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ALARMA GALÁTICO
autor
KURT MAHR
Tradução de
RICHARD PAUL NETO
Digitalização
VITÓRIO
Revisão
ARLINDO_SAN
O impossível acontece! Num
ataque de surpresa, as
superpotências terrenas destruíram,
na superfície lunar, a nave dos
arcônidas, uma raça semelhante aos
homens, que domina um grande
império galático.
Apenas dois arcônidas
sobreviveram ao ataque e
encontram-se em segurança junto a
Perry Rhodan, o homem que
descobriu a nave dos arcônidas e,
com o auxílio dos recursos
tecnológicos infinitamente
superiores dos mesmos, formou a
Terceira Potência. Perry Rhodan
impediu a guerra mundial que há
tanto tempo ameaçava a
humanidade. E agora, quando um
novo perigo, vindo do espaço
cósmico desencadeia o Alarma
Galático, mais uma vez a Terceira
Potência realiza uma intervenção
decisiva.
= = = = = = = = = = Personagens Principais: = = = = = = = = =
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O’Healey disse:
— Lá em cima, no décimo quinto andar, aconteceu uma
coisa estranha, senhor. Alguém fez o elevador descer lá, mas
quando os guardas o examinaram, não havia ninguém.
Mercant ergueu o olhos.
— Não havia ninguém? O que diz Zimmermann?
— O capitão Zimmermann chamou alguns especialistas que
deverão procurar impressões digitais e não sei mais o quê no
interior da cabina.
Mercant levantou-se.
— Levarão três meses para examinar todas as impressões
digitais. Onde foi mesmo que isso aconteceu? No décimo quinto
andar?
— Sim, senhor.
— Venha comigo. Vamos subir até lá.
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Na noite daquele dia, Rhodan teve uma palestra muito
estranha. De tarde, o capitão Klein transmitira a informação de
que nos três blocos de superpotências da Terra estavam sendo
realizados preparativos para um alarma nuclear, a fim de que as
áreas sujeitas a ataque pudessem ser evacuadas em poucas horas.
Rhodan ficou satisfeito ao saber disso. A partir da localização
ótica das naves robotizadas, que sem dúvida estariam imunes à
localização pelo radar, tal qual a nave auxiliar, ainda passariam
algumas horas até que descobrissem o que havia acontecido na
Lua e iniciassem o ataque à Terra.
À noite, recebeu a visita de Thora. Era a primeira vez que
ela entrava em seu camarote.
Rhodan ficou perplexo, tão perplexo que ela notou.
— É de admirar, não é? — disse Thora com uma ponta de
ironia.
— É verdade! — confirmou Rhodan. — O que a traz aqui?
— Quero fazer-lhe uma proposta.
Rhodan apontou para uma poltrona.
— Queria sentar. Não imagina que prazer sinto ao ouvi-la.
Thora entesou o corpo, mas não havia o menor tom de
zombaria nas palavras que ouvira. Sentou na poltrona que Rhodan
lhe oferecera e reclinou-se profundamente.
— Dentro de cinco ou seis dias — principiou Thora — seu
belo sonho da humanidade unida e da herança do Império
Galático terá chegado ao fim.
Rhodan não a interrompeu, embora não concordasse com
ela.
— Dentro de poucos dias — prosseguiu — nossos
cruzadores robotizados chegarão, descobrirão as causas da
destruição de nossa nave e transformarão a Terra num montão de
rochas altamente radioativas — a Terra e todos que vivem nela.
Existem algumas pessoas que merecem ser salvas da catástrofe.
Você é uma dessas pessoas.
Rhodan sobressaltou-se. Inclinou o corpo para a frente,
como se pudesse perseguir as palavras para voltar a introduzi-las
no ouvido.
— Eu?
Thora confirmou com um gesto enfático.
— Sim, você. Talvez ainda seu companheiro Bell, que
também recebeu nosso treinamento, e Haggard, que sabe curar a
leucemia, e finalmente Tako Kakuta, por causa de suas
faculdades extraordinárias. Ofereço-lhes a salvação. Minha
posição de comandante de uma nave exploradora me dá esse
direito. Irão a Árcon conosco e lá encontraremos uma maneira de
aproveitá-los.
Rhodan começou a desconfiar do que havia atrás disso.
— Por que acha que justamente nós merecemos ser salvos?
— perguntou.
— É por causa das faculdades que possuem — respondeu
Thora prontamente. — Representariam uma aquisição valiosa
para o Império. Poderiam ser utilizados em setores nos quais é
necessária uma boa dose de energia. Dispõem dos conhecimentos
necessários. Ainda poderíamos transmitir esses conhecimentos a
Tako e Haggard.
Rhodan ficou em silêncio.
— Será que não pensa em utilizar-nos para criar uma nova
raça?
Thora não percebeu o tom de sua voz.
— Não acredito — respondeu Thora com voz mais fria que
antes — que qualquer mulher arcônida se prestasse a manter
relações com um ser terreno.
Rhodan confirmou com um movimento de cabeça e
esperou.
Thora dispunha de uma extraordinária reserva de paciência.
Levou uns quinze minutos para perguntar:
— Então?
Rhodan levantou-se. Foi para junto da tela que substituía a
janela e olhou para a imensidão de areia do deserto de Gobi. As
estrelas espalhavam um brilho mortiço e produziam sombras
difusas, que faziam os sulcos feitos pelo vento parecerem mais
fundos do que realmente eram.
— Ouça, Thora! — disse depois de algum tempo. — Para
mim, uma mão de areia deste deserto vale mais que todo o seu
império podre. Não tenho o menor interesse em ocupar um cargo
mais ou menos importante nele. A única coisa que me preocupa é
a Terra. Quer saber por quê?
Girou sobre os saltos dos sapatos.
— Não teremos de esperar muito; apenas uns trezentos ou
quatrocentos anos, que afinal não representam nada em
comparação com o longo caminho que trilhamos desde a Idade da
Pedra, para que o monturo do seu império nos caia nas mãos em
troca de nada. Não serei eu quem vai ensinar aos arcônidas os
truques através dos quais poderão perturbar o progresso da
humanidade terrena. Perturbar, não impedir.
Deu dois passos em sua direção.
Thora sentiu-se tomada por uma fúria cruel. Quis sair para
deixá-lo falando só, mas aquela voz a prendia. Foi a primeira vez
que Rhodan, sem que o soubesse, colocou nas palavras dirigidas à
mulher toda a força de persuasão que lhe fora conferida pelo
treinamento hipnótico.
— Preste atenção — prosseguiu. — O que acontecerá se
não conseguirmos rechaçar suas naves robotizadas? Atacarão a
Terra e a destruirão. Mas sempre sobrarão alguns homens —
cem, mil, dez mil ou um milhão, pouco importa. Esses homens
nunca se esquecerão do que aconteceu aos demais. Cuidarão para
que nada de semelhante aconteça a eles ou aos seus descendentes.
Acho que você ainda não conhece a energia que possuímos.
Dentro de dois mil anos a Terra voltará a ser o que é hoje. E o
Império Galático, que já está podre até a medula dos ossos, terá
um inimigo encarniçado nessa Terra. E não haverá a menor
dúvida de como terminará essa inimizade. Até onde atingem
nossas recordações, sempre combatemos nossos inimigos até
matá-los. Nesse caso acontecerá a mesma coisa, e o controle da
Galáxia passará às nossas mãos.
Thora reuniu todas as forças para sair. Mas antes que
atingisse a escotilha, Rhodan voltou a falar, deixando-a como que
pregada ao solo.
— As coisas ainda não chegaram a este ponto. Você sabe
perfeitamente que temos uma possibilidade real de destruir as
naves robotizadas. No início, pensarão que somos sobreviventes
inofensivos da expedição espacial. Talvez até nos recebam a
bordo antes de atacar a Terra. Assim teremos a chance de que
precisamos. A Terra ainda não está perdida; falta muito para isso.
Thora deu mais dois passos. Já se encontrava perto da
escotilha, quando Rhodan deu um grito:
— Pare!
A energia brutal da voz do terreno, que quase chegava a
exercer uma constrição física, causou-lhe dor de cabeça. Virou-se
rapidamente.
Ficou espantada ao ver que Rhodan sorria.
— Aqui na Terra conhecemos casos semelhantes aos seus.
Certas mocinhas criadas em casas ricas e bem cuidadas ficam
apavoradas ao saberem que nem todos vivem como elas e seus
pais; há muita gente pobre que tem de lutar pela vida.
“Você é igualzinha a essas moças. Acha que deve desprezar-
nos só por sermos mais jovens que sua raça. No dia em que você
chegar perto de mim para confessar que nestas últimas semanas
tem sido muito tola, eu lhe direi quanto a amo.
Thora ficou perplexa. Perdeu alguns segundos preciosos
antes de decidir se devia responder ou não.
Finalmente o orgulho venceu. Virou-se abruptamente e saiu.
A insinuação chocara-a mais do que ela mesma gostaria de
admitir. No planeta de Árcon as regras do jogo do amor haviam
sido adaptadas no curso dos milênios aos ditames da inteligência.
Se em Árcon um homem fizesse uma declaração de amor a uma
mulher que pouco antes insultara, isso seria encarado como
sintoma de doença mental.
Apesar da raiva que a dominava, Thora não deixou de
reconhecer que na Terra não se podiam aplicar os mesmos
padrões. Compreendeu que a declaração que Rhodan proferira
naquele instante constituía parte da manobra que engendrara.
Sentiu-se impotente diante desse tipo de ilogismo programado.
Pela primeira vez reconheceu com toda a clareza — e com
todo o pavor que esse conhecimento lhe despertava — a
juventude incrível da raça terrena e as forças espantosas e
assustadoras que se ocultavam detrás dessa juventude.
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