhores,
habilidades – na medida em que a pessoa segregada foi impedida de
acessar a tais postos em razão de mecanismos discriminatórios.
50
O ESTATUTO DA JUVENTUDE
Projeto de Lei nº 4529, de 2004
O
Projeto regulamenta os direitos dos
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE jovens, sem prejuízo à Lei 8.069/90, do
Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 Estatuto da Criança e do Adolescente,
uma vez que regulamenta os direitos das
E
ssa Declaração foi escrita e formulada
originalmente em língua espanhola,
em Valência no XIII Congresso
Mundial de Sexologia no ano de 1997.
Posteriormente foi traduzida para outras
línguas e é base para outros documentos,
como por exemplo, documentos da
Organização Mundial da Saúde – OMS.
(MELO et al, 2011). Conforme texto de
Desde 1985, o Conselho Federal de Medicina, e desde 1990, a Organização Mundial de Saúde
retiraram a homossexualidade da Classificação Internacional de Doenças. Com isso, ela passou a
ser entendida por esses organismos da área da saúde como uma expressão sexual tão normal,
natural e saudável quanto a heterossexualidade e a bissexualidade. Nas últimas décadas,
Associações Científicas estadunidenses e brasileiras, entre as quais a Sociedade Brasileira para
o Progresso da Ciência – SBPC e a Associação Brasileira de Antropologia, aprovaram resoluções
que afirmam que “nada distingue os homossexuais dos heterossexuais, a não ser a orientação do
desejo sexual; nada distingue gays e lésbicas dos demais cidadãos relativamente a capacidade
intelectual, honestidade e demais valores sociais“. (MOTT, 1998). De forma geral, afirma-se que
nada distingue um homossexual dos demais, a não ser pelo fato de eles amarem e praticarem
vivências sexuais com pessoas do mesmo sexo, tendo em vista que a sociedade toma como
parâmetro os heterossexuais, que preferem práticas sexuais com as pessoas do sexo oposto.
(MOTT, 1995).
56
Você pode anotar a síntese do seu processo de estudo nas linhas a seguir:
57
Atividades de aprendizagem
58
PINSKY, J.; PINSKY, C. B. (Org.). História da cidadania. São Paulo: Contexto, 2003.
59
Seções de estudo
Podemos dizer com isso que muitos avanços no campo legal devem-se às
lutas, resistências e reivindicações da sociedade civil, que, em diferentes
tempos e espaços, mobilizaram-se para a efetivação do direito público da
educação.
Seção 1
Plano Nacional de Educação e políticas públicas
Objetivos de aprendizagem
62
63
Portanto, a partir deste momento, você fará uma análise dos planos previstos
na legislação brasileira e de seus princípios de educação escolar, sem perder
as referências dos contextos históricos em que elas estão inseridas.
64
65
Vale lembrar que a norma legislativa posta no seu Art. 214 é requerida pela
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB, Lei nº 9394/96. Nadir
Azibeiro diz que,
66
67
68
Seção 2
A produção de políticas públicas educacionais
contemporâneas: em foco o Projeto de Lei do novo
Plano Nacional de Educação
Objetivos de aprendizagem
69
DIRETRIZES
I - erradicação do analfabetismo;
II - universalização do atendimento escolar;
III - superação das desigualdades educacionais;
IV - melhoria da qualidade do ensino;
V - formação para o trabalho;
VI - promoção da sustentabilidade socioambiental;
VII - promoção humanística, científica e tecnológica do País;
VIII - estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como proporção do
produto interno bruto;
IX - valorização dos profissionais da educação;
X - difusão dos princípios da equidade, do respeito à diversidade e à gestão democrática da educação.
70
Comentário:
Observa-se o quanto é tímido o lugar destinado à educação
de crianças com idade inferior a sete anos nas políticas
públicas, embora seja esse o segmento da população
mais atingido pelas condições de pobreza e desigualdade
social. Como você pode observar, a Educação Infantil está
separada em creche (zero a três anos) e pré-escola (quatro e
cinco anos) e, desta forma, embora seja clara a necessidade
da oferta de vagas para creches, a meta proposta prorroga
para muito tempo (2020) a cobertura para a população de
zero a três anos. Imaginemos o caso de necessidade de vaga na creche para uma família
trabalhadora ter que esperar até 2020? Logo se vê que a meta proposta no plano prorroga em
muito uma necessidade que é premente da sociedade brasileira contemporânea.
META 02
Universalizar o Ensino Fundamental de nove anos para toda população
de 6 a 14 anos.
Comentário:
O ensino de nove anos é considerado uma importante conquista na
luta pela garantia do ingresso na escola aos seis anos, sobretudo pelo
aumento das possibilidades de as crianças dominarem a leitura e a escrita
aos sete ou oito anos. O grande desafio, porém, é a garantia da qualidade
do ensino, que deveria ter sido contemplada na meta.
META 03
Universalizar, até 2016, o atendimento escolar para toda a população de 15 a 17 anos e
elevar, até 2020, a taxa líquida de matrículas no Ensino Médio para 85%, nessa faixa etária.
Comentário:
Novamente é postergado o direito à educação para grande parte da população de jovens
que estão fora do Ensino Médio, pois em 2020 ainda teremos 15% desta população fora da
escola se de fato a meta de 85% for atingida.
META 04
Universalizar, para a população de 4 a 17 anos, o atendimento escolar aos estudantes
com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou
superdotação na rede regular de ensino. (ver comentário geral)
71
META 05
Alfabetizar todas as crianças até, no máximo, os oito anos de
idade.
Comentário:
Essa é uma meta ousada, pois “todas” significa que de norte a sul do
país cada criança de até oito anos deverá estar alfabetizada. É esperar
para ver a implementação prática dessa meta.
META 06
Oferecer educação em tempo integral em 50% das escolas públicas de Educação Básica.
Comentário:
Novamente aqui faltou delimitar o padrão de qualidade, pois não basta que a criança esteja
o dia inteiro na escola, mas que isso ocorra a partir de um projeto pedagógico que garanta a
qualidade da oferta de integralidade.
META 07
Atingir as seguintes médias nacionais para o IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação
Básica):
META 08
Elevar a escolaridade média da população de 18 a 24 anos de modo a alcançar mínimo de
12 anos de estudo para as populações do campo, da região de menor escolaridade no país e
dos 25% mais pobres, bem como igualar a escolaridade média entre negros e não negros,
com vistas à redução da desigualdade educacional. (ver comentário geral).
META 09
Elevar a taxa de alfabetização da população com 15 anos ou mais para 93,5% até 2015
e erradicar, até 2020, o analfabetismo absoluto e reduzir em 50% a taxa de analfabetismo
funcional.
Comentário:
O programa Brasil Alfabetizado, do Governo Federal, atendeu quase 10 milhões de pessoas na
primeira década deste século (de acordo com o PNE, o total deveria ter sido atingido em 2006).
Entretanto, entre 2001 e 2008, a taxa de analfabetismo caiu somente de 13% para 10% (de 16
72
META 10
Oferecer, no mínimo, 25% das matrículas de educação de jovens e adultos na forma
integrada à educação profissional nos anos finais do Ensino
Fundamental e no Ensino Médio.
Comentário:
As metas 8, 9 e 10 do Plano estão relacionadas à Educação
de Jovens e Adultos – EJA. Observe que a falta de definição
em como garantir a integração de 25% do EJA à educação
profissional pode esconder baixa cobertura e oferta.
Lembremos, as metas foram estabelecidas com base na
Conferência Nacional de Educação (CONAE), ou seja, a partir
da mobilização de todos aqueles que estão envolvidos com
a educação para definir as principais metas para essa década.
Faz-se necessário agora uma nova mobilização para garantir
que as propostas apresentadas e aprovadas no documento
final da CONAE sejam aprovadas no Congresso Nacional.
Você pode consultar o documento final da CONAE no site da Conferência, disponível em:
<http://conae.mec.gov.br/images/stories/pdf/pdf/documetos/documento_final_sl.pdf>.
Acesso em: 22 jun. 2012.
META 11
Duplicar as matrículas da Educação Profissional técnica de nível médio, assegurando a
qualidade da oferta.
META 12
Elevar a taxa bruta de matrícula na Educação Superior para 50% e a taxa líquida para 33%
da população de 18 a 24 anos, assegurando a qualidade da oferta.
META 13
Elevar a qualidade da Educação Superior pela ampliação da atuação de mestres e doutores
nas instituições de educação superior para 75%, no mínimo, do corpo docente em efetivo
exercício, sendo, do total, 35% doutores.
META 14
Elevar gradualmente o número de matrículas na pós-graduação stricto sensu de modo a
atingir a titulação anual de 60 mil mestres e 25 mil doutores.
73
META 15
Garantir, em regime de colaboração entre a União, os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios, que todos os professores da educação básica
possuam formação específica de nível superior, obtida em curso de
licenciatura na área de conhecimento em que atuam.
Comentário:
Segundo dados extraídos da Revista Valor de dezembro de 2010,
aproximadamente um terço dos professores da Educação Básica não têm
curso superior. O que significa que do total de 1,977 milhão de docentes,
636,8 mil (32,19%) lecionam sem diploma universitário. (FREITAS, 2010).
A discrepância de escolaridade no magistério é, historicamente, um
dos mais sérios problemas da educação no Brasil. Vale lembrar que a
qualificação dos professores é um dos indicadores de qualidade do
ensino aferidos pelo IDEB.
META 16
Formar 50% dos professores da Educação Básica em nível de pós-graduação lato e stricto
sensu, garantir a todos formação continuada em sua área de atuação.
META 17
Valorizar o magistério público da Educação Básica a fim de aproximar o rendimento médio
do profissional do magistério com mais de 11 anos de escolaridade do rendimento médio
dos demais profissionais com escolaridade equivalente.
META 18
Assegurar, no prazo de dois anos, a existência de planos de carreira para os profissionais do
magistério em todos os sistemas de ensino.
Comentário:
Apesar de já ter sido prevista no PNE de 2001, esta meta só se concretizou em 2009, quando o
piso se tornou uma realidade. O valor ainda é baixo, mas aponta algumas perspectivas para a
carreira do profissional do magistério.
META 19
Garantir, mediante lei específica aprovada no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, a nomeação comissionada de diretores de escola vinculada a critérios técnicos
de mérito e desempenho e a participação da comunidade escolar.
Comentário:
Esta meta busca evitar por meio da eleição de um representante que possa atender aos
imperativos da comunidade escolar, assumindo o compromisso com o espaço educacional
ao qual pertence, conforme prevê a LDB, que o cargo de diretor/gestor seja alvo de interesses
políticos partidários.
74
Comentário:
Atualmente, o investimento do PIB em educação está em torno de 5%, de modo que ampliá-
lo para 7%, como quer a proposta do novo PNE, não deixa de ser um avanço, mas a proposta
da CONAE é que esse recurso seja duplicado, chegando a 10%, justamente por considerar
as carências apresentadas pela educação nacional, rica em distorções institucionais e de
investimentos.
Comentário geral:
Como você pode verificar, algumas aspirações manifestas nos movimentos da sociedade civil
organizada nas lutas pela garantia dos seus direitos estão expressas nas metas acima, quais
sejam, a universalização da escolarização dos estudantes com deficiência, transtornos
globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação na rede regular de
ensino; bem com a igualdade da escolaridade média entre negros e não negros, visando
minimizar a desigualdade educacional.
Como você estudou até agora, defendemos que a política educacional deve
representar as aspirações e as reivindicações da sociedade civil. Porém, você
deve ter percebido, que o PNE, em geral, não contempla as necessidades
76
Síntese do capítulo
77
Você pode anotar a síntese do seu processo de estudo nas linhas a seguir:
Atividades de aprendizagem
78
Aprenda mais...
Para aprimorar e/ou aprofundar seus estudos sobre as temáticas desse
capítulo, você pode consultar os dois documentos que serviram de base
para a discussão.
79
Boa navegação!
80
Caros(as) alunos(as)!
82
Autores
Inês Soares Nunes Poggio
Lidnei Ventura
Parecerista
Marilise Luiza Martins dos Reis
84
Capítulo 1
Capítulo 2
86
87
BOSI, Alfredo. Dialética da colonização. São Paulo: Companhia das letras, 1992.
GROSSI, Esther. LDB: Lei de Diretrizes e Bases da Educação. LDB 9394/96. 3.ed. Rio
de Janeiro: DP&A, 2000.
90
KALACHE, Alexandre. Direitos das pessoas idosas. In: VENTURI, Gustavo (Org.). Direitos
Humanos: percepções da opinião pública. Brasília: Secretaria de Direitos Humanos,
2010.
MELO, Sonia M. Martins de; ET. al. Educação e Sexualidade. 2 ed. rev. Florianópolis:
UDESC/CEAD/UAB, 2011.
OLIVEIRA, Samuel Antonio Merbach de. Norberto Bobbio: teoria política e direitos
humanos. Revista de Filosofia. São Paulo. v. 19, n. 25, p. 361-372, jul./dez. 2007.
PIERUCCI, Antônio Flávio. Ciladas da diferença. São Paulo: Editora 34, 1999.
SANTOS, Dayane Brito Reis. Para além das cotas: a permanência de estudantes negros
no ensino superior como política de ação afirmativa. 2009. 214 f. Tese (doutorado em
Educação). Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia. Salvador, 2009.
91
92
Pág. 54
Diretos humanos Pág. 55
Igualdade racial: Fonte: Disponível em: <http://www.sxc.hu/ Direitos humanos
photo/177395>. Acesso em: 12 jun. 2012 Direitos sexuais: Fonte: Disponível em: <http://www.sxc.hu/browse.
Consumidor: Fonte: Disponível em: < http://www.sxc.hu/browse. phtml?f=view&id=1359713>. Acesso em: 21 mai. 2012.
phtml?f=view&id=1316307 >. Acesso em: 12 jun. 2012. Lei Maria da Penha: Fonte: Disponível em: <http://www.sxc.hu/
browse.phtml?f=view&id=1359713>. Acesso em: 21 mai. 2012.
Pág. 71
Metas Pág. 72/73
Meta 01: Fonte: Disponível em: <http://www.sxc.hu/browse. Metas
phtml?f=download&id=1189666>. Acesso em: 22 jun. 2012. Meta 05: Fonte: Disponível em: <http://www.sxc.hu/browse.
Meta 02: Fonte: Disponível em: <http://www.sxc.hu/browse. phtml?f=download&id=1330423>. Acesso em: 22 jun. 2012.
phtml?f=download&id=620974>. Acesso em: 22 jun. 2012. Meta 10: Fonte: Disponível em: <http://www.sxc.hu/browse.
phtml?f=download&id=23964>. Acesso em: 22 jun. 2012.
Pág. 74
Metas
Meta 15: Fonte: Disponível em: <http://www.sxc.hu/browse.
phtml?f=view&id=680529>. Acesso em: 22 jun. 2012.
94