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DESENHO URBANO I

APREENSÃO DO
ESPAÇO
AULA 03 - 12/08/2021
Introdução

As diferentes formas dos lugares colocam condições que podem ser distintas
para sua apreensão.

Há configurações mais imediatas e fáceis do que outras, assim como, em


certos casos, dependemos de informações além dos sinais sensoriais
fornecidos pela forma do espago para sabermos onde nos encontramos.

Portanto, os lugares possuem desempenhos cognitivos, ou seja,


potencialidades específicas de serem entendidos pelos indivíduos como um
dos pressupostos para agirmos sobre a realidade, inclusive transformando-a.

Tal compreensão reúne várias expectativas, cujas satisfações podem se dar de


maneiras diferentes: é o caso de um mesmo lugar que responda
positivamente a aspirações de conforto ambiental e de maneira negativa a
anseios por interação social.

AULA 03
Além disso. a resposta a nossas expectativas ocorre por meio de
características morfológicas dos espaços.

Por exemplo, se uma rua é muito estreita para o volume de trânsito que
abriga, seu desempenho funcional é ruim por causa de um atributo
dimensional do espaço; ou, se certo bairro é agradavelmente ventilado
porque seus edifícios não são contíguos e têm diferentes alturas,
sua volumetria possui bom desempenho bioclimático.

Mas a mesma rua e o mesmo bairro podem ter comportamentos


diferentes quanto a outras aspirações: a rua pode oferecer boas condições
de orientação e o bairro escassas possibilidades de apropriação social de
suas áreas
livres públicas.

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Todas essas avaliações passam pelos diversos modos de conhecimento do
espaço, tornando-se necessário explicitar para quais aspirações sociais
determinado lugar é bom, ruim ou medíocre.

Essa definição é imprescindível ao estabelecimento de parâmetros de


avaliação e à eleição dos atributos para se caracterizar a situação
considerada. Assim, para medir o atendimento a expectativas de alta
acessibilidade entre certas atividades, temos de tipificar a área de
interesse por meio de categorias funcionais.

A boa capacidade de orientação em determinado bairro deve ser


examinada por intermédio de predicados que sejam chaves de localização
para os indivíduos, a abordagem centra-se nas questões de apreensão da
forma do espaço urbano como leitura que indique onde se está e
identifique s lugares, atendendo a expectativas sociais topoceptivas.

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À partir de agora vamos nos dedicar à configuração do espaço nesse
desempenho cognitivo específico, o que implica relacionar características
morfológicas de lugares a expectativas sociais por orientação neles e
identificação dos mesmos.

Acredita-se, portanto, que a configuração dos espaços possui qualidades


que permitem informar com maior ou menor facilidade, àqueles que o
frequentam, onde estão e como se deslocar com objetivos conscientes
para outros lugares, seguindo certos trajetos.

O papel dos aspectos topoceptivos é básico para a realização de quaisquer


outras aspirações, porque é sempre sobre o fundamento da orientação e
da identificação no espaço que os indivíduos entram em contato com o
mundo a que pertencem, numa relação de aprendizado permanente.

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Por lhes oferecer coordenadas de situação, a leitura dos lugares permite o
desenvolvimento de suas demais utilizações e a realização das diversas
práticas sociais.

Mas as atividades cognitivas têm funções de socialização, o que os tornam


responsáveis diretas pelas necessidades de nos orientarmos no espaço e
de identificarmos os lugares.

Os procedimentos de aprendizado agem nesse sentido, transformando


insumos do mundo exterior, seja por redução, extensão, aperfeiçoamento,
armazenamento, recuperação, ou, simplesmente, uso.

A ação sobre informações provém de atividades fundamentais e


interdependentes: a assimilação, a adaptação, a imitação e a identificação,
que se estabelecem como elos entre o indivíduo e o meio, e lhe garantem
segurança e afirmação emocionais ao longo das interações sociais.

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Portanto, o comportamento do espaço da cidade — quanto a fornecer
indicações que orientem as pessoas e permitam que elas o identifiquem —
rege-se pelas condições da informação que sua forma nos oferece, tanto
em quantidade quanto em qualidade.

Quantidade e qualidade da informação contida na configuração dos


lugares oferecem-nos níveis de estímulo distintos. Entendendo-se estímulo
como a capacidade de inovação trazida pelo meio ambiente, sabe-se que
permite a decodificação de mensagens quando mantido dentro de certos
padrões, que tanto se caracterizam por serem culturalmente variáveis,
como porque possuem alguns limites universais.

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A forma dos lugares é o meio mais importante de emissão de informações
para a realização do conceito de espaço e, em sua recepção e
interpretação, age, predominantemente, o sistema visual.

Por isso, a análise do comportamento dos espaços urbanos, em termos de


identificação e orientação das pessoas, requer que se examine sua, forma
a partir de seus elementos visualmente relevantes na estruturação das
informações. Esses dados constituem as condições de estimulo de
determinada configuração e permitem que se observe seu
comportamento topoceptivo.

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Como diretriz, procura-se reproduzir o mecanismo e a estrutura dos
passos do referido processo, explicitando seus produtos de forma
sistematizada. Esses podem, então, ser avaliados quanto à satisfação das
necessidades de se orientar no espaço e identificar os lugares.

A coerência dessa metodologia se expõe quando nos reportamos às duas


modalidades de apreensão: a sensorial e a realizada sobre informações
elaboradas. As análises a partir de categorias adequadas e correlatas a
diferentes níveis de conhecimento podem revelar que uma mesma
situação possui comportamentos informativos diferentes, conforme o
modo de aprendizado.

A satisfação de expectativas topoceptivas apoia-se necessariamente nos


mecanismos de percepção, pois as noções de localização no espaço e de
sua estrutura morfológica dão-se pela decodificação de informações
captadas pelos sentidos humanos.

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A PERCEPÇÃO DO ESPAÇO SE APOIA EM TRÊS PONTOS:

a) Definição das categorias de análise morfológica dos


lugares em nível de percepção, formação de imagem
mental e representação geométrica;

b) Definição de sistema de avaliação topoceptiva da


forma dos lugares, geral e para os três níveis;

c) Definição dos relacionamentos entre os diferentes


níveis de representação dos lugares, em cada situação.
1) Eventos Gerais
ESTAÇÕES:
As estações das sequências são momentos durante
AQUI VAMOS ENCONTRAR AS o percurso onde termos registro perceptivo, ou
seja, onde ele é mais intenso; corresponde à
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
consciência aos estímulos sensoriais.
SEQUENCIAIS DA NOÇÃO DE A marcação de estações é destacada onde temos
MOVIMENTO: AS ESTAÇÕES E uma maior avaliação topoceptiva, ou seja, onde
INTERVALOS. conseguimos encontrar marcos e nos orientar de
forma clara.
2) Campos visuais
Cada estação se constitui de campos visuais, que
são a porção abrangida pela vista do observador.
A seleção delas se dá em função dos diferentes
níveis de estímulo visual.
3) Efeitos visuais
Segundo Lewin, os efeitos visuais são a maneira
como a realidade chega até nossa percepção.
Passamos assim a analisar o espaço e o classificar
de acordo como o percebemos.
ALARGAMENTO E ESTREITAMENTO
Onde paredes de delimitação lateral se afastam ou aproximam
do observador.

ENVOLVIMENTO E AMPLIDÃO
Quando o efeito experimentado em um espaço limitado é
marcante e dele posso de seu interior observar o exterior.
ALARGAMENTO ESTREITAMENTO
ENVOLVIMENTO AMPLIDÃO
ALARGAMENTO LATERAL ESTREITAMENTO LATERAL
DIRECIONAMENTO
Quando a continuidade é claramente definida

VISUAL FECHADA
DIRECIONAMENTO VISUAL FECHADA
IMPEDIMENTO EMOLDURAMENTO
MIRANTE CONEXÃO
REALCE EFEITO Y
Atividade
Na região delimitada vamos fazer uma análise topológica:

1) Elaborar o percurso e usar o google street view para percorre-lo;

2) identificar as estações e os efeitos visuais identificados em cada


estação.

3) Elaborar uma tabela com as informações e usar imagens para


demonstar.

O percurso deve ter no mínimo 2km.

M&F Architects 2020

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