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A dependência de jogos eletrônicos e sua influência no dia a dia dos mais jovens não
param de suscitar debates e controvérsias. Um relatório da Associação Americana de
Psicologia, baseado em mais de 100 estudos, concluiu que jogos de guerra, luta e tiro podem
estimular a agressividade. No entanto, não há evidências sólidas de que induzam alterações
neurológicas e atos de violência.
A discussão ainda está longe de um game over. Atenta ao peso do tema na infância e
adolescência, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) lançou uma cartilha com orientações
sobre o uso de aparelhos tecnológicos para médicos, pais e educadores. Além de falar dos
limites, o guia aponta os principais problemas atrelados ao videogame. “Jogos online com
cenas de tiroteios, mortes ou desastres não são apropriados em nenhuma faixa etária porque
banalizam a violência”, adverte a pediatra Evelyn Eisenstein, da SBP.
Mas a decisão da OMS também recebe críticas. Para Vasconcellos, da Fiocruz, ela é
“precipitada” e “equivocada”. “Muitos pais podem ser levados a acreditar que os filhos têm
problemas de ‘vício’ e buscar tratamentos desnecessários. Isso pode causar uma
‘patologização’ indesejada e até prescrição indevida de remédios”, analisa. “Além disso,
pessoas com histórico de abuso sexual ou quadro depressivo relataram o uso de games para
aliviar seu sofrimento. Ao classificar a prática como transtorno, corre-se o risco de retirar delas
um mecanismo de suporte e enfrentamento.”
Assim como nem todo jogo é nocivo — boa parte instiga a criatividade, a concentração
e a memória —, nem todo gamer é compulsivo. Segundo a OMS, três padrões de
comportamento ajudam a diagnosticar o dependente tecnológico.
O primeiro deles é o controle prejudicado. Por mais que tente, o indivíduo não sabe a
hora de parar e, por vezes, é capaz de matar aula ou virar a noite só para jogar. O segundo é a
prioridade crescente: o sujeito prefere isolar-se no quarto a viajar ou sair com os amigos.
O terceiro e último é que, por mais tóxico que o jogo seja à vida social e escolar, não
há meio de se livrar dele. “Quanto antes os pais procurarem ajuda para os filhos, menores
serão os prejuízos”, diz a psicóloga Evelise de Carvalho, do Grupo de Estudos sobre Adições
Tecnológicas. Jogar videogame faz parte da vida. O que não dá é para viver jogando.
Fonte:https://www.google.com/amp/s/saude.abril.com.br/medicina/videogame-no-limite-
entre-o-bem-e-o-mal/amp/