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Resumo
Sabe-se que o processo de deterioração do pavimento flexível se dá devido ao
tráfego e ao intemperismo e esse processo ocorre ao longo do tempo. Desse modo,
é necessario que sejam realizadas manutenções periodicas, a fim de reduzir
maiores danos estruturais ao pavimento e prejuizos quanto a vida usuarios. Em
função disso, o presente trabalho visa aferir as condições da rodovia BR 135,
segmento do km 51,4 ao km 125,72, localizado no estado do Maranhão,
compreendendo entre as cidades de Bacabeira/MA e Miranda do Norte/MA, através
do método de Levantamento Visual Contínuo (LVC), onde foi possivel realizar a
avaliação do pavimento no trecho citado. Após a realização do levantamento foi
analisado os resultados obtidos onde se constatou que a rodovia se encontra em um
estado com alta frequencia de patologias. O estudo se revela importante, uma vez
que, há uma grande deficiência em estudos nessa área, além de não haver incentivo
à pesquisa referente a pavimentação.
1. Introdução
O sistema rodoviário é um conjunto de rodovias sob competência do Governo
Municipal, Estadual e Federal, sendo inteiramente responsável tanto pela
infraestrutura rodoviária, quanto pela manutenção e conservação da estrutura
operacional, conforme define o Roteiro Básico para Sistemas Rodoviários do DNIT.
O objeto deste estudo foi a rodovia BR-135, considerada umas das rodovias mais
importantes no estado do Maranhão, iniciando-se no município de São Luís, no
estado do Maranhão, passando pelo estado do Piauí, Bahia e terminando no
município de Belo Horizonte, Minas Gerais. É uma das rodovias que dispõem de
importante papel no cenário econômico brasileiro, tendo em vista, que por meio dela
são distribuídas e mobilizadas muitas riquezas produzidas no país, e também
atuando como a malha predominante no meio de locomoção.
O sistema viário de um estado objetiva deslocar as pessoas e mercadorias com
segurança, economia e conforto, buscando sempre aumentar suas atividades
econômicas e seu desenvolvimento.
Através dos anos, o crescimento urbano e econômico do estado do Maranhão,
juntamente com o número de veículos que trafega pelas rodovias do estado, vem
crescendo significativamente, além de uma alta demanda de produtos exportados,
como: soja e milho sendo transportados por meio de veículos pesados o que, em
decorrência disso e das intempéries, o pavimento sofre um alto índice de degaste e
fadiga.
Muitos problemas têm se agravado pela falta de restauração e serviços de
manutenção. E, quando executados sem um sistema de controle e planejamento,
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As fissuras são fendas incipientes que ainda não causam problemas funcionais ao
revestimento, ou seja, sua gravidade não se considera nos atuais métodos de
avaliação das condições de superfície.
2.1.2. Trinca
Fenda existente no revestimento, facilmente visível a vista desarmada, com abertura
superior à da fissura, podendo apresentar-se sob a forma de trinca isolada ou trinca
interligada (NORMA DNIT 005/2003 – TER).
A trinca isolada é caracterizada por três tipos de trincas: trinca transversal, trinca
longitudinal e trinca de retração.
a) Trinca transversal: Trinca isolada que se encontra ortogonal ao eixo da via.
Quando apresentar extensão de até 100 cm é denominada trinca transversal curta e
quando for superior a isso é considerada trinca transversal longa.
b) Trinca longitudinal: trinca isolada que se apresenta paralela ao eixo da via.
Quando apresentar extensão de até 100 cm é denominada trinca longitudinal curta e
quando for superior a isso é considerada trinca longitudinal longa.
c) Trinca de retração: trinca isolada não atribuída aos fenômenos de fadiga e sim,
aos fenômenos de retração térmica ou do material do revestimento ou do material de
base rígida ou semi-rígida subjacentes ao revestimento trincado.
A trinca interligada possui dois tipos:
a) Trinca tipo “Couro de Jacaré”: Conjunto de trincas interligadas sem direções
preferenciais, assemelhando-se ao aspecto de couro de jacaré (Figura 1).
Essas trincas podem apresentar, ou não, erosão acentuada nas bordas.
2.6 Desgaste
Efeito do arrancamento progressivo do agregado do pavimento, caracterizado por
aspereza superficial do revestimento e provocado por esforços tangenciais causados
pelo tráfego, o que provoca a desagregação do material betuminoso.
2.7 Panela ou buraco
Cavidade que se forma no revestimento por diversas causas, podendo alcançar as
camadas inferiores do pavimento, provocando a desagregação dessas camadas.
2.7 Remendo
Panela ou buraco, corrigida com mistura betuminosa em uma ou mais camadas de
pavimento, operação denominada de “Tapa-buraco”.
Os remendos são identificados por dois tipos:
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3.1 Remendos
É o conjunto de operações destinadas a corrigir manifestações de degradações
especificas do pavimento que ocorrentes a nivel da camada de revestimento
betuminoso (remendo superficial) e em alguns casos extremos, atingindo a camada
de base (remendo profundo).
Para Dresch (2014), os remendos são realizados para reparar determinados tipos de
defeitos em revestimentos asfálticos, e geralmente são feitos por meio da colocação
ou do preenchimento de misturas betuminosas à quente ou à frio, nos buracos
naturalmente produzidos pela deterioração ou nas escavações que são preparadas
antecipadamente. O remendo é concluido com a compactação apropriada, selagem
dos bordos e limpeza.
Os buracos ou panelas devem, imediatamente, ser reparados, uma vez que
comprometem a segurança e o conforto, bem como aumentam os custos
operacionais e permitem a entrada de água que enfraquece a estrutura e acelera a
deterioração. Os dois principais elementos utilizados em qualquer operação de
remendo dos buracos são a seleção de materiais e os procedimentos de reparo
(DNIT, 2006).
3.3 Fresagem
A fresagem é realizada como forma de remover o revestimento antigo e deteriorado,
para regularizar a superficie que irá receber um nova camada asfaltica, bem como
para reciclagem do revestimento.
3.4 Reciclagem
Segundo Dresch (2014), essa técnica é recomendada para corrigir defeitos como
pequenas corrugações, agregados polidos e exsudação, bem como para renovar e
rejuvenescer misturas asfálticas envelhecidas e reutilização de um material ja
existente em camada de base ou sub base. Entretanto, não é efecaz para corrigir
defeitos como trincas por fadiga ou panelas.
3.6 Reconstrução
É a técnica utilizada quando não há uma manutenção periodica e o pavimento não
recebe nenhuma intervenção e se deteriora rapidamente, tornando a reconstrução a
unica forma de recupera-lo e torna-la em condições trafegaveis. Hoje é muito a
utilizado a reciclagem para a reconstrução do pavimento.
4. Materiais e métodos
O estudo se deu com base na Norma DNIT 008/2003 - PRO, onde se estabeleceu
um processo de Levantamento Visual Contínuo, descrevendo diversos
procedimentos, incluindo o preenchimento de formulários para avaliar pontos
específicos que identificam a gravidade das patologias presentes no pavimento.
Outra norma utilizada foi Norma DNIT 005/2003 – TER, que trata das terminologias
dos defeitos nos pavimentos flexíveis e semi-rígidos.
Segundo Dresch (2014, p. 55), o levantamento visual contínuo (LVC) tem como
objetivo fazer a análise da condição da superfície do pavimento através de
levantamento visual e contínuo dos defeitos observados por dois técnicos
avaliadores no interior de um veículo, sendo um deles o condutor.
O local de estudo encontra-se no estado do Maranhão, onde se determinou a
principal BR do estado (BR 135), tendo em vista onde há um maior número de
veículos por dia (VMD de 50.395 veículos), além de que é a única rodovia que liga a
capital do estado e possui grande importância para o escoamento de produtos
agrícolas da região Matopiba até o Porto do Itaqui.
Para dá continuidade ao estudo foi realizado o Levantamento Visual Contínuo (LVC),
onde todo o trajeto foi percorrido com a utilização de um veículo, a uma velocidade
constante de 40 km/h e foi possível registrar manualmente todos os defeitos,
conforme a Norma 008/2003.
Os defeitos considerados no levantamento e presentes na norma, são: trincas,
remendos, panelas, afundamento, ondulações, escorregamento, exsudação e
desgaste.
Os defeitos foram registrados manualmente. Todas as faixas de tráfego do trecho
em análise foram avaliadas, empregando-se segmentos de extensão de 1 Km, onde
foram identificadas as ocorrências, a frequência e a severidade de cada um dos
defeitos.
A frequência de defeitos foi registrada com código “A” (alta), “M” (média) ou “B”
(baixa) segundo DNIT-PRO 008/2003, conforme a estimativa da qualidade e da
porcentagem de ocorrência do defeito avaliada, Tabela 1. Nos trechos de não
ocorrência de nenhum dos tipos, os defeitos foram colocados zero.
5. Resultados e Discussão
Baseado nos estudos das normas, manuais do DNIT e demais metodologias citadas
neste trabalho, foi definido os procedimentos adequados para a realização da
avaliação do pavimento na rodovia em destaque.
De acordo com Zanchetta (2005), para melhor precisão dos dados depende muito
da situação do pavimento no momento da avaliação, isto é, nos locais em que o
pavimento não está muito deteriorado e o tráfego é baixo, a coleta de dados dentro
de um veículo é mais fácil e rápida. No entanto, defeitos como desgaste e trincas por
fadiga com severidade baixa são mais difíceis de serem identificados dentro de um
veículo, prejudicando a qualidade dos dados.
Foi avaliado 74,32 km de pista simples com pavimento flexível no total, com exceção
entre o km 69,4 ao km 70,5 onde é pista dupla. Não há em todo esse trecho da
rodovia segmento onde não é pavimentado.
No Quadro 3, apresenta-se os dados totalizados, demonstrando o número de Km
com o nível de severidade baixa, média ou alta. Como por exemplo, o defeito
remendo possui 65 km com esse tipo de defeito, sendo 3 km com nível de
severidade baixa, 6 km com nível de severidade média, 56 km com nível de
severidade alta e 12 km não possuem esse tipo de defeito.
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NÍVEL DE SEVERIDADE
TOTAL DE KM
DEFEITOS Não possui
B M A COM DEFEITO
defeito
Panela 6 15 15 42 72
TR 6 23 22 25 70
TJ 7 12 29 29 70
TB 67 5 2 3 10
Remendo 12 3 6 56 65
Afundamento 58 10 7 1 18
Ondulação 62 12 0 3 15
Desgaste 70 4 3 0 7
Exsudação 75 2 0 0 2
A = Nível de Severidade Alto; M = Nível de Severidade Médio; B = Nível de Severidade Baixo; TR =
Trinca Isolada, TJ = Trinca Couro de Jacaré; TB = Trinca em Bloco.
de severidade alto;
O Tabela 4 apresenta a planilha do levantamento, onde é possível observar o valor
referente ao ICPF de cada segmento e as patologias.
SEGMENTO FREQUÊNCIA DE DEFEITOS (A, M, B ou S)
6. Conclusão
Na rodovia em estudo há um volume diário muito grande e a maioria dos veículos
em trânsito são veículos pesados, o que impossibilita, na maioria das vezes, andar
em baixa velocidade (40 km/h), porém, não afetou na qualidade do levantamento.
Quantos aos resultados, pode-se concluir que na rodovia, BR 135/MA, segmento do
km 51,4 ao km 125,72 a incidência de patologias é alta, onde a que se destaca são
as panelas, presente em 72 km dos 75 km de extensão do trecho. Com isso, ao
realizar-se uma avaliação de acordo com a norma DNIT 008/2003 – PRO, pode-se
classificar a frequência de defeitos como código A, ou seja, alta frequência.
Em decorrência disso, a rodovia possui grandes problemas e as manutenções não
são realizadas de forma adequada ou não são com a periodicidade que a rodovia
necessita, contribuindo assim para a geração dos problemas existentes.
Vale salientar, que quanto maior o desgaste das rodovias maior é o impacto
econômico, tendo em vista que os problemas aumentam, e as soluções técnicas se
tornam mais robustas.
O levantamento visual continuo é uma importante ferramenta para o
acompanhamento e controle da qualidade das rodovias, além de monitorar e
fiscalizar o andamento dos serviços de restauração e manutenção das BRs.
A área abordada neste trabalho, em geral, é pouco explorada. Além disso, existe um
grande déficit na oferta por planos de estudos mais aprofundados nesse assunto nas
instituições de ensino, o que reflete na escassa atuação dos engenheiros em
projetos dessa espécie. Dessa forma, este estudo mostrou-se relevante ao
apresentar a situação de uma importante rodovia federal do Estado do Maranhão e
ao gerar material acadêmico, contribuindo para a popularização do tema.
Referências
ALVES, Micael; FERNANDES, Ricardo; BERTEQUINI, Aline. PATOLOGIAS EM
PAVIMENTO FLEXÍVEL, [s. l.], 2008.