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Breve análise biográfica e do pensamento de John Locke

José Thiago de Melo Silva, 01606401


Lívia Geovana de Oliveira Santos, 01596163
Alany Camily Monteiro da Silva, 01591731
Tarsila Thainara Lira Cavalcanti, 01590520
Silmeiquison Leví Silva Melo, 01591820
Franciely Cavalcante marinho, 01593513
Wendell da Silva Costa, 01605229
Jailson Lima da Silva Filho, 01605488
Maria Natália da Silva Macêdo, 01595507
Stephany Clesse de Oliveira, 01582097
Dimas Luiz de Oliveira Silva, 01614916.

1. Introdução

O presente estudo pretende realizar uma breve análise do pensamento


lockeano, bem como, dos aspectos que o influenciaram e dos momentos históricos e
correntes de pensamento influenciados por seus escritos e ensinamentos. A análise
realizada busca compreender e fornecer subsídios introdutórios para a compreensão
do pensamento do referido filósofo.

Por ser considerado um dos principais autores e pensadores da


modernidade, Locke é estudado nos mais diversos campos das ciências sociais e
humanas, desde áreas como educação, economia até o campo da filosofia e direito.
Dito isto, usou-se da pesquisa bibliográfica para fundamentação deste trabalho, visto
que esta é o método para levantamento de referências teóricas nos mais diversos
meios, tais como livros, artigos e páginas da internet.

2. John Locke

Considerado um dos filósofos mais influentes da Modernidade, principal


representante do empirismo – sendo seu fundador - e um dos teóricos do
contratualismo, John Locke influencia diretamente em períodos históricos tais como
Iluminismo, Independência dos Estados Unidos, a Constituição Norte-americana e
Revolução Francesa. O pensamento lockeano é influenciado pelo contexto histórico
no qual estava inserido, Locke viveu entre 1632 e 1704, período marcado pelas
guerras civis na Inglaterra do século XVII. Nessa época havia o confronto entre a
monarquia absolutista e o parlamento – pautado nos ideais calvinistas e no
pensamento liberal. As guerras civis tiveram inicio em 1640 com o rei Carlos I e
findaram em 1688 com a Revolução Gloriosa, é oportuno mostrar que as guerras civis
estiveram presentes em praticamente toda a infância e vida adulta de Locke,
chegando a ficar exilado na Holanda, o que demonstra o papel desse momento
histórico na formação do pensamento do filósofo, a favor da monarquia constitucional.

Estudou diversas áreas do pensamento humano tais como medicina, filosofia


e ciências naturais.

Defensor da liberdade intelectual e da tolerância, foi crítico ao pensamento de


Tomas Hobbes sobre o direito divino dos monarcas, defendia que o estado natureza
não poderia ser considerado uma guerra de todos contra todos, mas um estado de
liberdade.

Defendia, ainda a separação entre Estado e igreja, foi precursor da divisão


tripartite do poder, debatida posteriormente por Montesquieu, apesar de ser a favor
da liberdade e igualdade, considerava legítima a escravidão dos vencidos de guerra.
Os inimigos e derrotados poderiam ser mortos, mas em troca de suas vidas poderiam
ser escravizados.

2.1. Obras

Após a revolução Gloriosa, Locke começou a publicar as suas principais


obras. Tais como:

• O ensaio sobre o entendimento humano (1690) – empirismo

Nesta obra, John Locke afirma que o ser humano é uma tábula rasa, que vai
sendo preenchida pela experiência prática, ou seja, por meio dos 5 sentidos. Exerceu
grande influência no pensamento iluminista. Critica o inatismo.

• Dois tratados sobre o governo (1689) – Liberalismo político


Evidencia o liberalismo, defendendo a laicidade, propriedade privada e os
poderes limitados. Pode ser compreendida como uma justificativa moral e teórica da
Revolução Gloriosa.

• Cartas sobre a Tolerância (1689)

Influencia o pensamento de Voltaire, nesta obra, Locke defende a igualdade


de direitos, sem distinção.

2.2. Pensamento
2.2.1. Empirismo

É considerado um dos maiores pensadores da filosofia empirista. Para Locke


os indivíduos não nascem com ideias inatas, e sim que as ideias dos indivíduos seriam
fruto da experiência. As ideias surgem da reflexão, da sensação ou da junção de
ambas. Daí surgiria a teoria da “tábula rasa”, conforme o fragmento abaixo:

“Suponhamos, pois, que a mente é, como dissemos, um papel em branco,


desprovida de todos os caracteres, sem nenhuma ideia; como ela será
suprida? [...] A isso respondo, numa palavra: da experiência. Todo o nosso
conhecimento está nela fundado, e dela deriva fundamentalmente o próprio
conhecimento. Empregada tanto nos objetos sensíveis externos como nas
operações internas de nossas mentes, que são por nós mesmos percebidas
e refletidas, nossa observação supre nossos entendimentos com todos os
materiais do pensamento.” – Locke, 1978.

O homem ao ser uma folha em branco, disporia de faculdades concedidas por


Deus para adquirir conhecimentos. Preenchendo a folha à medida que vive e
experimenta o mundo. Contrapondo-se ao racionalismo, de Descartes, que privilegia
a razão como fonte do conhecimento.

2.2.2. Direitos

Segundo Locke os homens desfrutariam dos direitos naturais, que


compreendem os direitos à vida, a vida não pode ser tirada, nem tomada, direito à
liberdade, que vai ter influência na Revolução Gloriosa, direito a igualdade e o direito
à propriedade privada – desde que derivada do trabalho.

A propriedade em Locke existiria pois o individuo exerceria nela um trabalho,


encontrando, assim, um limite, pois a capacidade do trabalho é limitada. A natureza é
modificada pelo trabalho do homem, o fruto do labor seria o acúmulo da propriedade,
esse acúmulo deveria ser feito de forma a não lesar ou causar prejuízo aos demais
indivíduos, mas trazer um benefício para a humanidade. Nota-se que o direito a
propriedade, por ser um direito natural, é anterior até mesmo a formação do estado
civil.

2.2.3. Liberalismo

O liberalismo clássico é iniciado por Locke. O pensamento desse filósofo foi


um dos primeiros a dizer que a população teria o direito de depor o chefe de estado
caso este fosse contra aos direitos fundamentais. Acreditava que o Estado deveria
intervir o mínimo possível na vida dos indivíduos.

3. Contratualismo

A teoria do contratualismo ou do contrato social, pretende justificar as razões


de existência do Estado. Nessa teoria, os indivíduos sem o Estado encontram-se em
uma condição de natural de igualdade e liberdade, sendo assim, todas as suas ações
seriam norteadas por seus instintos, limitadas apenas, pela natureza.

Conforme mostra Gusmão, 2012, entende-se a teoria do contrato social por:

Doutrina do contrato social entende-se, como dissemos, a explicação do


Estado e do direito por um pacto social, que teria limitado os direitos naturais
em roca de segurança, garantida pelo Estado. Diferentes são as teorias
clássicas de contrato social como a de Hobbes, Locke e Rousseau. Os três
admitem o "estado natural" anterior ao Estado, porém, no caso de Hobbes,"
teria imperado nessa fase a insegurança, a guerra de todos contra todos,
isto é, e a lei da força (bellum omnium contra omnes), enquanto, segundo
Locke, nesse estágio o direito natural garantiria relativamente a
propriedade; no entender de Rousseau, imperariam a perfeição e a
felicidade. A razão do contrato social, para Hobbes, é a paz social; para
Locke, proteção da propriedade; enquanto para Rousseau, a manifestação
da vontade geral a (da maioria) da sociedade, criando obstáculo ao abuso
de poder. O contrato social instituiu, segundo Hobbes, o governo forte
consentido, ou seja, o absolutismo político, domesticador da bestialidade
humana e instaurador da paz social: para Locke, o governo responsável,
com supremacia do Parlamento, formulando leis, escolhendo juízes
independentes, garantindo a propriedade, enquanto para Rousseau,"
assegurou a igualdade, a liberdade e o governo submetido a leis, que
deveriam ser a expressão da vontade geral. Assim, a ideia de contrato
social serve, com Hobbes, para justificar o absolutismo real; com Locke, o
capitalismo e o parlamentarismo; e com Rousseau, o liberalismo e a
república. No caso de Hobbes, o contrato social explica origem dos direitos
individuais; no de Locke, os protege, ampliando-os; enquanto no de
Rousseau, transforma os direitos naturais em direitos civis. - Gusmão, 2012,
p 383.

Por ser um dos contratualistas, Locke apresentou sua teoria sobre o estado
de natureza, diferentemente do pensamento Hobbesiano de que o “homem não seria
o lobo do próprio homem”, no estado de natureza lockeano, o homem estava em
relativa paz e harmonia. Afirma que antes mesmo de se encontrar sob o jugo do
Estado, os indivíduos eram dotados de razão e detentores de direitos naturais, tese
que contradiz o pensamento aristotélico. O contrato social, assim, daria surgimento
ao Estado.
O surgimento do Estado não seria criado pela violência, pois essa não cria
direitos, nem pela ancestralidade.

4. Estado

O Estado não deve ser apenas um agente que limita certas liberdades
individuais, mas um garantidor, dos direitos naturais, da proteção interna e externa e
da resolução de conflitos. Surge, portanto para resolver os inconvenientes do estado
de natureza.

O governo civil se legitimaria pelo consentimento de todos aqueles que fazem


parte do corpo político (sociedade civil), o poder supremo seria o legislativo por ser no
legislativo que estaria mais respaldado no princípio da maioria. Sendo assim, a
soberania pertence a população e não ao Estado.

O Estado civil em Locke é formado pelo consenso e acordo coletivo em busca


da proteção da propriedade e paz social. Dito isso, ninguém seria maior que a lei nem
deveria se sujeitar a uma autoridade não instituída pela anuência de todos. Ao povo é
garantido o direito de resistência.

5. Conclusão

Após a análise do pensamento de Locke e dos fatores sociais e influencias


que recebeu é possível observar e entender os motivos que o elencaram como um
dos principias pensadores da modernidade. Do pensamento filosófico, do surgimento
do Estado até formas de legitimação do poder civil, mostram a versatilidade e
amplitude do pensamento lockeano.
Referências Bibliográficas

Alberto Ribeiro Gonçalves de Barros. As concepções de liberdade em Locke e


Sidney. Trans/Form/Ação. 2019. Vol. 42(1):57-78. DOI: 10.1590/0101-
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Filosofia Total. A Filosofia de John Locke - O Pai do Liberalismo Político | Prof.
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Gusmão, Paulo Dourado de. Introdução ao estudo do direito / Paulo Dourado de
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Sandel, Michael J. Justiça - O que é fazer a coisa certa / Michael J. Sandel; [tradução
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