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I ENCONTRO BRASILEIRO DE PESQUISADORES E PRODUTORES DE LÚPULO.

22 e 23 de Novembro de 2019, Botucatu – São Paulo, Brasil.


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CARACTERIZAÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DE ÓLEOS ESSENCIAIS


PRESENTES NO LÚPULO POR MEIO DE CROMATOGRAFIA GASOSA

Leonardo Lopes Pacheco1, Victor Diego Faria¹, , Sergio Augusto Rodrigues1, Valéria Cristina
Rodrigues Sarnighausen1, Alexandre Dal Pai1
1Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências Agronômicas, Departamento de Bioprocessos e
Biotecnologia, Botucatu, Brasil. E-mail: llpacheco2000@gmail.com

RESUMO. Uma das bebidas mais consumidas no mundo e no Brasil é a cerveja, e mais
recentemente o mercado brasileiro tem dado preferência para tipos distintos de cerveja,
dando imenso destaque a qualidade e quantidade de lúpulo utilizado. Segundo o art. 36
do Decreto Nº 6.871, de 4 de junho de 2009, entende-se que “a cerveja é a bebida obtida
pela fermentação alcoólica do mosto cervejeiro oriundo do malte de cevada e água
potável, por ação da levedura, com adição de lúpulo”, ou seja, segundo a legislação
brasileira o lúpulo deve estar sempre presente na produção da bebida. Entretanto todo
lúpulo utilizado com esse fim no país é importado, majoritariamente da Alemanha e dos
EUA, gerando um aumento significativo em seu preço. Ao comparar o preço dos insumos
necessários para a fermentação de cerveja percebe-se que o preço do lúpulo é 27 vezes
maior que o preço do malte, o que demonstra como esse composto afeta intensamente no
preço da produção, ficando evidente a importância e urgência de se produzir lúpulo em
grande quantidade e qualidade em território nacional (BRASIL, 2009). A maioria dos
componentes que dão aroma a cerveja são provenientes dos óleos essenciais encontrados
nos cones de lúpulo. Esse óleo é integrado por compostos voláteis, majoritariamente por
hidrocarbonetos terpenos, os quais são provenientes do metabolismo secundário da
planta. As principais substâncias encontradas nos óleos essenciais, e sendo assim, com
maior interferência no aroma do produto são o mirceno ( mais presente, cerca de 17-
37%), humuleno e cariofileno, os quais representam juntos cerca de 80% do total dos
óleos essenciais (ALMAGUER et al., 2014) (HARDWICK, 1994) (VERZELE, 1986). O
monoterpeno mais presente no lúpulo possui grande interesse comercial, visto que dele é
possível se obter vários álcoois terpênicos, como mentol, geraniol e linalol. Esse
composto é muito utilizado na indústria sendo muito importante na confecção de creme
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dental e perfumes, pode também ser um substituto para isopreno na confecção de borracha
sintética. Possui ainda propriedades sedativas e analgésicas e é empregado como
mediador na síntese de vitaminas A e E. Ainda se encontram muitas outras aplicações dos
demais componentes dos óleos essenciais como linalol e cariofileno. A variedade de
lúpulo cultivada na Faculdade de Ciências Agronômicas UNESP- Botucatu é a Cascade.
Tendo em vista todo esse potencial industrial e farmacêutico, quantificação e
identificação de óleos essenciais aromáticos por meio de cromatografia gasosa seguida
de espectrometria de massa é importante para a certificação da qualidade do lúpulo
produzido, assim como os ácidos amargos, ainda mais por se tratar de um lúpulo tipo
aroma. Essa técnica é ideal devido aos pontos de ebulição dos componentes (terpenos)
serem elevados e muito próximos. O cromatógrafo gasoso é utilizado para a separação e
quantificação de substâncias voláteis ou termicamente estáveis, baseando-se nas
principais propriedades físicas dos compostos na fase estacionária. Na fase estacionária a
amostra pode ser líquida ou sólida, visto que ao passar pelo injetor a amostra será
vaporizada, a fase móvel deve ser gasosa (gás de arraste). Maior aplicação é a análise de
produtos derivados do petróleo e hidrocarbonetos. Separação dos componentes ocorre
dentro da coluna, sendo que as duas fases são envolvidas: a fase estacionária que reside
dentro da coluna e fase móvel que se move sobre a fase estacionária. Desse modo os
componentes migrarão em uma taxa diferente, devido a interações intermoleculares que
atraem moléculas para a fase estacionária, como ligações de hidrogênio, por exemplo.
Dependendo de sua interação com a fase estacionária os compostos levam tempos
diferentes para chegar ao detector, levando a sua separação e a leitura de um
cromatograma seletivo. O cromatograma é formado pelo detector por um sinal gerado
pelo sistema de registro e tratamento dos dados. Absorção de certos comprimentos de
onda geram picos característicos dos compostos. O ideal é que o picos sejam separados e
simétricos, entretanto é possível que ocorram picos sobrepostos ou assimétricos, que
podem ocorrer por excesso de amostra injetada e pelo uso de colunas com temperaturas
abaixo do ideal. A programação da ascensão da temperatura é importante, visto que
melhora a separação e diminui o tempo de análise. Aliando um cromatograma específico
com uma curva de calibração e utilizando a análise de um espectrômetro de massa na
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porção separada da amostra é possível não apenas identificar qual composto está presente
em cada pico, mas também descobrir sua concentração.

REFERÊNCIAS
PINTO M. Isomerização de ácidos amargos de lúpulo Cascade cultivado no Brasil e seu desempenho
durante a fermentação da cerveja, Unicamp, p.82, Campinas, 2018.
Eyres G, Dufour JP (2009). Hop Essential Oil: Analysis, Chemical Composition and Odor
Characteristics. Beer in Health and Disease Prevention p.22.
SALANŢĂ e TOFANĂ, Characterization of Volatile Oil Composition from Hüller Bitterer Hop
Cones Variety Using In-Tube Extraction GC-MS Analysis, Faculty of Food Science and Technology,,
Romenia, 2015
ABRABE (Associação Brasileira de Bebidas). Categorias de Mercado. Disponível em:
http://www.abrabe.org.br/categorias/ Acesso em: 3 de out. 2019.
ALMAGUER, C. et al. Humulus lupulus - a story that begs to be told. A review. Journal of the Institute
of Brewing, v. 120, n. 4, p. 289–314, 2014.
ASKEW, H. O. CHANGES IN HOP α ACIDS CONCENTRATIONS ON HEATING IN AQUEOUS
SOLUTIONS AND UNHOPPED WORTS. Journal of the Institute of Brewing, v. 70, n. 6, p. 503–513,
1964.
KOLICHESKI, Síntese de mirceno a partir da isomerização térmica do beta-pineno, UFPR, Química,
Disponível em: https://www.oleosessenciais.org/mirceno/ Acesso em: 15 out 2019

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