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Psicologia Geral

Apontamentos de: Célia Silva


E-mail: celiamrgsilva@gmail.com
Data: 2010/2011

Bibliografia: Pinto, Amâncio da Costa (2001). Psicologia Geral. Lisboa: Universidade Aberta.

Nota:

Este documento é um texto de apoio gentilmente disponibilizado pelo seu autor, para que possa auxiliar ao estudo dos colegas. O
autor não pode de forma alguma ser responsabilizado por eventuais erros ou lacunas existentes. Este documento não pretende
substituir o estudo dos manuais adoptados para a disciplina em questão.

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CAPÍTULO 1
Psicologia: Introdução geral

PSICOLOGIA CIENTÍFICA:
• Estudo científico do comportamento e da mente em termos de organização e diversidade
• Objectivo: descobrir leis e regularidades entre fenómenos (à semelhança das ciências físicas e
biológicas), formulando modelos e teorias consistentes para compreender, explicar e prever
fenómenos humanos.
• Ao contrário da Psicologia enquanto ciência, a psicologia popular ou de senso comum
apresenta um corpo de saberes praticamente imutável ao longo dos tempos, possuindo uma
especificidade própria

PSICOLOGIA POPULAR:
• Possui alguns aspectos em comum, em termos de conteúdo, com a Psicologia científica,
contudo:
carece de consciência interna
é contraditório nas suas afirmações
as fronteiras do saber são obscuras e indefinidas
as circunstâncias da sua aplicação são vagas e confusas

Âmbito da Psicologia Científica:


• O objecto da psicologia é analisado sob difentes perspectivas (exemplo: ira e cólera)
BIOLÓGICA – A ira pode ser analisada a partir da activação de circuitos neuronais do
cérebro; lesões cerebrais provocadas pelo parto; alterações cromossomáticas ou genéticas
e presença ou ausência de certo nível hormonal no organismo
COMPORTAMENTAL - gestos e expressões faciais.
COGNITIVA: experiências passadas, o modo como as organiza, representa e manifesta;
a forma como tais vivências afectam a maneira de pensar e raciocinar em situações
específicas.
SÓCIO-CULTURAL: pertença a grupos sociais, meio residencial, contextos em que há
ou não público (os acessos de ira são raros na ausência de público)
PSICANALÍTICA: conflitos parentais não resolvidos; traumatismos de natureza sexual
reprimidos.
FENOMENOLÓGICA: história de vida da pessoa; a imagem que tem de si própria e o
controlo que julga ter sobre as situações.

Marcos da história da Psicologia:


• Surgiu e desenvolveu-se na Europa, onde se verificaram contribuições notáveis
Wundt
ƒ definiu a Psicologia como a ciência da consciência, e propôs a introspecção
como método de estudo da experiência imediata (realizou vários estudos
sensoriais)
ƒ Fundou o 1º laboratório de psicologia experimental, possibilitando a
autonomização da psicologia como ciência
ƒ A sua psicologia partia para a síntese dos elementos em compostos, e para o
estabelecimento de leis e princípios que governavam esses compostos e
estruturas psicológicas Ù Psicologia estruturalista
Ebbinghaus
ƒ Realizou estudos experimentais sobre memória e esquecimento
Freud
ƒ Atribuiu ao inconsciente um papel fundamental na origem das desordens do
comportamento
ƒ Propôs a psicanálise como método de tratamento
Pavlov
ƒ Fez descobertas no domínio do condicionamento com aplicação ao estudo da
aprendizagem
Galton
ƒ Investigou e desenvolveu o tema das diferenças individuais

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Binet
ƒ Elaborou uma escala de medida da actividade intelectual, influenciando, dessa
forma, a psicologia aplicada ao longo do sec XX
Piaget
ƒ Fez descobertas no domínio do desenvolvimento intelectual da criança e do
adolescente
Wertheimer, Kohler e Koffka
ƒ Defendem que os fenómenos perceptivos eram percebidos no seu todo, em vez
de nos seus elementos constituintes Ù Psicologia da forma ou gestaltismo (O
todo é mais do que a soma das suas partes)
John Watson
ƒ Criador do Beaviorismo, que rejeita qualquer recurso à introspecção,
pretendendo reduzir a psicologia a uma ciência natural, tendo por objecto o
comportamento observável, excluindo os processos mentais (memória,
vontade, etc)
ƒ Considera que a consciência é um fenómeno privado e apenas o comportamento
da pessoa, uma resposta pública Ù o que interessa é a resposta do organismo
a um estímulo ou situação
George Miller
ƒ Refutou a visão simplista do Beaviorismo
ƒ Defendeu que o Homem é um processador e um intérprete activo do meio
ambiente que o rodeia, respondendo em função da própria experiência
ƒ As pessoas são vistas como organismos activos que, no dia-a-dia, usam planos,
estratégias e regras de acção

Psicologia Cognitiva (Neisser, 1967)


ƒ Estudo dos processos pelos quais uma pessoa capta, retém, manipula e recupera a
informação
ƒ Consideram o Beaviorismo um sistema incompleto em termos de explicação do
comportamento
ƒ Acham que a explicação do comportamento passa pela explicação ao nível dos processos
e representações mentais da pessoa, crenças e intenções

Psicologia e ciências afins:


ƒ Apresenta similiaridades com outras ciências: sociologia (estuda o comportamento de grupos em larga
escala); antropologia (estuda o modo como o Homem forma comunidades e evolui ao longo dos
tempos); biologia (estuda a origem, desenvolvimento, funções, estruturas e reprodução dos seres
vivos)
ƒ A psicologia estuda o comportamento de animais e pessoas, individualmente ou em pequenos
grupos, bem como a organização mental da pessoa, as suas estruturas e funções, e o modo como
estas afectam o comportamento,

Métodos psicológicos:
• MÉTODO: procedimento ou técnica específica para recolha e análise de dados
• MÉTODOS PSICOLÓGICOS MAIS COMUNS DE RECOLHA DE DADOS:
Observação Naturalista: Recolha atenta e cuidada de dados de animais e pessoas no seu
ambiente natural. A observação é realizada de modo flexível e sem qualquer restrição (Margaret
Mead). Este método tem sido utilizado, em psicologia, para estudar, entre outros, o
comportamento social das crianças na escola
Estudo de Casos: Refere-se à descrição detalhada de um único indivíduo em termos de passado
ou história usando-se, por vezes, a entrevista, fazendo avaliações ou aplicando testes e discutindo
os resultados.
Considerado, em psicologia, o menos científico dos métodos empíricos (envolve o caso específico
de 1 só pessoa; interpreta o comportamento sob uma perspectiva teórica; etc)
Questionários: São formados por um conjunto de perguntas planeadas sobre um certo tema, para
serem administradas a um grande número de pessoas, com o objectivo de se obter informação
sobre atitudes, opiniões e comportamentos
Têm como vantagem o permitir a recolha de muita informação em pouco tempo e, como
limitações a questão da fiabilidade das respostas, do contexto em que é aplicado e a capacidade do
entrevistador em conseguir colaboração/ cooperação dos entrevistados

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Método Correlacional: Tem por objectivo determinar uma relação entre duas ou mais variáveis,
podendo esta ser positiva, negativa ou inexistente. O tipo de relação é determinado a partir de uma
analise estatística: o teste de correlação (usado para determinar os índices de fidelidade e
validade).
Limitações: a incapacidade de estabelecer uma relação causal entre variáveis que apresentam um
coeficiente de correlação elevado
Método dos Testes: São métodos objectivos de observação e medida de variáveis. São
constituídos por tarefas uniformes administradas individualmente ou em grupo com o objectivo de
medir uma ou mais variáveis ou construtos teóricos
Podem esclarecer qual o nível de desenvolvimento intelectual de uma criança, desde a infância até
à adolescência
Método Diferencial: Tem por objectivo investigar o desempenho de dois ou mais grupos que se
distinguem na base de uma variável pré-existente (idade, habilitações, género, etc).
GÉNERO – Variável independente – Não manipulável pelo investigador, sendo apenas
medida (diferente da investigação experimental)
ESTUDO DE MEMÓRIA ENTRE HOMENS/MULHERES – variável dependente
A investigação diferencial (comparação entre 2 variáveis com a mesma relação) é, em termos de
explicação, conceptualmente semelhante à investigação correlacional (grau de relação verificado
entre 2 variáveis)
Método Experimental: Considerado o único método científico em que é possível estabelecer-se
uma relação de causalidade entre variáveis ou fenómenos.
EXPERIÊNCIA é a observação objectiva de um fenómeno que é forçado a ocorrer numa situação
rigorosamente controlada, e em que um ou mais factores são manipulados enquanto que os
restantes são controlados (Ex: macacos com a “mãe de veludo” e a “mãe de arame”)
VARIÁVEIS MANIPULÁVEIS - são designadas por experimentais, independentes ou de
tratamento
RESULTADOS DA EXPERIÊNCIA – variável dependente

A manipulaçao de valores da variável independente, tem por objectivo demonstrar um efeito causal
directo na variável dependente
PONTOS FORTES DA INVESTIGAÇÃO EXPERIMENTAL
ƒ Controlo das variáveis
ƒ Precisão das medições obtidas
ƒ Possibilidade de se estabelecer uma relaçao causal entre variáveis
ƒ Validade interna – Quando os resultados obtidos, resultam exclusivamente da
manipulação da variável independente, controlando-se dessa forma, todas as variáveis
concorrentes
ƒ Validade externa – Quando o estudo é feito em contextos reais e quotidianos

A ter de se sacrificar, sacrifica-se a validade externa, pois os ambientes de laboratório são mais facilmente
controláveis

Perspectivas de Investigação psicológica


• Ao longo da história da psicologia, o seu objecto e definição não tem sido consensual, pelo
que se apresentam várias perspectivas de comportamento:
Perspectiva Bio-Psicológica (Psicofisiologia, Neuropsicologia e Genética
Comportamental
ƒ Tenta explicar o comportamento numa base orgânica.
ƒ Procede à análise do sistemas nervoso, glandular, organização e funcionamento
do cérebro, genes e bioquímica celular, partilhando muitas da técnicas de
investigação com a fisiologia, a biologia e a genética.
ƒ Actualmente a bio-psicologia é uma área importante e activa da investigação,
com o estudo do corpo e do cérebro das pessoa em estado de vigília e a realizar
tarefas específicas (EEG, TAC e PET)
ƒ No estudo dos fenómenos biológicos do comportamento há duas grandes
perspectivas:
9 uma de natureza correlacional Î procura identificar as correspondências
do comportamento, deixando para a psicologia, ou outras ciências humanas,
explicações complementares e alternativas

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9 a outra de natureza reducionista Î reivindica a explicação final da
cognição e do comportamento com base em processos fisiológicos e
genéticos.
Esta corrente pretende reduzir a psicologia à biologia, prevendo que o futuro da psicologia ficará
limitado apenas às explicações que a genética não for capaz de proporcionar
Perspectiva Evolucionista
ƒ A psicologia evolucionista assume o legado de Darwin, a procurar integrar as
explicações do comportamento na série causal da biologia evolucionista.
ƒ Os processos psicológicos (percepção, memória, linguagem e o pensamento,
atracção sexual, etc), evoluíram ao longo de milhões de anos por meio de um
processo de selecção natural.
ƒ A selecção natural é considerada como o único processo causal capaz de
produzir organismos funcionalmente complexos.
ƒ A mente humana foi planeada para gerar comportamentos que, no passado, se
mostraram adaptativos, mas qualquer acto realizado no presente, é o efeito de
dúzias de causas.
ƒ Segundo Pinker, o comportamento não evoluiu, o que evoluiu foi a mente
ƒ A psicologia evolucionista defende que a selecção natural moldou a mente
humana e o seu modo de funcionar no mundo, em que actua de forma a
assegurar uma maior capacidade de sobrevivência e reprodução
Perspectiva Sociocultural
ƒ O comportamento depende do meio socio-cultural em que a pessoa habita, cresce
e se desenvolve.
ƒ Esta perspectiva usa e adapta conceitos e temas das ciências sociais,
nomeadamente da sociologia e da antropologia.
ƒ Um dos conceitos adoptados é a socialização, onde a aquisição de normas ou
"regras", por parte de uma pessoa, e a influência social em geral, condicionam a
escolha de um grupo, o estabelecimento de relações interpessoais, etc.
ƒ A socialização tem como reverso o etnocentrismo
ƒ A psicologia social procura compreender, e explicar, o modo como o
comportamento e o pensamento dos indivíduos é influenciado pela presença real,
ou implícita, de outras pessoas
ƒ Contudo, por maior que seja a influência do meio e da hereditariedade, o
comportamento final é sempre resultado de uma avaliação e decisão que o
cérebro e a mente de cada indivíduo fazem da situação. É nesta decisão e nos
seus condicionalismos que se centra a psicologia.
Perspectiva Cognitiva
ƒ Reivindica a primazia da "psique", ou da mente humana, na organização do
comportamento.
ƒ O comportamento não está directamente dependente dos genes ou da cultura,
mas sim da mente, ou seja, da decisão resultante do desenvolvimento e da
organização mental da pessoa
ƒ Defende que o comportamento humano no dia a dia depende do modo como a
mente humana interpreta a experiência que tem do meio, quer interno quer
externo.

Áreas da especialização psicológica


• Psicologia Clínica:
Tem por função o diagnóstico, tratamento, aconselhamento e ajuda de pessoas com
problemas de natureza emocional e comportamental (dificuldades de relacionamento,
depressão, ansiedade, esquizofrenia, etc.).
• Psicologia Educacional:
As principais funções incluem o diagnóstico e aconselhamento de crianças e adolescentes
e a realização de estudos e investigação sobre problemas ocorridos no meio escolar
• Psicologia Organizacional:
Analisa e tenta resolver problemas que surgem no âmbito de uma organização industrial,
militar, escolar ou de serviços (selecção de pessoal; problemas de motivação, etc.).
• Psicologia Cognitiva e Experimental:
É considerada por muitos como o núcleo da psicologia e uma das áreas centrais da
investigação ao focar as actividades mentais de nível superior como a percepção,
aprendizagem, memória, linguagem, raciocínio e resolução de problemas.
• Psicologia Social:
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Estuda o modo como o comportamento individual é afectado no contexto das interacções
com outras pessoas e grupos.
• Psicologia do Desenvolvimento:
Estuda o comportamento humano ao longo do ciclo de vida, tendo em conta os factores
físicos, cognitivos, afectivos e sociais que afectam as diversas fases de crescimento,
maturação e declínio (psicologias da criança, adulto, idoso)

CAPÍTULO 2
Aprendizagem

Âmbito, definição e tipos de Aprendizagem


APRENDIZAGEM
• É uma mudança, relativamente permanente, no comportamento e no conhecimento, devido à
prática ou experiência
• Também resulta da observação acidental de acontecimentos ou pessoas, que atraíram a nossa
atenção
• Beaviorismo
As teorias de aprendizagem focaram principalmente as mudanças no comportamento, ou
seja, no que os organismos fazem
• Perspectiva Cognitiva
Começou a ter maior aceitação entre os investigadores, em detrimento do beaviorismo
A investigação na aprendizagem passou a considerar as mudanças no conteúdo e estrutura
do conhecimento, representado na memória, começando a valorizar o que as pessoas
sabem – aquisição do conhecimento
As pessoas são os sujeitos preferenciais na análise do processo da aprendizagem
O comportamento deixa de ser o objectivo final da aprendizagem, sendo o meio
utilizado para a organização do conhecimento de que o ser humano é portador
Na natureza não há conhecimento, apenas informação
5 TIPOS DE INVESTIGAÇÃO SOBRE A APRENDIZAGEM
• HABITUAÇÃO (Experimental)
Tendência para ignorar um estímulo que se tornou familiar e cujo aparecimento não
representa consequências de maior
É específica do ambiente experimental ou do contexto em que ocorre
• CONDICION. CLÁSSICO ou Condic. DE PAVLOV Associação entre 2 estímulos.
Envolve a aquisição de uma nova resposta face a um estímulo que inicialmente não a
produzia
O que revelou crucial a investigação de Pavlov foi o facto do cão aprender uma
associação entre alimento e um sinal causal que precedia imediatamente o alimento
ƒ Principais conceitos do condicionamento:
9 Reflexo condicionado - o cão saliva ao ouvir o som da campainha
(EI) Estímulo incondicionado – apresentação do alimento
(RI) Reflexo (resposta) incondicionado(a) – Salivação provocada pela
apresentação do alimento. Resposta reflexa ou involuntária, produzida
por 1 estímulo
(EN) Estímulos neutros – Não produzem respostas específicas antes
da experiência, ou logo no seu início (luz, som da campaínha)
(EC) Estímulo condicionado – associação repetida entre o som e o
alimento
(RC) Resposta condicionada – resposta de salivação ao EC

Aquisição e estabelecimento de 1 associação, entre um estímulo


inicialmente neutro (EN), com um estímulo incondicionado (EI),
que ao fim de vários ensaios adquire o poder de produzir uma
resposta condicionada (RC)
9 Extinção experimental – Diminuição na grandeza da resposta, com a
repetição de ensaios não-forçados
9 Generalização condicionada – Processo pelo qual uma resposta
condicionada a um estímulo, tende a ser emitida também com outros
estímulos similares (Ex: cão ouve uma campaínha idêntica e saliva) –
Resposta a similaridades
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9Discriminação – Habilidade para reagir a pequenas diferenças entre os
estímulos apresentados, quer se trate de sons, cores, grandezas, ou distâncias
– Resposta a diferenças
¾ Neurose experimental - Quando a discriminação exigida se torna
excessivamente subtil o cão parecia sofrer de uma "perturbação ou
colapso nervoso", passando a reagir ao acaso
ƒ Condicionamento de respostas emocionais
9 O procedimento do condicionamento usado por Pavlov também se aplica ao
Homem, tendo-se efectuado estudos relacionados com os reflexos palpebrar
e rotular, salivação, náusea e aversão ao álcool e tabaco
ƒ Dessensibilização sistemática (Wolpe)
9 Método que tem como objectivo reduzir a ansiedade gerada por certos
estímulos e situações, e extinguir, se possível, os medos e fobias inerentes
Exemplo: DENTISTA
(EI) Estímulo incondicionado – broca do dentista a tocar no nervo
(RI) Reflexo (resposta) incondicionado(a) – dor, evitação, medo
gerado pela broca
(EN) Estímulo neutro – som da broca na 1ª sessão, antes de
experienciar a dor
(EC) Estímulo condicionado – som da broca associada à dor, durante
o tratamento
(RC) Resposta condicionada – resposta de evitação, ansiedade e medo
ao EC – Muito similar à RI
ƒ Explicações do Condicionamento de Pavlov
9 BEAVIORISMO
¾ Aprendizagem ocorre devido à associação mecânica entre o EN
(estímulo neutro - som) e o EI (estímulo incondicionado - alimento).
Esta associação fortalecia-se e aumentava consoante o nr de ensaios
9 TEORIA DA INFORMAÇÃO
¾ O EC (estímulo condicionado) deve prever a ocorrência próxima do
EI (estimulo incondicionado), caso contrário, é pouco provável que
ocorra qualquer tipo de condicionamento
9 TEORIA COGNITIVA
¾ Os dois estímulos externos são identificados e reconhecidos, depois
processados em função das experiências passadas, associados e
integrados com outras experiências e, por último, activam respostas
apropriadas de adaptação ao meio
• CONDICIONAMENTO OPERANTE resposta e suas consequências.
Abrange uma aprendizagem entre uma resposta e as suas consequências, ao contrário
de Pavlov onde a aprendizagem envolvia uma associação entre 2 estímulos
Uma resposta é selecionada por um organismo, devido aos efeitos que produz
ƒ THORNDIKE: PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
Características da aprendizagem
9 Os seus estudos sobre aprendizagem relacionaram-se com a inteligência
animal, tendo estudado o modo como cães, gatos e macacos aprendiam a
sair de uma caixa-problema para obter alimento, através da manipulação de
dispositivos mecânicos, como roldanas, fechos e pedais
9 Com a repetição da experiência os animais diminuem progressivamente o
tempo para conseguirem sair e comer
9 Estes estudos, desenvolvidos em situações de controlo laboratorial, mediam,
em cada ensaio, o tempo entre o momento em que os animais entram na
caixa e a altura em que apoderam do alimento
9 Ressaltou três aspectos deste procedimento experimental que estariam
relacionados com situações de aprendizagem:
¾ a aprendizagem efectua-se por ensaios e erros (ou ensaios e êxitos e por
tentativas)
¾ a aprendizagem é gradual: o tempo necessário para sair vai sendo
progressivamente menor
¾ a aprendizagem é motivada: a necessidade de alimento gera um impulso
ou motivação para sair

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LEIS DA APRENDIZAGEM
THORNDIKE
9 A aprendizagem é o resultado de ensaios e erros, seguidos de um sucesso
acidental Ù Conexismo (conexaõ de uma resposta com uma situação ou
estímulo). Existem, assim, 2 leis de aprendizagem
¾ lei do exercício: quanto maior for o n.º de ensaios, maior é a força da
conexão
¾ lei do efeito: se um estímulo for seguido por uma resposta e o resultado
for satisfatório, a conexão entre o estímulo e a resposta será fortalecida
(Quanto maior a satisfação, ou desconforto, maior o fortalecimento ou
enfraquecimento da conexão)
9 Verificou que a repetição de uma resposta que não for acompanhada da
acção selectiva do resultado, não provoca o seu aperfeiçoamento (exemplo:
linhas traçadas de olhos vendados. Se não soubermos se estamos, ou não, a
traçar mal, não podemos melhorar)
9 Mostra que os estímulos que ocorrem depois de uma resposta dada, têm
influência nos comportamentos futuros
ƒ SKINNER: PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
9 Elaborou e desenvolveu um procedimento de investigação de aprendizagem
em animais (ratos e pombos), usando uma gaiola que ficou conhecida como
a gaiola de Skinner.
9 Nesta gaiola foi colocado um mecanismo (alavanca) que ao ser pressionado
liberta alimento. Após o rato pressionar a alavanca uma vez por acaso, o n.º
de pressões vai aumentando progressivamente por unidades de tempo.
9 Skinner distinguiu este tipo de condicionamento, a que chamou operante,
do condicionamento de Pavlov, a que chamou respondente ou reflexo, ou
seja, na experiência de Skinner é o próprio animal que obtêm o alimento (ao
pressionar a barra), enquanto que com Pavlov o animal responde por uma
actividade reflexa de salivação ao alimento que lhe é apresentado.
O papel do REFORÇO é um conceito central no condicionamento operante
ƒ A frequência de uma resposta pode aumentar ou diminuir se for ou não reforçada
ƒ O REFORÇO pode ser
9 Positivo – Situação em que se atribui um estímulo agradável e satisfatório,
após ser dada uma resposta
9 Negativo – Situação em que um estímulo desagradável ou aversivo, é
suspenso ou removido, após a emissão de uma resposta (Ex: estudante
universitário que estuda para um exame, com o intuito de passar para não
perder a bolsa)
9 Contínuo - Quando toda as respostas são reforçadas. Necessário para se
estabelecer um comportamento inicial, mas o comportamento aprendido é
mantido por mais tempo, se ficar sujeito a um programa de reforço
intermitente
9 Intermitente/parcial - Nas situações em que apenas algumas respostas são
reforçadas. A frequência das respostas é mais elevada e mais resistente à
extinção
ƒ SKINNER
9 O reforço refere-se a qualquer estímulo cuja presença, ou afastamento,
aumenta a probabilidade de uma resposta
9 A tese central de Skinner e do condicionamento operante, é de que o
comportamento depende das suas consequências
ƒ SKINNER e FESTER
9 Efectuaram uma análise sistemática e descobriram quatro situações de
reforço, que se dividem em dois tipos diferentes com duas variáveis cada:
¾ Programas de Proporção
™ Fixo – o reforço só é atribuído após se ter produzido um nrº fixo de
respostas (exemplo: pagamento por comissões)
™ Variável – Estabelece-se uma proporção média de respostas (10),
mas o nrº de respostas necessárias para se obter um reforço, é
variável e imprevisível (5 ou 15) (exemplo: jogos de sorte/azar)
™ Produzem uma taxa mais elevada de respostas em relação aos
Programas de Intervalo de Tempo
™ São mais resistentes à extinção

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¾ Programas de Intervalo de Tempo
™ Fixo – O reforço só é ministrado quando o animal responde
correctamente após um intervalo fixo (Ex: 20 segundos) (exemplo:
pagamento à hora)
™ Variável – Estabelece-se um intervalo médio variável de ensaio
para ensaio e imprevisível (5 ou 30 segundos), no fim do qual uma
resposta correcta é reforçada (exemplo: pesca)
ƒ REFORÇO e PUNIÇÃO
9 Relação complexa que depende dos efeitos da resposta, e do grau de
atracção do estímulo apresentado
9 Aumentam ou enfraquecem o comportamento de forma mecânica e
automática
9 Comportamento seguido de reforço é fortalecido, e a frequência das
respostas aumenta
VS
9 Comportamento seguido de punição é enfraquecido, e a frequência de
respostas diminui
ƒ PUNIÇÃO pode ser:
9 Directa ou Física
¾ Quando se atribui um estímulo aversivo ou negativo, após ser emitida
uma resposta, causando a diminuição da sua frequência
9 Indirecta ou Psicológica
¾ Situação em que se suspende um estímulo agradável, após swe4r
emitida uma dada resposta, causando uma diminuição da sua frequência
(exemplo: chantagem emocional)
COMPORTAMENTO SUPERSTICIOSO
ƒ Resposta arbitrária comum do animal (pombo) reforçada pelo alimento
ƒ Contrasta com a resposta selecionada pelo experimentador, invocada pelo
alimento
CONDICIONAMENTO DE FUGA E EVITAÇÃO
ƒ Condicionamento de fuga (ou escape)
9 Quando uma resposta interrompe o efeito de uma situação aversiva
ƒ Condicionamento de evitação
9 Quando o animal previne e se antecipa ao aparecimento do estímulo
aversivo

Estudado num procedimento experimental, inicialmente por Miller com ratos, e Solomon
e Wynne com cães. Os mesmos foram colocados numa gaiola com dois compartimentos
iguais sendo um deles electrificado, que dava choques ao fim de 10” após o toque de uma
campainha. Com o decorrer dos ensaios a resposta de evitação (saltar de um
compartimento para outro dentro do intervalo de tempo dado) foi cada vez mais rápida.
ƒ Extinção da resposta de evitação
9 O tempo necessário para a extinção de uma resposta varia de acordo com a
frequência e programa de reforço usado na fase de aquisição
9 É mais difícil extinguir o comportamento adquirido por reforço negativo
(receio de um estímulo desagradável), do que através do reforço positivo
9 O medo da situação aversiva, torna a aprendizagem de evitação muito difícil
de extinguir
9 Desamparo apreendido
¾ Quando não acreditam numa resposta capaz de alterar o rumo da
situação e resignam-se – atitude passiva (ex: cães que levavam
choques porque nunca aprenderam a saltar para o outro lado)
¾ Exposição a estímulos aversivos incontroláveis, podem originar
repercussões fisiológicas (úlceras em pessoas e animais)
MOLDAGEM DO COMPORTAMENTO
ƒ Trata-se de uma técnica do condicionamento operante (aprendizagem entre uma
resposta e as suas consequências), que consiste na recompensa de respostas
ocasionais que se aproximam do comportamento final desejado
ƒ Técnica adoptada para ensinar as habilidades aos animais de circo ou
determinados comportamentos às crianças
ƒ Método de 3 etapas de SKINNER
9 Definir o objectivo ou habilidade a adquirir
9
9 Definir o comportamento inicia a reforçar
9 Reforçar positivamente as respostas dadas em cada uma das etapas para
atingir o objectivo desejado
ƒ Limitações biológicas do Condicionamento
9 Existem limitações biológicas que restringem o processo de
condicionamento e moldagem (exemplo: porco cantar)
9 Apesar das predisposições biológicas limitarem a generalidade das leis da
aprendizagem a todos os animais, pode-se, mesmo assim, defender que toda
a aprendizagem consiste numa adaptação do animal ao seu meio ambiente
9 Efeito GARCIA
¾ A aprendizagem pode ocorrer,num único ensaio
¾ Não é qualquer estímulo neutro que se torna um estímulo condicionado
¾ A associação entre EC-EI, pode ocorrer num intervalo de várias horas

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CONDICIONAMENTO E COGNIÇÃO
ƒ SKINNER insistiu, repetidamente, que o comportamento é influenciado por
factores externos e não por sentimentos ou pensamentos internos ao sujeito
TEORIAS BEAVIORISTAS
ƒ Ressaltam a associação entre estímulos ambientais e respostas. Os estímulos
desencadeiam as respostas apropriadas de forma mecânica e automática
TEORIAS COGNITIVAS
ƒ Defendem o papel activo do sujeito na formação de expectativas entre
acontecimentos
10
ƒ TOLMAN
9 Provou que a aprendizagem no condicionamento operante, pode ocorrer na
ausência de reforço:
Labirinto:
1º grupo – SEM reforço
2º grupo – COM reforço
3º grupo – COM reforço após o 11º dia

DESEMPENHO SEMELHANTE AO GRUPO 1, MAS APÓS O 11º DIA O


DESEMPENHO ASSEMELHOU-SE AO GRUPO 2

APRENDIZAGEM LATENTE
(A aprendizagem está para além da simples associação entre 1 resposta e 1 estímulo reforçados)
ƒ TOLMAN e RESCORLA
9 O condicionamento não é uma mera associação mecânica entre 2 estímulos
(ou entre 1 resposta e 1 estímulo), e sim entre factores cognitivos, como as
expectativas e o conhecimento memorizado.
9 No Condicionamento Clássico, o animal cria a expectativa de que, após o
sinal (EC), segue-se o alimento
9 No Condicionamento Operante, o animal tem a expectativa de que a pressão
da barra será seguida por alimento

O papel da expectativa e a formação de Mapas Cognitivos, são muito


importantes no condicionamento animal
ƒ Experiência de RESCORLA
9 1º grupo – mesmo nrº sinais sonoros (valor preditivo) + pares + choques
9 2º grupo – receberam choques adicionais (na presença e ausência de sinal)

Valor sinal nulo

O grau de previsão (sinal) é mais forte do que o de contiguidade (nrº de


pares idêntico)
ƒ EFEITO BLOQUEADOR
9 Se um EC (som), for capaz de prever com eficácia um EI e se, mais tarde,
for acrescentado outro EC (luz), a associação entre o novo EC (luz) e o EI
não será apreendida. A força associativa do novo EC (luz) foi bloqueada
pela existência do anterior (som), que já estava associado ao EI
• APRENDIZAGEM OBSERVACIONAL (AO)
Consiste na observação e imitação posterior do comportamento de um modelo
É mais afectada pelo que observamos do que pelo condicionamento ou reforço recebido
É igual à aprendizagem social, pois parte da observação do comportamento que as
pessoas manifestam individualmente ou nas interacções sociais
Teoria desenvolvida por BANDURA (e Rotter)
ƒ Bandura defende que uma parte importante da aprendizagem humana ocorre
através da observação, desde a aquisição da linguagem na criança até muitas das
respostas dadas no dia a dia
ƒ Defende que a teoria da aprendizagem explica o comportamento humano em
termos de interacção recíproca dos factores cognitivos, comportamentais e
ambientais.
ƒ Para que esta aprendizagem ocorra é fundamental o funcionamento dos
quatro seguintes processos:
9 Atenção:
¾ A simples exposição do modelo não é suficiente.
¾ É necessário prestar atenção aos elementos distintivos, afectivos e
funcionais representados (sensibilidade sensorial, o grau de excitação
corporal, a tendência ou enviesamento perceptivo e os reforços
passados)
9 Retenção:
¾ O comportamento observado e desejado deve ser adequadamente retido
e memorizado, tendo em conta as operações de codificação, repetição
verba e motora e organização cognitiva

11
9 Reprodução motora:
¾ O comportamento a imitar deve ser preciso e de fácil repetição sem
limitações ao nível das capacidades físicas.
9 Motivação:
¾ Os novos comportamentos adquiridos voltarão a ser reproduzidos mais
facilmente se estiverem disponíveis aos incentivos apropriados, quer
sejam de natureza interna ou externa.
ƒ Observação e Imitação
9 Estudos provaram (Bandura) que as crianças (3/5 anos) imitam
espontaneamente o comportamento de um modelo mesmo sem qualquer
reforço manifesto. Contudo, o factor mais relevante para o comportamento
imitativo das crianças é a observação do modelo a ser reforçado ou punido
pelo comportamento expresso, bem como o grau de simpatia que o modelo
inspira
9 As pessoas tendem a imitar os modelos bem sucedidos e evitam os
inconsistentes
9 A violência não resulta apenas da imitação, mas também da personalidade
de cada um
9 A AO permite reduzir medos e outras reacções emocionais fortes e,
também, transmite e ensina comportamentos positivos ou pro-sociais
9 A observação influencia as emoções (medo de cobras, andar de avião, etc)
Ù Condicionamento Vicariante (medo por substituição ou delegação de
outrém)
• APRENDIZAGEM VERBAL
Refere-se à aquisição e recordação de itens verbais
Os itens verbais podem variar de acordo com:
ƒ O tipo (palavras, frases)
ƒ O significado (fácil, difícil)
ƒ O ritmo e frequência de apresentação (1 vez ou várias vezes)
ƒ A modalidade (visual ou auditiva)
ƒ Prova de memória pode ser:
9 Por evocação
9 Reconhecimento
9 Reaprendizagem
9 Reconstrução
ƒ Os materiais usados nos estudos sobre a aprendizagem verbal, são de 2
tipos:
9 Materiais Não Significativos: constituídos por sílabas sem significado (1
consoante / 1 vogal / 1 consoante: ex. DEN; COF, etc.) e por trigramas de
consoantes (siglas de 3 consoantes: ex. DTN; LXB, etc.)
9 Materiais Significativos: formados por palavras de uma ou mais sílabas;
por frases; provérbios, textos e materiais pictóricos, como sejam desenhos e
gravuras
¾ Listas formadas por itens verbais bastante significativos, são mais fáceis
de aprender e evocar
¾ Os parâmetros mais usados na avaliação dos itens verbais
significativos são:
™ Significado - medida obtida em termos do n.º médio de
associações de uma palavra que uma pessoa é capaz de produzir
durante 30 segundos.
™ Frequência - medida objectiva, obtida a partir do n.º de vezes num
milhão que uma palavra aparece em várias publicações.
™ Índice de Concreteza-Abstração - definido a partir da maior ou
menor referência directa à experiência sensorial (ex. mesa e banco
= itens verbais concretos / facto e virtude = abstractos).
™ Índice de Formação-de-imagens - representa a maior ou menor
facilidade das palavras sugerirem imagens mentais, nuns casos
mais facilmente (laranja; casa) noutros mais dificilmente (razão;
zelo).
™ Idade de Aquisição de Palavras - índice estabelecido a partir da
estimativa feita sobre a idade em que uma palavra terá sido
adquirida.

12
™ Supõe que palavras como bola e casa tenham sido adquiridos nos
primeiros 3 anos, enquanto cone e benzeno tenham sido adquiridas
vários anos mais tarde
ƒ Há várias tarefas que foram alvo de um grande n.º de estudos experimentais e,
que se supõe, estejam relacionadas com a aprendizagem diária, que são:
9 Aprendizagem seriada
¾ sequência de itens verbais com ordem (ex. meses e estações do ano;
dias da semana; nrs telefone, etc)
9 Aprendizagem de pares associados
¾ Sequência de pares de itens que o sujeito deverá relacionar e associar
entre si. O primeiro membro do par é designado por estímulo e o
segundo por resposta. Na segunda apresentação dos itens são apenas
dados os itens estímulo por forma ao sujeito tentar emparelhar a
resposta (aprendizagem de vocábulos de 1 língua estrangeira,
associação entre países e as suas capitais, etc)
9 Aprendizagem por evocação livre
¾ Apresenta-se uma lista de itens verbais, um de cada vez, e no final
solicita-se para que os mesmos sejam recordados sem qualquer ordem
obrigatória (elaboração de listas de compras ou agendas)
¾ Os agrupamentos são um indicativo da forma como a mente organiza e
estrutura os elementos do mundo que nos rodeia
ƒ Tipos de aprendizagem verbal
9 Aprendizagem Intencional
¾ Aquisição de itens verbais em função de uma prova de memória
inicialmente prevista
¾ Aplica-se, normalmente, a situações escolares
9 Aprendizagem Acidental
¾ A aquisição é realizada sem que haja informação sobre uma prova de
memória posterior
¾ A aprendizagem acidental é responsável por muitas das informações
adquiridas no dia a dia, representando um papel importante da
adaptação ao meio (descrever um sítio; onde estacionou o carro, etc.)
ƒ Aprendizagem global
9 Há situações em que a apreensão do todo dá sentido às partes
ƒ Aprendizagem parcial
9 Requer menos tempo para se conseguir assimilar cada uma das partes
ƒ Aprendizagem Distribuida
9 É mais eficaz (estudar 1 lista de 6 itens, 1 hora durante 6 dias é melhor do 6
vezes num dia)
9 Em termos de aquisição, é mais eficaz do que a aprendizagem
compactada, pois evita a fadiga, o aborrecimento e facilita a concentração
9 Em termos de recordação, a aprendizagem distribuída é efectuada numa
maior diversidade de contextos orgânicos, emocionais, psicológicos,
ambientais e temporais, do que a aprendizagem compacta.
ƒ Aprendizagem e cognição
9 Durante a segunda metade do séc. XX, a aprendizagem verbal desenvolveu-
se de uma forma tão intensa, que os investigadores passaram a agrupar-se
em várias áreas: Psicologia da Aprendizagem, Psicologia da Memória e
Psicologia da Linguagem
9 Numa perspectiva cognitiva, em que a informação é processada ao longo
das fases de aquisição, retenção e recuperação, pode-se afirmar que a
aprendizagem e a memória estão interligadas.
9 A aprendizagem será responsável pelos processos de aquisição e
organização do conhecimento, enquanto a memória será responsável pelos
processos de retenção e recuperação ou recordação.

13
CAPÍTULO 3
Memória

• Sem memória o comportamento inteligente não seria possível.


• A memória é um dos aspectos mais importantes que o homem dispõe para se adaptar ao meio
e está ligado a todos os aspectos do comportamento.
• A aprendizagem e a memória são interdependentes, porque a estrutura e significado do
"material-a-ser-apreendido" está em grande parte dependente do conhecimento retido na
memória.

Analogia memória / biblioteca


• Os livros entram na biblioteca e são catalogados em ficha Ö aquisição e codificação na
memória
• Os livros são colocados numa prateleira na estante Ö processo de armazenamento, retenção
e consolidação na memória
• Os livros são requisitados e usados pelo leitor Ö processo de recuperação na memória

Analogia memória / computador


• Informação dá entrada no sistema através do teclado e é codificada de acordo com uma
linguagem própria Ö aquisição e codificação
• Informação codificada fica armazenada no sistema Ö retenção
• Informação é recuperada de forma integral Ö recordação
• No computador o acesso à informação é:
Integral Ao contrário
Não depende das informações anteriormente armazenadas da memória

Investigação sobre a memória


Perspectiva estrutural
• A memória é constituída por vários sistemas de armazenamento e retenção de informação
como a memória a curto prazo (MCP) e a memória a longo prazo (MLP).
Perspectiva processual
• A informação dá entrada na memória (aquisição), é objecto de diversos tipos de análise
(processamento), os resultados são armazenados durante certo tempo (retenção) e, por fim, a
informação é usada e recordada (recuperação)

Referências históricas da memória


• A monografia Sobre a Memória (1885) de Ebbinghaus (alemão) iniciou o estudo científico
sobre a memória humana.
• O método experimental usado foi o das ciências naturais, tendo obtido um grau de controlo e
de rigor bastante elevados. As experiências realizadas ainda hoje são citadas.
EBBINGHAUS (Estudo da memória de natureza QUANTITATIVA)
• Nas suas experiências teve que ultrapassar duas dificuldades
Ao nível do material usado
ƒ Por forma a estabelecer situações homogéneas e equivalentes entre indivíduos,
socorreu-se de sílabas-sem-significado compostas por uma consoante, uma
vogal, uma consoante (ex: xib ou nej), removendo o significado verbal,
inventando a sílaba sem significado
Ao nível da medição da retenção do material aprendido
ƒ Não utilizou o método introspectivo, pois receava não conseguir uma medição
quantitativa
ƒ Deu preferência ao método de reaprendizagem
• MEDIÇÃO DA MEMÓRIA ATRAVÉS DO MÉTODO DE REAPRENDIZAGEM
(SEQUÊNCIA E PROCEDIMENTOS)
Desenvolveu a curva de esquecimento (ou grau de retenção) Ö Descreve um declínio
progressivo no grau de retenção, de acordo com intervalos de tempo, que variavam desde
os 19 minutos até 1 mês.
Apesar deste método ser rigoroso, foi considerado demorado e pouco prático , sendo
substituido pelos métodos da evocação e do reconhecimento

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•2 ESTUDOS DE EBBINGHAUS QUE MERECEM ATENÇÃO
Papel da repetição na formação e fortalecimento das associações
Grau de esquecimento em função do tempo
• Ebbinghaus demonstrou que a memória humana podia ser objecto de uma investigação
experimental e quantitativa
• Contudo, as suas experiências usando sílabas sem significado, excluíram o que parece ser a
grande maioria das recordações do dia-a-dia (material com alto grau de significado e de
interesse pessoal)
• Estudo da memória de natureza QUANTITATIVA (rigor e controlo experimental)
BARTLETT
• Considerava que a utilização das sílabas sem significado não permitiam uma aprendizagem
simples, mas sim complexa, pois obrigava os indivíduos a recorrerem estratégias complexas
para a sua memorização
• Defende que a recordação é uma construção pessoal de factos passados
• Leu uma história (conto popular índio) que pediu para reproduzirem por escrito 15’ após,
alguns meses e anos depois
• Houve uma coerência no relato do conto, na mesma pessoa, mesmo falhando alguns factos
• Estudo da memória de natureza QUALITATIVA (ressalta as omissões/erros na
recordação, bem como o esforço na busca do significado que a pessoa faz para completar
eventos passados)
Sistemas e processos de memória
• Até à década de 50 a memória era considerada um sistema único
• A divisão em dois sistemas só começou a ter relevância a partir dos estudos de Peterson e
Peterson
WAUGH e NORMAN (1965)
• Propõem modelo de memória:
Primária Consideram que a repetição era o principal processo responsável
Secundária pela passagem da informação de uma para outra
ATKINSON e SCHIFFIN (1968)
• Propõem modelo formado por 3 registos :
Memória sensorial
ƒ Captada pelos sentidos e dava entrada nos registos sensoriais (audição, visão,
etc.)
Memória a curto prazo (MSP)
ƒ Natureza superficial
ƒ Transferência de parte da informação detectada pela memória sensorial, sujeita a
vários processos de controlo, como a repetição e organização
Memória a longo prazo (MLP)
ƒ Profundidade da análise da informação percebida
ƒ Informação processada na MLP é transferida para um sistema permanente de
grande capacidade
CRAIK E e LOCKHART
• Defendem o modelo unitário da memória, conhecido por Modelo dos níveis de
processamento
Sugerem que o grau de retenção da memória, depende do modo como a informação,
depois de percebida, era processada a vários níveis
Acham que a mesma não depende do facto de residir neste ou naquele sistema de
memória (MCP ou MLP)
Este modelo unitário armazenaria informação de forma mais breve ou mais permanente,
conforme o nível de processamento ou o tipo de análise que tivesse sido efectuado
Distinções de memória
• A memória humana tem sido dividida em função de critérios
Temporais (memória imediata, MCP, MLP)
Conteúdo (Memória episódica, semântica, procedimental)
Estado de consciência (memória implícita e explícita)
Processos envolvidos (memória declarativa e procedimental)
• Schacter e Tulving Ö Cinco Sistemas de Memória
Memória Primária (MCP)
Memória Episódica
Memória Semântica
Memória Procedimental
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Sistema de Representação Perceptiva (PRS)

Curva de posição serial


• Percentagem de evocações correctas para listas de 16 palavras repetidas imediatamente no
final da sua apresentação (controlo); após 20” de actividade interpolada (experimental)
• Esta curva apresenta 2 efeitos importantes:
Efeito de primazia – Reflete a melhoria de evocação dos itens iniciais
ƒ O efeito de primazia e a zona intermédia são afectados por variáveis
consideradas responsáveis pela aprendizagem a longo prazo
Efeito de recência - Reflete a melhoria de evocação dos itens finais
ƒ Este efeito é eliminado pela presença de 1 actividade com uma duração de cerca
de 20 segundos, intercalada entre o final da lista e o início do período de
evocação. Contudo, deixa inalterável o efeito de primazia e a zona intermédia

Estados de amnésia
• Há pacientes com desordens de memória (síndroma de Korsakoff) que apresentam um
desempenho normal em tarefas de MCP e nulo nas de MLP – os danos cerebrais situam-se nos
lobos temporais e nas zonas mais profundas como o hipocampo e o sistema límbico
• Esses pacientes revelam uma deficiência no conhecimento declarativo, mas o conhecimento
não-declarativo, parece ser normal
• Há um segundo tipo de amnésia em que os pacientes têm o desempenho oposto – as zonas
afectadas são os lobos pré frontais do córtex cerebral e a zona do hemisfério esquerdo na
região de Silvius, região também associada a afasias e problemas da fala.

MCP (Memória a Curto Prazo)


• MCP: construto teórico proposto a partir dos resultados das experiências realizadas por
Brown (1958) e Peterson e Peterson (1959): verificaram um grau de esquecimento
considerável quando a repetição era dificultada ou bloqueada por outra tarefa
• O estudo de MC, abrange em geral, o estudo dos seguintes temas:
A capacidade ou quantidade de informação armazenada
A codificação (medo de como a informação sensorial está representada)
O esquecimento e duração da informação retida

A capacidade da MCP (Memória a Curto Prazo)


• Há limites no que respeita à quantidade de informação que se pode reter num dado momento,
bem como na rapidez com que se podem usar as funções cognitivas para processar a
informação recebida

A codificação na MCP (Memória a Curto Prazo)


• A codificação refere-se ao modo como a informação está representada na memória.
• Conrad e Baddeley
O tipo de representação na MCP tem uma componente predominantemente acústica ou
fonológica, que é, igualmente, responsável pelos erros de identificação.
1ª lista Ö pão, mão, cão, não …
2ª lista Ö pão, giz, bar, sol…
ƒ As diferenças entre a lista 1 e a lista 2, revelam que a similiaridade acústica dos
materiais apresentados, interferiu e afectou negativamente o estabelecimento na
MCP de um código da mesma natureza acústica

A codificação na MLP (Memória a Longo Prazo)


• No que se refere à MLP (Memória a Longo Prazo), as investigações revelaram que a
reprodução da informação é de natureza predominantemente semântica. (ex. se se apresentar
uma lista com as palavras “fogo”, “saia”, “estrada” verificam-se erros de evocação em termos
de significado parecido tais como fogo-incêndio; saia-vestido e estrada-avenida)
• Nesta tarefa podem ainda ocorrer erros de tipo acústico-perceptivo (ex. pombo-bombo).
• A codificação é ainda caracterizada por códigos sensorialmente dependentes, como o visual, o
auditivo ou o olfactivo.

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Duração e esquecimento na MCP
• Nos anos 50, o esquecimento observado nas tarefas de MCP foi explicado por 2 teorias:
Teoria do desuso
ƒ O traço de memória perde gradualmente a sua intensidade ou robustez ao longo
do tempo por falta de uso
Teoria da interferência
ƒ segundo a qual o esquecimento é o resultado da competição entre estímulos e
respostas similares, sendo o intervalo de tempo irrelevante
• POSNER
Desenvolveu a teoria do banho de ácido, numa analogia entre o processo de esquecimento
e a desintegração do metal quando colocado em ácido corrosivo. O grau de desintegração
é função quer da força do ácido, quer do tempo em que fica submerso
• PETERSON e PETERSON
Explicaram o esquecimento em função do decurso de tempo, por não haverem provas
suficientes de influência da variável interferência proactiva
• Na memória humana, quanto maior for a similiariedade dos itens, maior será a interferência.
• A interferência será também maior, quanto mais tempo influenciar um item armazenado na
memória (itens muito familiares só não causam esquecimento, se forem evocados
imediatamente)

Memória operatória
•Na MCP as limitações em termos de armazenamento designam-se por memória primária
•Quando as limitações resultam do conjunto de armazenamento e processamento designa-se
por memória operatória (MO)
MO Ö é um sistema activo e consciente de retenção e processamento da informação,
proveniente dos registos sensoriais, assim como da informação recuperada da MLP
BADDELEY (1986)
• Definiu a memória operatória como “um sistema de armazenamento e manipulação
temporária da informação durante a realização de um conjunto de tarefas cognitivas como a
compreensão, aprendizagem e raciocínio”. (ex. ao somarem-se as parcelas de uma operação
aritmética – 5+5=10 – e vai 1).

MLP (Memória a Longo Prazo)


• Armazena o conhecimento que possuímos do mundo que nos rodeia durante longos períodos
de tempo e esses conhecimentos são bastante diversificados:
Tipo episódico: referenciada pelo tempo e pelo espaço (ex. onde passámos férias; o que
fizemos de manhã)
Tipo geral e enciclopédico ou semântico: como a sintaxe da língua materna,
significados das palavras ou a localização de mares e continentes.
Tipo motor e procedimental: como andar de bicicleta, escrever à máquina ou tocar
piano
• Modelo Mono-hierárquico e piramidal da Memória de TULVING (1985)
Memória Episódica (situa-se no topo)
ƒ Recordação consciente de acontecimentos pessoalmente vividos, enquadrados
nas suas relações temporais
ƒ É o último a desenvolver-se e o primeiro a deteriorar-se na velhice
Medidas típicas de Memória Episódica
9 Evocação livre
9 Evocação seriada
9 Evocação auxiliada
9 Reconhecimento
Memória Semântica (posição intermédia)
ƒ Dá significado aos conhecimentos de que somos portadores
9 Conhecimento da língua materna
9 Conhecimento de factos gerais
9 Sabedoria e inteligência prática
9 Conhecimento geral do mundo
ƒ Provas Memória Semântica
9 Provas de vocabulário
9 Fenómeno da palavra “debaixo da língua”

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Memória Procedimental (situa-se na base da pirâmide)
ƒ Capacidades perceptivas e motoras, que no decurso do tempo e com a prática, se
transformam em rotinas e hábitos de que pouco ou nada se tem consciência
• Sistema de Representação Perceptiva (PRS) TULVING e SCHACTER (1990)
Pressupõe que um sistema superior não pode manter-se incólume com um sistema inferior
deteriorado (ex. não pode haver um sistema episódico incólume em pessoas com o
sistema semântico danificado)
Registo de memória responsável pelo fenómeno de activação perceptiva (1 palavra
anteriormente percebida, é mais rapidamente identificada numa 2ª apresentação)
Geralmente permanecem intactas à medida que uma pessoa envelhece

Codificação na MLP
• MODELO DE NÍVEIS DE PROCESSAMENTO DE CRAIK E LOCKEART (1972)
Consideram que a informação é codificada e processada a diferentes níveis.
A duração da informação na memória é produto de séries sucessivas de análises
efectuadas nos estímulos percebidos.
Nível mais básico e ligeiro
ƒ Incluí a análise sensorial e física, envolvendo o processo de características dos
estímulos como sejam palavras em maiúsculas ou minúsculas, apresentadas
numa voz masculina ou feminina.
Nível intermédio
ƒ Envolve uma análise de tipo fonológico ou acústico, sendo a análise de
natureza semântica a considerada a mais profunda
• MODELO DE NÍVEIS DE PROCESSAMENTO DE CRAIK E TULVING (1975)
Demonstraram que o processamento semântico poderia ser objecto de diferentes níveis
A recordação é muito superior para palavras inseridas numa frase rica e elaborada, do que
para uma frase simples e curta
De acordo com as experiências realizadas o processamento semântico produz um melhor desempenho
de memória do que os processamentos do tipo fonológico ou clássico
• PINTO
era equivalente entre si (ex.: “relógio”
em termos de personalidade - valor e prazer do mesmo
em termos de episódio - associação a algo que ocorreu no
passado com esse objecto )
• OBJECÇÃO : Morris (1977)
Argumentou que o nível de processamento está dependente da prova de memória
aplicada.
Se o processamento inicial for semântico e a prova de memória for uma selecção de
palavras que rimam, o desempenho é pior do que se o processamento inicial tiver sido
fonológico.
Esta hipótese pôs em causa a teoria de que o processamento semântico é mais memorável
do que o fonológico.
Há assim uma transferência de um nível de processamento para um tipo apropriado de
prova de memória, que se designa por transferência apropriada de processamento.

Retenção na MLP
• Quando a aquisição de novas informações se processa, o sistema cognitivo estabelece
uma espécie de organização automática e implícita, nomeadamente em termos espaciais e
temporais e, provavelmente em termos de agrado, ameaça e dor.
• No topo da organização implícita, as pessoas são capazes de organizar activamente a
informação através de processos voluntários como a categorização, hierarquização e formação
de imagens.
• Codificação e hierarquização
A organização da informação-a-ser-evocada é fundamental para uma boa recordação
futura.
Essa organização pode ser
ƒ Interna - elaborada pela pessoa no acto da aprendizagem
ƒ Externa - imposta pelo meio de transmissão da informação (ex. sumário de uma
aula)
A informação retida na memória orienta a organização de novas informações percebidas

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É ao nível dos protocolos de evocação, que se observa se a organização teve, ou não,
efeito
A identificação prévia das categorias, facilita o agrupamento das palavras durante o
decorrer da apresentação (Ex.: branco: ovo, neve, linho; Redondo: bola, queijo, balão)
• Formação de imagens
A formação de imagens (imagery) é uma variável bastante eficaz para facilitar a retenção
de informação na memória de forma mais permanente (criação de 1 imagem mental de
objectos, seres, etc que não estão fisicamente presentes)
A habilidade de formar imagens, desde que bem treinada, pode permitir a obtenção de
uma desempenho elevado, no domínio da memória humana
As palavras têm um grau de criação e produção de imagens inferior ao dos objectos (ex. é
fácil e rápido formar uma imagem mental de um cão, o mesmo não se pode dizer de
inflação ou liberdade).
As pessoas que revelam capacidades excepcionais de memória (mnemonistas)
normalmente conseguem criar imagens visuais de n.ºs, cores, sons, etc.
A eficácia das imagens em termos de memória é tanto maior quanto mais bizarras,
interactivas e cómicas forem as imagens associadas. A este fenómeno chama-se BIC.
Uma técnica de memorização que explora intensamente a formação de imagens BIC é a
mnemónica dos lugares, uma das melhores técnicas de apoio à memória humana até hoje
inventadas.
ƒ Esta técnica consiste na associação de lugares ao longo de um percurso com a
formação de uma imagem mental entre o lugar seleccionado e a palavra, ideia ou
acontecimento a memorizar
ƒ A vantagem desta técnica consiste no facto de utilizar mecanismos eficazes ao
nível da aquisição da informação (imagem vívida entre o local e a palavra a
evocar) e, mais tarde, durante a fase da evocação ou recordação (percorre-se
mentalmente a ordem dos lugares, activando essa ordem e relembrando a palavra
associada)

Recuperação da informação na MLP


A memória é o passado transportado para o presente de uma forma infiel. Há diferenças
entre o que foi originalmente aprendido no passado e o que é recordado no presente.
Esta diferença pode ser analisada de forma qualitativa a partir dos erros e distorções no
relato ou de forma quantitativa , expressa em termos de média ou % de recordação de
itens verbais.
Os principais métodos, ou provas de memória, estudados são a evocação, o
reconhecimento, a reaprendizagem e a reconstrução
• Provas de memória
EVOCAÇÃO:
ƒ Consiste na reprodução consciente e activa de uma lista de itens (palavras,
imagens, sons, etc). Tipos de evocação
9 livre: sem obrigatoriedade de ordem
9 seriada: obrigatoriedade de respeitar a ordem apresentada
9 auxiliada: com apresentação da 1ª sílaba ou 1º elemento de um par de
palavras (car-(carbono))
ƒ Exige mais atenção e recursos cognitivos do que o reconhecimento, pois envolve
um menor apoio na busca e recuperação da informação
RECONHECIMENTP:
ƒ É uma tomada de decisão sobre se um item apresentado se identifica e compara
com uma representação na memória (decisão pessoal).
ƒ Numa prova de reconhecimento o maior ou menor grau de dificuldade depende
do n.º de alternativas e do grau de similaridade com a resposta correcta.
ƒ Às vezes pode ser mais difícil do que a evocação

A EVOCAÇÃO e o RECONHECIMENTO são consideradas provas directas e


explícitas da memória, pois requerem uma recordação consciente e deliberada dos
itens previamente identificados
REAPRENDIZAGEM:
ƒ Consiste em voltar a aprender algo aprendido antes (normalmente mais rápido do
que a 1ª vez) – ex. matérias escolares, cujos conteúdos apenas estão acessíveis na
altura dos exames

19
RECONSTRUÇÃO (ou COMPLETAÇÃO):
ƒ Inicialmente usado com pessoas com desordens de memória, que se revelou
bastante popular nas 2 últimas décadas quer com amnésicos quer com pessoas
sem qualquer perturbação
ƒ Consiste na recordação de palavras com iniciais iguais, revelando a presença do
passado no desempenho presente, o que se classificou de memória implícita.
• O resultados das experiências com os referidos métodos, permitem concluir que as
dificuldades de memória se prendem fundamentalmente com problemas de recordação e não
de aquisição.

• Schater (1987) propôs a classificação das provas de memória em duas categorias:


MÉTODOS EXPLÍCITOS:
ƒ Constituídos pelas provas de evocação e reconhecimento requerendo uma
recordação consciente da experiências passadas
MÉTODOS IMPLÍCITOS:
ƒ Constituídos por diversas provas que não envolvem uma recordação consciente

O problema do esquecimento
• O esquecimento é a prova diária de que a nossa memória é falível
• O esquecimento é um processo instável e ocorre, principalmente, ao nível da fase de
recuperação
• O esquecimento é a dificuldade de recordar a informação no momento mais adequado. Pode
ser:
DEFINITIVO: deterioração completa do traço da memória - falando-se neste caso de
esquecimento dependente do traço;
TEMPORÁRIO: devido à ausência de uma pista ou indicador de informação que possa
conduzir ao traço de memória retido - neste caso fala-se de esquecimento dependente do
indicador ou pista, já que a informação existe mas não está imediatamente acessível.
• As teorias mais importantes sobre a natureza do esquecimento são:
TEORIA DO DESUSO:
ƒ Também conhecida como teoria do declínio temporal do traço de memória,
afirma que o esquecimento está dependente da falta de uso durante o período de
tempo de permanência da informação na memória (“com o tempo acaba-se por
esquecer”)
ƒ Esta teoria não conseguiu obter a confirmação ou rejeição experimental.
TEORIA DA INTERFERÊNCIA:
ƒ Afirma que o esquecimento é o resultado da competição entre diferentes
memórias
ƒ Conforme aumenta a quantidade de informação retida na memória, diminui a
capacidade de identificar e localizar um determinado item.
ƒ É uma das teorias mais importantes. Divide-se entre:
9 Retroactiva (McGeoch 1932)
¾ Ocorre quando a evocação de 1 lista de palavras é afectada
negativamente pela aprendizagem posterior de outra lista semelhante.
Quanto maior for o grau de similiaridade entre a lista B e a lista A,
maior é a interferência retroactiva e, por conseguinte, menor é o grau
de evocação
9 Proactiva (Greenberg e Underwood 1950)
¾ Quando a evocação de uma lista de palavras é afectada negativamente
pela aprendizagem prévia de outra lista semelhante
ƒ Instabilidade do esquecido (Sílvio Lima)
9 “O que agora me lembra pode, daqui a instantes, esquecer-me, como o que
agora me esquece, pode, daqui a instantes, lembrar-me”
INCONGRUÊNCIA CONTEXTUAL:
ƒ Apoia-se e 3 pilares:
9 O modo como os itens são percebidos afecta o modo como são retidos ou
armazenados
9 Os indicadores seleccionados na altura da codificação determinam o tipo de
indicadores que facilitarão o acesso à memória
9 Quanto maior for a concordância entre os indicadores usados nas fases de
codificação e de recuperação, melhores serão os resultados

20
ƒTulving
9 O acesso à informação armazenada é dirigida por meio de pistas de
recuperação ou indicadores que podem revestir elementos de significados
das palavras, elementos ambientais ou ainda elementos orgânicos e
emocionais
ƒ Princípio da codificação específica
9 Uma pista só é eficaz em termos de recordação se tiver sido percebida no
contexto da aquisição (Aquisição + Recuperação = Representação da
informação na memória)
9 O esquecimento é devido ao uso de pistas inadequadas
ƒ Esquecimento dependente do contexto
9 Recordação de dados passados quando, por exemplo se retorna a um local
da infância
ƒ A memória é, também, afectada pelo estado emocional
Ð
Esquecimento dependente do estado (Bower, Monteiro e Gilligan)
RECALCAMENTO (ou memórias orgânicas):
ƒ Freud
9 sugeriu que o esquecimento era motivado, ou seja uma forma do próprio
indivíduo se preservar de recordações negativas, que eram transferidas para
o inconsciente
9 O inconsciente constituía-se essencialmente de memórias recalcadas, que
exerciam os seus efeitos de forma indirecta através de tiques e aversões
(memórias orgânicas).
9 Para Freud (Psicopatologia da Vida Quotidiana) o acesso a esta memória
apenas era possível através da psicanálise.

Esquecer é recordar
• O esquecimento também é benéfico.
• Numa perspectiva clínica, é um mecanismo cognitivo com grande poder terapêutico e
curativo, quando consegue apagar da mente memórias penosas e traumáticas.
• O esquecimento liberta a memória de informações irrelevants e triviais, aumentando o seu
espaço de armazenamento

Recordação e reconstrução
• A recordação nem sempre é imediata e directa
• Em psicologia cognitiva há uma distinção entre processamentos ascendente e descendente:
PROCESSAMENTO ASCENDENTE
ƒ Começa na análise da informação captada pelos órgãos sensoriais e sobe
progressivamente até níveis mais complexos
ƒ A percepção é directa
ƒ A informação é extraída da matriz sensorial sem recursos a esquemas e
representações intermédias
PROCESSAMENTO DESCENDENTE
ƒ Parte do conhecimento e expectativas que se tem sobre o modo como os objectos
se parecem, influenciando a sua identificação.
ƒ O conhecimento de que somos portadores influencia o o modo como
interpretamos os estímulos sensoriais recebidos
ƒ Para os construtivistas a percepção é indirecta, inferencial e construtiva
(memória de experiencias passadas, capacidade de raciocínio, etc.)
ƒ Alterações da memória ocorrem ao nível da recuperação (imagem com vários
detalhes é alterada, quantos mais detalhes tiver)
ƒ A memória não se limita a um registo fiel dos factos.
ƒ A memória é uma reconstrução de acontecimentos passados tanto mais
distorcida quanto maior for o intervalo de retenção, o tempo reduzido de
aquisição, o elemento emocional envolvido e as reproduções efectuadas
ƒ Kant afirmou que nós vemos as coisas, não como elas são, mas como nós somos

21
CAPÍTULO 4
Inteligência

Âmbito e definições
• Há investigadores que consideram a inteligência como um conceito unitário
• Há outrios que acham que existem “inteligências” e não “inteligência”
• A inteligência é um construto teórico proposto pelos investigadores, para grupar e explicar um
conjunto de fenómenos
• O estudo da inteligência é controverso em termos de definição, de medida e de grau de
hereditariedade, sendo considerada por vários investigadores como uma capacidade
(habilidade) cognitiva geral
• Segundo Jesen (1998) o termo inteligência deve aplicar-se a todo um grupo de processos ou
princípios de funcionamento do sistema nervoso que tornam possível as funções
comportamentais responsáveis pela adaptação do organismo ao meio ambiente.
• Propostas de investigadores onde se indicam algumas dimensões consideradas essenciais:
Processo de adaptação ao meio (Binet);
Capacidade para pensar racionalmente (Wechsler)
Habilidade para captar o essencial de uma situação (Heim)
• PRINCIPAIS COMPONENTES DA INTELIGÊNCIA:
Inteligência verbal
A resolução de problemas
Inteligência prática

Medidas de Inteligência
• ESCALA BINET-SIMON (1905):
Baseia-se em competências de memória, vocabulário e conhecimentos comuns, e
destinava-se a identificar crianças normais e atrasadas. (ex. eram apresentadas tarefas a
um grupo de crianças com 7 anos. Quando cerca de ¾ das crianças conseguiam resolver
determinado grupo de tarefas, essas tarefas eram consideradas de resolução típica e
adequada para essa idade)
Através da revisão desta escala foi proposto o conceito de idade mental (IM), que se
comparava depois com a idade cronológica (IC)
Stern (1912)
ƒ Baseado nestes estudos, formulou o conceito de quociente de intelectual (QI),
calculado segundo a formula QI=(IM/IC)x100.
ƒ O objectivo era atribuir um valor médio de 100 ao QI de uma população. Assim,
se a IM fosse igual à IC o QI era igual a 100
ƒ A determinação do QI segundo a formula de Stern gera problemas a partir dos 18
anos, idade que se convencionou considerar como termo do desenvolvimento
intelectual
Terman
ƒ adaptou o teste de Binet-Simon para os EUA, designando-o por Escala de
Inteligência de Stanford-Binet
• Wechsler
Desenvolveu outro tipo de teste que foi revisto ao longo das últimas décadas, destinando-
se inicialmente a adultos e posteriormente adaptado a crianças.
As designações mais recentes de cada um são:
ƒ WAIS-III (Escala de Inteligência de Wechsler para adultos) - 16/74 anos
ƒ WISC-III (Escala de Inteligência de Wechsler para crianças) – 6/16 anos
• Raven (1938/89)
• Propôs como medida de inteligência um teste livre de influências culturais e linguísticas, que
designou por Matrizes Progressivas de Raven (MRP)
• Pretende medir um factor geral de inteligência ao nível do raciocínio indutivo. Este teste prevê
de forma satisfatória, variáveis de natureza educacional e ocupacional
• O significado do QI
É um conceito estatístico que tenta representar o conceito psicológico de inteligência
O QI psicométrico estabelecido por um teste não é a inteligência real de uma pessoa, mas
pretende representa-la.
O QI obtido nos testes de é uma medida relativa, uma vez que o valor real obtido é
comparado com uma amostra representativa de indivíduos no mesmo grupo etário
22
A medição da inteligência está assim dependente das características de padronização de 1
teste de inteligência
• Inteligência geral: o factor “g”
Sinónimo de inteligência geral, é um constructo matemático que representa o que há de
comum no desempenho dos vários sub-testes (por ex. WAIS) por parte de uma pessoa ou
grupo através da análise factorial, que consiste na medição de diferentes habilidades
cognitivas expressas por uma matriz de inter-correlações positivas
O instrumento considerado melhor para medir o factor g, é o teste de Raven
• Características Psicométricas de um teste
Quando se pretende criar um teste psicológico, em primeiro lugar tem de se estabelecer
uma definição precisa da variável que o teste pretende medir. Depois elabora-se uma lista
de questões ou itens para avaliar essa variável.
Esta lista tem que ser aplicada a um grupo que reuna características similares às que irão
realizar o teste
Os ensaios servem para aperfeiçoar e corrigir erros até se chegar ao teste final
• Fidelidade e validade
São as duas principais características de um teste
Fidelidade:
ƒ Consistência interna dos dados obtidos.
ƒ Pode ser medida através:
9 TESTE-RETESTE
¾ Passagem do mesno teste a um grupo em ocasioes diferentes (intervalo
de semanas)
9 COMPARAÇÃO DE METADES
¾ Estabelece uma correlação entre metade dos dados com a outra metade
9 FORMAS EQUIVALENTES
¾ São 2 versões semelhantes do mesmo teste, aplicadas ao mesmo grupo
de pessoas

O teste é considerado fiel se o coeficiente de correlação entre os


valores obtidos, numa destas medidas, for elevado
Validade:
ƒ Relação dos dados com a característica psicológica (variável ou constructo) que
o teste é suposto medir.
ƒ Procedimentos para medir a validade de um teste:
9 Validade de rosto (análise inicial do teste por peritos)
9 Validade do constructo (grau de ligação dos itens entre si e em relação ao
objectivo e, entre testes similares)
9 Validade de critério (compara os resultados de um teste com o
comportamento da pessoa no mundo real, quer em termos de previsão do
desempenho futuro da pessoa, quer em termos de comparação concorrente
com o desempenho actual do indivíduo numa área específica

Estabilidade e previsão dos testes de inteligência


• ESTABILIDADE DO QI:
Os valores permanecem estáveis ao longo da vida, apesar de algumas flutuações
• REALIZAÇÃO ESCOLAR:
O Q.I. é um factor preditivo da realização escolar. Pode, também, aumentar e diminuir em
função de variáveis alternativas
• ANOS DE ESCOLARIDADE:
Os alunos mais inteligentes tendem a permanecer mais anos na escola
• VARIÁVEIS SOCIAIS:
O QI está correlacionado com o estatuto sócio-económico da pessoa e com o desempenho
profissional. Os valores de QI ainda negativamente correlacionados com alguns
comportamentos sociais como o crime juvenil.
• PRÁTICA E IDADE:
Parece haver provas de que o QI não diminui com a idade (até + os 56 anos) tendo
tendência para aumentar, nomeadamente nas provas relacionadas com as actividades que
são objecto de treino regular (ex. prof.). A previsão do Q.I. é maior em termos de
relaizaçao escolar, média em termosw profissionais e baixa em termos sociais
(criminalidade)

23
• O efeito Flynn
No mundo industrializado (em especial nos EUA) os resultados dos testes de aptidão
escolar têm baixado.
Em contraste, os testes de inteligência têm aumentado. Este aumento é conhecido por
Efeito Flynn
Naisser
ƒ Considera a situação ficção ou artefacto, associado ao conhecimento e aplicação
dos testes
Greenfield
ƒ Considera-o real e potenciado pela sociedade actual da informação e tecnologia
(sujeito a influências culturais)

Testes de inteligência: prós e contras


• INTELIGÊNCIA PSICOMÉTRICA
Inteligência medida pelos testes
• Limitações dos testes
Os testes de inteligência não medem a inteligência prática par situações do dia-a-dia
(sabedoria, criatividade, conhecimento prático e as competências sociais)
As culturas humanas não têm uma concepção única do que é ou não um comportamento
inteligente
• Vantagens dos testes
A principal vantagem é a sua capacidade preditiva.
São usados nos mundos escolar, profissional, militar, em grupos e etnias, sendo uma das
aplicações práticas mais importantes da psicologia
São úteis pois preveem o desempenho de várias actividades humanas
Medem uma certa forma de funcionamento mental ou certas habilidades cognitivas, com
consequências práticas importantes no dia-a-dia, de forma a diferenciar de forma coerente
uma pessoa de outra

Teorias e modelos de inteligência


• Existem três grandes abordagens teóricas:
Psicométrica
ƒ Medição da inteligência
ƒ Habilidades mentais usando a análise factorial (inventada por Spearman)
ƒ Principal meio para determinar se a inteligência é constituida por 1 único factor
ou por vários factores, componentes ou habilidades mentais
ƒ Geraram 3 grupos de teorias psicométricas
9 SPEARMAN
¾ Factor único – Factor “g” (correlação múltipla positiva)
™ As pessoas com bons resultados num testes tendem a produzir
também bons resultados noutros testes
™ Os factores específicos eram designados por “s”
™ O factor g seria hereditário
™ Esta teoria não foi muito popular
™ Spearman inventou a análise factorial e aplicou-a aos resultados de
testes feitos a crianças
9 Thurstone
¾ Vários factores - habilidades mentais primárias
™ O facto de uma pessoa ser inteligente numa área não significa que o
seja em todas
™ A inteligência não depende de 1 único factor mas é formada por
vários factores, que no seu conjunto constituem a inteligência
™ Propôs sete factores independentes:
Ô Visualização espacial – reconhecimento de relações espaciais
Ô Velocidade perceptiva – detecção rápida de elementos visuais
Ô Raciocínio numérico – realização rápida e precisa de
operações aritméticas
Ô Compreensão verbal
Ô Fluência verbal – rapidez de reconhecimento de palavras
únicas e isoladas
Ô Memória – recordação de listas de palavras e números

24
Ô Raciocínio indutivo – Relação que descreve um conjunto de
observações
9 Guilford
¾ O cubo da inteligência
™ Desenvolveu a teoria de estrutura do intelecto, constituido por 150
habilidades distintas, representadas num cubo, cujas 3 dimensões
designou por:
Ô Operações (o que o indivíduo faz)
8 Avaliação
8 Produção convergente
8 Produção divergente
8 Memória
8 Cognição
Ô Conteúdos (material onde o indivíduo executa as operações)
8 Visual
8 Auditivo
8 Simbólico
8 Semântico
8 Comportamental
Ô Produtos (formas básicas na qual a informação pode ser
incluída)
8 Unidades
8 Classes
8 Relações
8 Sistemas
8 Transformações
8 Implicações
9 Cattell e Horn
¾ Proposeram a divisão do factor “g” em 2 dimensões:
™ Inteligência fluída
Ô Flui através dos vários tipos de actividades mentais e
cognitivas
Ô Habilidade para pensar e raciocinar em termos abstractos,
formar conceitos, raciocinar de forma indutiva
Ô Aumenta gradualmente ao longo da infância e juventude
Ô Dependente dos genes e das estruturas neurofisiológicas
Ô Não é tão influenciada pelos processos de educação e
aculturação
™ Inteligência cristalizada
Ô Produto final das experiências de que uma pessoa é portadora
em determinado momento da vida
Ô Base cultural
Ô É influenciada pelos processos educativos e culturais
Ô Aumenta ao longo da vida da pessoa, estabilizando por volta
dos 50-60 anos
9 Carroll
¾ Estrutura hierárquica da inteligência com 3 estratos:
™ Estrato III Î Factor geral de insteligência “g”
Ô Expresso pelo QI
™ Estrato II Î Factores gerais (governam e controlam a actividade
cognitiva da pessoa)
Ô Inteligência fluida (IF)
Maior proximidade (IF) Ô Inteligência cristalizada (IC)
ou afastamento (RCG) Ô Aprendizagem e memória
em relação ao factor Ô Percepção visual
geral de influência Ô Percepção auditiva
situado no topo Ô Fluência e evocação
Ô Rapidez cognitiva geral (RCG)
™ Estrato I Î Factores específicos
Ô Tarefas ou testes cognitivos, associados apenas a 1 factor
específico do estrato II (exemplo: em “aprendizagem e

25
“memória”, seriam “aprendizagem associativa e evocação
livre”)
9 Jensen
¾ O factor de inteligência
™ Continuador de Spearman.
™ Defendeu que o g é a componente mais importante para o sucesso,
aliando-lhe os desejos de realização e motivação.
™ Esta teoria não foi muito popular
ƒ No âmbito da teoria psicométrica, o modelo de inteligência mais aceite defende a
existência de diversas habilidades mentais específicas dependentes
hierarquicamente de um factor geral, estando o desempenho do sujeito
dependente de ambos
Processamento da informação Î funcionamento de processos mentais especificos
ƒ Para este modelo, a inteligência resulta de uma série de processos usados para
resolver problemas
ƒ A inteligência é tudo o que a mente faz ao processar a informação
ƒ A mente recebe informação, armazena-a na memória, analisa, compara,
transforma-a a e planeia a execução de uma resposta
ƒ Alguns dos investigadores mais importantes nesta área foram:
9 Haier
¾ Inteligência e o metabolismo da glucose
™ Através de algumas experiências , verificou que os indivíduos com
melhor desempenho tendem a usar, globalmente, menos glucose,
ao nível do metabolismo cerebral
9 Netteleck
¾ Inteligência e o tempo de inspecção
™ Uma pessoa mais inteligente é capaz de inspeccionar mais
rapidamente uma figura simples e indicar onde se encontram as
diferenças
9 Jensen
¾ Inteligência e tempos de reacção de escolha
™ Defendeu a hipótese de que a inteligência está relacionada com a
rapidez de condução dos circuitos neuronais
9 Hunt
¾ Inteligência e acesso lexical
™ Propôs que a inteligência está relacionada com o tempo de reacção
nomeadamente ao nível da velocidade lexical
9 Simon
¾ Inteligência e resolução de problemas
™ Verificou que as pessoas mais inteligentes organizam a sequência e
as operações mais rapidamente e revelam ter uma memória
operatória com maior capacidade
9 Sternberg
¾ Inteligência e analogias
™ Defendeu que para se resolverem analogias é necessário dividir o
problema global em 5 fases:
Ô Codificar o significado
Ô Relaciona-lo
Ô Ordena-lo
Ô Aplicar a relação deduzida
Ô Indicar a resposta
™ Aqui os indivíduos mais inteligentes gastam mais tempo no
planeamento global da tarefa e menos na execução e aplicação de
estratégias
Desenvolvimental (Teorias de desenvolvimento cognitivo) Î mudanças qualitativas ao
longo da vida
ƒ Estudam as mudanças qualitativas que ocorrem no pensamento da pessoa ao
longo da vida, tendo em conta as influências de natureza biológica (maturação) e
da experiência com o meio (aprendizagem)
9 Teoria de Piaget:
¾ Propôs uma teoria do desenvolvimento cognitivo assente em 4 fases
qualitativamente distintas:

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™ Sensório-motora (0-2 anos)
™ Pré-operatória (2-7 anos)
™ Concreta (7-11 anos)
™ Formal (acima dos 12 anos)
¾ Em cada fase há uma adaptação complexa crescente da criança,
sobretudo nos processos fisiológicos de maturação.
¾ O desenvolvimento intelectual tem 3 processos fundamentais:
™ Assimilação (incorporação de novos conhecimentos)
™ Acomodação (modificação ao nível dos esquemas por forma a
integrar novos elementos do meio)
™ Equilibração (equilíbrio entre as duas anteriores reflectido num
processo de resolução de esquemas conflituais e respectiva
integração em novas estruturas)
Ô Esquema Î Acção que se repete e se aplica a situações
comparáveis (esquemas de ordem e classificação)
Ô Estruturas Î Tipos de organização quantitativamente
diferentes do ser humano (estrutura sensório-motoras e
pré-operatórias)
¾ Piaget considera que o desenvolvimento cognitivo se desenvolve
através de um processo de maturação biológica, que ocorre de dentro
para fora.
9 Teoria de Vygotsky
¾ Ressalta o papel do meio social no desenvolvimento intelectual da
criança (aprende a linguagem e o pensamento por meio dos pais e da
sociedade onde se inserem).
¾ Defende que o desenvolvimento intelectual se processa de fora para
dentro por meio do processo de interiorização, que consiste na
absorção do conhecimento a partir do meio ou contexto.
¾ Introduziu a noção de zona de desenvolvimento proximal (ZDP) que
se constitui no conjunto de habilidades que a criança ainda não
domina mas que tem potencial de adquirir e aplicar se as
circunstâncias se proporcionarem.
¾ Considerou que os textes convencionais de inteligência apenas testavam
a inteligência estática e não a inteligência dinâmica que o conceito de
ZDP implica
Há ainda a perspectiva contextual Î meio/personalidade
ƒ A inteligência envolve factores universais comuns a todas as pessoas, havendo
aspectos que são valorizados por umas culturas e considerados menos relevantes
por outras
ƒ Também as características de personalidade de cada pessoa são capazes de
potenciar ou limitar o desempenho intelectual
ƒ Teorias de inteligência que têm em conta a cultura e a personalidade:
9 Sternberg
¾ Teoria Triárquica de Inteligência
™ A inteligência é um conjunto de actividades mentais que tem por
objectivo a adaptação, a regulação e a selecção de situações
ambientais relevantes para a vida de cada um.
™ A inteligência inclui três tipos de habilidades principais:
Ô Analítica Î Orientam a pessoa em relação ao mundo interno
8 Capacidade para realizar tarefas que envolvam diferentes
passos ou componentes Î Inteligência académica ou
componencial (séries numéricas, analogias, resoluções,
etc)
Ô Prática Î Orientam a pessoa em relação ao mundo externo
8 Capacidade para fazer face ao dia-a-dia
8 Componente adaptativa do comportamento ao meio
ambiente,, por forma a entender situações, resolver
problemas práticos e conseguir um relacionamento
adequado com os outros Î Inteligência Contextual
Ô Criativa Î Orientam a pessoa em relação ao mundo
interno/externo

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8 Habilidade para perceber soluções criativas e inovadoras
face a novos problemas
8 Baseia-se na experiência passada Î Inteligência
experiencial
9 Gardner
¾ Teoria das Inteligências Múltiplas:
™ Considera que o cérebro está organizado em módulos
diferenciados, cada um dos quais responsáveis por um tipo de
inteligência
™ Propôs sete inteligências:
Ô Linguística: Habilidades verbais usadas na fala, na leitura,
escrita e audição.
Ô Lógico-Matemática: Raciocínio lógico e resolução de
problemas de tipo matemático
Ô Espacial: Formar imagens espaciais (ler um mapa, encontrar o
menor caminho entre dois locais, arrumar os pratos na
máquina, etc.)
Ô Musical: Criação de melodias e ritmos (tocar instrumentos e
fazer apreciação musical)
Ô Corporal e Quinestésica: Expressa através da dança, ginástica e
ilusionismo.
Ô Intrapessoal: Conhecer-se a si próprio, descobrir os pontos
fracos e desenvolver o sentido de identidade.
Ô Interpessoal: Compreender os outros e saber interagir.
ƒ Inteligência Emocional
9 Salovey e Mayer (1990) + Goleman (1997)
¾ Habilidade para identificar e controlar os próprios sentimentos e
emoções, usando a informação obtida para guiar o pensamento e a
acção.
¾ As habilidades envolvidas incluem:
™ A identificação e compreensão das emoções no próprio e nos
outros
™ A expressão e a regulação das emoções
™ Uso das expressões emocionais de forma adaptativa.

O Problema da Hereditariedade-Meio
• A que se devem as diferenças de inteligência?
• A razões hereditárias ou genéticas ou devido à influência do meio sociocultural?
• Factores Genéticos:
Os gémeos são estudados nas investigações sobre a influência da hereditariedade nas
diferenças individuais de inteligência.
A hipótese genética defende que quanto maior for a similaridade genética entre duas
crianças, maior será o coeficiente de correlação de QI
Geneticistas comportamentais defendem que a influência genética nas diferenças de
inteligência, é cada vez maior à medida que a criança cresce
• Adopção de crianças
Diversos estudos (Fulker, Horn) apontam que as crianças adoptadas têm uma maior
similaridade em termos de QI com as mães biológicas
A partilha dos genes conta mais do que a partilha do meio
• Factores Ambientais e Socioculturais:
Há vários estudos que demonstram o importante papel destes factores nas diferenças
individuais de inteligência
• Interacção Hereditariedade-Meio:
A hereditariedade e o meio contam no desenvolvimento intelectual humano. O problema
é conseguir determinar qual a estimativa aproximada da influência específica de cada uma
delas, visto o investigador não ter controlo sobre nenhuma

28
CAPÍTULO 5
Motivação

Definição
• Nuttin
A motivação é “uma força que age sobre um sujeito e o põe em movimento; uma energia
que ao libertar-se põe a máquina a funcionar”
Considera ainda a motivação como uma tensão afectiva, todo o sentimento susceptível de
desencadear e sustentar uma acção em direcção a um objectivo.
A motivação confere três características a todo o comportamento, consoante o valor
atribuído ao objectivo:
ƒ Força
ƒ Direcção
ƒ Persistência
É uma força que inicia, guia e mantém a direcção do comportamento
• Conceitos motivacionais
Necessidade
ƒ Estado interno do organismo que está privado ou carente de alguma coisa –
biológica, psicológica ou social
ƒ Desencadeia um impulso (necessidade sem impulso: oxigénio)
Impulso (associado ao incentivo)
ƒ Tensão e urgência na realização de um comportamento, tornando-o mais
energético
ƒ É uma característica da necessidade que motiva o comportamento
9 Impulsos primários: Internos
¾ Derivam de estados fisiológicos Informam o organismo sobre o
9 Impulsos secundários; Externos grau de urgência de uma acção
¾ Resultam de aprendizagens
ƒ Os impulsos podem ter várias funções:
9 Homeostática (tendência para reduzir fome, sede, etc.)
9 Aversiva (tendência para evitar a dor e mal estar)
9 Exploratória (tensão para experimentar novos comportamentos ou avaliar
novos estímulos no ambiente)
9 Anticipatória (planear a satisfação de necessidades futuras
9 Pausa (refere-se a situações de lazer)
Incentivo (associado ao Impulso)
ƒ Estímulo externo que atrai ou repele um comportamento.
9 Incentivo primário
¾ alimento Informam o organismo
9 Incentivo secundário sobre as possibilidades
¾ salário, prémios, posse de objectos) correntes de satisfazer
¾ São adquiridos através da aprendizagem uma necessidade
¾ Aparecem associados aos primários
Motivo
ƒ Impulso para a acção substituindo progressivamente o conceito de impulso.
ƒ Envolve uma componente psicológica acentuada e elementos emocionais
(realização pessoal, auto-estima, afiliação)

Teorias da Motivação – O “porquê” de fazermos uma coisa em vez de outra


• TEORIAS BIOLÓGICAS
Focam os instintos, as pulsões e impulsos, enquanto que as teorias sociais focam a
influência do grupo, sociedade e cultura em que a pessoa se situa
Analisam os elementos e estruturas bioquímicas e neurológicas da motivação Î
Impulsos Primários
Defendem a existência de necessidades básicas no organismo, produzidas por estados de
privação
Teoria dos Instintos: EMPURRA o comportamento numa determinada direcção
ƒ O comportamento de um organismo ou pessoa é impelido por instintos.
ƒ O pressuposto desta teoria refere que todos os membros de uma espécie estão
geneticamente programados para agir da mesma maneira ou de forma
semelhante.
ƒ McDougall
29
9 Foi um dos investigadores que ressaltou o papel dos instintos no
comportamento (animais/homem)
9 Caraterizou os instintos como comportamentos expressos de modo
uniforme, inatos (não-aprendidos) e universais, em cada espécie
9 Substituiu mais tarde o termo instinto por propensão, devido ao criticismo
de que foi alvo.
9 O principal argumento contra esta teoria é de que o ser humano não exibe
comportamentos fixos, estereotipados e não aprendidos como os animais,
quando muito possui alguns reflexos elementares (sucção no bébé)
Teoria Sociobiológica
ƒ Estuda as bases genéticas e evolutivas do comportamento em todos os
organismos, tentando explicar os comportamentos sociais desde a vida em grupo,
até ao altruísmo e cuidados parentais.
ƒ Acha que o objectivo fundamental de um organismo não é a simples
sobrevivência, mas sim passar o maior número de genes para a geração seguinte.
Teoria de Freud
ƒ Propôs a existência de dois grandes instintos ou pulsões à nascença
9 A pulsão da vida (eros)
¾ Incluem os instintos sexuais e a fome/sede, necessários para a
amanutenção da vida
9 A pulsão da morte (tanatos)
¾ Instinto de agressão

Estes instintos estariam presentes numa espécie de “caldeirão de energia”


ƒ Para Freud, a motivação não é o resultado do acaso. Todo o comportamentos é
psiquicamente determinado e tem origem em desejos inconscientes
• TEORIAS COMPORTAMENTAIS – BEAVIORISTAS
Tentam estabelecer relações específicas entre motivação e aprendizagem e dão bastante
importância a conceitos comuns, como o impulso, reforço, punição e moldagem
Teoria da Redução dos Impulsos EMPURRA o comportamento numa determinada
direcção
ƒ Os organismos agem no sentido da redução de impulsos.
ƒ Impulso é um estado interno de tensão que faz com que um organismo aja de
determinado modo a fim de reduzir a tensão existente. O objectivo é manter um
estado constante ou correcto de equilíbrio interno (homeostase) para uma certa
necessidade
ƒ Os comportamentos com essa redução são fortalecidos Î A redução é uma
condição necessária à aprendizagem
ƒ Hull (1943) – Factores motivacionais extrínsecos (reforços + punições)
9 Defendeu que todo o comportamento é motivado por impulsos
homeostáticos ou por impulsos secundários baseados neles
9 A necessidade gera o impulso que assegura a ocorrência do comportamento,
sendo o objecftivo deste a redução do impulso
Teoria da Excitação EMPURRA o comportamento numa determinada direcção
ƒ Propôs a substituição do conceito de impulso pelo conceito mais geral de
excitação
ƒ Diz que há motivos psicológicos que em vez de terem por fim a redução da
tensão procuram antes aumentá-la.
ƒ Mudanças significativas face a um nível considerado óptimo ou satisfatório,
levam o organismo a agir no sentido de restaurar o equilíbrio desejado
(Exemplo: Exame Î excitação elevada Î bloqueio
Estudo Î excitação baixa Î adiamento)
Teoria do Incentivo/Reforço PUXA as pessoas pelo desejo de alcançarem um
objectivo
ƒ Não motiva sempre o comportamento, mas tem potencialidade para o fazer
ƒ Tipicamente BEAVIORISTA Î Comportamento é motivado apenas por
factores externos, positivos ou negativos
ƒ O incentivo promove ou penaliza o comportamento numa determinada direcção
a partir de um estímulo externo. Havendo dois tipos de orientações
motivacionais:
9 Extrínseca
¾ Quando se pretende alcançar uma recompensa externa e tangível
30
9 Intrínseca
¾ Pela satisfação pessoal
ƒ A teoria do incentivo ignora o reforço intrínseco, que se pode manter por muito
mais tempo do que o extrínseco
• TEORIA HUMANISTA DE MASLOW Factores motivacionais INTRÍNSECOS Î
satisfação de necessidades do SER + Auto-Satisfação
Tem por objectivo ressaltar e explicar os motivos de natureza psicológica no
comportamento humano.
A teoria de Maslow é uma teoria das necessidades humanas que tem subjacente três
postulados:
ƒ As pessoas são motivadas no sentido de satisfazer as suas necessidades
ƒ As necessidades são hierarquizadas
ƒ As pessoas progridem na hierarquia das necessidades à medida que as
inferiores são satisfeitas
Cada indivíduo possui um conjunto hierarquizado de sete necessidades
ƒ Fisiológicas
9 Fome, sede, sexo Necessidades carentes
ƒ Segurança Motivação tende a
9 Referentes a ameaças físicas e emocionais diminuir quando
ƒ Sociais ou de Pertença satisfeitas
9 Aceitação, amizade
ƒ Estima
9 Auto-respeito, autonomia, realização, reconhecimento, status
ƒ Cognitivas
9 Curiosidade e desejo de obter novos conhecimentos Necessidades do SER
ƒ Estéticas Motivação tende a
9 Apreciação da beleza e arte, organização da vida social aumentar à medida
ƒ Auto-realização que são satisfeitas
9 Realização do potencial individual, crescimento pessoal

Reconhece que a sua organização pode não ser fixa (as pessoas podem sacrificar
temporariamente necessidades de ordem fisiológica em favor de necessidades de ordem
cognitiva ou estética, por exemplo).
Reconheceu ainda que muitas pessoas talvez não consigam satisfazer as necessidades do
topo da hierarquia
Essa hierarquia implica a noção de que há motivos que, até serem satisfeitos, são mais
fortes e prementes do que outros
• TEORIAS COGNITIVAS Factores motivacionais INTRÍNSECOS Î Consistência
pessoal + atribuições causais + expectativas
A maior parte dos teóricos da motivação seguem esta perspectiva (nas últimas décadas)
A motivação é um processo cognitivo e envolve a maior parte das vezes uma tomada de
decisão consciente
Nesta teoria a motivação cria intenções e dirige os comportamentos para objectivos
As teorias cognitivas defendem que as pessoas agem não por motivos externos ou
condições ambientais (reforços e incentivos) ou até mesmo fisiológicas (fome), mas antes
em função das percepções e interpretações que dão aos acontecimentos, assim como em
função dos objectivos, planos e expectativas que formam.
As pessoas são activas e curiosas, buscam informação e procuram atingir nível de
compreensão da realidade cada vez maiores.
Teoria da Dissonância Cognitiva de Festinger
ƒ As pessoas sentem tensão e desconforto quando são induzidas a dizer ou a tomar
uma posição contrária às crenças e valores em que acreditam Î Dissonância
cognitiva
ƒ A consciência de uma atitude contrária às nossas crenças leva-nos a justificar
essa atitude (o fumador conhece os malefícios do tabaco mas inventa desculpas
para o seu vício)
ƒ A teoria sustenta que uma pessoa processa a informação de forma activa sempre
que encontra discordâncias ou incongruências em termos de conhecimentos e
saber, faz um esforço para mudar de opinião e atitude de forma a conseguir um
estado de coerência e consistência cognitiva
Modelos de Atribuição Causal

31
ƒ Descrições das justificações, desculpas e porquês que as pessoas dão para
explicar os sucessos e fracassos no comportamento do dia a dia
ƒ Rotter
9 Modelo do locus de controlo
¾ Tenta situar a responsabilidade pelo sucesso ou fracasso no interior ou
no exterior das pessoas.
¾ As pessoas com um locus de controlo interno assumem a
responsabilidade pelo seu comportamento e pelo seu destino.
¾ As pessoas com um locus de controlo externo acreditam que as forças
que determinam as suas vidas situam-se no exterior e fora do seu
controlo, sendo a sorte ou a falta dela uma das causas frequentemente
referidas.
9 Modelo de Weiner
¾ Diz que as causas dos sucessos ou fracassos podem ser caracterizados
em função de três dimensões:
™ Locus Î A causa situa-se no exterior ou no interior da pessoa
Ô Relacionada com sentimentos de auto-estima
Ô Se o sucesso ou fracasso fosse atribuído a factores internos, a
pessoa sentiria orgulho e uma motivação crescente no caso de
sucesso, ou uma redução na auto-estima no caso de fracasso
™ Estabilidade Î A causa é estável ou instável
Ô Relacionada comn expectativas sobre o futuro
Ô Se o sucesso ou fracasso fosse atribuido a factores estáveis,
como a dificuldade da tarefa, no caso do sucesso criava-se a
expectstiva de o mesmo vir a acontecer no futuro com tarefas
de dificuldade semelhante ou maior
™ Responsabilidade Î A causa está sob a responsabilidade da
pessoa (esforço ou pedido de ajuda) ou é incontrolável (saúde,
sorte, dificuldade da tarefa)
Ô A dimensão de responsabilidade está relacionada com as
emoções de orgulho e reconhecimento ou de ira e vergonha
Ô Se a pessoa é bem sucedida numa tarefa que sente como
estando ao seu alcance, a pessoa sentirá orgulho e satisfação.
Se falha sentirá vergonha
Ô Mas se percebe que a tarefa está fora do seu alcance, o sucesso
será atribuído à sorte e o fracasso originará estados de ira
contra o responsável pela tarefa
¾ Defende que estas 3 dimensões têm implicações importantes na
motivação humana
¾ Weiner descreveu quatro atribuições (duas internas e duas externas)
que as pessoas referem para justificar os seus sucessos e insucessos
numa tarefa:
™ Habilidade (tiveram sucesso porque são espertos e habilidosos;
falharam porque não o são) Î Atribuição interna e estável
™ Esforço (tiveram sucesso porque se esforçaram e trabalharam
muito; falharam porque não trabalharam o suficiente) Î
Atribuição interna e instável
™ Dificuldade (tiveram sucesso, porque a tarefa tinha uma dificuldade
aceitável e razoável; falharam porque a tarefa era muito difícil) Î
Atribuição externa e estável
™ Sorte (tiveram sucesso ou fracasso por motivos de sorte ou por
razões externas desconhecidas) Î Atribuição externa e instável
¾ A necessidade de ter uma imagem positiva de si próprias, leva as
pessoas a atribuir os sucessos a factores internos e os fracassos a
factores externos.
• TEORIAS DA APRENDIZAGEM SOCIAL Factores motivacionais INTRÍNSECOS Î
Expectativas + sentimentos de eficácia pessoal e EXTRÍNSECOS Î Valor dos
objectivos em si
Tentam integrar influências das teorias do comportamento:
ƒ Beavioristas
9 Reflete-se na importância dada aos determinantes externos do
comportamento

32
ƒ Cognitivas
9 Ressalta o papel dos determinantes internos do comportamento
Teoria da Expectativa x Valor – Atkinson
ƒ A Motivação é resultado da multiplicação da Probabilidade de sucesso vezes o
valor do Incentivo ao sucesso (M = Ps x Is).
ƒ Uma das características desta teoria é o facto da fórmula ser multiplicativa, o que
implica que se um dos elementos for igual a zero, o resultado final será também
zero
ƒ A motivação apenas será máxima com níveis moderados de probabilidade de
sucesso (Exemplo: 2 jogadores de xadrez
O Mestre: não valoriza muito a vitória e não faria muito esforço
O Amador: que ganhar mas não acha que conseguirá, daí não se
esforçar muito pela vitória)
Teoria de Nuttin
ƒ Sublinha a abordagem interaccionista da motivação humana, baseada nas
interacções dinâmicas e preferenciais que se estabelecem entre pessoa e meio
(eu-mundo).
ƒ Há interacções que são preferidas a outras e é no âmbito deste relacionamento e
desta valorização selectiva que a personalidade humana se constitui e desenvolve
ƒ Acha que a motivação não é o elemento desencadeador da necessidade, mas
constitui antes a direcção activa do comportamento, em direcção a um objectivo
Modelo de Bandura
ƒ Desenvolveu o conceito de auto-eficácia Î Crenças que uma pessoa tem sobre
a sua competência pessoal na realização de uma tarefa e no controlo de uma
situação
ƒ As pessoas têm tendência a trabalhar mais e a persistir durante mais tempo numa
tarefa quando têm um sentimento elevado de autoeficácia (nada fará um futuro
bem sucedido como um passado bem sucedido).
ƒ Bandura fala ainda do estabelecimento activo de objectivos Î os objectivos
estabelecidos determinam o critério para uma pessoa avaliar o seu próprio
desempenho.
• MOTIVAÇÃO INTRÍNSECA E EXTRÍNSECA
Motivação intrínseca
ƒ É aquela que parte do indivíduo que decide fazer uma tarefa, está consciente das
suas capacidades para a realizar e pensa obter satisfação na sua realização.
Motivação extrínseca
ƒ Ocorre quando uma pessoa obtém uma recompensa agradável ou evita uma
situação desagradável na realização de uma tarefa
Deci e Ryan
ƒ Propõe um contínuo motivacional que vai da amotivação (nível zero de
motivação – desamparo e resignação total, resultante de tarefas mal sucedidas)
num extremo, à motivação intrínseca no outro extremo, passando pelas diversas
cambiantes da motivação extrínseca
ƒ Destinguem 3 tipos de motivação extrínseca
9 Estados de conhecimento elevado (conhecer algo de novo)
9 Estados de realização (desafio e prazer de resolver algo complexo)
9 Estados de sensação e paixão (sentir sensações sensoriais de bem-estar e
estéticas)

REFORÇOS PSICOLÓGICOS

Factores auto-gerados que levam a pessoa a seguir numa determinada


direcção
ƒ Efeito de super-justificação
9 Quando há motivação intrínseca e prazer para realizar uma tarefa, a
introdução de um reforçoexterno pode diminuir o desejo de a realizar e o
agrado que antes se sentia

33
CAPÍTULO 6
Emoção

Âmbito da Emoção
• É um Comportamento observável através do rosto, voz, gestos e posição corporal
• É uma reacção complexa desencadeada por um estímulo ou pensamento e envolve reacções
orgânicas e sensações pessoais
• A emoção inclui uma componente de excitação fisiológica, ao nível do sistema nervoso
autónomo (o medo, a alegria, a tristeza, são traduzidos fisicamente de diferentes formas e
acarretam diferentes reacções químicas).
• A emoção é também uma interpretação cognitiva conjunta do estado fisiológico e da
situação que desencadeou a reacção (o mesmo estado fisiológico pode ou não dar origem a
uma emoção)
• É uma experiência subjectiva que envolve a pessoa toda, a mente e o corpo (uma situação
desencadeia diferentes emoções; as emoções podem ser agradáveis ou desagradáveis; podem
ser mais ou menos controladas, etc.)
• O controlo sobre as emoções é parcial (não podem ser “ligadas” e “desligadas”
imediatamente)
• O corpo transmite e exprime a fidelidade emocional

Funções da Emoção
Função Adaptativa:
• Ajudam os organismos a enfrentar questões chave de sobrevivência postas pelo ambiente.
• Darwin
Defendeu que a comunicação é o aspecto mais importante da emoção em termos de
sobrevivência
As emoções são um sistema básico da espécie, gravado no sistema nervoso para
efeitos de comunicação, permitindo a adaptação a diferentes situações.
Nos homens quando o papel adaptativo da emoção é desempenhado satisfatoriamente
a emoção torna-se num estado racional, porque está adaptada à percepção que a
pessoa faz da situação
Função Motivacional:
• As emoções mobilizam a pessoa para responder a situações urgentes sem perda de tempo ou a
ponderar qual a melhor reacção ou resposta.
• A rapidez com que as emoções surgem e nos dominam, é essencial para mobilizar o
organismo para reagir.
Função Perturbadora:
• Estados contínuos e frequentes de tristeza e depressão perturbam a acção, enviesam a maneira
de pensar e revelam-se desmobilizadores da acção.
Conceitos Emocionais
• Emoção, sentimento e afecto são considerados sinónimos quando se fala de um estado
emocional ou aqfectivo que influenciou uma determinada opção, interferiu na percepção de
um acontecimento ou desencadeou uma recordação específica
• A emoção tem componentes expressivas a nível comportamental e orgânico. Há estados
intensos (alegria, fúria, etc) que motivam uma acção e depois voltam ao seu estado normal
• O sentimento é um estado similar à emoção, menos intenso e mais prolongado
• Desordem emocional:
Reacções emocionais não apropriadas a uma dada situação.
Estados de ansiedade e fobias são desordens emocionais.
• Traço emocional:
Estado consistente e estável no comportamento da pessoa (traço “feliz” Î
relacionado com a frequência de emoções positivas)
• Outros conceitos como sentimento, afecto podem ser considerados sinónimos de emoção
sendo que descriminam variações ao longo da escala de intensidade emocional.
• A emoção é mais breve e intensa do que o sentimento, por exemplo.

Emoções Primárias (básicas) e Secundárias (compostas)


• As emoções básicas são aquelas que parecem ser inatas, são estados reconhecidos por
quase toda a gente em diversas partes do mundo.

34
• As emoções compostas parecem ser formadas a partir de outras básicas (amor = alegria +
aceitação; optimismo = alegria + antecipação). Além disso, a mesma emoção básica, ao ser
combinada com outras diferentes, dá também diferentes emoções compostas (medo +
antecipação = ansiedade; medo + aceitação = submissão; medo + aversão = vergonha).
• Plutchik
Baseia a sua classificação em 4 postulados:
ƒ Há elementos comuns ou prototípicos que podem ser identificados nas
expressões emocionais das diferentes espécies
ƒ Há um pequeno número de emoções básicas e todas as restantes emoções são
combinações, misturas ou compostos deste núcleo básico
ƒ Cada emoção revela-se em graus de intensidade e níveis de excitação variados
ƒ As emoções têm um papel adaptativo, ajudando os organismos <a enfrentar
questões vitais de sobrevivência postas pelo ambiente
Defendeu 8 emoções básicas, cada uma com o seu oposto:
ƒ Alegria-tristeza
ƒ Ódio-medo
ƒ Surpresa-antecipação
ƒ Aversão-aceitação)
• Ekman
As expressões faciais de medo, ira, tristeza e satisfação sãi universais e reconhecidas
por pessoas das mais diversas culturas e estados de desenvolvimento

Teorias da Emoção
• Quase todas as teorias contemporâneas de emoções, salientam 4 factores na formação de um
estado emocional:
Estimulação externa a partir de acontecimentos do meio ambiente (cão a correr para
nós), ou interna, a partir de imagens e pensamentos (exame de amanhã)
Correlatos neurofisiológicos a nível da organização cerebral e a nível dos sistemas
nervoso central e autónomo
A avaliação cognitiva feita pela pessoa a partir da estimulação recebida. Essa
avaliação afecta em grande parte as emoções produzidas e geradas (cão a correr Î
pânico / cão preso Î não suscits receio)
Elementos motivacionais: a activação emocional tem frequentemente um papel
desencadeador da acção
• Teoria de James-Lange: Associa os estados mentais aos processos fisiológicos
Defende que as emoções que sentimos são o resultado de informações que recebemos
do nosso corpo quando reage a estímulos do meio ambiente.
A emoção é a percepção da agitação e alterações fisiológicas desencadeadas por seres
e acontecimentos do nosso meio ambiente.
A teoria de James diz que os estados mentais estão associados aos processos
fisiológicos. Por isso o controlo das emoções passa pelo controlo do físico.
Refere qie a estratégia para aliviar uma emoção indesejável é tentar alterar as
respostas corporais que estão sob controlo voluntário
Esta tese foi muito contestada porque contraria em muito aquilo que nos diz o senso
comum. (Exemplo: normalmente uma pessoa vê um cão, tem medo e depois foge.
James diz que o que acontece é precisamente o oposto: a pessoa vê o cão, foge e só
depois é que tem medo. Ele diz ainda que é possível a pessoa rir para ficar feliz;
chorar para ficar triste, etc.)
• Teoria de Cannon-Bard: Reacções fisiológicas e psicológicas ocorrem ao mesmo tempo
Recusaram a ênfase posta na percepção da actividade fisiológica, afirmando que as
mesmas alterações viscerais ocorrem em estados emocionais diferentes – as pessoas
choram de alegria e de tristeza – ou até mesmo em estados não emocionais como
febre ou hipoglicemia.
Esta teoria defendeu que os estímulos externos activam a região do tálamo, que por
sua vez envia dois tipos de sinais em simultâneo (um sinal neuronal para o córtex que
leva a pessoa a sentir a emoção e outro sinal para sistema nervo autónomo e
músculos que desencadeiam as mudanças fisiológicas e corporais associadas à
emoção).
Cannon-Bard consideraram a região do tálamo como o centro da emoção.
Acham que as emoções diferem em termos de grau de excitação geral
A teoria de Cannon-Bard justifica a versão do senso comum sobre o aparecimento da
emoção: a pessoa vê o cão, depois sente medo e em seguida foge.
35
• Teoria de Schachter e Singer: Interdependência dos factores fisiológicos e de avaliação
cognitiva na formação dos estados emocionais
As emoções resultam do modo como avaliamos e interpretamos os nossos estados de
excitação.
Os factores determinantes dessa avaliação são, por um lado, a excitação
fisiológica e visceral e por outro, a avaliação cognitiva efectuada.
As pessoas reconhecem as emoções com base na excitação que sentem e na
interpretação cognitiva do contexto no qual as emoções acontecem.
Há uma interacção entre estímulos internos e os nossos processos cognitivos
(inteligência) que avaliam a situação
Esta teoria privilegia a fase de avaliação cognitiva, afirmando que um único estado
de excitação fisiológica pode produzir emoções diferentes dependendo do modo
como o indivíduo interpreta e avalia a situação.
A excitação pode contribuir para a intensidade do estado emocional, mas a avaliação
da situação contribui para a qualidade emocional ou tipo de estado que a pessoa
afirma sentir.
• Teoria Cognitiva de Lazarus:
Defende que as emoções são o resultado directo da nossa avaliação da situação, não
da excitação.
Ressaltar demasiado os elementos fisiológicos poderia ser considerado uma forma de
reducionismo da experiência humana ao comportamento animal, prejudicando a
compreensão do processo emocional.
Lazarus não rejeita os elementos fisiológicos associados à emoção, nem os factores
culturais que considera indispensáveis na forma como a emoção é expressa, no
entanto, refere que há uma pessoa com um desenvolvimento e uma memória que, na
sua relação com as pessoas e o ambiente avalia cada situação em termos de
relevância pessoal e significado, tentando ajustar-se da forma considerada mais
favorável.
Acha que a qualidade e intensidade das emoções depende da forma como uma pessoa
se adapta e ajusta a uma situação, sendo a relação social a situação mais importante
na experiência humana
O modo como vemos e avaliamos as situações influencia o nível de excitação
fisiológica que sentimos
A avaliação cognitiva e a adaptação (ou ajustamento) são os dois conceitos
centrais da teoria emocional de Lazarus.
Os pontos principais da teoria são os seguintes:
ƒ Para que uma emoção se verifique é necessário um processamento cognitivo
prévio do estímulo ou da situação.
ƒ Uma situação considerada ameaçadora desencadeia uma resposta de ataque, fuga
ou fixidez de movimentos juntamente com respostas de ordem fisiológica.
ƒ Quando uma resposta directa não pode ser dada, a pessoa desenvolve estratégias
de adaptação à nova situação, tentando ajustar-se.

Expressão Feedback Facial da Emoção


• O rosto é um dos elementos mais importantes da expressão emocional e um meio de
comunicarmos aos outros o que sentimos.
• Apesar de haver algumas diferenças na expressão facial da mesma emoção dentro de uma
mesma cultura, há também provas de que pessoas de sociedades e culturas diferentes
produzem expressões faciais similares em resposta a certas situações vividas ou imaginadas.
• Ekman

Propôs a existência de 6 emoções Primárias, comuns a todos os seres humanos:


ƒ Ira
ƒ Aversão
ƒ Medo
ƒ Alegria
ƒ Tristeza
ƒ Surpresa
Levantou a hipótese da expressão facial desempenhar um papel causal na experiência
emocional Î a simples mudança de expressão do rosto muda aquilo que a pessoa
sente (se uma pessoa puser uma cara alegre vai sentir-se alegre, se puser uma
expressão carrancuda vai sentir desagrado e repulsa.)
36
Esta hipótese faz uma apologia da teoria de James-Lange: a pessoa sente-se feliz
porque está a sorrir.
A expressão facial é assim uma componente importante da experiência emocional

Perspectiva Neurológica da Emoção


• Modelo de LeDoux:
Defendeu que o processamento cerebral da emoção era feito através de dois circuitos:
um directo e outro indirecto
A sequência da estimulação no circuito directo era a seguinte: identificação do
estímulo Î tálamo sensorial Î amígdala Î reacção emocional.
No circuito indirecto, havia um desvio da estimulação do tálamo para a amígdala
através do córtex sensorial
Este estudo sobre a existência de uma via directa e rápida de processamento
emocional entre o tálamo e a amígdala (ignorando o cortex Î responsável pela
cognição), foi aproveitada para apoiar várias teorias que rejeitam a influência da
cognição na resposta emocional
LeDoux afirma que as teorias cognitivas são as que melhor se aproximam de uma
boa explicação sobre as emoções
• Modelo de Damásio:
Este neurologista tem uma visão conjunta e integrada dos sistemas emocional e
racional.
Tanto contesta que a emoção esteja desligada do processo avaliativo mental, como a
racionalidade e a globalidade do acto de pensar estejam apenas dependentes do
cérebro.
Para Damásio a formação do estado emocional requer a presença de três actores:
ƒ Uma representação explícita (consciente) do estímulo;
ƒ Uma representação explícita do actual estado do corpo;
ƒ Uma representação intermediária que recebe sinais destes dois locais de
actividade cerebral, preserva a ordem de início da actividade cerebral, criando
por um breve período um estado conjunto sincronizado.
ƒ Para Damásio há emoções primárias (as que sentimos na infância, inatas, pré-
organizadas) e emoções secundárias (as que sentimos em adultos e que se foram
construindo progressivamente sobre as emoções primárias)
ƒ Acha que o medo humano é uma emoção adquirida e não inata
ƒ Ressalta a importância do sistema límbico (amigdala) Î processamento das
emoções primárias (medo) e do sistema límbico + córtices pré-frontal e
somatossensorial Î processamento das emoções secundárias (luto)
9 Marcadores somáticos Î sentimentos corporais que guiam as pessoas nas
decisões que tomam e que aparecem sob a forma de impulsos límbicos
vindos das “vísceras” (sinal que chama a atenção para um potencial perigo)

Emoção e Cognição
• Os investigadores ligados à psicologia cognitiva apoiam a perspectiva de que os estados
emocionais são secundários em relação à actividade cognitiva Î reacções emocionais
ocorrem após a estimulação externa ter sido processada em termos cognitivos
• Os psicólogos sociais e clínicos e especialmente os que estão voltados para a terapia e as
interacções humanas, acreditam que as reacções emocionais são primárias e que precedem
ou pelo menos acompanham o processamento cognitivo Î Os juízos emocionais são feitos
antes, ou ao mesmo tempo, dos juízos cognitivos
• Zajonc
Defende que as respostas emocionais e afectivas podem surgir na ausência de
qualquer processamento cognitivo consciente
Acha que o afecto precede e ocorre independentemente da cognição e que, portanto, a
emoção e a cognição são funções separadas da mente humana
• Izard
O sistema emocional pode funcionar independentemente de qualquer processo
cognitivo Î reconhece a interacção entre estes sistemas no dia-a-dia
Emoção pode ser activada a partir de 4 tipos de processamento de informação:
ƒ Celular
ƒ Orgânico
ƒ Biopsicológico
ƒ Cognitivo
37
• A emoção e a cognição podem se rconcebidas como funções mentais e cerebrais separadas
mas mutuamente interactivas

Emoção e Terapia
• Terapia cognitiva
O terapeuta tenta modificar as respostas emocionais alterando o modo como uma
pessoa processa a informação em termos cognitivos, isto é, tenta ajudar as pessoas a
mudar o modo de pensar a respeito de si próprias.
Tenta ainda sugerir hipóteses alternativas prováveis para a origem das desordens
comportamentais de forma a desfocar a causa obcessiva da desordem
comportamental e sugerir cursos de acção mais consequentes.
Os psicólogos que dão primazia às emoções sobre a cognição, defendem que as
reacções emocionais são respostas condicionadas, cuja aquisição foi efectuada
independentemente da influência cognitiva. Para serem modificadas estas respostas
precisam primeiro de ser extintas no âmbito do condicionamento.
• Terapia comportamental
O comportamento emocional apenas pode ser modificado se for abordado
directamente, sem necessidade de qualquer mediaçao cognitiva

Cognição e Congruência Emocional


• O pessimista vê a garrafa meia-vazia, o optimista vê a garrafa meia-cheia.
• A interacção entre disposição, humor e emoção por um lado, e os processos cognitivos de
aprendizagem, memória e pensamento por outro, não parecem oferecer grandes dúvidas à
partida.
• Os investigadores defenderam e provaram que o estado emocional tem de facto um efeito
significativo na aprendizagem, memória e pensamento.
• Pessoas com desordens emocionais revelam enviesamentos cognitivos ao nível da atenção,
aprendizagem, memória e pensamento para a informação que é consistente com o seu estado
emocional e estes enviesamentos cognitivos vão exarcerbar as desordens emocionais.
• Deficiências cognitivas ao nível da aprendizagem podem produzir emoções negativas e as
emoções negativas podem prejudicar a aprendizagem.
• Em contraste, emoções positivas podem contribuir para uma aprendizagem bem sucedida.

CAPÍTULO 7
Personalidade

Introdução
• A personalidade é um dos poucos temas centrais da Psicologia, que não foi objecto de
investigação empírica sistemática.
• A personalidade refere-se ao padrão de comportamentos, modos de pensar e de sentir que
permite distinguir uma pessoa de outra e que apresenta uma certa estabilidade ao longo do
tempo.

As Teorias da personalidade
• Tentam explicar porque é que uma pessoa é única, porque é diferente, de que modo é
semelhante a outras, em que circunstâncias o comportamento é ou não estável.
• TEORIA PSICODINÂMICA – Valorizam os factores motivacionais
Sublinham o papel do insconsciente no desenvolvimento da personalidade
Radicam nas teorias psicanalíticas formuladas inicialmente por Freud, Adler e Jung
e apresentam-se actualmente sob diversas versões neo-freudianas.
Psicodinâmico refere-se às tensões ou forças activas que actuam no interior da pessoa
e que motivam o comportamento humano.
Freud
ƒ Acha que a personalidade é determinada pela influência de forças inconscientes
que se manifestam ao longo de várias fases no processo de desenvolvimento.
ƒ As tensões e dinamismos estão relacionadas com o conflito inconsciente travado
entre o:
9 Id
38
¾ Constituido pela parte herdada da personalidade, incluindo os impulsos
biológicos e os irracionais
¾ Funciona de acordo com o princípio do prazer, e tem por objectivo a
gratificação imediata dos impulsos primitivos.
¾ A libido é a energia psíquica que se acumula no id e alimenta os
impulsos primários de sexo, fome e agressão.
9 Ego
¾ Estrutura inconsciente que serve de intermediário entre os impulsos
primitivos do Id e as pressões do mundo exterior
¾ Funciona de acordo com o princípio da realidade e analisa as condições
mais favoráveis para que os impulsos sexuais possam vir a ser
satisfeitos
9 Super-ego
¾ Representa a moral e os valores resultantes da sociedade.
¾ Desenvolve-se a partir das gratificações e punições recebidas
¾ É formado pela consciência e pelo eu-ideal.
¾ A consciência impede a criança de praticar actos moralmente
reprováveis e o eu-ideal motiva a criança a realizar actos morais e a ser
perfeita.
ƒ A personalidade desenvolve-se ao longo de várias fases. Quando existem
problemas numa fase, há uma fixação de energia que se mantém pela vida fora,
fazendo com que um adulto regresse a essa fase quando tem problemas de
personalidade. As fases de desenvolvimento psicosexual são:
9 Oral (até aos 18 meses)
¾ Crianças sentem prazer em actividade que envolvem a boca
9 Anal (18-36 meses)
¾ O prazer, nesta fase, desloca-se para a zona anal, envolvendo o treino da
higiene Î pode originar problemas de limpeza obsessiva ou de avareza
e teimosia
9 Fálica (3-6 anos)
¾ O pénis e o clitóris tornam-se as principais fontes de prazer da criança
Î Originam, nas mulheres, uma luta de supremacia sobre os homens e
nos homens uma personalidade expressa pela frivolidade e
convencimento
9 Latência (até à puberdade)
¾ Meninos e meninas tendem a ignorar-se até à puberdade
9 Genital (adolescência)
¾ Prazer sexual obtido com uma pessoa do sexo oposto, constitui a
principal fonte de satisfação
ƒ Mecanismos de defesa
9 Quando o super-ego não consegue controlar os desejos da Id (que têm de
ser satisfeitos), gera-se um conflito interno dentro da pessoa (vontade de
fazer, mas moralmente incorrecto) que precisa ser reduzido
9 Os mecanismos de defesa são estratégias insconscientes usadas pelas
pessoas para reduzir a ansiedade de forma a ocultar a sua origem
9 Eles foram estudados mais sistematicamente pela sua filha Anna Freud no
livro “O eu e os mecanismos de defesa”:
¾ Repressão
™ Estratégia que contém e força os impulsos inaceitáveis do id a
permanecerem no inconsciente.
™ Nem sempre é eficaz e os impulsos do id revelam-se em sonhos e
no comportamento sob a forma de lapsos de memória (Ex.: abuso
sexual)
¾ Negação
™ Mecanismo em que a pessoa recusa simplesmente aceitar ou
reconhecer a situação causadora de ansiedade.
¾ Racionalização
™ Estratégia que leva uma pessoa a distorcer a realidade tentando
justificar o que lhe aconteceu por meio de explicações que
favorecem e protegem uma imagem favorável de si própria.
¾ Deslocamento

39
™ Procedimento que redirecciona a expressão de um pensamento ou
sentimento não desejado de uma pessoa mais forte e poderosa para
outra pessoa mais fraca, como culpar a secretária em vez do
director.
¾ Projecção
™ Leva a pessoa a atribuir os pensamentos e sentimentos indesejáveis
que sente a uma outra pessoa.
¾ Sublimação
™ Leva as pessoas a reorientar os seus impulsos indesejáveis para
pensamentos e acções aprovados e aceites socialmente
ƒ A teoria da personalidade de Freud é uma das teorias psicológicas com maior
impacto no Séc. XX, nomeadamente a nível cultural
ƒ Chamou a atenção para o papel do inconsciente no comportamento, o conflito
entre impulsos biológicos e normas sociais e os mecanismos usados para
defrontar a ansiedade e a sexualidade
ƒ Defendeu quen os problemas de personalidade adulta têm raízes em experiências
infantis de natureza sexual
Erikson
ƒ É um neo-freudiano
ƒ Defendeu que o desenvolvimento psicológico tem como principal força motriz,
não apenas os impulsos sexuais inconscientes de Freud, mas também a
capacidade de adaptação social da pessoa ao meio.
ƒ O meio fornece a liberdade e as limitações, a escolha e a direcção, circunscritas
pela sociedade e pela hereditariedade Î O desenvolvimento é a interaqcção
entre as necessidadews biológicas e as forças sociais
ƒ O desenvolvimento da personalidade ocorre ao longo da vida numa sucessão
temporal contínua em torno de oito fases, em cada fase a pessoa confronta-se
com uma crise específica.
ƒ A forma mais ou menos adequada e satisfatória como a pessoa resolve a crise e a
síntese estabelecida em cada fase, afectam o modo de resolução das crises das
fases seguintes e por conseguinte o desenvolvimento da personalidade futura.

ƒ Fases Erikson (Teoria do Desenv. Dialéctico) Características

FASE E IDADE CRISE PSICOSSOCIAL RESULTADO ÓPTIMO


Um sentimento de (…) versus (…)
1. Oral-sensorial (1º ano) Confiança - desconfiança Confiança básica e optimismo
2. Muscular-anal (2º ano) Autonomia - vergonha e dúvida Sensação de controlo sobre si próprio e sobre o meio
3. Locomotora-genital (3-5) Iniciativa – culpa Direcção em função de objectivos
4. Latência (6 – puberdade) Aplicado . inferioridade Competência e responsabilidade
5. Puberdade, adolescência Identidade – confusão de papéis Integração do presente com o passado e os objectivos
futuros: fidelidade
6. Adultos jovens Intimidade – isolamento Compromisso, partilha, proximidade, amor
7. Adultos de meia idade Produtividade – absorvimento Actuação e interesse com o mundo e as gerações
Futuras
8. Adultos idosos Integridade - desespero Sabedoria, perspectiva e satisfação com a vida
Passada

ƒ 1ª. Infância (0-2 anos) Confiança versus desconfiança básica


9 Boca como meio relacional
9 Desenvolvimento psicomotor
ƒ 2ª. Infância (2-4 anos) Autonomia versus dúvida ou vergonha
9 Especialização cerebral
9 Controlo esfincteriano
ƒ Idade do Jogo (4-7 anos) Iniciativa versus culpa

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9 Descoberta do corpo
9 O Insight (compreensão)
9 Édipo e Electra
ƒ Idade da Escola (7-12) Operacionalidade versus inferioridade
9 Tomada fôlego emocional
9 Treino aprendiz. Anteriores
ƒ Adolescência (12-20) Identidade versus autodifusão
9 Mudança diversificada (física, emocional, social)
9 Ritmo (como a música pop)
ƒ Idade Jovem Adulto (20-30/35 anos) Intimidade/distanciamento versus
isolamento
9 Mudança de estado
9 Entrada na vida activa
9 Integração cognitiva e emocional
ƒ Idade Adulta (30/35-60/65 anos) Geratividade versus estagnação
9 Adaptação criativa ou instalação
9 Menopausa e andropausa
ƒ Idade Madura (60/65 ...) Integridade versus desespero
9 Decadência física
9 “Valeu a pena” ou “Quero desaparecer”
ƒ A teoria de Erickson é uma teoria do poder do Ego e da força deste para unir as
diferentes fases do desenvolvimento psíquico
ƒ É, também, a 1ª teoria a considerar o ciclo global Î nascimento/morte
• TEORIAS HUMANISTAS – Distinguem a unicidade da pessoa e o seu potencial de
realização e crescimento
Desenvolveram-se nas décadas de 50 e 60 como uma reacção ao domínio da
psicanálise e do behaviorismo.
Estas teorias valorizam as experiências mentais subjectivas da pessoa e a necessidade
que estas sentem de expandirem as suas fronteiras pessoais e de realizarem ao
máximo as suas potencialidades.
Os seus principais representantes são Carl Rogers e Abraham Maslow
Maslow
ƒ Tem por objectivo ressaltar e explicar os motivos de natureza psicológica no
comportamento humano.
ƒ A teoria de Maslow é uma teoria das necessidades humanas que tem subjacente
três postulados:
ƒ As pessoas são motivadas no sentido de satisfazer as suas necessidades
ƒ As necessidades são hierarquizadas
ƒ As pessoas progridem na hierarquia das necessidades à medida que as
inferiores são satisfeitas
ƒ Cada indivíduo possui um conjunto hierarquizado de sete necessidades
9 Fisiológicas
¾ Fome, sede, sexo Necessidades carentes
9 Segurança Motivação tende a
¾ Referentes a ameaças físicas e emocionais diminuir quando
9 Sociais ou de Pertença satisfeitas
¾ Aceitação, amizade
9 Estima
¾ Auto-respeito, autonomia, realização, status
9 Cognitivas
¾ Curiosidade e desejo obter novos conhecimentos Necessidades do SER
9 Estéticas Motivação tende a
¾ Apreciação da beleza e arte, organiz. vida social aumentar à medida
9 Auto-realização que são satisfeitas
¾ Realiz. do potencial individual, crescimento pessoal

ƒ Reconhece que a sua organização pode não ser fixa (as pessoas podem sacrificar
temporariamente necessidades de ordem fisiológica em favor de necessidades de
ordem cognitiva ou estética, por exemplo).
ƒ Reconheceu ainda que muitas pessoas talvez não consigam satisfazer as
necessidades do topo da hierarquia

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ƒ Essa hierarquia implica a noção de que há motivos que, até serem satisfeitos, são
mais fortes e prementes do que outros
Carl Rogers
ƒ Segundo Rogers as pessoas têm duas necessidades básicas:
9 Necessidade de auto-actualização Î um desejo de realizar os diferentes
aspectos e potencialidades pessoais aos mais diversos níveis.
9 Necessidade de obter um olhar positivo dos outros, sob a forma de
aprovação, amizade, respeito e amor. O desenvolvimento sadio da
personalidade ocorre quando as relações humanas preferenciais,
proporcionam um olhar positivo incondicional permitindo à pessoa realizar
o seu potencial sem se arriscar a perder tais relações por motivos de
desaprovação.
ƒ Desenvolveu ainda dois outros conceitos importantes:
9 O autoconceito Î conceito refere-se ao eu tal como é actualmente
percebido
9 o eu ideal Î representa os projectos e objectivos pessoasi, tudo o que uma
pessoa deseja vir a ser para funcionar no máximo das suas capacidades.
9 A distância entre um e o outro seria um índice do estado de felicidade maior
ou menor da pessoa.
9 Quanto menor for a distância, mais feliz seria a pessoa.
ƒ Desenvolveu a psicoterapia não directiva, ou terapia centrada no cliente,
onde este deve perceber o terapeuta como alguém que o aceita totalmente, que
revela um olhar positivo incondicional. O objectivo da terapia é proporcionar um
meio de aceitação incondicional, consolador e ausente de críticas e ajudar o
cliente a tomar consciência das suas experiências, reflectindo retroactivamente as
verbalizações cliente. Deste modo o cliente toma consciência de si próprio, do
seu auto-conceito.
ƒ Rogers defende ainda que o melhor ponto de observação para se compreender o
comportamento da pessoa é a partir do seu quadro interno de referências pessoais
Î As pessoas devem aceitar a responsabilidade pelas próprias vidas
ƒ É uma perspectiva optimista que contrasta com a perspectiva mais pessimista da
psicanálise e a perspectiva mecanicista do behaviorismo.
ƒ A teoria de Rogers é considerada pouco científica, devido à dificuldade em
justificar muitos dos seus pressupostos e afirmações e ainda pelo facto dos seus
principais conceitos serem considerados vagos, pouco rigorosos e precisos.
ƒ Ele sublinha demasiado os relatos feitos pelo cliente, e ignora o inconsciente no
processo terapêutico.
ƒ É uma concepção considerada demasiado individualista e centrada na pessoa,
demasiado optimista
• TEORIAS DOS TIPOS E DOS TRAÇOS – Ressalta as dimensões principais da
personalidade, que permitem diferenciar uma pessoa de outra
Tipos de Personalidade
ƒ Hipócrates e Galeno
9 propuseram quatro tipos de temperamentos, baseados nos fluidos
(humores) corporais que controlavam a mente humana:
¾ Sanguíneo Î um tipo animado, optimista e agradável ao convívio (o
fluido abundante era o sangue) Î Italianos
¾ Colérico Î um tipo rápido e excitável, de natureza por vezes agressiva
(o fluido abundante era a bílis) Î Árabes
¾ Fleumático Î um tipo lento, mole e frio (o fluido abundante era o
flegma ou muco pulmonar) Î Ingleses
¾ Melancólico Î um tipo triste e pessimista, de natureza depressiva (o
fluido abundante era a bílis preta, cuja existência nunca se provou) Î
Russos
ƒ Kretschemer
9 Propôs na déc. de 20 três tipos básicos de personalidade relacionando
diferentes tipos corporais com a propensão para o surgimento de doenças
psiquiátricas:
¾ Pícnico Î fisicamente atarracado, baixo, forte e propenso à doença
maníaco-depressiva
¾ Asténico Î era magro, esguio e propenso à esquizofrenia;
¾ Atlético Î era muscular e propenso à saúde mental

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9 Kretschemer baseou esta classificação em observações de doentes
psiquiátricos, mas não referiu provas para apoiar a teoria
ƒ Sheldon
9 Propôs em 1940 uma teoria da personalidade baseada em atributos físicos e
atributos temperamentais.
9 Os atributos físicos ou morfológicos definiam três tipos:
¾ Endomorfo Î gordo com músculos e ossos pouco desenvolvidos;
¾ Mesomorfo Î forte com músculos e ossos bem desenvolvidos
¾ Ectomorfo Î magro com músculos e ossos medianamente
desenvolvidos.
9 Por sua vez, os atributos temperamentais descreviam três tipos:
¾ Visceral Î sociável e amoroso
¾ Somático Î vigoroso e empreendedor
¾ Cerebral Î consciencioso e contido
9 Sheldon tentou estabelecer correlações entre os três tipos corporais e os três
tipos de temperamento mas não foi muito bem sucedido.
Traços de Personalidade Î Modo característico da pessoa sentir, pensar, reagir
e se comportar
ƒ Têm por objectivo determinar o perfil ou a matriz dos traços característicos de
uma pessoa, o que a diferencia de outra e o que a torna única.
ƒ Parte do pressuposto de que a personalidade reside na pessoa e que esta é a
responsável pela consistência do seu comportamento
ƒ Centraliza as causas do comportamento na personalidade
ƒ Inicialmente estas teorias eram constituídas por listas de adjectivos e pouco mais,
sendo a personalidade definida pela sua enumeração e frequência.
ƒ Um dos primeiros proponentes da teoria dos traços foi Gordon Allport que
considerou o traço como a unidade básica da personalidade.
ƒ Para Allport, um traço era uma disposição geral da personalidade que contribuía
para as regularidades do comportamento da pessoa em diferentes alturas e
situações.
ƒ Modelo de Hans Eysenck
9 Defendeu que a personalidade era basicamente constituída por dois grandes
tipos ou dimensões:
¾ Extroversão-introversão
™ Caracterizada pela sociabilidade, impulsividade e busca de
actividades excitantes Î Extroversão
™ Reservada, cautelosa, prefere actividades solitárias Î Introversão
¾ Neuroticismo-estabilidade
™ Ansiosa, tensa, facilmente irritável Î Neuroticismo
™ Calma, controlada, boa disposição Î Estável
9 Classificou o comportamento usando os conceitos de:
¾ Traço
™ Refere-se às consistências de comportamento (Ex.. Introvertido)
¾ Tipo
™ Inclui um grupo de traços que apresentavam uma correlação mútua
significativa (Ex.: reservado, persistente)
9 Estabeleceu uma relação com os 4 tipos de Hipócrates e Galeno: colérico,
sanguíneo, fleumático e melancólico
9 Considerou posteriormente uma terceira dimensão:
¾ Psicoticismo
™ Hostil, mais solitário e insensível aos sentimentos dos outros.
9 Propôs um modelo hierárquico da personalidade baseado em cada uma
destas três dimensões:
¾ Topo da hierarquia Î tipo de personalidade (Ex.: extroversão)
¾ Mais abaixo Î traço de sociabilidade ou tomada de riscos
¾ Mais abaixo ainda Î nível das respostas habituais dadas numa
situação
¾ Na base Î as respostas específicas
9 Eysenck e Eysenck construíram um instrumento de avaliação das três
dimensões da personalidade, designado actualmente por “Questionário de
Personalidade de Eysenck – Revisto” (EPQ-R).
ƒ Modelo de Cattell

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9 Realizou vários estudos com o objectivo de estabelecer uma teoria geral dos
traços da personalidade humana, incluindo aspectos não considerados por
outros investigadores, como a motivação, a emoção, o afecto e a
aprendizagem.
9 Procurou analisar o comportamento humano de acordo com várias medidas
a fim de determinar de forma sistemática a estrutura da personalidade,
recorrendo para o efeito a três tipos de dados:
¾ A observação sistemática durante vários meses de um grupo de pessoas
¾ A passagem de questionários de auto-avaliação
¾ A obtenção de dados em testes objectivos, especialmente planeados
para medir a personalidade, como a resposta dermal, e cuja finalidade
era ocultada aos sujeitos

Aplicou a análise factorial a estes 3 tipos de dados Î Tinha como


objectivo isolar os factores subjacentes à personalidade humana Î
deveria de emergir de forma equivalente com os 3 processos, mas
apenas aconteceu com os 2 primeiros
9 No âmbito dos estudos de personalidade, Cattell elaborou o questionário
“16PF” (16 factores da personalidade) capaz de medir 16 factores primários
que constituiriam a estrutura básica da personalidade humana.
9 Cattell considerou que os traços profundos que constituíam a personalidade
estavam presentes em cada pessoa em graus diferentes.
9 O objectivo seria determinar a matriz de traços individuais de forma a
conseguir-se formular previsões sobre o comportamento de cada pessoa.
ƒ Modelo dos Cinco Grandes Factores
9 É uma alternativa aos dois anteriores e foi desenvolvido no início da década
de 60 por Tupes e Christal, Norman e Borgatta.
9 Este modelo defende que a estrutura básica da personalidade de uma pessoa
seria caracterizada por cinco grandes factores:
¾ Extroversão vs Introversão (E)
™ Grau de interacção social, nível de actividade e estimulação
¾ Amabilidade (A)
™ Orientação interpessoal ao longo de um contínuo que vai da
compaixão ao antagonismo expresso
¾ Consciencioso (C)
™ Identifica pessoas organizadas, persistentes, com uma motivação
dirigida para objectivos
¾ Neuroticismo vs Estabilidade Emocional (N)
™ Avalia os indivíduos ansiosos e instáveis, propensos a pensamentos
irrealistas e dificuldades de ajustamento
¾ Cultura/Abertura à Experiência (O)
™ Pessoas tolerantes, abertas à exploração do desconhecido e da
experiência em si

Modelos que caracteriza bem as diferenças individuais e é considerado


uma boa solução em termos da estrutura da personalidade
ƒ As várias Teorias dos Traços defendem que a personalidade é constituida por
um número reduzido de traços básicos que podem ser usados para explicar o
comportamento de todas as pessoas
• TEORIAS BEAVIORISTAS – Destacam o papel do meio e da situação na determinação
do comportamento de da personalidade Î Investigam o comportamento em situações de
controlo experimental
Buscam de explicações para além da pessoa, tentando encontrá-las na estabilidade e
permanência da situação ambiental
A personalidade resume-se ao comportamento no dia-a-dia
A personalidade não é algo de interno, é a frequência de reforços e punições
previamente recebidos em situações em que ocorreram comportamentos honestos ou
agressivos que define se uma pessoa é honesta ou agressiva.
Watson
ƒ Defendeu a ideia de que a personalidade era o resultado das experiências do
meio e não o resultado de um qualquer factor interno, tipo hereditariedade ou
habilidades pessoais

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Skinner
ƒ Acredita que a persoanalidade não se distingue do comportamento é, sim, um
conjunto de comportamentos
ƒ As pessoas comportam-se de forma diferente, porque têm histórias diferentes de
reforços e punições. Esse reforço consistente de certas categorias de respostas
agrupadas, designa-se por personalidade
ƒ TEORIAS SITUACIONISTAS – Destacam o papel do meio e da situação na
determinação do comportamento de da personalidade Î Tais como as Beavioristas Î
Investigam o comportamento em situações de controlo experimental
Estas teorias dizem que os comportamentos dependem da situação em que uma
pessoa se encontra.
Mischel
ƒ Defendeu que as regularidades observadas no comportamento humano são
determinadas pelas características da situação.
ƒ As diferenças de personalidade têm origem na exposição a diferentes estímulos
da situação que constituem as experiências próprias da pessoa ao longo da vida.
ƒ Para a teoria situacionista um traço de personalidade não é mais do que uma
construção do observador que tenta dar algum sentido ao comportamento que
observa nos outros Î Existe apenas na mente do observador e não no
observado
Hastshorne e May
ƒ Sugeriram que os traços de personalidade não determinam ou controlam o
comportamento, pelo contrário depende em grande parte dos elementos da
situação
Desenvolveu algumas objecções contra a teoria dos traços ao ponto de uma pessoa se
interrogar quanto do comportamento é devido aos traços de personalidade e quanto
é devido à influência do meio
• TEORIAS INTERACCIONISTAS – Evidenciam a influência conjunta das dimensões da
personalidade e das características do meio no comportamento humano Î Investigam o
comportamento em situações de controlo experimental
São teorias ecléticas que consideram o comportamento como o resultado da
interacção entre traços e predisposições da pessoa, por um lado, e as circunstâncias
da situação, por outro.
O comportamento das pessoas é assim uma função da influência mútua das variáveis
da personalidade com as variáveis da situação.
Acreditam que há pessoas mais receptivas a agir de acordo com disposições pessoais
Î Traços (situações psciologicamente fracas) enquanto outras são mais propensas
a agir de acordo com os imperativos da situação Î Situacionismo (situações
psciologicamente fortes)
As pessoas mais do tipo disposicional revelam consistência de comportamento ao
longo do tempo e através das situações.
Mischel
ƒ Sublinhou, na sua fase interaccionista, as variáveis cognitivas da pessoa, em vez
dos traços de personalidade na interpretação de uma situação.
ƒ Os traços seriam mais de ordem temperamental, enquanto que as variáveis
cognitivas definiriam melhor as competências e estratégias mais permanentes do
comportamento humano.
Esta teoria apoia a crença sobre a permanência dos traços na personalidade ao longo
do tempo, embora ache que nem todos os traços são consistentes e capazes de prever
o comportamento
O comportamento pode ser previsto, mas só algumas vezes para algumas pessoas e
nalgumas situações

Instrumentos de medida da personalidade


• MÉTODOS PROJECTIVOS Î Teoria Psicodinâmica
São considerados, pela teoria psicodinâmica, como a melhor técnica para revelar as
motivações inconscientes
São constituídos por figuras ambíguas ou estímulos sobre os quais as pessoas devem
fazer uma descrição.
Estes testes pressupõem que as pessoas projectam as características da sua
personalidade na interpretação dos estímulos ambíguos, reflectindo assim aspectos do
seu inconsciente. Os testes projectivos mais conhecidos são:
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ƒ Teste de Rorschach
9 Constituído por 10 manchas simétricas ou borrões de tinta, a preto e a cor.
9 Permite avaliar aspectos da personalidade a nível defensivo, cooperativo,
competitivo, assim como aspectos mais cognitivos como a capacidade de
processar e integrar múltiplos estímulos, a originalidade e rapidez de
respostas.
ƒ TAT (Thematic Apperception Test)
9 Constituído por 31 figuras (uma delas em branco)
9 O examinador usa apenas um conjunto de 10 figuras que retratam cenas
ambíguas (ex: um rapaz a olhar para um violino em cima de uma mesa) e a
tarefa do sujeito é descrever uma história que inclua os antecedentes e as
consequências da situação.
9 Através da análise detalhada e complexa dos temas das histórias narradas é
possível obter informações sobre as necessidades de afiliação,
relacionamento social, rejeição, agressividade, domínio e motivação para a
realização.
• QUESTIONÁRIOS E INVENTÁRIOS
A perspectiva dos traços de personalidade usa inventários e questionários formados
por várias escalas de forma a avaliar a presença e grau de intensidade dos diferentes
traços.
Estes instrumentos são constituídos por um conjunto de perguntas de auto-avaliação
que se agrupam sob diferentes categorias ou factores a que as pessoas geralmente
respondem: verdadeiro, falso ou não sei.
MMPI-2 (inventário multifásico de personalidade de Minnesota)
ƒ É um inventário de auto-avaliação constituído por 567 itens ou perguntas que
formam 10 escalas.
ƒ O processo de construção do MMPI resultou da selecção de um conjunto de itens
que se revelaram capazes de descriminar entre amostras representativas da
população normal ou com problemas psicológicos.
ƒ Inclui controlos internos com escalas que avaliam o grau de verdade ou mentira.
Os inventários e questionários de personalidade são instrumentos de uso frequente e
de fácil aplicação, mas envolvem dificuldades em termos de interpretação.
• AVALIAÇÃO COMPORTAMENTAL
Os beavioristas, situacionistas e interaccionistas partem do princípio que o factor que
melhor prevê o comportaqmento futuro das pessoas não é um teste de personalidade,
mas um padrão de comportamentos passados em situações similiares.

Origem das Diferenças de Personalidade


• Plomin e Daniels
Escreveram um artigo com o título “Porque é que as crianças da mesma família são
tão diferentes entre si?”
Uma resposta possível ressalta a história da pessoa a nível familiar, escolar e
comunitário, as experiências de vida, o modo como se lidou com os sucessos e
fracassos da existência e como foram superados. Mas não é capaz de ter em conta
toda a diversidade da personalidade humana.
Supondo que a educação familiar dos filhos é semelhante, torna-se difícil rejeitar o
papel da hereditariedade no desenvolvimento das diferenças de personalidade.
Qual o papel que a biologia e a genética têm nesta diversidade? Os genes podem ter
os seus limites, mas não podem estar ausentes da discussão sobre a origem das
diferenças de personalidade

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