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CÁSSIO CASAGRANDE
01/11/2021 12:57
Crédito: Unsplash
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06/11/2021 11:46 Bezosismo = taylorismo + fordismo + toyotismo - JOTA
Para quem se interessa pelo impacto da tecnologia nas relações de trabalho, vale a
pena ir direto ao capítulo 16, no qual o autor disseca o modelo de organização
laboral da empresa símbolo da revolução tecnológica – a Amazon. O título deste
capítulo, emblematicamente, é “Bezosism”, que é como Mims classifica o sistema de
trabalho desenvolvido por Jeff Bezos e adotado nos terminais de logística da
Amazon.
Grande parte dos terminais da empresa funcionam com grandes esteiras rolantes
em modelo tipicamente fordista. Todos os trabalhadores portam equipamentos
medidores do seu desempenho (como pistolas de scanners ou GPS portátil), que
registram o compasso de suas atividades e lançam dados que alimentam
algoritmos de performance. Os trabalhadores são instados diariamente a atingir a
“meta de 25%”, isto é, precisam alcançar a “curva de produtividade”, ficando fora do
quarto mais lento dentre todos os trabalhadores. Cair no “último quarto” significa
que os empregados podem ser elegíveis em caso de corte de pessoal. As metas
diárias são variáveis, conforme a quantidade de entregas a serem alcançadas, em
um modelo “just in time” celebremente desenvolvido por Enji Toyota nos anos 1960.
Como observa Mims, o sistema de trabalho nos galpões da Amazon é uma mistura
de “monitoramento, métrica, truques psicológicos, metas, incentivos, gritos de
torcida, atitude de louvação do trabalho à la Jeff Bezos, e uma combinação
crescente de tecnologia inteligente desenvolvida na própria empresa”.
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06/11/2021 11:46 Bezosismo = taylorismo + fordismo + toyotismo - JOTA
Mims revela, com dados, como as taxas de acidentes e doenças ocupacionais nos
galpões da Amazon são de cinco a seis vezes superiores aos de trabalhadores em
empresas similares. O sistema, que aparenta ser justo por premiar os empregados
com melhor desempenho, “instila um nível de temor nos trabalhadores que força
muitos a ultrapassar seus limites físicos e mentais”. A Amazon distribui
gratuitamente em todos os seus estabelecimentos café e ibuprofeno.
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Quem se dedicar ao estudo desta obra e compreender a realidade dos fatos nas
empresas de ponta de tecnologia nos Estados Unidos (também abordada em outros
capítulos do livro) concluirá como não passa de pura ideologia a pregação de que a
revolução tecnológica veio “libertar” o trabalhador do seu estado de sujeição e de
que o Direito do Trabalho estaria, por isso, obsoleto. O fordismo, o taylorismo e o
toyotismo estão mais vivos do que nunca, aperfeiçoados agora pelo Besozismo. O
velho e bom Direito do Trabalho, com suas proteções contra o despotismo fabril ou
a tirania algorítmica, nunca foi tão necessário e urgente.
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