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O Itinerário do Discernimento

Como chegar ao discernimento com a menor margem


de erro possível? Existe um caminho seguro que você pode trilhar.
Veja o itinerário proposto a seguir:

1. Adquira uma cuidadosa bagagem bíblica para saber enxergar,


avaliar e julgar todas as coisas. Se a Bíblia é a única regra de fé
e prática para os cristãos, ela tem que ser consultada e
respeitada. Modéstia à parte, o salmista não está errado
quando afirma: “Eu entendo mais do que todos os meus
professores porque medito nos teus ensinos” (Sl 119.99 em A
Bíblia na linguagem de hoje).
2. Repudie energicamente qualquer interpretação particular e
tendenciosa das Escrituras. Por causa de sua autoridade, a
Bíblia tem sido citada para reforçar doutrinas humanas e até
diabólicas. Não se esqueça de que o diabo citou a Bíblia na
tentação de Jesus ( Mt 4.5-6). Já nos dias de Pedro havia
pessoas “ignorantes e instáveis”, que torciam ou deturpavam
os textos difíceis de entender das Epístolas de Paulo e de outras
passagens (2Pe 3.16).
3. Tenha uma vida de oração perseverante e contrita, que o leve
a ter verdadeira comunhão com Deus. “A entrada em clima de
oração”, lembra o professor Aquilino de Pedro Hernandez, da
Pontifícia Universidade Católica do Chile, “implica a sinceridade
que busca eliminar os disfarces subjetivos da verdade e assim
ver as coisas à luz de Deus e agir em consequência”. A prática
da oração é uma proteção contra possíveis enganos e
consequentes desvios.
4. Peça ousadamente a precisa orientação de Deus no processo
do discernimento. Entregue de fato a Deus as rédeas de sua
vida para Ele dirigir sua mente, sua mente seu raciocínio, sua
vontade. Ao subir ao trono de Israel, Salomão confessou que
não passava de uma criança e por isso suplicou a Deus: “Dá
pois, ao teu servo coração compreensivo para julgar o teu
povo, para que prudentemente discirna entre o bem e o mal”
(1 Rs 3.3-9). Não se esqueça do encorajamento dado por Tiago:
“Se algum de vocês tem falta de sabedoria, peça a Deus, que a
todos dá livremente, de boa vontade, e lhe será concedida” (Tg
1.5 NVI).
5. Compareça diante de Deus em plena submissão e
disponibilidade. Não imponha seu ponto de vista, seu
diagnóstico, seu desejo durante o processo de discernimento.
Garanta para você mesmo que fará o que Deus mostrar. Esteja
disponível para mudar de idea, de posição e de raciocínio, se os
seus pensamentos não foram os pensamentos de Deus, se os
seus caminhos, não foram os caminhos de Deus (Is 55.8). Inácio
de Loyola, em seus Exercícios Espirituais, dizia que “toda
predeterminação ou preconceito bloqueia o processo de
conhecimento e da busca da vontade de Deus”
6. Não seja simplório, aberto a qualquer vento de doutrina, sem
reflexão, sem cuidado, sem um pingo de malícia. Siga o
conselho de João: “Amados, não deis crédito a qualquer
espírito: antes, provai os espíritos se procedem de Deus,
porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo fora” (1
Jo 4.1). Uma das razões pelas quais o engano está em alta é o
ensino de que o crente não deve questionar nunca, porque isso
entristece o Espírito. Ao mesmo tempo que a Bíblia diz para
não tratar as profecias com desprezo, ela acrescenta: “Mas
ponham à prova todas as coisas e fiquem com o que é bom”
(1 Ts 5.20-21 NVI). Os bereanos eram de caráter mais nobre do
que os tessalonicenses, porque “receberam a mensagem com
grande interesse examinando todos os dias as Escrituras, para
ver se tudo (que Paulo e Silas ensinavam) era assim mesmo”
(At 17:11).
7. Não seja precipitado, entregando-se de imediato a ideias e ao
desejo que lhe ocorrem. Aprenda a esperar o amadurecimento
da ideia, a evolução dos acontecimentos e a confirmação da
parte de Deus. Respeite aquele pedaço de tempo que deve
existir entre o primeiro sinal da manifestação divina e a
palavra comprobatória de Deus. Não arranque joio antes do
tempo (Mt 13.28-30).
8. Valorize a opinião alheia, se ela partir de uma pessoa muito
comprometida com Deus, sábia e equilibrada. Não escolha
conselheiros servis, que não falam a verdade, que querem
antes bajulá-lo. Não troque os Micaías pelos Zedequias (1 Rs
22.1-28). Muitas coisas Deus fala não com uma só pessoa, mas
com várias pessoas. A Reforma Religiosa do século XVI não se
deve a uma só pessoa e não aconteceu em um só país. Quando
Deus quis usar Paulo e Barnabé numa obra missionária de
enormes proporções, Ele se manifestou não aos dois titulares
desse ministério, mas à igreja toda de Antioquia (At 13.1-3).

Meu irmão José Carlos emprestou-me está revista


(Ultimato-ANO XXX - nº 247- JULHO 1997), em 28 de fevereiro de
2022.

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