Você está na página 1de 22

E L I C K

C H A AT R
I
M FITZP
O S
O A
UÇ Ã
OS
RO D
S S EM
IN T
CE AG
O IN
PR US
DE
Equipe de tradução
Alexandre Augusto Castello Andrade
Atos Rodrigues da Silva
Caio César Valdevite Pinto
Eduardo Iacona de Bello
Eduardo Vargas da Silva Salomão
Fernando de Sousa Ghiberti
Henrique de Oliveira Franco
Igor Kendi Kondo
Pablo Andrés Kamienomostki
Paulo Henrique Carvalho Parada
Tamires Yurie Mori

F559i Fitzpatrick, Michael.


Introdução aos processos de usinagem / Michael
Fitzpatrick ; [tradução: Alexandre Augusto Castello
Andrade ... et al.] ; revisão técnica: Sergio Luís Rabelo de
Almeida, Carlos Oscar Corrêa de Almeida Filho. – Porto
Alegre : AMGH, 2013.
xviii, 488 p. : il. color. ; 25 cm.

ISBN 978-85-8055-228-7

1. Usinagem. 2. Tecnologia mecânica. I. Título.

CDU 621.7

Catalogação na publicação: Ana Paula M. Magnus – CRB 10/2052


Há algum tempo, os tornos operados manual- tornear, mas também combiná-las. Rotacionar
mente eram considerados o núcleo de uma oficina a peça como faria um torno, enquanto realiza o
e a máquina principal por duas razões: contato com uma fresa rotativa, conduz a novas
os produtos da época eram basicamente redon- formas de usinar o material nunca vistas anterior-
dos: por exemplo, árvores, engrenagens e eixos; mente, chamadas de geração de forma.

na teoria, os tornos eram a base principal da pi-


râmide de máquinas. Teoricamente, um desses Ponto-chave:
tornos antigos poderia fabricar outro torno. Quando você aprender as operações de torne-
amento, tenha em mente que é uma massa gi-
Mas isso já mudou onde você vai trabalhar. Dois
rando. Verifique tudo duas vezes antes de ligar
fatores estão colocando as operações de tornea-
o fuso!
mento atrás das de fresamento. Primeiramente,
o torneamento gira a peça, e nem sempre é uma
boa ideia, comparada ao fresamento, quando é a Aqui está um exemplo na Fig. 3-1. Uma cabeça
ferramenta que gira. Também as fresadoras CNC sextavada é usinada a partir de um eixo redon-
podem criar superfícies redondas com acabamen- do. Usando uma ferramenta com o espaçamento
to de rolamento tanto em circularidade como no exato entre dentes, o comando CNC assegura que
acabamento e, ainda, usinar uma variedade de for- a rotação da fresa seja acoplada à velocidade da
mas que não são possíveis em um torno CNC pa- peça de tal forma que o dente passe em uma linha
drão. Entretanto, ainda existem situações em que o reta criando o polígono de seis lados. Em poucos
torneamento é eficiente, ou é um caminho (talvez segundos, o hexágono é usinado. À medida que
o único) para realizar o trabalho. Saber quando é essas máquinas forem aceitas na indústria, e que
certo ou não pode fazer uma grande diferença na sua capacidade crescer, novas ideias surgirão e
qualidade, segurança e rentabilidade. você estará apto para inventá-las.
Existe outra razão para aprender o torneamento: Mas, antes de escrever e gerenciar programas que
a evolução das máquinas não acabou! O poder usam essas possibilidades fantásticas, você precisa
da computação tem fornecido multitarefas às entender o básico sobre torneamento. O Capítulo
máquinas de quinta geração. A linha que separa 3 é sobre girar a peça, quando esse for o processo
o torno da fresadora está cada vez mais tênue. certo, e como fazê-lo de maneira eficiente e segura.
Atualmente, encontramos tornos CNC que fresam
cabeçotes e eixos de movimento. Um torno se-
cundário universal emprega ferramentas de corte
agregadas à torre porta-ferramentas. Acionadas Unidade 3-1
Introdução aos processos de usinagem

hidraulicamente, essas giram fresas, bits e outras


ferramentas rotativas e as movimentam para cor-
tar peças fixadas na placa do torno, chamadas de
Operações básicas de
torno com ferramentas vivas. No outro lado dessa torneamento
linha nebulosa, as novas fresadoras multitarefa Introdução A Unidade 3-1 introduz as formas
são equipadas com eixos rotacionais auxiliares, comuns obtidas a partir de um torno. Ela define
que podem girar a peça quando esta é a melhor o nome da operação, sua natureza e a ferramenta
maneira de cortar a característica necessária. típica requerida, além de, em alguns casos, infor-
Essas máquinas com múltiplos eixos permitem o mar um pouco sobre a preparação necessária. O
planejamento de novas operações, que podem propósito é a familiarização antes do treinamento
ser escritas não simplesmente para fresar ou prático; a Unidade 1 introduz o que o torno pode

106
em que você estará praticando também são fatores
importantes.

Termos-chave
Ângulo total
Especificação de uma superfície cônica de um lado até o
RPM coordenando o fresamento e outro, duas vezes o meio ângulo. Algumas vezes, pode
torneamento de uma cabeça sextavada ser chamada de ângulo total no trabalho no torno.
Figura 3-1 Na fronteira, torneamento e fresamen- Arrastador
to simultâneos. Acessório fixado na placa do torno, usado para trans-
ferir rotação para a peça.
fazer. Nos Problemas de revisão, lhe será fornecido Chanfro
o desenho de uma peça e será perguntado sobre Superfície angular normalmente especificada em
as várias operações de torneamento necessárias graus, com relação à linha de centro do trabalho, apli-
para completá-la, assim como qual a sequência ló- cada em um canto da peça.
gica em que elas devem ser usinadas. Cone
Tornos manuais ⴛ programados Nesta unida- Pequena mudança de diâmetro especificada em va-
de, é desejável que você pratique as operações e riação por unidade de comprimento ou em graus.
preparações em uma máquina manual, antes de Também pode ser especificada em meio ângulo ou
realizá-las em uma máquina CNC. Mas existem di- ângulo total.
ferenças de como essas máquinas desempenham Corte
as tarefas. Quando as diferenças forem importan- Canal relativamente estreito que separa a peça do ta-
tes, serão apontadas. Não são todas as operações rugo remanescente. Esta tarefa é realizada com uma
que podem ser realizadas em um torno. Mas, se ferramenta especial projetada para este propósito.
especializando nelas, você ficará pronto para a ex- Faceamento
periência industrial. Operação no torno que corta o final da peça de forma
a tornar-se plana e perpendicular ao eixo.
Ponto-chave: Mandrilamento
Tenha em mente que a meta é entender o que Operação com ferramenta de ponta única (barra de
pode ser feito, não como fazê-lo! Isso virá depois. mandrilar) utilizada para usinar um furo cilíndrico, mas
Operações de torneamento

pode ser usada para outras características internas.


Recartilhamento
Comparações de exatidão Algumas operações
Padrão rugoso deliberadamente criado sobre a super-
são mais exatas que outras quando desempenha-
fície para melhorar o atrito ou aumentar o diâmetro.
das em um torno convencional. No torno CNC, a
exatidão e repetibilidade são muito melhores que Operação 1 – Torneamento
as descritas aqui, além de mais uniformes. Os nú-
meros são estimativas relativas, providas por com- cilíndrico
paração de várias operações no nível iniciante, mas Durante o torneamento cilíndrico, o diâmetro
não são um padrão. Em um primeiro instante você da peça é reduzido para um diâmetro preciso e,
capítulo 3

pode achá-las desafiadoras, mas uma boa meta. Na provavelmente, também para uma dimensão de
maioria dos casos, um operador experiente pode- comprimento, criando um cilindro. Este é obtido
ria ser capaz de produzir resultados mais finos que penetrando a ferramenta ao longo do eixo X (Fig.
os descritos aqui. A idade e as condições do torno 3-2) e depois movendo-a ao longo do eixo Z (para

107
Torneamento cilíndrico l)
ina
it ud
lo ng
o Z(
Eix

90°
Dir
eçã
od Eix
eix e ava oX
oZ nç (tr
o an
sve
o rsa
Torn l)

Figura 3-2 Torneamento cilíndrico gera um cilindro.

Figura 3-3 Eixos X e Z em um torno.


esquerda ou direita, olhando de frente para o tor-
no) para remover o material.
polegada dependendo da qualidade e condição do
Durante a operação de torneamento, o trabalho torno. Isso significa uma repetibilidade no diâme-
rotaciona a uma rpm calculada, enquanto a ferra- tro da peça de mais ou menos 0,002 a 0,003 po-
menta é forçada lateralmente a um avanço especi- legada.
ficado em polegadas/revolução ou mm/rev. sobre
a peça (por exemplo, 0,006 PPR). Tanto no torno Uma vez que o eixo Z não é movido por um para-
manual como no CNC, o eixo Z move-se para es- fuso de movimento de repetibilidade, como é o
querda ou direita e o eixo X para dentro ou fora. eixo X, mas simplesmente por uma engrenagem
cilíndrica de dentes retos empurrando a ferramen-
No torno convencional, o movimento dos eixos X e
ta para uma cremalheira, a repetibilidade do eixo
Z é feito por uma manivela manual ou um sistema
Z não é tão boa, a menos que o torno seja equipa-
motorizado. A posição exata é atingida por um vo-
do com indicadores eletrônicos digitais. Usando a
lante manual dotado de graduações micrométricas
manivela do eixo Z, a repetibilidade varia de 0,005
ou leitores digitais.
polegada nos melhores modelos, até por volta de
0,030 polegada nos tornos usuais.
Ponto-chave:
Avanços em torno são normalmente especifica-
Parada do eixo Z
dos em polegadas/revolução ou mm/revolução Na ausência de in-
(por exemplo, 0,006 PPR). Os eixos do torno são dicadores digitais, Conversa de chão de
fábrica
Introdução aos processos de usinagem

Z, esquerda/direta, e X para dentro ou para fora existem duas for-


no diâmetro da peça (Fig. 3-3). O eixo Z de um mas de melhorar Quando discutem sobre
torno (ou qualquer máquina) é paralelo ao eixo o posicionamento movimentos no torno
da árvore principal. e comprimento da manual, os operadores
peça no eixo Z. Um podem se referir ao
movimento no eixo Z como
acessório de para-
Exatidão no torneamento da com micrôme-
longitudinal (o eixo mais
longo) e o eixo X como
Na maioria dos tornos manuais, existem diferenças tro de repetibili- transversal.
na repetibilidade entre os eixos. O eixo X é posicio- dade é parafusado
nado utilizando um anel graduado micrometrica- no barramento do torno. Este propicia a parada
mente com resolução de milésimos de polegada do eixo Z e pode ser ajustado em incrementos de
e espera-se uma repetibilidade de 0,001 a 0,0015 0,001 ou 0,0005 polegada, dependendo de sua

108
construção. Alternadamente, um relógio indica- mento do tarugo comparado com seu diâmetro.
dor montado sobre um carro principal magnético Peças curtas são fixadas apenas na placa (Fig. 3-5).
pode ser usado para controlar movimentos mais Qualquer outra peça acima de uma razão 5 para 1
finos do eixo Z. Seu instrutor lhe mostrará como (comprimento 3 diâmetro) geralmente vai requerer
fazê-lo. um suporte adicional na outra ponta. Peças acima
de 10 a 12 comparadas com 1 precisam de apoio
Ponto-chave: nas duas pontas e no meio também. O suporte na
Nos tornos convencionais, existem diferenças extremidade mostrado na Fig. 3-5 é chamado de
entre os métodos mecânicos utilizados para loca- cabeçote móvel com ponta rotativa. Ele garante
lizar cada eixo, criando assim diferentes repetibi- que a peça não se afaste da ferramenta devido à
lidades. Este problema não existe no torno CNC. flexão ou vibre fora de controle. Operações com
maior taxa de remoção de cavaco determinam que
placa de fixação deve ser usada e quanto de mate-
A razão diâmetro-comprimento rial deve ser usado no trabalho. Esse problema de
determina a preparação fixação é uma peça significativa do planejamento
Durante o tornea- no torneamento.
Conversa de chão mento cilíndrico,
de fábrica a fixação da peça é
Quão fina pode ser a importante tanto Ponto-chave:
resolução? Em contraste para a segurança Razões de comprimento do diâmetro acima de
5
com os tornos manuais, todos como para a exati- 1 requerem suporte na ponta da peça; acima de
os tornos CNC possuem uma 10
dão. Dedicaremos 1 requerem suporte no meio da peça. Essas são
resolução comum abaixo regras heurísticas (de bom senso), pois existem
a Unidade 3-4 para
de 0,001 pol. (usualmente muitas variáveis. As preparações com peças lon-
0,0001 a 0,0002 pol.) com este assunto. Para
o momento, a for- gas devem ser checadas por seu instrutor antes
repetibilidades próximas de
0,0005 pol. ou melhor. Alguns ma como a peça da usinagem.
poucos supertornos têm ficará para o torne-
resoluções de 0,00005 pol., amento cilíndrico
ou seja, eles trabalham a 50 Observe na Fig. 3-6 que uma ferramenta de torne-
milionésimos de polegada de
irá variar, depen-
amento tem basicamente três ângulos: ângulos de
resolução! dendo do compri-
Operações de torneamento

Suporte na peça é determinado


Parada micrométrica no torno
pela razão comprimento-diâmetro

Até 5/1 Suporte somente pela placa

Adicione um cabeçote
Até 10/1
móvel com contraponta

Adicione um suporte central

Acima 10/1
capítulo 3

apoio móvel e fixo—


qualquer combinação
Figura 3-4 Alguns tornos apresentam uma parada
micrométrica para assistir o controle de parada na Figura 3-5 A quantidade de suporte necessário
profundidade (eixo Z). depende do comprimento da peça.

109
Raio de Superfície de saída essas opções normalmente não são encontradas em
ponta torno manuais.

Faceando um passe para dimensão


Na Fig. 3-8, precisamos cortar um passe na face de
Superfície de 0,125 pol. a partir da face de trabalho. O primeiro
folga principal
Ângulo de posição da passo é coordenar a ferramenta de corte para a
aresta de corte principal leitura de posição (digital ou indicação). Ou a fer-
Figura 3-6 Uma ferramenta de torneamento possui ramenta é tocada na face externa da peça, ou um
as quatro características universais da geometria. pequeno passe de faceamento é feito. Então, a po-
sição é ajustada para leitura zero. O anel graduado
também deve ser zerado como uma dupla verifica-
posição, saída e folga, mais um raio de ponta para
ção de posição.
melhorar o acabamento.
Em segundo lugar, a ferramenta é movida para o
Operação 2 – Faceamento primeiro passe, posicionando-a em Z a 0,080 pol.,
por exemplo. Este corte, chamado de desbaste, tira
Aqui, a ferramenta corta através da face (final) da
a maioria do material. Na sequência, é dado um
peça, movendo o eixo X. O objetivo é fazê-la pla-
passe de semiacabamento em Z 0,100. Esse passe é
na, perpendicular ao eixo Z e a um dado compri-
chamado “passe mola”, porque neutraliza as defle-
mento. Ou, como mostrado na Fig. 3-7, usinar uma
xões da ferramenta e da peça causados pelo passe
passada na peça até uma dimensão de uma dada
de desbaste. Finalmente, a ferramenta é posiciona-
referência de início, geralmente a face externa da
da em Z 0,125 pol. e o passe final é dado.
peça. Durante o faceamento, o eixo X se move en-
quanto o eixo Z é bloqueado na posição. Nos tor- Posicionamento digital
nos convencionais, o eixo X pode ser movido ma-
Um acessório é adicionado ao torno, que reporta a
nualmente na direção ou contra o centro da peça e
localização da ferramenta relativa a qualquer pon-
também pode ser motorizado.
to zero preajustado pelo operador, usualmente
Nos tornos convencionais, a repetibilidade de facea- com resolução de 0,0005 pol. (ou mais fina).
mento para uma dada dimensão pode ser de 0,002 a
0,030 pol., dependendo de como o torno está equi- Z 0,0000
pado para o posicionamento do eixo Z. O acessório
Ajuste para zero o leitor,
de indicação micrométrico comentado anterior-
relógio ou indicador
mente pode ser usado, porém o indicador digital
Introdução aos processos de usinagem

de posicionamento é a melhor solução; no entanto,

Ferramenta tocando a face do trabalho


oX

Z
eix

0,1250
no
ço
an
Av

Faceamento a um passe
para dimensão
Figura 3-7 Um corte de faceamento é obtido Figura 3-8 Ao preparar um faceamento, o operador
movimentando-se o eixo X. toca a peça e ajusta o eixo para zero.

110
neste caso. As brocas e os alargadores são mon-
Ponto-chave: tados tanto em placas como diretamente no cone
Aprender a usar posicionadores de ferramenta Morse.
digitais para determinar as coordenadas de tra-
balho é excelente para a preparação do treina- Exatidão no diâmetro
mento CNC.
Existem quatro fatores que afetam a exatidão no
diâmetro quando se está furando em um torno. A
RPM – Necessidade de velocidade afiação e o tamanho da ferramenta são cruciais; os
Um grande desafio para as operações de face- outros fatores são o avanço da ferramenta e os pro-
amento é o fato de o diâmetro efetivo do cubo blemas com aquecimento/refrigerante. As repe-
estar constantemente mudando à medida que tibilidades no diâmetro giram em torno de 0,005
a ferramenta se movimenta para dentro ou para pol. para furação e 0,0005 pol. para alargamento.
fora no eixo X. Portanto, uma mudança no rpm é Refrigerantes são necessários em furos profun-
necessária para manter uma velocidade de corte dos, mas eles tendem a escoar pelo cubo da placa.
consistente. Alguns tornos manuais possuem um Como mostra a Fig. 3-10, ao furar peças na placa, o
variador de velocidade e suas rotações podem ser refrigerante deve ser contido pela proteção de pla-
alteradas durante o corte. No entanto, a maioria ca não somente para evitar que ele se espalhe, mas
possui eixos de árvores acionados por redutores de também para conter os cavacos.
engrenagens para acomodar trabalhos pesados.
Exatidão na profundidade do furo
Estes devem ser cambiados para uma única rota-
ção e não podem ser cambiados em movimento A profundidade do furo é um desafio em termos
(enquanto o eixo está rodando). Assim, a velocida- de exatidão. Ela terá repetibilidade de 0,005 a
de de corte é selecionada com um compromisso: 0,030 pol. (0,1 a 0,5 mm) dependendo do anel
ou será muito lenta ou muito rápida durante a ope- graduado do cabeçote móvel. Tornos melhores
ração de faceamento. possuem graduações tão finas quanto 0,005 pol.
(Fig. 3-9).

Dica da área
O torno CNC permite controlar uma velocidade Ponto-chave:
de corte constante, alterando continuamente a Sempre cheque a centragem do cabeçote
rpm enquanto o faceamento progride. móvel antes de furar!
Para torneamento cônico (que virá depois), o ca-
Operações de torneamento

beçote móvel pode ser ajustado deslocando-se


lateralmente do centro do eixo árvore. Portanto,
Operação 3 – Furando e para não quebrar brocas ou alargadores e para
alargando criar furos de tamanhos exatos, o cabeçote mó-
Nos tornos manuais, as operações de furação são vel deve ser ajustado de volta ao centro.
feitas usando o cabeçote móvel com seu mangote
(ou manga). Neste caso, o avanço é feito manual-
mente pela manivela. O cabeçote móvel fixa fer- Começando o furo no centro
ramentas no centro do trabalho e as movimenta Mesmo que o trabalho esteja rodando em torno do
para frente pelo mangote. O mangote possui um centro e o cabeçote móvel esteja centrado, a bro-
capítulo 3

furo de cone Morse (o mesmo que existe em fu- ca pode desviá-lo no contato inicial. Para prevenir,
radeiras). Diferentemente das furadeiras, as ferra- deve-se facear a peça para torná-la plana e perpen-
mentas de corte não giram, é o trabalho que gira dicular ao eixo, desde que haja material para tanto.

111
Anel graduado para profundidade

Cone Morse

Mangote
ou manga

Figura 3-9 O cabeçote móvel do torno fixa e aciona as ferramentas de furação.

já presenciei em minha vida foi causado por uma


peça grande voando para fora do torno, o que não
apenas machucou o operador, mas também ar-
rancou boa parte da oficina antes de parar muitos
metros depois.

Ponto-chave:
Descubra sobre a política de rpm. Embora eu
esteja sendo repetitivo, sempre verifique suas
configurações!
Figura 3-10 Sem proteção, o refrigerante voará para
todos os lados.
Existem placas feitas tanto para tornos conven-
cionais como CNC que resistem a altos limites de
Então, um pequeno piloto ou broca de centro deve
rpm, como veremos nos exemplos da Unidade
ser usado para marcar o centro exato, o mesmo
3-4. No entanto, em um torno CNC operando à
procedimento usado em furadeiras.
velocidade de corte constante, uma condição pe-
Nota de segurança – Limite de rpm da rigosa pode se desenvolver quando a ferramenta
se aproxima do centro no faceamento ou quando
placa
Introdução aos processos de usinagem

utilizamos uma broca de diâmetro pequeno. O


Quando a peça de trabalho está fixada em uma comando tenderá a aumentar a velocidade acima
placa de torno padrão, algumas vezes a rpm cor- dos limites de segurança. Para contornar este pe-
reta não pode ser cambiada para a velocidade rigo potencial, o código de emergência pode ser
adequada em brocas pequenas, mesmo que o adicionado para limitar a rpm a um valor máximo
torno seja capaz de atingi-la. Muitas oficinas limi- especificado.
tam a rpm para trabalho com placa. Na minha ofi-
cina, é 1000 rpm e assume-se que o trabalho está
Operação 4 – Torneando
bem balanceado. Em razão das forças centrífugas
e vibrações, as placas de ferro fundido podem ex- ângulos e superfícies cônicas
plodir no seu cubo! Peças fixadas fracamente po- Peças cônicas (mudanças de diâmetro como um
dem voar para fora do torno! O pior acidente que cone, não um cilindro) podem ser chamadas de

112
peças com conicidade ou chanfradas e, quando a 2,983° de ângulo total
superfície cônica conecta duas outras superfícies,
podem ser chamadas de transição (Fig. 3.11).
Quando usinar cones, existem duas característi-
cas relacionadas para verificar dentro da tole-
rância: Conicidade
ou meio
o diâmetro da peça nas extremidades maior e ângulo em
menor; 1,492°

o ângulo especificado em graus ou, algumas Figura 3-12 Cones são especificados ou pelo meio
ângulo ou pelo ângulo total (incluído).
vezes, a quantidade de conicidade por pé
ou mm.

Expressões angulares Ponto-chave:


O meio ângulo (algumas vezes, chamado de co-
Para usinar cones, você precisa entender dois ter-
nicidade) é medido de um lado do trabalho até
mos encontrados em desenhos técnicos:
a referência com a linha de centro. Em contraste,
Chanfros (transições inclinadas) são especifica- o ângulo total compara um lado da peça com o
dos em graus relativos ao centro da peça, por outro – o ângulo completo de inclinação do cone.
exemplo, chanfro a 45° ou transição a 45°.
Cones rasos são normalmente especificados Métodos de preparação para
por mudança de diâmetro por comprimento usinagem angular
ou graus, por exemplo, cones morse são
pol. por pé de comprimento do eixo, ou po- Nos tornos CNC, não existe diferença no modo
dem ser expressos por um ângulo de conici- como qualquer cone é ajustado e feito, pois o com-
dade de 1,49°. putador pode mover o eixo X relativo ao Z em qual-
quer avanço especificado. No entanto, em tornos
Certifique-se se o ângulo é total ou meio Ao manuais, existem quatro preparações diferentes,
ler uma cota angular no desenho, determine qual dependendo de quão íngreme ou raso é o cone.
ângulo está sendo mostrado, a metade ou o ângu-
lo cheio (Fig. 3-12). Método 1 – Rotacionando o eixo carro supe-
rior Tornos manuais possuem eixos auxiliares que
podem ser rotacionados de qualquer ângulo dese-
Operações de torneamento

jado com relação ao sistema XZ. O carro superior,


Cone de repetibilidade
acionado manualmente pela manivela, provê uma
(haste do cone morse) forma simples de produzir o cone com exatidão
Furo cônico
moderada. Note que o ponto de vista utilizado para
mandrilado
esses desenhos é o superior, observando o torno de
cima para baixo (Fig. 3-13).
Devem ser usados ângulos complementares ou
suplementares Um erro comum é feito pelos ini-
ciantes quando rotacionam o carro superior. Muitos
carros superiores são graduados em quadrantes de
capítulo 3

Chanfro
Transição inclinada até 90° e poucos com segmentos de 180°. Ao ajus-
Figura 3-11 Este adaptador cônico exibe quatro tar o ângulo, atente quanto a erros previsíveis de
superfícies angulares. ângulos complementares ou suplementares.

113
Carro superior da ferramenta rotacionado (visto por cima)

Eixo do carro superior


ajustado do meio ângulo

Ferramenta Manivela
de corte
Figura 3-13 O suporte do eixo carro superior permite a usinagem de ângulos de transição rotacionando-o do
meio ângulo correto.

Na maioria dos tornos, você ajustará o carro su-


Ponto-chave: perior para o ângulo complementar daquele que
Na maioria dos tornos manuais, o carro superior será usinado. Porém, raramente, o zero grau corres-
está a 0° quando paralelo ao eixo X (Fig. 3-14). ponde ao eixo paralelo a Z, e você poderá ajustar o
No entanto, nos desenhos técnicos, os ângulos carro ao ângulo suplementar. Confuso? Veja a Dica
são medidos a partir da linha de centro do eixo Z.
da área.
Utilizar o carro superior para cortar superfícies an-
gulares pode ser tão exato como grau e 0,002 pol.
no diâmetro. Entretanto, como os anéis graduados
do eixo X e do carro superior estão envolvidos, a re-
petibilidade assumirá nada melhor que 0,005 pol.
Para produzir o meio ângulo

Dica da área
Para evitar confusão durante o ajuste do car-
ro superior, coloque o eixo paralelo ao eixo de
trabalho. Depois, conte os graus enquanto o
rotaciona. Ignore a graduação e conte os graus
movidos. No final, verifique novamente com um
Introdução aos processos de usinagem

Ajuste o ângulo goniômetro.


complementar

Método 2 – Formando o ângulo Esta superfície


cônica curta mas íngreme é usinada com uma fer-
ramenta de forma, retificada para este propósito.
Zero paralelo ao eixo X
Veremos outras versões de ferramentas de forma
na sequência (Fig. 3-15). Formar um cone ou um
raio é exato para fins de produção. Ferramentas de
forma também podem ser usadas em um trabalho
CNC mais complicado, quando o comando pode
Figura 3-14 Evite problemas com ângulo comple- duplicar a geometria, mas a ferramenta de forma
mentar associado ao carro superior. faz um trabalho melhor.

114
Formando o ângulo Método 3 – Dispositivo para cones Uma vez
ajustado, usinar com um dispositivo para cones
é semelhante ao torneamento cilíndrico. O mo-
vimento do eixo Z é acoplado do modo usual,
automático ou manual. Quando este se move lon-
gitudinalmente, o dispositivo para cones move a
ferramenta para dentro ou para fora ao longo do
eixo X, na razão ajustada no dispositivo (Fig. 3-16).
Exatidão O dispositivo para cones pode ser ajusta-
do para qualquer conicidade entre 0° e 25° aproxi-
madamente. A resolução angular está por volta de
Bit de forma retificado
0,5 grau usando apenas as graduações do disposi-
tivo, mas pode ser aumentada significativamente
Figura 3-15 Ângulos íngremes podem ser forma-
com régua de senos, relógios comparadores ou
dos. O bit de ferramenta é retificado e ajustado para
a forma do ângulo desejado.
goniômetros com vernier – tópicos que você vai
aprender mais tarde. O eixo X e a ferramenta de
corte seguem as guias do dispositivo para cones.
Exatidão Para exatidão e repetibilidade de diâme- Embora o diâmetro seja determinado pela posição
tro, este método é o melhor dos quatro, desde que do eixo X, a repetibilidade não é tão boa quanto a
a ferramenta de forma esteja ajustada para o ângu- repetiblidade do eixo X do torno, pois o dispositivo
lo correto. A ferramenta é aproximada do eixo X até para cones inclui uma folga mecânica que o permi-
o tamanho desejado e, portanto, a repetibilidade é te operar de forma independente. A repetibilidade
tão boa quanto a do eixo X do torno. esperada está em torno de 0,005 pol., mas pode

O eixo X e a ferramenta de corte seguem


as guias do dispositivo para cones.

Operações de torneamento
capítulo 3

Figura 3-16 A ferramenta se move em dois eixos ao mesmo tempo, produzindo o cone. Nem todos os tornos
têm o dispositivo de cones.

115
variar dependendo da qualidade e manutenção Usando o método de deslocamento para produzir
do dispositivo. A conicidade se repetirá perfeita- o cone, a ação da ferramenta é semelhante ao tor-
mente, uma vez que o dispositivo esteja preparado neamento cilíndrico, excetuando-se que o trabalho
para o ângulo correto e fixado. não está paralelo ao eixo Z do torno. A peça é revo-
lucionada por um dispositivo de fixação chamado
de arrastador, colocando em uma ranhura da pla-
Ponto-chave:
Lembre-se: esse é um arquivo de memória visual. ca de arraste.
Não é relevante que você entenda plenamente o
dispositivo agora, mas tão-somente que é uma das Operação 5 – Mandrilamento
formas de produzir um cone em uma peça longa. O mandrilamento é um método exato de usi-
nar um diâmetro interno ou outra característica
interna na peça. Furos mandrilados são usual-
Método 4 – Deslocando o cabeçote mó-
mente retos (cilíndricos), mas eles podem ser
vel Este método faz cones bem rasos. Você deve
cônicos, usando um eixo do carro superior ou
escolher este método pela facilidade e rapidez que
dispositivo para cone (Fig. 3-18). Essa operação no
a peça pode ser removida e reposta na fixação, sem
torno requer uma ferramenta de corte chamada
perda de exatidão, ou quando a peça é muito lon-
de barra de mandrilar.
ga. Verifique que não existe placa, mas a peça está
apoiada entre pontas, o que discutiremos mais tar- Razões para mandrilar um furo
de, na Unidade 3-3 (Fig. 3-17).
As vantagens do mandrilamento sobre o alar-
gamento são duas. A primeira é que qualquer
Ponto-chave: tamanho pode ser produzido com uma repetibi-
Neste método, os centros não são paralelos ao lidade de 0,0005 pol., supondo que o eixo X do
eixo Z da metade do ângulo do cone. torno seja exato. A segunda é que uma barra de
mandrilar vai usinar a localização exata do cen-
tro, sem se desviar como uma combinação bro-
Placa de arraste Arrastador fixado à peça ca/alargador faria.
Dois ou três passos (passes sequenciais leves) de
uma barra de mandrilar corrigem um furo bro-
cado desalinhado. Durante o mandrilamento, a
Deslocamento
em relação ao ferramenta é acionada manual ou automatica-
eixo árvore mente, em geral para dentro, ao longo do eixo
Z. Revertendo-se o eixo Z, o mandrilamento para
Introdução aos processos de usinagem

fora também é possível e menos perigoso, visto


que a ferramenta está se afastando do centro do
furo.
Existem três desafios nas operações de mandrila-
mento:
1. Deflexão da barra de mandrilar
Isso causa tamanhos inexatos e vibração pelo
Figura 3-17 Olhando para baixo, o cabeçote móvel fato de as barras de mandrilar serem compri-
é movido para fora do centro para fazer o cone raso. das e finas.

116
Mandrilamento e diâmetro interno

Barra de
mandrilar

Figura 3-18 Esta torno está preparado para abrir um buraco com uma barra de mandrilar.

2. Remover os cavacos para fora do furo roscas são feitas com barras de forma de mandrilar
Refrigerantes ajudam, mas os cavacos ten- (Fig. 3-19).
dem a girar em torno da barra de mandrilar e
se depositam no fundo do furo. Os operado- Operação 6 – Formação
res devem sempre observar e escutar se os A formação é utilizada mais em tornos convencio-
cavacos se acumulam enquanto mandrilam. nais que em CNC, para gerar formas especiais que
Os cavacos aglomerados roçam e arruínam são impossíveis de produzir utilizando o movimen-
a nova superfície usinada e/ou quebram a to comum de eixo. O bit de ferramenta é retificado
ferramenta. para reproduzir a forma desejada.
3. Operação cega
O operador não consegue ver o corte enquan-
to ele prossegue. O controle da profundidade Operações internas usando uma barra de mandrilar
de mandrilamento
deve ser feito sem
Operações de torneamento

Conversa de chão de se ver a ferramenta.


fábrica
Além disso, para
Canal
Raramente usamos produzir cilindros e interno
ferramentas de forma cones internos, ou-
retificadas em um torno CNC, tras operações são
por duas razões. Primeiro, é
uma ferramenta retificada
desempenhadas
personalizada, o que com ferramentas de
tentamos evitar. Segundo, forma de mandri- Rosca
o comando pode produzir interna
lar. Características
muitas formas conduzindo como arredonda-
capítulo 3

ferramentas padronizadas
mentos, canais re- Figura 3-19 Canais internos e roscas são produzidos
pela trajetória desejada.
tos ou circulares e com barras de mandrilar dotadas de bits formados.

117
Formando uma superfície complexa ferramenta de perfil único. Existem situações em
que usar a rosca com ferramenta de ponta única
é a escolha correta. Talvez a rosca seja necessária
quando uma matriz ou macho não está disponível
ou o torno CNC está realizando outra tarefa. Este é
o método de reserva do ofício da usinagem!
A preparação usa uma ferramenta retificada para
a forma correta da rosca com grandes ângulos de
folga e de saída. Uma vez que o eixo árvore estará
Bit de forma retificado rotacionando lentamente, estes ângulos extra pro-
piciam um acabamento melhor (Fig. 3-21). Como
Figura 3-20 Ferramenta de forma realizando um
toda operação de rosqueamento, fluidos de corte
corte complexo.
são essenciais. O rosqueamento com ponta única
pode ser desempenhado para gerar roscas internas
com uma barra de mandrilar e uma ferramenta re-
Ponto-chave:
tificada de forma.
Quando forçamos contra uma peça em rotação,
a ferramenta de forma produz uma imagem in- Ele permite uma repetibilidade da ordem de 0,001
versa de si mesma. Fluido de corte e baixa rpm pol. se o torno for exato e bem-cuidado. No entan-
são vitais para o sucesso da operação de forma to, como exige o uso de duas manivelas, o eixo X e
e, por causa da grande área de contato, a vibra- o superior, deve ser tomado cuidado para controlar
ção é sempre um problema potencial. A exati- a folga dos eixos. Temos um truque tecnológico na
dão é difícil de determinar na formação devido Unidade 3-7 para este ponto.
às formas complexas envolvidas, mas pode ser
esperada dentro de 0,0015 pol.

Rosca
Operação 7 – Rosqueamento externa

O corte de roscas pode ser feito de três formas


em um torno manual: machos montados no ca-
beçote móvel, matrizes em suportes e utilização
Saída de rosca (alívio)
uma ferramenta de forma para cortar o canal
helicoidal da rosca, chamada de rosqueamento Ferramenta de perfil único
Introdução aos processos de usinagem

com ferramenta de ponta única. Aprender o ros-


queamento com ponta única (ou rosqueamento
de perfil único, na linguagem de oficina) é uma
lição vital quando usar um torno manual e, no
seu primeiro curso de usinagem, é provável que
Rosca
esta seja a operação mais complexa para ajustar
interna
e executar. Demanda tempo e é propícia a erros
devido aos muitos detalhes e ações que o opera- Chanfro para melhorar o
dor deve realizar. início do rosqueamento
Saída de rosca para
É uma competência vital de se desenvolver porque parar o rosqueamento
qualquer rosca customizada, personalizada ou pa- Figura 3-21 Ferramenta de rosqueamento é um
drão, interna ou externa, pode ser feita com uma tipo de ferramenta de forma.

118
Rosqueamento com macho e matriz entre a ferramenta e o eixo da peça. No entanto,
se seu instrutor aprovar o método, peça uma de-
As duas opções seguintes são menos complexas
monstração. Este pode ser utilizado para fazer
para produzir roscas em um torno.
roscas comuns, embora não sejam de qualidade
Machos no cabeçote móvel Para produzir ros- comercial –dizemos que se trata de um método
cas internas, machos padrão podem ser montados rápido, mas ordinário. Veja a Dica da área.
em uma placa acoplada ao mangote do cabeçote
móvel. O eixo árvore é colocado no neutro e de-
pois rotacionado manualmente para cortar filetes Dica da área
Melhoramento do rosqueamento manual
de rosca onde a quebra do macho poderia ser um
utilizando o torno. Lembra-se da dica de cen-
problema. Para roscas robustas de 0,5 pol. ou mais,
tralização quando discutimos o rosqueamento
o eixo árvore pode ser colocado em baixa rpm e
manual na furadeira? Para garantir a centraliza-
então a ferramenta será movimentada automati-
ção do macho, coloque um mandril no cabeçote
camente. Ao usar o movimento automático, é me-
móvel do torno, fixe o macho e depois movimen-
lhor ir devagar e nunca tirar a mão da alavanca de te-o para frente. O macho é rotacionado com o
liga/desliga. Se o torno pode ser revertido, o ma- desandador.
cho pode ser retirado também automaticamente;
se não, o eixo árvore é colocado no neutro e rota- Rosqueando a partir do cabeçote móvel
Pressão manual
cionado ao contrário manualmente para reverter o desloca o cabeçote
macho. Alternativamente, pode-se soltar o macho Não bloqueie móvel sobre
da placa e desrosqueá-lo com um desandador para as guias
machos. 1

Ponto-chave:
O volante do cabeçote móvel não é usado para Figura 3-22 Rosqueamento com macho pode
este tipo de rosquamento com macho no torno ser feito empurrando o cabeçote móvel solto
manual. Avançar o macho para dentro (ou fora) para frente e para trás.
do furo é feito pressionando o cabeçote inteiro.
Deixe-o desbloqueado em suas guias e ele des-
lizará para frente pela pressão manual tão logo Matrizes e machos industriais Em contraste,
ocorra o engajamento do macho com a peça. existem momentos em que lotes grandes de pe-
ças com roscas de alta qualidade são necessários
Operações de torneamento

e uma máquina CNC não está disponível. Então,


Quando o macho se aproxima da profundidade do utilizamos machos máquina ou cabeçotes de
furo, o eixo é parado e revertido. Ao mesmo tem- rosqueamento automáticos em qualquer torno,
po, o operador puxa o cabeçote móvel para fora. É manual, com rosqueamento automático ou CNC.
uma ação coordenada que requer uma demonstra- Esses são projetados para cortar roscas em um
ção antes de você tentar sozinho. passe, no curso de avanço. Utilizando um mecanis-
Matrizes manuais (ou machos) É possível ros- mo de desengate, recuar as arestas de corte e em
quear com uma matriz ou macho manual, monta- vez de desrosqueá-las tende a cegar as arestas de
do em um suporte e puxar contra a peça enquanto corte em alguns materiais. Esses dispositivos são
a placa é rotacionada manualmente – não auto- mais comuns em tornos automáticos feitos espe-
capítulo 3

maticamente! Se for automaticamente, existe uma cialmente para rosqueamento, mas, se instalados
chance de o suporte agarrar no barramento ou nas no porta-ferramentas ou na torre, centralizado no
guias. Também é provável um erro de alinhamento eixo árvore tanto verticalmente como no eixo X,

119
eles podem cortar roscas mais rapidamente que dicadores digitais. Além de posicionar a ferramenta
qualquer outro método, com repetibilidadade na e fixá-la na posição, outro desafio no controle de
faixa de décimos de milésimos de polegada. comprimento é o perfeito alinhamento entre a fer-
Outra vantagem desses tipos de ferramentas para ramenta e o eixo X, e sua tendência de desviar para o
rosqueamento é que essas possuem insertos de aço lado à medida que perde a capacidade de corte. Re-
rápido ou metal duro que podem ser intercambiados frigerantes, rpms adequadas e avanços moderados
em diferentes roscas. Os insertos da matriz são rapi- são essenciais na operação de corte.
damente retirados do cabeçote e reafiados. Deve-se
optar por esta preparação para rosqueamento quan- Ponto-chave:
do centenas de peças devem ser rosqueadas e as to- Ao usar a face da placa ou a guia transversal do
lerâncias são apertadas. Matrizes e machos desse tipo torno como uma referência, o bedame de corte
se pagam em lotes grandes de produção (Fig. 3-23). deve estar perfeitamente paralelo ao eixo X para
manter comprimentos de corte exatos. Mante-
Operação 8 – Corte nha o balanço da ferramenta no mínimo possível!
A operação de corte é primeiramente utilizada para
destacar a peça acabada da matéria-prima remanes-
cente na placa ou, ocasionalmente, produzir um ca- Desafios na operação de corte
nal profundo na superfície cilíndrica da peça. As fer- Além do comprimento da peça, existem diversos
ramentas de corte, ou bedames de corte, são lâminas fatores que tornam esta atividade difícil de se rea-
finas que produzem canais de pequena espessura e lizar de forma consistente e segura. A remoção do
grande profundidade (Fig. 3-24, vista superior). cavaco, a vibração, o empastamento da ferramenta
Os bedames de corte são acionados manual ou e a quebra são uma preocupação.
automaticamente ao longo do eixo X e podem ser Comprimento da peça Para obter o compri-
fornecidos em aço rápido, insertos postiços de me- mento desejado, a aresta esquerda do bedame
tal duro ou insertos intercambiáveis de metal duro. toca a extremidade da peça (linhas escondidas na
Controle exato do comprimento é o objetivo nessa Fig. 3-24) e, após recuá-lo da peça, o eixo Z é mo-
operação. A repetibilidade varia, dependendo do po- vido da distância requerida (espessura da aresta
sicionamento do eixo Z – desde 0,030 pol. para anéis
graduados manuais até 0,002 ou 0,003 pol. para in- Cortar a peça acabada do tarugo

Comprimento da peça
Introdução aos processos de usinagem

Espessura
da peça ferramenta
Figura 3-23 Matrizes de desengate e machos au-
mentam a produção de roscas, mas não são comuns Figura 3-24 Durante o corte, a remoção do cavaco
em oficinas escolares. é um desafio.

120
mais a dimensão da peça). A maioria dos bedames se empilharem sobre o canal, a velocidade de corte
de corte é feita de uma espessura exata para auxi- é um desafio. Isso requer um acionamento de velo-
liar com os cálculos. Mas tome cuidado, se a versão cidade variável ou comando CNC com velocidade de
HSS for reafiada, a espessura efetiva pode mudar. corte constante para desempenhar corretamente.
Cavacos mais espessos que a largura do Algumas vezes, quando a ferramenta cria diâmetros
canal Devido à deformação do metal, os cavacos cada vez menores, a peça pode quebrar prematu-
crescem um pouco mais espessos que a largura do ramente deixando uma protrusão indesejada como
canal feito pela ferramenta, acabam encostando está mostrado rapidamente na Fig. 3-26. Portanto,
no canal e, frequentemente, enrolam criando uma rpms próximas das corretas, sem exceder os limites
massa firme. Refrigerantes são necessários para ali- da placa, o ajudarão a reduzir esse problema.
viar o calor e lubrificar o cavaco de forma que seja
retirado do canal (veja a Dica da área e a Fig. 3-25). Dica da área
Idealmente, o lubrificante deve ser injetado de Ferramenta para quebra de cavaco Para aju-
cima e de baixo, para atingir o corte onde é neces- dar a remoção da grande quantidade de cavaco
sário. No entanto, é raro termos em tornos manuais gerada no processo de corte, é possível retificar
duas mangueiras de refrigerante; assim, este deve uma pequena ranhura na superfície de saída
ser inundado na região de corte de forma genero- da ferramenta. O cavaco segue pela superfície
sa, necessitando então uma placa para protegê-los. de saída, criando uma linha de perturbação no
material que faz o cavaco ter uma tendência a
Trepidação e avaria na ferramenta É provável
dobrar. Assim, ele não terá mais facilidade para
que, inicialmente, você utilize bedames de corte de
sair do material. Muitas ferramentas de corte de
aço rápido quando estiver aprendendo operações metal duro têm essa característica em suas faces
de corte. Enquanto as ferramentas de carboneto de saída. A ranhura é feita usando um canto de
com insertos postiços ou intercambiáveis desem- um rebolo bem afiado. Peça para que um técnico
penham muito melhor que as de HSS, as ferramen- demonstre essa modificação.
tas de aço rápido mais tenazes tendem a absorver
melhor a trepidação e empastamento associadas
ao corte. A maioria, mas nem todas!
Canal
quebra-cavaco
Ponto-chave:
Cuidado!
Operações de torneamento

Bedames podem quebrar quando o corte é


profundo e a ferramenta é muito extendida a
partir do porta-ferramenta. Elas podem empas- Figura 3-25 Um canal no topo da ferramenta
tar, dobrar e estilhaçar em inúmeros pedaços de corte ajuda a dobrar o cavaco.
perigosos! Esteja certo de ajustar a ferramenta
no balanço adequado e realizar a tarefa usando
avanços conservativos. Derrubando uma peça Na Fig. 3-24, existe um
problema potencial: você percebe que, quando o
último corte for feito, a peça vai cair? Contudo, o
Velocidade de corte constante é necessária De suporte central ainda está direito na extremidade.
forma similar ao faceamento, a necessidade por Isso pode nos levar a problemas de agarramento
capítulo 3

maiores rotações se torna crítica quando a ferra- com a peça solta e a placa, a menos que o torno
menta se aproxima do centro. Em razão dos proble- seja parado instantaneamente. Existem algumas
mas com a forte deformação levando os cavacos a soluções, mas...

121
Se alguma peça estiver muito próxima do su-
Ponto-chave: porte, reposicione-a Pare a máquina e serre a
Segurança peça, ou arranque-a dobrando o material. Este é o
Nenhuma delas envolve pegar a peça com a jeito mais seguro, especialmente para iniciantes.
mão, quando ela se separa do tarugo! (As pala-
vras-chave aqui são separar e mão). Operação 9 – Sangramento
radial e Operação 10 –
Pare e mova o centro um pouco mais pra fora
Faça isso antes de recomeçar a total desconexão
Sangramento axial
do objeto. Então, quando ele desligar, deixe a peça Existem dois tipos de sangramento ou canais
cair em uma cesta de captura ou cair no recipiente feitos em um torno. O primeiro é similar ao corte
de cavacos, se o dano causado pela queda não for com bedame, um canal da superfície externa da
considerado crítico. peça. O segundo é na face do trabalho. Ferramen-
tas usadas para sangrar o diâmetro externo têm
a mesma forma na ponta, mas são mais curtas
Dica da área que os bedames de corte. Ferramentas de sangrar
Retificar um pequeno ângulo de posição na
axialmente devem ser modificadas ligeiramen-
ponta da ferramenta de corte Se várias pe-
te com uma certa folga, para caber na curvatura
ças precisam ser cortadas em uma barra, pontos
externa do canal que a própria ferramenta causa.
indesejados podem ser deixados atrás de cada
uma dessas peças (Fig. 3-26). Esses pontos de- Espera-se uma repetibilidade de 0,0005 pol. de lar-
vem ser removidos depois, o que custa tempo, gura para o canal, o que é, comumente, algo crítico
mas não aumenta o valor agregado ao produto. no processo. A repetibilidade diametral depende
Para resolver este problema, deixe um ângu- do método de posicionamento do torno e varia de
lo de, no máximo, 10° na ponta da ferramenta 0,002 a 0,0005 pol.
de corte e direcione-a para o lado da peça (Fig.
Ferramentas de sangramento axial podem ser uti-
3-26). A ferramenta apontada cria um ponto fra-
lizadas, também, para remover material da face
co na área de corte, o que permite que a ponta
remanescente quebre ou fique do lado do taru-
go. A ferramenta de corte, avançando um pouco Sangramento Sangramento
mais, limpa a ponta do tarugo que ficou preso. radial axial

Para prevenir isto


Introdução aos processos de usinagem

Face trepanada

Retifique um ângulo de
ponta no bedame de corte

Figura 3-26 Modificando o ângulo de ponta,


a matéria-prima reterá a pequena saliência, em
vez de a peça acabada. Figura 3-27 Sangramento axial requer uma forma
de ferramenta modificada, mostrada na Fig. 3-28.

122
Bedame para trepanar
o canal axial

Recartilhamento
paralelo

Recartilhamento
cruzado

Folga lateral requerida


Figura 3-28 Um sangramento axial requer uma Figura 3-29 Dois tipos de recartilhamento em um
folga lateral de um lado da ferramenta para permitir eixo, paralelo e cruzado.
a acomodação do canal gerado.
Este pode ser recartilhado para fixar o rolamento
novamente. Não será tão bom como o original,
gerando um rebaixo axial; isso é chamado de tre-
uma vez que há muito menos material para for-
panação e é, provavelmente, uma analogia aos tor-
mar a superfície, mas funciona! (Veja a Fig. 3-30.)
nos antigos, feitos em madeira.

Operação 11 – Recartilhamento Operações 12 e 13 – Limando e


O recartilhamento produz um padrão áspero lixando
sobre a superfície da peça. Recartilhar não remove Tentamos evitar trabalhos manuais em máqui-
material, mas provoca seu deslocamento. Em baixa nas sempre que possível. Contudo, como somos
rotação, a ferramenta de recartilhamento produz operadores, limar e lixar pode fazer uma certa di-
pequenos dentes, bem afiados no trabalho. O me- ferença em:
tal deslocado é deformado e lançado para o próxi-
mo dente, de pouco em pouco, através de matrizes
Operações de torneamento

rotativas de forma.
É possível enxergar alguns padrões paralelos ou
cruzados em cabos de ferramentas e cabeças de
parafusos. Aderência e aparência são os objetivos
do recartilhamento, não o tamanho. Não se deve
esperar uma repetibilidade maior do que 0,010 pol.
O recartilhamento tem dois propósitos: primei-
ro, melhorar a aderência da mão ou qualidade
de adesão; o segundo é aumentar o diâmetro de
eixos. Como o material é deslocado para cima, a
capítulo 3

recartilha realmente aumenta o tamanho efetivo Figura 3-30 O recartilhamento requer um


de eixos. Suponha que um eixo desgastado já não movimento sincronizado de duas matrizes que se
fixe um rolamento ajustado com interferência. deslocam, mas não removem material.

123
Pequenas reduções de tamanho. No lixamento ou
limagem, a retirada de material é muito menor
que em uma ferramenta de corte, podendo
remover um décimo do material, de maneira a
fazer a peça entrar na tolerância desejada.
Acabamento e aparência de superfície. O lixa-
mento gera acabamentos impossíveis de se
chegar com ferramentas de corte. Também
são úteis para detalhes finais como remover
rebarbas com uma lima, realizar arredonda-
mentos ou chanfros.
Com esses procedimentos, é possível atingir exa-
tidão próxima de 0,0002 pol. (repetibilidade não é
apropriada neste caso). Contudo, geralmente pro-
cura-se por alternativas. Afinal, além de serem len-
tos e sem tecnologia, esses procedimentos levam o
operador a ficar perigosamente perto da placa.

Procedimento de segurança
Figura 3-32 Quando lixar uma peça, sempre segure
Uma vez que você vai colocar sua mão próxima a a lixa como está mostrado. Por quê? A resposta se
um eixo rotativo, existem medidas de seguranças encontra nas questões da Unidade 3-1.
específicas para limar e lixar. As Figuras 3-31 e 3-32
mostram o jeito certo de limar ou lixar. A posição do braço e da mão são cruciais, como também sua
postura em frente ao torno. Como um exercício do
pensamento crítico, você será perguntado sobre por
que e como na revisão. Estude a figura de perto.
Introdução aos processos de usinagem

Figura 3-31 Esta operadora está utilizando uma po-


sição de mão segura e experiente para limar, além de
uma proteção de placa e não há luvas ou joias soltas.

124

Você também pode gostar