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Israel no Império Persa

539 – 333 a.C.


Império Babilônico
(Neo-babilônico – IX Dinastia de Babylon):

626-605 – Nabopolassar
605-562 – Nabucodonosor
562-560 – Evil-Merodac
560-556 – Neriglissar
556 – Labashi-Marduk
556-539 – Nabônides (ou Nabonides ou Nabonido)
Grandes Reis
da Pérsia
549-530 – Ciro (o Grande) 424-423 – Sogdiano

530-522 – Cambises 423-405 – Dario II

522(521?)-486 – Dario I 404-360 – Artaxerxes II


485-465 – Xerxes 360-338 – Artaxerxes III
465-424 – Artaxerxes 338-339 – Artaxerxes IV
424 – Xerxes II 336-330 – Dario III
Política interna persa

• Tolerância com relação aos conquistados;

• Merece atenção a política religiosa persa.

O cilindro de Ciro (539 a.C.) e a inscrição de Behishtun (515 a.C. – Dario I)


são um testemunho disso.
“...os Persas eram conscientes e respeitavam as diferentes tradições
políticas dos povos que eles conquistavam, e se adaptavam a isso
com o intuito de facilitar seu controle sobre tudo. Quando Ciro
capturou Babylon, ele tornou-se um tradicional rei babilônico, tomou
parte nos rituais religiosos e deixou inscrições. Quando Cambises
conquistou o Egito, ele designou um oficial local que deveria ensiná-
lo como se comportar como um rei egípcio, e adotou um nome
egípcio para sua entronização – Mesutire (filho de Re). Os
governantes persas protegiam os cultos locais e se apresentavam
como aqueles que vinham restaurar as tradições locais que estavam
sendo desobedecidas.” (VAN DE MIEROOP, Marc, A History of the Ancient Near East: ca. 3000-323 BC, p. 295.
Cilindro de Ciro
Este artefato data do ano 539 a.C.,
encontra-se no Museu Britânico e foi
encontrado em 1879 nas ruínas da
cidade de Babylon. Ele narra as
conquistas de Ciro e o modo como
entrou “pacificamente” em Babylon
auxiliado pela divindade principal
daquela cidade: Marduk. No texto do
cilindro, ele pede ajuda a Marduk para
si e seu filho, Cambises II.
Cilindo de Ciro

“Marduk mandou Ciro marchar até sua cidade, Babylon. Ele se


juntou a Ciro no caminho para Babylon e, como um companheiro e
amigo, marchou a seu lado. Seu vasto exército, como a água do rio, não
podendo ser conhecido, marchou a seu lado completamente armado. Ele
o fez entrar em sua cidade sem luta ou batalha; ele salvou Babylon da
dificuldade. Ele entregou Nabonido, o rei que não o reverenciou, em
suas mãos.”
Esse primeiro texto do cilindro, assemelha-se com o que encontramos em Is 44,28 –
45,4, onde Ciro é interpretado como aquele que foi enviado por YHWH para
restaurar o Templo de Jerusalém:

“Assim diz YHWH: [...] ...que digo a Ciro: “Meu pastor”. Ele cumprirá toda a
minha vontade, dizendo a Jerusalém: “Tu serás reconstruída”, e ao Templo:
“Tu serás restabelecido”. Assim diz YHWH ao seu ungido (ַ‫ ָמ ִׁשיח‬- mashîah), a
Ciro que tomei pela destra, a fim de subjugar a ele nações e desarmar reis, a
fim de abrir portas diante dele, a fim de que os portões não sejam fechados.
Eu mesmo irei na tua frente e aplainarei lugares montanhosos, arrebentarei as
portas de bronze, despedaçarei as barras de ferro e dar-te-ei tesouros ocultos
e riquezas escondidas, a fim de que saibas que eu sou YHWH, aquele que te
chama pelo teu nome, o Deus de Israel. Foi por causa do meu servo Jacó, por
causa de Israel, o meu escolhido, que eu te chamei pelo teu nome, e te dei um
nome ilustre, embora não me conhecesses.” (Isa 44,24a.28 – 45,1-4)
Cilindo de Ciro

“Eu, Ciro, rei do império mundial, rei maior e mais poderoso, rei de Babel, rei
da Suméria e Acádia, rei das quatro margens da terra, filho de Cambises, o
Grande Rei, o rei de Anšan, neto de Ciro, o Grande rei, o rei de Anšan,
descendente de Teispes, o Grande Rei, o rei de Anšan, sêmen eterno da realeza,
cujo governo agradou a Bel e a Nabu e cujo reinado eles desejaram para a
alegria de seus corações, quando entrei pacificamente em Babel e, sob júbilo e
alegria, fixei a sede do Grande Rei no palácio do príncipe.”
A Inscrição
de Behishtun

Aqui são narradas as


conquistas de Dario I.
Tem esse nome por
causa do monte
homônimo, onde está
situada.
Essa inscrição localiza-se numa grande falésia, no atual Irã, no que se
chama “Complexo de Behishtun”, porque foi enriquecido com
outros monumentos, como a grande estátua de Hércules, em época
helênica. A inscrição foi feita em 515 a.C. por Dario I (521 – 486
a.C.). Nela, o rei basicamente apresenta sua linhagem e suas
conquistas e faz isso em três idiomas: persa antigo, elamita e
babilônico. Os três utilizam-se da escrita cuneiforme, mas em formas
e alfabetos diferentes. Embora não pudesse ser lido do chão, o que
foi uma estratégia para que a inscrição não fosse adulterada, ela
representa uma notável abertura para com os povos dominados – os
de língua babilônica e os de língua elamita.
“Eu sou Dario, o rei, o filho de Hystaspes, o Aquemênida, o
Rei dos Reis, o Persa, o Rei da Pérsia...
Então, diz Dario, o Rei: Estes são os países que me ouviram
– estão sob a proteção do deus Ahuramazda, logo eu sou seu
rei: Pérsia, Elam, Babylonia, Assíria, Arábia, Egito, o País
do Mar (sul da Mesopotâmia) Sardis, Jônia, Média, Urartu,
Capadócia, Pártia, Drangiana, Ária, Corásmia, Bactria,
Sogdiana, Gandhara, Cítia, Satagídia, Aracósia e Maka, 23
países no total...”
Esdras e Neemias
Poderíamos estabelecer a seguinte cronologia
para o período pós-exílico:

▪ Zorobabel e Josué em torno ao ano 520 a.C. começam a reconstrução do Templo (Esd 4,24);
▪ Em 515 o Templo está reconstruído;
▪ Em 445 temos a primeira missão de Neemias: reconstrução da muralha e das portas. Ele
permanece em Judá até 433;
▪ Em 432 temos a segunda missão de Neemias;
▪ Em 398 Esdras vem a Judá e proclama solenemente a Lei, marcando o “nascimento do
Judaísmo” (Ne 7,72b – 8,18).
Três teses sobre a atuação de
Esdras e Neemias

• A primeira atuação de Neemias se dá em 445 a.C., como se depreende de


Ne 2,1 (vigésimo ano de Artaxerxes – Artaxerxes I – 465 - 424).

• Ele permanece em Jerusalém 12 anos, até 443 a.C. e empreende grandes


reformas – Ne 5,14.

• Ele se ausenta por um breve espaço de tempo e, depois, retorna a


Jerusalém – no mesmo ano 433 a.C. (Ne 13,6-7).
Três teses sobre a atuação de
Esdras e Neemias

• O modo como o livro está disposto, parece dar a entender que Esdras e
Neemias atuaram conjuntamente. Aliás, Ne 8,9 os apresenta juntos,
quando da promulgação da Lei aos judeus.

• Contudo, nota-se a ausência da menção de Neemias no livro de Esdras,


apenas uma menção em Esd 2,2, mas que não parece corresponder ao
Neemias da missão realizada em 445 a.C.
Três teses sobre a atuação de
Esdras e Neemias

• Do mesmo modo, apenas em Ne 8 Esdras é mencionado e, depois, em


algumas genealogias de Ne 12.

• Além disso, se a missão de Neemias foi de restaurar as portas, as


muralhas e de organizar a vida pública, isso parece logicamente preceder
à promulgação da Lei, tarefa por excelência atribuída a Esdras, sacerdote
e escriba.
Três teses sobre a atuação de
Esdras e Neemias

• Segundo Esd 7,8, sua missão teria se dado no sétimo ano de Artaxerxes,
13 anos antes, portanto, de Neemias. O que não parece corresponder ao
estado que Neemias encontra a cidade e nem a sua completa não
menção da atuação de Esdras.

• Em virtude disso, cogitou-se uma época posterior para a atuação de


Esdras:
Três teses sobre a atuação de
Esdras e Neemias
Em Esd 7,8 se fala que Esdras chegou a Jerusalém no sétimo ano de
Artaxerxes, portanto em 458, treze anos antes de Neemias.

Em 1890 Van Hoonacker propôs que o texto de Esd 7,8 deve ser
compreendido como referindo-se a Artaxerxes II, o que
deslocaria a missão de Esdras para 398.

Em 1957, Pavlovsky propôs que o texto de Esd 7,8 está corrompido, e que deveríamos ler 37º
ano de Artaxerxes I, portanto, no ano 428, durante a segunda vinda de Neemias (tese menos
plausível, porque supõe um texto que não existe)
Os Samaritanos

É dessa época que surge o grupo dos “Samaritanos”. Deve-se ater ao fato
de que existe os “samaritanos” (Shomeronîm - ‫ )שֹׁ ְמרֹׁ נִ ים‬enquanto
habitantes da Samaria, que não necessariamente seguem a fé javista, e os
“samaritanos” (Shomerîm - ‫ )שֹׁ ְמ ִרים‬enquanto grupo religioso que, aos
poucos, desenvolverá uma rivalidade com os judeus de Jerusalém (Jo 4).
Os Samaritanos

Os nomes são bem parecidos: Shomeronîm – samaritanos (2Rs 17,29) e


Shomerîm ou, segundo uma pronúncia antiga, Shamerîm (observantes – da
Lei, da Torá, que eles levaram consigo). Como seria estranho chamar um
grupo rival de “observantes”, os judeus passaram a chama-los
genericamente de “samaritanos”, causando para o leitor moderno uma
dificuldade em diferenciar o gentílico (samaritano) do grupo religioso
(samaritano).
Os Samaritanos

Quem explica sua origem é Flavio Josefo

(37-100 d.C.) na sua obra “Antiguidades Judaicas”.


Os Samaritanos
Acredita-se que os samaritanos enquanto grupo religioso tenham se
formado na época da atuação de Neemias. Um sacerdote casado com uma
mulher estrangeira não teria aceitado as medidas rigoristas, que previam a
proibição dos casamentos mistos. Com isso, ele teria se refugiado, com
outros sacerdotes, em Siquém, na parte da província Transeufratênia
denominada de Samaria. O nome “samaritanos” parece provir, na sua
origem, não da localidade, mas do termo Shamar (observar). Eles se
consideravam observantes da Lei.
Os Samaritanos

De fato, possuíam e ainda possuem uma Escritura, uma forma mais


primitiva do Pentateuco denominada de “Pentateuco Samaritano”. O
Templo no Garizim teria sido construído já na época de Alexandre
Magno. Acredita-se que seja o Templo referido em 2Mc 6,2, profanado
no século II a.C. por Antíoco IV Epífanes e destruído, depois, por
João Hircano (134-104 d.C.). O texto de 2Rs 17,24-41, no entanto,
apresenta uma outra origem, de tom polêmico, para os “samaritanos”.
Parece ser esse o pano de fundo de Jo 4.

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