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20/09/2018 Carta de Hélion Póvoa Neto – SAPIENTIAM AUTEM NON VINCIT MALITIA

Carta de Hélion Póvoa Neto

23 de junho de 1999

A seção “Diga o que quer, ouça o que não quer” b em poderia se chamar: “Leia
aqui a resposta ao que você não disse”. Ao comentar carta que escrevi à revista
“Bravo” em fevereiro de 1998, o sr. Olavo de Carvalho diz que “o leitor que
deseja um deb ate deve expressar opiniões definidas sob re pontos precisos”.
Conselho que ele é o primeiro a desconsiderar.

Ao contrário do que afirma o sr. Carvalho, não o convidei ao debate, não sugeri
a sua exclusão da revista em questão, e não sou psicanalista, nunca o fui e
jamais o serei (que oráculos consultará o sr. Carvalho?). A carta está lá, para
quem quiser ler, no número de 1998, como está a resposta grosseira – por mim
ignorada – de Carvalho no número de ab ril de 1998.

Como se faz quando alguém que prega critérios de verdade distorce, mente e
manipula só para conquistar algumas poucas linhas em sua pr’pria homepage
para esb ravejar contra aquilo que pensa que os outros pensam
dele? Acionamos a Justiça, denunciamos ao Procon por fraude contra os que o
consomem, pedimos a sua interdição por motivos psiquiátricos ou
simplesmente o ignoramos como se deve fazer com aqueles que não merecem
a menor consideração nem respeito?

Atenciosamente,

Helion Póvoa Neto

Resposta de Olavo de Carvalho

Reaparecendo das sombras do nada em que minha memória falível o havia


desterrado, ergue-se o dr. Póvoa, com um formidável atraso, para protestar
contra coisas que escrevi em Bravo! de março de 1998. Não me deixa
alternativa senão reler tudo aquilo e em seguida informar ao remetente a inútil
vaidade de suas caretas ameaçadoras:

1) Eu nunca disse que o dr. Póvoa me convidou para um debate. Quem disse —
aliás no intuito de defendê-lo — foi a leitora Helga Helena Monteiro (v. carta
nesta mesma homepage), e, precisamente, respondi que ele não fizera nada
disso, limitando-se sugerir minha exclusão da revista Bravo!. Fingindo que pus
palavras na sua boca, o dr. Póvoa põe algumas na minha.

2) O dr. Póvoa que largue de se fazer de ingênuo. Escrever a uma revista


expressando repulsa à presença de um determinado sujeito no quadro de
redatores é sugerir sua exclusão, e de maneira bem pouco sutil. Mas isto já
virou uma regra. Dos sujeitos que enviam cartas a editores para protestar
http://www.olavodecarvalho.org/carta-de-helion-povoa-neto/ 1/2
20/09/2018 Carta de Hélion Póvoa Neto – SAPIENTIAM AUTEM NON VINCIT MALITIA

contra algo que eu disse, cinqüenta por cento começam por lamentar que a
imprensa me conceda espaço para escrever. Que outro sentido tem isto, senão
a de sugerir que a imprensa se livre de um colaborador lamentável? O efeito
acumulado de cartas desse teor é bem previsível. Alvos mais paranóicos
suspeitariam de uma campanha orquestrada. Da minha parte, diagnostico: é
simples repetição de um cacoete stalinista, irreprimível em certas cabecinhas
feitas à imagem e semelhança do inventor da “arma da fome”.

3) Num ponto o dr. Póvoa diz a verdade: ele, de fato, não é psicanalista. Admito
que errei quanto a esse detalhe, o qual, aliás, no conjunto da questão, não fede
nem cheira. É preciso ser um bocado teatral para afirmar que essa imprecisão
miúda e irrelevante atesta uma intenção de “distorcer, mentir e manipular”.

4) No que diz respeito às alternativas de ação perfeitamente malucas que o dr.


Póvoa conjetura – acionar a Justiça, denunciar-me ao Procon, etc. etc. -, provam
apenas que ele tem dificuldade de rebater palavras com palavras e que, diante
de um adversário que o irrita, sente o impulso quase irresistível de fazer algo
contra ele. Mas, diziam os escolásticos, para agir é preciso ser. Não cumprindo
esta última condição, o dr. Póvoa limita-se a fantasiar vingancinhas, retorcendo-
se de raiva ao mesmo tempo que procura fingir uma indiferença superior. A
alternativa de me ignorar olimpicamente não parece, no entanto, estar ao
alcance de um sujeito que ainda se mostra tão nervoso depois de decorrido
todo esse tempo da publicação de minha resposta. A profusão mesma de
estratégias belicosas que ele conjetura contra mim prova que o dr. Póvoa tem
pensado dia e noite na minha humilde pessoa. Lamento não poder retribuir sua
atenção.

Atenciosamente,

Olavo de Carvalho

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