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Sacramenta in genere (da ST III, q. 60 à q.

65)

1. ST III, q. 60 - os sacramentos são sinais ? Para que servem ?

Os sacramentos são sinais, porque remetem a uma realidade invisível, e se


ordenam à nossa santificação. Em conjunto, têm tríplice significância atrelada ao passado,
ao presente e ao futuro: significam a Paixão de Cristo como fonte de sua eficácia (aspecto
passado), a graça que transmitem (presente) em vista da Vida Eterna (futuro).

Do ponto de vista do homem, que os recebe, os sacramentos são sinais sensíveis


porque o homem conhece a partir da sensibilidade. E é a partir das coisas sensíveis que se
chega ao conhecimento das espirituais (a. 1 - a. 4).

A finalidade dos sacramentos é: a santificação do homem e a glória de Deus. A lei


natural contém uma inspiração que leva os homens a cultuar a Deus pelas coisas sensíveis.
Mas pelo fato da lei natural ter se obscurecido pelo pecado e para manifestar mais
expressamente a graça de Cristo, Deus deu ao homem uma lei externa (lei positiva) que
reforça e auxilia os ditames corretos da consciência (a. 5).

Os sacramentos envolvem palavras por três motivos: por uma analogia com o
mistério da encarnação: assim como o Verbo Divino se reveste da natureza humana; as
palavras, que significam aquilo que o sacramento produz, se revestem da matéria (1).
Depois, porque o homem é dotado de corpo e alma, a parte sensível serve para tocar o
corpo do homem a ser santificado; a palavra transmite o que o sacramento realiza e permite
que o homem se santifique quando tem a intenção de adesão àquele, condição SINE qua
non para ele receber o efeito do sacramento, que infalivelmente per se produz a graça (ex
opere operato) (2). Por fim, porque a palavra expressa conceito e é a perfeição da
inteligibilidade, torna mais fácil a adesão ao sacramento (por exemplo, diz-se "eu te batizo"
para significar a purificação espiritual) (3) (a. 6)

As palavras pelo que significam são a forma (como a alma) dos sacramentos e
exigem uma matéria determinada que é os sinais sensíveis. Corromper as palavras pode ou
não invalidar o sacramento. Se for proposital, o sacerdote não quer fazer o que faz a santa
Igreja e não há sacramento. Se não é intencional, mas ocorre uma mudança de sentido há
invalidade, embora não haja culpa imputável ao ministro, mas se o erro for só acidental (não
essencial, ou seja) o sacramento permanece válido (a. 7).

Algo parecido se dá com relação ao acréscimo ou diminuição de palavras, mas


havendo por estas alteração da forma do sacramento. Por exemplo, se se dissesse "eu te
batizo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e da Virgem Maria", não haveria
sacramento; se fosse uma adição, sem alteração da forma, ou seja, do que é específico
daquele sacramento, haveria sacramento apesar disso, por exemplo: "eu te batizo em
nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e a Virgem Maria te ajude" (a. 8). Além disso, se
a interrupção tal das palavras do rito for longa a ponto de interceptar a intenção do
celebrante, desaparece a realidade sacramental e se houver transposição de palavras
ou se algumas forem "comidas" a ponto de alterar a forma dos sacramentos, não há
realidade dos sacramentos também.
2. ST III, q. 61 - os sacramentos são necessários ?

Na q. 61, pars III, se pergunta a necessidade dos sacramentos. "Pela insti­tuição dos
sacramentos o homem é ensinado por meio do que é sensível, em conformidade com a sua
natureza; humilha-se, reconhecendo-se sujeito às coisas materiais, pois acha nelas um
auxílio; e também fica preservado de más ações pela prática salutar dos sacramentos" (Q.
61, a. 1). Por três motivos, pois as coisas separadas da matéria, como Deus (que não tem
matéria alguma na sua composição), o homem conhece a partir das coisas materiais
(efeitos), pois lhe é próprio conhecer universalmente partindo da realidade individualizada
na matéria, ou seja, partindo-se dos indivíduos concretos, materiais e singulares. Por isso, a
Providência confere os meios de salvação do homem pelos sacramentos. Segundo, para
que o homem perceba seu apego às coisas materiais e para sanar esse apego partindo de
sinais sensíveis por meio inclusive da humildade, pela qual o homem se reconhece
necessitado desses sinais sensíveis para se santificar; é como um antídoto que é fabricado
a partir do que envenena o homem. Terceiro, para que ele não se dirija às superstições,
consistentes ao culto aos demônios, ou a outras práticas pecaminosas.

Os sacramentos não são puramente materiais e sensíveis, mas por serem causa
eficiente, produzindo a graça que significam, têm algo de espiritual. A objeção de que só a
graça basta para salvar, sem necessidade dos sacramentos, se rebate dizendo que a
graça basta em si, mas Deus dá a graça aos homens segundo o modo de ser próprio do
homem. A Paixão de Cristo é por si suficiente, mas os sacramentos haurem sua força da
Paixão de Cristo, de modo que o batizado o é na morte e ressurreição do Senhor (Rm 6,
3-4) - Ad 1-3.

No estado de inocência o homem precisava da graça mas não crescia nela


apoiando-se nas coisas sensíveis, porque a razão sua já estava unida a Deus e todas as
suas faculdades inferiores estavam ordenadas àquela. Não havia pecado para que os
sacramentos os remediassem. O matrimônio era função natural e não sacramento, embora
figurativamente apontasse para Cristo e a Igreja (a. 2).

Definição de Sacramento (a. 3): sinais sensíveis de realidades invisíveis pelas quais o
homem se santifica. A santificação se dá pela fé no santificador que é Cristo, esta é a
virtude por cujo ato o homem adere e haure da Paixão de Cristo que deu vida eterna ao
homem, no AT essa fé no futuro salvador se dava por meio de sinais sensíveis. A Paixão de
Cristo é causa final dos sacramentos do AT (ad1) colocados em primeiro lugar na intenção
dos justos; por isso, não se pode negar que os homens justos do Antigos Testamento não
tenham sido salvos pelo antigo regime da Lei. Antes da lei de Moisés, os sacramentos não
foram expressos, mas nela, por conta do obnubilamento da razão do homem até aquele
momento, por consequência do pecado, não sendo suficientes os preceitos da lei natural
para que o homem , foi necessário que isso fosse feito para que, pela fé no futuro salvador,
fossem justificados (ad2). Houve uma continuidade de espécie e da realidade significada
entre os sacramentos do AT aos do NT: a Paixão de Cristo. O sacrifício de Melquisedec,
anterior à Lei Mosaica, mais se assemelhou à Eucaristia pela matéria (pão e vinho) (Ad3).

Da mesma forma que na linguagem há diferença entre tempos passado e futuro, há


diferença entre os sacramentos da NA e da AA (a. 4). Mas isso não significa que os da NA
não sejam intermediários a uma realidade superior: são intermediários entre a AA, cujo
sentido figurado se cumpriu na NA, e o estado de glória, no qual o homem terá acesso à
verdade plena e unificada. Enquanto vemos em espelho, necessitamos de sacramentos (Ad
1). Os sacramentos da AA não continham nem causavam a graça (que só veio com o
advento de Cristo, sua paixão) diferente dos da NA que contêm e causam a graça (ad2)1.
Deus então mudou o seu desígnio salvifico do AT ao Novo?
R: "Um pai de família não mostra mudança de vontade pelo fato de dar ordens
diversas à sua família, conforme a variação dos tempos, não mandando no inver­no o
mesmo que manda no verão. Do mesmo modo, não implica nenhuma mudança em
Deus o ter instituído uns sacramentos, depois do ad­vento de Cristo, e outros no
tempo da lei: Pois, estes eram apropriados a prefigurar a graça, e aqueles o são a fim
de manifestar a graça presente" (Ad 3).

3. ST III, q. 62 - se os sacramentos causam a graça

Na q. 62, a. 1 se questiona se os sacramentos são causa da graça. Sim, pois pelos


sacramentos o homem se incorpora a Cristo o que só se dá mediante a graça, que é a
semelhança participada da natureza divina. São instrumentos que informam a graça
contendo-a, do mesmo modo que um machado de certo modo contém a forma de um
artefato enquanto é um meio de concretização da forma que está na mente do agente
principal: o artista. Então o efeito do sacramento é conferido por Deus para gerar a forma, a
graça nos homens como causa instrumental, como um machado nas mãos do carpinteiro.
Ou seja, os sacramentos são sinais e também causa instrumental da graça (Ad 1). O
sacramento sendo instrumento, produz uma ação instrumental querida por Deus, a graça
invisível, e uma ação que lhe é própria por sua forma, por e.g: o batismo ao lavar o corpo
comunica a graça da purificação da alma do batizado. Da mesma forma que um machado
ao talhar, o que lhe é próprio, transmite à madeira a forma pensada pelo artesão (Ad 2).
A graça do sacramento acrescenta algo aos dons e às virtudes que, por sua vez,
aperfeiçoam a graça comum (a.2). A graça faz a natureza da alma se aperfeiçoar fazendo-a
participar de certo modo da semelhança do ser Divino. As virtudes e os dons brotados da
graça aperfeiçoam as potências da alma uma vez que se ordenam aos atos próprios destas.
A graça sacramental aperfeiçoa mais a natureza da alma e suas potências, pois é
importante para certos efeitos específicos, como o do batismo, que permite que o homem
morra ao pecado e se torne membro de Cristo (a.2). Em termos práticos, as virtudes e os
dons permitem que o homem evite os vícios e os pecados presentes e futuros, mas os
pecados passados que permanecem como reatos são remediados especialmente pelos
sacramentos (ad2).

Em seguida, responde-se se os sacramentos de fato contém a graça? (A. 3) As


coisas estão contidas em outras de muitos modos, a graça está contida no sacramento
enquanto este é sinal daquela e enquanto este é causa instrumental daquele. Vale ressaltar
que a graça está contida no sacramento de modo transitivo e incompleto (Ad3), por isso a
graça está no sacramento que é como um vaso, não em sentido de recipiente no qual a
graça se localiza (espacialmente)2, mas enquanto um instrumento para uma obra (ad1).

1
Curioso como antes do Advento de Cristo, o Anjo Gabriel já chama Maria de cheia de graça. Ela só
poderia sê-lo por uma graça especialíssima provinda de Deus.
2
Lembrar que a graça não é um corpo e, portanto, não ocupa um espaço dotado de extensão/qtd..
A graça está no sacramento desse modo, imperfeito e transiente como o movimento
(a. 4, ad1) por ele ser instrumento (a. 4), enquanto Deus é o agente principal de natureza
absolutamente completa e permanente. Há portanto no sacramento uma virtude
instrumental. Mas como alguém de natureza imaterial, Deus, pode gerar um efeito espiritual
no homem por algo sensível como um sacramento? Ora, é bem possível que algo sensível
produza um efeito espiritual, quando é movido por uma substância espiritual a produzir um
efeito espiritual. Analogamente isso se dá na linguagem, a palavra nada mais é que algo
sensível procedente de conceitos mentais capaz de produzir algo espiritual: transmitir
conhecimento imaterial e universal. Sua virtude é adquirida ademais da benção de Cristo e
da aplicação ao seu uso feita pelo ministro. Por isso, aqueles que acreditam que há uma
graça divina concomitante aos sacramentos, erroneamente não acredita que eles sejam
instrumentos de salvação, contrariando a Revelação.

O sacramento é uma causa instrumental separada, como um bastão.


Analogicamente a mão que o segura é a humanidade de Cristo (causa instrumental
conjunta), sendo Deus a causa principal. Logo, a virtude salvífica dos sacramentos se dá da
divindade de Cristo, por sua humanidade (a.5).

Os sacramentos têm por fim, quanto à santificação, remediar o pecado passado


ausente quanto ao ato mas presente como reatos; e aperfeiçoar a alma ao culto de Deus.
Aqueles tiram sua virtude especialmente da paixão de Cristo e permitem que cada fiel,
aderindo a ela pela fé em Jesus Cristo (ad1) e colha seus benefícios. A virtude do
sacramento inclui a Ressurreição e Ascensão por termos finais, mas a Paixão em si é a
origem, pois por ela se perdoou a culpa3.

Os sacramentos da Antiga Lei causavam a graça? Viu-se que não. Porque os


sacramentos da lei Nova derivam como justificativos da Paixão e pela fé enquanto ato
subjetivo de adesão a eles e a Cristo. Mas na AA havia a fé na promessa do salvador e
assim, havia a apreensão do fim e o desejo desse fim pelos quais se operava a justificação;
essa fé era significada pelos sacramentos da AA. Estes não tinham virtude salvífica
própria, senão seria vão o sacrifício de Cristo, e também não tinham a virtude oriunda
da Paixão, pois enquanto instrumentos, não poderiam haurir sua virtude de algo
futuro, pois o instrumento não move em razão do uso que dele se faça, mas de uma
virtude completa que atua sobre ele (a.6). Os patriarcas foram então justificados pela
fé na Paixão de Cristo prometida4. Nós o somos pela fé na Paixão de Cristo
consumada que justifica pelo uso dos sacramentos (ad1). Nem poderiam os
sacramentos da AA conferir uma mínima graça, porque uma mínima graça já é
suficiente para resistir a qualquer concupiscência e merecer a vida eterna (Ad3). Se
assim não fosse, também se pensaria que o sacrifício de Cristo fora vão.

3
Por isso se enfatizar a Missa ser o Santo Sacrifício de Cristo?
4
Como se fosse um crédito monetário.
4. ST III, q. 63 - sobre o caráter que alguns sacramentos conferem

Alguns sacramentos imprimem algum caráter na alma (q. 63)? Alguns sacramentos
marcam a alma com um sinal que distinguem-na das demais que não os receberam e
também marcam o cristão para atos conveniente à Igreja presente (a.1), dispondo-o ao
culto direta e proximamente (a. 4, ad1).

● O que não é e o que é o caráter ?

O caráter não é paixão pois é indelével; não é hábito, porque não é passível de ser
usado para o mal, mas é uma potência espiritual ordenada às coisas do rito cristão (a. 2). É
um sinal que marca alguém ordenando-o a determinado fim (a.1 e 3). O caráter é marca
que destina o cristão ao gozo da gloria (marca com um Thau a testa… - Ez 9) e receber e
comunicar aos outros o concernente ao culto divino. São participações do sacerdócio de
Cristo (a. 3). Com respeito à sua dupla finalidade: no presente, o cateter sacramental
distingue os fiéis que seguem o culto do rito cristão, dos infiéis cujos cultos são ilícitos. Com
base no fim futuro, os fiéis, pela graça e pela caridade são distintos dos réprobos (Ad3).

● Onde reside o caráter ?

Se o caráter dispõe ao culto cristão, deve residir no intelecto, onde reside a fé (a. 4,
Ad 3). Como potência espiritual extrínseca, aperfeiçoa as potências da alma, mas o caráter
tem por sujeito a si próprio (a.4) sendo de procedência extrínseca (Ad2).

O sacrifício de Cristo é indelével (tu és sacerdote para sempre). Ora, o caráter é


certa participação do sacerdócio incorruptível de Cristo, bem como o são todas as
consagrações oriundas dele, enquanto permanece o sujeito, como a benção da Igreja ou
altar permanecem até que sua forma seja destruída. O mesmo vale para o caráter do
homem, que aperfeiçoa a potência intelectiva, pelo fato da alma e suas potências serem
incorruptíveis, fica aí Ad aeternum, dando ao homem certo poder espiritual quanto aos
sacramentos e quanto ao culto divino (ST II-II, q. 63, a. 5). Há uma diferença entre o modo
de presença da graça e do caráter na alma. A primeira está como ser completo na alma e
é mutável pela disposição da vontade do sujeito, sendo a graça uma forma completa que
está no sujeito ao modo do sujeito (Ad 1), mas o caráter é uma virtude instrumental que
depende mais da virtude da perfeição do agente principal: Deus, por meio da perfeição do
sacerdócio de Cristo (instrumental conjunto) (ad1). Após esta vida, embora cesse o culto
externo, permanece o fim deste e, logo, o caráter (Ad3).

Nem todos os sacramentos, que são remédio para o pecado e dispõem os homens
ao culto divino, imprimem caráter. Por exemplo, a penitência que restitui o primeiro estado.
Mas não confere algo novo referente ao culto divino.

Com relação ao culto (a. 6) o sacramento tem relação atualmente e em si mesmo ao


culto, ou como de agente ou de recipiente. Do primeiro modo, a eucaristia é fim e
consumação de todos os sacramentos não ordenando o homem a nada ulterior a ser feito
ou recebido. Do segundo, tem-se a ordem, pela qual o ministro administra os sacramentos a
outros. O batismo dispõe a alma a receber todos os sacramentos, bem como a Crisma de
certo modo. Não só a santificação se dá pela remissão dos Pecados, mas por certa
consagração conferida por sacramentos que imprimem caráter (ad2). Deste modo,
enquanto destinado ao culto divino, o homem se santifica.

5. ST III, q. 64 - o papel do ministro na administração dos sacramentos

O ministro contribui interiormente para o efeito do sacramento ou só Deus? (Q. 64,


a. 1). De dois modos algo gera um efeito: como causa principal ou como causa
instrumental. O ministro gera o efeito do sacramento, a graça (forma completa) e o caráter
(virtude instrumental), como o instrumento; o ato de ambos é extrínseco e produz um efeito
interno em virtude do agente principal: Deus. O ministro produz o efeito a modo de
ministério (Ad3); Deus penetra na alma pelo sacramento e causa imediatamente a graça e o
caráter. As orações dos sacramentos são ditas em nome de toda Igreja e São ouvidas por
Deus e o efeito do sacramento é impetrado pelos méritos da Paixão de Cristo. Por isso, o
efeito específico do sacramento não muda de acordo com a santidade do ministro, mas pela
devoção do ministro, pode ser impetrada uma graça adicional, dada por Deus ao receptor
concomitantemente (ad2).

Como só de Deus vem a virtude do sacramento, Ele é seu instituidor (a. 2). A
finalidade dos ritos que circundam os sacramentos é provocar a devoção e a
reverência naqueles que os recebem (ad1).

Ademais, as coisas sensíveis têm certa aptidão para significar coisas


espirituais, mas uma significação espiritual só é formada a partir dessa natural
aptidão por instituição divina. No entanto, isso não é o mesmo que dizer que as coisas
sensíveis já têm significação espiritual. A matéria dos sacramentos Deus escolheu para
significá-los para que tal significação fosse mais clara. Não porque a isso reduzir-se-iam os
efeitos dos sacramentos (ad2).

Pelos sacramentos emanados de Cristo na cruz foi fabricada a Igreja. Seus ministros
devem guardar tais sacramentos5, não lhes sendo lícito fundar outra Igreja ou criar outros
sacramentos da fé, ou transmitir outra fé (Ad3).

Jesus Cristo enquanto homem tinha o poder de produzir o efeito interior dos
sacramentos? Sim enquanto instrumento, porque sua humanidade foi instrumento de sua
divindade. Meritoriamente, sua Paixão foi a causa da justificação do homem. Sendo Deus,
Jesus é autor dos sacramentos, mas sendo homem, tem um poder de excelência e de
ministério principal que é dotado de 4 coisas, distinguindo-o super eminentemente dos
demais ministros. Primeiro, porque o mérito e a virtude de sua Paixão, a qual se adere pela
fé no seu sangue, operam nos sacramentos. Segundo, porque em seu nome os
sacramentos são santificados. Terceiro, que é em virtude de sua excelência que os
sacramentos foram instituídos. Quarto, como é o efeito que depende da causa, poderia
gerar o efeito dos sacramentos sem nenhum sacramento externo (a. 3).

5
São João Paulo II, na Redemptoris Hominis diz: “E o Espírito Santo sugeriu-lhe que permanecesse
no Cenáculo, após a Ascensão do Senhor, também Ela, recolhida na oração e na expectativa,
juntamente com os Apóstolos, até ao dia do Pentecostes, quando devia visivelmente nascer a Igreja,
saindo da obscuridade” (22). Isso complementa a noção de fabricação da Igreja em Santo Tomás: se
por um lado esta é confeccionada na cruz, do lado ferido, torna-se visível em Pentecostes.
Cristo poderia comunicar seu poder de excelência aos ministros de modo que o próprio
mérito deles pudesse contribuir à eficácia dos sacramentos, eles próprios pudessem instituir
sacramentos, pelo nome deles os sacramentos fossem santificados, e só por seu império,
sem precisarem dos ritos, pudessem gerar os efeitos dos sacramentos (a.4). Todavia, não o
fez para evitar que pudessem no homem-criatura a sua esperança e não houvesse
sacramentos múltiplos e póstuma divisão na Igreja; por isso, quis evitar o inconveniente de
que houvesse múltiplas cabeças na Igreja (Ad 1-3). Porém, se houvesse muitos ministros
com o poder de excelência de Cristo, eles seriam secundários, e Cristo, o primeiro, pois
também é autor dos sacramentos (Ad3), seu fundador e fundamento6.

O instrumento e o ministro têm de certo modo a mesma natureza, enquanto operam


o efeito do sacramento em virtude do agente principal. O instrumento pode ter uma forma
ou virtude acidental além do que exige a sua natureza de instrumento para tal efeito e
mesmo assim operar. Por isso, o ministro pode ser mau e operar o efeito do sacramento
como uma faca enferrujada pode servir para cortar. Os efeitos dos sacramentos são
semelhança de Cristo e não dos ministros (a. 5, co., Ad 1). Os ministros podem não estarem
unidos ao mestre de modo a receberem dele a vida pela caridade, mas podem continuar,
mesmo mortos, sendo instrumentos utilizados por Ele, pois o instrumento separado de um
corpo pode ser usado por ele, desde que unido a ele por algum movimento. Logo, Cristo
pode utilizar-se dos ministros para santificar, mesmo que estes estejam mortos quanto à
vida divina (ad2). Embora os ministros não sejam absolutamente necessários para que
os sacramentos se perfaçam, como é necessária a forma e a matéria própria, é
necessário, no sentido de ser mais conveniente, que sejam bons (Ad3; a.1, ad2).

Peca quem age diversamente a como se deve na administração dos sacramentos.


Além disso, tal como é o juiz devem ser seus ministros; por isso pecam mortalmente os
ministros que profanam por pecado os sacramentos, celebrando em pecado mortal, por
irreverência e profanação ao sacramento (a. 6). Por isso se exige a santidade de justiça dos
ministros. Isso é diferente das obras de caridade (partes da santidade de justiça), que não
são em si consagradas, mas predispõem à santidade se quem as pratica for mau (ad1). Se
a Igreja não tolera o ministro (excomungado ou suspenso) o fiel não pode receber
sacramento das mãos dele para não incorrer em pecado também (ad2). Quem está em
pecado mortal (sacerdote) pode se arrepender e celebrar o sacramento licitamente (Ad3).
Se ainda assim quisesse continuar no pecado, poderia ao menos batizar, dada a
necessidade do paciente e não como ministro e, assim, não cometeria pecado de sacrilégio
(Ad3).

Poderiam os anjos ministrar os sacramentos? (Q.64, a. 7) Sim, pois Deus não ligou
exclusivamente a sua virtude divina aos sacramentos de modo que só Ele poderia
administra-los, mas não ligou também os sacramentos aos homens, como se lê em Hb 1
(todo sumo sacerdote é assunto do meio dos homens…), de modo que só os homens
poderiam administra-los. Por desígnio divino assim Ele o quis. No entanto, sabendo que os
sacramentos haurem sua eficácia da Paixão de Cristo e que este se fez pouco abaixo dos
anjos, cabe aos sacramentos, que convém aos homens por natureza, serem administrados
por homens, devido à natureza humana assumida por Cristo e submetida à Paixão. No

6
De modo análogo, o amor conjugal seria um amor de excelência incomunicável a muitos
companheiros para se evitar a divisão e a cisão da família ? (Ad3).
entanto, o que os ministros humanos fazem pelos sacramentos, fazem os anjos, cuja
natureza é superior, sem utilizar sinais sensíveis: purificam, iluminam, aperfeiçoam (ad1).

A matéria e o rito do sacramento, por exemplo a ablução do batismo, se diferencia


de outras práticas pela sua finalidade que é determinada pela intenção do agente. Por isso
a intenção do ministro, manifestada pela forma do sacramento, é essencial para que o
sacramento ocorra (a.8), fazendo o que faz Cristo e a Igreja (ad1), sujeitando-se a
Deus como agente principal, pois o ministro é homem capaz de se automover e não é
meramente como um inanimado (ad1).
As distrações que quase habitualmente infligem o coração que em tudo é enganador
não dificultaram ou quase impossibilitariam a eficácia sacramental? Sobre isso, a
misericórdia divina acolhe a intenção habitual anterior do ministro de fazer o que faz Cristo
e a Igreja através dos sacramentos. Mesmo se atualmente estivesse pensando em outra
coisa que no sacramento, este se perfaria (Ad3). E se quem recebe não conhecer a
intenção do ministro? Deve aquele confiar em Deus, basta a sua devoção e intenção para
receber a graça santificante, mas não o caráter, cuja recepção depende o sacramento com
a intenção ao menos habitual do ministro (Ad2). Disso se conclui que não é correto colocar
o batismo sacramental e o de intenção no mesmo patamar.
O ministro não só em pecado mortal, mas ainda que não tenha fé pode ministrar
eficazmente o sacramento, que opera não por virtude dele, mas de Cristo, desde que se
cumpram os requisitos mínimos para o sacramento (a.9). A fé de toda a Igreja supre a falta
de fé do ministro, basta que ele tenha a intenção de fazer o que a Igreja faz e crê (ad1). No
entanto, se alguma seita é manifestamente contra a Igreja e não observa a forma do
sacramento, não o confere. Mas se o observa formalmente, quem o recebe, recebe
formalmente mas não materialmente. Isso porque peca quem recebe fora da Igreja o
sacramento, não recebendo então seu efeito, salvo por ignorância como deve se supor
considerando o todo da questão (ad2,3).
Há heréticos que conferem o sacramentum, mantendo a forma do sacramento como
a Igreja pede, mas não a rem sacramenti, ou seja, efeito, pois, por serem cismaticos,
explicitamente cortados da Igreja, pecam os fiéis que consciente disso e voluntariamente
aderem a eles, recebendo deles o sacramento…7. Nesse caso, não recebem a rem (ad 2)
No De fide Ad Petrum, Agostinho diz que aqueles que são batizados fora da Igreja alastram
por seu batismo se não retornarem à Igreja. E S. Leão Magno diz que o lume dos
sacramentos morreu quanto ao efeito do sacramento (rem sacramenti) e não quanto ao
sacramento mesmo. Isso parece não se referir aos que por ignorância o recebe.
O excomungado, degradado, suspenso confere formalmente o sacramento e a graça
(rem), mas não licitamente; con. Peca e não recebe o seu efeito quem dele o recebe, salvo
se por ignorância (Ad3).
Mas a intenção do ministro deve ser boa ou não? (Q. 64, a. 10) deve ser boa
imediatamente, por exemplo, não deve fazer o sacramento por simulação, jocosidade (co,
ad2), sem querer conferi-lo, isso tira a validade do mesmo. Mas não tira a intenção posterior
de mau uso do sacramento, no entanto, nisso o sacerdote peca gravemente. A intenção ao
bom uso segundo o quer a Igreja é causa de mérito ao sacerdote (ad1). É claro também

7
Dúvida: Essa teologia mudou hoje ? (A rem é conferida àqueles que se batizam em
igrejas heréticas conscientemente ou não?). Aliás, as comunidades cristãs separadas da
Igreja Católica são consideradas heréticas ?
que a culpa de uma má intenção do ministro não recai sobre Cristo, como não é culpável o
patrão que dá uma boa ordem que não é obedecida pelo empregado.

6. ST III, q. 65 - se convém serem 7 sacramentos da Igreja


Por fim, discute-se se seriam 7 os sacramentos da Igreja (q. 65). Viu-se que os
sacramentos servem para aperfeiçoar os homens nas coisas que pertencem ao culto a
Deus da religião da vida cristã e para a remediar os defeitos causados pelo pecado.

OBS: a religião é para nós e não para Deus, que já é absolutamente perfeito. Nós devemos
dar culto a Deus pois a alma espiritual só se aperfeiçoa se submetendo a algo superior,
como o corpo que é aperfeiçoado pela alma e o ar, que é aperfeiçoado pela luz solar,
permitindo-lhe ser aquecido, por exemplo. A religião, por servir ao homem, segue a maneira
que lhe é conatural conhecer, amar e servir a Deus, i.e., partindo das coisas sensíveis, pois
só conhece a Deus e as outras realidades espirituais partindo-se daquelas, em
conformidade com o fato de ser dotado de corpo e alma. De fato, Deus dispôs todas as
coisas com suavidade, e nada, criado por Ele, é inconveniente em si. Os atos internos de
religião são essenciais, mas seus atos segundos são exteriores, subordinados aos atos
interiores (q. 81, a. 7). Segundo Santo Tomás, a religião e a santidade diferem apenas
logicamente, mas não essencialmente (q. 81, a.8). Leva-se em conta que a etimologia de
"santo" vem de άγιος que significa fora da terra, ou de "sancta" referente às coisas firmes do
direito que devem ser obedecidas ou ainda do próprio ambiente religioso em referência ao
que é puro a partir da aspersão do sangue de uma vítima (Isidorus, Etymologia X). Só é
possível a união do homem com Deus a partir do distanciamento das coisas inferiores, a
partir da pureza (cf. Hb 12,14). Também se exige uma firmeza de colocar mentalmente
Deus como princípio e fim de tudo de modo imóvel, por isso diz S. Paulo certus sum quod
neque mors neque vita separabit me a Caritate Dei (Rm 8, 38-39). Por isso, é pela
santidade que o homem aplica a sua mente e seus atos a Deus, pode-se dizer que é o
hábito por meio do qual o homem omnia Christo instaurat.

Continuando, para se entender que há 7 sacramentos, deve-se saber que há uma


analogia entre a vida natural e a vida espiritual. Primeiro, a vida humana deve ser
considerada em si, neste ponto há aqueles sacramentos que correspondem ao que visa ao
desenvolvimento do sujeito e os que visam a remoção de obstáculos a esse
desenvolvimento. Segundo, em relação ao meio social e ao próximo, pois o homem é
naturalmente um animal social. Do primeiro modo, há o que proporciona ao homem atingir
uma perfeição vital. Primeiro, há a geração, pela qual o homem começa a ser e a viver, e a
esta etapa corresponde o batismo, spiritualis regeneratio, pois espiritualmente o homem
nasce de novo. Segundo, o homem deve crescer e atingir a perfeição de tamanho e força,
correspondendo à Confirmação, pela qual o homem recebe o Espírito Santo para se
fortalecer. Por esse os discípulos já batizados são orientados a permanecerem na cidade
até receberem a força do Alto (Lc 24, 49). Terceiro, pela nutrição o homem conserva a sua
vida e sua força. A isto corresponde a Eucaristia "nisi manducaveritis carnem filii hominis et
biberitis eius sanguinem, non habebitis vitam in vobis" (Jo 6,54).
Isso tudo seria suficiente ao homem se tivesse uma vida impassível. Mas para lhe
curar as enfermidades espirituais, existe a Penitência Sl 40, 5: sana anima mea quia
peccavi tibi. E para curar as relíquias do pecado e preparar a alma para a glória final, de
modo parecido a quem deve restabelecer o antigo vigor por boa dieta e exercícios. Para
isso há a Extrema Unção.
Com relação à comunidade, o homem é aperfeiçoado de dois modos: primeiro, para
governar a comunidade e para exercer atos públicos. E a isso corresponde o sacramento da
ordem (Hb 7, 27). E para a propagação natural. Para isso tem-se o matrimônio, em relação
à ordem corporal e à espiritual, pois o matrimônio não é só sacramento, mas também ofício
natural.
Depois, deve haver coisas que removem ou impedem tal aperfeiçoamento.
De nova perspectiva, pode-se considerar sacramentos que visam suprir os defeitos
do pecado (6). O batismo é remédio contra a ausência da vida espiritual. A confirmação
contra a enfermidade da alma daqueles que nasceram há pouco. A eucaristia contra a
tendência do homem ao pecado. A Penitência contra o pecado atual cometido após o
batismo. A Extrema Unção, contra as relíquias do pecado, que a Penitência sozinha não é
capaz de eliminar, por causa da nossa negligência ou ignorância. O matrimônio como
remédio para a concupiscência individual, e para suprir a deficiência de indivíduos. O
matrimônio se dá para remediar a concupiscência individual, que vicia a pessoa e a
natureza (ad5), ainda pelo fato dela obnubilar a inteligência (ad5). A Confirmação para
fortalecer a alma contra o pecado.
Outros dividem os sacramentos numa perspectiva de certa adaptação às virtudes e
contra as deficiências oriundas das culpas e penalidades. O batismo é ordenado à fé, contra
a culpa original. A Extrema Unção à esperança e ordenada contra a culpa venial. Eucaristia
à caridade e contra a penalidade de malícia. A Ordem à prudência e contra a ignorância. A
Penitência à justiça e contra o pecado mortal. O Matrimônio à temperança, contra a
concupiscência. A Confirmação à fortaleza contra a pusilanimidade.
Deus e a Paixão de Cristo atuam em nós por vários instrumentos (ad1). A culpa e a
pena variam em espécie e entre os homens, por isso também convém a diversidade de
sacramentos (ad2).
A hierarquia eclesiástica de Dionísio diz três funções dos sacerdotes que se incluem
nos sacramentos: purgar, iluminar e aperfeiçoar.
O propósito da Confirmação, dar a plenitude do Espírito Santo (ad4) e da Extrema
Unção, preparar imediatamente para a glória não existiam no AT. Neste os sacramentos
eram mais numerosos todavia.
Os sacramentais como água benta não produzem o efeito sacramental que é a
recepção da graça (gratia consecutivo), mas dispõem aos sacramentos, removendo os
obstáculos da graça. A água benta é útil contra as insídias de Satanás e contra o pecado
venial ou para tornar coisas prontas a servirem aos sacramentos, como o altar que é
consagrado com óleo (ad6).
Dízimos e oblações do AT eram sacramentos por serem figurativos em relação ao
NT. A partir daí já não são mais; tornam-se obsoletos. Além disso, permitiam o sustento dos
sacerdotes e pobres (ad7).
A infusão da graça pelos sacramentos não é necessária para perdoar pecados
veniais. Isso já se faz pelos sacramentais (ad8).

● Se a ordem dos sacramentos, como no catecismo é a mais conveniente

Na q.65, a. 2, se explica que a ordem dos sacramentos é tal seguindo um princípio


Metafísico: como a unidade precede à multiplicidade, assim os sacramentos que se referem
ao aperfeiçoamento do indivíduo vem antes que os que visam aperfeiçoar uma sociedade e
o matrimônio vem por último por ter menor participação da natureza da vida espiritual (co,
ad1), o sacramento da ordem vem antes pois é aquele pelo qual o ministro aperfeiçoa os
demais homens (ad2). Aos de aperfeiçoamento do indivíduo cabem os do desenvolvimento
da sua vida espiritual em si e, depois, os que removem os obstáculos a ela. Dos quais a
Extrema Unção vem depois, por conservar a saúde adquirida pela Penitência. O batismo é
a regeneratio spiritualis, vindo antes de todos, a Confirmação é ordenada para a perfeição
formal da virtude. A Eucaristia é ordenada à perfeição formal. Na verdade, esta poderia vir
antes da Confirmação, conforme Dionísio e não Pedro Lombardo (ad3).

Ad4 trata da não essencial necessidade da penitência para receber a Eucaristia. Mas
aquela deve ser obrigatória para se receber esta desde o IV de Latrão, se não me engano.

● A Eucaristia seria o maior dos sacramentos?

(Q.65, a.3) Sim, primeiro porque contém Cristo substancialmente e não é


instrumento participado de Cristo como os demais, mas é essencialmente Cristo (está
ligada a sua Pessoa); segundo, porque todos os sacramentos se referem à ela como a seu
centro. A ordem foi constituída para a consagração da eucaristia; o batismo, para que o fiel
possa recebê-la, a confirmação para que a alma, uma vez madura, não tema recebê-la, a
Penitência e extrema Unção para garantir a recepção digna dela, o matrimônio é figura da
união de Cristo com a Igreja, que a Eucaristia figura. Terceiro, porque todos os
sacramentos ritualmente se dirigem à Eucaristia. Os outros sacramentos se ordenam de
acordo com a perspectiva, na via da necessidade, o batismo vem antes; na via da perfeição,
no topo está a ordem e, no meio, a confirmação. Esses sacramentos, a modo de
necessidade (batismo) ou em razão do ministério (crisma e ordem) ou de significação
(matrimônio) podem ser considerados superiores sob certo aspecto, mas não
absolutamente (ad4). Os outros sacramentos estão ordenados acidentalmente à vida cristã,
para remediar os seus obstáculos. A Penitência é mais necessária que a Extrema Unção,
mas esta é superior em termos de perfeição.
O matrimônio não visaria ao bem do corpo de Cristo? Sim, corporalmente, mas o
bem espiritual comum da Igreja é contido substancialmente na própria Eucaristia (ad1).
Com relação à Confirmação e a Ordem: por eles aos fiéis são conferidos certos
ofícios a serem dados exclusivamente pelo bispo (ad2).
Mas a Eucaristia não imprime caráter… ela não seria inferior por isso? O caráter,
como se disse antes (q. 63, a.3) torna o fiel participante no sacerdócio de Cristo em algum
grau e qualidade, mas a Eucaristia une diretamente o fiel ao próprio Cristo (Ad3). É superior
a todos os sacramentos por isso.
● Todos os sacramentos são necessários à salvação? (Q.65, a.4)

Necessidade para o fim pode ser aquela sem a qual o fim não é alcançado (1). Nesse
sentido o batismo o é, simples e absolutamente; a penitência, em caso de pecado mortal
após o batismo e a ordem para guiar outros à salvação, sendo necessária à Igreja (Prov
11,14).
De outro modo, é necessário a um fim como o mais conveniente (2). Desse modo a
Confirmação aperfeiçoa o Batismo; a Extrema Unção a Penitência e o Matrimônio conserva
a propagação dos membros.
Não contrair matrimônio ou ordem não impede a salvação, ou não receber a
confirmação. Não receber o batismo sem culpabilidade também não (q. 68, a.2)

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