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ESTUDOS DA LINGUAGEM

GÊNERO DISCURSIVO/TEXTUAL: CONTO, MINCONTO E


POEMA

Acadêmicos1
Orientador2

RESUMO

Os gêneros textuais estão presentes na forma de diários, bilhetes, cartas, cardápios, avisos e
etc., e com isso os professores devem ter em mente os benefícios desse trabalho para envolver
os alunos e capacitá-los nos âmbitos linguísticos, intelectuais e comunicativos. O ensino de
línguas conforme os gêneros discursivos data da década de noventa, com a publicação de
alguns documentos oficiais da educação no Brasil, como os Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCN). A partir de então esses documentos passam a orientar as práticas de
ensino de línguas no país. Neste viés, é de suma importância que os profissionais da área
interessem-se e leiam a respeito dessas temáticas que orientam suas práticas de ensino de
línguas em sala de aula. Os gêneros discursivos e textuais auxiliam o indivíduo na sua
vivência em sociedade e cabe aos professores trabalharem com responsabilidade e
entendimento sobre a teoria que essas formas de linguagem e comunicação carregam em si.
Por fim entende-se que no ensino não se deve haver uso do texto de modo relapso e somente
para ensinar a gramática, mas é preciso que os professores desenvolvam habilidades de unir
teoria à prática docente, dando prioridade ao desenvolvimento linguístico e comunicativo do
estudante.

Palavras-chave: Gênero discursivo. Linguagem. Textos.

1 INTRODUÇÃO

Os gêneros do discurso e textuais são fundamentais na atividade humana já que se


ligam à vida cultural e social. São encontrados no cotidiano. Na sala de aula podem ajudar na
aprendizagem da língua materna, incentivando o aluno também à prática da produção textual,
oralidade e leitura.
No dia a dia, os gêneros textuais estão presentes na forma de diários, bilhetes, cartas,
cardápios, avisos e etc., e com isso os professores devem ter em mente os benefícios desse
trabalho para envolver os alunos e capacitá-los nos âmbitos linguísticos, intelectuais e
comunicativos.
1
Ana Karoline Cardoso da Cunha.
2
Nome do professor.
Centro Universitário Leonardo Da Vinci – UNIASSELVI. Prática Interdisciplinar-Módulo VIII (LED 801351).
27/06/2022.
2

Através do estudo e compreensão da linguagem, não só os alunos são beneficiados,


mas os professores podem amadurecer a sua prática pedagógica, sendo que ambos podem
conhecer mais sobre o mundo em que vivem.
Nesse contexto, o presente trabalho tem por objetivo refletir sobre os gêneros
discursivos e textuais apresentando o conto, miniconto e poema como aspectos importantes e
fundamentais a serem trabalhados na sala de aula.

2 GÊNERO DISCURSIVO E TEXTUAL

O ensino de línguas conforme os gêneros discursivos data da década de noventa, com


a publicação de alguns documentos oficiais da educação no Brasil, como os Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCN). A partir de então esses documentos passam a orientar as
práticas de ensino de línguas no país, bem como suas metodologias (ARAÚJO, 2022).
Conforme Brasil (1998, p. 21): “Todo texto se organiza dentro de determinado gênero em
função das intenções comunicativas, como parte das condições de produção dos discursos, as
quais geram usos sociais que os determinam”.

Com o desenvolvimento da ciência da linguagem, os gêneros ganharam ainda mais


notoriedade em diversas áreas do conhecimento, dentre as quais destacamos a
Linguística. O desenvolvimento desse campo e a vasta bibliografia disponível hoje a
respeito desse tema, por exemplo, se devem, em parte, aos estudos realizados por
Bakhtin, estudioso que possui interessante concepção de linguagem, a partir da qual
decorrem conceitos como enunciação, polifonia, dialogismo e a própria noção de
gêneros. A linguagem é entendida por Bakhtin de tal modo que o sujeito passa a
ocupar papel de destaque em qualquer situação de interação, uma vez que é a partir
dele que se torna possível a compreensão das diversas relações sociohistóricas que
caracterizam uma sociedade. Esse sujeito histórico produz enunciados, que, na
verdade, são acontecimentos que exigem i) uma determinada situação histórica; ii) a
identificação dos atores sociais; iii) o compartilhamento de uma mesma cultura; iv)
o estabelecimento de um diálogo (DIAS, et al., 2011, p. 144).

Neste viés, é de suma importância que os profissionais da área interessem-se e leiam a


respeito dessas temáticas que orientam suas práticas de ensino de línguas em sala de aula,
sobretudo no que se refere às concepções de Mikhail Bakhtin a respeito da organização do
discurso por meio dos gêneros discursivos (ARAÚJO, 2022).
Os gêneros discursivos na visão de Mikhail Bakhtin são abordados partindo do
princípio de que, no momento da interação, oral ou escrita, os sujeitos recorrem a alguns
gêneros discursivos. Essas escolhas estão ligadas às necessidades dos falantes ou escritores.
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Isso significa que os gêneros discursivos são determinados pelo aspecto discursivo e estão
presentes em toda atividade comunicativa que ocorre em sociedade (ARAÚJO, 2022).
Bakhtin classifica os gêneros discursivos como primários e secundários.
Os primários são os mais simples, e são relacionados com o campo da oralidade, como
o diálogo, é uma forma mais clássica de comunicação. Já os secundários são os mais
complexos, como o romance, o conto, a crônica, o artigo de opinião, os manuais de instrução,
os textos científicos, oficiais, publicitários, a Redação escolar, entre outros (ARAÚJO, 2022).
Ainda conforme a autora acima citada, para que se possa trabalhar com os gêneros
discursivos no ensino de línguas em sala de aula, é importante para o professor além de
oferecer o contato dos alunos com os mais variados gêneros discursivos, compreender que
não é preciso fazer com que os alunos assimilem ou decorem as características de cada gênero
discursivo, até porque existem vários.
Quanto aos gêneros textuais estes se referem a uma função social e de comunicação.
Embora existam muitos, é possível identificá-los. Os gêneros textuais cumprem uma função
social específica e estão sempre a serviço da linguagem e da comunicação. Dessa constante
necessidade que o ser humano tem de interagir e comunicar-se com o outro, surgiram os
gêneros textuais (PEREZ, 2022).
Os gêneros textuais não podem ser numerados, pois variam muito e adaptam-se às
necessidades dos falantes. Mesmo que não possamos contá-los, é possível observar que eles
possuem peculiaridades que nos permitem identificá-los e reconhecê-los entre tantos outros
gêneros. Entre as características dos gêneros textuais estão a apresentação de tipos estáveis de
enunciados, além de estruturas e conteúdos temáticos que facilitam sua definição (PEREZ,
2022).
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Figura 1 – Alguns exemplos de gêneros textuais

Fonte: Perez (2022)

Diferentemente dos tipos textuais, que apresentam uma estrutura bem definida, além
de um número limitado de possibilidades (podem variar entre cinco e nove tipos), os gêneros
textuais são diversos e cumprem uma função social específica (PEREZ, 2022).

2.1 CONTO

O conto é um gênero literário que possui narrativa curta e tem sua origem da
necessidade humana de contar e ouvir histórias. Passa por narrativas orais de povos antigos,
trilhando pelos gregos e romanos, pelas lendas orientais, parábolas bíblicas, novelas
medievais, até chegar a nós como é conhecido hoje. A estrutura do conto é formada por
situação inicial, desenvolvimento e situação final (PEREZ, 2022).
Ainda segundo elucida a autora acima citada, essa divisão é parte importante para
composição do enredo. Dessa forma, na construção do conto, ocorrem os elementos da
narrativa, que são: foco narrativo, espaço, tempo e veracidade. Devido à necessidade de
contextualizar a narrativa, o conto sofreu diversas transformações ao longo da história,
originando tipos como: conto de ficção científica, conto infantil juvenil, conto fantástico,
conto de fadas.
Ao escrever um conto, é necessário observar sua estrutura e as partes que compõem o
enredo. Enredo também é conhecido como trama ou intriga e tem a função de dar sequência à
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narrativa e localizar o leitor em relação à sucessão de acontecimentos, dando ênfase à


causalidade (PEREZ, 2022).

2.2 MINICONTO

Miniconto, microconto ou nanoconto, é uma espécie de conto pequeno. Fica evidente


que as características do que chamamos de miniconto são diferentes das de um “conto
pequeno”. Muito mais importante que escrever no miniconto é sugerir, deixando ao leitor a
tarefa de entender a história por trás do pouco que foi escrito. O Miniconto tem extensão
mínima e, portanto, mesmo microscópico, deve conter ação, personagem e cenário
(MIRANDA, 2020).

2.3 POEMA

Poema é um texto literário escrito em versos, que são distribuídos em estrofes. Esses
versos podem ser regulares, brancos ou livres. Se for composto por versos regulares, esse
texto poderá apresentar diversos tipos de rimas. Também pode ser narrativo, dramático ou
lírico. Com relação às diferenças entre poema e poesia, o poema se refere a uma estrutura
textual, enquanto a poesia está relacionada ao conteúdo do texto (SOUZA, 2022).
Segundo pontua Souza (2022) um poema apresenta:
1) Versos:
-regulares: com métrica e rima;
-brancos: com métrica e sem rima;
-livres: sem métrica e sem rima.
2) Estrofes:
-dístico: dois versos;
-terceto: três versos;
-quadra ou quarteto: quatro versos;
-quinteto ou quintilha: cinco versos;
-sexteto ou sextilha: seis versos;
-sétima ou septilha: sete versos;
-oitava: oito versos;
-novena ou nona: nove versos;
-décima: dez versos.
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O poema também pode apresentar rima:


-externa: sons iguais no final de diferentes versos;
-interna: rima entre a palavra final de um verso e outra do interior do verso seguinte;
-rica: entre palavras pertencentes a diferentes classes gramaticais;
-pobre: entre palavras pertencentes à mesma classe gramatical;
-emparelhada: AABB;
-alternada ou cruzada: ABAB;
-interpolada ou oposta: ABBA;
-mista: outro tipo de combinação, como ABACD;
-aguda: entre palavras oxítonas ou monossílabas tônicas;
-grave: entre palavras paroxítonas;
-esdrúxula: entre proparoxítonas;
-perfeita, soante ou consoante: correspondência completa de sons;
-imperfeita, toante ou assoante: sem correspondência completa de sons.
O poema, portanto, é uma estrutura, isto é, um texto escrito em forma de versos, com
metrificação ou não, com rimas ou não.

3 METODOLOGIA

O procedimento metodológico da presente pesquisa está elencado no quadro a seguir:

Quadro 1 – Tipo de pesquisa, fontes e resultados da pesquisa ora apresentada


TIPO DA PESQUISA Pesquisa de cunho exploratório e bibliográfico.
As fontes usadas para elaboração da fundamentação teórica
foram textos publicados na forma de artigos pela internet.
Quanto ao conto, miniconto e poema, estes foram feitos mediante
lançamento de palavras-chave na internet também, consultando-
se artigos confiáveis e que mostrassem exatamente o que a
FONTES pesquisadora estava a buscar.
Palavra-chave usada no conto e site encontrado: “conto
exemplos” (Fonte encontrada: FUKS, Rebeca. 2022).
Palavra-chave usada para encontrar exemplos de miniconto: “o
que é conto?” (Fonte encontrada: MIRANDA, 2020).
Palavra-chave usada para encontrar exemplo de poema: “poema
exemplos e comentários” (Fonte encontrada: FUKS, Rebeca.
2022).
APRESENTAÇÃO DOS Os resultados serão apresentados de forma qualitativa.
RESULTADOS
Fonte: dos autores (2022).
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4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os gêneros discursivos e textuais auxiliam o individuo na sua vivência em sociedade e


cabe aos professores trabalharem com responsabilidade e entendimento sobre a teoria que
essas formas de linguagem e comunicação carregam em si. À frente, se tem exemplos de
conto, miniconto e poema.

Figura 2 - exemplo de miniconto

Fonte: Miranda (2020).

O miniconto não se caracteriza apenas pelo tamanho do texto, mas por ter um aspecto
de “concisão”. Segundo Cátia Toledo (2014), o miniconto mantém os principais elementos do
conto (de tempo e espaço), e estrutura de começo, meio e fim. Ele pode variar de uma frase
até uma página, e precisa formar no leitor efeito como o proporcionado pelo conto tradicional.
Assim, o leitor é quem irá preencher lacunas deixadas pelo autor, com sua vivência e com seu
repertório de leituras.
À frente, exemplo de conto:
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Figura 3 – Conto do Jabuti e a onça

Fonte: Fuks (2022).

Este é um conto popular de origem indígena. Segundo Silva (2005), ao trabalhar os


contos em sala de aula, o educador estimulará o aluno-leitor para que encontre na rápida
leitura literária, uma forma lúdica de melhor conhecer sua própria realidade. “Ao ler
narrativas curtas, que exijam uma resposta mais rápida e dinâmica do receptor, o aluno pode
se sentir mais atraído pelo texto” (SILVA, 2005, p. 93).
Quanto ao trabalho com poemas veja-se o poema a seguir:

Figura 4 – Poema (gênero textual)

Fonte: Fuks (2022).


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Este é um poema de amor consagrado do poetinha Vinícius de Moraes, em que seus


versos se organizam de forma clássica com quatro estrofes (FUKS, 2022). Na escola, a poesia
ajudará na ampliação do domínio da linguagem, capacitando na construção do conhecimento
e permitindo ao indivíduo conhecer o mundo à sua volta (SILVA, 2012).

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nos dias de hoje os alunos estão carentes de um ensino que dê suporte adequado nas
aulas de língua portuguesa. Há uma deficiência dos alunos no que concerne aos gêneros
discursivos e textuais. Se o professor pede para escrever um texto na forma de poema o aluno
pode não saber produzir concordância nas frases, desconectando-as.
O texto precisa ser entendido como objeto de estudo do professor para com seus
alunos, sendo educador crítico-reflexivo. Os municípios e escolas precisam investir na
formação inicial e continuada dos professores para que o quadro discursivo e textual seja
modificado por novos métodos e conceitos.
No ensino não se deve haver uso do texto de modo relapso e somente para ensinar a
gramática, mas é preciso que os professores desenvolvam habilidades de unir teoria à prática
docente, dando prioridade ao desenvolvimento linguístico e comunicativo do estudante. O
educador deve trabalhar as estruturas e modelos textuais, o conhecimento de mundo,
adequação à situação comunicativa, e com isso, o trabalho com gêneros ensinará o aluno a se
organizar.

REFERÊNCIAS

ARAÚJO, Luciana Kuchenbecker. Trabalhando com os gêneros discursivos na sala de


aula. 2022. Disponível em:
https://educador.brasilescola.uol.com.br/estrategias-ensino/trabalhando-com-os-generos-
discursivos-na-sala-aula.htm. Acesso em: 27 Jun. 2022.

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais da Língua Portuguesa. 1998. Disponível


em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/portugues.pdf. Acesso em: 27 Jun. 2022.
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DIAS, Eliana. Gêneros textuais e(ou) gêneros discursivos: uma questão de nomenclatura?
N. 19, p. 142-155, 2011.

FUKS, Rebeca. 14 melhores poemas de Vinicius de Moraes analisados e comentados. In:


Cultura Genial. Disponível em: https://www.culturagenial.com/vinicius-de-moraes-melhores-
poemas/ Acesso em: 27 Jun. 2022.

FUKS, Rebeca. 11 contos populares comentados. In: Cultura genial. Disponível em:
https://www.culturagenial.com/contos-populares-comentados/ Acesso em: 27 Jun. 2022.

MIRANDA, Ariane. Conto x miniconto. 2020. Disponível em:


https://www.colegioanisio.com.br/admin/anexos/03-04-2020_12_56_56_.pdf. Acesso em: 26
Jun. 2022.

PEREZ, Luana Castro Alves. Gêneros textuais. 2022. Disponível em:


https://www.portugues.com.br/redacao/generos-textuais.html. Acesso em: 26 Jun. 2022.

SILVA, Ivanda Maria Martins. Literatura em sala de aula: da teoria à prática


escolar. Recife: Programa de Pós-Graduação da UFPE, 2005.

SILVA, Flávia Kellyane Medeiros da. A importância da poesia para o ensino de


literatura: um olhar sobre a poética de Mário Quintana. 2012. Disponível em:
http://www.editorarealize.com.br/editora/anais/enlije/2012/bf918920581e872588538337ef820
0ee_167_106_.pdf Acesso em: 27 Jun. 2022.

SOUZA, Warley. Poema. Brasil Escola. Disponível em:


https://brasilescola.uol.com.br/literatura/o-poema-caracteristicas-especificas.htm. Acesso em:
27 Jun. 2022.

TOLEDO, Cátia. Miniconto. 2014. Disponível em:


http://especialistas.aprendebrasil.com.br/miniconto/ Acesso em: 27 Jun. 2022.

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