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Questão 1: A partir de Locke, indique a origem e os limites da propriedade.

Sob a perspectiva histórica, o liberalismo é doutrina baseada na defesa da liberdade


individual, nos campos econômico, político, religioso e intelectual, contra as
interferências e atitudes coativos do poder estatal. Jonh Locke era um defensor de que
as regras políticas estivessem alinhadas com as leis naturais do mundo. Nesse sentido,
qualquer poder estatal que não garantisse a vida dos cidadãos e o direito à propriedade
privada não seria legítimo. Locke foi um dos pioneiros na definição da propriedade
como direito fundamental do indivíduo, além de ser um dos primeiros também a propor
limites à sua utilização. Dessa forma, parte da literatura especializada identifica alguns
pontos da obra e pensamento de Locke como fundamentos filosóficos do moderno
conceito da função social da propriedade. Já que ambos, de certa forma, procuram
descaracterizar o direito de propriedade como absoluto.

Dessa forma, para Locke, a propriedade é um direito natural, fundamentado na lei da


natureza, sendo sinônimo de vida, liberdade e bens. Por isso, ele defendia que no Estado
de Natureza, os homens, por serem dotados de razão e conhecedores da Lei da
Natureza, já usufruíam da propriedade, independentemente da existência de contrato
social e da sociedade civil. Por ser natural, a propriedade é um direito que deve ser
respeitado por todos, inclusive pelo Estado, uma vez que é um direito advindo da lei da
natureza e, portanto, anterior a ele. Assim, para Locke, o Estado, por meio do poder
soberano, não pode intervir na propriedade do indivíduo sem o seu consentimento.
Trata-se de um direito inerente à própria condição humana e independente do poder
soberano do Estado, e negar o direito natural a propriedade é atentar contra a dignidade
humana.

Entretanto, Locke defende a propriedade privada e para ele, o fundamento da


propriedade é o trabalho. Como defensor do liberalismo político, Locke defende a
propriedade como instrumento para a subsistência do indivíduo, adquirida por meio do
trabalho. Para Locke, todos são proprietários. Mesmo aqueles que não possuem bens
materiais são proprietários de suas vidas, seus corpos, seu trabalho, sua capacidade e,
portanto, dos frutos do seu trabalho. Como o trabalho do corpo pertence ao próprio
indivíduo, pertence-lhe também tudo aquilo que for resultado do trabalho. Dessa forma,
o trabalho dá início ao direito de propriedade em sentido estrito, individual e privado.

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