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Plano Nacional de

Promoção, Defesa e
Garantia do Direito de
Crianças e Adolescentes
à Convivência Familiar e
Comunitária
CONANDA:CNAS, 2006

Dayse Cesar Franco


Bernardi
Plano de aula - PNCFC
1. Marcos legais: bases normativas do direito à convivência familiar e comunitária
1.1. Doutrina de Proteção Integral da CDC
1.2. Constituição Federal
1.3. ECA
1.4. Sistema de Garantia de Direitos
2. Marco Conceitual
2.1. A concepção de família e de Criança e Adolescente;
2.2. Convivência Familiar e Comunitária
2.3. Quando ocorrem situações de ameaça ou violação de direitos no contexto familiar
2.4. A decisão de afastamento da criança/adolescente do convívio familiar
3. Modalidades de Cuidados Alternativos
3.1. Serviços de Acolhimento Institucional: Abrigo, Casa-lar,
3.2. Serviços de Acolhimento Familiar: famílias acolhedoras
3.3. Repúblicas
3.4. Quando o retorno ao convívio familiar não for possível: famílias substitutas Guarda,
Tutela e Adoção.
4. Marco situacional
5. Pressupostos, Diretrizes e Objetivos Gerais do PNCFC
6. Resultados Programáticos: o que se espera com a implementação do PNCFC
7. Plano de Ação do PNCFC
Slides atualizados - PNCFC

Slides assinalados com um asterisco * foram alterados ou


acrescentados conforme o número do slide
Slides número:
• 15
• 60
• 65
• 77
• 78 (novo)
• 86 (novo)
1. MARCOS LEGAIS DO PNCFC

Bases normativas do Direito à Convivência


Familiar e Comunitária
SISTEMAS INTEGRADOS
Aprovado pela Resolução Conjunta CNAS/CONANDA nº 1/2006, de 13 de dezembro de 2006, o
PNCFC propõe uma política de promoção, defesa e garantia do direito da criança e do adolescente
à convivência familiar e comunitária que perpassa:

1. Sistema de Garantia de Direitos


 CONANDA - Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente

2. Sistema Único de Assistência Social


 CNAS - Conselho Nacional de Assistência Social

Todo reordenamento normativo e político-institucional que se pretenda fazer parte das


normas constitucionais, marco legal basilar para o presente Plano.

O PNCFC é um marco na afirmação de direitos assegurados pela CF e o ECA com base na


Doutrina de Proteção Integral da CDC
Prevenção Promoção
em rede
intersetorial
Familia
Básica e de
especial origem e
extensa Âmbitos das
Sistema de
Conselhos
Diretrizes
Justiça
centrado na
setoriais,
participação
de cuidado
criança/
adolescente
sociedade
da
alternativo
civil
Defesa dos • Controle
direitos social
HIERARQUIA NORMATIVA NA QUESTÃO DA
CONVIVÊNCIA FAMILIAR E COMUNITÁRIA
 1.º Constituição Federal
 2.º Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA
 3.º prevalência a toda normativa convencional internacional, reguladora da promoção e
proteção dos direitos humanos, ratificada em caráter especial pelo Brasil e àquela
estabelecida por força de resoluções da Assembléia Geral das Nações Unidas.
 A Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança, ratificada pelo Brasil
em 24 de setembro de 1990 (CDC), tem um papel superior e preponderante no
embasamento da criação ou reforma de toda e qualquer norma reguladora, no campo da
família e no embasamento de processos de reforma administrativa, de implantação e
implementação de políticas, programas, serviços e ações públicas.
 A CDC assegura as duas prerrogativas maiores que a sociedade e o Estado devem
conferir à criança e ao adolescente, para operacionalizar a proteção dos seus Direitos
Humanos: cuidados e responsabilidades.
DADOS DE REALIDADE INSPIRAM O MUNDO:
CRIANÇAS TÊM DIREITO À VIVER EM FAMÍLIA
ONU Convenção
Internacional dos
Direitos da Criança
(CDC)
1989
MARCOS NORMATIVOS A SEREM CONSIDERADOS
 Declarações sobre os Direitos da Criança (1924/1959),
 Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948),
 Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem (1948),
 Pacto de São José da Costa Rica (1969),
 Convenção dos Direitos da Criança (ONU, 1989)
 Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos,
 Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (1966, ratificados
em 1992)
 Protocolo Adicional à Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado
Transnacional Relativo à Prevenção, Repressão e Punição do Tráfico de Pessoas,
em Especial Mulheres e Crianças (ratificado pelo Brasil em 2004)
 Protocolo Facultativo à Convenção sobre os Direitos da Criança Referente à
Venda de Crianças, à Prostituição Infantil e à Pornografia Infantil (ratificado pelo
Brasil em 2004).
 Diretrizes da ONU para Cuidados Alternativos de Crianças (2009)
PRINCÍPIOS PARA EFETIVAÇÃO DA CDC NO PAÍS

 Não discriminação;

 Interesse superior da criança;

 Direitos à sobrevivência e ao
desenvolvimento;

 Respeito à opinião da criança.


A CONVIVÊNCIA FAMILIAR E COMUNITÁRIA
TORNA-SE DIREITO FUNDAMENTAL NO BRASIL
1.º Constituição Federal

 2.º Estatuto da Criança e


do Adolescente – ECA

 Política Nacional de
Assistência Social
DOUTRINA DE PROTEÇÃO INTEGRAL
Base da CDC a doutrina baseia-se
em três eixos/tripé:

CDC e ECA
 crianças e adolescentes são
sujeitos de direitos;

 são pessoas em condição


peculiar de desenvolvimento;

 têm prioridade absoluta.


MARCOS LEGAIS: BASES NORMATIVAS
1. CONSTITUIÇÃO FEDERAL (1988)

 A família é a “base da sociedade” e tem especial proteção do Estado (Art. 226)

 Constitui corresponsabilidade do Estado, da família e da sociedade “assegurar à


criança e ao adolescente o exercício de seus direitos fundamentais” (Art. 227), dentre
os quais o direito à convivência familiar e comunitária

 É dever do Estado assegurar assistência à família e criar mecanismos para coibir a


violência no âmbito das relações familiares (Art. 226, parágrafo 8.º)

 Filhos biológicos e adotivos, havidos ou não da relação de casamento, “têm os


mesmos direitos e qualificações proibidas quaisquer designações discriminatórias
relativas a adoção”.
(Art. 227, parágrafo 6.º ),
2. ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
 Toda criança ou adolescente tem direito de ser criado e educado no seio de sua
família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar
e comunitária, em ambiente que garanta seu desenvolvimento integral.

 A falta ou carência de recursos materiais não constitui motivo suficiente para a


perda ou suspensão do poder familiar (Art. 23)

 Parágrafo único. Não existindo outro motivo que por si só autorize a decretação
da medida, a criança ou o adolescente será mantido em sua família de origem, a
qual deverá obrigatoriamente ser incluída em programas oficiais de auxílio

 Nas situações em que o afastamento do convívio familiar for necessário, deve-se


proceder às intervenções que possam viabilizar a reintegração ao convívio
familiar.
ECA*
 Apenas quando esgotados os recursos para a manutenção da criança ou adolescente na família de origem, é
que se deve buscar sua inserção em família substituta por Guarda, Tutela ou Adoção (Art. 92);
 As medidas de proteção à criança e ao adolescente são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta lei
forem ameaçados ou violados: I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; II - por falta, omissão ou
abuso dos pais ou responsável; III - em razão de sua conduta.

 As medidas alternativas ao cuidado familiar – Acolhimento institucional ou Familiar – são medidas excepcionais e
provisórias e devem ser revistas a casa três meses* (alterada pela Lei nº 13.509/2017);
 Os serviços de acolhimento institucional ou familiar acolhem crianças e adolescentes em medidas protetivas
por determinação judicial, em decorrência de violação de direitos (abandono, negligência, violência) ou pela
impossibilidade momentânea de cuidado e proteção por sua família. .
 Tal medida, excepcional e provisória, uma vez necessária, deve ser determinada pelo juiz das Varas da Infância e
da Juventude através da guia de acolhimento. Ela é excepcionalmente determinada pelos Conselhos Tutelares
em situações de urgência para interromper situação de grave violência contra a criança ou adolescente
 A medida de acolhimento deve ser executada pelos serviços de acolhimento institucional ou familiar organizados
de acordo com as diretrizes do ECA, do PNCFC (2006) e das Orientações Técnicas (CNAS:CONANDA, 2009)
MUDANÇA DE CULTURA
O PNCFC propõe uma mudança da cultura da institucionalização de crianças e
adolescentes e da discriminação das famílias vulnerabilizadas, que predominou no
Brasil até a promulgação do ECA em 1990.

A promoção, a proteção e a defesa do direito das crianças e adolescentes à


convivência familiar e comunitária envolvem o esforço de toda a sociedade e o
compromisso com uma mudança cultural que atinge as relações familiares, as
relações comunitárias e as relações do Estado com a sociedade.

O PNCFC focaliza a importância da mobilização de Estado e sociedade para que


as crianças e os adolescentes sejam vistos de forma indissociável de seu
contexto familiar e comunitário.
2. FUNDAMENTOS, DIRETRIZES E
OBJETIVOS DO PNCFC
Ações preventivas com foco
na família e comunidade

Reordenamento e expansão
qualificada dos serviços de
acolhimento

Adoção centrada no interesse


da criança/adolescente
PLANO NACIONAL DE CONVIVÊNCIA FAMILIAR E COMUNITÁRIA -
PNCFC
O PNCFC constitui um marco nas políticas públicas no Brasil:
 ao romper com a cultura da institucionalização de crianças e adolescentes

 ao fortalecer o paradigma da proteção integral

 e da preservação dos vínculos familiares e comunitários preconizados pelo ECA-


Estatuto da Criança e do Adolescente.

Ao considerar que a manutenção dos vínculos familiares e comunitários são


fundamentais para a estruturação das crianças e adolescentes como sujeitos e
cidadãos

Ao defender que a manutenção dos vínculos está diretamente relacionada ao


investimento nas políticas públicas de atenção à família.
FUNDAMENTOS DO PNCFC
As estratégias, objetivos e diretrizes deste Plano estão fundamentados
primordialmente:

 Na prevenção ao rompimento dos vínculos familiares,

 Na qualificação do atendimento dos serviços de acolhimento (reordenamento)

 No investimento para o retorno ao convívio com a família de origem.

 Somente se forem esgotadas todas as possibilidades para essas ações, deve-se


utilizar o recurso de encaminhamento para família substituta (Adoção),

 A adoção deverá ser realizada mediante procedimentos legais que garantam a


defesa do superior interesse da criança e do adolescente
DIRETRIZES DO PNCFC
1. Centralidade da família nas políticas públicas ;

2. Primazia da responsabilidade do Estado no fomento de políticas integradas de


apoio à família;

3. Reconhecimento das competências da família na sua organização interna e na


superação de suas dificuldades;

4. Respeito à diversidade étnico-cultural, à identidade e orientações sexuais,à


equidade de gênero e às particularidades das condições físicas,sensoriais e
mentais;

5. Fortalecimento da autonomia da criança,do adolescente e do jovem adulto na


elaboração de seu plano de vida;
DIRETRIZES DO PNCFC

6. Garantia dos princípios de excepcionalidade e provisoriedade dos


Programas de Famílias Acolhedoras e de Acolhimento Institucional de crianças
e adolescentes;

7. Reordenamento do Acolhimento Institucional – adequar os serviços aos


parâmetros propostos pelo ECA e pelo PNCFC ;

8. Adoção centrada no interesse da criança e do adolescente;

9. Controle social das políticas públicas


Reordenamento dos serviços de acolhimento
Segundo as diretrizes do PNFC, os municípios brasileiros devem realizar
o reordenamento de sua rede de serviços
Priorizando sempre as alternativas que permitam a permanência da
infância em seu ambiente de proteção parental e vicinal ( com a família e
a comunidade)

Reordenar Dispor em
outra
ordem
OBJETIVOS GERAIS DO PNCFC
1) Ampliar, articular e integrar as diversas políticas, programas, projetos, serviços e
ações de apoio sociofamiliar para a promoção, proteção e defesa do direito de
crianças e adolescentes à convivência familiar e comunitária;

2) Difundir uma cultura de promoção, proteção e defesa do direito à convivência


familiar e comunitária, em suas mais variadas formas, extensiva a todas as
crianças e adolescentes, com ênfase no fortalecimento ou resgate de vínculos
com suas famílias de origem;

3) Proporcionar, por meio de apoio psicossocial adequado, a manutenção da


criança ou adolescente em seu ambiente familiar e comunitário, considerando os
recursos e potencialidades da família natural, da família extensa e da rede social
de apoio;

4) Fomentar a implementação de Programas de Famílias Acolhedoras, como


alternativa de acolhimento a crianças e adolescentes
OBJETIVOS GERAIS DO PNCFC
5) Assegurar que o Acolhimento Institucional seja efetivamente utilizado como medida de caráter
excepcional e provisório, proporcionando atendimento individualizado, de qualidade e em pequenos
grupos, bem como proceder ao reordenamento institucional das entidades para que sejam
adequadas aos princípios, diretrizes e procedimentos estabelecidos no ECA;
6) Fomentar a implementação de programas para promoção da autonomia do adolescente e/ou
jovem egressos de programas de acolhimento, desenvolvendo parâmetros para a sua organização,
monitoramento e avaliação;

7) Aprimorar os procedimentos de adoção nacional e internacional


8) Assegurar estratégias e ações que favoreçam os mecanismos de controle social e a mobilização
da opinião pública na perspectiva da implementação do Plano Nacional de Promoção, Proteção e
Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária;
9) Aprimorar e integrar mecanismos para o co-financiamento, pela União, Estados, Distrito Federal e
Municípios, das ações previstas no Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de
Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária, tendo como referência a absoluta
prioridade definida no artigo 227 da Constituição Federal de 1988 e no artigo 4° do Estatuto da
Criança e do Adolescente.
PLANO DE AÇÃO DO PNCFC
As propostas operacionais deste Plano estão organizadas em quatro eixos
estratégicos e articulados entre si:
1) Análise da situação e sistemas de informação;

2) Atendimento;

3) Marcos normativos e regulatórios;

4) Mobilização, articulação e participação.

O Plano propõe ações permanentes e de curto, médio e longo prazos,

Almejando caminhar na direção de uma sociedade que de fato respeite o


direito à convivência familiar e comunitária.
IMPLEMENTAÇÃO, MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO
Cumprimento integral deste Plano nas três esferas de governo:
1) Constituição formal de Comissão Nacional Intersetorial para acompanhamento da
implementação do Plano;
2) Elaboração de Planos Estaduais e Municipais em consonância com o Plano
Nacional e constituição de Comissões Intersetoriais de acompanhamento do Plano
nas esferas estaduais e municipais;
3) Conselhos dos Direitos da Criança e do Adolescente nas três esferas públicas
assumindo o presente Plano como prioridade, a partir de 2007, viabilizando recursos
nos orçamentos, de um modo geral, e, em particular, nos Fundos da Infância e
Adolescência para a sua implementação;
4) Participação e integração entre os Conselhos de Direitos da Criança e Setoriais
nas três esferas de governo;
5) Corresponsabilidade entre os entes federativos no financiamento para
implementação dos objetivos e ações propostos no Plano.
DERIVAÇÕES RELACIONADAS AO PNCFC
 LeiNacional da Convivência Familiar e Comunitária, conhecida como Lei Nacional da
Adoção ( Lei n.º 12.010 de 2009)

 Orientações técnicas: serviços de acolhimento para crianças e adolescentes ( Resolução


Conjunta n.º1 – CONANDA: CNAS, 2009)

 Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais (Resolução n.º 109 de 2009 - CNAS)
– tipifica os serviços de acolhimento

 Audiências Concentradas (Resolução n.º 32 do CNJ, 2013)

 Plano Decenal dos Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes

 Plano de Acolhimento da Rede de Serviços de Acolhimento para Crianças, Adolescentes


e Jovens: reordenamento e expansão qualificada dos serviços de acolhimento (MDS, 2013)
3. MARCO CONCEITUAL
A CONCEPÇÃO
DE CRIANÇA E
DE
ADOLESCENTE
NO PNCFC
I. A CONCEPÇÃO DE CRIANÇA E DE ADOLESCENTE
a). Como sujeitos de direitos
 O PNCFC reafirma a Doutrina de Proteção Integral, base da Convenção da ONU
sobre os direitos das crianças ( CDC,1989), CF (1988) e ECA (1990)

 As crianças e adolescentes gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à


pessoa humana e direitos especiais em função da idade;

São direitos especiais os de proteção integral

 O fato de terem direitos significa que crianças e adolescentes são beneficiários de


obrigações por parte de terceiros: a família, a sociedade e o Estado;
 É dever do Estado, da família e da sociedade assegurar, com absoluta prioridade,
a efetivação dos direitos de crianças e adolescentes, dentre os quais o direito à
convivência familiar e comunitária (Art. 4.º)
SUJEITO DE DIREITOS
Concepção da criança e do adolescente:
 indivíduos autônomos e íntegros,

 dotados de personalidade e vontade próprias


 que, na sua relação com o adulto, não podem ser
tratados como seres passivos, subalternos ou meros
“objetos”,

 devem participar das decisões que lhes dizem


respeito, e

 serem ouvidos e considerados em conformidade


com suas capacidades e grau de desenvolvimento.
B) CONDIÇÃO PECULIAR DE PESSOAS EM DESENVOLVIMENTO
 O PNCFC reconhece que a infância e a adolescência constituem etapas do ciclo
vital caracterizadas por mudanças biológicas, psicoafetivas, cognitivas e sociais

 O desenvolvimento integral da criança começa antes mesmo do seu nascimento: a


qualidade da gestação, do parto e dos primeiros anos de vida têm conseqüências
importantes sobre a condição de saúde e desenvolvimento físico e psicológico da
criança.

 Salienta-se a importância fundamental dos primeiros anos de vida, concordando


que o desenvolvimento satisfatório nesta etapa aumenta as possibilidades dos
indivíduos de enfrentarem e superarem condições adversas no futuro, o que se
denominou resiliência.
DIREITO À PROTEÇÃO INTEGRAL
 Universalidade dos direitos (todas as crianças e adolescentes)
 Direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência
familiar e comunitária (ECA, Art.4.º)

 Direito ao nome e nacionalidade;

 Convivência familiar e proteção do estado àqueles que não têm família ou


precisam ficar separados temporariamente;

 Proteção contra negligência, crueldade e opressão e trabalho precoce;

 Proteção contra atos que possam suscitar discriminação racial, religiosa ou de


qualquer outra natureza;

 Proteção especial às crianças com deficiência.


INTERESSE SUPERIOR DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE:

 A intervenção deve atender


prioritariamente aos interesses e
direitos da criança e do
adolescente,

 sem prejuízo da consideração


que for devida a outros interesses
legítimos no âmbito da pluralidade
dos interesses presentes no caso
concreto;
A GARANTIA DE PRIORIDADE COMPREENDE:
a) Primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;

b) Precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância


pública;

c) Preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas;

d) Destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a


proteção à infância e à juventude.
MARCO CONCEITUAL
2. A concepção de FAMILIA
O PNCFC adota uma definição mais ampla de “família”, com base
sócio-antropológica.
É um grupo de pessoas que são unidas por laços de
consaguinidade, de aliança e de afinidade.
Esses laços são constituídos por representações, práticas
e relações de obrigações mútuas
O PNCFC RECONHECE OS DIFERENTES TIPOS DE ARRANJO FAMILIAR
DIVERSIDADE CULTURAL DAS FAMÍLIAS

Além dos arranjos familiares, as famílias


brasileiras são marcadas, ainda, por uma Destaca-se as famílias
vasta diversidade sociocultural. pertencentes aos povos e
comunidades tradicionais,
como povos indígenas e
comunidades
remanescentes de
quilombos, cuja
organização é indissociável
dos aspectos culturais e da
organização do grupo.
RELAÇÕES FAMILIAIS E DE APOIO

Família natural formada por relações de parentalidade/filiação


Família extensa ou estendida formada por relações de parentesco
que se estendem para além da unidade pais/filhos e/ou da unidade do
casal, estando ou não dentro do mesmo domicílio: irmãos, meio-
irmãos, avós, tios e primos de diversos graus.
“Rede social de apoio”: os diversos arranjos constituídos no cotidiano
para dar conta da sobrevivência, do cuidado e da socialização de
crianças e adolescentes. Os tipos de vínculos que pressupõem obrigações
mútuas, mas não de caráter legal e sim de caráter simbólico e afetivo. São relações
de apadrinhamento, amizade e vizinhança e outras correlatas. São relações
fortes,mas, que não contam com reconhecimento legal e nem pressupõem
obrigações legais.
CONVIVÊNCIA FAMILIAR E COMUNITÁRIA
 A importância da convivência familiar e comunitária para a criança e o
adolescente está reconhecida na Constituição Federal e no ECA, bem
como em outras legislações e normativas nacionais e internacionais.

 Subjacente a este reconhecimento está a idéia de que a convivência


familiar e comunitária é fundamental para o desenvolvimento da
criança e do adolescente,

 Crianças e Adolescentes não podem ser concebidos de modo


dissociado
 de sua família,
 do contexto sócio-cultural
 e de todo o seu contexto de vida.
IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA PARA O DESENVOLVIMENTO DA
CRIANÇA
 A relevância da família na mediação da relação da criança com o mundo,
auxiliando – a à respeitar e introjetar regras, limites e proibições necessárias à vida
em sociedade.

 Cabe aos pais o dever de sustento,guarda e educação dos filhos menores,

 A capacidade da família para desempenhar plenamente suas


responsabilidades e funções é fortemente interligada ao seu acesso aos
direitos universais de saúde, educação e demais direitos sociais.
 As famílias e as crianças devem estar no centro de todos os esforços de apoio à
reintegração.
Há necessidade de explorar ativamente a reintegração com a família de origem da
criança como a primeira prioridade a ser seguida.
OS MOTIVOS DE

ACOLHIMENTO

DE CRIANÇAS E

ADOLESCENTES
ROTA PARA A PERDA DE
Perda de cuidado
parental/aplicação de medida
CUIDADOS PARENTAIS
judicial ou administrativa de
proteção

Avaliação das Enfraquecimento das


capacidades da capacidades parentais
família com foco nas que interatuam com
violações de direitos fatores situacionais do
e em suas fragilidades entorno

Alta presença de Fatores de Vulnerabilidade e Risco Social


(econômicos, políticos, sociais, ou de outra natureza), não
trabalhados de forma oportuna e sistêmica
CENTRALIDADE DA FAMÍLIA NAS POLITICAS PÚBLICAS
O PNCFC tem como objetivo favorecer nas três esferas públicas de governo,
guardadas as atribuições e competências específicas, o desenvolvimento pleno
das famílias e a proteção aos vínculos familiares e comunitários

O fortalecimento e o empoderamento da família devem ser apoiados e


potencializados por políticas de apoio sociofamiliar:

PREVENTIVAS: sem a necessidade de afastar a criança ou o adolescente do seu


núcleo familiar;

DE FORTALECIMENTO DA FAMÍLIA: estabelecendo, de maneira participativa, um


plano de trabalho ou plano promocional da família que valorize sua capacidade de
encontrar soluções para os problemas enfrentados, com apoio técnico-institucional.
OS PROGRAMAS DE PROTEÇÃO E AUXÍLIO À FAMÍLIA VISAM
 A superação das dificuldades vivenciadas pela família

 A restauração de direitos ameaçados ou violados

 Evitar o afastamento da criança ou do adolescente do núcleo familiar

 Nos casos de afastamento, perseverar na atenção à família de origem, como


forma de abreviar a separação e promover a reintegração familiar

Os Programas de Apoio Sociofamiliar devem articular-se com os serviços de


acolhimento, para garantir a continuidade do acompanhamento da criança ou do
adolescente e de sua família, durante o período de acolhimento e após a
reintegração à família de origem
ÊNFASE NO TRABALHO COM FAMÍLIAS
1.º - Prevenção da ruptura de vínculos: ações intersetoriais integradas

2.º - Promoção de cuidados para a família nas várias instâncias do poder


público e da sociedade civil organizada

3.º - Fortalecimento da família em sua capacidade protetiva

4.º - Ações centradas na reintegração familiar e comunitária – família de


origem e família extensa

5. º - Adoção em casos específicos de impossibilidade de reinserção familiar e


centrada no interesse da criança
CARACTERÍSTICAS NECESSÁRIAS AOS PROGRAMAS

 Estar baseados em metodologias participativas , com arcabouço teórico-


metodológico consistente

 Manter um corpo de profissionais devidamente qualificado e quantitativamente


bem dimensionado face às demandas existentes em cada território

 Atuar de forma interdisciplinar e intersetorial com articulação de diferentes


políticas sociais básicas – em especial a saúde, a assistência social e a educação.

Também com a habitação, o trabalho, a cultura e o lazer;

Manter estreita parceria com o SGD


DIMENSÕES DOS PROGRAMAS DE PROTEÇÃO E AUXILIO ÀS FAMÍLIAS

 Superação de vulnerabilidades sociais decorrentes da pobreza e privação –


incluindo condições de habitabilidade, segurança alimentar, trabalho e geração de
renda;

 Fortalecimento de vínculos familiares e de pertencimento social


fragilizados;

 Acesso à informação com relação às demandas individuais e coletivas;

 Orientação da família e, especialmente, dos pais, quanto ao adequado exercício


das funções parentais, em termos de proteção e cuidados a serem dispensados às
crianças e adolescentes em cada etapa do desenvolvimento, mantendo uma
abordagem dialógica e reflexiva;
DIMENSÕES DOS PROGRAMAS DE PROTEÇÃO E AUXILIO ÀS
FAMÍLIAS
 Superação de conflitos relacionais
e/ou transgeracionais, rompendo o
ciclo de violência nas relações
intrafamiliares;

 Integração sociocomunitária da
família, a partir da mobilização das
redes sociais e da identificação de bases
comunitárias de apoio;

 Orientação jurídica, quando


necessário.
CAPACIDADE A recuperação da capacidade protetiva
PROTETIVA DA FAMÍLIA depende de investimentos contínuos na
melhoria das condições básicas de
vida das famílias, que as políticas
públicas deverão atender, mas depende
também da escuta zelosa, receptiva e
sustentadora aos membros da família em
suas reais dificuldades cotidianas.
(GUARÁ, Isa 2006)
QUANDO HÁ NECESSIDADE DE ACOLHIMENTO
Grave ameaça ou violação de direitos:
I. Por ação ou omissão da sociedade e do Estado
II. Por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsáveis
III . Em razão de sua conduta
Quando, para a proteção de sua integridade física e psicológica, for detectada a
necessidade do afastamento da criança e do adolescente da família de origem,

 Orfandade quando não há família extensa;


 Quando as famílias ou responsáveis encontram-se temporariamente
impossibilitados de cumprir sua função de cuidado e proteção,
 Até que seja viabilizado o retorno ao convívio com a família de origem ou, na sua
impossibilidade, encaminhamento para família substituta
AMEAÇA E VIOLAÇÃO DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO
ADOLESCENTE NO CONTEXTO DA FAMÍLIA
 Dentre as situações de risco vividas por crianças e adolescentes, relacionadas à falta ou à
fragilização dos vínculos familiares e comunitários, que merecem atenção e intervenção da
sociedade e do Estado, destacam-se a negligência, o abandono e a violência doméstica.

Cabe à sociedade, aos demais membros da família, da comunidade, e ao próprio


Estado, nos casos de violação de direitos:
 reconhecer a ameaça ou a violação dos direitos no contexto familiar
 analisar o impacto sobre os vínculos
 intervir para assegurar ou restaurar os direitos ameaçados ou violados
 planejar as formas de atendimento devidas em cada caso.
FORMAS DE VIOLAÇÃO DE DIREITOS
1. Negligência: É quando os pais ou responsáveis tendo a condição de cuidar não o
fazem. É preciso avaliar a intenção em não realizar os cuidados e as condições
concretas de vida que atravessam as relações familiares.
2. Abandono: forma mais grave de negligencia deixando a criança à própria sorte,
e por conseguinte, em situação de extrema
vulnerabilidade,

3. A violência doméstica ou intrafamiliar:


 É um fenômeno complexo e multideterminado em que podem interagir e
potencializar-se mutuamente características pessoais do agressor, conflitos
relacionais e, por vezes, transgeracionais, fatores relacionados ao contexto
socioeconômico da família e elementos da cultura,
 Abrange a violência física, a violência psicológica e a violência sexual, podendo
acarretar seqüelas gravíssimas e até a morte da criança ou do adolescente.
 A gravidade do fenômeno está situada no mesmo plano
da violência urbana e da violência estrutural,
A DECISÃO DE AFASTAMENTO DA CRIANÇA OU DO
ADOLESCENTE DA FAMÍLIA
1. É uma decisão judicial – de competência exclusiva da autoridade judiciária em
processo judicial contencioso, deflagrado pelo Ministério Público ou por quem tenha
legitimo interesse.

 Garante-se aos pais ou ao responsável legal o exercício do contraditório e da ampla


defesa
2. O afastamento da criança ou do adolescente da sua família de origem deve advir de, a
partir de um estudo diagnóstico, caso a caso, uma recomendação técnica
2.1. Estudo diagnostico deve ser realizado, preferencialmente, por equipe interdisciplinar
de instituição pública, ou, na sua falta, de outra instituição que detenha equipe técnica
qualificada para tal.
2.2. A realização deste estudo diagnóstico deve ser realizada em estreita articulação com
a Justiça da Infância e da Juventude e o Ministério Público, de forma a subsidiar tal
decisão.
DECISÃO PELO CONSELHO TUTELAR
 Apenas em casos de urgência e emergência

 Tomada de medida emergencial para proteção de vítimas de violência ou abuso


sexual, maus tratos e opressão;

 tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório e constrangedor

 Se, no exercício de suas atribuições, o Conselho Tutelar entender necessário, o


afastamento do convívio familiar, comunicará incontinenti o fato ao Ministério
Público, prestando-lhe informações sobre os motivos de tal entendimento e as
providências tomadas para a orientação, o apoio e a promoção social da
família."(ECA Art. 136 XI- Parágrafo único)

Em caso de afastamento em caráter emergencial e de urgência, sem prévia


determinação judicial, a autoridade judiciária deverá ser comunicada em 24 horas
(ECA, Art. 93).
ESTUDO DE CASO PARA RECOMENDAÇÃO TÉCNICA DE
ACOLHIMENTO
O estudo diagnóstico deve incluir uma criteriosa avaliação sobre:

1. Os riscos a que estão submetidos a criança ou o adolescente

2. As condições da família para a superação das violações e o provimento de


proteção e cuidados,

3. Os recursos e potencialidades da família extensa

4. Os recurso e potencialidades da rede social de apoio;

5. Os possíveis impactos do afastamento familiar que só deve ocorrer quando a


manutenção da cça/ad. no convívio familiar represente grave risco à sua
integridade física e psicológica
AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA
É importante ouvir todas as pessoas envolvidas,
em especial a própria criança ou adolescente, através de métodos
adequados ao seu grau de desenvolvimento e capacidades.
Considerar que a decisão de
afastamento da criança ou
adolescente de sua família tem
profundos impactos para todos
os membros do grupo familiar
3. MODALIDADES DE CUIDADOS ALTERNATIVOS

SERVIÇOS DE
ACOLHIMENTO
INSTITUCIONAL E
FAMILIAR
MODALIDADES DE SERVIÇOS DE ACOLHIMENTO*
Medida protetiva de acolhimento para crianças e adolescentes afastados dos
cuidados parentais com prazo máximo fixado em 18 meses pela alteração do ECA
em 2017:

1. Serviços de acolhimento institucional:


 Abrigo Institucional para pequenos grupos,
 Casa-lar,
 Casa de Passagem
 República.

2. Serviços de Acolhimento Familiar (Famílias acolhedoras)


Todos os serviços de acolhimento devem prestar plena assistência à criança e ao
adolescente, ofertando-lhes acolhida, cuidado e espaço para socialização e
desenvolvimento de acordo com os princípios do ECA
PRINCÍPIOS PARA OS SERVIÇOS DE ACOLHIMENTO
(ART. 92 DO ECA)
I - preservação dos vínculos familiares;

II - integração em família substituta, quando esgotados os recursos de manutenção na família de


origem;

III - atendimento personalizado e em pequenos grupos;

IV - desenvolvimento de atividades em regime de co-educação (ambos os sexos);

V - não desmembramento de grupos de irmãos;

VI - evitar, sempre que possível, a transferência para outras entidades de crianças e adolescentes
abrigados;

VII - participação na vida da comunidade local;

VIII - preparação gradativa para o desligamento;

IX - participação de pessoas da comunidade .


 O acolhimento deve ser realizado segundo PROTEÇÃO, CUIDADO
padrões que assegurem condições favoráveis ao E EDUCAÇÃO
desenvolvimento da criança e do adolescente
DURANTE O
 As condições de atendimento no serviço de ACOLHIMENTO
acolhimento devem propiciar experiências
reparadoras à criança e ao adolescente e a
retomada do convívio familiar.

 As normas e leis brasileiras visam garantir


agilidade para que o acolhimento institucional
seja transitório, porém reparador.
OBJETIVOS DAS MEDIDAS ALTERNATIVAS DE CUIDADO - 1
 Promover a proteção integral com garantia de acesso aos direitos fundamentais
(Educação, Saúde, Cultura, Esportes, Trabalho);

 Qualificar as ações de proteção, cuidado e socioeducação no cotidiano dos


serviços de acolhimento: ações conjugadas entre coordenador, equipe técnica e
educadores/cuidadores

 Garantir o direito à convivência familiar e comunitária:

o Promovendo a convivência sistemática com os familiares : flexibilização das


visitas, planejamento de atividades em comum com as famílias, outras formas de
contato durante o período de acolhimento;

o Evitando que elas permaneçam acolhidas por um tempo maior do que o


necessário à reinserção familiar (tempo limite de 2 anos);
OBJETIVOS DAS MEDIDAS ALTERNATIVAS DE CUIDADO - 2
Possibilitar a superação dos fatores que motivaram o acolhimento, enquanto uma
medida de proteção excepcional e provisória por meio de:

Trabalho social com famílias de forma articulada com :


o Equipamentos da Assistência Social CRAS (PAIF) e CREAS (PAEFI)
o Programas e serviços oferecidos pela rede territorial: Educação, Saúde,
Habitação, Trabalho, etc.

 Indicação da possibilidade de inserção em família substituta por adoção quando


esgotadas as ações para reintegração à família de origem.

 Preparação da criança e adolescente para a saída do serviço de acolhimento

 Acompanhamento após a saída por pelo menos 6 meses


ABRIGO INSTITUCIONAL*
Serviço que oferece acolhimento provisório para crianças e adolescentes afastados do convívio
familiar por meio de medida protetiva de Acolhimento Institucional (ECA, Art. 101),

Público: máximo de 20 crianças e adolescentes de ambos os sexos de 0 a 18 anos sob medida


protetiva de abrigo

Tempo de acolhimento: 18 meses (possível de extensão mediante justificativa do Magistrado)


O serviço deve:

Ter aspecto semelhante ao de uma residência e estar inserido na comunidade, em áreas


residenciais,
Oferecer ambiente acolhedor e condições institucionais para o atendimento com padrões de
dignidade.
 Ofertar atendimento personalizado e em pequenos grupos
 Favorecer o convívio familiar e comunitário das crianças e adolescentes atendidos,
 Utilizar os equipamentos e serviços disponíveis na comunidade local
MODALIDADE CASA-LAR
Serviço de Acolhimento provisório oferecido em unidades residenciais,

Atendimento prestado por um Educador/Cuidador Residente (pessoa ou casal que reside


na casa-lar que não é sua) e um Auxiliar de Educador para até dez crianças e/ou
adolescentes, preferencialmente grupo de irmãos

O serviço deve ter um Coordenador e uma equipe interprofissional mínima

Têm a estrutura de residências privadas, inseridas, em bairros residenciais ou em um


terreno comum (aldeias).

O serviço deve organizar ambiente próximo de uma rotina familiar, proporcionar vínculo
estável entre o educador/cuidador residente e as crianças e adolescentes
atendidos, além de favorecer o convívio familiar e comunitário dos mesmos
REORDENAMENTO DOS SERVIÇOS DE ACOLHIMENTO
A parametrização dos Programas de Famílias Acolhedoras e o reordenamento dos de Acolhimento
Institucional, visando a adequação de ambos ao Estatuto da Criança e do Adolescente, é uma das
tarefas propostas no PNCFC .

 Oferta de atendimento em pequenos grupos, com adequada infraestrutura, com acessibilidade e


espaços para guarda de pertences individuais;
 Qualificação dos profissionais e das famílias dos programas de Acolhimento;
 Desenvolvimento de metodologias para o trabalho com famílias – preventivo e de reintegração
familiar;
Elaboração e revisão semestral dos Planos Individuais de Atendimento da criança e do
adolescente
 Articulação eficiente dos programas de acolhimento com a rede de serviços e demais órgãos do
Sistema de Garantia de Direitos;
 Mudança em sistemáticas de financiamento, eliminando-se formas que incentivem a manutenção
desnecessária das crianças e adolescentes no serviço de acolhimento.
PNCFC - SERVIÇOS DE ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL

 Estar localizados em áreas residenciais, sem distanciar-se excessivamente, do ponto


de vista geográfico, da realidade de origem das crianças e adolescentes acolhidos;

 Promover a preservação do vínculo e do contato da criança e do adolescente com a


sua família de origem, salvo determinação judicial em contrário ;

 Manter permanente comunicação com a Justiça da Infância e da Juventude,


informando à autoridade judiciária sobre a situação das crianças e adolescentes
atendidos e de suas famílias;

 Atender crianças e adolescentes com deficiência de forma integrada às demais


crianças e adolescentes, observando as normas de acessibilidade e capacitando seu
corpo de funcionários para o atendimento adequado às suas demandas específicas;
 Trabalhar pela organização de um ambiente favorável ao desenvolvimento da
criança e do adolescente e estabelecimento de uma relação afetiva e estável com
o educador/cuidador:
 atendimento em pequenos grupos,
 garantir espaços privados para a guarda de objetos pessoais
 registros, inclusive fotográficos, sobre a história de vida e desenvolvimento de
cada criança e cada adolescente;

 Atender ambos os sexos e diferentes idades de crianças e adolescentes, a


fim de preservar o vínculo entre grupo de irmãos;

 Propiciar a convivência comunitária por meio do convívio com o contexto local


e da utilização dos serviços disponíveis na rede para o atendimento das demandas
de saúde, lazer, educação, dentre outras, evitando o isolamento social;
FAMÍLIA ACOLHEDORA
É a família que recebe crianças e adolescentes sob sua guarda, de forma temporária
até a reintegração da criança com a sua própria família ou seu encaminhamento para
família substituta.

Também é denominada:
Família de apoio,
Família cuidadora,
Família solidária,
Família Guardiã, entre outras.

 O Programa conta com uma Coordenação técnica e uma equipe


interprofissional

 Cada família pode acolher uma criança ou grupo de irmãos por vez
PROGRAMA DE FAMÍLIAS ACOLHEDORAS
 O acolhimento familiar possui como pressuposto um mandato formal – uma guarda fixada
judicialmente a ser requerida pelo programa de atendimento ao Juízo, em favor da família
acolhedora.

 A manutenção da guarda estará vinculada à permanência da família acolhedora no


Programa

 As famílias acolhedoras estão vinculadas a um Programa, que as mobiliza, seleciona,


cadastra, prepara e acompanha para o acolhimento de crianças ou adolescentes indicados
pelo Programa;

• Realiza o acompanhamento psicossocial das famílias de origem, com vistas à


reintegração familiar;
• Mantém a articulação com a rede serviços, com a Justiça da Infância e da Juventude e
com os demais atores do Sistema de Garantia de Direitos
OBJETIVOS DAS FAMÍLIAS ACOLHEDORAS
 cuidado individualizado da criança ou do adolescente,proporcionado pelo atendimento
em ambiente familiar;

 a preservação do vínculo e do contato da criança e do adolescente com a sua família


de origem, salvo determinação judicial em contrário;

 o fortalecimento dos vínculos comunitários da criança e do adolescente, favorecendo


o contato com a comunidade e a utilização da rede de serviços disponíveis;

 a preservação da história da criança ou do adolescente, contando com registros e


fotografias organizados, inclusive, pela família acolhedora;

 permanente comunicação com a Justiça da Infância e da Juventude, informando à


autoridade judiciária sobre a situação das crianças e adolescentes atendidos e de suas
famílias;
DESLIGAMENTO GRADATIVO
Preparar gradativamente a criança e o adolescente para o processo de desligamento,
nos casos de reintegração à família de origem ou de encaminhamento para adoção

 Fortalecer o desenvolvimento da autonomia do adolescente, visando a preparação


gradativa para o seu desligamento quando atingida a maioridade com:

• a inclusão em programas de qualificação profissional,


• inserção no mercado de trabalho, como aprendiz ou trabalhador

 Sempre que possível, ainda, o serviço de acolhimento deve manter parceria com
programas de Repúblicas, utilizáveis como transição para a aquisição de autonomia e
independência, destinadas àqueles que atingem a maioridade no serviço de
acolhimento.
REPÚBLICA
Serviço de acolhimento que oferece apoio e moradia subsidiada a grupos
masculinos e femininos , separadamente, de até 6 jovens entre 18 e 21 anos de
idade em situação de:

 vulnerabilidade e risco pessoal e social;


 com vínculos familiares rompidos ou extremamente fragilizados;
 em processo de desligamento de instituições de acolhimento, por terem
completado a maioridade
 que não tenham possibilidade de retorno à família de origem ou de colocação em
família substituta
 e que não possuam meios para auto-sustentação.
 O grupo deve contar com supervisão técnico-profissional para a gestão
coletiva da moradia
Plano de Atendimento individual e Familiar
 Motivo e histórico de acolhimento
 Configuração e dinâmica familiar (nuclear e extensa)
 Condições socioeconômicas
 Demandas específicas criança/adolescente e família
 Rede de relacionamentos sociais e vínculos institucionais
(criança/adolescente e família)
 Violência e possível transgeracionalidade
 Significado do afastamento do convívio familiar e do serviço para a
criança/adolescente e família
Definição de estratégias para contribuir com a superação dos motivos do
acolhimento
 Fortalecimento de potencialidades
Visar a reintegração familiar, ou esgotadas as possibilidades, colocação em
família substituta (guarda, tutela ou adoção)
Ações de fortalecimento da autonomia caso de adolescentes com difícil
colocação familiar
PLANO INDIVIDUAL DE ATENDIMENTO - PIA
O PIA é responsabilidade do serviço de acolhimento para oferecer um atendimento
singularizado às crianças e aos adolescentes acolhidos. Ele estabelece:

1. As diretrizes de ação para garantir a proteção integral e a convivência familiar e


comunitária

2. As diretrizes de ação para alcançar a reintegração familiar da criança/adolescente,

3. Os respectivos prazos, os atores responsáveis e os resultados esperados,

4. É fundamental para sua elaboração e execução a participação por todos os programas


municipais que prestarão atendimento à criança/adolescente e a família.

5. A criança/adolescente e a família (natural e extensa) e as pessoas significativas da rede


social de apoio têm o direito e devem participar ativamente da elaboração do plano.
AUDIÊNCIAS CONCENTRADAS*
 As Audiências Concentradas foram propostas pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ)
como uma metodologia para análise e aprovação do Plano Individual de Atendimento
(PIA) de crianças e adolescentes afastadas dos cuidados parentais e sob a
responsabilidade de serviços de acolhimento (institucional ou familiar).
 Objetiva a REVISÃO DA SITUAÇÃO PESSOAL E JUDICIAL DAS CRIANÇAS E
ADOLESCENTES ACOLHIDOS,
 São realizadas de forma sistemática a cada três meses* (alterado pela Lei nº
13.509/2017) pela Justiça da Infância e da Juventude, com participação de:
 Serviço de acolhimento,
 Sistema de Justiça (VIJ,MP, DP)
 Rede intersetorial de atendimento (Assistência Social ,Saúde, Educação, Habitação,
Trabalho, etc.)
Família natural e/ou extensa
 Rede social de apoio
 Criança e/ou adolescente acolhido
ALTERAÇÃO DO ECA EM 2017* (NOVO SLIDE)
1. A Lei nº 13.509, publicada em 22 de novembro de 2017 altera o ECA em vários artigos
relacionados ao direito à Convivência Familiar e Comunitário ao estabelecer novos
prazos e procedimentos para o trâmite dos processos de adoção, além de prever novas
hipóteses de destituição do poder familiar, de apadrinhamento afetivo e disciplinar a
entrega voluntária de crianças e adolescentes à adoção.
ECA - Art.19 § 1º : Toda criança ou adolescente que estiver inserido em programa de acolhimento
familiar ou institucional terá sua situação reavaliada, no máximo, a cada 3 (três) meses, devendo a
autoridade judiciária competente, com base em relatório elaborado por equipe interprofissional ou
multidisciplinar, decidir de forma fundamentada pela possibilidade de reintegração familiar ou pela
colocação em família substituta, em quaisquer das modalidades previstas no art. 28 desta Lei.

1. entre os prazos destaca-se que o tempo máximo de acolhimento foi alterado para 18
meses (com previsão de extensão mediante justificativa do juiz da infância e juventude),
a revisão do PIA a cada 3 meses, e o processo de adoção em 120 dias.
4. MARCO SITUACIONAL
DO PNCFC
MARCO SITUACIONAL
Situação de crianças, adolescentes e famílias brasileiras com histórias de exclusão que
precisam de ações centradas em problemáticas específicas:

Acessos e vulnerabilidades: concentração de crianças e adolescentes nas faixas


populacionais com menor renda e grau de instrução. Acentuadas desigualdades regionais,
étnicas e sociais
Famílias com crianças e adolescentes: diferentes arranjos familiares, famílias
monoparentais femininas, famílias vulnerabilizadas pela pobreza;
O trabalho infantil: uma história a ser transformada;
Crianças e adolescentes em situação de rua:
 Adolescentes em conflito com a lei: articulação do PNCFC com o SINASE

 Crianças e adolescentes desaparecidos: 73% dos casos, o desaparecimento estava


associado à fuga do lar, motivada por violência doméstica, maus-tratos, alcoolismo dos pais e
abuso de drogas.

 A violência doméstica e intrafamiliar:

Crianças e adolescentes acolhidos em instituições


CRIANÇAS E ADOLESCENTES NOS ABRIGOS INSTITUCIONAIS
O PNCFC tomou como referência dados de pesquisa do 1.º Levantamento Nacional de Abrigos
para Crianças e Adolescentes da antiga Rede SAC do MDS – IPEA, 2003. (atualmente
serviços de acolhimento institucional):
 Universo: 589 abrigos, atendendo 19.373 crianças e adolescentes.

Vínculos Familiares
•86,7% têm família
•58,2% mantém vínculos familiares
•22,7% não mantinham vínculo constante e raramente recebiam visitas

Tempo de permanência no Abrigo


• 52,6% permanência por mais de 02 anos;
• 20% mais de 6 anos.

Articulação com a justiça:


• 43,4% sem processo judicial;
•10,7% em condição legal de adoção.
Motivo de ingresso no abrigo:
•24,1% por situação de pobreza
•18,9% abandono,
•11,7% violência doméstica,
•11,4% dependência química dos pais,
•7% vivencia de rua,
•5,2% orfandade.

 Dificuldade para o retorno ao convívio familiar:


• para 35,5% das crianças e adolescentes.
• a situação de pobreza da família foi mencionada
como a principal dificuldade.
PERFIL DOS ACOLHIDOS
O perfil de meninos e meninas encontrados nos abrigos institucionais em 2003 em
nada corresponde às expectativas da sociedade para adoção, cuja preferência
recai nos bebês da cor branca e do sexo feminino.

Vivendo nos abrigos do País encontram-se, na maioria, meninos (58,5%),


afrodescendentes (63%) e mais velhos, isto é, com idade entre 7 e 15 anos (61,3%)

Atentem para os dados de pesquisa sobre:

Crianças e adolescentes vítimas de violência doméstica: (pág., 58 a 61)

Perfil dos acolhidos


Perfil das entidades de Abrigo
Convivência familiar: critérios de avaliação das ações dos serviços
Convivência comunitária: uso de serviços do território, ações intersetoriais
(Páginas 62 a 68)
CRIANÇAS E ADOLESCENTES ABRIGADAS,
SEGUNDO VÍNCULO FAMILIAR
Essas crianças e adolescentes vivem, a paradoxal situação de estar juridicamente vinculados a uma família
que, na prática, já há algum tempo, não exerce a responsabilidade de cuidar deles, principalmente por
motivos relacionados à pobreza

(Gráfico 3) IPEA, 2003


MARCO SITUACIONAL ATUAL
Em 2010 o MDS/FIOCRUZ realizou o 2.º Levantamento Nacional de Serviços de
Acolhimento

Os motivos alegados nas


pesquisas para o
O Brasil tem acolhimento de crianças e
36.929 crianças e adolescentes
adolescentes em 2.624 estão centrados nas
serviços de acolhimento condições da família e nas
institucional situações de violência
54% dos serviços estão intrafamiliar
desconsiderando
na Região Sudeste, condições de
vulnerabilidade social
(Sociedade e Estado)
ATUALIZAÇÃO DO LEVANTAMENTO NACIONAL*
Segundo estudo do IPEA (2020)
Temos atualmente 33.032 crianças e adolescentes afastados do convívio familiar sob
medida de proteção de acolhimento, conforme artigo 98 do ECA.
• Desses, 31,6 mil (96%) viviam em 2.877 Serviços de Acolhimento Institucional (SAI)
e apenas 1,4 mil (4%) estavam morando com famílias acolhedoras (SAF)
• a maior parte dos meninos e meninas acolhidos, tanto na modalidade institucional
como familiar, estavam nas regiões Sudeste e Sul sendo:
- 72% das crianças e adolescentes sob medida protetiva de SAI e 91% SAF
• Os dados revelam que o investimento em ações de apoio aos acolhidos e às
suas famílias, por parte das equipes técnicas das unidades, têm um retorno muito positivo
e contribui de forma significativa para:
- a redução do tempo médio de acolhimento de crianças e adolescentes,
ou porque foram reintegrados às suas famílias de origem ou porque restabeleceram seu
direito à convivência familiar por meio da adoção
5. INSERÇÃO EM FAMÍLIA SUBSTITUTA
INSERÇÃO EM FAMÍLIA SUBSTITUTA

“Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua família e,
excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária
“ (ECA , Art.19)”.

 Família substituta temporária: Guarda, Tutela

Família substituta definitiva: Adoção

 Deve-se priorizar a Adoção uma solução definitiva aos cuidados e proteção da criança
ou adolescente, segundo os procedimentos estabelecidos no ECA :

o Nas situações de completa orfandade, ausente a família extensa;


o Nos casos em que as tentativas de reintegração familiar apontem para a inviabilidade
do retorno da criança ou do adolescente à sua família de origem.
ADOÇÃO CENTRADA NO MELHOR INTERESSE DA
CRIANÇA/ADOLESCENTE
A colocação em família substituta compete à autoridade judiciária, por meio de decisão
judicial, ouvido o MP, em procedimentos previstos no ECA;

A Adoção é medida excepcional e irrevogável, indicada apenas quando tiverem sido


esgotadas todas as possibilidades de retorno seguro à família natural ou
extensa (ECA, Art. 39);

A adoção deve ser realizada quando comprovadamente apresentar reais


vantagens para o adotando e fundar-se em motivos legítimos

Os pretendentes à adoção devem ser selecionados, preparados e inseridos no


Cadastro Nacional de Adoção pela Justiça da Infância e Juventude.
GARANTIR A ADOÇÃO DE CRIANÇAS E
ADOLESCENTES MAIORES E COM ESPECIFICIDADES

O PNCFC destaca a importância da busca ativa de famílias para a adoção daquelas


crianças e adolescentes que aguardam colocação familiar e não correspondem ao
perfil comumente buscado pelos adotantes :

Grupos de irmãos,

Crianças maiores e adolescentes,

Crianças e adolescentes com deficiências

Crianças e adolescentes com necessidades especificas de saúde

Crianças e adolescentes afrodescendentes ou pertencentes a minorias étnicas


A SUSPENSÃO E DESTITUIÇÃO DO PODER FAMILIAR

A perda e a suspensão do poder familiar serão decretadas judicialmente, em


procedimento contraditório, nos casos previstos na legislação civil, bem como na
hipótese de descumprimento injustificado dos deveres e obrigações parentais,

O PNCFC prevê, de acordo com o ECA, que devem ser excluídas da convivência
da criança e do adolescente
(temporária ou definitivamente) as pessoas dependentes de substâncias
entorpecentes, pessoas que os submetam a maus-tratos, ou lhes imponham
tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório e constrangedor ou que
pratiquem exploração, abuso, crueldade e opressão

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