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John Locke (Wrington, 29 de agosto de 1632 – Harlow, 28 de outubro de 1704) foi um filósofo inglês

conhecido como o "pai do liberalismo",[4] sendo considerado o principal representante do empirismo


britânico e um dos principais teóricos do contrato social.[5]

Locke ficou conhecido como o fundador do empirismo, além de defender a liberdade e a tolerância religiosa.
Como filósofo, pregou a teoria da tábula rasa, segundo a qual a mente humana era como uma folha em
branco, que se preenchia apenas com a experiência. Essa teoria é uma crítica à doutrina das ideias inatas de
Platão, segundo a qual princípios e noções são inerentes ao conhecimento humano e existem
independentemente da experiência.[6]

Locke escreveu o Ensaio acerca do entendimento humano, onde desenvolve sua teoria sobre a origem e a
natureza do conhecimento.

Um dos objetivos de Locke é a reafirmação da necessidade do Estado e do contrato social e outras bases.
Opondo-se a Hobbes, Locke acreditava que se tratando de Estado-natureza, os homens não vivem de forma
bárbara ou primitiva. Para ele, há uma vida pacífica explicada pelo reconhecimento dos homens por serem
livres e iguais.

Biografia
Locke estudou medicina, ciências naturais e filosofia em Oxford, principalmente as obras de Bacon e
Descartes.[5] Em 1683, refugiou-se nos Países Baixos ao ser acusado de traição junto ao seu mentor politico o
lorde Shaftesbury, que era líder da oposição ao rei Carlos II no parlamento. Voltou à Inglaterra quando
Guilherme de Orange subiu ao trono, em 1688. Em 1689–1690 publicou as suas primeiras obras: Carta Sobre a
Tolerância, Ensaio Sobre o Entendimento Humano, e os Dois Tratados Sobre o Governo Civil.[6] Faleceu em 28 de
outubro de 1704, com 72 anos.

Locke nunca se casou ou teve filhos. Encontra-se sepultado em All Saints Churchyard, High Laver, Essex na
Inglaterra.[7]

Filosofia política
A filosofia política de Locke fundamenta-se na noção de governo consentido, pelos governados, da autoridade
constituída e o respeito ao direito natural do ser humano — à vida, à liberdade e à propriedade. Influencia,
portanto, as modernas revoluções liberais: Revolução Inglesa, Revolução Americana e a fase inicial da
Revolução Francesa, oferecendo-lhes uma justificação da revolução e da forma do novo governo. Locke
costuma ser incluído entre os empiristas britânicos, ao lado de David Hume e George Berkeley,
principalmente por sua obra relativa a questões epistemológicas. Em ciência política, costuma ser classificado
na escola do direito natural ou jusnaturalismo.[5]

Suas ideias ajudaram a derrubar o absolutismo na Inglaterra. Locke dizia que todos os homens, ao nascer,
tinham direitos naturais — direito à vida, à liberdade e à propriedade. Para garantir esses direitos naturais, os
homens haviam criado governos. Se esses governos, contudo, não respeitassem a vida, a liberdade e a
propriedade, o povo tinha o direito de se revoltar contra eles. A falha do Estado de Natureza levam à tal
invasão da propriedade e, devido a tal, cria-se um contrato social para que haja transição do Estado de
Natureza à Sociedade Política. As pessoas podiam contestar um governo injusto e não eram obrigadas a
aceitar suas decisões. Locke ainda diz que se o governo viola ou deixa de garantir o direito dos indivíduos à
propriedade o povo tem o direito a resistência ao governo tirano. O que define a tirania é o exercício do poder
para além do direito, visando o interesse e não o bem público ou comum.[6]

Frontispício de An Essay concerning Human Understanding (1690).

Outra constante na obra de Locke é do papel dos poderes na organização do Estado, sendo o legislativo o
poder supremo, sobrepondo-se ao executivo e federativo. Assim, há no Estado um poder limitado, pois
quando esses órgãos, criados pelo consentimento do povo, falham no atendimento dos fins a que foram
concebidos perdem a razão de ser, dando aos cidadãos o direito de revolução. Locke apresenta ainda o
trabalho como o fundamento originário da propriedade, tendo o seu valor corrompido com a introdução do
ouro e do comércio, gerando a distribuição desproporcional das riquezas entre os homens.

“o homem vive livre e em paz no seu estado de natureza”

O contrato social, embora não se trate de um contrato físico histórico, como acontece com qualquer contrato,
consistiria na transferência de poder dos indivíduos carecidos de proteção para um conjunto de instituições
artificiais e avantajada de meios para punir os que violam a obediência a essas mesmas instituições. De forma
generalizada, o contrato social é a relação entre o povo e seu governante.
Há alguns pontos de contato entre o pensamento lockiano e hobbesiano. Primeiro na condição natural em
que o homem vivia inicialmente e na sua passagem para organização social através do contrato social. Porém,
distingue-se por caracterizar esse estado natural do homem como pacífico, sendo o homem nele plenamente
livre. Enquanto Hobbes coloca o medo da morte violenta como fonte da organização dos homens, Locke
impõe a defesa da propriedade como principal fonte de formação do Estado. Esta propriedade já existia
anteriormente à formação do Estado.

Dedicou-se também à filosofia política. No Primeiro Tratado sobre o Governo Civil, critica a tradição que
afirmava o direito divino dos reis, declarando que a vida política é uma invenção humana, completamente
independente das questões divinas. No Segundo Tratado sobre o Governo Civil, expõe sua teoria do Estado
liberal e a propriedade privada, onde ele caracteriza a propriedade privada como tudo a que você atribui um
valor e tenha conquistado por direito. É algo legítimo e todo o indivíduo tem direito a tais conquistas, e assim
como Locke sugeriu, o Estado teria uma função primordial de proteger esses direitos.

Para Bernard Cottret, biógrafo de João Calvino, contrastando com a história trágica da brutal repressão aos
protestantes na França no século XVI e a própria intolerância e zelo religioso radical de Calvino em Genebra, o
nome de John Locke está intimamente associado à tolerância. Uma tolerância que os franceses aprenderam a
valorizar apenas na década de 1680, quase às portas do Iluminismo. Como Voltaire afirmou, a tolerância é,
para os franceses, um artigo de importação. Bernard Cottret afirma:

A tolerância é o produto de um espaço geográfico específico, nomeadamente o noroeste da Europa.


Ou seja: a Inglaterra e os Países Baixos. E ela é, no final, em especial, a obra de um homem — John
Locke — a quem o século XVII dedica um culto permanente.[8]

Dentre os escritos políticos, a obra mais influente de Locke foi Dois Tratados sobre o Governo (1689). O Primeiro
Tratado é um ataque ao patriarcalismo, e o segundo introduz uma teoria da sociedade política ou sociedade
civil baseada nos direitos naturais e no contrato social. Segundo Locke, todos são iguais, e a cada um deverá
ser permitido agir livremente desde que não prejudique nenhum outro. Com este fundamento, deu
continuidade à justificação clássica da propriedade privada, ao declarar que o mundo natural é a propriedade
comum de todos, mas que qualquer indivíduo pode apropriar-se de uma parte dele, ao acrescentar seu
trabalho aos recursos naturais. Este tratado também introduziu a chamada "cláusula lockeana", que resume a
teoria da propriedade-trabalho de John Locke: os indivíduos têm direito de se apropriar da terra em que
trabalham desde que isso não cause prejuízo aos demais. O direito de se apropriar privadamente de parte da
terra comum a todos seria pois limitado pela consideração de que ainda houvesse bastante [terra] igualmente
boa e mais do que aqueles ainda não providos pudessem usar.[9] Em outras palavras, que o indivíduo não pode
simplesmente apropriar-se dos recursos naturais mas também tem que considerar o bem comum.

No âmbito das Relações Internacionais, Locke aponta que estas fazem parte do estado de natureza, mas isso
não quer dizer que há uma falta de legalidade (deveres e direitos) entre as comunidades políticas no cenário
internacional. Sendo assim, o poder de fazer guerra não é sem restrições, obedecendo às diretrizes da política
interna, que trata dos interesses locais dos cidadãos, quanto à Lei Natural, caracterizada pela garantia da
preservação da comunidade civil e da humanidade.

Epistemologia
Locke é considerado o protagonista do empirismo, o qual afirma que todo o conhecimento e aprendizagem
decorre da experiência. Ele apresenta uma crítica às ideias inatas através da teoria da tábula rasa. Com essa
teoria Locke afirma que o ser humano nasce como uma "folha em branco", e é moldado pelas experiências,
tentativas e erros.

Então de acordo com Locke o Empirismo busca compreender as coisas de uma forma metodológica,
sistemática e crítica. Esse pensamento apresentado por Locke se assemelha ao do pensador Nicolau
Maquiavel quando o mesmo se refere a Verità effetuale (Verdade Efetiva das Coisas), que se trata de analisar
as coisas como elas realmente são.

No Ensaio acerca do Entendimento Humano (An Essay concerning Human Understanding), de 1690, Locke defende
que a experiência é a fonte do conhecimento, que depois se desenvolve por esforço da razão. Outra obra
filosófica notável é Pensamentos sobre a Educação, publicado em 1693. As fontes principais do pensamento de
Locke são: o nominalismo escolástico, cujo centro era Oxford; o empirismo inglês da época; o racionalismo
defendido por René Descartes e a filosofia de Malebranche.

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