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As brincadeiras de polícia e ladrão podem estar com os dias contados

no Brasil. O Estado de São Paulo e o Distrito Federal estão entre as


unidades federativas que aprovaram recentemente legislações que
proíbem fabricação e comercialização de armas de brinquedo. A
medida causa polêmica e divide opiniões. Em São Paulo, a iniciativa
partiu do deputado estadual André do Prado

Para a doutora em sociologia, Irene Rizzini, vice-presidente


da Childwatch International Research Network, a questão do uso de
brinquedos agressivos é um debate muito sério. Em sua opinião, pais
ou adultos próximos são modelos importantes na formação de um
ser humano. Se constantemente incentivarem a criança a brincar com
brinquedos de conotação agressiva, como revólver e espada, podem
transmitir uma mensagem de que a violência é algo aprovado por
eles, adultos.

Celebrado no dia 15 de abril desde 2001, o Dia do Desarmamento Infantil tem como
objetivo principal debater as consequências que o uso de armas na infância – sejam
réplicas em jogos online ou até mesmo de brinquedos físicos – pode provocar na vida
destes futuros adultos.

“As brincadeiras servem para dar autonomia às crianças, podendo assim,


perceber os sentimentos que manifestam. É normal uma criança sentir
felicidade, tristeza e raiva, precisamos respeitar e deixar expor de forma
saudável, para que não se tornem sentimentos reprimidos”, informou.

Jucimara informou ainda que os pais precisam se responsabilizar pelos seus


filhos, pois, dependendo do diálogo, afeto e vínculo familiar, o brinquedo não
vai ocasionar nenhum dano à infância. Entretanto, como boa parte da
sociedade vive em vulnerabilidade social e em ambientes de criminalidade, não
é recomendado ter o brinquedo em forma de arma em sua residência.

Ao se falar sobre o combate a violência, é necessário tratar da iniciativa de


alguns Estados e Municípios que, no intuito de implementá-lo, visam proibir a
comercialização de armas de brinquedo. Nesse sentido, alguns aspectos
precisam ser analisados, como os objetivos pretendidos com essas medidas;
os reais afeitos alcançados; bem como os limites legais existentes.
Em primeiro lugar, é preciso esclarecer as possíveis finalidades dessa
proibição. Assim, pode-se supor que a intenção desses legisladores regionais
(caso não tenha sido a simples publicidade eleitoreira) seja tentar evitar o
cometimento de crimes com a utilização de simulacros de armas assim como
impedir que esses “terríveis” brinquedos estimulem nossas crianças a utilizá-los
como símbolos de destruição desde a tenra idade.

Todavia, faz-se necessário refletir sobre os efeitos que efetivamente podem ser
alcançados com a proibição da venda de armas de brinquedo. Isso porque os
crimes que pululam as manchetes dos jornais, e que efetivamente deixam as
sequelas muitas vezes irreversíveis, são aqueles perpetrados com armas reais.
Ademais, se é certo dizer-se que uma criança pode ser influenciada por portar
uma “arminha” de brinquedo e por brincar de “polícia e ladrão”, também é certo
que essa influência, se não for inócua, com um mínimo de educação e
consciência dos responsáveis, também pode ser canalizada para o bem. Afinal,
nenhuma sociedade pode prescindir de sua força de segurança, seja hoje, seja
para o futuro.

Importante, por fim, salientar os limites legais a que estas inovações


legislativas estão subordinadas. Tendo em vista que já existe legislação em
âmbito nacional que regula a matéria[1] e que a competência dos Estados e
Municípios é apenas complementar, proibições como essa, inadvertidamente,
serão inócuas e possivelmente declaradas inconstitucionais.

A partir do que foi discutido, nota-se a necessidade de ações muito mais


efetivas para o combate a violência do que a singela proibição de venda de
armas de brinquedo. Logo, conscientizemo-nos que as armas não trazem
agressividade (muito menos as de brinquedo) e, sim, nós é que a buscamos. E,
com o mesmo afinco, busquemos junto a nossos representantes um verdadeiro
combate à violência.

Policiais civis de São Paulo relatam episódios impressionantes sobre o


emprego de armas de brinquedo em assaltos à mão armada, especialmente
aqueles contra motoristas no trânsito.

Conforme ensina Julio Fabbrini Mirabete, “Arma, no sentido jurídico, é todo


instrumento que serve para o ataque ou defesa, hábil a vulnerar a integridade
física de alguém” [1]. Portanto, para a aplicação da causa de aumento de pena
supra citada, não é necessário o emprego de uma arma própria na execução do
delito, que é a fabricada como instrumento de ataque e defesa, basta que o
agente se utilize de qualquer utensílio ou objeto idôneo a causar lesão à vítima
para que a jurisprudência e a doutrina majoritárias reconheçam a incidência da
hipótese do § 2.º, I, do crime de roubo.

Há, porém, uma grande discussão jurisprudencial e doutrinária a respeito de se


aplicar ou não a causa de aumento de pena ao infrator que faz uso de arma de
brinquedo para a prática do roubo, discussão, essa, que se acirrou depois da
publicação da Lei n.º 9.437/97, que criminalizou, em tipo autônomo, a
utilização dessa mesma arma “(…) para o

A réplica ou simulacro de arma de fogo é um objeto que ao ser


visualizado pode ser confundido com uma arma de fogo, sem, no
entanto, com poder para efetuar disparos.[1] É conhecida como “arma
de brinquedo”.

As armas de brinquedo vedadas são aquelas que possam ser


confundidas com armas de fogo, não sendo proibidas as armas de
brinquedo, notoriamente, falsas, que sejam facilmente perceptíveis por
qualquer pessoa, simplesmente, ao visualizar.

O art. 26 do Estatuto do Desarmamento veda a fabricação, a venda, a


comercialização e a importação de brinquedos, réplicas e simulacros
de armas de fogo, que com estas se possam confundir.

fim de cometer crimes”.

O fim da discussão sobre a arma de brinquedo


Até o advento da nova lei ora estudada, havia no Brasil uma acalorada
discussão doutrinária/jurisprudencial sobre a eventual incidência da
majoração da pena nos casos de roubo caracterizados pelo emprego de
simulacro de arma de fogo ou, conforme uma denominação menos
formal: de arma de brinquedo.

endo assim, quando se tratar de simulacros, como são as armas


de brinquedo, armas de pressão por ação de gás comprimido
ou por ação de mola, não há aplicação do Estatuto do
Desarmamento para a punição do indivíduo que possui em sua
casa, ou que eventualmente porta na rua, visto que tais
artefatos não possuem capacidade de disparar projéteis, não se
encaixando no conceito de arma de fogo.

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