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A Caça Fantasma Perry Rhodan
Título original:
Gespensterjagd
H. G. Ewers
Revisão:
Delgado
ProjetoTraduções
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A Caça Fantasma Perry Rhodan
Índice
Capítulo 1!.....................................................................................5
Capítulo 2!...................................................................................18
Capítulo 3!...................................................................................30
Capítulo 4!...................................................................................40
Capítulo 5!...................................................................................54
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Personagens Principais
• Perry Rhodan
O Administrador-Geral está pronto para negociar.
• Gucky
O rato-castor pode curar bêbados.
• Dalaimoc Rorvic
Chefe do comando CYD.
• Tatcher a Hainu
O capitão prossegue com a caça fantasma.
• Tobias Kukuruzku-Schulze
Um Cyno-humano.
• Ü’Krantomür
Negociador dos governantes do Enxame.
• Yorgho
Companheiro de Ü’Krantomür.
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A Caça Fantasma Perry Rhodan
Capítulo 1
“Mantenha seus pés imóveis, Capitão Hainu!”, resmungou o albino obeso pelos
feixes de vapor sob mim.
Eu tentava permanecer vivo e ao mesmo tempo diminuir as contrações das
minhas pernas. O elevado teor de umidade do ar levava-me à beira da asfixia.
Eu não conseguia entender como os homens podiam submeter-se, por vontade
própria, às dores de um sudatório.
Para Dalaimoc Rorvic tudo era possível, naturalmente, já que se tratava de
um monstro mutante, mas, além de nós, encontravam-se outros homens
naquela caldeira de vapor, e alguns deles eram homens bastante normais e
amigáveis.
Além disso, o Administrador-Geral parecia achar normal que os
integrantes da tripulação da MARCO POLO ocasionalmente, nos banhos de
vapor do setor de regeneração, suassem as almas pelos poros.
No nível de convés abaixo de mim acontecia algo. O comandante Rorvic
arrastava sua massa gorda. Pouco depois ele soprava em meu rosto o seu hálito
doce de ervas.
“Você está ofegante como um peixe fora d’água, Tatcher. Mas o senhor não
continuará assim. Espere, eu providenciarei um alívio.”
Ele bateu com suas patas molhadas em meu corpo, agarrou um braço e
uma perna e lançou-me, num arco elevado, numa bacia de água fria.
Isso salvou minha vida, apesar de que, num primeiro momento, pensei que
meu coração tivesse parado para sempre.
Quando emergi novamente e lutei para respirar, vi os feixes brilhantes de
energia das armas de radiação cruzando o salão do sudatório. Descargas
esmagadoras entorpeciam meus ouvidos.
Homens gritavam.
Quando vi que a maioria dos feixes de energia apontavam na direção do
lugar de Rorvic, percebi que se tratava de um ataque pernicioso contra meu
chefe. Com um grito de ira, saí da bacia de água fria. Nesse momento,
entretanto, instaurou-se o fogo.
Os compartimentos fecharam-se, então ocorreram, uma após a outra, num
curto espaço de tempo, três explosões abafadas. Claramente os assassinos
haviam atingido a si mesmos.
Eu olhava perplexo para a massa derretida e brilhante que se acumulava
no local onde Rorvic estava. Era improvável que meu chefe tivesse sobrevivido
ao ataque.
Algo materializou-se imediatamente ao meu lado. Os feixes de vapor
iluminaram-se.
“Terrível!”, sussurrou uma voz familiar, a voz do rato-castor Gucky.
Cada vez mais rapidamente, o vapor foi eliminado. Os assassinos haviam
ferido vários homens, mais ou menos gravemente.
Como ninguém trouxera suas armas consigo para dentro do sudatório,
nenhum teve qualquer chance contra os assassinos.
Nem sequer Dalaimoc Rorvic. As portas foram abertas. Soldados e robôs
médicos adentraram. Rapidamente os feridos foram tratados e transportados
dali.
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sempre que ele sobreviveria até mesmo à explosão de uma microbomba atômica
que alguém misturasse à sua comida.”
“Então”, soou uma voz profunda e prolongada, “o senhor queria misturar
uma bomba atômica à minha comida, sua ameixa seca marciana?” Nós nos
viramos, eletrificados. Diante de nós estava a forma gotejante de Dalaimoc
Rorvic. Sua testa estava decorada com uma saliência e ele exalava um cheiro
como o de uma porta aberta de um bar de espaçoporto.
“Mas uma bem pequena, senhor”, respondi, perplexo.
O albino tibetano arrotou violentamente. Seus pequenos olhos fixavam-se
no administrador-geral.
“Por favor, senhor, perdoe o descarrilamento psicológico, mas eu me
materializei em uma cadeira nojenta da cervejaria de bordo.” Ele arrotou
novamente. “Com isso, bati tão forte com a cabeça que fiquei inconsciente.
Então enchi a cara de cerveja.”
Ele fechou os olhos e caiu tão rapidamente para trás que Gucky sequer
conseguiu segurá-lo. O Administrador-Geral ordenou que Rorvic fosse
transportado para a clínica de bordo por dois robôs médicos.
Em outras circunstâncias o ocorrido teria provocado risadas, mas naquele
momento o atentado no sudatório ainda estava muito fresco em nossos
pensamentos.
“Por isso ele retornou tão tarde”, disse Rhodan. Ele olhou seu cronógrafo
de pulso. “Em uma hora e meia cairemos de novo no espaço normal, próximo ao
Sol. Até então, tenho esperanças de que as recentes circunstâncias do atentado
tenham sido esclarecidas. Sabemos agora que em nosso ninho há pelo menos
três ovos da serpente, mas não temos qualquer ideia de quantos ainda existem.”
Olhei involuntariamente para meu cronógrafo de pulso. Eram
22h15min35s do tempo normal, e na Terra escrevia-se 12 de março de 3443.
No entanto, não nos encontrávamos na Terra, mas no espaço interno ao
Enxame, que se arrastava com metade da velocidade da luz pelo espaço externo.
Nós, e ‘nós’ éramos a tripulação da MARCO POLO, e as tripulações de
milhares de outras espaçonaves, deveríamos retornar à inspeção rotineira no
Sistema Solar depois que algumas operações bem-sucedidas fossem conduzidas.
As disputas entre nós e os governantes do Enxame encontravam-se,
naquele momento, num impasse. Havíamos danificado algumas estações de
estimulação na camada interior do campo flexível – e, sobretudo, destruído o
planeta central de comando, Stato.
Como consequência disso, o Enxame não podia mais transitar e, o que
também era importante, o campo flexível tornara-se impermeável, de forma que
os amarelos precisaram desistir de seu parto forçado no interior do Enxame.
Assim, as estações civis de muitos planetas foram poupadas da destruição.
Entretanto, também os governantes do Enxame haviam desferido golpes.
O pior foi que haviam transferido todo o Sistema Solar em 900,82 anos-luz,
trazendo-o para a rota e velocidade do Enxame.
Com isso, o campo de proteção Paratron quase se rompeu. No entanto,
também os planetas do Sistema Solar foram atingidos.
Mas, após as mensagens por hipercomunicador, a humanidade recuperou-
se rapidamente do choque.
Parecia que nenhum dos dois lados poderia, num momento previsível,
atacar o outro de forma decisiva. E também os Cynos pareciam não poder
continuar nos ajudando. Ou eles não queriam revelar seus segredos.
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De repente, parei.
Ali, onde eu colocara a tigela com o picado, bloqueavam minha visão as
costas nuas e molhadas de Rorvic. Eu não vi o que o comandante fazia, mas,
pelos movimentos de sua papada e pelos estalos que se ouviam, foi possível
descobrir a natureza de sua atividade.
Aquela bola de gordura estava, de fato, devorando a comida de Philomena!
No primeiro impulso de raiva, procurei por um objeto rígido, pois seria
capaz de esmagar o crânio de Rorvic, mas então lembrei-me novamente da lata
de spray com o lubrificante.
Ele assobiou baixinho, enquanto eu pulverizava uma camada incolor e
escorregadia no chão, atrás do comandante. Depois de guardar a lata
novamente, inspirei profundamente e disse:
“Senhor!”
“Sim?”, murmurou Rorvic com a boca cheia.
“Venha rápido!”, chamei. “Philomena!”
Dalaimoc Rorvic virou-se e deu um passo em minha direção. No instante
seguinte, suas pernas voaram para frente. O comandante caiu sentado, de forma
brusca e escorregou como uma flecha pelo quarto.
Ele parou no meio do bar de vidro, e quando o tilintar, os crashes e
estrépitos pararam, Dalaimoc tentava sair da montanha de cacos, bufando.
Seus olhos vermelhos cintilavam para mim de forma mortal.
“Eu poderia ter me cortado todo, seu diabo de areia marciano!”, gritou ele.
“Em glassite não cortante, senhor? Isso dificilmente seria possível. Mas,
tão rapidamente o senhor realmente não precisava vir.”
“Também tive essa impressão. Então, o que aconteceu com Philomena,
capitão Hainu?
“O senhor comeu quase toda sua comida, senhor!”, esclareci de forma
reprovativa. “Ela precisa dela com muita urgência, no momento.”
“Onde ela está?”, a voz de Rorvic soava como um trovão.
“No terraço, senhor”, respondi.
Enquanto o comandante se dirigia ao terraço, peguei o pote parcialmente
cheio e apressei-me atrás dele, pelo menos eu quis fazer isso, mas teria
conseguido, não fosse a camada escorregadia invisível. De forma abrupta, caí no
chão e escorreguei, apesar de tentar um giro de frenagem.
Rorvic ouviu o golpe com que caí sentado. Ele virou-se, uma expressão
zombeteira no rosto.
No instante seguinte, colidi nele. O pote de comida voou das mãos
erguidas e atingiu o rosto de Rorvic. Nós caímos, e minha cabeça rugiu como
um sino, enquanto ele bateu na parede de vidro blindado do terraço.
Quando voltei a pensar de forma razoavelmente clara novamente, deparei-
me com uma situação peculiar:
O enorme e gordo albino estava deitado, de costas, esticava os quatro
membros e tremia-se todo numa risada penosa e contida, enquanto Philomena
lambia o picado de seu rosto e de sua orelha, com sua língua áspera.
Eu ri, mas parei imediatamente, quando uma dor pungente percorreu meu
crânio. Bem acima da orelha direita, senti uma forte pulsação.
Meu inconsciente deve ter “emitido” um grito de socorro, pois, poucos
segundos depois, Gucky materializou-se no meio do quarto adjacente.
O ilt tocou o chão, foi como que arrastado por uma mão imaginária e
desmaterializou-se perto de minha cabeça.
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“Na verdade, eu esperava que o senhor ficasse ao meu lado, Toby. Mas
amizades verdadeiras provavelmente não existem mais no Universo.”
O Mago colocou uma mão sobre meu ombro.
“O senhor não deve dizer isso, Tatcher. Eu não pude ficar ao seu lado
porque, após o fim da conferência com Gucky na MARCO POLO, eu precisei
teleportar-me para buscar algo.”
Gucky mostrou seu dente de roedor e ergueu um saco.
“Sementes de cenoura, Tatcher! Eu as lançarei em um planeta do Enxame
para que a cenoura possa fazer sua marcha triunfal por todos os planetas desta
pequena galáxia.”
“Por que isso seria bom?”, perguntei.
“Como as negociações com os habitantes do Enxame iniciaram-se”, sibilou
o rato-castor maliciosamente, “certamente chegará o dia em que teremos paz
entre nós. E em algum momento no futuro eu baterei nos portões do Enxame
como turista pacífico – hã, e então seria naturalmente muito bom que eu
pudesse comprar cenouras frescas em muitos planetas.”
Eu engoli e olhei para Tobias. Então apontei para o ilt e perguntei:
“Ele foi pisoteado na cauda por um brontossauro, Toby?”
“Não, ele está falando muito sério”, respondeu Kukuruzku-Schulze. “Gucky
inclusive utilizou sementes com estabilizadores de reprodução, a fim de que as
espécies também se mantenham em planetas inabitados.”
“Como você pode estar surpreso!”, disse o rato-castor. “Os futuros
governantes do Enxame serão cenouras da espécie gigante de Vênus.”
“Genial!, ele revidou, estarrecido. “Os Ídolos, de fato, também comem
cenouras?”
Pontualmente, no dia 15 de março de 3443 no tempo terrano, às 9 horas
do tempo-padrão, a EX-4355, com o sonoro apelido de KONG-KONG, foi
erguida por um campo estelar pentadimensional para o céu nublado sobre o
imenso deserto de Gobi.
Antes que tivéssemos embarcado na nave de exploração, houve algumas
piadas sobre seu apelido por parte dos técnicos ignorantes. Em seguida, o
comandante Mart Hung-Chuin apontou, com um sorriso educado e voz suave,
que KONG-KONG não tinha nada a ver com um conhecido “King Kong”, mas
com o mito fundador dos chineses, que seria um monstro com corpo de
serpente e rosto de humano, que teria governado a Terra em seu início.”
Voamos conforme o planejado para a escotilha de estrutura Gama e
abandonamos a proteção até então imbatível do campo de proteção Paratron.
Trinta cruzadores pesados formavam nossa escolta. Eles deveriam acompanhar-
nos até o ponto no espaço interno ao Enxame em que apanharíamos o
parlamentar dos Ídolos.
No entanto, não foi necessário que atacassem em nossa defesa. Os Ídolos
haviam recuado com sua formação de vigilância ainda mais. Nós víamos as
formações em forma de cachos de uva nas telas de localização. Elas estavam
completamente paradas no espaço, em relação ao Sistema Solar.
Com uma curta manobra linear, a KONG-KONG distanciou-se noventa
anos-luz do campo de proteção Paratron de nosso sistema de origem. Quando
caímos de volta ao espaço normal, nossa localização detectou uma típica nave
cilíndrica dos chamados demônios negros. Entretanto, ela não havia projetado
sua cúpula de cristal e nós não havíamos sido importunados por forças
psiônicas.
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Tobias Schulze estava deitado sobre uma grade curvada que brilhava
levemente. A luz fria girava em torno de seu corpo musculoso.
O barulho rouco de um dispositivo de controle mostrava a passagem de
energia paramecânica.
Fellmer Lloyd e o rato-castor haviam estabelecido conexão íntima com
Balton Wyt e Merkosh, o Vítreo.
Eles sentavam-se no chão, os olhos fixamente direcionados para Tobias.
Era preciso olhar com atenção para perceber que eles respiravam.
Eu fui à grade, bati na barriga do Mago e quis dizer algo. O quê, já não me
lembrava mais.
O contato corporal rasgou-me em pedaços, isto é, a consciência foi
arremessada de forma explosiva para fora do corpo. No momento seguinte ela
se arrastou pelas dobras de um cérebro estranho. Algo se escondia de “mim”.
Tateei timidamente ao meu redor, encontrei um ponto de contato, grupos
funcionais descoordenados e as interligações para um corpo.
Eu consegui abrir as pálpebras do corpo e, com a ajuda dos estrangeiros –
mas não estranhos – ver olhos.
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Eu brilhei.
Eu tinha todos os motivos para tal. A simples vista era suficiente para me
compensar por todas as frustrações anteriores da minha vida.
A moça era um pouco menor que eu, esbelta, flexível, morena, de cabelos
negros e olhos dourados e com a pele quase sem poros de uma marciana da
classe-A.
“Olá, bruxa da poeira!”, sussurrei.
Nós nos olhamos fixamente durante um minuto, e então eu me aproximei
dela, e nós envolvemos com as mãos nossos antebraços.
“Eu sou Tatcher a Hainu, capitão do Comando CYD”, esclareci. “Por que
nós nos encontramos somente agora?”
“Pergunta padrão número dois”, devolveu ela. “Porque até então você
nunca viera ao meu escritório atrás de açúcar em cubos. Eu sou Caruh a Vacat e
igualmente capitã, apenas em um lugar não tão exposto como você.”
“Então uma Vacat!”, disse eu. “O destino realmente lhe quis mal, pois até
agora eu girei por todos os cantos da galáxia, sem que a tenha visto. Além disso,
conheço sua família.”
Caruh riu luminosamente.
“Então, agora nos conhecemos, Tatcher.” Ela ficou séria. “Você me agrada.
Já tem um contrato?”
“Não, mas talvez eu dê entrada em um. Pois você me agrada também.”
Nós dois rimos, embora não houvéssemos brincado de todo. Marcianos da
classe-A formam pares como membros de uma família, e geralmente fecham
seus contratos de matrimônio entre si.
“Infelizmente tenho de ir ao Rathskeller para participar das negociações
com Ü’Krantomür, esclareci. “O açúcar em cubos é para o cão do Ídolo.”
Ela se soltou de mim.
“Eu não sabia que ele havia trazido consigo um cão, Tatcher.”
“Não é bem um cão, mas uma centopeia-lagarta-lesma com o belo nome de
Yorgho.”
Caruh abriu uma gaveta da escrivaninha, retirou um pacote de açúcar em
cubos e o deu a mim.
“Então tenha atenção, para que Yorgho não lhe devore, Tatcher. Quando
nos veremos de novo?”
“Eu entrarei em contato com você assim que puder, Caruh.”
“Eu queria beijá-la, mas ela se arrancou de mim com a flexibilidade de um
gato.
“Quando você retornar”, disse ela rindo. “Nós não queremos acender um
fogo junto ao qual nós não podemos nos aquecer.”
Eu tive de rir.
“Compreendido. Eu estarei com muito frio quando retornar.”
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torturar um marciano. Eles não recuavam frente a nada. Um deles queria até
mesmo “confiscar” a porção de açúcar em cubos.
Eu atirei com o paralisador em sua barriga, o que perturbaria
consideravelmente sua digestão por algum tempo.
Depois disso fui deixado em paz.
Tive de entregar minhas armas na antessala do Michelangelo Hall, e então
um robô introduziu-me no salão.
O lugar tinha cinquenta metros de comprimento e trinta de largura. As
paredes eram decoradas com obras de arte videográficas que mostravam cenas
marcantes da história cósmica do Império Solar. O teto era arqueado e brilhava
em azul pálido.
Além de Perry Rhodan e dos mutantes do grupo especial, eu vi reunidos o
lorde-almirante Atlan, o marechal de Estado Bull e cerca de vinte cientistas e
militares, na mesa com forma de ferradura. Rhodan e Ü’Krantomür sentavam-
se de frente um para o outro, Yorgho estava agachado atrás da cadeira do Ídolo.
Como eu não considerava o momento adequado para alimentar o animal
com os cubos de açúcar e o robô de serviço puxou-me uma cadeira,
primeiramente tomei lugar na mesa.
As negociações não haviam ainda sido iniciadas. Enquanto Ü’Krantomür
ingeria uma refeição impossível de se definir para mim, conversava
informalmente.
Pouco depois de mim, Orana Sestore foi introduzida. Eu me levantei e fiz
uma profunda reverência a ela. Desde que eu a havia conhecido durante a ação
de retorno das frotas no setor das Plêiades, ainda não nos havíamos encontrado
novamente.
Eu nutria um grande respeito pela mecânica-hiperdim e cosmonauta, a
qual havia perdido seu marido e sua filha de cinco anos durante a fase de
imbecilização.
Quando tomou lugar à mesa, ela e Perry Rhodan trocaram um olhar, e não
me passou despercebido que se tratava de um olhar completamente apaixonado.
Veja só!, pensei. Eu quero viver durante um ano comendo alpiste, se os
dois não estão apaixonados!
Algo sucedeu atrás da minha cadeira, e então de modo inequívoco,
sussurrou o rato-castor Gucky:
“Bloqueie melhor seus pensamentos, seu galo apaixonado! De você e
Caruh, por mim, toda a humanidade pode vir a saber, mas se Perry interceptar
seus pensamentos sobre ele e Orana, o amor crescente e inconsciente será
sufocado já na delicada semente.”
Minhas orelhas ficaram quentes.
“Desculpe-me, Gucky”, sussurrei.
“Sem problemas, Tatcher”, sussurrou de volta o ilt.
Ele teleportou-se para trás de um almirante de ombros largos e foi de volta
para o seu lugar.
Enquanto isso, o Ídolo havia terminado sua refeição. Robôs servos
limparam tudo e serviram refrescos.
Ü’Krantomür fez uma reverência e disse a Rhodan:
“Eu sugiro que nós comecemos com as conversas, administrador-geral.”
Ele disse de modo realmente cortês!
Perry Rhodan ergueu a mão. Um gongo eletrônico ressoou.
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Ele indicou para a esquerda. Eu pressionei os olhos para ver o que ele
queria me mostrar. Mas não vi nada além de uma pequena e trêmula mancha
preta, que dançava no ar a cerca de oitocentos metros de distância.
“Por que eu deveria ir para lá?”, perguntei. “Quero ir para a KONG-
KONG.”
“De lá se vai à KONG-KONG”, explicou o mago.
“Ele foi à frente e eu o segui, embora eu não soubesse mais se isso era um
sonho ou realidade. Algo era certo: a paisagem não tinha a menor semelhança
com a paisagem de Mercúrio. Ela parecia, antes, a paisagem de uma das poucas
reservas naturais terrestres.
A grama era até mesmo real – como parecia – e ela crescia notoriamente
em terra de verdade, e não em uma das soluções nutritivas esguichadas por uma
esponja artificial. Claramente, seres humanos não provinham daqui em
absoluto, em parte alguma havia lixo.
Inúmeros insetos zumbiam rente sobre gramíneas resplandecentes e
pequenas flores. Eles esquivavam-se quando eu chegava perto, mas não se
comportavam nem temerosa, nem agressivamente.
“Onde estamos nós?”, perguntei ao mago.
“Eu não sei”, devolveu Tobias. Sua voz estava levemente trêmula. “Eu sei
apenas que nós devemos nos apressar se quisermos chegar algum dia à KONG-
KONG.”
O medo tomou conta de mim, sufocando-me. Eu suspeitava que nós nos
encontrássemos em uma zona proibida aos homens.
Nós esgueiramo-nos por um paraíso, o qual ou os homens não conheciam,
ou haviam repudiado.
Então, Kukuruzku-Schulze permaneceu imóvel, agarrou minha mão e
murmurou algo incompreensível.
A mancha negra e dançante pareceu explodir. Impiedosamente, ela
rompeu o ambiente paradisíaco. Tobias me empurrou violentamente para frente
e no momento seguinte nós estávamos abaixo do corpo esférico da nave
exploradora.
Eu acionei o telecomunicador de braço e chamei:
“Olá, KONG-KONG! Aqui fala o capitão a Hainu. Por favor, abram a
comporta de solo para que eu possa entrar a bordo.”
Em resposta, as escotilhas da central de apoio moveram-se. Eu queria
entrar, mas Tobias puxou-me bruscamente para trás. Então ele saltou para
frente, o desintegrador à mão.
Eu corri atrás dele e vomitei quando vi os horríveis restos mortais do
guarda da comporta. A roupa de proteção espacial permanecera intacta, mas da
abertura cervical do traje escorria uma massa pálida com aparência gelatinosa.
“Ü’Krantomür está a bordo!” gritei em completo pavor e corri para o
próximo elevador.
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Sem prestar atenção aos gritos de Toby, corri para o andar de suprimentos,
onde se encontrava a sala de Caruh.
A escotilha não se abria, embora eu pressionasse repetidamente a
campainha. Furiosamente resoluto, puxei o emissor de impulsos do coldre e
disparei na tranca, partindo-a em pedaços. Então abri a escotilha.
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Eu vi que Caruh e eu nos agarrávamos, mas nós dois não nos sentíamos
como se esta circunstância fosse de se apreciar. Nós colocamo-nos de pé,
suprimimos as dores sinalizadas por diversas partes do corpo e olhamos ao
redor.
Os quatro operadores de rádio se recompunham naquele momento. Um
deles tinha o olho roxo, o outro, o nariz sangrando, e os outros dois seguravam a
mesma parte do corpo com que eu havia pousado rudemente. Fora isso, tudo
parecia estar em ordem.
Eu acionei o sistema geral de comunicação e disse:
“Capitão a Hainu à central principal. O que ocorreu?”
“Aqui fala o comandante”, respondeu uma voz familiar. “O fenômeno
observado não teve nada a ver com o Ídolo. Teve a ver com um tremor
completamente normal, que agitou essa parte de Mercúrio. Nisso a KONG-
KONG foi empurrada alguns metros para cima e pousou novamente na
plataforma amortecedora. Câmbio.”
Eu olhei para Caruh.
“Até mais tarde então, querida. Caçarei o Ídolo fantasma, e então entrarei
em contato com você.
“Isso é o que você pensa, Tatcher!”, protestou Caruh. “Eu o acompanharei.
Afinal, eu já atingi Ü’Krantomür uma vez na fuga.”
Eu relutava em levá-la comigo, implorei a ela – nada ajudou. Caruh a
Vacat permaneceu obstinada.
Depois que Caruh se despedira dos comandantes, nós pedimos no depósito
que nos entregassem trajes de luta pesados. Eles dispunham de agregados para
a estrutura do escudo Paratron, por meio do qual nós nos tornamos inatacáveis
por uma ligação de proteínas.
Quando nós quisemos deixar a KONG-KONG, descobrimos que a nave
havia se envolvido durante este tempo em um escudo Paratron.
“Todas as outras naves de Mercúrio também receberam, entrementes,
ordem de se proteger com o escudo Paratron contra o Ídolo”, explicou-nos o
comandante. “Infelizmente, não são todas as estações capazes de se envolver da
mesma forma em um escudo Paratron, de modo que Ü’Krantomür encontrará
novas vítimas.”
“E se ele se encontrar exatamente dentro de uma nave espacial?”,
perguntou Caruh.
O comandante deu de ombros.
“Então ele tentará desativar os projetores-PT e talvez ele seja capturado lá.
Eu bati com o punho direito na palma da mão esquerda.
“Então eu gostaria de estar lá. Por favor, abra um buraco estrutural para
nós.”
“Somente quando o senhor tiver deixado a nave”, devolveu o comandante.
“Eu não gostaria de modo algum que Ü’Krantomür usasse a chance e penetrasse
em nossa nave.”
Isso, evidentemente, tampouco Caruh e eu queríamos. Dez minutos depois
nós nos encontrávamos fora da KONG-KONG e voávamos em altitude reduzida
sobre a superfície de Mercúrio.
O último tremor havia rachado o chão em diversos lugares. Aqui e ali
rebentavam de pequenas crateras nuvens fervilhantes. Das fendas borbulhava
magma líquido e se acumulava nos declives formando pequenos lagos, nos quais
as substâncias pesadas afundavam após pouco tempo.
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“Ele tem medo”, murmurei, “de que alguém mais entre furtivamente. Não
é de se rir?”
“Fique quieto, por favor!”, ordenou Rhodan.
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“Atenção!”, algo chiou baixo ao meu ouvido. “Aqui fala Gucky. Requer-se
confirmação!”
O chiado vinha de um elemento microscopicamente pequeno de hidróxido
de hovalgônio, o qual fora disparado em alta pressão no osso do crânio. O
elemento captava os impulsos do hipercomunicador recebidos das antenas do
satélite, fortalecia-os e os convertia em oscilações normais, as quais causavam
sobre osso do crânio vibrações no líquido auricular, as quais, por sua vez,
excitavam as extremidades dos nervos do ouvido, por meio dos quais a
mensagem adentrava a consciência.
O Administrador-Geral e eu evidentemente não podíamos responder ao
chamado de Gucky com palavras, pois elas seriam ouvidas pelo Ídolo – e a
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Uma pequena vibração correu pelo satélite. Ao mesmo tempo, ouvi algo
que soava como um surdo bater de tambores.
“Ü’Krantomür disparou mísseis-PT”, disse o administrador-geral.
“Como eu o aconselhei”, disse eu deprimido. “Enquanto isso, os
pressupostos se modificaram em seu favor. Temo que meu jogo causará à
humanidade mais dano que benefício,
“É o nosso jogo”, esclareceu Rhodan.
Eu suspirei. Perry Rhodan era um grande homem, de modo algum
comparável a Dalaimoc Rorvic. Eu jamais poderia ser de fato mau com Rhodan.
Talvez isso fosse decorrência de que todos soubessem que Perry Rhodan jamais
o abandonaria somente pelo fato de que ele havia cometido um erro.
Rhodan riu abatido.
“O seu rosto revela seus pensamentos, Tatcher. Desde quando o senhor é
tão transparente?”
Eu senti como se minhas orelhas tivessem ficado quentes e vermelhas.
“Eu gostaria de saber quais sintomas ocorrerão nos lugares do escudo
Paratron, que envolve o sistema, onde os mísseis-PT colidirão”, murmurei e
liguei o localizador de energia.
Para o meu espanto, Ü’Krantomür não o evitou.
A tela do localizador de energia ficou clara, mas os valores indicados me
diziam pouco.
“Talvez Ü’Krantomür não tenha mais nada contra uma observação ótica
direta”, disse o Administrador-Geral e ligou o sistema-AO na mesa de controle.
A tela da galeria panorâmica brilhou.
Eu avistava a superfície de Mercúrio manchada em vermelho e negro, com
erupções de lava, as quais se mudavam como convulsivos e tremidos corpos de
serpente incandescentes.
Minha vista migrou do planeta próximo ao sol, dirigiu-se à corrente
incessante, semelhante aos fenômenos de luz do rádio, as quais partiam do
satélite de vigilância e pareciam concentrar-se em um ponto longe dali.
De repente, apareceu distante uma mancha clara. Ela pulsava por um
momento e então se estendia com um golpe a um ponto tão longe que parecia
preencher todo o universo.
Por todo o lado a bordo do satélite irrompiam alarmes de campo. O ar
cheirava fortemente a ozônio e queimava nas mucosas. Dentro da central
principal, os contornos dos objetos mudavam com rápidas consequências.
A tela da galeria panorâmica parecia transformar-se em chumbo líquido, o
teto dissolveu-se em gotas grossas e negras, as quais, lentamente, flutuavam
para baixo e aos poucos transformavam o chão em um lamaçal.
No meio deste inferno brilhou de repente uma faísca dourada, tornou-se
um tipo de bolha de sabão do tamanho de um punho, na qual se movia uma
figura – apesar da distorção, uma figura muito bem conhecida.
Pouco depois, a “distorção” havia desaparecido, e a figura estava à minha
frente em tamanho natural.
Dalaimoc Rorvic!
“O senhor tem a mesma aparência enrugada de antes”, disse o gordo
albino.
Ele virou-se e fez uma saudação ante o administrador-geral.
“Senhor, Comandante CYD Rorvic apresenta-se de volta ao serviço. E,
diabos!, onde estamos nós?”
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pura felicidade?! Há coisas que se precisam fazer, ainda que se tenha aversão a
elas.
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Meu coração batia até a goela quando a porta da parte inferior da KONG-
KONG aterrissou.
“Você parece um candidato em exame que sujou as calças”, zombou
Dalaimoc Rorvic.
“Exijo ser tratado por ‘senhor’!”, gritei a ele. “O senhor anteriormente
integrou parte constitutiva de um escudo Paratron!”
“Quietos, quietos!”, disse Perry Rhodan atrás de nós. “No fundo os
senhores estão ambos felizes por estarem juntos novamente.”
“O tempo sem o comandante Rorvic foi de relaxamento”, disse eu. “Agora
já espero por tempos terríveis.”
O gordo albino sorriu ironicamente.
“A razão é que capitão Hainu deve trabalhar comigo, senhor”, disse ele ao
administrador-geral. Mais uma vez o monstro menosprezava o meu nome.
“Ha!”, disse eu. “Como se durante a ausência do senhor eu não houvesse
trabalhado, comandante Rorvic! E como eu trabalhei! Senão o senhor ainda
estaria suspenso no escudo Paratron, como Sófocles na Pedra da Águia.”
“Não foi Sófocles, e sim Winnetou”, respondeu firmemente Dalaimoc
Rorvic. “E não foi a Pedra da Águia, mas sim a mina de prata.”
Rhodan riu sem que eu visse motivo para tal. Pois não se ri quando se é
iludido por Dalaimoc Rorvic. O primeiro oficial de artilharia da nave
exploradora chamava-se realmente Prokofjew, e ele certamente não era
compositor, mas colecionava em seu tempo livre insetos extrassolares.
Nesse momento veio à minha mente que eu não havia tentado arranjar
flores – e isso, apesar de que nós queríamos nos registrar como partes do
contrato de casamento.
“Sem preocupações, Tatcher”, murmurou Dalaimoc Rorvic ao meu lado.
Ele abriu minha mão direita e pressionou algo nela.
Quando eu a abri novamente, segurava um enorme buquê de magníficas
rosas vermelhas sob uma embalagem a vácuo transparente. “Obrigado, Dalai!”,
murmurei agradecido.
Novamente eu estava distraído, quando, em frente ao elevador vizinho,
Orana Sestore surgiu. Ela riu para o Administrador-Geral – e Rhodan inclinou-
se até embaixo para beijar sua mão.
“Talvez Dalaimoc precise em breve arranjar um segundo buquê de rosas”,
murmurei para mim mesmo.
“Certamente”, disse Caruh, e aninhou-se junto a mim. “Ao menos um por
ano, Tatcher.”
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Eu fechei os olhos.
Belas perspectivas abriam-se ali – mas junto com Caruh, eu certamente
iria superar tudo. Afinal, viemos os dois de famílias marcianas da classe-A...
FIM
O TEMPO MUDA
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