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CFESS Manifesta

Seminário Nacional Serviço Social, Relações


Fronteiriças e Fluxos Migratórios Internacionais
Belém (PA), 6 de julho de 2016 | Gestão Tecendo na luta a manhã desejada
www.cfess.org.br

Quantos Aylan Kurdi ainda morrerão pela bárbarie capitalista? Nenhum a menos!

N
os últimos anos, a chamada “cri
se migratória” se transformou
uma verdadeira crise social e em
política, que toma conta do
do, em especial do continente mu n-
europeu. Tem-se assistido, pel
meios de comunicação, a um os
verdadeiro exército humano se
vimentando e tentando fugir mo-
de guerras, misérias e perseg
políticas que a barbárie capital uições
ista impõe à classe trabalhado
A inesquecível e estarrecedo ra internacional.
ra cena do menino curdo-sírio Ayla
por afogamento em uma praia da n Kurdi, morto
Turquia, após o barco em que esta
mília ter naufragado, parece ser va com sua fa-
o sintoma e a expressão mais cru
Pátria que pariu Mas porque vivenciamos
essa tal “crise” migratória? O
el dessa barbárie.
que se encontra
Pátria que destituiu
por detrás da “cortina de ferro”?
Quais os interesses que estão
Aqui é bom que se diga e em jogo?
Pátria que afogou “crise migratória” é uma espécie
se esclareça que o que a mídia
de instabilidade e descontrole,
entende como
Pátria que matou provisório e momentâneo, no
fluxo populacional que se con
mesmo que
centra entre o
Somos o aqui e o agora
Oriente Médio, a África Subsaa
riana e o continente europeu.
rente, pois o que está por det Mas isso é o apa-
Somos o futuro e o antes
rás mesmo é um plano nefasto
cuja perspectiva geopolítica e e maquiavélico,
econômica é a acumulação cap
Somos todos imigrantes Era desse cenário, de destrui
ção e morte em massa, promovid
italista.

(daniela castilho)
pelos países europeus e pelo o pelos EUA,
Estado Islâmico, que o pequen
sua família fugiam. O pequen o Aylan Kurdi e
o e doce Aylan, sem sequer ent
refugiado, pois fugia em razão ender, era um
da violência existente em seu
e genocídios promovidos pelos país, das guerras
mesmos países que lhe negara
Uma onda de violência, ao m abrigo.
longo desses últimos meses, deu
bém às práticas xenofóbicas, espaço tam-
principalmente protagonizad
europeus, por meio, entre out as pelos países
ros, de ataques e incêndios a
lhimento de refugiados/as e aum espaços de aco-
ento considerável de ações rac
palmente contra multidões que istas, princi-
migram da África Subsaariana.
CFESS Manifesta Seminário Nacional Serviço Social, Relações Fronteiriças e
Fluxos Migratórios Internacionais
Belém (PA), 6 de julho de 2016

Nos últimos anos, o Brasil também entrou


na rota das migrações internacionais como
Este Seminário é de fundamental importância, na medida em que se
país de destino. Segundo dados do Comitê torna um espaço de reflexão e debate coletivo sobre as desigualdades
Nacional para Refugiados (Conare) e do Mi- que caracterizam o atual processo de mundialização do capital e
nistério da Justiça, só entre os anos de 2010
e 2012, o número de pessoas pedindo refúgio
neoliberalismo; suas implicações para a migração internacional e o
para o Brasil triplicou. Esse movimento conti- cotidiano vivenciado em áreas de fronteira, bem como os desafios,
nuou aumentando, sobretudo de populações para o Serviço Social contemporâneo, na consolidação dos direitos
advindas de países subdesenvolvidos ou com
uma precária situação econômica, além de po-
humanos e da cidadania internacional.
vos de regiões marcadas por grandes conflitos
ou em situação de crise humanitárias, como o social, portanto, uma expressão contundente da as demandas de migrantes internacionais e de
Oriente Médio, África e Ásia. luta de classes na atualidade. populações fronteiriças, as/os assistentes sociais
Constituem exemplos vivos dessa situação Na sociabilidade capitalista, assimetrias de deparam-se com desafios: como atuar na pers-
os casos dos/as bolivianos/as, assim como dos/ raça, gênero, nacionalidade e etnia nos impõem pectiva da universalização dos direitos sociais
as haitianos/as que vieram para o Brasil nos caminhos de indignação e rebeldia. É urgente em um contexto em que as políticas sociais, fo-
três últimos anos. A região que recebeu o flu- encontrarmos formas que nos levem a um ho- calizadas e precárias, são voltadas apenas às/aos
xo maior de migrantes haitianos/as foi a região rizonte de unidade, na luta pelos direitos de trabalhadoras/es brasileiras/os? Como assegurar
norte, em especial na região de Brasiléia (AC), migrantes e refugiados/as com os demais seg- acesso ao direito à seguridade social e à educa-
de onde têm sido reenviados/as para todo o ter- mentos da classe trabalhadora contra o capital. ção à/ao fronteiriça/o, se há obstáculos legais e
ritório nacional. Outros países que se destaca- O processo migratório serve aos interesses dos procedimentais que impedem esse acesso? Por
ram no envio de imigrantes foram Bangladesh, grandes países capitalistas, na medida em que que reafirmar a postura ético-política em defesa
Senegal, Angola. Infelizmente, esses indivíduos alimenta a rede de informalidade do mundo do das/os trabalhadoras/es nestas situações? Por que
têm sido vítimas de agenciadores/as inescru- trabalho, aumentando assim a precarização nas apreender os fluxos migratórios internacionais e
pulosos/as e de empregadores/as que ofertam condições de trabalho. a mobilidade das populações fronteiriças como
trabalho em sistemas de semiescravidão, prin- Estes deslocamentos têm corroborado a ex- expressões da questão social no contexto de paí-
cipalmente em ateliês de confecção de roupas e ploração da força de trabalho e a lucratividade ses de capitalismo periférico?
em frigoríficos, tendo seus direitos aviltados. de empresas. Contraditoriamente à sua funcio- O Seminário Nacional, promovido pelo
Estamos subsumidos/as e diluídos/as no indi- nalidade à produção capitalista, migrantes e Conjunto CFESS-CRESS, “Serviço Social, Re-
vidualismo possessivo, burguês e esquizofrênico fronteiriças/os tornam-se um problema quando lações Fronteiriças e Fluxos Migratórios In-
da barbárie capitalista, que coloca uns/umas con- esbarram em fronteiras de exigências da cidada- ternacionais”, é um evento de fundamental
tra os/as outros/as. As expressões racistas e xeno- nia e tornam-se alvo de preocupação dos “cus- importância, na medida em que se torna um
fóbicas têm como um dos objetivos confundir e tos” para o Estado burguês. espaço de reflexão e debate coletivo sobre as de-
fragmentar a classe trabalhadora internacional. Na extensa região de fronteiras do Brasil, sigualdades que caracterizam o atual processo
É preciso estar atentas/os e fortes, para desvelar vivenciam-se particularidades nas desigualda- de mundialização do capital e neoliberalismo;
o “canto da sereia” e compreender que a divisão des econômico-sociais, o que tem provocado suas implicações para a migração internacional
entre nativos/as e estrangeiros/as e entre imigran- a mobilidade de fronteiriças/os em busca de e o cotidiano vivenciado em áreas de frontei-
tes e refugiados/as é uma forma de enfraquecer e melhores condições de vida nesta sociabilida- ra, bem como os desafios, para o Serviço Social
embotar a capacidade da classe trabalhadora de de, impactando também o acesso a direitos, em contemporâneo, na consolidação dos direitos
se mobilizar e se organizar mundialmente. Os/as especial no campo da proteção social e dos di- humanos e da cidadania internacional. A pers-
inimigos/as são outros/as! A tristeza tem nome. A reitos humanos. Atualmente, cerca de 200 mi- pectiva é dar visibilidade à participação de as-
opressão tem lado e a exploração tem classe! lhões de pessoas se converteram em migrantes, sistentes sociais no atendimento prestado aos/às
algo em torno de 3% da população mundial. imigrantes, às pessoas que residem em área de
O Serviço Social na luta e ao lado da classe Compreendemos que este quadro impõe de- fronteira internacional e refugiados/as que pas-
trabalhadora internacional safios e novas requisições para o exercício pro- sam a viver no Brasil, ampliando sua contribui-
A solidariedade entre a classe trabalhadora fissional, à luz do projeto ético-político, na par- ção para o acesso aos direitos humanos funda-
mundial é fundamental para o enfrentamento ticularidade dos territórios fronteiriços e fluxos mentais, independente das nacionalidades que
da barbárie social. Para o Serviço Social, esta é migratórios internacionais contemporâneos. No delimitam a cidadania burguesa. Somos todos/
uma das expressões mais aviltantes da questão cotidiano do trabalho profissional, ao lidar com as imigrantes!

Gestão Tecendo na luta a manhã desejada (2014-2017)


Presidente Maurílio Castro de Matos (RJ) Suplentes CFESS Manifesta Serviço Social,
Vice-presidente Esther Luíza de Souza Lemos (PR) Alessandra Ribeiro de Souza (MG) Relações Fronteiriças e Fluxos
1ª secretária Tânia Maria Ramos Godoi Diniz (SP) Josiane Soares Santos (SE) Migratórios Internacionais
2ª secretária Daniela Castilho (PA) Erlenia Sobral do Vale (CE) Conteúdo (aprovado pela diretoria):
1ª tesoureira Sandra Teixeira (DF) Marlene Merisse (SP) Daniela Castilho
2ª tesoureira Nazarela Rêgo Guimarães (BA) Raquel Ferreira Crespo de Alvarenga (PB) Organização: Comissão de Comunicação
Conselho Fiscal Maria Bernadette de Moraes Medeiros (RS) Revisão: Diogo Adjuto
Juliana Iglesias Melim (ES), Daniela Neves (DF) e Solange da Silva Moreira (RJ) Diagramação e arte: Rafael Werkema
Valéria Coelho (AL)

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