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Titulo do trabalho

Responsabilidade internacional dos Estados e o direito do mar nos estados arquipelágicos

Disciplina: Direito penal

Titulo do trabalho

Responsabilidade internacional dos Estados e o direito do mar nos estados arquipelágicos

Nome: Nogueira Da Conceição Gomes 96210321


Índice
INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 5

Objectivos............................................................................................................................ 5

Objectivos gerais ................................................................................................................. 5

Objectivos específicos ......................................................................................................... 5

Metodologias ....................................................................................................................... 5

Conceito .............................................................................................................................. 6

A responsabilidade internacional dos direitos e o direito do mar nos estados arquipelágicos.


............................................................................................................................................. 6

PRINCÍPIOS GERAIS ........................................................................................................ 6

ATRIBUIÇÃO DA CONDUTA A UM ESTADO ............................................................. 7

RESPONSABILIDADE DE UM ESTADO EM CONEXÃO COM UM ATO DE OUTRO


ESTADO ............................................................................................................................. 7

Direito Interno e Direito Internacional ................................................................................ 8

Doutrina............................................................................................................................... 8

Legislação............................................................................................................................ 8

Código Civil: ....................................................................................................................... 8

Jurisprudência...................................................................................................................... 9

A CONVENÇÃO DE DIREITOS DO MAR ..................................................................... 9

DIREITOS E DEVERES ESTABELECIDOS NA NAVEGAÇÃO INTERNACIONAL


........................................................................................................................................... 10

OS PORTOS, ANCORADOUROS, ILHAS E ESTADOS ARQUIPÉLAGOS .............. 12

ARTIGO 11 ....................................................................................................................... 12

ARTIGO 12 ....................................................................................................................... 12

Ancoradouros .................................................................................................................... 12

DIREITOS E DEVERES ESTABELECIDOS NA NAVEGAÇÃO INTERNACIONAL


........................................................................................................................................... 12

ESTREITOS, CANAIS E ARQUIPÉLAGOS .................................................................. 13


Conclusão .......................................................................................................................... 16

Referências bibliográficas ................................................................................................. 17


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INTRODUÇÃO
A base fundamental da responsabilidade internacional está amparada na noção de que o Estado
é responsável pela prática de um ato ilícito segundo o direito internacional deve ao Estado a
que tal ato tenha causado danos uma reparação adequada.

A responsabilidade internacional do Estado é o instituto jurídico em virtude do qual o Estado a


que é imputado um ato ilícito segundo o direito internacional deve uma reparação ao Estado
contra o qual este ato foi cometido. Ou seja, a responsabilidade internacional do Estado decorre
de uma transgressão a norma jurídica internacional, bem como a incidência de uma conduta de
natureza dolosa ou culposa do autor, ensejando, assim, a discussão sobre a responsabilidade
subjetiva e a objetiva.

Pela subjetiva, além do descumprimento de uma norma ou obrigação jurídica internacional por
parte de um Estado, deve este também ter agido com dolo ou culpa para que seja considerado
responsável no plano internacional.

No que tange à responsabilidade objetiva do Estado, está é constituída pelo descumprimento de


uma obrigação jurídica internacional independentemente da existência de culpa ou dolo,
garantindo, portanto, maior segurança jurídica no campo das relações internacionais.

Objectivos
Objectivos gerais
 Conhecer a responsabilidade internacional dos direitos e o direito do mar nos estados
arquipelágicos.

Objectivos específicos
 Conhecer os princípios gerais;
 Descrever a atribuição da conduta a um estado;
 Conhecer a responsabilidade de um estado em conexão com um ato de outro estado;
 Conhecer a convenção de direitos do mar.

Metodologias
Para materialização deste trabalho foi necessário o uso de matérias como revistas, métodos ou
consultas bibliográficas, livros e manuais.
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Conceito
A responsabilidade internacional dos direitos e o direito do mar nos estados
arquipelágicos.
Para o direito internacional, o Estado é o responsável por um ato ilícito que tenha causado por
este determinado Estado. Assim como as pessoas físicas e jurídicas podem sofrer as implicações
da responsabilidade civil, os Estados podem vir a responder por responsabilidade internacional.

Para que seja possível a responsabilidade internacional, é necessário a violação a uma norma
de direito de gentes e que tenha resultado um dano para outro Estado ou organização.

Dentre os elementos essenciais da responsabilidade internacional, o primeiro deles é o ato


ilícito, sendo a responsabilidade da conduta ilícita de um Estado ou organização.

O responsável pela prática do ato ilícito será o Estado ou organização que tenha praticado o
referido ato ilícito e tenha prejudicado outra nação ou organização, sendo que os sujeitos da
responsabilidade devem ser, ambos, pessoas jurídicas de direito internacional.

Destaque-se que o Estado só responderá pela ação de particulares quando não houver repressão
ou prevenção de tais ações, tratando-se, pois, de um caso de exceção.

PRINCÍPIOS GERAIS
Art. 1º A responsabilidade do Estado por seus atos internacionalmente ilícitos

Todo ato internacionalmente ilícito de um Estado acarreta sua responsabilidade internacional.

Art. 2º Elementos de um ato internacionalmente ilícito do Estado

Há um ato internacionalmente ilícito do Estado quando a conduta, consistindo em uma ação ou


omissão:

 É atribuível ao Estado consoante o Direito Internacional; e


 Constitui uma violação de uma obrigação internacional do Estado.

Art. 3º Caracterização de um ato de um Estado como internacionalmente ilícito A


caracterização de um ato de um Estado, como internacionalmente ilícito, é regida pelo Direito
Internacional. Tal caracterização não é afetada pela caracterização do mesmo ato como lícito
pelo direito interno.
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ATRIBUIÇÃO DA CONDUTA A UM ESTADO


Art. 4º Conduta dos órgãos de um Estado

 Considerar-se-á ato do Estado, segundo o Direito Internacional, a conduta de qualquer


órgão do Estado que exerça função legislativa, executiva, judicial ou outra qualquer que
seja sua posição na organização do Estado -, e independentemente de se tratar de órgão
do governo central ou de unidade territorial do Estado.
 Incluir-se-á como órgão qualquer pessoa ou entidade que tenha tal status de acordo com
o direito interno do Estado.

RESPONSABILIDADE DE UM ESTADO EM CONEXÃO COM UM ATO DE OUTRO


ESTADO
Art. 16. Auxílio ou assistência no cometimento de um ato internacionalmente ilícito

Um Estado que auxilia ou assiste outro Estado a cometer um ato internacionalmente ilícito é
internacionalmente responsável por prestar este auxílio ou assistência se:

 Aquele Estado assim o faz conhecendo as circunstâncias do ato internacionalmente


ilícito; e
 O ato fosse internacionalmente ilícito se cometido por aquele Estado.

Art. 17. Direção e controle exercido ao cometer um ato internacionalmente ilícito.

Um Estado que dirige e controla outro Estado no cometimento de um ato


internacionalmente ilícito é responsável internacionalmente por aquele ato se:

 Aquele Estado assim o faz com o conhecimento das circunstâncias do ato


internacionalmente ilícito; e
 O ato fosse internacionalmente ilícito se cometido pelo Estado que dirige e controla.

Art. 18. Coação de outro Estado

Um Estado que coage outro Estado a cometer um ato é internacionalmente responsável se:

a) em não havendo coação, tal ato constituísse um ato internacionalmente ilícito do Estado
coagido; e

b) o Estado que coage o faz conhecendo as circunstâncias do ato.

Art. 19. Efeito deste Capítulo


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Este capítulo não prejudica a responsabilidade internacional, em outras previsões destes artigos,
do Estado que comete o ato em questão, ou qualquer outro Estado.

Direito Interno e Direito Internacional


A relação entre direito internacional e direito interno é “essencialmente dinâmica e
potencialmente mutável”, dado o dinamismo dos sistemas jurídicos, tanto internacional quanto
nacional, não havendo qualquer relação estática entre eles1.

Kelsen, define o direito internacional como “um complexo de normas que regulam a
conduta recíproca dos Estados”3. O modelo predominante era o tradicional, no qual o Estado
era o principal sujeito do direito internacional, sendo este basicamente considerado como “um
direito das relações entre Estados”

Doutrina
Francisco Rezeck leciona sobre o tema: “O Estado responsável pela prática de um ato
ilícito segundo o direito internacional deve ao Estado a que tal ato tenha causado dano uma
reparação adequada. É essa, em linhas simples, a ideia da responsabilidade internacional.
Cuida-se de uma relação entre sujeitos de direito das gentes: tanto vale dizer que, apesar de
deduzido em linguagem tradicional, com mera referência a Estados, o conceito se aplica
igualmente às organizações internacionais. Uma organização pode, com efeito, incidir em
conduta internacionalmente ilícita, arcando assim com sua responsabilidade perante aquela
outra pessoa jurídica de direito das gentes que tenha sofrido o dano; e pode, por igual, figurar a
vítima do ilícito, tendo neste caso direito a uma reparação”.

(RESECK, Francisco. Direito internacional público: curso elementar, 17. ed.,


São Paulo: Saraiva Jur, 2019, pag. 337).

Legislação
Código Civil:
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a
repará-lo.

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos
específicos em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano
implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
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Jurisprudência
A Corte Internacional de Direitos Humanos, por sua vez, é uma instituição judiciária autônoma
cujo objetivo é a aplicação e a interpretação da Convenção Americana sobre Direitos Humanos,
possuindo atribuição jurisdicional e consultiva, de acordo com o art. 2º, de seu respectivo
Estatuto. 5. As deliberações internacionais de direitos humanos decorrentes dos processos de
responsabilidade internacional do Estado podem resultar em: recomendação; decisões quase
judiciais e decisão judicial. A primeira revela-se ausenta de qualquer caráter vinculantes,
ostentando mero caráter “moral”, podendo resultar dos mais diversos órgãos internacionais. Os
demais institutos, porém, situam-se no âmbito do controle, propriamente dito, da observância
dos direitos humanos. […].

(STJ – HC 379269 MS 2016/0303542-3, Terceira Turma, Rel. Ministro


Reynaldo Soares da Fonseca, DJE 30/06/2017).

A CONVENÇÃO DE DIREITOS DO MAR


A Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM), frequentemente referida
pelo acrónimo em inglês UNCLOS (de United Nations Convention on the Law of the Sea), é
um tratado multilateral celebrado sob os auspícios da ONU em Montego Bay, Jamaica, a 10 de
Dezembro de 1982, que define e codifica conceitos herdados do direito internacional
costumeiro referentes a assuntos marítimos, como mar territorial, zona econômica exclusiva,
plataforma continental e outros, e estabelece os princípios gerais da exploração dos recursos
naturais do mar, como os recursos vivos, os do solo e os do subsolo. A Convenção também
criou o Tribunal Internacional do Direito do Mar, competente para julgar as controvérsias
relativas à interpretação e à aplicação daquele tratado.

O texto do tratado foi aprovado durante a Terceira Conferência das Nações Unidas sobre
o Direito do Mar, que se reuniu pela primeira vez em Nova York em dezembro de 1973,
convocada pela Resolução no. 3067 (XXVIII) da Assembleia-Geral da ONU, de 16 de
novembro do mesmo ano. Participaram da conferência mais de 160 Estados.

O Brasil, que ratificou a Convenção em dezembro de 1988, ajustou seu Direito Interno,
antes de encontrar-se obrigado no plano internacional. A Lei n. 8.617, de 4 de janeiro adota o
conceito de zona econômica exclusiva para as 188 milhas adjacentes.

A Convenção regula uma grande província do direito internacional, a saber, o direito do


mar, que compreende não apenas as regras acerca da soberania do Estado costeiro sobre as
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águas adjacentes (e, por oposição, conceitua o alto-mar), mas também as normas a respeito da
gestão dos recursos marinhos e do controle da poluição.

Em dezembro de 1973, foi convocada a Terceira Conferência das Nações Unidas sobre
Direitos do Mar, com a presença de 164 Estados (membros e não-membros da ONU), que
logrou adotar uma Convenção sobre o Direito do Mar, mediante a votação de 130 Estado-a-
favor, 4 contra (Estados Unidos da América, Venezuela, Israel e Turquia) e 17 abstenções tendo
sido assinado em Montego Bay, na Jamaica, em 10 de dezembro de 1982.

DIREITOS E DEVERES ESTABELECIDOS NA NAVEGAÇÃO INTERNACIONAL


Segundo a Convenção, os navios estrangeiros estão sujeitos à jurisdição do Estado em cujas
águas se encontrem; excetuam-se os navios militares e os de Estado, que gozam de imunidade
de jurisdição. Os navios estrangeiros encontrados no mar territorial e na ZEE gozam do
chamado "direito de passagem inocente", definida como contínua, rápida e ordeira. No entanto,
o Estado costeiro tem o direito de regulamentar este tipo de passagem, de modo a prover a
segurança da navegação, proteção de equipamentos diversos e a proteção do meio ambiente.

O regime jurídico do alto mar importa em reconhecer aos Estados alguns direitos sobre ele.
Tais direitos, internacionalmente reconhecidos, são os seguintes: a) liberdade de navegação e
sobrevoo; b) a liberdade da pesca; c) o direito de efetuar instalações de cabos submarinos e
oleodutos. Essa enumeração é meramente exemplificativa.

Vejamos cada um desses direitos:

1. Liberdade de navegação e sobrevoo: No alto mar, como está redigido em vários acordos,
todas as embarcações navegam livremente, sem que tenham que se submeter às leis de outra
bandeira que não a sua, como esclareceu Gilda Maciel Corrêa Russomano (Direito
Internacional Público, pág. 296 e 297). Sabe-se que, atualmente, pode-se dizer que essa
liberdade se encontra um tanto reduzida, com o aparecimento da Zona Econômica Exclusiva,
com a extensão de 200 milhas a partir da linha costeira. Esse mesmo princípio de liberdade é
reconhecido com relação ao sobrevoo em alto mar de aeronaves de qualquer natureza
(comerciais ou militares). O espaço aéreo sobre o alto mar é tão livre quanto as águas que o
banham. O mesmo não ocorre com o espaço aéreo sobre o mar territorial, onde o Estado costeiro
exerce soberania. Mas, mesmo nesse caso, a liberdade de sobrevoo inocente não exclui a
possibilidade de aterrisagem forçada, em caso de pane na aeronave ou outros motivos de força
maior;
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2. Liberdade de pesca: A liberdade de pesca em alto mar é um direito inerente a todos os


Estados (inclusive aqueles sem litoral), desde que respeitados certos princípios ambientais,
vedado qualquer impedimento ao exercício de atividade licita. São frequentes acordos bilaterais
na matéria que devem respeitar os limites já estabelecidos, inclusive pela Comissão de Direito
Internacional da ONU, da liberdade que todo Estado tem de exercer pesca em alto mar, como
ensinou Oyama Cesar Ituassú (Curso de direito internacional público, pág. 440 a 441);

3. Direito de efetuar instalações de cabos submarinos e oleodutos. Assim o direito de


instalar cabos submarinos em alto mar é reconhecido desde 1854, quando o primeiro tratado
sobre o assunto (que jamais foi aplicado) foi concluído;

No que concerne à liberdade do alto mar fala-se no Código Internacional de Sinais, além de
outros sistemas internacionais de proteção, como a Convenção de Bruxelas de 1910, sobre a
abordagem e assistência, às de Londres de 1914 e 1929, referentes à salvaguarda da vida
humana no mar e a Organização Meteorológica Mundial, criada em Washington, em 1947.

No que tange à repressão de delitos internacionais existem regras de combate ao tráfico de


pessoas e à pirataria. Desde 1815, se condena a escravidão e a medida coercitiva tomada a
respeito importa em restrição à liberdade do mar. Por sua vez, a pirataria consiste no saque,
depredação ou apresamento efetuados, em geral diante de violência, a navio ou outra
embarcação, com fins eminentemente privados. O criminoso internacional chamado de pirata
age em nome próprio, sendo considerado apátrida em sua atividade ilícita. Por isso mesmo está
sujeito à polícia de todos os Estados.

Segundo Gidel, citado por Hidelbrando Accioly (Tratado de direito internacional


público, volume II, pág. 152), a expressão águas interiores podem ser tomadas em dois sentidos:
geográfico ou jurídico. No primeiro, compreende as águas encerradas no território do Estado
(cercadas de terras por todos os lados, tais como os lagos ou mares internos); no segundo,
compreende as que se encontram aquém da linha da base ou de partida do mar territorial. Neste
último caso, tais águas passam a se encontrar diretamente submetidas ao Direito Internacional
Público, tendo sido neste sentido sua regulamentação pela Convenção de Montego Bay de 1982.

As águas interiores às quais se refere a Convenção são águas que fazem parte do mar aberto,
não sendo “interiores” propriamente ditas. Trata-se de uma ficção jurídica, uma vez que as
mesmas não chegam a penetrar no território do Estado. Tais águas localizam-se entre a costa e
a linha de base do mar territorial do Estado e constituem parte do território nacional. Por isso é
que não se reconhece a navegação estrangeira de qualquer Estado o direito de passagem
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inocente nas águas internas, ao contrário do que sucede no mar território, à exceção do artigo
8º, § 2º, da Convenção que será aplicado quando o traçado de uma linha de base reta produz o
efeito de encerrar como águas interiores zonas que, anteriormente, se consideravam como parte
do mar territorial ou do alto mar.

OS PORTOS, ANCORADOUROS, ILHAS E ESTADOS ARQUIPÉLAGOS


Por sua vez, os artigos 11 e 12 do Decreto 99.165, de 12 de março de 1990, que
promulgou a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos do Mar, definiu:

ARTIGO 11
Portos

Para efeitos de delimitação do mar territorial, as instalações portuárias permanentes


mais ao largo da costa que façam parte integrante do sistema portuário são consideradas como
fazendo parte da costa. As instalações marítimas situadas ao largo da costa e as ilhas artificiais
não são consideradas instalações portuárias permanentes.

ARTIGO 12
Ancoradouros
Os ancoradouros utilizados habitualmente para carga, descarga e fundeio de navios, os
quais estariam normalmente situados, inteira ou parcialmente, fora do traçado geral do limite
exterior do mar territorial, são considerados como fazendo parte do mar territorial.

Para efeitos da medição da distância à costa, as baías e estuários são fechadas por linhas
retas (chamadas linhas-de-base), para o interior das quais fica a porção marinha das águas
interiores. As ilhas e estados arquipelágicos têm direito a definir a sua ZEE, mas excetuam-se
as ilhas artificiais ou plataformas, assim como os rochedos sem condições de habitabilidade. A
Convenção estabelece ainda que o limite da ZEE de estados com costas fronteiras, cuja
distância, em alguma porção, seja inferior a 400 milhas, deve ser a linha média entre as suas
costas, o que deve ser estabelecido por acordo entre os Estados. No que respeita aos Estados
sem litoral, a Convenção estabelece que esses países têm direito de participar, em base
equitativa, do aproveitamento excedente dos recursos vivos (não recursos minerais, portanto)
das zonas econômicas exclusivas de seus vizinhos, mediante acordos regionais e bilaterais.

DIREITOS E DEVERES ESTABELECIDOS NA NAVEGAÇÃO INTERNACIONAL


Segundo a Convenção, os navios estrangeiros estão sujeitos à jurisdição do Estado em
cujas águas se encontrem; excetuam-se os navios militares e os de Estado, que gozam de
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imunidade de jurisdição. Os navios estrangeiros encontrados no mar territorial e na ZEE gozam


do chamado "direito de passagem inocente", definida como contínua, rápida e ordeira. No
entanto, o Estado costeiro tem o direito de regulamentar este tipo de passagem, de modo a
prover a segurança da navegação, proteção de equipamentos diversos e a proteção do meio
ambiente.

O regime jurídico do alto mar importa em reconhecer aos Estados alguns direitos sobre
ele. Tais direitos, internacionalmente reconhecidos, são os seguintes: a) liberdade de navegação
e sobrevoo; b) a liberdade da pesca; c) o direito de efetuar instalações de cabos submarinos e
oleodutos. Essa enumeração é meramente exemplificativa.

ESTREITOS, CANAIS E ARQUIPÉLAGOS


Os estreitos e canais marítimos são vias de comunicação entre dois mares. Distinguem-
se uns dos outros em que os primeiros são vias naturais e os segundos obras do desforço
humano.

Estreitos. Nos estreitos a que se refere, todos os navios e aeronaves gozam do direito de
passagem em trânsito que não será impedido a não ser que o estreito seja formado por uma ilha
de um Estado ribeirinho deste estreito e o seu território continental e do outro lado da ilha exista
uma rota de alto mar ou uma rota que passe por uma zona econômica exclusiva, igualmente
conveniente pelas suas características hidrográficas e de navegação. Passagem em trânsito
significa o exercício da liberdade de navegação exclusivamente para fins de trânsito contínuo e
rápido pelo estreito entre uma parte do alto mar ou de uma zona econômica exclusiva e uma
outra parte do alto mar ou uma zona econômica exclusiva. Contudo, a exigência de trânsito
contínuo e rápido não impede a passagem pelo estreito para entrar no território do Estado
ribeirinho ou dele sair ou a ele regressar sujeito às condições que regem a entrada no território
desse Estado. Qualquer atividade que não constitua um exercício do direito de passagem em
trânsito por um estreito fica sujeita às demais disposições aplicáveis da presente Convenção.

Deveres dos navios e aeronaves durante a passagem em trânsito por estreitos e canais. Ao
exercerem o direito de passagem em trânsito, os navios e aeronaves devem:

 Atravessar o estreito sem demora;


 Abster-se de qualquer ameaça ou uso de força contra a soberania, a integridade
territorial ou a independência política dos Estados ribeirinhos do estreito ou de qualquer
outra ação contrária aos princípios de direito internacional enunciados na Carta das
Nações Unidas;
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 c) Abster-se de qualquer atividade que não esteja relacionada com as modalidades


normais de trânsito contínuo e rápido, salvo em caso de força maior ou de dificuldade
grave;
 d) Cumprir as demais disposições pertinentes da presente parte.
 e) Cumprir os regulamentos, procedimentos e práticas internacionais de segurança no
mar geralmente aceites, inclusive as Regras Internacionais para a Prevenção de
Abalroamentos no Mar;
 f) Cumprir os regulamentos, procedimentos e práticas internacionais geralmente aceites
para a prevenção, a redução e a controlo da poluição proveniente de navios.

Canais. Estão sujeitos à soberania do Estado ou Estados por eles atravessados. Formam as
Servidões Internacionais. Daí porque, na prática, estarem sujeitos a regimes internacionais.
Exemplos de canais marítimos são: o Canal de Suez, no Egito, o Canal do Panamá, e o diminuto
Canal de Corinto, na Grécia, dentre outros.

Arquipélagos. Direito de passagem pelas rotas marítimas arquipelágicas. O Estado


arquipélago pode designar rotas marítimas e rotas aéreas a elas sobrejacentes adequadas à
passagem contínua e rápida de navios e aeronaves estrangeiros por ou sobre as suas águas
arquipelágicas e o mar territorial adjacente.

Todos os navios e aeronaves gozam do direito de passagem pelas rotas marítimas


arquipelágicas, em tais rotas marítimas e aéreas.

A passagem pelas rotas marítimas arquipelágicas significa o exercício, de conformidade com a


presente Convenção, dos direitos de navegação e sobrevoo de modo normal, exclusivamente
para fins de trânsito contínuo, rápido e sem entraves entre uma parte do alto mar ou de uma
zona econômica exclusiva e uma outra parte do alto mar ou de uma zona econômica exclusiva.

Tais rotas marítimas e aéreas atravessarão as águas arquipelágicas e o mar territorial


adjacente e incluirão todas as rotas normais de passagem utilizadas como tais na navegação
internacional através das águas arquipelágicas ou da navegação aérea internacional no espaço
aéreo sobrejacente e, dentro de tais rotas, no que se refere a navios, todos os canais normais de
navegação, desde que não seja necessário uma duplicação de rotas com conveniência similar
entre os mesmos pontos de entrada e de saída.

Tais rotas marítimas e aéreas devem ser definidas por uma série de linhas axiais contínuas desde
os pontos de entrada das rotas de passagem até aos pontos de saída. Os navios e aeronaves, na
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sua passagem pelas rotas marítimas arquipelágicas, não podem afastar-se mais de 25 milhas
marítimas para cada lado dessas linhas axiais, ficando estabelecido que não possam navegar a
uma distância da costa inferior a 10% da distância entre os pontos mais próximos situados em
ilhas que circundam as rotas marítimas.

O Estado arquipélago que designe rotas marítimas de conformidade com o presente


artigo pode também estabelecer sistemas de separação de tráfego para a passagem segura dos
navios através de canais estreitos em tais rotas marítimas.

O Estado arquipélago pode, quando as circunstâncias o exijam, e após ter dado a devida
publicidade a esta medida, substituir por outras rotas marítimas ou sistemas de separação de
tráfego quaisquer rotas marítimas ou sistemas de separação de tráfego por ele anteriormente
designados ou prescritos.

Tais rotas marítimas e sistemas de separação de tráfego devem ajustar-se à regulamentação


internacional geralmente aceite.

Ao designar ou substituir rotas marítimas ou estabelecer ou substituir sistemas de


separação de tráfego, o Estado arquipélago deve submeter propostas à organização
internacional competente para a sua adoção. A organização só pode adotar as rotas marítimas e
os sistemas de separação de tráfego acordados com o Estado arquipélago, após o que o Estado
arquipélago pode designar, estabelecer ou substituir as rotas marítimas ou os sistemas de
separação de tráfego.

O Estado arquipélago indicará claramente os eixos das rotas marítimas e os sistemas de


separação de tráfego por ele designados ou prescritos em cartas de navegação, às quais dará a
devida publicidade.

Os navios, durante a passagem pelas rotas marítimas arquipelágicas, devem respeitar as


rotas marítimas e os sistemas de separação de tráfego aplicáveis, estabelecidos de conformidade
com o presente artigo.

Se um Estado arquipélago não designar rotas marítimas ou aéreas, o direito de passagem


por rotas marítimas arquipelágicas pode ser exercido através das rotas utilizadas normalmente
para a navegação internacional.
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Conclusão
Chegando nesta apenas uma parcela da magnitude que envolve e engloba o Direito
Internacional, qual seja, Convenção de Montego Bay e a Jurisdição do Tribunal Internacional
do Direito do Mar, buscou-se mostrar a importância da ausência de barreiras entre os Estados,
e ao mesmo tempo uma delimitação do que pertence a cada Estado e do que é bem comum da
humanidade.

Conclui-se, assim, e por todo o exposto, bem como por toda a pesquisa realizada, que a
cooperação internacional entre todos os países é de extrema importância para a diminuição dos
conflitos que possam surgir em âmbito global, bem como para a preservação do meio ambiente
como um todo.

Mesmo com a existência de Cortes internacionais para tornar efetivo o cumprimento das
Convenções ratificas pelos Estados que se tornaram partes, é necessário que haja um
comprometimento pelos Estados para que cada vez mais a jurisdição seja o último recurso para
a solução das controvérsias, para que possa sempre haver possibilidade de resolução de
conflitos através de meios como a negociação entre Estados e seus governos, buscando sempre
os interesses comuns, e se possível, o respeito, acima de tudo, pelos Tratados Internacionais de
caráter erga omnes.
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Referências bibliográficas
ACCIOLY, Hildebrando; SILVA, Geraldo Eulálio do Nascimento. Manual de Direito
Internacional Público. 12. ed. São Paulo: Saraiva, 1996.

Kelsen mudou sua concepção em relação ao direito, ao longo de sua vida; na obra Teoria Geral
do Direito e do Estado, a diferença entre Direito Interno e Direito Internacional é relative e
reside no grau de descentralização (ou centralização) encontrado no Direito; ver: KELSEN,
Hans; Teoria Geral do Direito e do Estado, 3ª ed., São Paulo, Editora Martins Fontes, 1998, p.
463 a 466.

AMARAL JÚNIOR, Alberto do. Manual de Direito Internacional. São Paulo: Editora
Saraiva. 2013.

CASELLA, Paulo Borba. Manual de Direito Internacional Público. São Paulo: Editora
Saraiva. 19. Ed. 2011.

PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Manual de Direito Internacional Público e Privado.


3. Ed. Salvador: Editora JusPodovim, 2011.

REZEK, J. F. Direito Internacional Público. 7ed. São Paulo: Saraiva.

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