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INSTITUTO DE LETRAS
VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM
NITERÓI – RJ
2022
NATALIA TORQUATO DA SILVA
VERIFICAÇÃO DE APRENDIZAGEM
NITERÓI – RJ
2022
A presente dissertação terá como objetos de análise os poemas “Retratos de Família”,
do livro A Rosa do Povo (1945), de Carlos Drummond de Andrade, e “Tempo Viajado”, da
obra Retrato Natural (1949), de Cecília Meireles, e se debruçará sobre as perspectivas
adotadas por cada poeta em relação à fotografia como dispositivo da memória contra o
esquecimento, o deslocamento no tempo como passagem entre o pretérito e o presente de cada
eu lírico e, ainda, o modo como Drummond e Meireles fixam no vocabulário e nas imagens as
experiências e lembranças de seus respectivos passados.
Para uma plena compreensão das ideias que virão a ser desenvolvidas, cumpre realizar
um breve panorama acerca das obras aqui analisadas e de seus respectivos autores. A Rosa do
Povo é um livro de poesias brasileiro, escrito pelo poeta, contista e cronista mineiro Carlos
Drummond de Andrade (1902 – 1987). Foi produzido entre 1943 e 1945 – período histórico
que sediou os últimos momentos da Segunda Guerra, o remate da ditadura de Getúlio Vargas
e o frenético processo de urbanização do estado onde o autor residia, o Rio de Janeiro – e
publicado em meados de 1945 pela editora nacional José Olympio. Essa obra, ao longo de
seus 55 poemas, interpreta, julga e reflete, através de constantes metáforas, estruturadas em
versos brancos, livres e em vocabulário prosaico, variadas temáticas, como as dores e
sequelas da Segunda Guerra, reflexões existenciais, amor, morte, mudanças, passado e
presente. É considerada pelos críticos a criação mais politicamente explícita de Drummond,
trazendo, desde seu título, mensagens de cunho revolucionário. Já Retrato Natural, escrito
entre os anos 1945 e 1948 mas publicado apenas em 1949, é também um livro de poesias
brasileiro, de autoria da poetisa, professora, jornalista e pintora carioca Cecília Meireles (1901
– 1964), que traz, em um tom “confessional e envolvente” (2014, prefácio), poemas que
exprimem os pensamentos e emoções de um eu lírico que transita entre os extremos do
psiquismo e do tangível, da subjetividade artística e da complexidade humana. O constante
uso de concepções imagéticas como cores, flores, águas e pássaros torna o tráfego entre esses
prismas antagônicos tão suave, de modo a tornar essa obra tão única.
Ainda que ambas as obras tenham sido produzidas em um período próximo, e, por
isso, seus respectivos autores estivessem sob a mesma influência histórico-social,
desenvolvem perspectivas distintas. Diferentemente da obra de Drummond que transmite ao
leitor, desde o título ao seu último verso, sensações como indignação, euforia, angústia,
melancolia e nostalgia – motivadas pela conjuntura aflitiva e conflitante em que o mundo se
encontrava – a coletânea de Meireles emite, em suas reflexões elaboradas ao abrigo de mesmo
cenário, uma espécie de alento, sensibilidade e beleza.
Como dito anteriormente, apesar de possuírem abordagens, mensagens e, em
determinados poemas, tópicos diferentes, A Rosa do Povo e Retrato Natural criam um ponto
de interseção quando cruzam, nos poemas “Retrato de Família” e “Tempo Viajado”, uma
mesma linha: a do dilema da fotografia como dispositivo da memória humana contra o
esquecimento, combinada ao deslocamento entre o passado e o presente.
para Drummond, a fotografia se apresenta como um dispositivo singular e essencial no que diz
respeito ao lembrar
BIBLIOGRAFIA
MEIRELES, Cecília. Retrato Natural. 2ª ed. São Paulo: Global Editora, 2014.
ANDRADE, Carlos Drummond de. A Rosa do Povo. 1ª ed. São Paulo: Companhia das Letras,
2012.