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DIREITO!INTERNACIONAL!PÚBLICO!
PROJETO DE ARTIGOS SOBRE enquanto órgão do governo central ou da
RESPONSABILIDADE DO ESTADO administração pública territorial.
POR FATOS 2. Para os fins do n.º 1, um órgão inclui
INTERNACIONALMENTE ILÍCITOS qualquer pessoa ou entidade que tenha esse
estatuto de acordo com o direito interno do
PARTE I – O FATO Estado.
INTERNACIONALMENTE ILÍCITO
DE UM ESTADO Art. 5º
Atribuição ao Estado de comportamento de
CAPÍTULO I uma pessoa ou de uma entidade que exerça
PRINCÍPIOS GERAIS prerrogativas de poder público
O comportamento de uma pessoa ou
Art. 1º entidade que não seja um órgão do Estado
Responsabilidade do Estado pelos seus segundo o artigo 4º, mas a quem o direito
fatos internacionalmente ilícitos desse Estado tenha habilitado a exercer
Todo o fato internacionalmente ilícito de prerrogativas de poder public sera
um Estado dá lugar à responsabilidade considerado como fato do Estado segundo o
internacional deste. direito internacional, desde que, no caso
concreto, a pessoa ou entidade tenha agido
Art. 2º nessa qualidade.
Elementos do fato internacionalmente
ilícito do Estado Art. 6º
Há fato internacionalmente ilícito do Atribuição ao Estado de comportamento de
Estado quando um comportamento, órgãos colocados à disposição de um
consistindo em uma ação ou omissão: Estado por outro Estado
a) é atribuível ao Estado segundo o direito O comportamento de um órgão que tenha
internacional; e sido posto à disposição do Estado por um
b) constitui uma violação de uma obrigação outro Estado é considerado como fato do
internacional do Estado. primeiro Estado segundo o direito
internacional, na medida em que esse órgão
Art. 3º atue no exercício de prerrogativas de poder
Qualificação de um fato do Estado como publico do Estado à disposição do qual se
internacionalmente ilícito encontra.
A qualificação do fato do Estado, como
internacionalmente ilícito, é regulada pelo Art. 7º
Direito Internacional. Tal qualificação não Excesso de autoridade ou comportamento
é afetada pela qualificação do mesmo fato contrário às instruções
como lícito pelo direito interno. O comportamento de um órgão do Estado
ou de uma pessoa ou entidade habilitada a
CAPÍTULO II exercer prerrogativas de poder public e
ATRIBUIÇÃO DA CONDUTA A UM considerado como um fato do Estado
ESTADO segundo o direito internacional se esse
órgão ou essa entidade tiver agido nessa
Art. 4º qualidade, mesmo que tenha excedido as
Atribuição ao Estado do comportamento suas competências ou desrespeitado
dos seus órgãos instruções.
1. O comportamento de qualquer órgão do
Estado que atue nessa qualidade considera- Art. 8º
se fato desse Estado segundo o direito Comportamento sob direção ou controlo de
internacional, quer esse órgão exerça um Estado
funções legislativas, executivas, judiciais O comportamento de uma pessoa ou de um
ou quaisquer outras, qualquer que seja a grupo de pessoas sera considerado como
posição que ocupa na organização do um fato do Estado segundo o direito
Estado e qualquer que seja a sua natureza internacional se essa pessoa ou esse grupo

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de pessoas, ao adotar esse comportamento, Existência de violação de uma obrigação
agiu de fato sob instruções ou direção ou internacional
control desse Estado. Há violação de uma obrigação internacional
por um Estado quando um fato deste Estado
Art. 9º não está em conformidade com o que lhe é
Comportamento realizado na falta ou exigido por aquela obrigação, seja qual for
ausência de autoridades oficiais a origem ou natureza desta.
O comportamento de uma pessoa ou grupo
de pessoas sera considerado como um fato Art. 13.
do Estado segundo o direito internacional Obrigação internacional em vigor para um
se essa pessoa ou esse grupo de pessoas Estado
estava de fato a exercer prerrogativas de Um fato de um Estado não constitui uma
autoridade pública em caso de ausência ou violação de uma obrigação, a menos que o
carencia de autoridades oficiais e em Estado esteja vinculado pela obrigação em
circunstancias que requeriam o exercício questão no momento em que o fato ocorre.
dessas prerrogativas.
Art. 14.
Art. 10. Extensão no tempo de violação de uma
Comportamento de um movimento obrigação internacional
insurgente ou outro 1. A violação de uma obrigação por um fato
1. O comportamento de um movimento de um Estado que não tenha caráter
insurgente que se torne no novo governo de contínuo ocorre no momento em que o fato
um Estado considera-se, segundo o direito é praticado, mesmo que os seus efeitos se
internacional como fato desse Estado. prolonguem no tempo.
2. O comportamento de um movimento 2. A violação de uma obrigação
insurgente ou outro que seja bem-sucedido internacional por um fato de um Estado que
na criação de um novo Estado em parte do tenha caráter contínuo estende-se por todo o
território de um Estado preexistente ou num período durante o qual o fato se mantenha e
território sob sua administração será permaneça desconforme com a obrigação
considerado um fato do novo Estado, de internacional.
acordo com o Direito Internacional. 3. A violação de uma obrigação
3. O presente artigo não prejudica a internacional que exija do Estado a
atribuição ao Estado de qualquer prevenção de um determinado evento tem
comportamento relacionado por qualquer lugar no momento em que o evento ocorre e
forma com o movimento em questão, que prolonga-se por todo o período durante o
deva considerer-se fato do Estado segundo qual o evento se mantém e permanece em
os artigos 4º a 9º. desconformidade com aquela obrigação.

Art. 11. Art. 15.


Comportamento reconhecido e adotado Violação constituída por um fato composto
pelo Estado como próprio 1. A violação de uma obrigação
Um comportamento que não seja atribuível internacional por um Estado devido a uma
a um Estado nos termos dos artigos série de ações ou omissões, definida no seu
precedentes, será, não obstante, conjunto como ilícita, produz-se quando
considerado um fato daquele Estado, uma ação ou omissão, conjugada com as
segundo o Direito Internacional, se e na outras ações ou omissões, é suficiente para
medida em que esse Estado reconheça e constituir o fato ilícito.
adote esse comportamento como seu. 2. Neste caso, a violação estende-se por
todo o periodo que se incicia com a
CAPÍTULO III primeira das ações ou omissões da série e
VIOLAÇÃO DE UMA OBRIGAÇÃO mantem-se enquanto essas ações ou
INTERNACIONAL omissões se repetirem e permanecerem em
desacordo com a obrigação internacional
Art. 12. em causa.

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CAPÍTULO V
CAPÍTULO IV CIRCUNSTÂNCIAS DE EXCLUSÃO DE
RESPONSABILIDADE DE UM ESTADO ILICITUDE
EM CONEXÃO COM UM ATO DE
OUTRO ESTADO Art. 20.
Consentimento
Art. 16. O consentimento validamente prestado por
Auxílio ou assistência na comissão de fato um Estado para a comissão, por outro
internacionalmente ilícito Estado, de um fato determinado exclui a
O Estado que auxiliar ou assistir outro ilicitude de tal fato relativamente a esse
Estado na prática de um fato Estado, na medida em que o fato permaneça
internacionalmente ilícito por este último é nos limites do dito consentimento.
internacionalmente responsável por prestar
este auxílio ou assistência se: Art. 21.
a) aquele Estado age com conhecimento das Legítima defesa
circunstâncias do fato internacionalmente A ilicitude do fato de um Estado é excluída
ilícito; e se esse fato constitui uma medida lícita de
b) o fato fosse internacionalmente ilícito se legítima defesa adotada de acordo com a
fosse cometido por aquele Estado. Carta das Nações Unidas.

Art. 17. Art. 22.


Direção e controlo exercidos na prática de Contra-medidas em relação a um fato
um fato internacionalmente ilícito internacionalmente ilícito
O Estado que exerce sobre outro Estado um A ilicitude do fato de um Estado que não
poder de direção e controlo na comissão, esteja em conformidade com uma
por este, de um fato internacionalmente obrigação internacional em relação a outro
ilícito é responsável internacionalmente por Estado sera excluída se, e na medida em
aquele fato se: que, tal fato constitua uma contra-medida
a) aquele Estado assim o faz com o tomada contra o último Estado em
conhecimento das circunstâncias do fato conformidade com o Capítulo II da Terceira
internacionalmente ilícito; e Parte.
b) o fato fosse internacionalmente ilícito se
cometido pelo Estado que dirige e controla. Art. 23.
Força maior
Art. 18. 1. A ilicitude do fato de um Estado que não
Coação sobre outro Estado esteja em conformidade com uma
O Estado que coagir outro Estado a praticar obrigação internacional daquele Estado será
um fato é internacionalmente responsável excluída se o fato se der em razão de força
por esse fato se: maior, entendida como a ocorrência de uma
a) o fato constituísse, na ausência de força irresistível ou de um acontecimento
coação, um fato internacionalmente ilícito imprevisível, além do controle do Estado,
do Estado sujeito a coação; e tornando materialmente impossível, nesta
b) o Estado que exerce a coação age com circunstância, a realização da obrigação.
conhecimento das circunstâncias do 2. O parágrafo 1º não se aplica se:
referido fato. a) a situação de força maior for devida, por
si só ou em combinação com outros fatores,
Art. 19. a comportamento do Estado que a invoca;
Efeito do presente capítulo ou
O presente capítulo não prejudica a b) o Estado assumiu o risco de ocorrência
responsabilidade internacional, em virtude de tal situação.
de outras disposições dos presents artigos,
do Estado que cometa o fato em questão, ou Art. 24.
de qualquer outro Estado. Perigo extremo
1. A ilicitude do fato de um Estado que não

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esteja em conformidade com uma exclusão de ilicitude deixar de existir;
obrigação internacional desse Estado é b) a questão da indemnização por qualquer
excluída se o autor do fato em questão não prejuízo efetivo causado pelo fato em
tiver nenhum outro meio razoável, numa questão.
situação de perigo extremo, de salvar a sua
própria vida ou de outras pessoas confiadas PARTE II – O CONTEÚDO DA
à sua guarda. RESPONSABILIDADE
2. O disposto no n.º 1º não se aplica se: INTERNACIONAL DE ESTADO
a) a situação de perigo extremo resultar, CAPÍTULO I
quer unicamente, quer conjugada com PRINCÍPIOS GERAIS
outros fatores, do comportamento do
Estado que a invoque; ou Art. 28.
b) o fato em causa é suscetível de criar um Consequências jurídicas de um fato
perigo comparável ou mais grave. internacionalmente ilícito
A responsabilidade internacional de um
Art. 25. Estado que, em conformidade com as
Estado de necessidade disposições da Parte I, resulte de um fato
1. Nenhum Estado pode invocar o estado de internacionalmente ilícito, comporta as
necessidade como causa de exclusão de consequências jurídicas enunciadas na
ilicitude de um fato não conforme a uma presente Parte.
obrigação internacional daquele Estado,
salvo se tal fato: Art. 29.
a) constituir para o Estado o único meio de Manutenção do dever de cumprir a
salvaguardar um interesse essencial contra obrigação
um perigo grave e iminente; e As consequênciasjurídicas de um fato
b) não afetar gravemente um interesse internacionalmente ilícito nos termos da
essencial do Estado ou Estados presente Parte não afetam o dever
relativamente aos quais a obrigação existe, continuado do Estado responsável de
ou da comunidade internacional no seu cumprir a obrigação violada.
todo.
2. Em nenhum caso pode o Estado invocar Art. 30.
o estado de necessidade como causa de Cessação ou não-repetição
exclusão de ilicitude se: O Estado responsável pelo fato
a) a obrigação internacional em questão internacionalmente ilícito está obrigado a:
exclui a possibilidade de invocar o estado a) cessar aquele fato, se o mesmo é
de necessidade, ou contínuo;
b) o Estado contribuiu para a ocorrência do b) oferecer segurança e garantias
estado de necessidade. apropriadas de não-repetição, se as
circunstâncias o exigirem.
Art. 26.
Respeito pelas normas imperativas Art. 31.
Nada neste capítulo exclui a ilicitude de Reparação
qualquer fato de um Estado que não esteja 1. O Estado responsável fica obrigado a de
em conformidade com uma obrigação que reparar integralmente o prejuízo causado
surja de uma norma imperativa de Direito pelo fato internacionalmente ilícito.
internacional geral. 2. O prejuízo compreende qualquer dano,
material ou moral, causado pelo fato
Art. 27. Consequências da invocação de internacionalmente ilícito.
uma circunstância de exclusão de ilicitude
A invocação de uma circunstância de Art. 32.
exclusão da ilicitude, de acordo com este Irrelevância do direito interno
capítulo, não prejudica: O Estado responsável não pode iprevalecer-
a) o cumprimento da obrigação em questão, se de disposições do seu direito interno para
se e na medida em que a circunstância de justificar o incumprimento das obrigações

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que lhe incumbem em virtude da presente dano susceptível de avaliação financeira,
Parte. incluindo o lucro cessante, na medida em
que este for estabelecido.
Art. 33.
Alcance das obrigações internacionais Art. 37.
enunciadas na presente Parte Satisfação
1. As obrigações do Estado responsável 1. O Estado responsável por um fato
enunciadas na presente Parte podem ser internacionalmente ilícito tem a obrigação
devidas a um outro Estado, a vários Estados prestar satisfação pelo dano causado por
ou à comunidade internacional como um esse fato, na medida em que não possa ser
todo, dependendo, particularmente, da reparado por restituição em espécie ou
natureza e conteúdo da obrigação indemnização.
internacional violada e das circunstâncias 2. A satisfação pode consistir num
da violação. reconhecimento da violação, numa
2. A presente parte não prejudica qualquer expressão de arrependimento, num pedido
direito, decorrente da responsabilidade de desculpas formal ou em qualquer outra
internacional do Estado, que possa resultar modalidade adequada.
diretamente para uma pessoa ou entidade 3. A satisfação não deverá ser
diferente do Estado. desproporcionada em relação ao dano e não
poderá ser assumer uma forma humilhante
CAPÍTULO II para o Estado responsável.
REPARAÇÃO PELO PREJUÍZO
Art. 38.
Art. 34. Juros
Formas de reparação 1. Deverão ser pagos juros sobre qualquer
A reparação integral do prejuízo causado soma devida a título principal, se tal for
pelo fato internacionalmente ilícito necessário para assegurar a complete
assumirá a forma de restituição, reparação. A taxa de juro e a forma de
indemnização e satisfação, isolada ou cálculo deverão ser estabelecidas de forma
conjuntamente, de acordo com as a assegurar esse resultado.
disposições do presente Capítulo. 2. Os juros correm desde a data em que a
soma principal deveria ter sido paga até à
Art. 35. data em que a obrigação de pagamento for
Restituição cumprida.
O Estado responsável por um fato
internacionalmente ilícito fica obrigado à Art. 39.
restituição em espécie, isto é, a restabelecer Contribuição para o prejuízo
a situação que existia antes do fato Na determinação da reparação ter-se-á em
internacionalmente ilícito ter sido conta a contribuição para o dano, pela ação
cometido, quando e na medida em que: ou omissão dolosa ou negligente, do Estado
a) não seja materialmente impossível; lesado ou de qualquer pessoa ou entidade
b) não acarrete um encargo totalmente em relação à qual a reparação é pedida.
desproporcionado relativamente ao
benefício que derivaria da obtenção da CAPÍTULO III
restituição em vez da indemnização. VIOLAÇÕES GRAVES DE
OBRIGAÇÕES DECORRENTES DE
Art. 36. NORMAS IMPERATIVAS DE DIREITO
Indemnização INTERNACIONAL GERAL
1. O Estado responsável por um fato
internacionalmente ilícito tem obrigação de Art. 40.
indemnizar o dano causado por esse fato, Aplicação do presente Capítulo
desde que tal dano não seja reparado pela 1. O presente Capítulo é aplciável à
restituição. responsabilidade internacional decorrente
2. A indenização deverá cobrir qualquer de uma violação grave, por um Estado, de

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uma obrigação decorrente de uma norma responsabilidade de outro Estado notificará
imperativa de direito internacional geral. a sua pretensão a esse Estado.
2. A violação de uma tal obrigação é grave 2. O Estado lesado pode especificar, em
se envolve, por parte do Estado particular:
responsável, um incumprimento grave ou a) o comportamento que o Estado
sistemático no cumprimento da obrigação. responsável deve adotar com vista a fazer
cessar o fato ilícito, se este for contínuo;
Art. 41. b) a forma que a reparação deve assumir,
Consequências específicas de uma violação nos termos do disposto na Parte II.
grave de uma obrigação nos termos do
presente Capítulo Art. 44.
1. Os Estados deverão cooperar para pôr Admissibilidade do pedido
fim, através de meios lícitos, a qualquer A responsabilidade do Estado não pode ser
violação grave no sentido atribuído pelo invocada se:
artigo 40. a) a reclamação não for apresentada de
2. Nenhum Estado deve reconhecer como acordo com as normas aplicáveis em
lícita uma situação criada por uma violação material de nacionalidade das queixas;
grave no sentido do artigo 40, nem fornecer b) não forem esgotadas todas as vias de
ajuda ou assistência na manutenção dessa recurso internas disponíveis e eficazes, no
situação. caso em que à queixa seja aplicável a regra
3. Este artigo não prejudica as demais do esgotamento das vias de recurso
consequências referidas na presente Parte, internas.
nem as demais consequências que uma
violação, à qual se aplique este Capítulo, Art. 45.
possa acarretar, nos termos do Direito Renúncia ao direito de invocar a
Internacional. responsabilidade
A responsabilidade de um Estado não pode
PARTE III – IMPLEMENTAÇÃO DA ser invocada se:
RESPONSABILIDADE a) o Estado lesado renunciou validamente à
INTERNACIONAL DE UM ESTADO queixa; ou
CAPÍTULO I b) o Estado lesado deve, em virtude do seu
INVOCAÇÃO DA REPONSABILIDADE comportamento, ser considerado como
DE UM ESTADO tendo validamente dado o seu acordo à
extinção da queixa.
Art. 42.
Invocação da responsabilidade por um Art. 46.
Estado lesado Pluralidade de Estados lesados
Um Estado terá o direito, enquanto Estado No caso de vários Estados terem sido
lesado, de invocar a responsabilidade de lesados por um mesmo fato
outro Estado se a obrigação violada é internacionalmente ilícito, cada Estado
devida: lesado pode invocar separadamente a
a) a esse Estado individualmente; responsabilidade do Estado que praticou o
b) a um grupo de Estados, do qual esse fato internacionalmente ilícito.
Estado faça parte, ou à comunidade
internacional no seu todo, e a violação da Art. 47.
obrigação: Pluralidade de Estados responsáveis
i. afeta especialmente esse Estado; ou 1. Se vários Estados forem responsáveis
ii. é de tal natureza que altera radicalmente pelo mesmo fato internacionalmente ilícito,
a posição de todos os outros Estados a a responsabilidade de cada Estado poderá
quem a obrigação é devida relativamente ao ser invocada em relação a esse fato.
cumprimento ulterior dessa obrigação. 2. O disposto no n.º 1:
a) não permite a qualquer Estado lesado
Art. 43. Notificação pelo Estado lesado receber uma indemnização superior ao dano
1. Um Estado lesado que invoca a que sofreu;

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b) não prejudica qualquer direito de recurso medidas
contra os outros Estados responseveis. 1. As contra-medidas não podem afetar:
a) a obrigação de se abster da ameaça ou
Art. 48. uso de força, consagrada na Carta das
Invocação de responsabilidade por um Nações Unidas;
Estado diferente do Estado lesado: b) as obrigações relativas à proteção de
1. Qualquer Estado diferente do Estado direitos humanos fundamentais;
lesado tem o direito de invocar a c) as obrigações de caráter humanitário que
responsabilidade de um outro Estado de proibem as represálias;
acordo com o disposto no n.º 2 se: d) outras obrigações que decorram de
a) a obrigação violada é devida a um grupo normas imperativas de direito internacional
de Estados, incluindo esse Estado e é geral.
estabelecida para a proteção de um 2. Um Estado que adote contra-medidas
interesse coletivo do grupo; continua vinculado ao cumprimento das
b) a obrigação violada é devida à suas obrigações:
comunidade internacional como um todo. a) em virtude de qualquer processo de
2. Qualquer Estado que tenha o direito de solução de contriversias aplicável entre este
invocar a responsabilidade nos termos do e o Estado responsável;
n.º 1 pode exigir do Estado responsável: b) de respeitar a inviolabilidade dos
a) a cessação do fato internacionalmente agentes, locais, arquivos e documentos
ilícito e o compromisso e garantias de não siplomáticos e consulares.
repetição, de acordo com o artigo 30;
b) o cumprimento da obrigação de Art. 51.
reparação, de acordo com os artigos Proporcionalidade
precedentes, no interesse do Estado lesado As contra-medidas devem ser proporcionais
ou dos beneficiários da obrigação violada. ao dano sofrido, atendendo à gravidade do
3. As exigencies para a invocação da fato internacionalmente ilícito e aos direitos
responsabilidade por um Estado lesado nos em causa.
termos dos artigos 43, 44 e 45 são
aplicáveis à invocação da responsabilidade Art. 52.
por um Estado com o direito de o fazer nos Condições de recurso às contra-medidas
termos do n.º 1. 1. Antes de adotar contra-medidas, o Estado
lesado deve:
CAPÍTULO II a) contatar o Estado responsável, de acordo
CONTRA-MEDIDAS com o artigo 43, para que cumpra as suas
obrigações nos termos da Parte II;
Art. 49. b) notificar o Estado responsável de
Objeto e limites das contramedidas qualquer decisão de adotar contra-medidas
1. O Estado lesado apenas pode adotar e oferecer-se para negociar com esse
contra-medidas contra o Estado responsável Estado.
por um fato internacionalmente ilícito com 2. Não obstante o disposto no n.º 1, alínea
vista a levar este Estado a cumprir as suas b), o Estado lesado pode adotar contra-
obrigações de acordo com a Parte II. medidas urgentes, na meida em que sejam
2. As contra-medidas são limitadas ao necessárias para a preservação dos seus
incumprimento temporário de obrigações direitos.
internacionais do Estado que as adota 3. Não poderão ser adotadas contra-
relativamente ao Estado responsável. medidas, e se já iniciadas devem ser
3. As contra-medidas devem, na medida do suspensas sem demora injustificada, se:
possível, ser tomadas de tal modo que não a) o fato internacionalmente ilícito já tiver
impeçam a reassunção do cumprimento das cessado, e
obrigações em questão. b) o diferendo (controvérsia) estiver
pendente perante um tribunal internacional
Art. 50. com autoridade para proferir decisões
Obrigações não afetadas pelas contra- vinculativas para as partes.

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4. O disposto no n.º 3 não se aplica se o
Estado responsável não implementar o Art. 58.
processo de resolução de diferendos Responsabilidade individual
(solução de controvérsias) de boa fé. Estes artigos não prejudicam a
responsabilidade individual, nos termos do
Art. 53. Direito Internacional aplicável, de qualquer
Cessaçãoo das contra-medidas pessoa que tenha agido em nome de um
As contramedidas devem cessar logo que o Estado.
Estado responsável tenha cumprido as suas
obrigações nos termos da Parte II, Art. 59.
relativamente ao fato internacionalmente Carta das Nações Unidas
ilícito. Estes artigos não prejudicam o disposto na
Carta das Nações Unidas.
Art. 54.
Medidas adotadas por Estados diferentes
de um Estado lesado
O disposto no presente Capítulo não
prejudica o direito de qualquer Estado, com
legitimidade, nos termos do artigo 48, n.º 1,
para invocar a responsabilidade de um
outro Estado, adotar medidas lícitas contra
esse Estado para assegurar a cessação da
violação e a reparação no interesse do
Estado lesado ou dos beneficiaries da
obrigação violada.

PARTE IV – DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 55.
Lex specialis
Os presentes artigos não se aplicam quando
e na medida em que as condições para a
verificação de um fato internacionalmente
ilícito ou o

Art. 56.
Questões de responsabilidade do Estado
não reguladas por estes artigos
As normas aplicáveis de Direito
Internacional continuam a regular as
matérias relativas à responsabilidade de um
Estado por um fato internacionalmente
ilícito na medida em que tais matérias não
sejam reguladas por estes artigos.

Art. 57.
Responsabilidade de uma organização
internacional
Estes artigos não prejudicam a
responsabilidade, nos termos do Direito
Internacional aplicável, de uma organização
internacional, ou de qualquer Estado, pelo
comportamento de uma organização
internacional.

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