Você está na página 1de 9

PAVIMENTOS FLEXÍVEIS: ANÁLISE DOS DEFEITOS EM

FUNÇÃO DA SUA ORIGEM E SUAS CONSEQUÊNCIAS NA


VIDA ÚTIL
Thiago Stefano Passos Segre
Unicamp, Campinas, Brasil, tssegre@gmail.com

RESUMO: Ações de manutenção e reabilitação de pavimentos demandam grandes investimentos.


Para uma boa estratégia de aplicação desses recursos é necessário estimar as condições dos diferentes
trechos da malha rodoviária, através de métodos de previsão de deterioração confiáveis. Buscando
garantir os parâmetros de conforto, segurança e serviço, à comunidade rodoviária busca direcionar e
priorizar os investimentos em restauração, evitando prejuízos financeiros pela reconstrução precoce
e sociais relacionados com o aumento do custo operacional dos veículos. O presente trabalho busca
fazer uma análise crítica do ciclo de vida do pavimento asfáltico, levando em conta os defeitos
encontrados em cada fase da curva de deterioração e as manutenções necessárias.

PALAVRAS-CHAVE: Defeitos estruturais, Defeitos funcionais, Métodos de Avaliação, Pavimentos


Flexíveis.

1 INTRODUÇÃO pavimento, na sinalização ou na geometria da via


sendo danoso ao desempenho operacional e à
O modal rodoviário é a principal segurança dos usuários.
alternativa para movimentação de pessoas e Dessa forma, faz-se necessário que
transporte de cargas no Brasil, sendo responsável ocorra uma melhora na qualidade da
por 95% e 61,1% respectivamente (CNT, 2016). infraestrutura apresentada e que se tenha um
É fator preponderante para o desenvolvimento gerenciamento efetivo das rodovias, visando
socioeconômico do País e para tanto depende de melhorar a qualidade dos pavimentos brasileiros.
rodovias com boas condições de utilização. Buscando parâmetros de conforto,
As rodovias pavimentadas brasileiras segurança e serviço, é necessário estabelecer
correspondem a 12,3% de todo o sistema de estratégias para garantir uma adequada
rodovias, com extensão aproximada de manutenção da malha rodoviária nacional, de
1.720.756 km sendo 211.468km pavimentados modo a direcionar e priorizar os investimentos
(CNT,2016). Os estudos realizados pelo em restauração. Assim, é possível evitar grandes
Conselho Nacional de Trânsito (2016), indicam prejuízos a sociedade, tanto pela necessidade de
que 58,2% da extensão das rodovias estudadas reconstrução precoce, como pelo aumento do
foram classificadas como regular/ruim/péssimo custo operacional dos veículos e custos dos
e apresentavam alguma deficiência, seja no usuários.
GEOCENTRO 2019, Brasília/DF, Brasil.
A manutenção periódica torna-se guia norte americado “Guide for design of
necessária para que se tenha um pavimento em pavement structures - American Association of
condições ideais, à isso, remete-se a análises das State Highway and Transportation Officials”
condições do pavimento para uma intervenção a (AASHTO, 1993). A partir dos dados de entrada,
fim de preservar as características técnicas e foi possível a aplicação das formulações para a
operacionais do sistema rodoviário conforme as determinação da deterioração do pavimento em
recomendações das agências regulamentadoras. função do tempo.
Há modelos de desempenho de
pavimentos que estimam as condições do 4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
pavimento ao longo do tempo, levando em
consideração fatores como: idade, tráfego, clima, 4.1 Gerenciamento de pavimentos
número estrutural, entre outros, que orientam
quais devem ser as tomadas de decisão O gerenciamento de pavimentos flexíveis
relacionadas à manutenção e reabilitação de cada está relacionado com o conceito de conservação
segmento de pavimento analisado. As ações de dos mesmos, compreendido por uma série de
manutenção e reabilitação de pavimentos operações rotineiras, periódicas e de emergência,
analisados, demandam grandes investimentos e realizadas para preservar as características
para se obter uso racional desses recursos, faz-se técnicas e operacionais das rodovias (BRANCO,
necessário estimar as condições de diferentes 2016)
trechos da malha viária para se obter uma Além das três operações de conservação
precisão mais confiável de acordo com seu citadas acima, o DNIT (2006) define duas
modelo de desempenho (NASCIMENTO, operações de manutenção dos pavimentos, sendo
2005). a Restauração um conjunto de operações com o
objetivo de prolongar o ciclo de vida do
2 OBJETIVO pavimento e a Melhoria do pavimento uma
intervenção que modifica as características do
Avaliar as diferentes metodologias para pavimento, buscando acrescentar
previsão da deterioração dos pavimentos melhoramentos a estrutura existente.
flexíveis em função do tempo, através da análise Segundo Haas et al. (1994), o
da curva de desempenho, considerando os gerenciamento dos pavimentos se resume ao
possíveis defeitos ocorrentes em cada fase do planejamento, construção, manutenção,
ciclo de vida e as manutenções a serem avaliação e pesquisa aplicados ao pavimento em
aplicadas. questão, tendo como objetivo principal utilizar
de informações confiáveis e critérios de decisão
3 METODOLOGIA adequados para produzir um programa de
gerenciamento que proporcione os melhores
Inicialmente, foi desenvolvida revisão resultados possíveis ao ciclo de vida.
bibliográfica abrangengo o ciclo de vida dos O sistema de gerência de pavimentos, com
pavimentos, patologias e desempenho. uma abordagem administrativa, tem o objetivo
Com o objetivo de analisar as diferenças entre de minimizar os custos de manutenção e
os métodos de previsão da condição dos reabilitação da estrutura, preservando as
pavimentos flexíveis, foi adotado uma estrutura condições de funcionamento ao longo do tempo.
padrão, considerando um subleito com Índice de Os pavimentos sofrem deterioração com a
Suporte Calofornia de 5% (ISC) e trafego exposição ao clima e solicitações do tráfego, um
solicitante na ordem de 107, deterrminada gerenciamento bem elaborado, pode determinar
através das recomendações presentes no Manual a hora certa de uma intervenção e a adoção de
de Pavimentação do Departamento Nacional de soluções e materiais adequados para sua
Infraestrutura e Transportes (DNIT, 2006) e nas execução (PAÉZ, 2015).
GEOCENTRO 2019, Brasília/DF. Brasil.
estrutural do pavimento. Tais fissuras são
4.2 Defeitos funcionais e estruturais resultados de excessos de finos no
material de revestimento, compactação
Os defeitos em pavimentos flexíveis são excessiva e má dosagem do ligante
refletidos em danos na superfície de rolamento e (QUEIROZ,1984).
podem ser causados por imperfeições na ● Afundamentos: são deformações
construção, por ações do meio ambiente e pelas
permanentes caracterizadas pela
solicitações impostas pelo tráfego. Tais defeitos
depressão da superfície do pavimento,
afetam as capacidades funcionais e estruturais do
pavimento, comprometendo o conforto, seguido ou não de elevações.Tais
segurança e serviço da estrutura. defeitos causam acréscimo na
Segundo Yoder e Witczak (1975), irregularidade longitudinal, afetando a
defeitos estruturais estão relacionados a qualidade estrutural, custo operacional
condição de estrutura na qual o pavimento está dos veículos e devido ao acúmulo de
comprometido em relação ao suporte de cargas, água, falta de segurança aos usuários. Os
já os defeitos funcionais refletem a qualidade de afundamentos podem estar associados ao
rolamento, conforto e segurança ao usuário, carregamento excessivo, seja
podendo e estrutura ainda permanecer íntegra. concentrado ou de longa duração, e aos
A coleta de dados, relacionada ao problemas de fundação relacionados a
levantamento de defeitos consiste na
solos expansíveis e compressíveis.
identificação, quantificação da extensão e
● Ondulações e corrugações: deformações
severidade dos mesmos. Essas informações
devem ser monitoradas em função do tempo, transversais ao eixo, com depressões
possibilitando assim estabelecer estratégias intercaladas de elevações. Geralmente
devidamente localizadas para intervenção e decorrentes da consolidação diferencial
atividades de manutenção e reabilitação do subleito, com comprimento da onda
(FIALHO, 2015). de ordem de metros.
Os defeitos relacionados em pavimentos ● Exsudação: ocorre quando à migração do
asfálticos estão em sua maioria relacionados a ligante através do revestimento, levando
trincas, deformações permanentes de trilhas de o aparecimento de manchas na
roda, panelas, desgaste do agregado, superfície. Causas prováveis são o
bombeamento e exsudação (HAAS et al.,1994). excesso de ligante betuminoso, baixo
A norma brasileira DNIT 005/2003 – TER, índice de vazios da mistura asfáltica e a
apresenta algumas patologias, como:
compactação pelo tráfego (dosagem
● Fendas: são aberturas na superfície
inadequada da mistura).
asfáltica, sendo classificadas como
● Buraco ou Panela: cavidade formada no
fissuras quando a abertura é perceptível a
revestimento podendo alcançar camadas
olho nu à uma distância de 1,5m, ou
inferiores provocando a degradação das
como trincas quando a abertura é
mesmas. É considerado um defeito grave
superior à da fissura. Os pavimentos
pois afeta estruturalmente o pavimento,
flexíveis tendem a trincar quando
permitindo acesso de águas superficiais à
sujeitos a ação combinada do tráfego e do
estrutura e também e grave do ponto de
clima, permitindo assim a entrada de
vista funcional pois afeta diretamente a
água na estrutura do pavimento, que por
irregularidade longitudinal. Podem ser
sua vez tende a aumentar a extensão e a
causadas por trincas não tratadas em
severidade do defeito, podendo conduzir
estágio terminal, desintegração
à desintegração e comprometimento
GEOCENTRO 2019, Brasília/DF. Brasil.
localizada da superfície do pavimento e tipo de pavimento inicialmente se baseia nas
pela evolução de defeitos. solicitações do tráfego e custos de implantação,
porém, para um bom critério de decisão, é
4.3 Avaliação da condição dos pavimentos necessário uma análise de custos e deterioração
ao longo da vida útil do pavimento (SANTOS,
Existem diversos métodos para a avaliação da 2011).
condição dos pavimentos, cada um deles em uma De acordo com o procedimento técnico
série de variáveis, que com ação combinada, DNIT-PRO 011/79, o pavimento ao longo da sua
podem classificar a condição do pavimento e vida útil sofre degradação pelas solicitações do
apontar possíveis soluções de restauração, tráfego, gerando esforços de compressão,
manutenção ou até reconstrução. cisalhamento e flexão, e também pela ação do
Dentro das recomendações do Departamento clima, como precipitações e mudanças de
Nacional de Infraestrutura e Transportes, temos temperatura. Tais fatores podem levar o
o procedimento para avaliação estrutural dos pavimento a ruína, caso não sejam realizadas as
pavimentos DNIT-PRO 011/79. Esse devidas medidas de manutenção e conservação.
procedimento é baseado nas medidas de deflexão
do pavimento, realizadas através de ensaios de 5 CURVA DE DETERIORAÇÃO DE
viga Benkelman e nas solicitações através do PAVIMENTOS ASFÁLTICOS
tráfego aplicado. Já o procedimento para projeto
de restauração de pavimentos flexíveis DNIT- A curva de deterioração dos pavimentos
PRO 269/94, é baseado em mais variáveis, asfálticos consiste em uma síntese do
levando em conta o tipo de solo, índice de comportamento da estrutura durante sua vida
suporte, composição das camadas, além da útil. Para o traçado dessa curva é necessário
deflexão e tráfego. O único método normativo do analisar diferentes fases do pavimento, quais
DNIT que utiliza da avaliação funcional do fatores influenciaram sua degradação e quais os
pavimento é descrito pelo projeto de restauração defeitos apresentados. Com isso, temos no eixo
de pavimentos flexíveis e semi-rígidos DNIT- das abscissas o fator tempo, que pode ser
PRO 159/85, que acrescenta as variáveis do representado pela vida útil de projeto, no eixo
coeficiente de irregularidades (QI) e das ordenadas entramos com as variáveis de
trincamentos, sem levar em consideração o degradação, sendo representada por uma série de
subleito. defeitos correlacionados que representam a
Na literatura internacional, os métodos são qualidade da estrutura. Diversos autores e
geralmente baseados no Índice de Condição dos métodos propõem diferentes traçados dessa
Pavimentos (PCI – Pavement Condition Index), curva, indicando a incidência dos defeitos, a
tais métodos são baseados diretamente na qualidade do pavimento e a fase correta para
quantificação e análise da gravidade da implantação de manutenções.
funcionalidade do pavimento, tendo como O método proposto pela AASHTO (1993),
variáveis diversos tipos defeitos como tanto para dimensionamento como para
afundamentos, exsudação, trilhos de roda, restauração, se baseia no índice de serventia do
panelas entre outros, variando conforme os pavimento (PSI), determinando o índice limite
métodos (PAÉZ, 2015). para o bom funcionamento do pavimento. Para a
aplicação desse método, é necessário o
4.4 Ciclo de vida dos pavimentos asfálticos conhecimento das seguintes variáveis:
● Caracterização do pavimento existente;
Pavimentos rígidos ou flexíveis vem sendo ● Análise do tráfego;
profundamente estudados a fim de maximizar o ● Análise de defeitos superficiais;
desempenho e minimizar os custos de ● Levantamento deflectométrico;
implantação ou manutenção. A escolha de um ● Poços de inspeção e ensaios laboratoriais;
GEOCENTRO 2019, Brasília/DF. Brasil.
● Determinação do número estrutural Pavimento flexível - Estrutura adotada - AASHTO
requerido para tráfego futuro; Espessura N
Permeab. Esp. estrutural
● Determinação do número estrutural efetivo Camada (pol) Estrutural

do pavimento existente; C.B.U.Q 4,92 0,44 nulo 2,1648

● Determinação da espessura de reforço. BASE 5,91 0,16 1 0,9456


SUB
11,81 0,11 1 1,2991
Para análises das curvas de deterioração BASE
Número Estrutural 4,41
dos pavimentos asfálticos, serão aplicados Serventia inicial 4,2
equações de interesse de modelos de previsão Serventia Final 2
desenvolvidos por Queiroz (1981), Marcon Módulo de resiliência do subleito 6000

(1996) e Yshiba (2003), cada qual com sua Solicitações (N) 6,25E+07

peculiaridade. Tabela 2: Pavimento flexível, estrutura adotada conforme


Os modelos de interesse para aplicação das AASHTO.
curvas deste artigo, serão as fórmulas de Queiroz Para analisarmos em uma mesma
(1981) que envolvem previsão de irregularidade grandeza, os valores referentes de QI
longitudinal para pavimentos flexíveis em (contagens/km) foram convertidos em IRI,
função da idade do pavimento, número estrutural utilizando a relação de Paterson (1986): IRI =
corrigido, e/ou deflexão pela viga Benkelman. QI/13. Além da utilização do valor de
As quais são expressas a seguir: irregularidade longitudinal inicial de 25
Para os modelos de desempenho de Yshiba contagens/km (ou 1,923 m/km) como
(2003), as fórmulas de interesse levam em recomendado por Watanatada et al. (1987).
consideração, fatores de idade, tráfego, número Com as devidas correlações, segue uma
estrutural sobre o desempenho de pavimentos, tabela comparativa entre os resultados obtidos
irregularidades longitudinais (IRI, em m/km) por cada método.
como em termos estruturais (deflexão Índice de Irregularidade Longitudinal
determinada com viga Benkelman). São elas: IDADE Queiroz Marcon Yshiba Peterson

0 2,25 1,41 12,41 14,48


6 ANÁLISE DOS MÉTODOS
APRESENTADOS 1 2,71 1,5 13,16 14,7

2 3,25 1,59 13,92 14,93


Os dados de entrada para analíse das 3 3,85 1,68 14,67 15,16
condições do pavimento são dados pelas 4 5,99 1,77 15,43 15,39
seguintes estruturas: 5 9,77 1,86 16,18 15,63

Pavimento flexível - Estrutura adotada - DNIT 6 10,91 1,95 16,93 15,87


Espessura N 7 12,11 2,04 17,69 16,11
Esp. estrutural
Camada (cm) Estrutural
C.B.U.Q 12,5 2 25 8 13,38 2,13 18,44 16,36
BASE 15 1 15
9 14,06 2,22 19,2 16,62
SUB
30 1 30
BASE 10 14,75 2,31 19,95 16,87
Número Estrutural 70
Tabela 3: Comparação de IRI entre os métodos.
Índice de Suporte do Subleito
5%
(CBR)
Número Estrutural Corrigido
73,43 Dentre as fórmulas propostas por Queiroz
(SNC)
(1981), a que melhor representa os resultados é
composta pela combinação do maior número de
Tabela 1: Pavimento flexível, estrutura adotada conforme
DNIT. variáveis, sendo analisadas as deflexões, tempo
e número estrutural. Para analisar as deflexões ao
longo do tempo, são necessários coletas de dados
de ensaios, realizados ao decorrer dos anos. Para
GEOCENTRO 2019, Brasília/DF. Brasil.
possibilitar a análise, foram adotados valores A AASHTO sugere um traçado de curva
crescentes de deflexões, imaginando uma considerando somente variáveis funcionais do
deterioração contínua, sem grandes reparos e pavimento que afetam o conforto do usuário, não
manutenções. considerando quesitos estruturais. Seu traçado é
Os resultados obtidos pela aplicação da elaborado pela serventia do pavimento, como
formulação desenvolvida por Queiroz são mostra a exemplo a seguir:
coerentes. A condição do pavimento varia de
acordo com o aumento do tempo e das deflexões,
sendo um bom método para ser aplicado a partir
de um acompanhamento rotineiro das deflexões
apresentadas pela estrutura com o passar do
tempo.
A formulação proposta por Marcon
(1996), apresentou resultados incoerentes
comparados com os outros autores. Isso se
explica pela sua formulação depender somente
do tempo, deixando sua aplicação restrita aos
trechos que foram analisados na elaboração
dessa equação. Gráfico 2: Representatividade curva serventia AASHTO.
Os métodos propostos por Yshiba (2003)
e Peterson (1987), apresentaram resultados O DNIT avalia a condição dos pavimentos
semelhantes, tendo como variáveis o tempo, através de levantamentos subjetivos de defeitos
número estrutural e solicitações. Esses métodos em campo, que pela combinação de seus efeitos,
possibilitam uma análise contínua do pavimento, representam a qualidade da estrutura, tal
com o levantamento dessas variáveis de acordo combinação é denominada de Índice de
com o tempo, resultando em bons parâmetros Gravidade Global. Também é avaliado outro
para análise das condições da estrutura. conceito, por outra combinação de defeitos,
denominado de Índice de Condição do
Pavimento Flexível.

Gráfico 1: Curvas de deterioração para cada metodologia.


Gráfico 3: Representatividade IGG pelo DNIT.
Analisando as curvas podemos verificar
que seu traçado depende da combinação das A curva de deterioração, resultante da
variáveis consideradas em cada método, tendo simulação proposta nesse estudo, apresentada no
um traçado similar em formulações com as gráfico 1, demontoru um bom comportamento
mesmas considerações. em comparação com as curvas propostas na
literatura. Com esse resultado é possivel analizar
GEOCENTRO 2019, Brasília/DF. Brasil.
as possíveis patologias e intervenções, de acordo
com o ciclo de vida. Nas primeiras idades, em
pavimentos bem construídos, não apresentam
grandes defeitos, sendo necessário operações de
conservação rotineira na rodovia, caso nessas
idades, ocorra algum tipo de patologia, elas
provavelmente estão relacionadas a erros
construtivos e/ou de projeto. De 20 a 50% da
vida útil do pavimento, é comum a ocorrência de
trincas superficiais em pequena extensão e pouco
severas, dependendo do programa de
gerenciamento do pavimento, nesta fase são
cabíveis operações de manutenção superficiais
para cobrir esse fissuramento. Com a vida útil
entre 50 a 70%, começam a aumentar as áreas de
trincamentos no pavimento com a possibilidade
de aparecimento de panelas localizadas,
geralmente nessa etapa são programadas as
operações de recapeamento do pavimento, com
a proximidade de 70% da vida útil, a estrutura
não entrou na fase de fadiga e permite a
realização de manutenções na camada de Tabela 5: Classificação, defeitos e manutenções aplicadas
revestimento, sem atingir a base. Acima de 70%, ao pavimento conforme o ICPF. (Fonte: DNIT PRO
o pavimento começa uma fase de grande 008/2003)
degradação, chegando a sua fadiga, com defeitos
generalizados em toda sua extensão e grande 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS E
possibilidade de comprometimento da camada CONCLUSÃO
de base, nesse caso é necessário uma operação
mais invasiva, reabilitando a camada afetada, Através dos estudos do comportamento
denominada de reconstrução dos pavimentos flexíveis ao longo do tempo, foi
possível observar que sua condição depende das
variáveis utilizadas em sua análise. As
investigações em campo do pavimento,
identificando patologias e acompanhando suas
evoluções são de extrema importância,
possibilitando a elaboração de um programa de
manutenção adequado.
Também podemos verificar que um defeito
identificado tende a aumentar, seja em
frequência ou gravidade, se agravando quando
não ocorrem manutenções. Esse comportamento
Tabela 4: Classificação do pavimento conforme índice do material deve ser acompanhado com cautela,
IGGE e ICPF combinados. (Fonte: DNIT PRO 008/2003) pois defeitos com grande frequência e gravidade
geram maiores intervenções com maiores custos
de execução.
Portanto, fica claro a importância de um
bom gerenciamento do ciclo de vida dos
pavimento flexíveis, levando em conta o
GEOCENTRO 2019, Brasília/DF. Brasil.
levantamento dos defeitos, acompanhamento de 008/2003 - PRO: Levantamento visual contínuo para
sua evolução e a determinação da intervenção avaliação de pavimentos flexíveis e semi-rígidos. Rio de
Janeiro, 2003.
adequada, considerando a melhor solução
técnica e econômica de manutenção. As DEPARTAMENTO NACIONAL DE
formulações para previsão de desempenho INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES - Manual de
podem ser uma boa ferramenta para o auxílio do Pavimentação. Publicação IPR-719. 3.ed. Rio de Janeiro
gerenciamento, porém não dispensam os DNIT, 2006.
levantamentos em campo. DEPARTAMENTO NACIONAL DE
INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES. Manual de
Restauração de Pavimentos Asfálticos. Publicação IPR-
REFERÊNCIAS 720. 2.ed. Rio de Janeiro: DNIT, 2006.

AMERICAN ASSOCIATION OF STATE HIGHWAY FIALHO, P. C. G. (2015). Validação de Resultados do


AND TRANSPORTATION OFFICIALS - AASHTO. Inventário de Pavimentos Flexíveis com o Emprego do
Guide for design of pavement structures. Washington Equipamento Pavement Scanner. Dissertação
D.C., 1993. ISBN 1-56051-055-2. (Mestrado) - Escola Politécnica da Universidade de São
Paulo, São Paulo, 2015.
BALBO, J.T. Pavimentos asfálticos: patologia e
manutenção. São Paulo: Plêiade, 1997. HAAS, R.; HUDSON, W.R.; ZANIEWSKI, J. (1994).
Modern Pavement Management. Krieger Publishing Co.
BRANCO, L. H.C. (2016) MANIAC: uma metodologia Malamar. Florida.
para o monitoramento automatizado das condições dos
pavimentos utilizando VANTs. 191p. Tese de Doutorado MARCON, A.F. (1996). Contribuição ao
- Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de desenvolvimento de um Sistema de Gerência de
São Paulo, 2016. Pavimentos para Malha Rodoviária Estadual de Santa
Catarina. São José dos Campos. 398 p. Tese (Doutorado).
CNT. Confederação Nacional do Transporte. Pesquisa Instituto Tecnológico de Aeronáutica.
CNT de Rodovias 2016. 2016. Disponível em:
<http://pesquisarodoviascms.cnt.org.br/Relatorio%20Ger NASCIMENTO, D.M. (2005). Análise Comparativa de
al/Pesquisa%20CNT%20(2016)%20-%20LOW.pdf> Modelos de Previsão de Desempenho de Pavimentos
Acesso em: set. 2017. Flexíveis. Dissertação (Mestrado) - Escola de Engenharia
de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos,
DEPARTAMENTO NACIONAL DE 2005.
INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES - DNIT PRO
011/79: Avaliação estrutural dos pavimentos flexíveis - PÁEZ, E. M. A. (2015). Índice de Condição do
Procedimento “B”. Rio de Janeiro, 1979. Pavimento (ICP) para aplicação em Sistemas de
Gerência de Pavimentos Urbanos. Dissertação
DEPARTAMENTO NACIONAL DE (Mestrado) - Escola de Engenharia de São Carlos da
INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES - DNIT PRO Universidade de São Paulo, 2015.
159/85: Projeto de restauração de pavimentos flexíveis
semi-rígidos. Rio de Janeiro, 1985. PATERSON, W. D. O. (1986). International Roughness
Index: Relationship to Other Measures of Roughness
DEPARTAMENTO NACIONAL DE and Riding Quality. Transportation Research Record,
INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES - DNIT PRO n.1084, p 49-59.
269/94: Projeto de restauração de pavimentos flexíveis -
TECNAPAV. Rio de Janeiro, 1994. PATERSON, W. D. O. (1987). Road Deterioration and
Maintenance Effects - Models for Planning and
DEPARTAMENTO NACIONAL DE Management. The World bank. Baltimore. The Johns
INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES - DNIT Hopkins University Press.
005/2003 - TER: Defeitos nos pavimentos flexíveis e
semi-rígidos - Terminologia. Rio de Janeiro, 2003. QUEIROZ, C.A.V. (1981). Performance Prediction
Models for Pavement Management in Brazil. 317p. Tese
(Doutorado). The University of Texas, Austin. Texas.
DEPARTAMENTO NACIONAL DE
INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES - DNIT
GEOCENTRO 2019, Brasília/DF. Brasil.
QUEIROZ, C.A.V. (1984). Modelos de previsão do
desempenho para a Gerência de Pavimentos no Brasil.
Brasília - DF. GEIPOT.

SANTOS, C. R. G. (2011). Dimensionamento e análise


do ciclo de vida de pavimentos rodoviários: uma
abordagem probabilística. 263p. Tese (Doutorado).
Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São
Paulo, 2011.

WATANATADA, T.; HARRAL, C.G.; PATERSON,


W.D.O.; DHARESHWAR, A.M.; BHANDARI, A.;
TSUNOKAWA, K. (1987). The Highway Design and
Maintenance Standards Model. Volume 1. Description of
the HDM - III Model. Baltimore. The world Bank. The
Johns Hopkins University Press.

YODER, E. J.; WITCZAK, M. W. Principles of pavement


design. 2 ed. New York: John Wiley & Sons, Inc., 1975.

YSHIBA, J. K. (2003). Modelo de Desempenho de


Pavimentos: Estudo de Rodovias do Estado do Paraná.
Tese (Doutorado). Escola de Engenharia de São Carlos.
Universidade de São Paulo. São Carlos-SP.

GEOCENTRO 2019, Brasília/DF. Brasil.

Você também pode gostar