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“Atrás da Grande Muralha - Nova Arte Chinesa e Brasileira” será aberta ao público no Centro
Cultural Correios, com entrada gratuita, a partir do dia 15 de junho
- A mostra traz obras comissionadas especialmente para o projeto pelo curador internacional Clay
D'Paula;
- A coleção está tão imbricada que é praticamente impossível distinguir os trabalhos dos artistas
chineses dos brasileiros;
- Obras se destacam com linguagens e suportes variados, além de acessibilidade para pessoas com
deficiência visual.
Imagens de divulgação
Um dos objetivos do curador Clay D’Paula é mostrar as diferentes maneiras pelas quais os
artistas chineses utilizam elementos tradicionais da própria cultura, como a caligrafia, a tinta
chinesa e os vestígios da pintura realista socialista, para criar obras criativas e impactantes,
voltadas a questões atuais e globais. São trabalhos que traduzem esteticamente a pandemia
da Covid-19, as desigualdades da globalização, a fragilidade da matéria, problemas
ambientais, a hipocrisia humana e o território estreito e desolador do preconceito.
"Os artistas chineses primam por criar obras cheias de frescor, com reflexões sobre o mundo
em que vivemos, mas, ao mesmo tempo, valorizam técnicas e temas locais e tradicionais. A
partir de um mergulho na própria cultura, produzem trabalhos inovadores. É isso que faz
dessa produção algo único e vibrante na arena internacional da arte", afirma o curador, que
fez diversas viagens à China para reunir as obras expostas na exposição.
Entre os artistas chineses de grande destaque, dentro e fora da China, está Sun Xun,
presente na mostra com três trabalhos inéditos produzidos durante a sua passagem pelo
Brasil, em 2017. Xun é um expoente da nova geração de artistas chineses e suas obras
ambiciosas carregam narrativas pluriversais, ou seja, voltadas a várias sociedades e modos
de pensar, ainda que lancem mão de suportes tradicionais, como a xilogravura e a tinta
chinesa. "O visitante vai se impressionar com o talento excepcional desse artista, que busca
inspiração em culturas diversas e na literatura para compor uma produção dinâmica e
reveladora", promete o curador.
Outros artistas com grande virtuosismo técnico participam do projeto, como Angel HUI Hoi
Kiu, que se inspira na Dinastia Ming (1368-1644), período das brilhantes e celebradas
porcelanas brancas e azuis, em suas pinturas com tinta chinesa, trazendo elementos do
cotidiano de Hong Kong, como os parques, a flora e a fauna do lugar. Ela também transmuta
objetos, ao desenhar e pintar sobre papel higiênico e lenços para assoar o nariz, por
exemplo. "Assim eu transformo a natureza desses materiais, conferindo propriedades da
parte a esses objetos antes utilitários", explica Kiu.
Um ponto alto da exposição é a relação que alguns artistas brasileiros estabelecem com a
cultura chinesa. "É tão forte, que quando o visitante chegar às salas da exposição será
praticamente impossível para ele determinar se a obra foi criada por um artista chinês ou
brasileiro. Há uma convergência estética imensa entre os dois grupos. É justamente essa
confluência cultural que me estimulou a produzir a exposição, que levou quatro anos para
ser oganizada", conta Clay.
O curador afirma que já foram realizadas no Brasil algumas exposições de artistas chineses,
mas não de forma tão imbricada com a cultura brasileira e vice-versa. "Neste projeto, não
existe separação entre os dois grupos de artistas. As obras relacionam-se, fluem juntas,
como águas de um mesmo rio. E, ao mesmo tempo, ao criarem novas conexões, suscitam
reflexões sobre a sociedade global em que vivemos. É uma arte do aqui e agora", explica.
O público encontrará obras em suportes e linguagens variados, como pintura (a tinta acrílica,
a óleo e com tinta chinesa); escultura; fotografia; azulejaria, arte in situ; animação; e recorte
em papel (ícone da tradição chinesa). Esta última técnica é trabalhada com maestria pelo
paraibano radicado em Brasília Christus Nóbrega, na série “A Roupa Nova do Rei”, de 2016,
fruto de uma residência artística de 60 dias em Pequim, no ano anterior.
Desse mesmo artista, o público poderá apreciar também a série inédita “Coleção vermelha”,
de 2021, na qual estabelece paralelos entre os povos indígenas do Brasil e da China por meio
da cor vermelha. "Graças à mobilidade e à curiosidade intelectual humana nos conectamos,
aprendemos, compreendemos e evoluímos com outras culturas. As exuberantes obras de
Nóbrega dificilmente poderiam ser materializadas sem a sua imersão na vida chinesa",
elucida o curador.
A exposição acolhe obras inovadoras e provocativas de outros artistas brasileiros, como a
gaúcha radicada em Brasília, Dulce Schuck Schunck, que há trinta anos desenvolve sua arte.
Elas se conectam com narrativas chinesas, mas têm uma visão global, nada provinciana. Com
isso, oferecem novas perspectivas e leituras estimulantes para o observador", diz Clay.
Para celebrar a sua jornada, Schunck ganhou uma sessão exclusiva na exposição para expor
sua série mais celebrada e dinâmica, “Flora do Cerrado” (2012-2021), totalmente
impregnada pelo vocabulário chinês. "Minhas obras estabelecem conexões com a
cosmovisão milenar chinesa: uma percepção orgânica da natureza, baseada na consciência
da unidade e na integração de seus fenômenos", descreve a artista.
O curador Clay D'Paula conclui que "essa é uma oportunidade ímpar para o público carioca
conhecer artistas com prestígio internacional, obras sofisticadas, e, principalmente, dotados
de imensa sensibilidade para representar, com rigor e mestria, as belezas e principalmente
os desafios que a humanidade atravessa em nosso tempo".
Acessibilidade
Segundo a artista, além da questão estética, as suas obras também focam na preservação
ambiental. “Quero chamar a atenção do público para as belezas naturais de nosso planeta,
ao aguçar a sensibilidade das pessoas sobre a importância de cuidar dos ecossistemas”,
comenta ela, que possui doutorado em “Aplicação da arte na educação ambiental”.
Entre as obras que podem ser tocadas está a “Caliandra”, uma planta nativa do cerrado
brasileiro, cujas flores surgem na primavera e no verão. “A criação da artista nos oferece
flores etéreas e eternas. Estão sempre floridas. Com cores pulsantes e com linhas que nos
permitem ver o invisível. Mas como assim ver o invisível? É possível com as mãos sentir a
seiva que leva a água, os nutrientes, o oxigênio e o gás carbônico para o corpo das plantas”,
considera o curador da mostra.
Além de tocar as obras de arte, os visitantes podem apreciar a exposição por meio de um
audioguia musical, criado especialmente para a mostra. A jornalista Cleide Lopes, da EBC, e
o curador Clay D´Paula narram obras chaves que contribuíram para a criação do conceito
geral da exposição.
Para acessar o audioguia é só apontar a câmera do celular para os QR codes colocados perto
das obras de arte e ouvir as faixas que trazem informações sobre a coleção exposta. Para
uma experiência mais ampla, é recomendado que o visitante leve o fone de ouvido de casa.
Artistas
Assessoria de imprensa
Roberta Campos
robertavrcampos@gmail.com
(21) 9 8808-8039
Thayná Alves
thaynaasv1@gmail.com
(21) 9 9577-1793
Serviço:
Local: Centro Cultural Correios RJ (Rua Visconde de Itaboraí, 20 – Centro, Rio de Janeiro – RJ)
Visitação: de 15 de junho a 29 de julho
Horário: terça a sábado, das 12h às 19h
Entrada: gratuita
Classificação: livre
Como chegar: metrô (descer na estação Uruguaiana, saída em direção a Rua da Alfândega);
ônibus (saltar em pontos próximos da Rua Primeiro de Março, da Praça XV ou Candelária);
barcas (Terminal Praça XV); VLT (saltar na Av. Rio Branco/Uruguaiana ou Praça XV); trem
(saltar na estação Central e pegar VLT até a AV. Rio Branco/Uruguaiana).
Informações: (21) 2253-1580 / E-mail: centroculturalrj@correios.com.br
A unidade conta com acesso para pessoas cadeirantes e limita a quantidade de visitantes,
visando a não aglomeração. No local é obrigatório o uso de máscaras.