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ÓBITOS EM JOVENS E CRIANÇAS DEVIDO A COVID-19: A VARIANTE OMICRON

NÃO ATINGE ESSE GRUPO MAIS DO QUE AOS OUTROS


Bruno Campello de Souza, D.Sc.
Universidade Federal de Pernambuco

Tomando-se os dados do sistema SRAG – OpenDataSus1 acerca de mortes ordenadas


em função da data de ocorrência (e não de notificação) para o período de fevereiro de 2020 a
janeiro de 2022, observa-se a série dos óbitos de crianças na faixa dos 0-11 anos tem valores
muitas vezes menor do que aqueles dos indivíduos com 12 anos ou mais, De fato, a discrepância
é tão grande que a série das crianças mais jovens fica virtualmente invisível no gráfico a menos
que se amplie substancialmente a escala (Figura 1).

Figura 1: Médias móveis de 14 dias das mortes por Covid-19 no Brasil entre as crianças de 0 a 11 anos
de idade e daqueles com 12 anos de idade ou mais, segundo sistema SRAG – OpenDataSUS1, com
ampliação de escala para detalhar a série das crianças mais jovens.

Constata-se ainda que o atual pico de mortes de crianças com 11 anos ou menos,
claramente ligado à predominância da variante Omicron do SARS-CoV-2, ainda é compatível com
o que ocorreu em maio de 2020. De fato, todas as oscilações da média móvel de 14 dias ficam
entre 0 a 7 óbitos por dia. Isso é mais de 70 vezes menor do que o que foi visto entre aqueles
com 12 anos de idade ou mais, que se encontram acima das 500 mortes diárias.

Quadro semelhante pode ser observado ao se contemplar aqueles com 19 anos ou


menos versus as demais faixas etárias, segundo achados do website ZeroBias2, o qual tutilzia
dados do SRAG - OpenDataSUS (Figura 2).

Ressalta-se ainda que os dados mais recentes do Registro Civil do Portal da


Transparência3 apontam para uma tendência geral de queda nos óbitos, caracterizando a "onda"
relacionada à variante Omicron como sendo muito menos intensa e de menor duração do que
as anteriores, com o seu pico já tendo sido ultrapassado.

Evidencia-se, portanto, que o recente ressurgimento de mortes por Covid-19 devido à


variante Omicron do SARS-CoV-2 não é mais intenso entre jovens e crianças, antes ocorrendo o
contrário, com um pico que já passou, havendo atualmente uma tendência de queda.
Figura 2: Séries dos óbitos por Covid-19 no Brasil para diversas faixas etárias, suavizadas por Modelos
Aditivos Generalizados, com ampliação de escala para detalhar a série das crianças mais jovens (Fonte:
ZeroBias2).

Figura 3: Série de óbitos por Covid-19 segundo a


Central de Informações do Registro Civil - CRC Nacional
– Portal da Transparência, até 18 de fevereiro de 2022.

REFERÊNCIAS

[1] OpenDataSUS. SRAG 2020 - Banco de Dados de Síndrome Respiratória Aguda Grave -
incluindo dados da COVID-19. Ministério da Saúde, Governo Federal. Na Internet em:
https://opendatasus.saude.gov.br/dataset/bd-srag-2020.

[2] ZeroBias – Lorenzo Ridolfi. Visualização das Tendências de Evolição da Covid-19 no Brasil. Na
Internet em: https://zerobias.info.

[3] Portal da Transparência. Especial Covid-19 - Central de Informações do Registro Civil - CRC
Nacional. Na Internet em: https://transparencia.registrocivil.org.br/especial-covid.

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