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Sumário

Capítulo 1 .................................................................................................................................................... 9
Capítulo 2 .................................................................................................................................................. 42
Capítulo 3 .................................................................................................................................................. 70
Capítulo 4 ................................................................................................................................................ 103
Capítulo 5 ................................................................................................................................................ 133
Capítulo 6 ................................................................................................................................................ 168
Capítulo 7 ................................................................................................................................................ 193
Capítulo 8 ................................................................................................................................................ 218
Capítulo 9 ................................................................................................................................................ 242
Capítulo 10 .............................................................................................................................................. 266
Capítulo 11 .............................................................................................................................................. 289
Capítulo 12 .............................................................................................................................................. 313
Capítulo 13 .............................................................................................................................................. 341
Capítulo 14 .............................................................................................................................................. 365
Fim... ....................................................................................................................................................... 384
Sobre a Autora ........................................................................................................................................ 385
Sinopse
Mick sabia que se inscrever para executar uma operação de mineração
terrestre seria chato, mas também sabia que o período de dez anos lhe
renderia créditos suficientes para se aposentar. Ela tem seu companheiro
robô para lhe fazer companhia e até fez amizade através de conversas pelo
comunicador, e há meses tem conversado com Sky, sempre que está voando
dentro do alcance. Depois que cumprisse seus anos de contrato, Mick
fantasiava confessar sua verdadeira identidade como mulher e talvez ele se
interesse mais por mais que apenas manter a amizade. Até lá, ela deve seguir
o protocolo mantendo o sintetizador de voz, fingindo ser um homem.

Como especialista dos cyborgs em tudo o que é humano, o trabalho de


Sky inclui conversar com os terráqueos, recolher qualquer informação que
possa levar aos mortais modelos Markus; androides que estão empenhados
em acabar com toda a vida existente. Ele gosta particularmente de conversar
com Mick, um amigável terráqueo estacionado em um planeta de mineração.
Mas Sky recebe o choque de sua vida quando o saúda e descobre que não
apenas seu amigo está sendo atacado por piratas, mas que na verdade “ele”
é “ela”. Mick é a sigla para Mickayla, e ela é totalmente cativante.

Sky sempre quis uma mulher para si próprio, alguém que ele nunca
tivesse que compartilhar com outro cyborg, e Mick é sua. Tudo o que ele
precisa fazer é desobedecer a ordens diretas, abandonar sua missão atual e
resgatar Mick, tudo antes que o conselho possa puni-lo por seus crimes.
Coisa fácil, como diriam os humanos.

Laurann Dohner © Copyright October 2019


Capítulo 1
— Oh, eu estou ferrada. — Mick murmurou, jogando o

soldador e vendo sua obra. Ela girou e pegou sua arma do topo de

uma caixa onde a tinha colocado. A corrida de volta para a sala de

comunicação foi curta. — Computador? Alguma palavra de Drais

Três?

— Negativo. — A voz fria e sintética respondeu. — As

comunicações de longo alcance ainda estão indisponíveis. Não

houve resposta ao sinal de socorro. O satélite pode estar com

defeito. Há uma alta probabilidade de ter sido destruído pelos

ônibus de ataque e a mensagem não foi transmitida.

Suas pernas pareciam ter virado borracha, mas ela trancou os

joelhos para ficar de pé. — Quanto tempo até que o transporte de

suprimentos chegue?
— Dezessete ciclos.

Mick fechou os olhos, consternada. Ela nunca sobreviveria a

tantos dias. Seria um milagre se conseguisse durar uma semana

antes que os piratas encontrassem uma maneira de entrar na sala

do centro de controle. Os canhões terrestres derrubaram três naves

inimigas e ela esperava que as tripulações morressem com o

impacto. Seria apenas falta de sorte que muitos deles tivessem

sobrevivido.

— Quantos sinais de vida você está lendo por aí?

— Quarenta e um. — O computador afirmou claramente.

— Você restabeleceu a conexão com os drones da mina? —

Mick abriu os olhos. — Posso atacar os piratas com eles se eu puder

ganhar controle remoto.

— Negativo. A torre de comunicações da mina não está

respondendo.

O olhar de Mick desviou para as telas. A casa que ela dividia


com Jorg havia sido totalmente destruída por um dos ônibus

espaciais. Os escombros ainda queimavam, e seu amado androide

estava lá dentro. A dor agarrou seu peito com a morte dele, mas ela

tinha um backup de suas memórias e personalidade em um chip

de dados. Seria uma perda temporária até que pudesse comprar

um novo modelo para baixá-lo.

O prédio que abrigava a torre do roteador perto da abertura

da mina também estava destruído. As naves piratas tinham, de

alguma forma, se camuflado para se aproximar o suficiente para

atingir o campo de mineração automatizado enquanto caíam,

mesmo depois que os canhões de terra atacaram seus motores. Foi

por pura sorte que Mick conseguiu entrar na sala de controle

fortemente blindada quando eles atacaram. O edifício reforçado

poderia suportar condições climáticas severas da superfície e até

detritos dos ônibus espaciais.

— Verifique novamente para garantir que todas as persianas

estejam seguras.
— Eles estão se registrando como fechados. Podemos

suportar um tornado da série seis. — Afirmou o computador.

Mick tropeçou para a frente e caiu em uma cadeira, e colocou

sua arma no console enquanto olhava consternada para a

destruição que estava sendo mostrada nas telas. Havia escurecido

do lado de fora nas horas que estava soldando, mas o fogo dos

destroços produzia luz suficiente para confundir os piratas.

— Verifique o tempo. Se uma tempestade atingisse os

monstros agora seria perfeito. Eles não teriam chance de sobreviver

a uma lavadora.

— O tempo está ameno e claro.

— Droga. — Ela apoiou os cotovelos no console e deixou cair

o queixo sobre os punhos enquanto assistia mais formas escuras

entrarem no alcance da câmera. — Qual é a probabilidade de uma

tempestade nos atingir na próxima semana? — As fortes

tempestades de vento que se transformaram em tornados eram

comuns no Velion One, mas houve meses em que as tempestades


estavam inativas no planeta. — Estou procurando alguma

esperança aqui.

— Digitalizando. — O computador parou. — Existe uma

probabilidade de dois por cento.

Eu não vou conseguir.

Essa percepção sombria colocou lágrimas nos olhos de Mick.

Ela morreria em um planeta de mineração.

O pagamento pela supervisão da operação automatizada era

irresistível. Mick consertava drones quebrados ocasionalmente,

mas principalmente tinha que evitar ficar entediada. Jorg a ajudou

a evitar isso.

— Computador, podemos apontar os canhões do céu para o

chão para atingir as formas de vida?

— Negativo. Eles não foram projetados para atingir algo a

menos de cinquenta metros da superfície. É um recurso de

segurança.
Mick levantou o queixo e tocou no console para puxar a planta

do acampamento. Os quatro canhões não estavam perto do seu

prédio, ela teria que sair para reconfigurá-los fisicamente, e isso

seria suicídio. Os piratas entrariam no prédio no segundo em que

abrisse qualquer uma das persianas de metal ou uma das duas

portas externas, as que ela acabara de soldar. Eles a agarrariam

antes que conseguisse pegar as suas armas.

Também seria suicídio se conseguisse abandonar o prédio

para fugir completamente da área. Ela poderia chegar longe o

suficiente para despistar os piratas, mas morreria na primeira vez

que uma tempestade a atingisse. Elas eram chamadas de lavadoras

de roupas devido à maneira como arrastam tudo ao longo da

superfície do planeta. Os ventos fortes e violentos podiam se

afastar alguns metros da terra, jogando pedras do tamanho da

cabeça que cobriam o chão como se fossem leves como folhas.

Se o tempo não a matasse, o calor o faria. E se ela encontrasse

sombra, faltava comida e água.


Estou ferrada de cinco maneiras diferentes até domingo.

Presa. Um pato sentado dentro de um edifício que eventualmente

seria violado.

A arma que possuía só era eficaz até cerca de três metros, o

que não faria nenhuma diferença se subisse no telhado e atirasse

contra os piratas. Mick calculou que o chão estava a pelo menos

dez metros do topo do edifício. Seria uma perda de tempo e energia

dela. Ela até pensou em atirar objetos pesados apenas para distrair

um ou dois, mas eles entendiam rápido, e matar alguns deles não

faria muita diferença. Havia piratas demais.

— Talvez eles sejam estúpidos demais para encontrar

cobertura quando o sol nascer ou eles não terão nada que possam

salvar para cortar as persianas. — Ela murmurou em voz alta.

— Não há probabilidade de os piratas não violarem o centro

de controle antes da chegada do ônibus de abastecimento.

Ativando a tela dezenove. — Afirmou o computador.

Um monitor preto clicou à direita de Mick. A câmera tinha


visão noturna e ele conseguia distinguir facilmente as

características terríveis e mutantes dos piratas mais próximos. Seus

rostos estavam deformados, irregulares e tinham pele caída devido

aos anos de exposição a vazamentos de radiação em seus ônibus.

Três deles não tinham cabelo, mas o quarto tinha alguns caroços

espalhados sobre o crânio. Eles atacaram uma persiana com armas

a laser.

Ela se inclinou para mais perto e viu bolhas no metal, mesmo

com a visão de baixa qualidade.

— Eu estimo que eles violarão o Controle em onze horas, seis

minutos e quatro segundos a partir de agora. O metal se degradará

ao ponto de falha estrutural.

— Eles ficarão sem energia com essas armas.

— São modelos carregáveis de energia solar. Eu adicionei esse

fator no meu cálculo.

Mick queria xingar. — Onde fica isso? Posso soldar metal


atrás daquela persiana para reforçá-la.

— Ativando a câmera dezesseis.

O computador mudou a visão para mais dois piratas

trabalhando na violação de outro obturador externo. Eles também

estavam usando suas armas para cozinhar lentamente o metal para

enfraquecê-lo. Ela assistiu enquanto alguns trocavam de lugar,

permitindo que suas armas recarregassem.

— Ativando a câmera quinze.

Mais três piratas estavam na frente de outra seção de

persianas.

— Não há folhas sobressalentes suficientes de metal externo

de alta qualidade para reforçar as persianas.

— Bem. — Mick ordenou. — Desligue isso. Não quero mais

ver.

Toda a esperança fugiu quando Mick recostou-se na cadeira.

Ela ia ter uma morte horrível.


Piratas espaciais eram humanos que uma vez abandonaram a

Terra em busca de liberdade de um governo opressivo. Aqueles

primeiros exploradores foram proibidos de atracar com os poucos

postos espaciais da época e não foram capazes de consertar suas

naves antigas. Anos expostos a vazamentos da radiação de seus

motores, recicladores de ar defeituosos e morando no espaço

profundo mudaram seus corpos e mentes. Eles atacavam outros

humanos por dinheiro, para se apossar de suas naves e, às vezes,

até por comida. Se eles se deparassem com uma mulher...

Mick estremeceu.

Mick enfiou a mão dentro da blusa para agarrar o chip de

dados de backup de Jorg, que ela usava como colar, enrolando os

dedos em torno dele. Seria um conforto tê-lo em seu corpo quando

chegasse ao fim.

Seu olhar se desviou para a arma. Ela não cairia sem lutar.

Eles a estuprariam brutalmente, e a compartilhariam até ela morrer,

ou pior, a manteriam viva para ser uma criadora.


Histórias horríveis de piratas eram lendárias e documentadas.

Horas se passaram enquanto pensava em todas as coisas que

queria da vida, mas nunca experimentaria. Mick planejara passar

dez anos no planeta de mineração, usando o dinheiro para

prepará-la para a vida na Terra. Ela teria créditos suficientes até

então para durar um século.

Havia até uma fantasia de encontrar um certo capitão do

espaço com quem ela falava a cada poucos meses.

Mick sorriu pensando nele. Seu capitão provavelmente era

careca e feio, mas ele tinha uma voz sexy. O homem era um

transportador de mercadorias de longa distância que passava

algumas horas conversando com ela toda vez que passava dentro

do raio de alcance do planeta.

— Acho que nunca vamos nos encontrar, capitão Husky Voice.

Que pena. Imaginei rastrear você para me apresentar quando

deixasse este lugar. Acho que não era para ser. Provavelmente é o

melhor. A imaginação é sempre muito melhor que a realidade.


Sky franziu o cenho, olhou as leituras. Sua coluna ficou rígida.

Três ônibus espaciais haviam passado recentemente pela área, mas

ele duvidava que algum deles fosse o que procuravam. Os

pequenos traços que os sensores captaram eram específicos para

um tipo de nave...

— Piratas. — Confirmou Onyx. — Eles deixam essas

assinaturas de radiação.

— Eu sei. A trilha mostra pelo menos três naves. Estou

imaginando o que estão fazendo neste setor do espaço. Eles

geralmente evitam isso. Não há nada para roubar ou matar.

— Independentemente disso, não são os ônibus roubados dos

Modelos Markus. Deveríamos continuar nossa busca. Precisamos

encontrá-los e destruí-los.

— Não me incomode. — Sky olhou para o outro homem.


— Nós passamos por aqui todos os meses e nunca

encontramos piratas antes.

— O que te incomoda? — Onyx sorriu. — Sim, eu sei o que

isso significa. Sua preferência pela gíria Terrena está me afetando.

Vê?

Ele sorriu. — Eu ouvi você. — Sua atenção voltou para as

leituras. — Eles não estariam nesse setor sem uma razão. Estou

querendo saber se estão perseguindo alguma coisa. Visar

qualidade aos ônibus espaciais da Terra é provavelmente

irresistível para suas mentes distorcidas. Os modelos Markus

podem ter chamado a atenção dos piratas.

— Suponho que vale a pena investigar. — Onyx deu de

ombros. — Vamos rastrear a trilha de radiação para ver para onde

foram. Não deve demorar mais de uma hora para pegá-los e

descobrir se eles estão seguindo os ônibus roubados. Eu diria que

passaram por aqui dentro há um dia e seus motores estão em

marcha lenta.
Sky assumiu o controle do ônibus espacial e o pilotou em

direção à trilha de radiação. Ele queimou os propulsores para

ganhar velocidade, sabendo que eles facilmente pegariam suas

presas.

Mas o computador não registrou outras embarcações em

sensores de longo alcance. Não fazia sentido para ele.

— É como se eles desaparecessem. — Onyx parecia

igualmente perplexo. — Nós já deveríamos tê-los encontrado agora.

Eles não viajam rápido o suficiente para nos superar.

— Eu sei. — Ele examinou os gráficos... E uma realização

sombria ocorreu. — Eles podem ter pousado em um planeta.

— Não há nada aqui fora.

— Merda. — Sky gemeu. — Existe um planeta semi-habitável.

O Velion One tem condições extremas de superfície, mas há uma

atmosfera respirável.

— O que está sendo minado pela Terra?


— Sim. — Sky aumentou a velocidade.

— O que você está fazendo? Nós determinamos o alvo deles.

Precisamos mudar de rumo e procurar os modelos Markus

ausentes.

— Eu só quero verificar Mick.

— Com quem você mais fala? É um plano ruim, Sky. Ele

também não é a nossa missão. A operação de mineração tem

defesas planetárias, correto?

— Sim. Eu ainda quero checar.

— Não há motivo válido.

— Mick é legal, e nós compartilhamos muitas piadas. Ele é

bom, tanto quanto os terráqueos. Se acalme. Vou dar um alô.

— Não podemos interferir se o seu amigo estiver com

problemas. Essas são ordens do conselho. Você sabe que não

devemos ter nenhuma interação física com os terráqueos. Você

nunca deveria contatá-los sem permissão prévia, mas sua


capacidade de passar como um deles quando fala foi útil. Você

pegou informações importantes. É a única razão pela qual o

conselho permitiu que as regras deslizassem com você.

— Estou ciente, mas gostaria de garantir que Mick esteja bem.

Caso contrário, vai me incomodar.

Onyx balançou a cabeça. — Nós não podemos interferir se o

terráqueo estiver com problemas.

— Eu sei. Pare de se repetir e encha-o. Estou abrindo um canal.

Mick acordou quando a estática explodiu pela sala, surpresa

por ter conseguido adormecer. O estresse a levou à exaustão.

Um barulho encheu a sala, e então uma voz veio através de

um alto-falante, muito distorcida.

— Mensagem recebida, — Afirmou o computador.


— Eu sei. Você pode limpá-lo? Talvez Drais Três tenha

recebido meu sinal de socorro.

— Aumentando a energia. — Reconheceu o computador.

— Mick? — A voz rouca e familiar veio clara, e de repente a

esperança disparou para que ela fosse resgatada. — É o capitão Sky.

Estou lendo uma trilha de radiação de possíveis piratas nesta

vizinhança. Responda.

Ela pulou para frente. — Ative os microfones. — ela exigiu. —

Sky? Você pode me ouvir?

— Eu posso. — Ele riu. — É bom ouvir sua voz. Presumo que

suas defesas planetárias possam cuidar dessa invasão?

— A que distância você está de mim? — Ela agarrou o console.

— Estou na merda, Sky. É tão bom ouvir sua voz! Fui atacado e eles

colidiram direto com o meu acampamento. Perdi dois prédios

externos, mas estou trancado dentro do principal. Existem alguns

sobreviventes piratas seriamente chateados que estão tentando


entrar. Eu preciso de ajuda.

Os longos segundos de silêncio torceram as entranhas de

Mick.

— Sky? Ouviu-me? Eles vão invadir aqui e me matar.

— Estou fora de alcance. — Sua voz mal podia ser ouvida. —

Diga-me sua situação, e descobriremos uma solução juntos.

Minha situação? Descobrir uma solução?

Essa crença a inundou. Ele estava se recusando a vir em seu

auxílio.

— A que distância você está? — Mick olhou para o monitor,

percebeu que dormira por duas horas, mas se o cargueiro de Sky

estivesse dentro do alcance das comunicações, ele poderia chegar

a ela a tempo. — Estou emitindo um alerta de bandeira. Você tem

que responder a isso.

Ela odiava fazer isso, mas era lei que todas as naves da Terra

respondessem a um sinal de alerta de bandeira. Sky seria preso


caso ignorasse seu pedido de assistência e continuasse viajando

para a Terra. E Mick poderia emitir uma, já que ela tecnicamente

trabalhava para o Governo da Terra.

O silêncio a assustou. Talvez ele tenha cortado as

comunicações.

— Sky? Por favor! Há 41 piratas por aí usando lasers para

abrir caminho pelas persianas do prédio. Estou com horas antes

que eles entrem. Eu tenho uma arma comigo. Os outros foram

mortos no acidente. Como não esperava que meu dia se

transformasse numa merda, eu estava apenas carregando a arma

lateral que devo usar. As outras armas mais poderosas estão

armazenadas dentro dos meus aposentos. Agora é uma pilha

ardente de entulho.

— Estou fora de alcance, Mick. Eu sinto muito. Eu tentaria

fazê-lo se pudesse, mas não chegaria a você na minha velocidade

atual por dois dias. Sofri danos a três propulsores que não

podemos reparar até chegarmos a uma doca espacial. Você pode


segurá-los por tanto tempo? Quando Drais Três está enviando

ajuda para você?

— Eles não vão. O computador acredita que os satélites de

longo alcance foram retirados pelos piratas e eles nunca receberam

meu sinal de socorro. Os militares não chegarão a tempo, mesmo

que você os contate por mim.

Ela caiu na cadeira, derrotada, sabendo que agora, com

certeza morreria.

— Está bem. Eu sei que você me ajudaria se pudesse.

— Sinto muito. — O arrependimento preencheu sua voz. —

Qual é o seu treinamento militar? Eu poderia lhe dizer como

combatê-los de forma mais eficaz quando eles vierem te enfrentar.

Eu sei que as probabilidades não estão a seu favor, mas você pode

vencer, entre disparar sua arma e travar um combate corpo a corpo

com um implemento afiado. Mick precisa encontrar um lugar com

espaço limitado, para que apenas alguns deles possam atacá-lo de

uma só vez. Você parece robusto, jovem e forte. Com certeza


poderá chutar a bunda deles.

Mick quer rir e chorar ao mesmo tempo. Era bom que Sky

pensasse que poderia convencê-la a travar uma batalha de última

posição, como se ela tivesse uma chance de ganhar, mas ele não

tinha ideia de com quem estava lidando.

Ela hesitou antes de pegar o console. Os dedos dela pairavam

sobre o controle.

— Eu vou morrer, Sky. Queria lhe dizer que as horas que

conversamos significaram muito para mim. É política da empresa

modificar nossas vozes, mas... Não importa mais se eu quebrar as

regras, já que morrerei em breve. O que meus supervisores vão

fazer? Me punir? — Ela desligou o modificador de voz. — Esta é a

minha verdadeira voz. Meu nome verdadeiro é Mickayla. Eu passo

por Mick porque parece o nome de um cara... mas sou uma mulher.
Choque atravessou Sky ao ouvir a adorável voz feminina.

Mick era uma mulher.

Ele se lembrou instantaneamente de algumas das piadas que

havia compartilhado com ela e queria gemer. Eles foram

sexualmente grosseiros. Ele... ela nunca disse uma palavra, apenas

riu de cada uma. Ela até contou algumas piadas atrevidas.

— Sky? Você ainda está aí? Espero que você não esteja bravo.

Eu queria lhe contar a verdade antes, mas sou uma mulher sozinha

aqui. É política da empresa esconder esse fato. — Ela suspirou

suavemente. — Não há como eu ser capaz de lutar para sair dessa.

Eu tenho zero treinamento de combate. Estou ferrada de cinco

maneiras diferentes até domingo e, provavelmente, mais do que

figurativamente, uma vez que eles chegarem até mim. Você e eu

ouvimos as histórias de horror sobre o que eles fazem com as

mulheres.

Sky virou-se para Onyx. Ele não conseguiu formar palavras.


Onyx olhou para ele, atordoado também. Seu amigo deu de

ombros, sem noção de como lidar com a situação.

— Não podemos ajudar a fêmea. — Ele sussurrou suavemente.

Os ombros de Sky caíram, sabendo que Onyx estava certo.

Eles eram proibidos de ter qualquer contato físico com os terrestres,

especialmente aqueles que trabalhavam para o governo da Terra.

Ele poderia voar para a superfície e matar os piratas, no

entanto.

Mick afirmou que eles estavam tentando invadir o prédio, o

que significa que eles estavam na superfície.

Ele abafou o lado do microfone.

— Podemos entrar e matar os piratas. Isso compraria seu

tempo.

— Não. — Onyx balançou a cabeça. — Tenho certeza de que

existem câmeras planetárias e eles saberiam que estávamos lá. Este

ônibus é roubado e facilmente identificável. Não podemos fazer


isso, a menos que também destruamos o prédio em que ela está,

para apagar todas as evidências de que estivemos lá. Isso

derrotaria o objetivo. Isso não faz parte do espaço para o qual

queremos que a Terra envie caçadores de recompensas. Tenho

certeza de que há uma taxa de recuperação para este ônibus

espacial.

— Droga. — Sky acenou com um dedo sobre as pontas para

silenciar o outro homem e abriu as vírgulas ao seu lado. — Mick?

— Eu imaginei que você simplesmente desligou o telefone

para evitar ouvir mais. Juro que queria lhe dizer a verdade sobre

ser mulher, Sky. Eu sei que você provavelmente sente como se eu

o estivesse o enganado, mas realmente planejei que você soubesse

assim que eu deixasse este posto. Esperava encontrar você para

conversarmos.

— Verdade? — Ele não conseguia entender por que ela

gostaria de procurá-lo.

— Não acredito que estou lhe dizendo isso…, mas isso não
importa mais. Nós nunca vamos nos encontrar, mas eu gostaria

que pudéssemos. Você me faz rir e parece muito legal. E tem uma

voz sexy. Acho que foi meio doido, mas esperava que tivéssemos

uma chance. Você provavelmente é velho demais para mim, já que

está aqui há tempo o suficiente para ganhar o direito de ser capitão

de um cargueiro, embora eu imaginasse que você estaria na casa

dos quarenta, e seja quente. — Ela riu levemente. — Você tem esse

tipo de voz.

Sky não tinha palavras novamente.

— Eu choquei você, não foi? Desculpa. Estou em um daqueles

dias. Nunca pensei que seria o meu último quando acordei no meu

turno esta manhã. E aposto que você nunca imaginou que teria

uma mulher confessando que fantasia sobre você com base em

nada além de algumas conversas e sua voz rouca. — Ela fez uma

pausa. — Vou abrir um canal de visualização. Quero ver você, pelo

menos uma vez. Tudo bem? Não quero morrer sem saber como

você é.
Sky viu o sinal recebido e o abriu.

Sua respiração ficou presa.

A imagem na tela era de uma mulher provavelmente com

trinta e poucos anos. Ela tinha uma tez pálida e assombrados olhos

castanhos escuros. Seu cabelo castanho estava cortado nos ombros

e despenteado como se ela estivesse passando os dedos por ele. Ele

se inclinou para olhar seu atraente rosto em forma de coração.

— Sky? Não posso te ver. Por favor, abra um canal. Tudo bem

se você é mais velho ou não tem cabelo. Eu meio que presumi que

poderia ser o caso, já que você é um capitão, mas eu ainda ia te

procurar quando saísse daqui. Sua aparência não importa para

mim.

— Por quê? — Ele poderia apenas divulgar essa única palavra.

Ela pareceu corar. Cor subiu para suas bochechas, e ela olhou

para baixo antes de olhar de volta para a câmera focada em seu

rosto. Mick sorriu e ele sentiu como se alguém o tivesse dado um


soco no estômago.

— Estou nessa rocha há quatro anos, sem ver ninguém além

de androides. O que você acha? Os ônibus de suprimentos que eles

enviam não transportam pessoas reais. E nós conversamos, e

rimos... então pensei que talvez pudéssemos eventualmente ficar

juntos. E como você me disse que era solteiro e não tinha

encontrado uma mulher para se casar. E compartilhou comigo que

só queria alguém com quem pudesse rir, que o tratasse bem. — Ela

encolheu os ombros. — Eu queria a mesma coisa. Eu não sei. Foi

apenas uma fantasia minha.

Onyx silenciou as comunicações de saída. — Não.

Sky virou a cabeça para olhá-lo. — O quê?

— Você tem aquela expressão em seu rosto que vi logo antes

de você fazer algo tolo que o coloca em apuros.

— Não tenho ideia do que você está falando.

— Sky? Você vai me mostrar seu rosto? Por favor?


Ele se virou para encarar Mick. Era tentador virar o lado dele

das câmeras para revelar sua imagem para ela.

— Não! — Onyx rosnou, parecendo ler sua mente. — O

prédio registrará a transmissão e manterá um registro, a menos que

o nivelemos no chão. Eles virão para investigar sua morte

eventualmente, quando percebem que perderam contato com o

planeta.

— Sinto muito — disse ela, chamando sua atenção mais uma

vez. O rosto inteiro de Mick caiu e ela pareceu desapontada. — Está

tudo bem, Sky. Compreendo. Tenho certeza de que você está com

raiva de mim por enganá-lo. — Seus grandes olhos castanhos se

encheram de lágrimas quando pareciam olhá-lo através da tela. —

Você provavelmente acha que sou louca de qualquer maneira por

querer conhecê-lo só porque tivemos algumas conversas. Elas

significaram muito para mim, no entanto. Sabe disso, ok? Você é

um cara legal, e um dia espero que você conheça uma mulher

maravilhosa que o faça rir e o apreciará como uma pessoa valiosa.


A maioria das pessoas não sabe o quão solitário é aqui fora..., mas

você e eu sabemos.

Sky cerrou os dentes e rapidamente jogou o braço para fora.

A cabeça de Onyx recuou quando o punho de Sky fez contato.

Ele recuperou o controle das mensagens quando o homem

desmaiou do soco e abriu a comunicação por voz.

— Mick, precisamos ter uma conversa séria. Tem certeza de

que a ajuda não está chegando? Que você vai morrer se alguém não

intervir?

Ela enxugou as lágrimas. — Sim. Estou perdida. Vou tentar

abater o maior número possível deles. Eu posso ter sorte e morrer

antes que eles ponham suas mãos mutantes em mim. — Ela

respirou fundo. — Eu pediria que você levasse uma última

mensagem à Terra para mim, mas não tenho ninguém lá. Por isso

esse trabalho foi tão tentador. O dinheiro era ótimo e não tenho

mais família.
Sky tomou sua decisão. — Eu posso te salvar, mas você nunca

será capaz de retornar à Terra. Esse seria o preço para salvar sua

vida.

A confusão nublou suas feições. — Eu não entendo.

Ele hesitou antes de abrir a tela de visualização para mostrar

a ela quem era.

Os olhos de Mick se arregalaram de surpresa... e então ela fez

uma coisa incrível.

Ela sorriu.

Seus dedos roçaram o lado do monitor onde a imagem dele

era exibida. — Você é um cyborg, não é?

— Sim. — Seu corpo ficou tenso. — Você nunca poderia voltar

à Terra se eu chegar a te salvar a tempo. Meu pessoal não permitiria

que você nos denunciasse às autoridades. E você Mick

representaria uma séria ameaça à nossa raça. E teria que ficar no

meu planeta, mas estaria viva. Você poderia ter uma boa vida lá.
Prometo que nenhum dano será feito contra sua vida.

Sky ficou tenso, esperando a rejeição dela. Como disse Onyx,

ele teria que nivelar o prédio para destruir todos os registros de

suas comunicações, mas não deixaria que os piratas a matassem.

Isso não era aceitável.

Ele tomou a decisão de salvá-la numa fração de segundo,

independentemente da resposta dela. Ela só teria que se adaptar à

vida em Garden.

Mas ela afastou os dedos da tela e lambeu os lábios. — Venha

me pegar, Sky. Por favor. Me leve com você.

Sky se perguntou se Mick o odiaria mais tarde por forçá-la a

concordar com seus termos, enquanto ele queimava

completamente em direção ao planeta. Não era como se ela tivesse

muita escolha, viver com cyborgs ou morrer nas mãos de piratas.

Sky manteve as comunicações abertas enquanto ela o

observava, parecendo fascinada com o rosto. Ele esperava terror ou


repulsa.

Ele trancou o olhar dela. — Estou perto, Mick. Desligue os

sistemas de defesa planetária, a menos que queira explodir minha

nave.

Mick puxou a cadeira para se inclinar para o lado, desligando

os sistemas. Ele descobriria rápido o suficiente se ela o tivesse

enganado quando os canhões do chão disparassem.

— Eles estão fora. — Ela jurou, encarando-o novamente. —

Mal posso esperar para conhecê-lo.

Ele olhou para Mick e esperou que ela estivesse falando sério.

— Eu não vou te machucar, Mick. Sei que lhe disseram que somos

extremamente perigosos, mas você tem a minha palavra de que

todos os rumores são besteira.

— Eu acredito em você. O governo da Terra está sempre

contando mentiras. Eles também me disseram que os piratas foram

exterminados neste setor, mas atualmente os vejo nas telas. Eles


parecem muito vivos para mim.

O conselho ia rasgar sua bunda por essa façanha e por trazer

outro terráqueo para Garden. Ele teria que encontrar um

alojamento seguro e algum emprego de baixo nível, onde ela não

seria considerada um risco de segurança. E Sky sempre poderia

mantê-la em sua residência como uma trabalhadora registrada. Ele

raramente estava lá, e ela ainda estaria sob a sua proteção.

Mais um olhar em seus lindos olhos, e Sky sabia que salvá-la

valeria qualquer dor de cabeça que ela lhe causasse. Também

venceu a alternativa. Ele não seria capaz de dormir sabendo que a

deixara morrer.
Capítulo 2
O Sky é um cyborg.

Mick não conseguia desviar o olhar de seu belo rosto. E Sky

certamente não era careca, com aquele cabelo cinza prateado

comprido e sedoso. Era estranho ver aquela cor, já que ele não

parecia ter mais do que talvez trinta e poucos anos. Seus olhos

estranhos a hipnotizaram. O azul parecia tão claro... era notável.

Conversas que eles transmitiram através de sua memória. E

Mick sempre gostou de conversar com ele. Sky era perspicaz e

parecia maduro em personalidade. Ela havia fantasiado com ele

mais vezes do que queria contar, e o cyborg parecia ainda melhor

do que ela pensava.

A única desvantagem era o fato de ele não ser humano.

Cyborgs eram supostamente perigosos, mas ele não a teria


atacado em algum momento no passado se isso fosse verdade? Não

era Sky quem cozinhava o metal nas persianas externas com lasers.

Piratas foram os que tentaram matá-la. Ele apenas lhe pediu que

nunca voltasse à Terra em troca de salvar sua vida.

As implicações a atingiram quando Mick se sentou na cadeira,

esperando que ele a alcançasse antes que as persianas fossem

quebradas. Ela estaria sem dinheiro se não estivesse morando onde

a Terra estava no comando. Seus créditos seriam inúteis.

E Sky também se referiu ao seu planeta, e isso implicava que

ele estava cheio apenas de cyborgs.

O olhar dela percorreu o corpo dele tanto quanto podia ver na

câmera. Ele tinha ombros seriamente largos, um uniforme preto

que se estendia sobre um peito imponente e de aparência firme, e

seus braços eram densamente musculosos.

Um planeta cheio de cyborgs como ele a deixou um pouco

desconfortável.
— Qual o seu tamanho, Sky?

Ele olhou para ela. — Grande. Mas você não precisa me temer,

Mick.

— Eu não estou com medo. Sinto-me apenas curiosa. E só

estou tentando me distrair do fato de estar sob ataque. Quão longe

você está? Sky você pode realmente me alcançar a tempo?

— Estou mais perto do que você pensa. Eu não tinha

permissão para lhe dizer certas coisas. Meus propulsores não estão

danificados e eu não piloto um cargueiro.

Ela desviou o olhar dele para a tela de radar de longa distância

e gemeu. — Eu ainda não encontrando a sua nave nos meus

sensores. Acho que você não vai conseguir. — Ela virou a cabeça.

— Eu poderia me trancar em uma das salas superiores e barricá-la,

mas isso significaria que você teria que abrir caminho por elas

dentro do prédio. Existem 41 piratas. As chances não são boas, e

não quero que você morra por uma causa sem esperança.
— Tranque-se dentro de uma sala se eles violarem o prédio

antes que eu chegue lá. Estou indo atrás de você, Mick. E sou um

excelente lutador.

— Você me ouviu? Há quarenta e um deles, Sky. É demais

para você enfrentar em uma batalha corpo a corpo. Não seja morto

por mim. Ia dizer que não vou ser capaz de viver com isso, mas eu

estarei morta de qualquer maneira. — Ela riu sem alegria. — Você

sabe o que eu quero dizer.

Sky sorriu. — Estou emocionado com a sua preocupação, mas

posso lutar contra muitos e vencer. Eles são mais lentos do que eu

e não tão fortes.

A própria ideia dele realmente vencendo contra essas

probabilidades surpreendentes a surpreendeu. Seu olhar cintilou

sobre seu corpo de tamanho impressionante mais uma vez e ela

engoliu um pouco sua preocupação. Seu possível salvador era

insano ou um durão sério. Pelo menos ele está do meu lado. Isso a

confortou.
— Estou prestes a atingir a atmosfera.

Mick olhou para suas leituras. — Eu não te vejo. Tem certeza

de que está no planeta certo?

— Meu ônibus está fortemente blindado. Os sensores não

conseguem pegá-lo. Você poderá me ver com as câmeras de

segurança externas muito em breve.

Que tipo de nave não pode ser detectada nos sensores? Mick

teve medo de perguntar. Ela respondeu, no entanto. — Estou

pronta. O que você quer que eu faça? Você poderia pairar sobre o

telhado. Tenho uma escotilha de fuga lá em cima onde posso sair.

— Ela hesitou. — Computador, tem algum sinal de vida registrado

no topo do edifício?

— Negativo.

— Você ouviu isso, Sky? Você pode me tirar do telhado.

— Permaneça onde você está. — ele ordenou calmamente. —

Vou acabar com a ameaça no terreno primeiro. Eles podem ter


armas de fogo. Não quero que eles atirem de perto na minha

barriga.

Ela sentou. — Oh. Certo. Estou exausta. No entanto, acho que

eles não têm armas à distância. Ou, se tinham, talvez não tenham

sobrevivido ao acidente. Os piratas estão usando armas laser nas

persianas, que só têm um alcance de três metros, com base nos

modelos que vislumbrei. E elas pareciam pelo menos vinte anos

desatualizados.

Seu olhar encontrou o dela através do espectador e ele piscou.

— Tudo bem. Eu tenho você, Mickayla. Sente-se firme enquanto

cuido do problema.

Ela se recostou e respirou fundo algumas vezes.

O Sky é grande e responsável.

Ela escondeu um sorriso com esse pensamento divertido.

Começou a pensar que um cyborg estava a caminho, mas ele não

era exatamente um estranho. Eles eram amigos. Os que se falam a


cada poucos meses.

Eu vou ver o Sky!

Seu coração acelerou ao calcular a última vez que vira uma

pessoa viva. Quatro anos, nove semanas e dois dias.

No dia em que viajou da Terra, sofreu a viagem de três

semanas para chegar ao Velion One com a nave de suprimentos,

deixando para trás um namorado que jurara pelo menos manter

contato com ela. Mark não respondeu a nenhuma de suas

mensagens uma vez que Mick alcançou seu novo emprego. Depois

de um mês, percebeu que ele nunca iria. E o seu ex-namorado

apenas disse o que achou que ela queria ouvir.

O sinal para Sky ficou estático e as mensagens caíram. A

preocupação tomou conta dela enquanto aguardava, o momento

em que a conexão fosse restabelecida em breve. Segundos se

passaram em um minuto.

— Não. — Ela murmurou, agora em pânico. — Fique bem.


Por favor, Sky. Diga-me que você não atingiu a atmosfera muito

rápido e queimou entrando!

A tela mostrava um ônibus espacial chegando e Mick sorriu,

extasiada ao vê-lo. Parecia fabricado na Terra quando voava para

mais perto. Os canhões do solo permaneceram silenciosos, já que

ela os havia desligado, mas o prédio inteiro tremeu quando as

explosões atingiram os piratas quando o ônibus abriu fogo. As

luzes piscaram com o intenso bombardeio, mas Mick viu piratas

fugindo quando novos incêndios se acenderam.

— Fogo entrando. — Afirmou o computador. — Alerta!

Recomendo ligar o sistema de defesa.

— Não. — Mick começou a digitar freneticamente comandos,

caso o computador tentasse substituir o controle de canhão de terra.

— Estou desligando você.

— Não recomendado. Repito, não...

A voz do computador morreu quando Mick o desligou


manualmente. As luzes piscaram quando todos os sistemas foram

transferidos apenas para controle manual. Seus dedos voaram

sobre as teclas para garantir que pudesse manter os monitores

ligados. O ônibus voou para baixo e as luzes piscaram novamente

quando o chão tremeu com o ataque contínuo de Sky aos piratas.

O edifício aguentaria, mas estava sofrendo com as ondas de choque.

Os piratas em fuga deixaram o alcance de seu monitor, pelo

menos aqueles que não morreram durante o ataque.

Os comunicadores ganharam vida e uma voz sexy e profunda

disse: — Você tem um protocolo de autodestruição para destruir a

estrutura?

— Não.

— Abra as persianas e saia. — Depressa. Ele fez uma pausa.

— Não posso deixar os controles, mas vou abrir a barriga do meu

ônibus. Corra a bordo. Estou pairando no lado leste.

Seu olhar cintilou para um monitor à esquerda e ela viu a nave


abaixar perigosamente perto da superfície. — Eu as soldei por

dentro.

Ele fez uma pausa. — Saia pela escotilha superior, mas abra

as persianas que você puder.

Mick não tinha ideia de porque ele queria que ela abrisse as

persianas, mas não teve tempo para pensar nisso. Ela ordenou que

as persianas se abrissem e ouviu as inferiores protestarem quando

não puderam. As persianas do andar superior responderam. E

Mick olhou para a arma, mas a deixou para trás enquanto se

lançava do assento para correr para o elevador.

Seu coração disparou irregularmente quando as portas se

fecharam e ela apertou o botão. Mick estava prestes a conhecer um

cyborg. Era uma loucura correr em direção a um deles, mas isso

não a impediu de sair correndo do elevador assim que as portas se

abriram. Dois giros no corredor depois, ela bateu nas escadas que

levavam à escotilha de emergência.

O código funcionou quando ela digitou a senha e ele se abriu.


O cheiro de ar fresco combinado com fumaça encheu seu nariz

quando subiu no telhado plano. Mick ignorou o cheiro de carne

queimada. O ônibus parecia imenso de perto quando subiu na

frente dela e inclinou-se para pairar a cerca de três metros do lado

do telhado.

A barriga do navio se abriu quando a rampa de suprimentos

desceu e luzes brilhantes a receberam quando ela viu pela primeira

vez o interior. Era uma área de carga com grandes formas de caixas

cobertas presas ao longo de uma parede. A rampa bateu no telhado

e ela correu.

O vento soprou seu cabelo em seu rosto, mas Mick o

empurrou para trás quando entrou no porão de carga. Um motor

alto soou, e ela olhou para trás, observando até que as portas

estavam fechadas com segurança.

— Fique aí. — Exigiu a voz de Sky através dos alto-falantes.

— Olhe para a esquerda, Mick. Está vendo a câmera?

Mick olhou assim e viu a coisa na parede. Ele podia vê-la, mas
ela não podia vê-lo.

— Eu tenho que destruir o prédio antes de deixarmos este

planeta. Aperte o cinto, mas não deixe o compartimento de carga.

— Eu poderia ir até você.

Houve um momento de hesitação da parte dele. — Você

precisa ficar lá.

— Este ônibus não é tão grande. Eu poderia te encontrar se

você me dissesse onde fica a seção piloto. Não vou me perder.

— Não é isso. — Sky suspirou alto. — Existem cyborgs a

bordo que não sabem o que fiz. Eles a veriam e possivelmente

assumiriam que você é hostil.

Sua boca se abriu em surpresa. Ela não tinha certeza do que

isso significava exatamente, mas não parecia bom.

— Tudo vai ficar bem. Vou explicar por que te salvei.

De repente, Mick teve um mau pressentimento e desejou estar


de volta no prédio.

Por que Sky não havia dito aos outros cyborgs que ele

planejava resgatá-la antes de fazê-lo? As implicações eram

péssimas.

— Aperte, Mick. É um passeio difícil, quebrando a esfera

átomo. Estou prestes a atirar na estrutura primeiro para destruir

todas as evidências de que estive aqui.

Seu olhar deixou a câmera e Mick viu duas cadeiras da

tripulação. Ela correu para eles exatamente quando o piso do

ônibus vibrou e o som muito fraco de uma explosão pôde ser

ouvido. Sky estava atirando no prédio de controle. Sua bunda caiu

em um dos assentos e Mick apertou com força.

O tremor garantiu que eles estavam saindo do planeta. E Mick

ficou tensa, odiando essa parte. O ônibus que ela viajara para o

Velion One não havia sofrido uma transição suave. Os

estabilizadores de gravidade sempre ficavam um pouco instáveis

nos ônibus menores durante a transição de uma atmosfera para


outra.

O tremor passou rapidamente e tudo ficou imóvel.

O medo avançou por sua espinha quando ela ficou sentada,

olhando para a câmera do outro lado da sala, se perguntando se

Sky a estava observando. Em que tipo de bagunça ela se meteu? A

realidade de sua situação bateu forte em sua cabeça.

Ela nunca retornaria à Terra e estava sentada em um ônibus

cheio de cyborgs.

A Terra havia assegurado ao público que todos os cyborgs

haviam sido destruídos na Terra depois de terem tentado uma

revolta para matar seus criadores. As fábricas onde haviam sido

fabricados foram destruídas para garantir que não fossem

produzidos novamente.

Cyborgs não deveriam existir mais, exceto que eles existiam.

Mick assumiu que as histórias do espaço profundo, contadas sobre

eles, foram criadas apenas para impedir que os viajantes se


aventurassem muito longe das estações sancionadas pelo governo.

Eram histórias de horror sobre cyborgs sequestrando e matando

humanos por peças de reposição, sobre roubos à ônibus que

haviam desaparecido no espaço profundo. Mas esses relatórios

foram rapidamente chamados de falsos. O governo geralmente

fazia declarações oficiais declarando que eram piratas.

O Governo da Terra havia mentido novamente.

— Mickayla?

A voz rouca de Sky a fez começar. O olhar dela foi para a

câmera.

— Apenas fique aí. Estou indo até você. Vai demorar alguns

minutos.

— Ok. — Ela gritou, sem saber se isso era uma coisa boa ou

ruim. Pelo menos estou viva. Por agora.


Sky colocou o piloto automático e saiu de seu assento. Onyx

permanecia inconsciente com o soco que sofreu. Ele se inclinou na

frente de seu amigo para estudar os danos. Seu nariz e mandíbula

não estavam quebrados, mas Onyx sentiria alguma dor quando

acordasse.

— Onyx? — Ele agarrou seus ombros e o sacudiu.

O homem gemeu e espiou com um olho azul. — O que

aconteceu?

Sky esperou, sabia que levaria apenas alguns segundos para

ele se recuperar.

Os olhos de Onyx se arregalaram e um rosnado veio de seu

amigo. Sky saltou para trás quando o cyborg bateu o punho em sua

direção.

— O que você fez? — Onyx lutou na posição vertical em sua

cadeira para encarar o monitor. — Ainda estamos no espaço. — Ele

lançou outro olhar para o amigo. — Eu pensei que você estava


prestes a fazer algo sem noção. Por que você me bateu?

— Ela está me esperando dentro do porão de carga. Não

haverá registro deste ônibus levando-a. Nenhum edifício

permanece em pé no Velion One. Os piratas serão

responsabilizados pela destruição total do campo de mineração.

— Você não fez isso.

— Você tem o leme. Mickayla provavelmente está assustada e

precisa de garantias de que está segura conosco.

Onyx tentou se levantar, mas afundou-se rapidamente em seu

assento, agarrando o lado de sua cabeça. Ele apunhalou os dedos

nos cabelos pretos e gemeu. — O que é que você fez?

— Eu a salvei.

— O conselho vai prendê-lo. Isso viola diretamente as ordens

deles. Você sabe que estamos sob ordens de nunca entrar em

contato pessoal com os terrestres, a menos que sejamos

sancionados a ir às estações terrenas. Mesmo assim, não podemos


ter nenhum contato que não seja absolutamente necessário para

conduzir nossos negócios. Nunca revelaremos nossas identidades

como cyborgs.

— Eu sei…, mas o que eu deveria fazer? Ela concordou em

nunca voltar à Terra.

— O conselho... Eles ficarão furiosos, Sky!

— Eu não poderia permitir que ela morresse. — Sky forçou

um sorriso, a severidade de suas ações não perdida nele. — Ela

pode viver em Garden.

Onyx ficou boquiaberto.

— Eu sei o que você está pensando. Espero que o conselho se

acalme assim que perceberem que cobri nossos rastros e ela é

apenas uma pessoa. Não é como se eu salvei uma nave cheia de

seres humanos que agora precisam ser integrados à nossa

sociedade. A Terra investigará e legitimamente concluirá que os

piratas são os responsáveis.


— Eles não encontrarão o corpo dela quando enviarem uma

equipe para o local. — Onyx balançou a cabeça.

— Ela é uma mulher. O Governo da Terra assumirá que ela foi

sequestrada por qualquer pirata restante.

— Você ficou louco?

Sky encolheu os ombros. — Ela é minha amiga e eu gosto dela.

O que eu deveria fazer?

— Não interfira! O conselho não vai deixar passar essa

violação. Você não só quebrou o silêncio do rádio para conversar

com alguém da Terra. Você pegou um deles. Isso é muito pior.

— Ela não é um risco.

— Ela é da Terra, e essa operação de mineração era uma delas.

— Agora ela viverá em Garden.

— Quem vai assumir a responsabilidade por ela?

Sky mordeu o lábio inferior. — Ela pode morar em minha casa


e trabalhar para mim. Eu mal estou lá.

— Exatamente. Eu costumava desconfiar e odiar os terráqueos.

Desde então, aprendi que alguns não são tão ruins, mas não

sabemos o suficiente para adivinhar do que ela é capaz. O conselho

assumirá que a mulher é uma ameaça. Quem vai protegê-la para

garantir que ela não tente enviar um sinal para compartilhar nossa

localização com a Terra? Essa será a primeira ameaça que eles

imaginam.

— Tenho amigos que a protegerão depois.

— Então, como você pode me colocar nessa posição? Eu

também sou seu amigo. — Furioso, ele apertou o console. — Você

sabe que não tenho escolha, Sky. De acordo com a seção quatro de

nossas regras de conduta, estou dispensando você do comando. —

Onyx olhou furiosamente. — Você colocou todos nós em risco e

desafiou as ordens do conselho. Vou relegá-lo a detenção até

chegarmos a Garden.

— Agora, Onyx. Não seja idiota. Você está bravo porque


nocauteei você, mas foi por uma boa causa. E você pode me bater

de volta quando eu tiver Mickayla segura dentro dos meus

aposentos.

— Você pode pensar o que quiser. Esta terráquea já te

enganou uma vez fingindo ser um homem. Devo pensar primeiro

na segurança de nossa espécie. Sinto muito. — A mão de Onyx

disparou e ele ligou o interior. — Atenção. Sky trouxe um Avião a

bordo e preciso de segurança imediatamente.

— Merda! Não faça isso, cara. — Sky recuou. — Ela já deve

ter medo e pode surtar se estranhos a perseguirem. E Mick poderia

lutar e se machucar.

— Aberração? O que isso significa? Eu terminei com suas

frases antigas. — Ele apertou o botão novamente. — Segurança na

estação piloto.

Sky girou, sabendo que, pelo menos, quatro cyborgs estariam

a caminho. Ele ignorou Onyx ordenando que parasse e correu para

o elevador. Ele lutaria a caminho de Mickayla se fosse o que


precisava, mas planejava alcançá-la primeiro.

O elevador abriu e estava felizmente vazio. Ele pulou para

dentro e apertou o botão do andar inferior. Sua mão ficou no painel

e ele substituiu o sistema quando alguém tentou obter acesso para

trancá-lo lá dentro. Sky podia sentir uma segunda mente

alcançando os comandos, tentando cortá-lo, mas se concentrou

apenas o tempo suficiente para chegar ao seu destino. Ele invadiu

a ligação.

As portas da área de carga se recusaram a abrir. Ele soltou um

palavrão e bateu com a palma da mão no painel de controle, apenas

para saber que seu acesso foi negado. Seus dedos agarraram as

bordas e ele arrancou a tampa de metal da parede. Sky

rapidamente anulou o comando manualmente e as portas se

abriram finalmente.

Ele entrou na área de carga e seu olhar procurou Mickayla.

Ela permaneceu amarrada em seu assento, parecendo tão

pequena enquanto o estudava.


— Olá, Mick. — Ele se certificou de que seu tom permanecesse

baixo e tentou esconder seu estresse atual. — Bem-vinda ao

Bridden. Em breve teremos companhia, mas não quero que você se

assuste. Eles estão com raiva de mim.

Ele lentamente fechou a distância entre eles. Os dedos dela

apertaram os cintos sobre o peito. E Sky não precisava ler sua

mente para saber que estava com medo. Estava gravado

claramente no rosto em forma de coração.

Ele parou os pés dela e se agachou para colocá-los quase no

mesmo nível dos olhos. — Eu sou um pouco grande, não sou?

— Sim. — Ela sussurrou, seu olhar percorrendo seu corpo.

— E não sou tão assustador quanto devo parecer para você.

Tudo o que você já ouviu falar sobre cyborgs, não é verdade. Nós

não matamos pessoas inocentes.

Ela piscou, e um pouco do medo desapareceu de seus lindos

olhos. — Estou disposta a acreditar em você.


— Saímos da Terra porque eles tentaram nos matar, e não o

contrário. Não vou machucá-la. — Ele se moveu gentilmente para

desabotoar os cintos. Ela não protestou ou se afastou das mãos dele.

— Você está segura comigo.

O olhar dela procurou o dele, e Sky esperava que ela lesse a

verdade ali. — Obrigada por me salvar. — Mick levantou a mão,

mas congelou centímetros de distância de sua bochecha.

Ela parecia curiosa. Ele poderia entender isso. — Continue.

Os dedos dela tremeram quando ela gentilmente acariciou a

pele dele. — Você é quente.

— Eu estou vivo. Não sou uma máquina, mas tenho

aprimoramentos cibernéticos.

As portas se abriram atrás dele, e seu olhar se abriu assim. O

terror refletiu em seus olhos arregalados quando os sons de botas

pisaram no piso de carga.

— Apenas fique quieta e tudo ficará bem. Eles estão aqui por
mim. Eu quebrei as regras fazendo o que fiz.

— Afaste-se dela, Sky, — exigiu Yetter. — Quem é ela?

Sky virou a cabeça para encarar seu amigo. — Esta é Mickayla,

e eu a salvei do Velion One depois que os piratas a atacaram. Ela é

inocente nisso. Ela não está armada ou representa perigo.

— Onyx exigiu que você fosse levado para seus aposentos. —

O olhar de Yetter deslizou inquieto para Mickayla. — Ele não disse

o que fazer com ela, mas acho que podemos trancá-la dentro do

compartimento de carga até recebermos notícias do conselho.

Onyx está entrando em contato com eles agora.

Sky estremeceu interiormente. Onyx não estava perdendo

tempo em denunciá-lo. — Ela ficará comigo. Ofereci-lhe minha

proteção.

Yetter abriu a boca, mas depois a fechou. Ele deu um aceno

agudo. — Onyx pode ter um problema com isso, mas ele também

não o proibiu. Vou esperar até que você seja escoltado para seus
aposentos antes de atualizá-lo da situação.

— Obrigado.

— Ela precisa de um médico?

Sky voltou-se para Mickayla. — Você está machucada?

— Não.

Ele se levantou a toda a altura e ofereceu sua mão. A hesitação

dela foi leve antes que a menor descansasse na dele. Sky a ajudou

a se levantar e a puxou contra seu lado para mantê-la protegida de

Yetter, Teg e Volt. E ele notou o quanto Mick era mais baixa que ele,

e pequena em comparação.

— Venha comigo, Mickayla. Vai tudo ficar bem.

— Não tente nada estúpido. — Então Teg suspirou. — Ou

devo dizer mais ainda? O que você estava pensando? — O cyborg

olhou para Mickayla. — Deixa para lá. Eu posso adivinhar. Ela é

muito atraente. Mas o conselho vai puni-lo por isso, Sky. Você

colocou todos nós em risco, e o Bridden é valioso demais para


perder agora.

— Havia piratas a atacando. — Sky explicou. — Você nunca

esteve em perigo, nem este ônibus espacial.

— Leve isso a sério pela primeira vez — retrucou Teg. — Você

ignorou descaradamente uma ordem prioritária do conselho. Eles

provavelmente terão que fazer de você um exemplo. Pararia de me

preocupar com ela e focaria na perspectiva sombria do seu próprio

futuro.

Sky bufou. — O que eles vão fazer comigo? Sou o especialista

deles na Terra. A menos que esse maldito planeta se desfaça, eles

precisam de mim.

— Sky. — Yetter advertiu suavemente. — Chega. — Ele olhou

para Teg antes de encontrar o olhar de Sky novamente. Sua

mensagem silenciosa foi clara. Irritar propositadamente Teg não

seria inteligente. O cyborg poderia ser um megaimbecil, e ele tinha

amigos no conselho. — Venha conosco. Você pode trazê-la com

você.
Sky aproximou Mickayla do lado dele e notou como ela

segurava a mão dele. Ele olhou para Mick e não podia deixar de vê-

la com medo. E Sky forçou um sorriso. — Vai tudo ficar bem.

— Ok. — Ela lambeu os lábios, sua língua rosa agarrando sua

atenção. — Este é o seu povo. Eu aceito sua palavra.


Capítulo 3
Mick estudou os pequenos aposentos aos quais ela estava

confinada com o grande cyborg. Sky ficou parado na porta e

permitiu que ela vagasse. Não era como se tivesse que ir muito

longe. O espaço era essencialmente uma caixa com uma parede de

armazenamento, uma cama e uma unidade de limpeza. Mickayla

olhou dentro do último antes de se virar para encarar o cyborg.

Sky tinha mais de um metro e oitenta e a cor do cabelo a

fascinava. Ela estudou as feições dele, procurando por rugas que

talvez não aparecessem no monitor, mas não as encontrou. Ele

parecia ter uns trinta e cinco no máximo. Sua estrutura óssea era

perfeição masculina, e aqueles olhos azuis incomuns realmente se

destacavam com seu tom de pele cinza claro.

O olhar dela baixou para o uniforme preto justo, esticado


sobre um corpo impressionante. Como ela notou na tela, seus

ombros eram largos, com um peito combinando e braços

construídos com força. O material envolvia uma cintura e quadris

mais estreitos, fluindo para as pernas musculosas. As botas pretas

eram de uso militar, se tivesse correta.

No geral, Sky parecia assustador, como se realmente pudesse

enfrentar 41 piratas com chance de ganhar.

— Não há necessidade de ter medo. — Assegurou.

Ela gostou da voz dele. Foi a primeira coisa que a atraiu para

ele durante as comunicações espaciais. Era profundo, masculino e

do tipo que dava a uma mulher o melhor tipo de calafrios. Toda

sexy e ressonante e rouca o suficiente para ser mais uma carícia

para seus ouvidos.

— Não acredito que finalmente conseguimos nos encontrar.

— Ela não tinha certeza do que mais dizer.

— Nós estávamos desempenhando papéis. — Ele cruzou os


braços sobre o peito, mas imediatamente os deixou cair de lado,

escondendo as mãos atrás das costas. — Eu pensei que você era um

cara, e você pensou que eu era um capitão de cargueiro. Mais ainda

sinto que te conheço. O resto era verdade, não era? As coisas de que

falamos? Eu fui honesto em representar minha personalidade.

— Sim. Mas eu tenho muitas perguntas — Ela admitiu.

— Vá em frente e atire.

Isso a fez sorrir. — Devemos sentar? — Seu olhar disparou ao

redor do quarto, percebendo tarde demais que havia apenas a

cama. Não havia cadeiras dentro do quarto.

— Eu fiquei aqui para deixá-la à vontade. — Ele se afastou da

porta. — Eu adoraria sentar.

Ele se sentou na beira da cama, e ela também. Alguns

centímetros os separavam. Ela se virou mais para encará-lo. —

Estou um pouco atordoada que cyborgs ainda existam.

— Estou tão surpreso que você é uma mulher.


Ela riu. — É procedimento operacional padrão usar

modificadores de voz. As mulheres são raras até aqui. Eles não

queriam que ninguém tentasse me encontrar, me visitar.

— Você quer dizer que algum idiota tem ideias de atacar você.

— Sim. — Ela mordeu o lábio inferior, olhando para o rosto

dele. — Quantos anos você tem?

Uma de suas sobrancelhas em tons de cinza, se arqueou. —

Isso importa?

Ela hesitou antes de olhar para os cabelos dele. Mickayla não

queria insultá-lo ao mencionar que a cor de seu cabelo a lembrava

do avô de alguém. Suas características eram um contraste drástico

com essa ideia, e nenhuma pessoa idosa nos anos avançados

possuía sua massa muscular, não importando quantos

medicamentos ou procedimentos médicos foram submetidos.

Ele sorriu. — Fui geneticamente criado dessa maneira. — Sky

estendeu a mão para escovar alguns fios de cabelo atrás da orelha.


— Você quer conhecer um segredo que nunca contei a ninguém

antes?

— Sim.

— Há uma razão pela qual sou mais amistoso com relação a

Terra do que outros da minha raça. Fui criado para um projeto

especial por alguns dos cientistas seniores. Eles propositalmente

me deram essa cor de cabelo para me ajudar a me adaptar melhor

a eles. Eu não fui colocado na população em geral com outros

cyborgs, mas em vez disso, fiquei dentro dos laboratórios deles. —

Sua expressão ficou triste. — Pelo menos até o governo decidir nos

trancar depois de alguns incidentes que os fizeram reavaliar o

projeto cyborg. Fui tirado dos meus amigos. Os cientistas e eu

ficamos muito próximos. Eles não eram bandidos. Eles tentaram

me proteger o maior tempo possível.

— Que incidentes?

Ele hesitou. — Existem mais cyborgs masculinos do que

femininos em grande número. A razão para isso era que as


mulheres eram assediadas, não deixando outra opção a não ser se

defenderem. Foi rapidamente decidido que elas não valiam a pena,

então a produção de fêmeas foi interrompida.

— Assediadas como.

— Elas não foram criadas para serem robôs sexuais. Mas

alguns dos idiotas humanos para os quais foram designadas para

trabalhar decidiram também tentar forçá-las a realizar esse

trabalho. E elas... resistiram.

A compreensão amanheceu, e não foi bonito. — Oh.

— Nossos homens também as defenderiam se

testemunhassem cyborgs femininos sendo atacadas. Seus caras não

se saíram bem em uma luta contra nós, pois eles nos criaram para

sermos muito mais fortes. Muitos humanos morreram como

resultado. Foi legítima defesa, mas nós não éramos vistos como

seres vivos com direitos. Incluindo o direito de não ser estuprado,

assassinado ou ambos. Cyborgs eram basicamente escravos, mas,

eventualmente, queríamos direitos iguais. Os Cyborgs são seres


vivos, e respiramos, mas eles estavam nos matando essencialmente,

enviando-nos em missões suicidas que nenhuma pessoa em sã

consciência aceitaria. Minha espécie acabou por suportar o

suficiente e exigiu direitos. O Governo da Terra enviou todos nós

às instalações para manutenção. Então eles decidiram matar todos

nós. Não tivemos escolha senão escapar ou ser assassinado.

— Isso é uma merda…, mas não é surpreendente. O governo

da Terra é péssimo.

Sua boca se curvou um pouco para cima. — Você trabalhou

para eles.

— Quem não sabe mais? Eles te pegam de um jeito ou de

outro. Trabalhar fora do mundo em uma mina superou a porcaria

de permanecer na Terra. Ficou muito ruim lá nos últimos vinte

anos. Eles rastreiam tudo o que você faz e até com quem você fala.

As pessoas são multadas na maior parte do seu salário por coisas

ridículas, apenas para mantê-las pobres. Eu tinha experiência em

mineração e isso me proporcionou um emprego no Velion One.


— Que tipo de histórico?

— Eu nasci na lua. Meus pais eram mineiros. Essa foi a minha

vida até que eles foram mortos quando eu era uma adolescente. Eu

odiava viver na Terra desde que fui enviada para lá. Eu sonhava

muito com isso quando criança, mas a realidade não era tão quente.

Mais tarde, trabalhei em Marte. Cinco anos atrás, um navio de

exploração profunda encontrou minerais preciosos no Velion One

que a Terra queria. Ouvi sobre isso e, eventualmente, ganhei o

emprego para executar a operação. Eles preferem mulheres

quando podem nos contratar.

— E por que isso?

— As mulheres tendem a permanecer mais saudáveis por

longos períodos sozinhas em um planeta, do que os homens.

Somos menos agressivas e não temos toda essa testosterona nos

deixando loucas. — Ela sorriu. — Essa parte é apenas a minha

opinião, no entanto.

Sky sorriu. Isso não a impediu de simplesmente atacar e fazer


seu coração disparar. Ele era incrivelmente bonito. Ela se

perguntou se o cyborg estava ciente de seu apelo às mulheres.

— Se você perguntar a eles, é mais barato manter uma pessoa

no lugar, em vez de retirá-la, e mais barato manter as mulheres em

suprimentos.

— Por quê? — Ele parecia genuinamente curioso.

— Bem, é mais barato enviar suprimentos do que pessoas. Os

ônibus de abastecimento não precisam ser oxigenados, a menos

que uma pessoa viva esteja a bordo. Eles são totalmente tripulados

por androides, que não precisam respirar ar ou comer comida, e

não fazem bagunça. E as mulheres tendem a exigir menos comida,

o que significa menos gastos e menos viagens de reabastecimento.

— Você disse que esteve lá por quatro anos?

— Sim.

— Ainda faltava muito tempo para se aposentar.

— Eu tinha...
Um zumbido a interrompeu de lhe contar sobre Jorg. Sky

franziu o cenho quando se levantou. Ela o viu caminhar até a porta

e bater a palma da mão sobre um sensor, então ele apenas ficou lá.

Logo percebeu que ele estava fazendo algo além de apenas

descansar a palma da mão sobre o controle, e que algo

provavelmente era comunicação interna. Ele finalmente se afastou

da parede, a raiva clara em sua expressão.

— Peço desculpas por apenas ir embora assim. O conselho

cyborg emitiu ordens para que o Bridden retornasse

imediatamente a Garden. Eles estão chateados porque eu te salvei.

Trepidação a encheu. — O que isso significa?

Ele voltou para a cama e sentou-se mais perto dela. — Não se

preocupe com isso. É a minha bunda na linha. Eu assumirei total

responsabilidade por minhas ações. Você ficará bem.

— O que eles vão fazer com você? — Ela começou a se

preocupar. — Eu não quis colocar você em problemas, Sky. — A

culpa lutou com a preocupação. — Vou dizer a eles que emiti um


sinal de bandeira. Você teve que responder a isso. É a lei.

Ele riu. — Nós não estamos nem aí para as leis que o Governo

da Terra faz. Eu não tinha que te salvar. Eu escolhi.

— Por que você faria isso se soubesse que isso lhe causaria

tantos problemas com seus supervisores?

Ele a estudou. — Somos amigos, não somos?

— Sim. — As conversas que eles tiveram no passado

passaram por sua memória. — Nós somos.

— Amigos não deixam amigos para trás para serem mortos

por piratas. — Ele piscou.

Ela não pôde deixar de sorrir e apreciar o humor dele. — Eu

vou falar com seus supervisores. Eles precisam saber o quão

terrível era minha situação. Você salvou minha vida.

— Eles não vão se importar porque eu fiz isso. Existem certas

leis em que eles deixam passar. — Ele suspirou. — Não se preocupe.

O latido deles é pior do que a mordida. Na pior das hipóteses, eles


me forçarão a permanecer no planeta por um tempo. Se eles

realmente quiserem me fazer sofrer, eles me designarão para

trabalhar com Zorus.

— O que é isso?

— Quem. Ele é um idiota. Claro, tenho certeza que desde que

conheceu Charlie, ele quase ficou decente. O amor pode mudar

alguém, e me disseram que ele é a prova disso.

— Charlie é sua namorada de mentira?

Sky jogou a cabeça para trás e riu. — Não. — Seus olhos azuis

brilhavam com humor quando ele a encarou. — Charlie é uma

mulher da Terra.

— Oh.

— Eles são casados.

Isso a surpreendeu. — Cyborgs se casam?

— Sim.
Ela se lembrou dele dizendo que ele era solteiro, mas Mick

não sabia que Sky não era humano na época. Isso a fez perceber

que ele devia ser mais do que fios e peças de máquinas por dentro,

se cyborgs se casassem com mulheres da Terra.

Também implicava que ele provavelmente era capaz de fazer

sexo e sentir emoções por alguém.

— O que você pensa sobre? Você acabou de receber o olhar

mais estranho em seu rosto.

— Nada. — Ela mentiu.

Ele arqueou uma sobrancelha cinza. — Amigos não mentem

um para o outro.

Ela hesitou. — Você disse que seu amigo se casou. Eu estava

pensando sobre isso.

— Isso a deixa curiosa?

— Então… você faz sexo? — Ela teve que abaixar o olhar para

o colarinho do uniforme dele, incapaz de olhar nos olhos dele


enquanto perguntava.

— Sim.

As bochechas dela esquentaram. Ela engoliu o caroço que se

formou em sua garganta.

— Não se preocupe. Não te impedirei de fazer amor comigo.

O olhar dela saltou para ele. Fazer amor? Isso implicava que

ele sabia a diferença entre prazer físico e um vínculo emocional

mais profundo. Ela queria fazer mais perguntas, mas ficou em

silêncio.

— Apesar de você parecer tão tentadora. — Ele sorriu. — Eu

posso tentar atrair você para isso, no entanto. — Sua atenção

diminuiu lentamente por seu corpo, parando sobre seus seios. —

Lembra quando conversamos sobre como o espaço profundo é

solitário?

Ela assentiu e segurou o olhar dele quando ele finalmente

olhou para cima.


— Você tem alguém na Terra?

— Não.

— Eu não tenho ninguém no Garden. — Sky se inclinou muito

lentamente. — Vai levar dias até chegarmos ao meu planeta. Nós

dois estamos trancados dentro dos meus aposentos até então. É

uma sala pequena, não é? Uma cama.

Mick não se retirou. Sky a salvou, afinal de contas, e ele

parecia muito melhor do que qualquer coisa que ela poderia ter

imaginado quando eles se falavam. E Sky não era um capitão

cargueiro barrigudo e careca. Ele não era o ela esperava em tudo.

Ele era mil vezes melhor.

— Eu sou o mesmo homem com quem você falou, Mickayla.

— Ele parou a centímetros da boca dela enquanto ela olhava

profundamente naqueles lindos olhos azuis dele. — Vou tomar

banho e trocar esse uniforme para ficar confortável. Você pode

tomar banho também, depois que eu terminar. Vamos levar as

coisas devagar e nos conhecermos. Não quero que você se sinta


pressionada a nada. — Ele olhou para os lábios dela. — Vou me

levantar agora e usar bem essa espuma fria.

Ele se afastou e rapidamente se levantou. Mick o viu retirar

roupas dobradas de uma das gavetas de armazenamento, mas Sky

não olhou para ela quando desapareceu atrás da parede de sua

unidade de limpeza.

Ela ficou sentada, um pouco atordoada. E Mickayla poderia

até estar enferrujada de flertar, mas tinha certeza de que ele queria

beijá-la. Ela fechou os olhos enquanto tentava fazer um balanço de

seus pensamentos e sentimentos.

Principalmente, se sentia decepcionada por ele ter se retirado.

Sky saiu do uniforme apertado dentro do pequeno espaço e

gemeu suavemente quando libertou seu pau duro. Estar tão perto

de Mickayla fora uma tortura. Ele queria tirá-la daquele macacão


feio que ela usava e descobrir se sua pele era tão macia quanto

parecia. Sky fechou os olhos quando enfiou as botas e as roupas

sujas no limpador em miniatura na parede e apertou o botão para

iniciar a unidade de limpeza. Espuma pulverizou seu corpo

quando ele ficou parado.

Seu amigo Mick era uma mulher. E Sky ainda estava tentando

entender isso, mas vê-la definitivamente o ajudou a entender a

realidade. Ele imaginara seu amigo de mineração como um homem,

jovem, talvez com vinte e poucos anos. A verdadeira Mickayla era

alguns anos mais velha, mais sexy e atualmente estava sentada

dentro de seus aposentos em sua cama. Um gemido passou por

seus lábios e Sky estendeu a mão para agarrar seu pau.

Ele não queria assustá-la, mas de jeito nenhum ele ficaria uma

semana sem deixá-la nua e debaixo dele.

A espuma começou a derreter, enviando formigamentos por

todo o corpo quando se transformou em água, e Sky de repente se

lembrou de contar ao seu suposto amigo Mick sobre se masturbar.


Ele esperava que ela tivesse esquecido deles.

Então, novamente, ela admitiu ter feito isso também.

Ele acariciou seu pau, imaginando-a se tocando. Mickayla

tinha um corpo menor do que as mulheres que ele estava

acostumado. Cyborgs foram projetados para serem altos e

musculosos. E ela parecia macia e flexível, com curvas

arredondadas. A mulher tinha a pele pálida de morar dentro do

edifício, para evitar a radiação severa do planeta ambientalmente

hostil em que passara quatro anos.

Esse último pensamento o fez pensar em quanto tempo fazia

desde que alguém a tocara.

— Porra, — ele gemeu, acariciando seu pau mais rápido. Ela

seria apertada, e seu corpo responderia a cada toque como se ele

fosse o primeiro. Seus seios teriam esquecido a sensação de ter uma

boca quente chupando neles.

Ele a imaginou embaixo dele, imitando seu aperto para


simular como ela poderia se sentir se ele entrasse nela. Mickayla

estaria mais molhada, escorregadia de desejo, e suas coxas

envolveriam seus quadris.

A imagem mental dela se espalhou e o encontrou

rapidamente. Ele tremeu quando chegou, quase envergonhado por

sua falta de controle.

Sky não tinha uma mulher há meses. E esse cyborg feminino

nem sequer era o que ele queria, mas sim uma obrigação. Ele devia

a um amigo que estava tendo problemas para conseguir que a

fêmea de sua unidade familiar concebesse. Sky havia sido retirado

dos pactos de reprodução, já que seu DNA era considerado usado

em excesso, mas os amigos podiam solicitar seu esperma se

quisessem um filho. Ele não podia dizer não a Javilex. O homem

havia salvado sua vida dezoito anos antes, e ele queria pagar a

dívida.

Tranella tinha sido uma mulher fria. Sky recostou-se na

parede para recuperar o fôlego e soltou seu pênis, esvaziando-se


rapidamente quando ele se lembrou dela. Algumas mulheres

cyborgs controlavam seus machos dentro de uma unidade familiar

e tinham mais a ver com precisão do que paixão no quarto. Ele

entrou no quarto dela para encontrá-la já nua. A visão tinha sido

boa, mas então ela abriu a boca.

— Ative seu desejo sexual. — Os olhos dela se fecharam. —

Estou ativando o meu. Eu prefiro uma posição de frente para frente.

Eu estarei no controle de todos os movimentos. Sente-se na cadeira;

Não quero você na minha cama.

Essa foi a primeira indicação de que ele não gostaria do sexo.

Ele fez como ordenado, e a fêmea pairou sobre seu colo. Seu olhar

intenso o deixou sentindo frio por dentro quando ela afundou em

seu pau. Ele decidiu que poderia perdoar o comportamento dela

quando conteve um gemido. Ela se sentiu bem, como todas as

mulheres cyborgs.

— Cinquenta é a contagem.

— Segundos ou golpes? — Irritação matou seu prazer. Ele


odiava aqueles que cronometravam o sexo, mas isso acontecia

frequentemente.

— Segundos. Você não é um dos meus homens, e eu não tenho

que aplacar você. Eu só preciso do seu esperma ativo.

— Sério?

Ela nem sequer piscou. — Sessenta segundos, então. Eu não

desejo perder mais tempo negociando. Você é bem-dotado, mas

todos os cyborgs não são? Pronto?

Ele fechou os olhos naquele momento para forçar seu corpo a

se submeter. Ela se moveu para cima e para baixo em seu pau. E

Sky teve que vincular as funções do corpo para realizar, e

acompanhou o tempo com cuidado. Aos cinquenta e oito segundos,

ele ordenou o início da ejaculação. Nem parecia bom, já que ele

teve que se concentrar no tempo e não na sensação.

Tranella parou de se mover exatamente aos sessenta

segundos e ele abriu os olhos. Ela continuou a observá-lo sem


pestanejar. — Agora esperamos os dois minutos previstos.

Foi o tempo mais longo que Sky conseguiu se lembrar. Mas

ele obedientemente ficou lá, até que ela finalmente desceu dele e

seguiu para o banheiro. — Vou sair.

— De nada.

Os ombros dela endureceram, mas essa foi a única reação que

ele teve quando ela fugiu para limpar qualquer vestígio dele. E

Tranella provavelmente o esqueceu assim que a porta se fechou

entre eles. Ela ou concebeu com ele, ou ele a irritou o suficiente para

que ela se recusasse a pedir o uso de seu corpo pela segunda vez.

Ele não tinha verificado se eles conseguiram criar um filho,

não querendo saber. Ignorância era melhor. E Sky aprendeu isso

da maneira mais difícil.

Sky se afastou da parede de sua unidade de limpeza, retirado

de suas reflexões e pegou uma toalha para secar a água da pele.

Mickayla era uma outra pessoa que não tinha como controlar
seu corpo ou emoções. Não havia um botão liga / desliga instalado

em seu cérebro usado para ativar seu desejo sexual à vontade. Seu

pênis estremeceu de interesse com a perspectiva de aprender a

tentá-la a permitir que ele acessasse seu corpo. E com certeza ele

iria com calma, mas seria um inferno. Sky só queria despi-la e tocar

seu corpo todo.

Ele vestia uma calça larga de algodão e uma regata. Ele os

usava para treinar ou descansar em seus aposentos. A porta se

abriu para revelar que Mickayla havia permanecido no mesmo

local em que a havia deixado. O olhar dela percorreu todo o corpo

dele, parando nos braços e ombros. Ele não viu nenhum sinal de

medo no rosto dela.

— Sua vez, se você quiser se limpar.

Ela se levantou e olhou para o suéter feio. — Isso é tudo que

eu tenho e está um desastre. Eu não tinha roupas de sobra para

pegar. Tudo estava no meu quarto de descanso, que foi destruído.

— Ela olhou para cima. — Você tem uma camisa que poderia me
emprestar?

— Você pode ter o que quiser aqui. — E eu estou incluído, ele

acrescentou silenciosamente. Ele apontou para uma das gavetas. —

Eu acho que qualquer coisa nesse funcionaria. Você é baixa. A

minha camisa provavelmente vai cair para o meio da coxa. — Uma

imagem formada dentro de sua cabeça, e ele esperava que seu pau

não endurecesse. — Não tenho nenhuma calça que caiba em você.

— Mickayla estaria nua sob a camisa dele. Ele teria apenas que

empurrá-la para obter acesso.

Mickayla seguiu a direção do dedo e abriu o painel da parede

para passar por suas camisas. Ela escolheu uma azul brilhante,

uma das favoritas dele. E Sky gostou mais dela quando ela se virou,

segurando-a. E Mick tinha o mesmo gosto que ele.

— Pode ser esta?

— Sim, Mickayla.

— Por favor, me chame de Mick. Vou me apressar.


Ele fez uma anotação mental de que ela gostava do nome mais

curto. — Está com fome? Eu poderia pedir comida.

Ela balançou a cabeça. — Eu comi há algumas horas e estou

acostumada a comer uma vez por dia.

— Por quê?

— Os ônibus de suprimentos às vezes estão atrasados e

sempre há o medo de que um deles seja roubado ou destruído. Eu

aprendi no primeiro ano a reduzir meus suprimentos alimentares

e de estoque. É melhor ter muito do que passar onze dias sem nada

além de água e suplementos de pílulas.

— Você fez isso?

Ela assentiu. — Isso é péssimo. — Mickayla deu um sorriso.

— Perdi sete quilos e ganhei uma apreciação ainda maior por estar

limpa, pois também tinha que economizar água. Essa é a coisa boa

de ser um mineiro. Você pode sentar-se muito no controle, mas a

escassa situação de suprimento impede você de ganhar peso.


Ele saiu do caminho dela. — Continue. Vou pelo menos pedir

lanches. Dessa forma, estará aqui, se você quiser. Não temos falta

de suprimentos. Estamos bem abastecidos o tempo todo.

— Isso é fantástico. Obrigada. Parece que os cyborgs cuidam

muito mais do seu povo do que o governo da Terra.

— Isto é uma grande verdade.

Ele não mencionou que não seria o caso quando chegassem a

Garden. O conselho provavelmente tentaria lhe dar um exemplo,

mas ele sobreviveria. Alguns dos membros do conselho podem

exigir que ele seja preso, mas o resto provavelmente só irão quer

que ele seja punido rapidamente. Algum desconforto físico e

possíveis rebaixamentos em seu estilo de vida eram provavelmente

o máximo que ele enfrentaria.

O conselho precisava muito dele para puni-lo por um longo

período. Sky tinha que acompanhar de perto o que estava

acontecendo com a Terra, especialmente desde que os Modelos

Markus foram introduzidos nos cyborgs. Cyborgs e a Terra


compartilhavam um inimigo comum. Não era necessário entrar em

contato com os postos avançados para ver se havia alguma notícia

sobre os androides destrutivos sendo vistos, ou se haviam ocorrido

mais ataques a estações que pudessem ser ligados a eles. As

notícias transmitidas da Terra sempre estavam cheias de

informações falsas, então ele conversou com as pessoas que

moravam nas estações. Eles adoravam fofocar.

Sky permitiu a Mick passar por ele e não relaxou até a porta

da unidade de limpeza fechar. Então caminhou até a parede e

achatou a palma da mão sobre o controle, saudando Onyx. O

homem respondeu instantaneamente.

— Não acredito que você ligou para o conselho.

— Eu precisava, Sky. Você não me deixou escolha. Eles iam

perceber quando voltássemos com um terráqueo. Eu não queria ter

problemas. Não tenho um dever essencial específico às minhas

habilidades. Eles teriam me repreendido severamente.

— Verdade. — Seu temperamento esfriou. Onyx realmente


não tinha deixado uma escolha, e ele sabia disso. — Eu sou especial

assim.

O amigo dele bufou. — Espero que você não use esse tom com

o conselho. Eles estão muito descontentes.

— Quando eles não estão? — Sky estava um pouco

preocupado…, mas não sobre seu futuro. — Você tem uma ideia

sobre o que eles querem fazer com Mick? Você declarou que ela

estava sob minha proteção?

— Eu fiz.

— E? Não brinque comigo. Eles disseram alguma coisa para

lhe dar uma dica de como isso vai acontecer quando chegarmos em

casa?

— Houve uma discussão sobre comunicação aberta. Duvido

que ela morra, mas eles não confiam nela. Eles sabiam que o

planeta de mineração é um dos mais recentes empreendimentos do

governo da Terra. Ela provavelmente será mantida como


prisioneira para ser interrogada à vontade. Eles pareciam

interessados em obter informações dela.

— Droga! — Frustração encheu Sky. — Eles são idiotas! Ela é

mineira, não soldado. E Mickayla não saberia nada de interessante

para eles, a menos que planejassem perfurar alguns dos recursos

naturais de Garden.

— Ela trabalha para o governo da Terra.

— Ela é uma subcontratada.

— O que é isso especificamente neste caso?

— É quando eles contratam um civil com certas habilidades

que é pago por eles, mas o trabalho é sua única conexão com a Terra.

Eles não têm soldados que podem operar ou reparar androides de

mineração. Ela foi criada na lua com os pais mineiros.

— Isso é interessante. — Onyx hesitou. — Pena que nosso

especialista em Terra não será confiável quando ele der essas

informações. Seus motivos serão considerados suspeitos.


— Porra.

— Era isso que você esperava conseguir salvando a terráquea?

Não negue. Eu vi sua expressão quando você a viu no monitor. Ela

é atraente.

— Ela é minha amiga.

— Sky? — Onyx enviou sua frustração através do link. —

Pense, você é fascinado por mulheres da Terra. Ouvi você reclamar

com frequência quando um de nossos homens se junta a uma

unidade familiar. Você sempre disse que outros cyborgs não são

tão adequados para serem maridos com os terrestres quanto você

seria.

— É verdade. Eu sou o especialista.

— E você acha nossas mulheres muito frias e distantes.

— Isso também é verdade. Fazer você desfrutar de relações

sexuais cronometradas?

Onyx hesitou. — Não. A contagem de braçadas é ainda pior.


— Concordo.

— A última vez que me pediram para doar meu esperma, a

fêmea disse que eu podia empurrar cem vezes.

— Como foi romântico.

— Só você diria isso, Sky. Tratava-se de uma gravidez bem-

sucedida, não de formar um vínculo com ela ou com minha

capacidade de dar prazer a ela.

— Eu posso ver por que você não está em uma unidade

familiar.

— E não quero estar. Eu não seria o primeiro homem a abdicar

ter um relacionamento, e ser um terceiro ou quarto significa que

estou sob o comando de muitos.

— Isso também significa que você teria um tempo muito

limitado com a fêmea e seria proibido de tocar em robôs sexuais

quando visitarmos estações.

— Exatamente.
Sky hesitou. — Você sabe que eu tive que fazer isso.

— Compreendo. Eu não sou o conselho, no entanto. — Onyx

suspirou. — Você quer o meu conselho?

— Não.

— Eu darei mesmo assim. Você pode querer convencê-la a

formar uma unidade familiar com você antes de chegarmos em

Garden. Isso lhe dará certos direitos e proteções.

— Eu já planejava fazer isso.

— Você planejou?

— Sim. Eu sei que quero ficar com Mick.

O amigo dele hesitou novamente. — Elas não são como nossas

mulheres, ou robôs sexuais. Você terá que ativar manualmente o

desejo sexual dela. Você tem habilidade suficiente para ter sucesso?

Sky riu. — Estou motivado. — Ele se abaixou para ajustar seu

pau. — Estou pronto para o desafio, literalmente.


— Humor terrestre? Acho que entendi essa e você está

distorcido.

— Não. Sou reto como uma vara.

— Você precisa de ajuda psicológica, mas ainda te invejo

agora. — Onyx cortou o link.

Sky afastou a mão do painel, mas depois lembrou que

precisava pedir lanches. Ele colocou outra comunicação e depois

andou pelo quarto. Seu olhar continuou se afastando para a

unidade de limpeza. Mick estava lá há muito tempo.


Capítulo 4
Mick secou lentamente, o nervosismo fazendo suas mãos

tremerem e seu estômago parecer como se estivesse torcido em nós.

Sky deixou claro que estava sexualmente interessado nela. Era uma

via de mão dupla, mas o tamanho dele a assustava. Assim como o

desconhecido de exatamente o que ele era.

Quanto dele era composto de cibernética? Sua pele parecia

real, mas era cinza. Sky podia tocar um painel na parede e ter uma

conversa silenciosa ou talvez enviar sinais. O que mais ele poderia

fazer? Mick simplesmente não tinha certeza. Ele admitiu que

cyborgs se casam e fazem sexo, inclusive com humanos. Isso

significava que Sky tinha que ter todas as partes que os homens

tinham.

Ela mordeu o lábio, odiando a sensação de estar tão incerta.


Sky havia lhe dito que o governo da Terra ordenou que todos

os cyborgs fossem mortos. Ela definitivamente aceitou esse

argumento. Eles eram uma merda quando alguém os enfrentou.

Não se passaram anos suficientes desde a greve dos mineiros

para obscurecer suas memórias adolescentes. Os trabalhadores

protestaram contra os escassos suprimentos e os baixos salários

que recebiam ao interromper a perfuração. A Terra havia

respondido enviando soldados com ordens para matar todos se

eles não reiniciassem os drones. Foi um protesto muito curto. Os

poucos que recusaram foram massacrados. A Terra não era grande

em negociações ou se preocupava com a vida quando os lucros

estavam em jogo.

Mick puxou a camisa emprestada por cima da cabeça e olhou

para baixo. O material azul brilhante apenas fez sua pele parecer

mais branca. Geralmente não a incomodava, parecendo

fantasmagórica, mas isso foi antes de ver a pele acinzentada de Sky.

Velion One não era exatamente propício para se bronzear. O


sol estava muito perto e assava qualquer coisa na superfície

quando era dia. É por isso que não havia água para ser encontrada

sem perfurar primeiro para localizá-la. A Terra tinha sido barata

demais para fazer isso. Viajar do centro de controle para os prédios

externos fora mais quente que o inferno durante o dia, e Mick

precisava cobrir a cabeça e o corpo inteiramente para evitar

queimaduras graves em qualquer pele exposta.

Ela levantou o queixo e endireitou os ombros quando apertou

o botão para abrir a unidade de limpeza. Mickayla não conseguiu

se esconder por muito tempo antes de Sky entrar para checá-la. A

última coisa que ela queria era que ele pensasse que havia

resgatado uma covarde, porque não era.

Sky estava parado junto à porta quando ela saiu.

Ele sorriu. — Acho que você gostou da unidade de espuma?

— Eu amei. Senti a falta deles.

— O que você usou no planeta?


— Unidades de água e ar. Principalmente ar. Às vezes chovia,

mas isso acontecia apenas três ou quatro vezes por ano. Eu corria

para fora para ficar embaixo. Às vezes, economizava rações extras

de água suficientes para tomar um banho de verdade, mas apenas

uma pequena a cada cinco meses. — Ela sorriu com a lembrança.

— Você não sabe o quanto sente falta do simples prazer de sentar

na água real até estar em um planeta tão seco. Você também precisa

ser criativo para tomar um banho dentro de um pequeno balde de

mineração com um pé de água 1 . Não são as coisas mais

confortáveis ou espaçosas. — Ela foi até a cama e sentou-se com

cuidado, mais do que consciente das pernas expostas. Mickayla

não queria mostrar a ele suas partes de garota. — Como é o seu

mundo natal?

— Garden é lindo. — Ele sentou-se ao lado dela, deixando

cerca de um pé de espaço entre eles. — Vou levá-la para nadar, se

desejar. Existem oceanos, rios e riachos.

1
Pouca água.
— Existem apenas cyborgs no seu mundo?

— Não. — Ele balançou a cabeça. — Existe uma raça de

anfíbios, mas não interagimos com eles. Criamos um perímetro

seguro para nos separar.

— Por que vocês não falam com eles? Eles não são

humanoides o suficiente para comunicação?

— Eles são, mas eles nos evitam. É compreensível. Nós nos

estabelecemos no planeta deles sem permissão, porque não

tínhamos consciência de sua existência a princípio. Eles não têm

grandes cidades ou habitações distinguíveis na superfície.

Tínhamos certeza de que estava desabitado até que eles atacaram

alguns de nós.

— Então vocês estão em guerra?

Ele balançou sua cabeça. — Não. O “ataque” consistiu em

jogar pedras em algumas pessoas que estavam explorando a terra

em torno de onde havíamos nos estabelecido. Não havia ameaça


real. Parecia mais um ato de desafio e mostrar o descontentamento

de nos ter por lá. Eu acredito que eles estavam apenas assustados

por nossa causa. Vivemos em paz desde que nos separamos. Eles

não podem violar nossas paredes. Não temos intenção de matá-los

ou prejudicá-los. Não somos nada parecidos com o governo da

Terra e evitamos interferir em suas vidas.

Ela já gostava de cyborgs. — A Terra os teria escravizado ou

exterminado sua raça.

— Estamos cientes. Esse não é o nosso caminho. Evitamos

conflitos colocando muros para separar nossa sociedade da deles.

— Você é capaz de se comunicar com eles?

— Nós tentamos, mas eles se recusam a falar conosco.

Instalamos monitores nas paredes externas para registrá-los

quando chegarem perto o suficiente para serem investigados. Não

era difícil decifrar a linguagem deles, mas qualquer tentativa de

conferência fracassou. Eles parecem primitivos, mas inteligentes.


Ela deixou isso afundar. — Você disse que eles são

humanoides. Como eles são?

Ele mudou de corpo. — Principalmente de pele azul, do

escuro ao muito pálido. Eles têm dois braços, duas pernas e seus

traços são muito semelhantes aos dos terráqueos, mas têm

brânquias nas laterais da garganta. — Ele fez uma pausa. — Você

está realmente interessada?

— Eu estou. Eles são capazes de respirar na água?

— Temos certeza que sim.

— Eles têm barbatanas? Escalas na pele? — Mick ficou

fascinada... e manteve a conversa em um tópico seguro.

— Pudemos estudar alguns quando nos atacaram, mas não de

perto. O grupo de exploração observou que seus pés são incomuns

e suas mãos também.

— Como assim?

— Mais plana e mais larga que a nossa. Com membranas entre


os dedos. Acreditamos que é para ajudá-los a nadar. Eles são mais

altos que um ser humano comum.

— Eles têm cabelo? Dois olhos?

— Eles geralmente têm cabelos brancos ou pretos,

dependendo do sombreamento. Os pálidos parecem ter cabelos

brancos, enquanto os mais escuros têm cabelos pretos. Seus olhos

são muito humanoides, mas até agora só documentamos cores de

olhos muito escuros.

— Existem homens e mulheres, ou eles são do mesmo sexo?

Sky sorriu. — Você está muito interessada.

Mick corou. — Eu nem sempre quis ser mineira, mas é isso

que a vida me lançou. Eu sonhava em viajar pelos sistemas solares

para visitar planetas distantes.

— Por quê?

— Eu cresci principalmente na lua enquanto meus pais a

minavam, mas a superfície estava morta, sabia? Eu sonhava em


saber como seria se a vida existisse lá. Fiquei muito empolgada

quando ouvi falar do Velion One, mas nada vive naquele planeta

também. Tem ar respirável, mas as tempestades provavelmente

destruíram toda a vida, se é que houve alguma. Não era como se

eu tivesse encontrado algum sinal de civilização. As tempestades

do lavador as teriam limpado da superfície, e eu odiava ir para as

minas. Elas foram escavadas recentemente pelos drones. Eu

sempre tive medo de desmoronar. Ninguém teria vindo me

desenterrar.

Sky ficou de pé quando soou um carrilhão. — Nossos lanches,

— ele a informou.

Mick garantiu que seu colo permanecesse coberto enquanto

Sky passeava até a porta e colocou a mão sobre o bloco. Ele se abriu

e a curiosidade fez Mick espiar o cyborg que estava lá, segurando

uma bandeja. Era um que ela nunca tinha visto antes, e usava o

uniforme do ônibus espacial que Sky e os outros que os escoltavam

até os quartos ostentavam. Seus brilhantes olhos azuis se fixaram


nela antes que ele lentamente estudasse seu corpo.

Sky se moveu para bloquear sua visão. — Obrigado. — Ele

parecia irritado. — Entregue a bandeja.

— Você não vai me apresentar a ela? — O cyborg tinha uma

voz muito profunda.

— Não. Saia. — Sky pegou a bandeja e selou a porta. Ele se

virou, uma expressão irritada no rosto. — Desculpe por ele ter

olhando para você. É raro ver alguém da Terra.

— Está tudo bem. Eu nunca pensei que iria ver cyborgs.

Compreendo.

Ele sorriu, relaxando quando voltou a se sentar ao lado dela.

— Quer comer alguma coisa?

Ela olhou para baixo, estudando as tigelas de comida. O

queixo dela caiu. — Fruta? Isso é o que parece? Fresca? Oh meu

Deus! — Ela pegou o que parecia um mirtilo entre o dedo indicador

e o polegar, colocando-o na boca.


O sabor explodiu em seu paladar. Isso a lembrou de

morangos, ou pelo menos, como ela imaginava que eles eram. Ela

gemeu, saboreando o doce. Ela abriu os olhos e olhou para Sky.

Sua boca se abriu e ele parecia atordoado.

— Desculpe. — Ela corou, sentindo o calor em suas bochechas.

— Eu não como frutas frescas em... — Ela fez uma pausa, pensando.

— Oito anos.

— Você deixou a Terra há quatro anos. Me corrija?

— Sim, mas eu não podia comprar frutas frescas com o salário

de um mineiro. Mesmo quando economizava para comprar

algumas, não eram realmente frescas. Somente os ricos têm acesso

a isso. Era liofilizado, mas saboroso. Oito anos atrás, fui convidada

para um casamento em que eles serviram pedaços fatiados de

maçãs para os convidados.

Ele empurrou a bandeja para mais perto. — Coma o quanto

quiser. Eu posso pedir mais. Temos bastante. Garden possui uma


exuberante vegetação e cultivamos nossa própria comida.

A gratidão cresceu dentro dela. Sky tinha lhe dado um grande

prazer, e ela gostou. — Isso deve ter custado uma fortuna. Muito

obrigada. — Ela pegou outra baga, mais lenta dessa vez, não

querendo parecer muito ansiosa.

— A comida é de graça. — Sky sorriu. — Não temos o mesmo

sistema monetário que a Terra.

Ela ficou um pouco boquiaberta com isso, a baga podada na

frente da boca. — O que você quer dizer?

— Temos diferentes níveis de classificação de cargos, mas

todos têm acesso livre a padrões básicos de vida, como alimentos,

roupas e moradia em nossa sociedade.

Ela piscou, sem compreender. — Você não ganha créditos?

— Não. — Ele pegou a tigela inteira e ofereceu a ela. —

Usando-me como exemplo, meu trabalho é prioritário. Eu sou o

especialista da Terra. Eu sei mais sobre eles do que a maioria dos


cyborgs. Minhas interações passadas com eles me deram

conhecimento útil, então eu tive a minha escolha de morar em

Garden. Pense no nosso sistema como se fosse um edifício. — Ele

sorriu de novo, divertido. — Eu peguei o apartamento da cobertura.

Não que as unidades abaixo de mim sejam menos confortáveis,

mas as minhas são maiores e tenho uma visão melhor. Todos os

cyborgs têm boas casas. Todos nós trabalhamos, fazemos nossos

trabalhos designados e ajudamos nossa comunidade.

— E se você odeia o seu trabalho? Você gosta do seu?

— Poderíamos mudar de emprego, se fosse esse o caso. Não

somos obrigados a cumprir nossas tarefas. Eu gosto do meu. É

claro que, com o meu conhecimento, seria difícil para outro cyborg

tomar o meu lugar.

— Eu não posso nem imaginar como é no seu planeta.

— Você verá uma vez que chegarmos em Garden.

— Eu não ser um cyborg é um problema? Quero dizer, eles


nos odeiam? Pessoas da Terra?

— Eu não vou mentir para você, Mick. Você enfrentará alguns

problemas de confiança. O governo da Terra adoraria localizar

Garden para acabar com toda a minha raça. Eles têm medo da

nossa espécie. Alguns cyborgs terão receio de que você tente

transmitir essas informações para a Terra.

— Eu não faria isso. Não sou fã do governo da terra. Você é

uma ameaça para eles?

— Somente se eles nos atacarem. Deixamos o planeta deles e

procuramos o nosso próprio para viver em paz. É tudo o que

queremos. Eles acreditam que esperamos pela destruição deles

tanto quanto eles. Isso não é verdade.

Ela comeu outra baga e aceitou a tigela. — Eu acredito em

você. Afinal, você vive em paz com os anfíbios, quando

provavelmente seria fácil eliminá-los. — Ela decidiu mudar de

assunto e comeu mais frutas. — Estes são tão bons. Obrigada.


— Aproveite-os. — Ele se inclinou para trás. — Estou feliz em

conseguir qualquer coisa que lhe dê prazer.

Mick quase engasgou com a próxima mordida quando notou

a maneira como o olhar de Sky desceu lentamente por seu corpo.

Ela engoliu em seco, imaginando se ele queria dizer do jeito que

um cara normalmente faria. Se ele fosse humano, suas palavras

seriam consideradas uma insinuação sexual.

As batidas do seu coração dispararam um pouco quando ele

olhou de volta, segurando o olhar dela.

— Tudo mesmo.

Oh garoto. Ele definitivamente está vindo para mim.

Ela deu uma olhada no corpo dele também. Ele era enorme,

mas não a machucou. E Mickayla não achava que ele iria. Sky pode

ser um cyborg, mas também era o mesmo homem com quem ela

passava horas seguidas se comunicando. E Mick gostava dele o

suficiente para planejar encontrá-lo um dia, assim que sua


passagem pelo Velion One terminasse.

Agora ele estava tão perto que poderia tocá-lo.

Ela olhou para as mãos dele. Eram grandes e quentes; e Mick

sabia que a última parte de segurar a mão dele quando eles foram

escoltados para o quarto dele. A ideia daquelas mãos em seu corpo

a fez estremecer.

Estou com um pouco de fome de sexo, ela pensou. Realmente

fora de prática também. Merda. Eu nem sei como dizer a ele que

estou interessada. E Mick olhou para o colo dele, imaginando se

Sky era construído da maneira que um humano era. Ele parecia um

em qualquer outro lugar, apesar de sua coloração e sabendo que

Sky tinha mais coisas sob sua pele do que ela.

Cibernética. Isso abriu um monte de perguntas em sua mente.

O que não é real nele? Deus, será que o pau dele é sintético? Ele é

como um robô sexual? Ela nunca pagou por um para reparar seu

corpo, mas sabia que muitas mulheres pagavam. Eles tinham

unidades masculinas disponíveis para alugar na Terra.


Ela nem tinha certeza se ele gostaria de sexo como os

humanos.

Vá em frente, uma pequena voz em sua mente exortou.

Quatro anos, isso a lembrou. Quatro longos e solitários anos.

Sky não podia deixar de ver como as bochechas de Mick se

coraram e seus olhos castanhos escureceram quando ela olhou para

ele. Seus dedos deixaram cair a baga de volta na tigela e ela parou.

— Você está bem? — Essa reação o fez se preocupar. As bagas

não eram uma fruta da Terra. Talvez ela estivesse tendo um efeito

adverso com a comida de Garden. — Mick?

Ela balançou a cabeça, mas depois assentiu. — Estou bem.

— Você está doente? Eu poderia ligar para um médico.

— Não. Estou bem. — Ela colocou a tigela de volta na bandeja.


— Você está cheia?

Ela respirou fundo e seus ombros ficaram tensos. — Nós

precisamos conversar.

— Nós vamos.

Suas bochechas coraram mais. — Hum, eu nem sei como dizer

isso.

— Apenas diga, — ele insistiu, ainda preocupado. — Você

está se sentindo mal, Mick? Você está enjoada? Eu deveria ter

considerado suas restrições alimentares antes de apresentar a você

alimentos frescos novamente. Você provavelmente já viveu de

rações secas ou suplementos de pasta. Você mencionou as pílulas.

— Não é a comida Sky. Estou bem. Eu tenho estômago de

elefante.

Ele entendeu o que esse termo significava, agradecido

naquele momento por conhecer tantas palavras da Terra. Seu

sistema digestivo não era propenso a ser sensível.


Mickayla se ajustou na cama para encará-lo mais, suas mãos

segurando a borda inferior da camisa emprestada, puxando-a para

baixo para segurá-la no lugar e cobrir sua buceta. E Sky notou suas

coxas pálidas e de aparência macia um pouco demais e forçou seu

olhar. Os olhos dela eram tão expressivos. Ele gostou disso.

Embora, no momento, ela parecesse incerta e com um pouco de

medo.

— Apenas fale comigo, Mick. Nós somos amigos. Você pode

dizer qualquer coisa. Não há razão para ter medo. Eu nunca

machucaria você.

— Eu acredito em você.

Nenhum engano ou hesitação de sua parte foi detectado. —

Boa.

O olhar dela baixou para o peito dele. — Hum... você está

interessado em sexo, certo?

A frequência cardíaca dele aumentou. — Eu estou. — Ele não


negaria.

Ela olhou para cima, segurou o olhar dele e o jogou de volta

no peito. — Ok.

Ele estremeceu interiormente. Ela não estava confortável com

ele a querendo. — Não é necessário, Mick. Não te salvei por esse

motivo. Sinto-me atraído por você, mas nunca forçaria a questão

ou gostaria que você se sentisse pressionada a concordar.

— Eu quis dizer ok, como em... nós podemos fazer isso. Estou

só um pouco, hum, preocupada.

— Eu não machucaria você.

Ela lambeu os lábios. — Eu só tenho algumas perguntas

primeiro, eu acho.

— Pergunte-me qualquer coisa. — O pau de Sky se mexeu

sem que ele sequer ativasse seu desejo sexual. Mick permitiria que

ele a tocasse. Ele desejou que ela parecesse mais ansiosa, mas

estava feliz em trabalhar nisso.


Suas bochechas permaneceram muito rosadas, e ele de

repente entendeu.

— Não há razão para ter vergonha.

Ela sorriu e seu pau endureceu mais. Ela tirou o fôlego. Mick

não era bonita no que os humanos consideravam – uma beleza

clássica, – mas ainda era a mulher mais atraente que ele já

conhecera. Até a diversão que brilhava em seus olhos o despertou.

— Tenho medo de perguntar, porque não quero que você

pense que sou uma idiota ou que possivelmente o oculte. Só não

sei nada sobre cyborgs.

Era difícil para ele pensar além do fato de que ela permitiria

que ele a tocasse. Ele queria muito. E Sky empurrou esse desejo de

volta, no entanto, e tentou avaliar qualquer preocupação que ela

pudesse ter.

— Você tem medo que eu a engravide?

Sua boca se abriu, ela estava totalmente atordoada.


— Essa não foi uma das suas perguntas?

— Não, mas deveria ter sido. — Ela relaxou e deu uma

pequena risada. — Essa é uma boa pergunta, certo? Uma gravidez

não planejada seria ruim.

— A maioria dos cyborgs exige tiros para ativar seus

espermatozoides para fazer isso.

Seu choque foi aparente mais uma vez. — Você pode ter filhos?

— Sim. Os Cyborgs se reproduzem.

— Uau. — Ela fez uma pausa. — Você tem filhos?

Sky assumiu o controle de seus traços para evitar revelar suas

emoções. — Eu não estou em uma unidade familiar. É assim que

chamamos o casamento. Sou solteiro, Mick. Eu vivo sozinho. Não

estou namorando ninguém.

Ele evitou responder sua pergunta direta. A última coisa que

queria fazer era explicar os pactos de reprodução, e como ele doou

seu material genético, mas não teve acesso às crianças resultantes.


Ela ficaria horrorizada, talvez até com nojo pelas leis que foram

implementadas porque alguns homens eram estéreis. Era

imperativo que os cyborgs prosperassem. Isso significava garantir

que houvesse gerações futuras.

Mick bateu na testa com a mão, sorrindo. — Eu não quero ir

para a cama com você e descobrir que eu te ajudei a trair alguém.

Ela deixou cair a mão no colo novamente, não segurando a

camisa dessa vez… não escondendo mais o corpo dele. Ele desejou

estender a mão e tocá-la. Apenas a ideia de colocar as pontas dos

dedos na parte interna da coxa dela e avançar mais alto era um

tormento.

— Estou livre para manter um relacionamento sério com você.

— Ele não queria assustá-la oferecendo-se imediatamente para

ingressar em uma unidade familiar. Ele não era obrigado a dormir

com mulheres cyborgs, já que seu DNA era considerado usado em

excesso. Isso significava que ele poderia prometer monogamia,

esperando que isso bastasse se o relacionamento deles progredisse


da maneira que ele queria.

Ela pareceu surpresa com a declaração dele.

— Eu ainda sou Sky. — Ele gentilmente a lembrou. — Eu sou

a mesma pessoa com quem você falou. Sou apenas um cyborg em

vez de um capitão de cargueiro.

— Ok. Isso nos leva ao que estou evitando. — As bochechas

dela ficaram coradas novamente. — Fisicamente, hum... como isso

vai funcionar?

Diversão brilhou através dele, e ele parou de monitorar suas

expressões quando permitiu que o sorriso se estendesse pelo rosto.

— Daria certo. Quais são as suas preocupações?

Ela parecia adorável com as bochechas daquela cor, e a

maneira como seu olhar continuamente descia para o peito dele. A

timidez em uma mulher era nova para ele, e ele gostava. As

mulheres cyborgs eram muito diretas. Isso nem sempre era bom

para o seu modo de pensar, lembrando os que ele conhecia


intimamente.

— Eu não sei.

— Sabe sim. Fale livremente, Mick. — Ele queria ouvi-la dizer

isso. Ele não tinha certeza se seu tamanho a preocupava ou se era

sua coloração.

Sua língua disparou para lamber seus lábios e ela olhou para

cima, sustentou seu olhar brevemente, depois soltou o dela

novamente. — Tudo em você é real? Quero dizer, você pode sentir

o toquê? Aproveitar?

Sky tentou não rir, ele realmente fez, mas não conseguiu se

segurar. — Eu sou de carne e osso, Mick.

Ele estendeu a mão lentamente e colocou o dedo sob o queixo

dela, empurrando-o gentilmente. Ela não se afastou do toque dele.

O olhar dela se voltou para o dele. Eles se entreolharam por longos

segundos.

— Você não é como um robô sexual? Quero dizer, eu sei que


você é uma pessoa, mas fisicamente, você é como um? Quero dizer,

seu corpo? Entendo que sua mente é sua.

— Fui criado dentro de um laboratório. — Seu humor

desapareceu. Será que ela iria rejeitá-lo? — Nós crescemos como

clones com genética aprimorada. Minha densidade óssea é mais

forte que a sua. Eu me curo mais rápido. — Ele fez uma pausa,

debatendo sobre o que dizer a ela. — Também adicionamos

cibernética. Eu tenho implantes dentro do meu cérebro que podem

controlar minhas emoções, desligar sensores de dor em partes do

meu corpo e eu posso controlar certas funções do corpo. — Ele

ergueu a outra mão, mostrando a ela. — Perdi quatro dedos em um

acidente de laboratório. Eu salvei a vida de um amigo. Eles

parecem reais, mas são feitos de carne sobre uma prótese

cibernética.

Ela estendeu as duas mãos e tocou os dedos dele.

Sky queria gemer. Seus dedos eram macios e hesitantes. Ele

desejou que ela estivesse explorando outra parte do corpo dele.


— Eu nunca saberia a menos que você me dissesse. — Ela

beliscou a ponta de um.

Ele riu. — Ai!

Ela olhou para ele, surpresa.

— Tenho plena sensação neles. Eles amarraram os nervos à

nova carne que crescia onde os dedos originais foram cortados. —

Ele se soltou de seu aperto frouxo. — Meus implantes que

controlam emoções e dor estão desligados. Eu não gosto de ligá-

los. Eu gosto de gozar a vida ao máximo. Isso significa permitir que

todos os meus sentidos fiquem livres.

— Você pode desligar suas emoções?

— Se eu quisesse. Mas, Eu não quero.

— Isso deve ser bem legal. — Mick estendeu a mão e agarrou

um medalhão de chip de dados em volta do pescoço.

— O que é isso?
Ela levantou e olhou para baixo. — Muitas boas lembranças

estão armazenadas nisso. — Ela soltou e respirou fundo. — Vamos

fazer isso.

Excitação tomou conta dele. — Isso? — Por favor, esteja

falando sobre sexo. Ele não queria empurrá-la muito rápido, mas

ele queria Mick demais.

— Sexo. Já faz um tempo, e não tenho mais certeza de como

vou ser boa nisso, mas estou disposta.

Ela ainda não está realmente pronta.

Uma onda fria de decepção encheu Sky. Talvez Mick não o

quisesse, mas ela se sentia obrigada a compartilhar seu corpo. Ele

salvou a vida dela, e Mickayla tem que se sentir agradecida, apesar

de não se encontrar na melhor circunstância, estar trancada dentro

de seus aposentos. Outros cyborgs não a receberam exatamente de

braços abertos.

Ele se levantou e andou de um lado para o outro.


— O que há de errado?

Ele fez uma pausa, debatendo sobre como responder. Seus

olhos castanhos eram adoráveis, e Sky podia encará-los o dia todo,

mas estava aceitando sua vontade de permitir que ele tomasse o

corpo dela o suficiente para fazer o prazer que ele tinha certeza de

que experimentaria valeria a pena? Teria sido ideal se ela sentisse

a mesma forte atração que ele sentia por ela.

Os terráqueos eram diferentes dos cyborgs. Ele sabia disso

mais do que a maioria. Mick ainda não estava investindo

emocionalmente nele, mas ele queria que ela fizesse.

A decisão foi tomada. Seu pau duro protestou, mas ele se

recusou a permitir que estragasse suas chances de mantê-la a longo

prazo. O olhar dele varreu seu corpo. E Sky queria cada centímetro

dela, e não apenas para uma rápida queda em seu colchão. Mick

era preciosa, e ele pretendia fazer exatamente isso.

— Acho que devemos nos conhecer melhor primeiro.


A boca dela se abriu e a descrença arregalou os olhos. — Mas

eu disse que sim.

A reação dela o divertiu. Ela é tão fofa. — Eu aprecio isso, mas

você realmente não me quer, Mick. Não do jeito que eu quero você.

— Ele sorriu. — Pelo menos ainda não.

Ele só tinha que descobrir como fazer essa mudança.


Capítulo 5
Sky era um mistério para Mick. Ela lhe deu permissão para

fazer sexo com ela, mas ele recusou, porque sexo não era suficiente.

Isso a deixou perplexa.

Ele foi até o teclado da porta para fazer uma ligação particular,

pelo menos ela havia assumido, e um guarda veio levá-lo embora.

E Sky tinha prometido para retornar dentro de algumas horas.

Agora ela se perguntava para onde ele foi enquanto passeava

pelos pequenos bairros.

Alguém bateu a porta e ela parou, olhando na direção do som.

— Sim?

Ela se abriu, e o medo tomou conta dela quando um cyborg

de uniforme e cabelos pretos, franziu a testa para ela do corredor.

— Olá. Eu sou Teg. Não fomos formalmente apresentados antes.


— Mick. — Ela não estava prestes a oferecer sua mão, não

tendo certeza se ele a devolveria. Aqueles rumores sobre cyborgs

roubando partes de corpos tinham que vir de algum lugar, e ele

parecia meio diferente em volta dos olhos. — Onde está o Sky?

— Ele está discutindo com alguns membros do conselho. —

Ele se inclinou contra a porta aberta, olhando-a com frios olhos

azuis. — Ele está tentando impedir que o Bridden retorne ao nosso

planeta natal. Estávamos em uma missão que seu resgate

interrompeu.

— Posso perguntar por quê?

— Por que ele pararia, você quer dizer? — Ele sorriu, mas não

foi amigável. — Para dar a ele mais tempo com você.

Mick se perguntou se isso era verdade e descobriu que ela

gostava dessa razão, se fosse. — Por que você teria que interromper

sua missão por minha causa?

— Fui enviado aqui para interrogá-la pelo nosso conselho.


Eles acreditam que você é uma ameaça para nós.

Ela riu e logo ficou sóbria, percebendo que ele estava falando

sério. — Sério? Como sou perigosa para você? Olá. Sou uma

mulher que subiu a bordo do seu ônibus espacial sem uma arma.

Vocês salvaram minha bunda. Por que eu gostaria de fazer algo

ruim aos cyborgs?

— Você é da Terra.

— Não posso negar isso. Eu sou.

Ele não disse nada, olhando para ela com uma expressão vazia.

— Você também tem o dobro do meu tamanho. Eu

provavelmente quebraria minha mão se tentasse dar um soco em

você. O que eu não faria — acrescentou ela rapidamente. — Eu não

sou uma ameaça.

— Você trabalha para o governo da Terra e quem garante que

você não é espiã deles.

— Sou mineira. Você sabe qual é meu status no governo da


Terra? Eu nem me registro no radar deles. Eu não sou ninguém. Só

consegui o emprego no Velion One porque tenho seios. Havia

apenas três outras mulheres candidatas, mas eu tinha mais

experiência que delas, desde que sou mineira de terceira geração.

Bingo. Eu fui a vencedora. — Ela fez uma pausa. — Ou perdedora.

Depende sobre como você vê isso. Esse trabalho era realmente

péssimo.

— Terceira geração?

— Meus avós e pais também eram mineiros.

— Você ainda trabalha para o governo da Terra.

— Todas as pessoas na Terra se enquadram nessa categoria

agora, assim como aqueles que abandonam o plano e realizam

trabalhos associados a qualquer coisa que o Governo da Terra

detenha. E, como são idiotas, isso significa praticamente tudo. Eles

são valentões.

— Então você está dizendo que é civil?


— Sim.

Ele fez uma careta. — Como sabemos que você não é um

soldado?

Ela não pôde evitar. Ela riu de novo. — Olhe para mim. Eu

não estou exatamente em forma. Sento-me em um painel de

controle o dia todo. — Ela levantou o braço e o flexionou. — Vê a

falta de músculos? A coisa mais pesada que levanto são as botas de

4,5 kg que tive que usar para atravessar a superfície entre o centro

de controle e meus aposentos. O solo pode estar a cento e sessenta

graus à sombra durante o dia. Botas de trabalho regulares seriam

danificadas. Eu também tinha que cobrir minha boca para respirar

quando estava tão quente, para não estragar minha garganta e

pulmões. Respirar o ar quente pode causar emergências médicas.

Eu estava sozinha no planeta, o que significava que eu teria

morrido se desmaiasse. — Ela explicou, balbuciando agora.

— Independentemente, você ainda é da Terra.

Mick franziu a testa, lentamente percebendo exatamente a


gravidade da situação em que ela poderia estar. — Você também.

Te faço uma pergunta você ama Governo Terra?

Ele fez uma careta. — Não.

— Nem eu. Eles mataram meus pais.

— Explique-se.

— Eles eram mineiros. O salário era uma merda, e eles

estavam fazendo com que trabalhassem além do horário

especificado no contrato para atender às cotas. Eles não estavam

dando a ninguém créditos de bônus ou mesmo rações extras pelas

horas e dias adicionais em que foram forçados a trabalhar. Então,

houve uma greve. — Ela odiava as lembranças que surgiram

naquele tempo.

— Eles se rebelaram?

— Foi pacífico, mas eles se recusaram a voltar ao trabalho até

conseguirem mais créditos ou um aumento nas rações. As horas

eram duras, mas os mineiros estavam dispostos a fazê-lo. O


governo da Terra não negocia. Os mineiros receberam ordens para

iniciar suas plataformas ou morrer. Meu pai não achou que eles

seguiriam adiante, mas, mesmo assim, ele enviou todas as crianças

e idosos para as linhas de trás, inclusive eu. Ele era um dos

representantes dos mineiros. O Governo da Terra precisava de

nossa experiência e habilidades. Ao menos, foi o argumento de

meu pai. — A dor apertou seu coração. — Ele foi um dos primeiros

a morrer, junto com minha mãe. Os militares derrubaram seis

plataformas em um piscar de olhos para provar um argumento. Eu

fiquei órfã depois disso e fui enviada para a Terra aos dezesseis

anos. Foi um inferno lá.

Ele franziu a testa. — Como assim?

— Eu não tinha família para me acolher. Eles me prenderam

em uma casa de abrigo com outras crianças como eu. Tivemos que

trabalhar para pagar por um espaço para dormir e comida. Eu era

pequena para o meu tamanho, desde que nasci na lua e cresci em

gravidade artificial. Pode te atrapalhar um pouco. Então fui


forçada a limpar os esgotos subterrâneos, porque me encaixo. Você

pode imaginar como é aterrorizante ser amarrado a um cabo e

baixado a trinta metros de profundidade, com apenas uma luz de

capacete e pelo maior tempo possível? Eles me colocaram em

turnos de dez horas, sete dias por semana. Eu estaria cansada de

cortar qualquer coisa que pudesse causar um backup quando

chovia, então eu teria que fazer cinco horas de tarefas e tarefas

escolares.

— Saí de lá quando completei dezoito anos para conseguir um

emprego em Marte. Eu fui ser uma subescavador. Era perigoso,

mas superava viver na Terra. A maioria das outras meninas do meu

abrigo acabou trabalhando em bordéis. Eu preferiria ter me

arriscado a ficar presa em um casulo se os motores falhassem. Eles

não perdem tempo para te salvar. Você irá de ser descartado e

deixado para morrer.

— O que é um subbescavador?

Ela apontou o polegar em direção à unidade de limpeza. — É


desse tamanho por dentro, só redondo e com assento. Pense

mandíbulas grandes com brocas dentro. Eles cavam na superfície

para separar qualquer coisa que possa danificar o equipamento de

construção quando iniciam um projeto. É quase impossível

detectar massas sólidas sob a superfície até que elas enviem vagens

de escavadeiras. Os dentes desses mastigam rochas e depósitos

minerais, cuspindo-os por trás da plataforma à medida que avança.

Você está literalmente se movendo no subsolo, enterrado. Os

motores podem morrer de falha mecânica ou você pode atingir

algo como um asteroide enterrado que explode. Eles apenas

deixam você lá se isso acontecer. Não é rentável perder tempo

enviando outras vagens para a área para procurar e tentar resgatá-

lo.

— Parece perigoso.

— Isto é. Eventualmente, eles mandam a barcaça e os

arrancam se puderem, mas normalmente meses se passam antes

que isso aconteça.


— A barcaça?

— É um navio de carga com um enorme super ímã na parte

inferior. Ele viaja baixo sobre a superfície de onde eles acham que

as vagens dos escavadores foram perdidas e, se não estiverem

profundamente inseridas no solo, elas serão puxadas. Ninguém

nunca foi encontrado vivo. Os motores morrem e o suporte de vida

também. Você pode viver por vinte e quatro horas no máximo, se

você é realmente bom em regular sua respiração. Como eu disse,

porém, eles enviam a barcaça apenas duas vezes por ano quando

ficam sem peças de reposição ou esperam poder recuperar os

motores. A perda de vidas não é levada em consideração. Sempre

há corpos novos dispostos a ocupar esses lugares.

— Você disse que o pagamento é ruim.

— É, mas tira você da Terra. Eu não queria ser forçada a

trabalhar em um bordel.

— Uma casa de sexo, correto?


— Sim.

— Parece menos perigoso.

Ela bufou. — Diz alguém que não tem ideia do que acontece

com as mulheres que vivem em bordéis. Eles não se importam com

o que um cliente faz com você, desde que paguem. Você não é uma

pessoa, mas um pedaço de carne que respira. Eu nunca conheci um

trabalhador de bordel aposentado. Você quer saber por quê?

Nenhum deles sai vivo. Sempre há algum idiota disposto a dedicar

muitos créditos para fazer coisas doentes e dementes a outros seres

humanos. Até os matar. É a única maneira de deixar um bordel. Em

uma bolsa. Eu poderia ter morrido em uma escavadeira, mas, pelo

menos alguns doentes não estavam me estuprando ou me

torturando primeiro.

Sua pele cinza empalideceu.

— A Terra é um lugar miserável, mas especialmente para as

classes mais baixas. Isso inclui eu. — Ela fez uma pausa. — Sempre

somos monitorados e todos os movimentos são rastreados. A casa


do abrigo em que vivi tentou me forçar a trabalhar em bordéis,

jurando que garantiriam que eu não fosse contratada em nenhum

outro lugar. Eu acho que eles estavam recebendo propinas para

vender garotas diretamente para esses lugares. E não ter um

emprego também é uma sentença de morte na Terra. Eles matam

você por ser indigente ou então você se esconde deles até morrer

de fome. Isso soa como um lugar que alguém adoraria?

— Não.

— Foi por isso que me inscrevi no trabalho no Velion One. Eu

ficaria sozinha por dez anos, mas não precisava me preocupar com

um idiota ficando duro e sendo morta por ele se eu dissesse não.

Às vezes, isso acontece com as mulheres na Terra,

independentemente do dever que lhe é atribuído. Você pega o olho

errado e está ferrado, de qualquer maneira. Eles podem pagar para

que você seja sequestrada, fazer o que quiserem, em seguida, ter

seu corpo despejado quando estiver pronto. Lugar legal, né?

Ninguém se importa se uma pessoa pobre desaparecer.


Especialmente se não tiverem família.

O cyborg alto inclinou a cabeça, estudando-a. — Você pode

oferecer uma prova do que aconteceu com seus pais?

— Você pode acessar os registros de notícias da Terra? Eles

publicaram histórias e até relataram a verdade, mas ninguém se

importava com o destino dos mineiros. Não somos importantes o

suficiente para causar problemas. Veja o nome Richard Caroboll.

— Ela soletrou. — Ele era meu pai e sua morte foi notícia porque

era um defensor dos mineiros. Meu nome é Mickayla e o nome da

minha mãe era Cora. A história me mencionou porque eu era órfã.

Fui punida sem ração por uma semana quando a história foi

contada, como se fosse minha culpa.

— Eu vou investigar.

— Estou te dizendo a verdade.

— Posso acessar os registros da Terra e encontrar seu arquivo.

— Ok. Continue. Eu soletrei meu sobrenome para você


facilitar. Você quer meu número de código? Todos nós recebemos

um no nascimento.

— Me dê isto.

Ela fez. Ele não anotou os trinta e seis dígitos, mas ela

imaginou que ele provavelmente tinha uma boa memória desde

então. — Você é algum tipo de policial cyborg?

— Eu sou hoje.

Mick suspirou. — Bem. Eu não estou mentindo. Estou bem

por nunca voltar à Terra. Eu teria que aceitar outro trabalho de

mineração em algum planeta infernal ou na lua sozinha novamente.

Quatro anos foi uma eternidade. Não achei que ficaria tão sozinha.

— Ela estendeu a mão e segurou o chip de dados em volta do

pescoço.

Ele imediatamente percebeu. — O que é isso? — Ele entrou no

quarto e estendeu a mão, abrindo a palma da mão. — Deixe-me ver.

— É um chip de dados de backup para o meu androide.


Guardei a memória dele a cada ciclo de carregamento.

— Por quê?

— Os androides são caros, então tive que comprá-lo usado.

Ele desmoronava de vez em quando, e eu era capaz de consertá-lo,

mas sempre me preocupei em não conseguir mantê-lo. Não

consegui peças de reposição para ele entregue na Velion One. Foi

por isso que fiz backups constantes. Eu poderia pagar um novo

corpo para ele quando meu trabalho terminasse. Não queria perder

as memórias dele.

— É um robô.

Ela tentou não se sentir insultada em nome de Jorg. — Ele

tinha alguns programas básicos de emoção e ficamos juntos por

quatro anos. Seu modelo se adapta e aprende. Ele pode ter sido um

androide, mas ele era meu melhor amigo. Você poderia dizer que

a personalidade dele está armazenada nisso.

— Deixe-me ver.
Ela odiava remover o colar, mas, entregando-o com pesar, não

quis causar problemas para Sky. — Por favor, não leve Jorg. Essa é

a pessoa que me interessa. Até guardei vídeos dos meus pais em

sua memória. Acabei de perder tudo naquele planeta.

Ele gentilmente aceitou o colar. — Eu cuidarei disso, mas

preciso confiscar isso até verificar seus registros.

— Tudo bem. — Ela entendeu. — Mas, por favor, devolva-o

para mim. — Ela odiava as lágrimas que enchiam seus olhos e

tentou piscar de volta.

Teg inclinou a cabeça, sua expressão parecendo um pouco

confusa. — Você realmente se importa com este androide?

— Eu não sei como eu teria ficado são sem ele. Ele era meu

melhor amigo.

— Entendido. — O cyborg recuou. — Vou tratar o chip com o

máximo cuidado.

— Obrigada. Obrigada.
Então ele se virou e saiu, as portas fechando atrás dele.

Mick colocou sua mão tocando onde o chip havia descansado,

já sentia falta do leve peso em volta do pescoço.

Ela voltou para a cama e sentou-se, esperando que Sky

voltasse logo. Isso a ajudaria a sentir menos medo e preocupação

com o futuro incerto.

Sky empurrou contra a parede do corredor e encarou Teg. —

Você está satisfeito? Permiti que você falasse com ela.

— Mas tive que ficar na entrada, com a porta aberta. Você

achou que eu a machucaria?

— Eu teria atacado você se você tivesse. Te disse que ela estava

sob minha proteção. Ela é apenas uma mineira, não uma espiã ou

um soldado. Diga ao conselho. Eles vão te ouvir. Você tem

conexões.
— Tenho tendência a acreditar nela, mas tenho que verificar

os fatos se você quiser que eu fale em seu nome. Não quero me

enganar.

— Entendi, e é por isso que permiti que você tivesse acesso a

ela. Ela não é uma ameaça, Teg. Você a viu.

— O humano parece inofensivo, mas eu nunca consideraria a

mulher de Krell não ameaçadora.

— Mick não é um híbrido criado dentro de um laboratório por

seu pai genial e sua mãe.

— As chances são pequenas, mas tenho que investigar antes

de concluir.

Sky tentou controlar sua frustração. — Por que você pegou o

colar dela?

— Ele armazena dados. Eu quero revisar. Engenharia é minha

especialidade.

— Pensei que você tivesse deixado seu último ataque para que
o Bridden se afastasse das verificações em todos os sistemas,

procurando vírus e bugs?

— Eu estava cansado de viver em uma nave tão grande com

muitos cyborgs. A tripulação neste ônibus é geralmente entre

quatro a nove homens. Há menos trabalho a fazer aqui.

Sky definitivamente entendeu ficar cansado de lidar com

muitas pessoas. — Não destrua isso. É importante para Mick.

— Eu acredito. Ou ela é boa em enganar.

— Ela é apenas uma mineira, Teg. Lembre-se do termo “força

de trabalho descartável”?

O homem suspirou. — Eu lembro.

— A vida dela é tão valiosa para o governo da Terra quanto a

nossa. Duvido que eles investiguem o que aconteceu no Velion One.

Irá irritá-los que o planeta não esteja sendo minerado e porque eles

sofreram danos à propriedade, mas sua vida é inútil para eles. Ela

não é uma ameaça para Garden ou nossa espécie.


— Vou verificar todos os dados que obtemos da Terra para

verificar o que posso. Espero por você que ela esteja dizendo a

verdade. Eu posso ver por que você se arriscaria em resgatá-la. —

Ele fez uma pausa. — Eu concordo com Onyx. Você deve participar

de uma unidade familiar. Não posso oficialmente recomendar isso,

mas, fora do registro, esse é o meu conselho.

— Ela acabou de descobrir sobre a nossa existência e não me

conhece bem. Eu preciso de mais tempo para conseguir o acordo

dela. É por isso que quero evitar voltar para Garden imediatamente.

— É um plano lógico.

— Eu sou um cyborg, afinal.

— Você é, mas você tende a agir mais...

— Seja educado.

Teg sorriu. — Eu teria pensado em uma descrição que não

fosse um insulto.

— Eu não acredito em você. E só preciso de um pouco de


tempo. Nossa missão é importante e não deve ser adiada. Esses

modelos Markus são a verdadeira ameaça. Precisamos encontrá-

los antes que cheguem perto demais de Garden.

— De acordo.

— O que é mais importante? O conselho reclamando de mim

por salvar uma mulher ou destruir a ameaça real à nossa

civilização?

— Eu disse que concordo com você, Sky.

As palavras finalmente afundando, Sky suspirou. —

Desculpa. Eu estava um pouco atordoado. Eu esperava uma

discussão infernal para você ver as coisas do meu jeito. — Então

ele sorriu. — Eu aposto que isso te irrita, já que raramente

concordamos em qualquer coisa.

— Os modelos Markus me irritam muito mais.

Sky o estudou. — Não tenho nenhum problema em admitir

que eles me assustam. É toda aquela mente, a coisa da voz que eles
fazem. Merda assustadora.

Teg hesitou antes de dizer: — Eu tive alguns pesadelos com

eles.

— Acho que todos nós temos. Eu nunca quero ter nada em

comum com o governo da Terra, mas também não quero aqueles

androides sensacionalistas com a pele correndo solta. Espero que

tenham destruído totalmente o modelo deixado na Terra.

— Os terrestres podem ser irracionais. No entanto, tenho

certeza que aniquilar os demais modelos Markus não lhes causaria

algum tipo de dilema moral. Eles tentaram acabar com a nossa vida.

— Acredito firmemente no ditado “viva e deixe viver”, mas

esses modelos da Markus querem acabar com tudo e todos que não

são seus irmãos. Eles precisam cair.

Teg balançou a cabeça. — Seu idioma.

— Eu sou o especialista em Terra por uma razão. — Ele piscou.

— Estou voltando para meus aposentos para passar um tempo com


Mick. Divirta-se conversando com o conselho. Obrigado por

convencê-los de que ainda não precisamos voltar para Garden.

— Você supõe que eles vão ouvir.

— Elas vão. Você não é meu maior fã. Eles seguirão sua

recomendação.

— Eu não desgosto de você, Sky. Somos apenas diferentes.

— Agradecidamente. Você é muito rígido, parceiro.

— E você é muito descuidado.

Sky não discordou quando atravessou o corredor e

pressionou a mão na fechadura da porta, abrindo-a. Mick esperava

na cama e sorriu quando entrou. — Você sentiu minha falta?

— Eu tive uma visita enquanto você estava fora.

— Estou ciente. Sinto muito, mas Teg precisava fazer algumas

perguntas. Eu não teria permitido se achasse que ele poderia

aborrecê-la. — Sky se aproximou dela lentamente e sentou-se na


beira do beliche. — Estávamos em uma missão importante quando

eu a salvei. Quero evitar ir para casa até terminarmos. Isso dará

tempo ao conselho para se acalmar.

— Sinto muito por ter lhe causado problemas.

Ela parecia tão sincera e preocupada que ele teve que resistir

à vontade de puxá-la em seus braços. — Você quer saber um

segredo?

Ela se inclinou para frente. — Certo.

— Gosto de irritar o conselho. Eles são um bando de idiotas

tensos na maioria das vezes. É bom que alguém desobedeça uma

regra aqui e ali. Uma sociedade precisa de algumas regulações para

sobreviver e prosperar, mas às vezes acho que elas precisam de um

pouco de agitação para lembrá-las de que estamos vivos.

— Eu odeio ter causado tanto sofrimento a você.

— Vales a pena. Você não estaria sentada aqui conversando

comigo e parecendo absolutamente adorável se eu não tivesse


quebrado algumas regras. Não estou arrependido.

Suas bochechas ficaram rosadas e ela sorriu. — Estou feliz por

estar aqui com você.

Ele queria beijá-la. — Sou mais bonito do que os piratas.

Ela riu. — Mil vezes mais.

— E tenho todos os meus cabelos e dentes, pelo menos. — Ele

ampliou o sorriso para mostrar seus dentes brancos e uniformes.

— Minha pele não é toda grossa e borbulha com feridas de radiação.

Ela estendeu a mão e colocou a mão sobre a dele, rindo mais.

— Pare.

Ele gostou do toque dela, e o fato de ela se sentir relaxada o

suficiente para confiar nele com aquela demonstração de contato

físico. — E eu também cheiro melhor.

— Eles cheiram? O mais próximo que cheguei de um deles foi

para vê-los fora do prédio. Suas imagens nas telas pareciam tão

ruins quanto as imagens que vi nas notícias. Você corre para eles
com frequência tão profundo no espaço?

— Às vezes. — Ele passou o polegar pelas costas da mão dela,

acariciando-a. — Tivemos conflitos com eles. Eles atacam todas as

naves que encontrar, incluindo as nossas.

— Isso é horrível.

— Eles têm naves mais lentas e desatualizadas e são muito

fáceis de transportar. E este ônibus está protegido. Eles não podem

nos ver no radar deles.

— Não consegui detectá-lo até que vi nas câmeras externas.

Vocês devem ser realmente inteligentes para inventar esse tipo de

tecnologia.

— Nós roubamos. — Ele sorriu. — Garden é feito de coisas

pelas quais roubamos, trocamos ou encontramos abandonadas.

Não queríamos tirar do planeta e seus recursos naturais.

Detectamos muitos metais, mas a maioria deles é encontrada

debaixo d'água. Eu falei sobre nossos vizinhos. Não queremos


prejudicá-los de nenhuma maneira ou causar uma guerra.

— Então eu acho que é bastante básico morar lá?

Ele riu. — Você ficaria surpresa. Não somos uma colônia

preguiçosa. Construímos uma cidade que poderia rivalizar com

algumas das melhores da Terra. Nós adquirimos muitas naves.

Alguns mantemos em comissão, mas a maioria recuperamos para

materiais de construção. Vamos tirar tudo e encontrar um uso.

Algumas luas e planetas mortos também são usados pelo Governo

da Terra para despejar os dejetos. Encontramos muitas coisas úteis

nisso. Entramos e pegamos as coisas que achamos mais úteis.

— Você ainda não respondeu minha pergunta. Como você

sabe como os piratas cheiram?

— Nós os encontramos enquanto negociamos em algumas

das estações de longo alcance.

— Essas estações não denunciam você aos oficiais da Terra?

— Eles não sabem o que somos. Nós nos vestimos como


piratas.

Sua boca se abriu e ela pareceu atordoada. — Ninguém

poderia confundi-lo com um deles.

— É realmente muito fácil. Eles se vestem com roupas

folgadas para esconder a pele e o rosto quando interagem com

alguém da Terra. Eles não atacam os postos avançados que estão

dispostos a negociar com eles, e existem alguns. Essas estações não

são os tipos de lugares que você gostaria de visitar. Ajustamos

nosso ônibus para emitir baixos níveis de radiação e nos vestimos

como eles. Ninguém suspeita de nada. Podemos identificar os

verdadeiros piratas de nossos tripulantes quando estamos em uma

estação pelo cheiro. Eles não tomam banho com frequência. A água

é mais escassa para eles, e não acho que a espuma de limpeza seja

uma prioridade para eles roubarem.

— O que os piratas trocam?

— Armas, principalmente, e atualizações mecânicas para

manter suas naves em operação.


— Eles têm créditos?

— Acho que não. Mas eles roubam muito dos outros e trocam

esses itens.

— Esses postos avançados precisam saber disso.

— Eles estão cientes, mas não se importam. O Governo da

Terra fica longe das estações mais distantes. Isso é uma coisa boa,

mas, digamos que eles não são tão regulamentados quanto a

maioria. O crime é alto e os negócios ilegais são comuns.

— Não visitei postos avançados distantes quando fui levada

para o Velion One. Foi apenas um voo direto, sem paradas.

— Teria sido muito perigoso, se você fosse uma mulher.

Ela assentiu. — Eu imaginei, já que tinha que fingir ser um

homem durante todas as comunicações.

Ele estava agradecido por ela não ser realmente um homem.

— Teg retornará seu chip de dados. Ele só quer rever o que está

nele.
Ela estendeu a mão e tocou onde costumava estar o colar. —

Jorg é importante para mim.

Um pouco de ciúme surgiu em Sky, surpreendendo-o. —

Disseram-me que é a personalidade armazenada em um androide.

— Sim. Jorg foi a primeira coisa que economizei e comprei que

não era uma necessidade. Não tenho mais família. Era importante

para mim ter um companheiro quando assumi o cargo no Velion

One.

— O que aconteceu com ele?

— Eu o deixei em meus aposentos na manhã do ataque. Eu

tive que visitar as minas para fazer alguns reparos. Eu nunca levei

Jorg para as minas. Eu não gostava dele lá fora por longos períodos.

Sua blindagem não estava equipada para aguentar esse tipo de

calor. O computador me notificou que os sensores de longo alcance

estavam captando tráfego quando eu estava lá, mas não tinha como

enviar um sinal a ele até chegar ao Controle. Meu fone de ouvido

com capacete só me permite manter contato com o computador


principal. Eu pretendia enviar um sinal para Jorg assim que

chegasse ao Controle, dizendo-lhe para vir a mim, mas

infelizmente era tarde demais. Os piratas atacaram e os canhões

terrestres haviam atingido uma de suas naves. Eu assisti bater nos

meus aposentos. Jorg não conseguiu.

Sky odiava ver sua dor. — Sinto muito pela sua perda.

— Obrigada. Sei que não posso comprar outro modelo dele

no seu mundo, mas espero que eu possa baixá-lo em um

dispositivo de fluxo de dados para pelo menos, poder acessá-lo.

— Temos essa habilidade em Garden, — assegurou Sky, já

determinado a ver se ele poderia ter um androide construído para

Mick. Ele não queria aumentar as esperanças dela, pois não tinha

certeza de como seria difícil e não mencionou. — Você gostaria de

algo para comer?

— Eu estou bem. — Ela sorriu. — Está com fome? Aposto que

você está acostumado a comer mais de uma vez por dia.


— Comi enquanto discutia com o conselho.

— Como foi?

— Acredito que eles vão nos permitir ir atrás dos modelos

Markus.

— Merda. — Mick empalideceu. — Recebi um alerta sobre

eles do governo da Terra. Eles disseram que atacaram alguns

postos avançados. Era verdade? Eu pensei que talvez eles

estivessem apenas brincando comigo para garantir que não

tentasse entrar em contato com nenhuma nave que viajasse na área.

Eles desaprovam isso. Recebi ordens para permitir que o

computador respondesse qualquer granizo desconhecido, de

modo que seria assumido que era uma operação de mineração

automatizada.

— Eles existem. Você está ciente do que eles são?

— Meu supervisor disse que eram androides que poderiam

passar por humanos, mas estavam funcionando mal. Foi-me dito


que a primeira regra de protocolo foi excluída. Foi quando fui

ordenada que eu carregasse sempre uma arma comigo. Antes disso,

eu não usava uma. Não é como se houvesse algo vivo no Velion

One.

— Primeira regra de protocolo?

— Aquele que afirma que não pode prejudicar nenhum ser

vivo.

— Isso seria um eufemismo de proporções épicas. Eles são

autoconscientes e acreditam que qualquer outra coisa que não os

Modelos Markus precisam ser destruídos. Humanos. Piratas.

Cyborgs. Aliens. Eles consideram toda a vida uma ameaça à sua

existência.

— São apenas alguns deles, certo? Foi o que meu supervisor

disse. Ele me informou que eles roubaram duas naves e estavam

atacando postos avançados. E me garantiu que não estavam na

minha vizinhança, mas que eu deveria ignorar qualquer saudação

recebida de ninguém além dele, apenas no caso de estarem


procurando um alvo para atacar a seguir.

— Existem mais do que alguns, e eles roubaram quatro naves.

E ainda possuem acesso a três. Pegamos uma delas. — Então ele

sorriu. — Você desobedeceu ordens, respondendo ao meu pedido

de socorro.

— Te conheci antes de receber esse alerta. E eu confio em você.

Suas palavras o aqueceram por dentro. — Estou feliz.

— Você salvou minha bunda. — Ela sorriu. — Obrigada por

isso. Simplesmente não consigo agradecer o suficiente. Com

certeza não estaria aqui agora se você também não tivesse

desobedecido as regras. Somos um par, não somos?

— Nós somos. — Ele a desejava tanto. A necessidade de beijá-

la ficava mais forte a cada minuto. Ele silenciosamente estudou os

lábios dela. Eles pareciam macios, e Sky queria descobrir primeiro

e se eles seriam.

— Sky? — Ela se inclinou para mais perto.


— Sim?

— Faça.

Ele hesitou.

— Você quer me beijar, certo? Você continua olhando para os

meus lábios. Faça. — Insistiu ela. — Por favor.


Capítulo 6
Mick se inclinou para mais perto e fechou os olhos enquanto

seus lábios roçavam os dele. Sky estendeu a mão e gentilmente

segurou a parte de trás de sua cabeça. A respiração deles se

misturou, e então ele gemeu, pressionando suas bocas firmemente.

Ela se abriu quando a língua dele tocou seu lábio inferior. Ele

explorou a boca dela quando ela o agarrou.

Sky poderia beijar.

Ele se afastou muito cedo, e ela abriu os olhos, olhando para

ele. — Precisamos ir devagar. Não quero apressar você.

— Isso é doce. Mas faz pouco mais de quatro anos desde que

fiz sexo, Sky. — Ela decidiu ser franca. — Eu realmente quero você.

— Eu também quero você, mas não quero cometer um erro.


Ela não tinha certeza de como aceitar isso. A confusão dela

deve ter aparecido em seu rosto, porque ele enfiou os dedos nos

cabelos dela, acariciando seu couro cabeludo.

— Eu quero que você realmente goste de estarmos juntos.

Ele era um cara legal. A maioria dos homens já a teria jogado

de costas e arrancado suas roupas. — Vamos devagar então, mas

eu quero fazer sexo com você agora.

Sky olhou para ela, a centímetros de distância, e sorriu. — Nós

vamos. Mas quero ser sincero com você.

— Uh oh. O que há de errado?

— Nada. É que as mulheres cyborgs são diferentes de você.

Lembra dos implantes de que falei?

— Sim.

— Eles podem ordenar que seus corpos fiquem excitados. —

E Sky se inclinou um pouco e olhou para o colo dela antes de

encontrar seu olhar novamente. — Você não tem implantes. E


precisa ser estimulada manualmente, e estou preocupado que

tenha ficado enferrujado com minhas técnicas. Você disse que isso

era uma preocupação sua. E é uma que eu compartilho.

Ela podia entender isso totalmente. — Vamos ficar nus. Então

poderemos descobrir.

Ele riu. — Você é perfeita para mim. — Sky deslizou da cama

e se levantou. — Eu também estou um pouco preocupado que eu

possa assustá-la quando me despir.

— Por quê?

Ele pegou sua camisa e a removeu, deixando-a cair no chão.

Ela admirava abertamente o peito dele. Sky era esculpido e bonito.

A cor da pele dele também a fascinava. A vontade de passar os

dedos sobre ele aumentou, e Mick desceu da cama, aproximando-

se. Sky ficou parado enquanto ela levantava as mãos e as

pressionava contra o abdômen dele. Ele respirou fundo.

— Suas mãos são muito macias.


— Ainda não vejo nada com o que temer. — Ela já adorava

tocá-lo, deslizando as mãos pela pele macia e pelos mamilos

escuros. Eles frisaram instantaneamente. E Mick olhou para o rosto

dele, identificando luxúria quando o estudou. — Você é perfeito.

— Estou preocupado com o meu pau.

Sua confissão contundente a fez olhar para baixo. A descrição

era clara, já que ele estava obviamente duro. A boca dela se abriu.

— Uau.

— Os cientistas nos projetaram, Mick. Alguém também deve

ter acreditado que o tamanho estava lá embaixo. Não preciso lhe

penetrar, se você estiver preocupada, que isso te machucaria.

Ela abaixou uma mão, apenas hesitando por um segundo.

Então Mick esfregou suavemente a protuberância de seu pênis

através do material. Ele era duro e grosso. E Sky gemeu, e ela

gostava que pudesse obter essa reação vinda dele. Mick correu os

dedos ao longo do comprimento, então pegou o cós da calça.


— Estou disposta a arriscar. Vamos tirar isso de você.

Ele deu um passo atrás. — Eu vou fazer isso. Retire a camisa.

Mickayla tirou a camisa e depois olhou para o rosto dele,

parcialmente preocupada. Sky estava realmente em forma, e ela

não. Será que ele ficaria decepcionado? Mick não tentou se

esconder dele, no entanto, como Sky parecia estudar cada

centímetro de seu corpo. Ele finalmente encontrou seu olhar, e o

olhar que lhe deu a encheu de alívio. Sky ainda estava excitado.

— Eu quero tanto você. — Ele murmurou.

Ela se virou e deitou na cama dele, esticando-se de costas. —

Eu quero você também.

Sky abaixou as calças dobrando a cintura, esquecendo de tirar

as botas primeiro. Ela rolou para o lado, tentando esconder o

sorriso enquanto ele tropeçava, tentando arrancá-los.

Sua diversão morreu quando ele se endireitou, e ela

conseguiu seu primeiro vislumbre em Sky totalmente nu.


— Oh uau.

— Isso é bom ou ruim?

O olhar dela viajou do rosto bonito para o peito, depois para

o pênis tenso e, finalmente, para as coxas musculosas. — Você

poderia fazer uma fortuna se permitisse que alguém o visse.

— De que maneira?

— Você sabe, esses vídeos para mulheres. — Mick lambeu os

lábios e sua frequência cardíaca aumentou. Sky não teria que

trabalhar duro para despertá-la, já que ela já estava molhada só de

olhar para ele. Sky realmente era bonito e moldado a perfeição. —

Os que eles fazem de caras muito gostosos que mulheres solteiras

assistem em noites solitárias para ver homens se despindo. Eu

tenho alguns e você, com certeza, é melhor que esses caras.

Sky se aproximou da cama. — Você assiste vídeos de homens

nus?

Ela assentiu. — Não devo admitir isso? Eu sabia que ficaria


sozinha por dez anos.

— O que eles fazem nesses vídeos? Eu não os vi. — Ele se

ajoelhou ao lado da cama, seu olhar fixo nos seios dela. — Conte-

me.

— Eles geralmente tiram a roupa e depois se masturbam. Eu

não quero que você faça isso, no entanto. Eu quero ser a única a te

tocar.

Ele encontrou o olhar dela. — Eu já estou muito excitado. Eu

gozarei se você fizer. Estou animado só de olhar para você. E anseio

tocar em você.

Ela rolou de costas. — Vem aqui então.

Ele não precisava de mais insistência. Ela correu para lhe dar

lugar enquanto Sky se deitava ao seu lado. Ele passou a palma da

mão levemente sobre o peito dela. Era bom, e Mick queria mais... e

mais.

— Você não precisa ser tão gentil.


— Você é menor que um cyborg ou um robô sexual. E eu estou

medo de te machucar por acidente.

— Eu sou uma mineira. — Ela sorriu. — Sou forte, Sky.

Ele apertou a mão nas costelas dela e a arrastou para baixo,

parando no osso pélvico dela. E Mick abriu as pernas e levantou

lhe facilitando o acesso ao seu corpo. Sky explorou mais longe, seus

dedos traçando a fenda de sua vagina.

— Você está molhada. — Sua voz se aprofundou. — Eu quero

ser um mineiro agora. Eu gostaria de perfurar bem aqui. — Ele

rosnou, seu dedo localizando a entrada de sua vagina. Então ele

congelou, afastando o olhar da mão enquanto sua bochecha

escurecia. — Me desculpe. Isso foi rude.

Mick riu. Ele corou! Foi revigorante ver essa habilidade em

um homem agradável. Também removeu todas as últimas dúvidas

que ela tinha sobre Sky ser algo como um robô. Ele era uma pessoa.

Essa resposta foi muito humana e favorável. — O sexo deve ser um

pouco sujo, você não acha?


Sua expressão se suavizou. — Você sente algum medo de mim,

Mick? Seja honesta.

— Eu confio em você.

— Você pode. Suponho que você não se importe com

conversas sujas?

Ela balançou a cabeça, olhando nos olhos dele. — Faça.

Ele sorriu. — Eu sei o que isso significa, e eu amo um desafio.

— Ele mudou seu peso para se voltar mais para ela. E Sky apoiou

os braços em cada lado dela e levantou a parte superior do corpo

enquanto deslizava pela cama. — Espalhe essas coxas para mim,

sexy. Estou morrendo de vontade de marcar sua buceta.

Não, ele não era um robô. Enquanto Sky manobrava mais abaixo

em seu corpo, Mick ajustou as suas pernas até que elas se

separassem. E ele escorregou do final da cama, enfiou as mãos

embaixo da bunda dela e a puxou para mais perto do fundo do

colchão.
Sky fez uma pausa, olhando para ela. — Sem medo, Mick.

Deixe-me ouvi-la para me informar se estou fazendo isso direito.

Seu coração batia forte quando Sky soltou sua bunda com um

aperto e estendeu as mãos sobre as coxas dela, mantendo-as

abertas. Ele abaixou a cabeça e abaixou o olhar para encarar sua

buceta exposta.

Ele não lhe deu nem um aviso antes de abrir a boca e tentar.

Mickayla estremeceu com a sensação repentina de sua língua

quente. Seu abraço apertado, e ele aplicou um pouco de seu peso

para ter certeza de que ela não pudesse lhe dar um empurrão o

afastando, não que ela desejasse fazer isso realmente.

Ele se concentrou em seu clitóris.

Prazer derramou através do seu corpo quando Sky a

atormentou, lhe provocando com a ponta da sua língua. E

Mickayla gemeu, estendendo a mão para a cabeça dele, mas

agarrando seus joelhos dobrados. Ele ficou mais agressivo quando


achatou a língua e esfregou rapidamente contra aquele feixe de

nervos muito sensíveis. Sky foi impiedoso ao aplicar cada vez mais

pressão. Mick arqueou as costas, gritando. Foi intensa, e a sensação

incrível.

Uma das mãos dele deixou sua coxa e deslizou para baixo.

— Sim. — Ela insistiu. — Não pare. — Ela estava indo rápido

e difícil. Fazia muito tempo desde que um homem a tocou.

A sensação de um dos dedos dele violando lentamente sua

vagina mantinha todos os músculos de seu corpo apertando. E

Mick tinha certeza que ele estava usando o polegar. Sky moveu-o

para dentro e para fora, imitando como seria quando ele estivesse

transando com ela. A combinação de seu dedo transando com ela

e estimulando seu clitóris ao mesmo tempo foi a gota d'água.

Mick jogou a cabeça para trás e gritou o nome dele quando ela

explodiu em um orgasmo. Era perverso e maravilhoso, o clímax

tão poderoso que parecia que ela poderia morrer devido à

intensidade. E Mickayla mal percebeu quando ele puxou a boca


para longe de seu clitóris e retirou o polegar de sua vagina

enquanto lutava para se lembrar de como respirar.

Ela abriu os olhos e olhou para baixo. Seus mamilos estavam

tensos, e o olhar no rosto de Sky era sexy como o inferno,

totalmente escuro e possessivo. Ele ficou de joelhos e deslizou um

braço sob a cintura dela, puxando sua bunda para a beira da cama.

Ele quebrou o contato visual e alcançou entre eles. E Mick

levantou a cabeça levemente, observando enquanto Sky segurava

o eixo grosso de seu pênis, alinhando-o com sua vagina. Ele

esfregou a coroa na fenda dela, provocando seu clitóris, antes de

deslizar a cabeça cada vez mais baixo. Seu olhar se levantou e Sky

trancou seu olhar no dela.

— Você é linda, Mick. — Sua voz saiu mais profunda do que

o normal.

Ela estava realmente molhada do seu orgasmo anterior, e não

doeu quando ele entrou nela. Sky era grande, mas generoso. Ele

parou quando estava alguns centímetros, segurando o tornozelo


esquerdo dela, levantando-o no ombro dele. Deixou-a bem aberta

para ele. O braço ainda em volta da cintura a manteve no lugar

quando Sky avançou, levando-a completamente.

Mick gemeu. Seu olhar cintilou no corpo dele. Ele não apenas

se sentia incrível, mas também parecia. Sky se retirou um pouco, e

ela observou o estômago dele apertar, revelando todos aqueles

músculos abdominais sensuais.

Ele avançou, entrando nela mais fundo.

Mick gemeu mais alto.

Sky parou. — Estou te machucando? Você é tão apertada.

Ela balançou a cabeça. — Eu me sinto incrível.

— Rápido ou lento? Qual você prefere?

Ela lambeu os lábios. — Rápido.

Ele soltou o tornozelo dela e achatou a mão na barriga dela,

pressionando o polegar contra o clitóris. E Mick estremeceu, ainda


um pouco sensível demais lá, mas então Sky começou a transar

com ela a sério. Ele dirigiu seu pau dentro e fora, duro, rápido. Seu

polegar montou seu clitóris enquanto martelava seus quadris

contra o centro de suas coxas.

Mick jogou a cabeça para trás e fechou os olhos. Ela agarrou

qualquer coisa que seus dedos pudessem segurar. Ninguém nunca

a levou tão rudemente antes, e Mickayla nem conseguia pensar.

Prazer e leve dor turva. Ela conseguiu envolver uma das pernas em

volta da coxa dele quando a vontade de bater os joelhos a dominou,

o prazer era intenso demais, muito cru para lidar, mas Sky era forte,

e ele não diminuiu a velocidade quando Mick apertou o joelho

contra o seu quadril. Ele continuou martelando dentro e fora do

corpo dela, o polegar firmemente contra o clitóris.

Mickayla gritou quando o segundo clímax a atingiu, quase

certo de que ela não sobreviveria. Seu coração parecia explodir em

seu peito e uma névoa vermelha roubou sua visão.

Sky de repente deitou em cima dela, prendendo a parte


superior do corpo na cama enquanto ele enterrava o rosto em sua

garganta e gemia alto, com o rosto pressionado contra a pele dela.

Seus quadris diminuíram a velocidade, depois pararam e ele

mudou seu peso para soltar a mão entre eles. Os dois respiravam

pesadamente, e Mick se sentiu fundida a Sky. Ele ainda estava

dentro dela, e seu pênis permaneceu duro, mas ela sabia que ele

tinha vindo também. E Mickayla podia sentir seu pau latejando,

como se tivesse um batimento cardíaco. Isso poderia ter sido seus

músculos vaginais interno tremendo, pensou.

Sky se mexeu um pouco e levantou a cabeça. Mick forçou os

olhos a abrirem e ela olhou para ele.

— Case-se comigo. — Ele murmurou.

Ela colocou os braços em volta do pescoço dele, ainda

ofegante. — Você não quis dizer isso.

— Eu quis.

— Sua mente está frita se você estiver se sentindo do jeito que


estou agora. Sou apenas eu ou esse foi o melhor sexo de todos os

tempos?

Ele deu um sorriso. — Ele foi o melhor. Nós arruinamos um

ao outro para qualquer outra pessoa. Encare isso, Mick. Você

precisa se casar comigo.

Ela riu. — É assim mesmo?

Sua expressão ficou séria. — Sim. Você deve me salvar da

solidão e concordar em passar todas as noites na minha cama.

Basta pensar no que podemos fazer juntos quando não estivermos

tão enferrujados. Eu não planejo deixar você ir nunca, então

devemos apenas torná-lo oficial.

O humor dela desapareceu. — Você está falando sério.

— Eu estou. Nós nos conhecemos, Mick. Não quero deixar

você em Garden, apenas para raramente vê-la. Eu teria que matar

alguém se eles tentassem te perseguir. Qualquer cyborg vai querer

compartilhar sua vida com você. — Ele piscou. — Salve-me de uma


vida na prisão por cometer assassinato, eliminando minha

competição e apenas diga que sim.

— Você está brincando né?

— Não. Bem, talvez sobre a última parte. — Sua expressão

ficou sombria. — Quis dizer tudo que falei. Eu adoraria casar com

você.

Ela ajeitou as pernas, envolvendo-as com mais firmeza em

volta da cintura dele. — Bem... você me salvou. É justo se eu te

salvar de volta. — Mick sorriu. Era assustador a ideia de saltar em

um relacionamento sério, talvez até mesmo estúpido... embora, ela

já estava apaixonada por Sky. Mickayla estava sentindo coisas por

ele há muito tempo, se ela fosse honesta. Cada vez que sua voz a

alcançava do espaço, Sky se tornava mais importante para ela. O

fato dele ser um cyborg não era um problema. Sky provou que

tinha emoções suficientes para rivalizar com qualquer humano. —

Mas temos tempo para nos conhecermos melhor antes de

começarmos o casamento, certo?


— A vida pode ser muito curta, Mick. Você sabe disso tão bem

quanto eu. As coisas podem mudar em um instante. Quero me

casar com você e aproveitar cada momento que temos juntos.

Mickayla compreendeu que ele estava sendo completamente

sério.

Ela abriu a boca para responder, mas Sky roçou um beijo em

seus lábios, olhando em seus olhos.

— Somos muito bons juntos, nos dê uma chance. Será uma

aventura que podemos compartilhar juntos. Você já deixou tudo o

que sabia para trás, apenas torne-se minha esposa, Mickayla.

Sky era incrivelmente tentador. Demais. Depois desse sexo,

ela queria concordar com qualquer coisa que ele quisesse. — Você

não joga limpo, joga?

— Nunca quando quero algo tanto quanto eu desejo você.

Seus olhos eram tão bonitos, e ninguém nunca a olhou como

ele. Era como se ela significasse seu mundo.


Isso a ajudou a mergulhar. — Isso é bem apressado, mas…

sim.

Ele a beijou ternamente, roçando os lábios nos dela antes de

se afastar. — Você não vai se arrepender.

— Eu só espero que você não faça.

Sky estendeu a mão e passou os dedos pelos cabelos dela,

acariciando sua bochecha. — Nunca. Estou muito feliz por você

estar aqui, Mick. Não é todo dia que seu bom amigo é a mulher dos

seus sonhos. Essa foi a melhor surpresa de todas.

Lágrimas encheram seus olhos, mas Mickayla os piscou de

volta. — E eu estou tão feliz que você não é careca e velho. — Ela

respondeu, usando humor em vez de admitir que ele estava

derretendo seu coração.

Ele riu. — Eu sou velho, mas pareço bem para a minha idade.

— Quantos anos você tem?

— Discutiremos isso mais tarde. Não quero estragar esse


momento se você surtar.

Ela estudou o rosto dele. — Você não parece muito mais velho

do que eu. Eu estou na casa dos 30 anos.

— Eu fui criado na Terra antes de cyborgs serem conhecidos.

Isso foi a um longo tempo. Mick não conseguia se lembrar de

detalhes, mas tinha certeza de que isso havia acontecido décadas

antes do seu nascimento. Ela desenrolou os braços e tocou o rosto

dele, inspecionando-o.

— O que você está fazendo, Mick?

— Você disse que os cientistas usaram cabelos grisalhos para

fazer você se encaixar com eles. Eu sei um pouco sobre clones. Eles

geralmente os cultivam até uma certa idade e depois não

envelhecem mais quando são removidos dos tanques de

crescimento. E os cyborgs? Você era criança quando o tirou de um

daqueles tanques em crescimento?

— Não. Eu era adulto.


— Você não tem rugas. Você não envelhece, não é?

Ele soltou o cabelo dela e capturou uma de suas mãos. — Não.

Isso a atingiu como uma tonelada de tijolos. — Merda.

— O que há de errado?

— Não posso me casar com você, Sky. Nós apenas teremos

que viver juntos por um tempo.

O aperto dele na mão dela aumentou. — Por quê?

— Eu não sou um cyborg. Eu vou envelhecer. Nós ficaremos

bem juntos por talvez trinta anos mais ou menos, mas então você

estará casado com uma velha enrugada. Eu não posso fazer isso

com você.

— Eu ainda vou te querer, Mick. Além disso, esse problema já

foi levantado antes. Nosso pessoal está trabalhando em uma

maneira de retardar o envelhecimento humano, e já fizeram

grandes progressos. Dois dos membros do conselho se juntam a

uma mulher humana. Elas estão se mantendo com uma saúde


incrível, parecendo muito mais jovem do que são. Eles retardaram

o processo doando seu plasma, e assim rejuvenescendo as células

delas.

Ela pegou essa informação inacreditável. — Você teria que

passar plasma por transfusão? Isso parece doer.

— Não sei se sou compatível com você, mas os cyborgs

voluntariamente doam sangue e é processado para ajudar os

humanos. Isso reduzirá bastante o seu processo de envelhecimento,

e eles continuam trabalhando em maneiras de pará-lo

completamente.

Mickayla ainda tinha suas dúvidas.

— Mick. — Sky franziu a testa e se inclinou para mais perto,

olhando profundamente em seus olhos. — Pare de pensar no que

causou essa expressão em seu rosto. Eles vão descobrir. Cyan está

trabalhando com alguns de nossos especialistas para descobrir o

que foi feito com elas, a fim de ajudar outras esposas humanas, e

mesmo assim temos muitos anos antes de nos preocuparmos com


isso.

— Quem é Cyan?

— Ela já foi humana, mas seu pai criou um corpo para ela. Ela

é semelhante a um cyborg, mas mais avançada. E Cyan parece

completamente humana, mas também não envelhece.

— Novo corpo? Como um daqueles implantes cerebrais que

eles tentaram em idosos? Ouvi dizer que eles tentaram dar a eles

corpos androides, mas é suposto ser o material das histórias de

horror. Eles morrem de qualquer maneira ou ficam loucos se

conseguirem sobreviver à cirurgia.

— Ela não é um androide. E é de carne e osso com extras. Seu

pai destruiu a pesquisa depois que ele transferiu Cyan para esse

corpo, para proteger sua existência. Ela era procurada pelo

governo da Terra. Eles a teriam matado por ajudar os cyborgs a

escapar.

— Uau. Isso é algo pesado.


— Apenas não permita que isso se torne um problema ou nos

separe. Os cyborgs são mais avançados clinicamente que os

humanos.

Isso fazia sentido; ela não podia negar o fato de que os cyborgs

provavelmente eram muito mais afetados do que as pessoas

normais. Fazia sentido que sua tecnologia médica seria melhor.

— Você confiou em mim para tirá-la do Velion One e levá-la

ao meu mundo natal. Confie em mim para fazer nosso casamento

dar certo.

Ela queria concordar com qualquer coisa que Sky quisesse,

especialmente com eles ainda intimamente unidos e ele parecendo

incrivelmente sexy. A ideia de passar o resto da vida com Sky

parecia boa demais para ser verdade. E tentador. Inacreditável.

— Estou começando a perceber que discutir com você nunca

será fácil. Por favor, diga-me que você tem algumas características

irritantes, como arrotar durante as refeições ou morder o nariz.


Choque assumiu suas feições. — Eu não.

Ela riu. — Você é perfeito então? Ótimo. Eu nunca vou ganhar

uma discussão.

Ele sorriu lentamente, mostrando sua diversão. — Eu tenho

uma falha.

— Mal posso esperar para ouvir. O que é isso?

— Estou faminto por sexo. E você está nua na minha cama...

— Isso não parece uma falha. Também estou com um pouco

de fome de sexo.

— Vamos consertar isso.

Ela passou as mãos sobre o corpo dele. — Vamos.


Capítulo 7
Sky acordou com um zumbido fraco e sabia que precisava sair

da cama. Ele se arrependeu instantaneamente quando se

desembaraçou da forma adormecida de Mick. Ela gostava de

abraçar, e ele apreciou tê-la pressionada contra seu corpo demais

para desistir facilmente. Ele caminhou até o bloco perto da porta e

colocou a mão lá.

A voz de Gene foi ouvida dentro de sua cabeça. — O que está

acontecendo? Fui informado de que poderíamos voltar para

Garden.

— Sinto muito. Sei que você digitalizou as comunicações em

todos os momentos que acordou e não saiu de seus aposentos.

Algum vestígio de Danica desde que ela vendeu seu ônibus em

Titan?
— Não. Por que estamos voltando para Garden? Ainda não a

encontrei.

— Bem, é que salvei um humano de um planeta.

— Quando isso aconteceu? Droga, eu estava dormindo, não é?

Fiquei mais de quarenta e sete horas monitorando as transmissões

e entrando em contato com estações espaciais, em busca de

qualquer notícia de Danica.

— Lembra do meu amigo chamado Mick, que dirigia a

operação de mineração? Sei que contei sobre ele, como falo com ele

de tempos em tempos.

— Sim.

— Ele acabou sendo ela, e piratas atacaram as minas onde ela

trabalhava. Entrei para resgatá-la, então Mick está a bordo, e o

conselho está irritado comigo por salvá-la. Mas ela concordou em

ingressar em uma unidade familiar comigo.

O silêncio total encontrou seu anúncio.


Sky interiormente estremeceu. — Sinto muito, Gene. Eu sei

que você queria ficar aqui mais tempo e procurar a irmã

desaparecida de Eve. Fiz uma busca e vamos passar perto do Star

em nosso voo para casa, se o conselho nos fizer voltar. Você pode

se transferir para essa nave para permanecer fora do planeta e

acessar os satélites. Eu estava planejando termos uma conversa

sobre isso, mas você estava incomunicável. Imaginei que você

estivesse ocupado e entraria em contato comigo quando fizesse

uma pausa.

Gene suspirou. — Não posso culpá-lo pelo que fez. Parabéns

por encontrar uma fêmea, sei que você sempre quis uma.

— Por que todo mundo diz isso?

— Porque é a verdade. Você sempre reclama de...

— Ok. Entendi, — disse Sky, interrompendo-o. — Mick é

incrível, e eu estava certo de querer alguém como ela. Posso entrar

em contato com o Star e pedir que eles enviem um ônibus para

atracar conosco. Eles podem buscá-lo quando estivermos ao


alcance de... Oh, merda. Onyx está no comando agora. Fui

despojado do comando do Bridden..., mas tenho certeza que ele

fará isso por você. É importante que Danica seja encontrada. Onyx

está ciente disso e deseja que você possa ficar aqui procurando por

ela em vez de voltar para Garden.

— O conselho está tão furioso com você?

— Eles acham que minha Mick pode ser uma espiã.

— E ela é?

— Não.

— É bom que você esteja em uma unidade familiar, então. Isso

a protegerá de ser tirada de você, mas é sua bunda que estará na

linha se você estiver errado.

— Não estou errado e ainda não assinamos formalmente um

contrato. Eu vou cuidar disso nessa mudança. Mick não ama o

governo da Terra, eles mataram os pais dela.

— E o conselho acreditará na palavra dela?


— Teg está checando sua história e confirmará se o que ela

disse a ele é verdade.

— Como você o levou a fazer isso? Ele nem gosta de você.

— Foi por isso que pedi para ele se encontrar com ela. O

conselho vai ouvi-lo porque não somos amigos. Eu pediria um

favor a você, no entanto.

— Eu te devo uma. — Gene admitiu. — Você me tirou de

Garden para caçar a Danica. Diga.

— Você é próximo de Blackie. Por favor, lembre-o de que

estou ajudando você a procurar a cunhada e que não lhe dei

nenhuma obrigação, liberando todo o seu tempo para examinar as

comunicações em busca de qualquer menção a Danica.

— Você quer que ele o ajude no conselho e esclareça o seu

caminho com esta mulher. Vou entrar em contato com ele e vou

falar também com Onyx.

— Lembre a ele como é importante encontrar Danica, já que


ela conhece Garden. E é um sério risco para o nosso planeta se ela

for capturada e torturada. — Sky sorriu. — É a desculpa que eu uso

quando qualquer um dos cyborgs reclama de você ficar em seus

aposentos o tempo todo. Funciona com eles.

— Eu farei isso. Obrigado pelo tempo que você me permitiu

no Bridden.

— De nada. Eu gostaria que já tivéssemos encontrado Danica.

— Eu também. Vou deixar uma mensagem para atualizá-lo

depois de falar com Onyx e Blackie.

— Obrigado. — Sky tirou a mão do bloco e cortou as

comunicações. Ele se virou, sorrindo enquanto observava Mick

dormir em sua cama. O seu corpo respondeu instantaneamente à

visão do corpo curvilíneo dela e a todas as coisas que gostaria de

fazer com ela para deixá-los felizes.

Ele deu duas passadas quando a parede bateu suavemente

novamente.
Ele girou, rangendo os dentes e bateu com a palma da mão

mais uma vez.

— O quê?

— Estou monitorando a ativação de suas comunicações. —

Afirmou Onyx. — Não pareça irritado. É rude.

— Peço desculpas. Acabei de acordar e queria voltar para a

cama.

— O conselho mudou de ideia sobre o retorno a Garden. O

Varnish recebeu um sinal de socorro há vinte minutos. Os civis na

estação Zippo relataram os modelos Markus, mas depois pararam

de transmitir. O Deer está a caminho, mas estamos mais perto.

Então o conselho nos mandou ir lá e avaliar a situação antes da

chegada do Varnish.

Sky sentiu medo quando ele virou a cabeça, olhando para

Mick. Ela estaria em perigo. — Entendido. Quanto tempo até

chegarmos onde o ataque ocorreu?


— Sete horas, treze minutos a toda velocidade. Os modelos

Markus já terão matado todos os habitantes a bordo, se seguirem

seu padrão.

Sky fez uma careta, sabendo que Onyx estava correto. Os

modelos Markus não teriam compaixão. E qualquer sobrevivente

só seria deixado como isca para matar os outros. Ele leu o relatório

que Stag havia apresentado sobre o único sobrevivente que eles já

haviam encontrado. A fêmea estava amarrada nua na cabeceira da

cama com bombas prontas para explodir se alguém tentasse soltá-

la. Felizmente, os cyborgs que tinham encontrado Nala tinham

sido capazes de desativar os explosivos.

— Eu sei que você provavelmente está preocupado em ter sua

mulher a bordo, mas permaneceremos protegidos para fornecer

informações a Stag antes que ele chegue. Nós só vamos ter que

atacar se os modelos Markus permaneceram e precisamos ajudar a

defender o Varnish.

— Entendido. O que eu posso fazer?


— Quero você aqui em cima quando chegarmos à estação.

Vamos tentar invadir seus computadores para ver os feeds de

segurança do que ocorreu. A estação foi principalmente dirigida

por humanos, e você está mais familiarizado com os seus

comportamentos do que eu. É possível que você detecte algo que

eu não possa.

— Eu estarei lá em sete horas. Isso serve?

— Sim.

Sky retirou a mão do bloco, encerrando a ligação. Ele entrou

na unidade de limpeza em vez de acordar Mick. Sky precisava

acalmar seus nervos antes que ela o visse em seu humor atual. Seria

bastante difícil tentar explicar o perigo que enfrentariam em breve

se eles tivessem que contatar os Modelos Markus. O conselho

ordenaria um ataque se sentissem que o Bridden e o Varnish

poderiam levar uma nave pertencente ao inimigo.

Ele ficou parado quando a espuma atingiu seu corpo, os olhos

fechados e respirou fundo. Era uma prioridade juntar-se a uma


unidade familiar com Mick. Agora mais do que nunca. O futuro

deles juntos poderia ser muito curto.

Mick acordou com um leve zumbido e sentou-se. Ela estava

sozinha na sala, mas o som veio da parede perto da porta. Alguém

parecia estar no corredor. Outro barulho chamou sua atenção para

a unidade de limpeza, e Mickayla sorriu, aliviada por Sky não ter

ido longe.

Ela deslizou para fora da cama para que ele saiba que alguém

queria sua atenção. A unidade abriu antes dela alcançá-la e Sky

saiu. Ele usava apenas uma toalha enrolada na cintura.

— Alguém está na porta, eu acho. O painel ao lado tocou

algumas vezes.

— Eu atendo. Por que você não fica limpa enquanto eu atendo?

Está com fome?


— Sim. Estou acostumada a comer logo depois de acordar.

— Vou pedir comida. — Ele caminhou até a parede de

armazenamento. — Não demore. Vamos comer e depois voltar a

praticar novamente.

Ela riu. — Acho que conseguimos acertar antes de adormecer.

— A prática leva à perfeição e desejo ser o melhor marido para

você.

Ela foi tocada pelas palavras sinceras dele. Mick podia ouvir

a sinceridade na voz dele. — Sou grata por tudo o que fiz para

merecer você.

— Eu também.

Ela entrou na unidade de limpeza e fechou a porta, correndo

para se limpar e fazer a limpeza matinal. Não demorou muito

tempo com o banheiro sofisticado. Mick sentia falta de coisas como

espuma de limpeza e banheiros escondidos que deslizavam para

fora das paredes e desapareciam automaticamente assim que


terminava. Era maravilhoso poder usar água de verdade para

escovar os dentes também. Ela poderia se acostumar à vida com

um cyborg.

Ainda ficou um pouco preocupada que Sky queria se casar.

Ela tentou ler seus sentimentos. Nenhum arrependimento latente

veio à tona dizendo que sim, embora Mick estivesse um pouco

nervosa. E se, depois que o estágio da lua de mel terminasse, eles

descobrissem que não deveriam ter se casado? As taxas de divórcio

na Terra eram altas. Ela se perguntou se isso era igualmente

verdade com os cyborgs.

Mick enrolou uma toalha no corpo e saiu da unidade de

limpeza. Ela parou assim que saiu.

A porta para o corredor estava escancarada, e um homem que

ela nunca visto antes conversava com Sky. Mick tinha tomado seu

tempo e não esperava que ainda tivessem companhia. Ele era outro

cyborg com cabelos pretos e olhos azuis brilhantes, que se

arregalaram quando a encarou.


Sky virou-se para ela, sua expressão sombria.

— Espere aí, Mick. Isso só vai levar um momento.

— Você não vai me apresentar? Ela não está comprometida.

— Ela me pegou, Kronk. — Sky empurrou o homem para o

corredor e o golpeou contra a parede. — E não olhe para minha

mulher dessa maneira. Eu não compartilho. — Ele girou, invadiu o

quarto, e bateu com a mão no teclado. As portas se fecharam.

Mick fez uma careta. — O que foi aquilo?

— Ele queria conhecê-la e roubar suas atenções de mim.

— Eu meio que adivinhei isso. Acho que os cyborgs não têm

um código de respeito, hein?

Ele balançou a cabeça. — Não. Entendo que os terráqueos

geralmente não fazem avanços sexuais em relação a mulheres que

estão com um de seus amigos. Os Cyborgs acreditam que é melhor

ser amigo dos outros homens com quem eles compartilham sua

mulher. Você não é um cyborg, porém, e ele está fora de linha se


pensa que você gostaria de mais de um marido.

Ela deixou essa informação afundar. — Quantos maridos são

permitidos as mulheres cyborgs?

Ele vestira calça, mas sem camisa. Ele cruzou os braços sobre

o peito e balançou a cabeça. — Eu não queria ter esta discussão com

você ainda.

— No entanto, estou perguntando. Apenas me dê direito, Sky.

— Existem menos mulheres que homens no meu planeta. Para

encurtar a história, elas têm vários maridos. Os homens cyborgs

compartilham uma esposa. Quando um homem se une a uma

unidade familiar, se a mulher já não tem um excesso de homens,

os amigos do homem usarão descaradamente essa associação para

competir por sua atenção, na esperança de que ela considere

adicioná-los à sua unidade familiar também. Isso não têm

importância, no entanto. Você não é um cyborg, e eu não estou

compartilhando você com outros homens. Seremos

completamente monogâmicos como casal.


Ela apertou a toalha na cintura e encostou-se na unidade de

limpeza, sentindo as pernas um pouco instáveis. — Você não está

brincando, está?

Ele deixou cair os braços e lentamente se aproximou dela. —

Os cyborgs são diferentes dos humanos, Mick. Tivemos que formar

unidades familiares que não são exatamente o que você considera

a normal. As mulheres cyborgs podem ter entre três e meia dúzia

de maridos. E nem todos eles vivem juntos de uma vez. Ela dividirá

seu tempo entre eles. Foi feito para dar a todos a oportunidade de

fazer parte de uma família, se assim o desejarem, e precisávamos

de um grande pool genético enquanto criamos nossas futuras

gerações. Vou dar um exemplo em pequena escala. Dez mulheres

com um marido cada uma significariam que havia apenas dez

variações de genética para as segundas gerações. Mas se as dez

mulheres derem à luz quatro filhos, por quatro homens diferentes,

significa quarenta variações diferentes da genética para a segunda

geração. Você segue essa linha de raciocínio?


Ela atravessou o quarto e sentou-se na cama. — Entendi.

— Eu não quero compartilhar você com outros homens. — Ele

foi até ela e se agachou, prendendo as pernas dela entre as mãos na

beira da cama. — E também não vou mentir. Você poderia exigir

aceitar outros homens em nossa casa, e as leis sobre Garden

estariam do seu lado. Isso partiria meu coração, Mick. Não quero

que você seja tocada por outros homens. Espero que você não me

queira tocando com outras mulheres. Eu quero que tenhamos um

relacionamento no estilo da Terra. Quero dormir com você todas as

noites e ser o único homem que lhe dará filhos, se tivermos sorte o

suficiente para ter um.

Ela olhou nos seus lindos olhos. — Essa é a verdadeira razão

pela qual você quer se casar comigo? Porque eu não sou um cyborg,

e eu não tenho que ter um bando de maridos?

— Quero me casar com você, porque sinto por você coisas que

nunca senti antes por ninguém e desejo passar todos os dias e

noites na sua companhia. Você me faz feliz, Mick. Não sinto por
outros cyborgs o que sinto por você. As mulheres cyborgs nunca

tiveram um interesse por mim. Elas nem são comparáveis a você.

Você é maravilhosa, quente, engraçada, doce, e tudo que eu sempre

quis em uma esposa.

Ele sabia as coisas certas a dizer, com certeza. — Você tem

certeza de que sou eu que você realmente quer?

— Sim.

Ela relaxou e o alcançou, colocando as mãos nos bíceps dele.

— Eu não quero ninguém além de você.

— Bom, — disse ele, seu alívio claro. — Os machos tentarão

chamar sua atenção. Diga a eles para se foderem. — Ele sorriu. —

Ou eu irei. Você é minha e eu sou seu.

— Vai levar algum tempo para me acostumar com o seu

mundo, não é?

— Estou com você a cada passo do caminho. O que importa é

que estamos juntos e nós seremos felizes.


— Ok. O que mais há de diferente na sua sociedade? Você

pode me preparar, já que serei sua esposa.

Sky se endireitou e ela teve que deixá-lo ir quando ele se

sentou ao lado dela na cama. Sky a surpreendeu deslizando os

braços em volta da cintura e sob os joelhos dela, e facilmente a

levantou sobre seu colo enquanto se afastava para trás, pegando a

mesa.

— Eu gosto de abraçar você.

— Eu também gosto disso.

— Bom. Pois eu vou fazer muito isso. Adoro a proximidade

que sinto com você, Mick. Ok, vou te dar um resumo de Garden e

como os cyborgs vivem. Nossa comida estará aqui em breve. Você

está pronta?

— Sim.

Contou um pouco sobre a história de seu povo e Mick podia

sentir sua tristeza quando Sky relatou os horrores que haviam


sofrido sob a tirania do Governo Terra. Eles foram tratados como

se fossem robôs.

Ele então disse a ela sobre como eles haviam escapado

roubando naves, e como Garden tinha sido descoberto. Mick achou

essa história fascinante. Os Cyborgs eram incrivelmente resistentes.

Ele estava apenas entrando em detalhes de como seu planeta

era governado por doze membros do conselho quando a porta

soou. E Sky a levantou do chão e jogou um travesseiro nela.

— Será um homem, e ele olhará para você. Por favor, cubra-

se.

Ela usou o travesseiro para esconder a sua parte superior do

corpo, propositadamente ignorando quem estava à porta para

entregar sua comida. Sky trouxe uma bandeja carregada e sentou-

se perto dela, descansando-a entre eles antes de remover a tampa.

— Continue. — Ela encorajou.

Sky falou enquanto eles comiam. Ela teve que detê-lo quando
ele chegou a criar pactos.

— Deixe-me ver se entendi. Qualquer mulher pode exigir seu

esperma para que tenha um bebê seu? — Isso não lhe agradou nada.

— Eu contribuí para o pool genético tendo filhos com

mulheres que solicitaram meu esperma, como todos os homens

cyborgs devem fazer. Minha cota necessária foi atendida. Estou

fora do meu pacto de criação, Mick. Eu prometo que todos os meus

espermatozoides são exclusivamente seus, a partir de agora.

— Eu nunca pensei que diria isso, nem ficaria feliz em ouvir

essas palavras vindas de um homem, mas estou feliz que seu

esperma seja apenas meu. Eu não ficaria bem se você tivesse que

engravidar outras mulheres.

— Isso não vai acontecer.

— Este é um acordo, certo? Eles não podem ordenar que você

faça sexo com cyborgs que queiram seus genes?

— É um acordo feito. Eu juro.


Ela estava disposta a acreditar nele. — E as crianças que você

já tem? Não tenho muita experiência com elas. Eles vão nos visitar

nos finais de semana? Com que frequência você tem suas custódias?

Suponho que é assim que funciona, já que você não é casado com

as mães deles.

— Eu não tenho permissão para vê-los. Foi uma doação

genética, Mick. Não tenho direitos ou reivindicações para essas

crianças.

Ela assentiu devagar. — Entendo.

Ele se inclinou para frente, estudando-a. — Isso faz você

pensar menos de mim?

— Não. Por quê?

— Alguns considerariam frio ter filhos que não estão sendo

criados por mim. Eu me preocupo com essas crianças, mas elas não

são consideradas minhas pela lei cyborg.

— Você não sabe muito sobre mineiros, não é?


Ele balançou sua cabeça. — Não.

— Alguns de nós trabalham em lugares perigosos onde

acidentes de radiação acontecem. Geralmente não é alto o

suficiente para matar, mas pode tornar alguns de nós estéreis.

Digamos que, na comunidade em que cresci, doar óvulos e

espermatozoides não era incomum entre amigos e colegas de

trabalho que queriam ter filhos. Foi considerado uma grande

gentileza ir aos médicos e dar aos necessitados. Doei alguns ovos

aos vinte anos de idade, trabalhando em Marte. Eles me deram

alguns estimulantes hormonais por alguns meses para me ajudar a

produzir mais ovos, e então eu entrei. Eles me colocaram para

dormir e acordei algumas horas depois com o procedimento

concluído. Esses ovos foram para mulheres que tiveram problemas

para engravidar.

Sky estendeu a mão sobre a bandeja e segurou seu rosto. —

Você tem filhos que não criou também?

— Eu não vejo dessa maneira. Eu sabia que duas mulheres


com quem trabalhei que tinham tentado por muito tempo

engravidar, mas elas não conseguiam produzir ovos viáveis. Essas

mulheres trabalharam em Marte por muitos anos. Todo mês, eu as

via chorando porque não conseguiam engravidar novamente. E

estavam deprimidas por querer tanto terem filhos. Era cruel que a

esperança delas fosse frustrada uma e outra vez. Então outra

mulher com quem trabalhamos finalmente engravidou porque sua

irmã veio visitá-la e doou seus ovos. Isso me deu a ideia de fazer o

mesmo pelos meus amigos. Eu não era casada, ou tinha condições

financeiras de qualquer forma para criar um bebê sozinha. Isso me

fez sentir bem em ajudar. Os meus óvulos foram para elas, e para

algumas outras em necessidade. Fiquei emocionada quando

engravidaram, mas nunca olhei para esses quatro bebês como

meus. Eu só ajudei meus amigos com a capacidade de se tornar

pais.

— Você é incrível e compassiva. Poucos entenderiam doações

genéticas.
— Então, eles nunca viram as pessoas que se preocupam com

o sofrimento tão profundamente que fariam qualquer coisa para

trazê-los de volta a alegria. Eu também teria doado um rim se eles

não estivessem disponíveis com a tecnologia do uso de clones. Isso

não significa que o corpo deles se tornou parte do meu ou vice-

versa.

Ele a soltou e sorriu. — É o mesmo com as crianças que ajudei

a criar. Outros casais os criam. Você está estéril agora, Mick? Isso

não importa para mim, mas estou curioso.

— Não estive envolvido em nenhum acidente em Marte ou no

Velion One. Eu devo ser saudável.

Ele sorriu e ela sorriu de volta. O pensamento de ter filhos

com Sky era emocionante.

— Eu estou tendo os documentos elaborados e serão

entregues em breve. Quero que nos casemos hoje.

Estava acontecendo rápido demais, mas o olhar sério nos


olhos de Sky a motivou a concordar. — Ok.

— Sei que não é romântico apenas assinar nossos nomes em

um contrato, mas eu prometo que vamos realizar uma cerimônia

muito em breve. Eu quero que isso seja especial para você.

— Eu não gosto muito de casamentos. — Ela admitiu. — É só

sobre você e eu, certo?

Ele assentiu. — Sim.

— Então é tudo o que precisamos.

— Vou fazer um anel para você. — Ele pegou a mão esquerda

dela e beijou as costas dela. — Algo tão bonito quanto você é.

Sky sempre sabia a coisa certa a dizer. Ela sorriu. — Eu não

sei o que fiz para merecer você, mas você me faz feliz.

— Você também me faz feliz, Mick.


Capítulo 8
Logo após a conversa, a campainha da porta tocou. Sky não

estava brincando de tornar o relacionamento deles juridicamente

vinculativo, embora ele tivesse se recusado a permitir que o

homem que trouxe o documento que os casaria entrasse dentro do

quarto. Mick olhou para o bloco de dados que tinham sido

entregues para a cabine, lendo sobre cada linha com cuidado.

Era um contrato simples, descrevendo o que os cyborgs

chamavam de formar uma unidade familiar. O texto parecia frio,

sem emoção, mas era direto. Foi uma coisa boa que Sky tinha

advertido sobre a coisa de vários maridos, já que não havia menção

a ele.

— O que há de errado?

Ela olhou para cima. — Eu não tenho que me casar com mais
ninguém, certo? As palavras sobre isso não são tão claras quanto

eu gostaria.

Ele se aproximou da cama ao lado dela, lendo o bloco com ela.

— É só afirmar que você tem o direito de levar mais maridos. Não

que você queira ou precise. Não quero que você assine de outra

maneira, Mick. — Ele olhou para ela e sim. — Este contrato é

apenas entre nós, mas este é o padrão para o meu planeta. Você

confia em mim?

— Sim. — Ela não teve que pensar sobre isso.

— Isso nos liga legalmente a Garden. Só haverá você e eu

neste contrato de família. Eu prometo.

Ela colocou suas impressões digitais onde eram necessárias e

o bloco de dados registrou seu acordo.

Sky fez isso em seguida, e então ele se levantou, voltando para

a porta. Ele a abriu e entregou o bloco ao cyborg que esperava. —

Envie imediatamente para Garden e aguarde até você receber a


confirmação de que eles o receberam. Avise-me.

— Claro. — O cyborg sorriu para Mick.

Sky recuou e selou a porta. — Outro idiota flertando com você.

Você é minha, Mick. Sou seu. Agora, acredito que é necessário um

beijo.

Ela deu um tapinha na cama ao lado dela. — Venha aqui.

Sky a confundiu quando se ajoelhou na frente dela. — Eu, Sky,

aceito, Mickayla, para ser minha esposa. Amarei você para sempre,

colocarei sua felicidade em primeiro lugar acima da minha e darei

minha vida para mantê-la segura. Você é tudo para mim. Eu

ofereço-lhe meu coração, minha lealdade, e a garantia de que você

vai ser a única mulher que eu dou a minha semente. Esta é a minha

promessa e voto a você. Eu te amo.

Ela sentiu as lágrimas umedecerem os olhos e piscou-os de

volta. — Prometo fazer o meu melhor para fazer você feliz, ser a

melhor esposa possível, abandonar todos os outros cyborgs e


passar o resto da minha vida sendo apenas sua. Eu também te amo.

Ele se inclinou e a beijou. E Mick colocou os braços em volta

do pescoço, gemendo contra esta língua quando Sky se levantou e

a prendeu à cama. Ela amava a sensação dele em cima dela, mas

desejava que eles estivessem nus. E quebrando o beijo encontrou o

olhar dele.

— Tire a roupa.

Ele sorriu. — Eu amo você, Mick.

— Eu também te amo.

Ele se levantou, rasgando suas roupas. — Obrigado por

concordar em ser minha esposa. Você não vai se arrepender.

Ela se sentou, tirando a camisa enorme e jogando-a no chão.

— Eu só espero que você não faça isso daqui a algumas décadas se

eu ficar enrugada enquanto você ainda estiver com vigor.

Ele riu, subindo de volta na cama para se juntar a ela,

totalmente nu. — Eu lhe disse que podemos retardar seu


envelhecimento e provavelmente pará-lo totalmente com o

trabalho que a nossa equipe médica está fazendo com Cyan. Não

importa, no entanto. Você é única para mim, Mick.

O olhar dela percorreu seu corpo. Ele era incrivelmente sexy.

— Você parece inacreditável para a sua idade. Só espero que você

esteja certo, para que eu possa dizer o mesmo de mim mesma para

acompanhá-lo.

Ele a beijou, passando a mão sobre sua cintura quando ele

virou a do lado dela para encará-lo. — Pare de se preocupar e

apenas me beije.

— Eu posso fazer isso.

Ela o beijou, estendendo as mãos no peito dele. Mick adorava

tocá-lo... Seu marido. Isso levaria algum tempo para se adaptar,

mas ela esperava cada momento.

Ele interrompeu o beijo e abaixou um pouco, sua boca

arrastando beijos molhados pelo pescoço dela até o peito. Sky


tornava qualquer pensamento impossível quando a tocava. E Mick

tinha um bom pressentimento sobre ter tomado a decisão certa de

se tornar sua esposa. Era fácil se apaixonar por esse homem.

— Eu preciso de você. — Ela murmurou, agarrando seus

ombros largos. — Agora!

— Eu também preciso de você. — Ele deslizou ainda mais. —

Eu quero te provar.

Essas quatro palavras a fizeram arder de desejo. — Agora, Sky.

Estou molhada e pronta. Eu preciso de você dentro de mim. Me

atormente depois, agora quero que nosso casamento seja

consumado.

Ele levantou a cabeça e sorriu. — Seu desejo…

Ela riu quando ele deslizou por seu corpo. Mick colocou as

pernas em volta da cintura enquanto ajustava os quadris. A

sensação de seu pênis grosso deslizando contra seu clitóris a fez

gemer em segundos. Sky abafou qualquer ruído pois a estava


beijando quando ele a penetrou lentamente, enviando prazer

direto para seu cérebro. Se sentindo no céu, ela cravou as unhas em

sua pele quando seu marido começou a se mover em câmara lenta,

com estocadas constantes.

Ele finalmente interrompeu o beijo, indo para o pescoço dela

para colocar mais beijos lá. — Você é tão apertada e quente.

— Você é tão grande e faz eu me sentir tão bem. Eu não vou

durar.

— Eu também. Nós dois somos muito bons nisso.

Ela riu, até que ele mudou seu corpo o suficiente para

pressionar contra seu clitóris com cada movimento de seus quadris,

levando-a profundamente, e cada vez mais rápido. Então Mick se

perdeu nas sensações, gemendo cada vez mais alto. Sky parecia

saber exatamente como interpretar seu corpo.

Ela veio, gritando o nome dele. Ele enterrou o rosto no

pescoço dela segundos depois e gemeu, encontrando sua própria


libertação. Os dois ofegaram pesadamente quando Sky rolou para

o lado, ajustando-a em suas mãos até que se aconchegassem.

— Perfeito.

Ela concordou.

— Descanse, coma e depois vamos fazer mais sexo.

Ela riu. — Soa como um grande plano.

— Eu só desejo fazer você feliz.

— Você está tendo sucesso.

Ele riu. — Não é tão ruim para um novo marido, hein?

— Não tenho queixas.

Sky havia adiado o maior tempo possível. Eles passaram

horas fazendo amor e se unido depois que se tornaram


oficialmente uma unidade familiar. Ele precisava contar a Mick o

que estava acontecendo. — Eu tenho que sair por uma hora. Talvez

mais.

— Por quê? Esta é a nossa lua de mel.

— Eu sei, mas é importante. Aconteceu algo que não lhe falei,

não queria estragar nosso dia assustando você.

— Apenas me diga, Sky. Não quero segredos entre nós, isso

não é maneira de começar um casamento.

Mick era uma mulher maravilhosa. Ele também não queria

isso, mas odiava preocupá-la. A escolha foi fácil de fazer, pois sua

mulher merecia a verdade. — Eu tive uma conversa com Onyx

enquanto você ainda estava dormindo mais cedo. Os modelos

Markus atacaram uma estação e fomos ordenados a ir investigar.

Estamos protegidos, eles não podem nos ver nos seus radares.

Outra nave cyborg nos encontrará lá, mas chegaremos primeiro

para alimentá-los com informações. Esperamos que os modelos

Markus já tenham fugido da área quando chegarmos, e podemos


avisá-los se não for esse o caso.

Ela empalideceu. — E se eles ainda estiverem lá?

Ele pegou a mão dela. — Eu não sei. Os modelos Markus são

perigosos para Garden e todos os cyborgs. O Stag pode lutar com

eles se for apenas um ônibus espacial e se ele acreditar que

podemos ganhar. É provável que nos juntemos à batalha para

ajudar.

— Merda.

— Eles não podem invadir nossos sistemas. Somos cyborgs,

Mick.

— Invadir? O que isso significa?

— Eles usam suas mentes para invadir sistemas de

computadores. — Ele levantou a outra mão. — Temos implantes

cibernéticos sob a pele e podemos invadir com o toque. Alguns de

nós, como Teg, podem acessar remotamente sistemas em um

intervalo maior e se conectar com programas da mesma forma que


os modelos Markus. Todos nós monitoraremos o Bridden, este

ônibus espacial, para garantir que o sistema esteja protegido, se

estiverem dentro do alcance e nos atacarem. Tenho certeza que

você se preocupará, mas sabemos o que estamos fazendo.

Ela olhou profundamente nos olhos dele. — Ok.

— Eu odeio levar você tão perto do perigo, especialmente

desde que acabamos de casar. Mas, não dependia de mim.

— Eu sei disso. E acredito em você. — Ela franziu o cenho. —

Eu tenho uma pergunta.

— Qualquer coisa, Mick. Peça.

— Você disse que esse ônibus espacial não aparece nos

sensores, mas se esses androides puderem encontrar

computadores para invadir, eles não receberiam algum tipo de

sinal ou algo desse ônibus espacial?

Ele sorriu. — Os escudos nos mantém escondidos e sinais

pulam nossas localizações. Já pensamos nisso e testamos. Você é


brilhante. A maioria das pessoas não consideraria essa

possibilidade. — Ele estendeu a mão e acariciou sua bochecha. —

Vou me apressar, e não se preocupe, Stag e sua tripulação são

lutadores habilidosos. Eu ficaria surpreso se os modelos Markus

ainda estiverem na estação quando chegarmos. Eles são

conhecidos por atacar e desaparecer.

Isso pareceu aliviar um pouco seus medos. — Você vai me

deixar saber o que está acontecendo?

— Vou substituir o painel e falar com você, se tivermos que

entrar em batalha. Avisarei se houver um motivo para se alarmar.

— Obrigada.

— Vai tudo ficar bem. Eu preciso ir embora. Onyx está me

esperando, junto com Teg e alguns outros também.

— Posso ir com você?

— Não há um grande espaço na área do cockpit.

— Entendi. Ok. Você tem um trabalho a fazer. — Ela soltou a


mão dele. — Vá. Trabalhe. Arrebente.

Ele sorriu e deixou a mão cair do rosto dela. — Eu voltarei

para você em breve.

— Apenas me prometa que você terá cuidado.

— Eu vou. — Ele caminhou até a porta, mas fez uma pausa,

olhando para ela. Sky levantou a mão, beijou a palma da mão e

soprou o beijo para ela. Mick riu e fez o mesmo com ele, então Sky

abriu a porta e deixou seus aposentos, indo em direção ao elevador.

Seu bom humor tinha morrido no momento em que alcançou Onyx

e o resto da tripulação que esperava por ele.

— O que sabemos até agora?

— A estação não transmite desde os primeiros relatos de

ataque. — Onyx estava sentado no banco do piloto com Teg à

esquerda.

Teg parecia frustrado. — Não posso invadir os sistemas deles.

O computador principal que administra a estação está offline.


— Isso não é o pior. — Onyx ampliou o monitor frontal e a

estação apareceu.

Sky se aproximou e ficou atrás de Teg. A estação não parecia

ter muito dano externo. Ela tinha quatro estações de encaixe. A

mais distante tinha uma porta de ancoragem explodida e detritos

flutuavam nas proximidades. Dois ônibus espaciais estavam

conectados às mangas. Ambas as naves mostravam grandes danos.

— Esses não são ônibus da Gênesis Quatro.

— Não, eles não são. — Concordou Onyx. — Leia as

assinaturas do motor nelas. — Ele bateu na tela.

Sky se inclinou para frente e xingou. — Piratas. Por que a

estação relataria que eles estavam sendo atacados por Modelos

Markus?

— Eu não tenho palpite. — Onyx fez uma careta. — Os níveis

de radiação são inferiores aos normais, mais ainda assim são

piratas, não modelos Markus.


— Pelo menos não precisamos mais nos preocupar com uma

batalha séria. — Sky sentiu-se grato por não estarem enfrentando

os androides. Piratas eram muito mais fáceis de manusear. —

Devemos embarcar?

— Estou lendo apenas quatro sinais de vida, — Volt os

informou.

Sky pensou sobre isso. — Essa estação é grande o suficiente

para dezenas de pessoas de apoio. Acredito que ao menos

cinquenta, talvez mais. O fato de restarem apenas quatro vivos

implica uma batalha a bordo ou o casco da estação sofreu uma

destruição épica, e não estou vendo corpos flutuantes, se for esse o

caso. — Ele olhou para Teg. — Tente invadir seus vídeos de

segurança. Todas as estações parecem tê-los.

Teg balançou a cabeça. — Eu não posso. O acesso a eles está

vinculado ao computador principal.

— Vamos esperar. — Afirmou Onyx. — A tripulação do Stag

vai chegar em breve e eles embarcarão nesta estação.


Isso incomodou Sky. — E se esses quatro sinais de vida forem

pessoas inocentes? Eles podem ter matado todos os piratas. Sem

suporte de vida, dependendo dos danos internos, eles podem sair

do ar.

Onyx virou a cabeça e manteve o olhar. — Fomos designados

a monitorar e fornecer informações à Stag, e eu vou fazer isso agora.

Eles estão mais bem equipados para lidar com quaisquer

sobreviventes, enquanto ainda precisamos esconder o que somos.

Sky entendeu. As pessoas entrariam em pânico se os cyborgs

entrassem em sua estação e a única maneira de silenciá-los seria a

morte. Isso acabaria com o objetivo de um resgate. Stag mantinha

uniformes da Autoridade em seu navio. As autoridades eram

figuras policiais do Governo da Terra, designadas em regiões onde

eram necessários julgamentos rápidos. Seus trabalhos eram

perigosos, e eles precisavam proteger suas identidades verdadeiras,

para proteger suas famílias das possíveis repercussões de suas

funções. Cyborgs havia usado esses uniformes no passado para


passar despercebido entre os humanos. As roupas cobriam cada

centímetro de seus corpos.

O tempo pareceu se arrastar enquanto esperavam o Varnish

chegar. Ele circulou a estação algumas vezes, antes de encontrar o

melhor porto para atracar. Stag abriu as comunicações,

permitindo-lhes ouvir enquanto sua tripulação entrava na estação.

— Está escuro. — Hellion sussurrou. — Muito quieto.

— Armas prontas — Ordenou Stag.

— Deveríamos ter trazido Maze. — Veller murmurou.

— Cale a maldita boca. — Stag estalou. — Nosso médico fica

muito emocional quando vê um monte de corpos. Eu estou

contando pelo menos dezesseis mortos no corredor principal, civis

e piratas. — Stag sussurrou. — Verifique cada corpo e conte

quantos de cada. Averígue também se não temos nenhum modelo

Markus entre eles. Foi quem eles relataram que os atacaram. Talvez

os piratas tenham vindo depois?


— Aparentemente. — Kelis reconheceu.

— Foda-se. — Hellion parecia irritado. — Vejo evidências de

que eles estavam lutando corpo a corpo e com lâminas. Alguém

deve ter descarregado um interruptor de energia. — Ele fez uma

pausa. — Este rifle laser está frito.

— Estou vendo a mesma coisa. — Concordou Kelis. — Este

pirata tem um implante de ouvido e o lado da cabeça que está

mostrando marcas de queimadura em torno dele.

— Deve ter sido a segurança da estação que disparou o

disruptor. Eles deviam estar desesperados. — Concluiu Stag. —

Veja como os piratas estavam bem armados. Estou contando três

armas laser neste imbecil. Eles também são modelos mais novos.

Sky fez uma careta. Isso também não era comum. Os piratas

tendiam a atacar transportes para roubar carga, mas novos

carregamentos de armas eram fortemente vigiados. Ele estendeu a

mão e abriu as comunicações. — Você tem certeza de que são

piratas?
Onyx lançou um olhar para ele, mas não tentou o impedir de

falar com a tripulação de Stag.

Veller respondeu. — Absolutamente positivo. Alguns dos

mortos têm problemas de pele e queda de cabelo. A forma e o

tamanho deles não batem para serem do modelo Markus. Um

corpo que acabei de verificar tinha sete dedos.

— Lemos quatro sinais de vida. — Lembrou Teg. — O que

você está pegando na estação?

— Quatro. — Informou Stag. — Estamos rastreando-os agora,

mas também verificando cada um dos corpos que passamos, já

encontramos mais de trinta mortos. Eles definitivamente não eram

androides. Parece que os moradores correram para fora das áreas

de vida e de trabalho para combater e tentar bloqueá-los para não

alcançarem seu centro de controle.

— É daí que os sinais da vida estão vindo. — Hellion

sussurrou. — Todos os quatro.


— Avançando. Vamos interromper as comunicações. Não

queremos que eles nos ouçam chegando.

Sky silenciou as comunicações do lado deles ao comando de

Stag e se endireitou, cruzando os braços sobre o peito. Ele desejou

poder ver o que estava acontecendo, em vez de ter que ouvi-lo.

Longos minutos se passaram, então soaram as armas.

Ninguém falou sobre o assunto até Stag gritar. — Mantenha-

os vivos!

— Porra. — Hellion ofegou. — Eles se mataram!

Sky tinha certeza de que o grunhido que soava veio de Stag.

Outro minuto se passou.

— Eles apenas atiraram um no outro. Todos os quatro estão

mortos. — Informou Stag a Sky e sua equipe. — Todos com tiros

na cabeça.

Onyx ligou seu lado da comunicação novamente. — Por que

eles fariam isso?


Stag não respondeu de imediato, e quando o fez, sua voz tinha

um tom gelado. — Eu não sei, mas… você precisa vê-los para

entender. Entre em contato com a Star. Nós vamos precisar nos

encontrar com eles. Eles têm um centro médico completo para fazer

exames. Estamos ensacando os corpos desses quatro para levá-los

conosco. Quero que os médicos deem uma olhada mais de perto

nessas barreiras. Tem algo diferente neles.

Sky se inclinou para frente. — O que está acontecendo, Stag?

Stag suspirou. — Estes quatro estão vestindo uniformes

combinando... E eles não cheiram.

— Eles são segurança da estação?

— Foda-se não. — Cuspiu o capitão do Varnish. — Piratas.

Tenho quase certeza. Eles também estavam removendo o

computador principal da estação e se preparando para transportá-

lo. Mas... os outros piratas não estavam de uniforme. Apenas esses

quatro. Então eles se mataram para evitar serem capturados. Tudo

sobre isso é estranho e alarmante.


Sky fez uma careta. — Que tipo de uniforme eles estão

vestindo?

— Um que nunca vi antes. — Stag respondeu. — O fato deles

estarem vestindo roupas iguais a um uniforme é estranho.

Sky concordou. Os piratas também não eram conhecidos por

sacrificar suas próprias vidas por qualquer motivo. A maioria dos

piratas não eram racionais o suficiente para perceber que as

chances não estavam em seu favor e que se encontravam em

desvantagem na batalha. Quando pegos, eles geralmente tentavam

escapar, e os menos loucos às vezes se rendiam.

Sky realmente se sentiu incomodado por saber que eles

estavam removendo o computador principal da estação. Não fazia

sentido. Eles eram grandes, difíceis de movimentar e seriam inúteis

para o comércio. Nenhuma estação existente compraria ou trocaria

por ela.

Então ele teve um pressentimento…


E se os piratas estivessem construindo uma estação?

Mas como? Certamente estava além de suas capacidades. Eles

não podiam nem reparar adequadamente suas antigas naves.

Ele encontrou a expressão confusa de Onyx e deu de ombros.

— Eu não tenho ideia do que fazer com isso. Sou especialista em

humanos. E piratas não são mais humanos, sofreram muitos danos

físicos a partir de anos de exposição à radiação. Talvez fossem

suficientemente estúpidos para pensar que era valioso? É

definitivamente fora do personagem, no entanto. Eles buscam

suprimentos de comida, eletrônicos facilmente negociáveis e

mulheres quando atacam.

— Estou entrando em contato com o nosso conselho agora

para que saibam o que aconteceu. — Onyx abriu as comunicações.

Aproximadamente dez minutos depois, eles receberam novas

ordens do conselho. Eles estavam indo escoltar o Varnish para

encontrar o Star. Todos estavam alarmados e confusos com o que

aconteceu naquela estação.


Sky ficou encarregado de transferir as naves, uma vez que se

encontrassem com a nave maior. Ele correu de volta para seus

aposentos e, assim que a porta se abriu, Mick se jogou em seus

braços. Então a abraçou e beijou o topo de sua cabeça.

— Eu disse para você não se preocupar.

— O que aconteceu?

— Algo muito confuso. Mas vamos descobrir isso.


Capítulo 9
Sky abraçou seu amigo assim que eles entraram no Star.

— Sou seu comitê de boas-vindas. — Mavo assentiu

formalmente para Mick. — Prazer em conhecê-la, esposa de Sky.

— Por favor, me chame de Mick. — Ela ofereceu.

— O nome completo dela é Mickayla Caroboll, mas ela gosta

de ser chamada de Mick. — Sky pegou a mão dela. — Quem está

no comando?

— Stone. Ele e Steel negociaram recentemente. — Mavo

suspirou. — Isso o deixou de mau humor. Ele deixou sua esposa e

filho em Garden. Todos esperávamos já ter encontrado os modelos

Markus.

A notícia não foi uma surpresa para Sky; todo mundo estava
sob muita pressão. Ainda assim, ele estremeceu porque sabia que

Flint odiava estar longe de sua família. — Estou surpreso que ele

concordou em deixá-los em Garden.

— O espaço se tornou muito perigoso. Ele não estava disposto

a arriscar a segurança deles. Flint gostaria que você contatasse

todas as estações e embarcações localizadas em qualquer lugar

próximo a esse ataque para ver se consegue encontrar alguma coisa.

Porque os modelos Markus foram relatados quando capturamos

piratas.

Sky entendeu as preocupações de Flint. — Pode ter sido

apenas paranoia. Minha esposa disse que seu supervisor a alertara

sobre os modelos Markus. Talvez eles apenas tenham visto o

ataque recebido e assumido ser eles.

— Talvez. — Ele balançou a cabeça. — Eu só gostaria que

pudéssemos encontrá-los e destruí-los de uma vez por todas.

— Por que todo mundo está tão preocupado com esses

androides? Quero dizer, eu entendo que eles são perigosos, mas


eles só atacaram estações e naves terrestres, certo? Eles te atacaram?

Sky segurou o olhar de Mick. — Eles querem localizar Garden

e relatar ao Governo da Terra, em troca de todos os modelos

Markus criados em fábricas da Terra.

— Não seria mais fácil destruir as fábricas, em vez de fazer

uma pesquisa em escala real das três naves que eles têm? Os

modelos Markus não podem trocá-lo por algo que não existe mais.

O espaço é enorme. É como procurar uma agulha no palheiro. —

Mick arqueou as sobrancelhas, olhando para ele.

Sky deu um pequeno sorriso. — Eu gosto do jeito que você

pensa. O problema é que o Governo da Terra escondeu os

endereços dos locais de fábrica, e é por isso que os modelos Markus

também não podem encontrá-los, então eles querem nos trocar por

sua própria espécie. O Governo Terrestre destruiria Garden se

soubessem de sua existência, pois eles nos temem demais. Portanto,

precisamos parar os modelos Markus antes que eles aprendam a

localização de nossa casa e compartilhem.


— Já para não falar, seria quase impossível para cyborgs

violar a Terra sem os seres humanos acreditarem que estávamos

atacando-os. O Governo da Terra certamente acha que o faríamos

em retaliação por terem capturado um de nossos cyborgs

recentemente. Conseguimos recuperá-lo, mas qualquer ataque,

mesmo um em uma fábrica, causaria pânico e medo generalizados

entre os humanos. — Mavo os levou a um dos elevadores. — Vou

acompanhá-lo até seus aposentos.

— O governo da Terra prendeu um cyborg?

Sky respondeu à pergunta de Mick. — Um cyborg chamado

Zorus foi capturado, levado para a Terra, mas ele escapou.

Pagamos alguém na Terra para ajudá-lo. Teria sido extremamente

difícil para nós obter uma das nossas próprias equipes até a

superfície. Mavo está certo. Eles teriam confundido isso com um

ataque ao povo. Zorus é o único cyborg existente verificado, até

onde o Governo sabe. Ele disse que era o último de nossa espécie

quando questionado. Provavelmente não acreditaram nele, mas


não podem provar o contrário. Nós gostaríamos de continuar

assim. Eles já estão paranoicos, não vamos entrar em guerra com

eles.

— Porque eles são um monte de idiotas. — Ela murmurou.

Sky riu. — Sim.

— Eu gosto dela. — Mavo sorriu, mas rapidamente ficou sério.

— Flint espera que você vá diretamente para a sala de

comunicações depois de deixar as malas. Apenas siga meu

conselho e não o antagonize. Ele está de mau humor. — Ele baixou

a voz. — Você não ouviu isso de mim, mas Mira está grávida de

novo. Ele quer muito voltar para ela.

— Entendido. — Sky segurou as duas bolsas de missão que

ele carregava com as dele e os itens que ele pegou para Mick. —

Mas é uma notícia emocionante.

Mavo riu quando os levou à seção de oficiais do Star,

acessando um dos aposentos. — Sim é. Este quarto foi atribuído a


você durante sua visita. É muito mais espaçoso do que você tinha

no Bridden.

— Obrigado. — Sky entrou primeiro, as luzes acendendo

automaticamente.

— Foi muito bom conhecê-lo. — Mick murmurou.

Sky largou as sacolas no chão e agarrou seu braço. — Nós não

vamos ficar. Vamos.

Mavo abriu a boca, fechou-a, antes de abri-la novamente. —

Você está a levando com você? Não acredito que seria uma boa

ideia.

— Ela é minha esposa e também é um especialista na Terra, e

não vou deixá-la sozinha enquanto estou fazendo ligações. Mick

ficará entediada.

— Eu não acho que Flint aprovará.

— Não dou a mínima. Estou aqui para fazer um trabalho, e

ele pode ser péssimo se não gostar que ela trabalhe comigo. — Sky
sorriu, puxando Mick de volta para o corredor com ele. — Então

ele que chupe meu pau.

— Chupar o quê?

Sky olhou para trás e viu a expressão confusa de Mavo. —

Meu pau. É um ditado da Terra, e eu não repetiria isso para ele,

pois um insulto. Diga a ele que fui ordenado pelo conselho para

manter minha esposa sempre ao meu lado. Estou apenas seguindo

ordens!

Mick bufou suavemente. — Estou começando a ver um

padrão com você.

— Realmente? Que tipo?

— Você tem um problema de autoridade e faz o possível para

entrar em problemas em qualquer oportunidade.

Sky soltou seu braço e bateu levemente na bunda de Mick. —

E você se casou comigo. Você deve gostar de problemas.

Eles soltaram uma gargalhada quando chegaram ao elevador.


Desceram dois andares e saíram para um longo corredor. — A

estação de Coms está à frente. Nós temos satélites que saltam os

sinais uns aos outros para confundir qualquer um que tente

controlar onde nós transmitimos.

— Eu pensei que apenas Governo da Terra pudesse fazer isso.

— Essa é a beleza disso. Localizamos todos os satélites

defeituosos ou não operacionais que eles abandonam no espaço, os

consertamos, reprogramamos para nosso uso, e esses idiotas

acreditam que eles voltaram online magicamente. Eles não

percebem que agora nos pertencem. Também invadimos alguns

novos também. O Governo tem uma forte força militar mais perto

da Terra, mas apenas presença militar menor nas regiões externas.

A maioria deles não entende de tecnologia o suficiente para

perceber o que fizemos, e também instalamos sensores para nos

informar se alguém mexe com eles. — Ele bateu a palma da mão

na entrada do centro de comunicações e as portas se abriram. Ele

sorriu quando viu quem esperava lá dentro.


— Sky! — Hoover pulou de seu assento. — Meu macho!

Sky riu. — É o meu homem. Feche. — Ele acenou para Tweak.

— E aí?

Ambos os cyborgs travaram seu olhar em Mick, e bom humor

de Sky levou um ligeiro mergulho quando ele viu seu imediato

interesse. — Esta é minha esposa e eu não compartilho. Então nem

pense sobre isso. Vou quebrar sua mandíbula se algum de vocês

tentar convencer minha Mick a dar uma chance de provar sua

dignidade. Entendido? Sou o único marido dela.

Mick balançou a cabeça para o lado dele, oferecendo os

cyborgs um sorriso de desculpas. — Desculpa. Não quero mais que

um marido.

— Estamos aqui para trabalhar. — Sky puxou uma cadeira

para sua esposa, sentou-se ao lado de Mick e passou os dedos sobre

as teclas do monitor à sua frente.

— O que você vai fazer?


Ele fez uma pausa, olhando para ela. — Eu vou falar com as

pessoas perto de onde o ataque aconteceu, tentar ser amigável com

eles para fofocarmos e obtermos as informações. Foi relatado como

um ataque do modelo Markus, mas acabou sendo piratas. Eles

podem ter sido vistos naquela área. Vou tentar descobrir. Também

presto muita atenção ao tom deles, para avaliar se estão sendo

honestos. Quero que você escute e me dê sua opinião. — Ele bateu

na tela na frente dela. — Se você pensar em uma pergunta que

queira fazer enquanto eu estiver conversando ou queira me dar

uma informação, ou tem algo a dizer, escreva aqui para eu ler.

Trabalharemos juntos como uma equipe. Eu sou a voz. — Ele

piscou. — Você é o cérebro.

Ela assentiu. — Entendi.

Ele voltou ao trabalho, conectado ao sistema de satélite oculto

para ocultar a localização do sinal de saída e enviou uma

transmissão para a estação mais próxima de onde o ataque havia

acontecido. Um homem respondeu, e Sky usou seu tom de voz


mais amigável.

Mick ficou impressionada. Sky fingiu ser um piloto de

cargueiro enquanto fazia amizade com Joe, o cara do Bing Station.

Eles discutiram tudo, desde ficar entediado, até os aspectos

negativos de seus empregos, e finalmente chegaram ao ataque. Ela

ouviu como Joe explicou o quão horrível tinha sido, percebendo o

quão perto os modelos Markus haviam chegado a sua estação.

— Ver de onde esse sinal de angústia se originou foi

assustador para caralho. Eles estão a menos de um dia de nós. A

Estação Zippo é mais nova que a nossa. Nos separaríamos se

tentássemos fugir. Foi-me dito que os modelos Markus estão

voando por aí em algumas naves militares de alto nível. Você acha

que eles estão bem armados?

— Merda. Provavelmente. Eu também teria sido morto. —

Sky murmurou. — Estou um setor fora de você. Estou de olho no


meu radar e não consigo dormir. Estou preocupado de ver uma

nave aparecer dentro do raio. Minha nave já tem vinte e cinco anos

de idade e os propulsores no motor três estão danificados.

— O que você está carregando? Ou é classificado?

— Classificado. — Respondeu Sky. — Mas não posso

imaginar que a carga em nossos porões de carga seja algo que eles

precisam. Essas coisas são androides de pele. Acho que eles

querem matar por comida ou talvez mais eletrônica. Transporto

para uma empresa de mineração. Nada de suprimentos, mas

materiais que foram desenterrados. Isso é tudo o que posso dizer.

É matéria-prima que ninguém pode usar sem antes passar por uma

avaliação na Terra.

Mick digitou, confusa porque eles estavam falando como se

reais Modelos Markus estivessem atacado, quando sabiam que

tinha sido piratas na realidade.

Sky digitou uma resposta rapidamente. Ela leu, assentindo.

Ninguém mais sabia disso, uma vez que o Varnish e Bridden ainda
eram as únicas naves que tiveram contato com a estação danificada

até agora.

— Sim. Maldito Governo. — Joe fez uma pausa. — Hum, não

quis dizer isso. Por favor, não me denuncie.

— Sem problemas. Estou com você, cara. Eles não deveriam

fazer essas coisas. É como se não tivéssemos o suficiente para lidar

aqui. Agora temos algo que eles deixaram escapar tentando nos

matar também.

Joe deu uma risada nervosa. — Exatamente.

— Você ouviu falar de outros avistamentos além deste último?

Joe hesitou por longos segundos. — Não sobre essas

máquinas loucas... Mas ouvi um boato.

— Sim? O que é isso? É chato pra caramba estar aqui, sozinho.

Eu amo boas fofocas.

— Eu falo com o operador de comunicação no Cretone. É uma

estação no próximo setor. Ele disse que um serviço de transporte


de alimentação relatou milhares de dezenas de naves piratas

agrupadas em alguma lua. Ele disse que o piloto estava

aterrorizado pensando que viriam atrás dele, mas não o fizeram.

Ele voou o inferno fora de lá rapidamente, mas queria saber qual a

estação, no caso de eles estarem se preparando para um ataque.

Existem algumas colônias nesse sistema.

Mick estudou o rosto de Sky. Ele parecia sombrio enquanto

falava, mas escondeu em sua voz. — Uau. Isso é algo. Também ouvi

relatos sobre essa merda.

— Os piratas estão agindo de forma estranha. Todo mundo

está falando sobre eles se agruparem para fazer ataques aliados.

Não era tão ruim antes, e eles não fodiam com a maioria das

estações. Agora? Talvez precisemos nos preocupar mais com eles.

Isso quase me faz sentir falta da Terra. — Joe riu. — Quase.

— Acho que nada me levaria a morar lá novamente. — Sky

virou a cabeça e fez um gesto para Tweak. O homem levantou-se e

saiu.
Mick digitou um ponto de interrogação na tela. Sky fez sinal

para ela esperar.

— Joe, foi bom conversar com você, mas tenho que acordar

parte da minha equipe, pois preciso deles para trabalhar no

propulsor três novamente, apenas no caso nos deparamos com

esses androides de pele ou piratas. Tome cuidado e fique de olho

no seu radar, cara.

— Bom falar com você, Sky. Fique de olho em seu radar

também.

— Como um falcão. Você tem um ônibus de fuga, só por

precaução?

Joe hesitou. — Não é suficiente para fazer a volta. Você sabe

como é. Posso muito bem dar um beijo de despedida se formos

atacados. Somente os superiores conseguirão assentos nesses

saltadores.

— Sinto muito por ouvir isso. Tome cuidado. — Sky cortou as


manobras e girou em seu assento.

— O que há de errado? — Ela mordeu seu endereço de IP.

Ele hesitou, olhando nos olhos dela. — Tweak foi informar

Flint o que acabamos de saber. Um grande grupo de naves piratas

agrupados não é um comportamento normal, nem se não

estivessem atacando estações, mas eles atacaram o Zippo. É digno

de nota, e ele nos disse que há muito mais naves piratas por aqui

do que apenas as duas que vimos.

— Oh.

— Isso tende a nos deixar nervosos. A última coisa que

precisamos é voar para uma armadilha. O Star tem grandes defesas,

mas uma dúzia de naves nos cercando seria um problema. Tenho

certeza de que ainda venceríamos, mas nossas naves são

importantes para nós, e a última coisa que precisamos é que o Star

sofra grandes danos. Nós o usamos muito para transportar naves

maiores que encontramos de volta a Garden. Isso não será possível

se o Star precisar de meses de reparos.


— Entendi. Sua vida parece muito perigosa às vezes.

— Diz a mulher que se amarrou em uma escavadeira.

Ele sempre sabia exatamente o que dizer para diverti-la. — É

verdade.

Ele se inclinou para dar um beijo em seus lábios. E Mick

desejou que estivessem sozinhos; ela quase podia sentir o outro

cyborg observando-os. Sky recuou e sorriu para ela. — Não fique

tão preocupada, Mick. Prometo que podemos lidar com o que vier

a nós. Cyborgs são difíceis.

— Eu acredito em você.

— Bom.

Sky voltou-se para as naves novamente, estendendo a mão

para outra estação localizada no setor sete no Sistema Yornton. Ela

escutou, espantada em como Sky parecia saber exatamente o que

dizer para fazer o oficial de comunicação se abrir para ele. Então,

novamente, pensou com tristeza, funcionou com ela. Em questão


de minutos, teve o estranho conversando com ele como se fossem

velhos amigos.

Uma parte dela se perguntou se ele lhe estendeu a mão

procurando informações. Não que ela pudesse ter dito a ele muito,

a menos que Sky desejasse aprender sobre mineração em um

planeta morto, com tempestades infernais. No final, Mick concluiu

que não importava, porque ele tinha tido tempo para conversar

com ela. Eles estavam juntos, casados, e não aceitaria encarar isso

de outra maneira.

— Diga isso de novo, Denny. — O tom tenso de Sky rasgou-a

de seus pensamentos. — Acho que não ouvi direito.

— Recebemos uma transportadora há três dias que sofreu um

ataque cyborg. Você pode acreditar nessa merda? Pelo menos foi o

que o único sobrevivente relatou. A nave foi levada ao inferno e

voltou, cinco tripulantes mortos, e ele teve que ser levado às

pressas para a baía médica. A segurança o entrevistou enquanto ele

estava sendo transportado da doca para o hospital, porque os


médicos não sabiam se poderiam consertá-lo o suficiente para

mantê-lo vivo por muito tempo, e no final ele acabou morrendo.

Como se não fosse suficientemente perigoso com piratas e aqueles

androides defeituosos que escaparam, e agora de repente temos

cyborgs?

Sky pigarreou. — Isso é besteira. Todo mundo sabe que os

cyborgs foram todos mortos na Terra. Talvez ele tenha confundido

um modelo Markus com cyborgs? Ambos são máquinas de matar,

certo? Provavelmente não conseguiria distinguir um androide de

um cyborg. Você poderia?

— Talvez. — Denny não parecia convencido, — No entanto.

Só posso lhe dizer o que ouvi. O capitão que tirou a transportadora

estava reclamando de alguns cyborgs que haviam embarcado em

sua nave, e disse que eles começaram a matar todos. Ele explodiu

a carga que estavam transportando, tentando convencê-los a ir

atrás disso em vez dele. E o capitão teve que definir uma ordem de

autodestruição no computador para fazê-los desconectar. Há uma


conversa sobre o Governo da Terra nos enviar um cruzador de

batalha, desde o que aconteceu neste sistema. Por que diabos eles

pensariam em fazer isso se não fosse verdade? Os militares

chegaram a contatar o proprietário da estação para falar

diretamente com ele. O Governo da Terra está levando isso a sério,

amigo. A estação inteira está em alerta vermelho. Estamos todos

assustados. Todo mundo sabe que os cyborgs só vêm atrás dos

humanos em busca de partes do corpo sobressalentes. E eu quero

ficar com meu pau.

— Isso é foda. — Sky murmurou. — Você viu o ataque aos

sensores?

— Não. Existem doze planetas neste sistema. Aconteceu em

um ponto cego na borda externa, atrás de uma lua. Recebemos uma

resposta dos militares cinco minutos depois de o relatório ter sido

enviado à Terra. Eles nos ignoraram quando um piloto avistou

dezenas de naves piratas perto da lua mais distante dois dias antes!

Eles não estavam nem aí para piratas, mas uma vez que os cyborgs
foram denunciados, eles dão as caras. Isso prova que os cyborgs

ainda estão vivos, certo? Eu acho que a promessa do Governo de

que todos eles foram destruídos, sempre foi uma fraude, não que

isso me surpreenda. Também recebi ordens para entrar em contato

com as três colônias estacionadas nos planetas aqui para colocá-las

em alerta vermelho também. Evite esse sistema, meu amigo.

Deveríamos filmar primeiro e fazer perguntas depois.

— Evitarei amigo. Vou contar ao meu capitão e fazê-lo mudar

de rumo, e obrigado pelo aviso, Denny.

— A qualquer momento. Eu gostaria de estar no seu cargueiro

me afastando daqui.

Sky terminou a ligação e se levantou.

Mick também se levantou. Existem cyborgs nessa área?

— Não, e com certeza, não atacaríamos assim. Eu preciso ir

falar com Flint. — Ele olhou para Hoover. — Faça companhia a

Mick, mas se você tocar em minha esposa ou flertar com ela, vou
chutar sua bunda. Entendido?

Mick queria protestar, mas Sky fugiu da sala antes que ela

pudesse.

Hoover sorriu para ela de onde estava sentado. — Finalmente

estamos sozinhos.

— Comporte-se, Hoover. Você ouviu Sky.

— Claro que ouvi. Acho que eu poderia lutar com ele, no

entanto. Tem certeza de que não quer dois maridos? — Ele

levantou as mãos e meneou os dedos. — Duas palavras para você.

Massagens nos pés.

Ela riu, divertida e agradavelmente surpreendida por ele ter

senso de humor. — Um homem é mais do que suficiente para mim.

Ele deixou cair as mãos. — Justo. Estou no Star por um motivo.

Vou encontrar a minha companheira um dia. Você acha que escolhi

a comunicação sem motivo? Essa merda é chata.

— Posso te perguntar uma coisa?


— Certo. Qualquer coisa.

Ela hesitou. — Por que Sky tinha tanta certeza de que não

eram cyborgs que atacaram aquela transportadora? Você sempre

acompanha de perto onde estão suas outras naves?

— Não é isso, é mais como foi atacado. Nós não matamos sem

provocação, e também pareceu muito desleixado, uma ordem de

autodestruição em um computador não seria um problema para a

nossa espécie, nós simplesmente invadimos e desligamos.

Ela assentiu, deixando as palavras dele penetrarem. Havia

muito sobre cyborgs que ela ainda precisava aprender, mas

concordou que eles pareciam inteligentes, organizados e razoáveis.

— Ei, não fique preocupada, Mick. Sky estava certo, podemos

lidar com qualquer coisa que aparecer no nosso caminho. Deseja

ouvir alertas de autoridade? É o que estou fazendo agora.

— Claro. — A distração soou agradável.

Ela se levantou e sentou-se mais perto de Hoover. Ele trocou


alguma coisa no seu controle e depois vozes vieram de um alto-

falante. Um cara aleatório com um tom entediado, listando prisões

feitas em alguma estação.


Capítulo 10
Sky estava com o rosto sombrio na sala de conferências do Star,

com Flint à esquerda. Os monitores diante deles exibiram os

membros do conselho em seus vários locais. Ele desejou ter trazido

Mick com ele, mas não era uma boa ideia colocá-la diante de todos

eles ainda. Eles não confiavam nela, e essa já era uma reunião tensa.

Zorus empalideceu com a notícia. — Não atacamos uma

transportadora e não estamos nesse setor, é mentira ou um

equívoco. Não seria a primeira vez que isso acontece. Lembra

daquele humano que caiu em algum tipo de fluido e ficou com a

pele azul? Os humanos pensavam que ele era um cyborg.

Os vereadores Coval e Rais estavam sentados lado a lado,

transmitindo de sua casa compartilhada. — Talvez outros cyborgs

tenham escapado da detenção. Fomos capazes de fugir da Terra


com a ajuda de Rora. É provável que outros seres humanos

simpatizantes com cyborgs ainda os mantenham trancados em

locais secretos, e talvez eles os tenham ajudado a escapar.

Rais assentiu. — Nesse caso, eles podem não estar cientes de

que a maioria dos cyborgs escapou da Terra com sucesso e,

portanto, não enviaram sinais para nos encontrar. Foi assim que

Coval e eu nos reunimos com a nossa corrida. O Governo da Terra

queria que todos acreditassem que todos os cyborgs foram

executados. Poderíamos ter acreditado nessa mentira, se Rora não

soubesse o contrário.

A esposa humana apareceu, parada atrás deles. — Eu tinha

amigos que trabalhavam com segurança na instalação principal da

qual você escapou. Eles foram os que me disseram a verdade. É por

isso que eu sabia que tantos cyborgs haviam saído vivos da

superfície e escapado.

Blackie e Krell sentaram um ao lado do outro em outro

monitor. Sky não sabia por que eles estavam juntos na mesma sala,
mas sabia que o trabalho de Krell envolvia avaliação de ameaças,

então era lógico ele ter sido chamado, especialmente quando eles

tinham uma situação que poderia envolver cyborgs tramando algo

grande. Caçar cyborgs perdidos certamente se encaixaria nessa

categoria.

Krell se inclinou para frente. — Que tipo de carga foi alvo?

Você sabe?

Sky balançou a cabeça. — Eu não perguntei. Fiquei nervoso

com a informação e depois de ouvir como as forças armadas

reagiram, queria compartilhar o que aprendi o mais rápido

possível.

— Podem ser os modelos Markus tentando chamar nossa

atenção. — Blackie estendeu a mão e esfregou a têmpora. — Eles

poderiam ter encenado um ataque fingindo ser cyborgs para nos

atrair a eles, mas ganharam uma resposta militar.

— Eles não são de pele cinza, que é o que normalmente

identifica a nossa espécie para os seres humanos. — Krell pausou.


— Mas poderiam ter manipulado sua aparência para enganar a

tripulação daquela transportadora. Os modelos Markus não são

capazes de nos encontrar. É lógico que falsificar um ataque cyborg

pode fazer-nos chegar a esse local para investigar. Um único

membro da tripulação que sobrevive por tempo suficiente para

denunciar o ataque é suspeito.

— Cyborgs não são tão incompetentes. — Sky concordou. —

Se cyborgs reais tivessem atacado uma transportadora, eles teriam

assumido o controle de todos os sistemas imediatamente. Teria

sido simples para nossa espécie.

— Os modelos Markus também podem substituir o sistema

de computador de uma transportadora. — Afirmou a vereadora

Atlana. — Faz sentido que eles tivessem realizado um ataque

cyborg na esperança de que chegássemos ao local deles. Eu voto

para ignorar a questão. Problema resolvido. Eles podem ter

armado uma armadilha, mas não vamos cair na isca.

Zorus não parecia satisfeito. — E se fossem cyborgs?


Atlana arqueou as sobrancelhas. — Não é problema nosso.

— Como você pode dizer isso? — Zorus se levantou, olhando

furioso para o monitor. — Eles podem ser nosso povo, que podem

acreditar que estão sozinhos. Se houver uma pequena chance,

devemos tentar encontrá-los e trazê-los para casa. Você substituiu

Jazel no conselho para que ele tenha uma voz mais justa, mas você

soa totalmente insensível.

— Você está sendo irracional. — Atlana suspirou. — Não

temos certeza dos fatos. Independentemente de quem eles são,

assassinaram os terráqueos, chamaram a atenção dos militares e

não estão nem perto de Garden. Temos problemas atuais

suficientes para lidar, que esgotaram nossos recursos. Creio que há

um velho ditado mais adiante “eles arrumaram suas camas e agora

devem deitar nela”? Não estamos arriscando a segurança de nosso

povo apenas com a possibilidade de que o sobrevivente humano

não tenha sido enganado. — Ela balançou a cabeça. — O risco é

grande demais, mesmo se tivéssemos a confirmação absoluta de


que eles são da nossa espécie. As forças armadas da Terra já podem

estar envolvidas. Não precisamos dessa complicação ou de estar

perto desse tipo de luta. Não sou insensível, Zorus. Eu desejo

salvar vidas. Mas devemos fazer de tudo para evitar um conflito

com as forças armadas do Governo da Terra.

— Deixando cyborgs lá fora para serem abatidos?

— Cyborgs não confirmados. — Retrucou a vereadora para

Zorus. — Veja os poucos fatos que foram apresentados. Duvido

que eles fossem cyborgs e, se for o caso, são claramente instáveis,

com falta de inteligência.

— Por favor, parem. Discutir um com o outro é inútil — Coval

suspirou. — O risco de enfrentar um cruzador de batalha não é

atraente para ninguém. Todos nós queremos encontrar cyborgs

que sobreviveram e podem estar sozinhos no espaço, mas não à

custa do que construímos. Se eles existem, não sei por que

atacariam esse tipo de embarcação. Elas são muito grandes e de

propriedade do governo, que chamaria envolvimento militar da


Terra. Não era um alvo inteligente. Foi muito diferente de algo que

um cyborg faria.

Sky assentiu. — Concordo.

Flint virou-se para ele com uma careta. — Então por que

estamos realizando esta reunião? Você sugeriu que era possível.

Foi por isso que entrei em contato com o conselho.

— Todo mundo sempre me diz para pensar mais como um

cyborg, então eu fiz. Esta também é uma informação altamente

significativa. A Terra está preocupada o suficiente para colocar

todo o sistema em alerta vermelho e fazer com que se reportem

diretamente à polícia. O homem com quem falei sugeriu que

estavam dispostos a enviar um cruzador de batalha. O tempo, as

despesas e a dor de cabeça de levar suprimentos para uma

embarcação tão grande, implica que o Governo está preparado

para ir ao extremo para nos abater. — Ele fixou o olhar em Zorus.

— E não acho que eles acreditaram em você quando você lhes disse

que era o único sobrevivente de nossa raça, quando foi mantido na


prisão deles. Sem ofensa.

Zorus lançou-lhe um olhar. — Era mais um laboratório.

Atlana esfregou a ponta do nariz e suspirou. — Qual é o seu

ponto, Sky? Você acha que foi um ataque cyborg ou não? Parece

que o governo da Terra está preparado para enviar cruzadores de

batalha agora a qualquer momento que um avistamento de um

cyborg for feito.

— Meu argumento é que a Terra obviamente quer capturar ou

matar nossa espécie para levar o ataque a sério. — Sky odiava

admitir isso. — Isso é alarmante.

— O que o soldado conta com um cruzador de batalha?

Krell respondeu a Altana. — Sem saber o nome específico da

nave, em qualquer lugar de cinco a quinze centenas de militares

poderiam estar a bordo. Seria extremamente difícil para o governo

da Terra enviar uma embarcação tão grande que chegasse ao

espaço sem repetidos suprimentos. Não há estações grandes o


suficiente para atender às suas necessidades.

— Eles exigiriam que uma frota de transportadoras seguisse.

— Afirmou Rais. — Lembre-se, eles não sabem onde estamos, ou

quanto tempo pode levar para nos encontrar. Mas, como disse Sky,

eles parecem estar dispostos a ir a medidas extremas se souberem

nosso paradeiro.

— Eles poderiam colocar os soldados em estase de sono, para

reduzir a necessidade de suprimentos.

Zorus balançou a cabeça enquanto Atlana falava. — Eles não

seriam tão estúpidos. A Terra sabe que poderíamos atacar

enquanto apenas uma tripulação limitada estiver acordada,

assumir o controle da embarcação e interromper todas as funções

da vida nas cápsulas adormecidas. Suas tropas morreriam sem

sequer vestir seus uniformes.

Krell assentiu. — Assassinar pessoas enquanto elas dormem

em vagens é algo que o próprio Governo da Terra fez no passado.

Eles quase certamente rejeitariam esse plano. É algo direto de sua


própria cartilha. — Ele se curvou e levou o lábio em desgosto. —

Eles acreditariam facilmente que somos capazes de algo tão

covarde também.

— Nós concordamos que este ataque cyborg é provavelmente

falso. — Atlana tomou um gole de algo a partir de um vidro. — Eu

voto para não enviarmos nenhum dos nossos para investigar.

Nenhuma coisa boa poderia vir disso, como você afirmou, Sky.

Todo esse sistema está em alerta vermelho. Precisamos evitá-lo.

Zorus resmungou algo baixinho, mas assentiu. — Eu não

gosto disso, no entanto.

Sky respirou fundo e tocou para fora. — Eu pedi a este

conselho uma reunião por outra razão, além de fazer você ciente

de que Governo Terra está disposto a enviar cruzadores de batalha

para um avistamento cyborg.

— Agora não é o momento de apresentar uma queixa sobre o

seu ser feminino acusado de espionagem para a Terra. — Zorus

estreitou os olhos, na tela. — Você se arrependeu das regras que


quebrou para adquirir a fêmea? Caso contrário, você continuará

confinado em seus aposentos.

— Mick não tem nada a ver com isso. Este relatório ataque

também me fez pensar sobre a possibilidade de que alguns cyborgs

podem ter escapado da Terra. — Ele olhou para Coval e Rais. —

Como você disse, você sabia onde olhar para nós, mas outros

cyborgs podem ter acreditado nos rumores de que nossa raça tinha

sido aniquilada.

Flint virou-se para ele. — Onde você quer chegar?

— Os piratas têm se organizado recentemente. Pense sobre os

fatos que aprendemos até agora: milhares de naves piratas se

acumularam nesse sistema, em seguida, alguns dias depois, um

alerta de ataque cyborg. O padrão de organização em massa não é

normal para eles e não são conhecidos por sua inteligência. É quase

como se eles tivessem recebido ajuda... talvez de alguém que os

esteja ajudando a pensar de maneira mais inteligente e a organizar

ataques mais eficazes. Eu acredito que é algo a considerar e


investigar.

— Depois, há a estação Zippo. Quatro dos piratas usavam

uniformes combinados e estavam indo atrás do computador

principal da estação. Isso está muito além de tudo que eles já

fizeram antes. Eles também pareciam diferentes. E atiraram um no

outro para evitar serem capturados. Isso implica que tinham

informações importantes que estavam dispostos a morrer para

proteger. Me faz pensar em todas as peças deste quebra-cabeça.

— E se um ou mais de nosso tipo se unir aos piratas? — Ele

perguntou em voz baixa. — É possível que os piratas usem

uniformes para imitar cyborgs, se estiverem sendo liderados por

alguns.

O silêncio reinou quando Sky percebeu as expressões

atordoadas em seus rostos. Ele sabia que a sugestão não terminava

bem.

— Não! — Zorus bateu com o punho na mesa. — Eu me

recuso a acreditar que cyborgs trabalhem com piratas.


Krell levantou a mão. — Por mais detestável que pareça, é

uma possibilidade.

— Por que você acha isso? — Blackie olhou para o homem

sentado ao lado dele.

— A história dos piratas vem à mente. Eles eram cidadãos da

Terra cumpridores da lei que finalmente enfrentaram o governo.

Então foram rotulados como criminosos; tornou-se ilegal alguém

ajudá-los de qualquer forma, e é por isso que eles não podiam fazer

reparos ou obter peças de reposição para suas naves que estavam

envelhecendo. Levou anos para eles acumularem recursos

suficientes para se tornarem o que são agora, e cresceram em

número ao longo das décadas, roubando mulheres para criar mais

de sua espécie. Cyborgs podem vê-los como aliados se acreditarem

que estão sozinhos. Afinal, nossas situações não são tão diferentes.

Mesmo Krell não parecia feliz com isso, mas continuou. — O

inimigo do meu inimigo é meu amigo. Piratas cobrem seus corpos

para se misturar nas estações, geralmente eles não tem sucesso,


todos percebem o que são, mas ainda tentam. Eles tinham alguma

forma de comunicação, mesmo antes de começarem a agrupar suas

naves e atacar em bando. Quatro deles vestindo uniformes durante

o último ataque, indica que estavam tentando imitar alguém. Faz

pouco sentido no que diz respeito às táticas, mas, considerando seu

histórico de comportamento, algumas são mais loucas e mais

danificadas que outras.

— Eu vejo onde você está indo com isso, Krell. — Coval fez

uma careta. — Os piratas podem estar tentando se vestir como

cyborgs, mas como você também disse, eles não são bem-sucedidos

nesse tipo de engano. A Estação Zippo também relatou ter sido

atacada pela Markus, não por organizações cibernéticas. Explique

isso.

— Pânico e suposições. O governo da Terra tem enviado

avisos a todas as estações, colônias e embarcações sobre os modelos

Markus. — Krell se inclinou para frente. — A situação tinha que

ser caótica e assustadora para os habitantes da estação quando


realizaram o pedido se socorro quando estavam sob ataque.

Alguns de nós estiveram em batalha. Somos melhores em captar

detalhes do que os terrestres. Qualquer um poderia ter vindo para

eles, e eles provavelmente teriam acreditado que era ameaça em

suas mentes.

Sky concordou. — Nenhum cyborg estava com os piratas que

atacaram a Estação Zippo ou aquela transportadora, mas eles

poderiam ter pedido. Encontramos um planeta para viver. E se um

pequeno grupo de cyborgs também estiver construindo algum tipo

de sede ou base? Cyborgs se concentrariam nisso antes de tudo,

mas precisariam de suprimentos e materiais que lhes fossem

trazidos. Tivemos os números para dividir nossos recursos quando

construímos Garden. Muitos de nós permanecemos na superfície

para construir, enquanto enviamos grupos ao espaço para nos

trazer materiais. Infelizmente, os piratas aumentaram em número

ao longo das décadas. Eles podem ser instáveis, mas ainda são

corpos para usar.


— Porra. — Krell rosnou. — Uma base de operações seria uma

prioridade. Eles querem um lugar remoto, fora de uma rota de

viagem conhecida, longe o suficiente do governo da Terra para se

esconder facilmente, mas com capacidade de expansão para

acomodar todas as suas necessidades futuras.

— Mantenha sua hipótese. — Ordenou Zorus. Ele silenciou as

mensagens para o Star, mas ainda podiam ver o conselho.

— Você acabou de começar uma tempestade de merda. —

Flint resmungou. — Nos silenciaram, para não participarmos da

sua reunião e estão discutindo com clareza.

Sky observou os monitores. Zorus parecia ser o que gritava

mais. — Achei que eles não ficariam felizes com minha conjectura,

mas tive que mencionar a possibilidade.

— O que fazemos se cyborgs estiverem treinando e dando

ordens aos piratas? Eu duvido que alguém em Garden ficaria feliz

em aceitá-los em nossa sociedade, mesmo se conseguirmos

recuperá-los. Os crimes que os piratas cometem são atrozes.


— Eles ainda são cyborgs, mesmo que desesperados, se

estiverem ligados a piratas em qualquer nível. Precisamos capturar

piratas vivos que se comportam fora de seus padrões normais para

descobrir por que mudaram e se estão sendo liderados ou

aconselhados por cyborgs.

Flint bateu os dedos na superfície dura da mesa. — Você quer

que eu use o Star como isca para os piratas, e ver se seremos

atacados por qualquer coisa, mesmo considerando a chance de que

há um cyborg ou um grupo deles a bordo de suas naves? Eu não

estou feliz com isso, Sky. Somos uma nave de luxo, não um

cruzador de batalha. Usamos esta fera para transportar

salvamentos abandonados. Nós com certeza não queremos

contaminar Garden com o lixo esses piratas possuem. Os níveis de

radiação sobre eles não são seguros para uso como materiais de

construção.

— Não precisamos que o Star se envolva em uma batalha, mas

esta nave está equipada para abrigar prisioneiros para


interrogatórios. Eu adoraria ter uma chance com eles.

— Uma chance? Isso é uma piada velada sobre usar os punhos?

Sky resistiu a revirar os olhos. — Não. É uma gíria da Terra, o

que significa que quero a primeira chance de interrogá-lo. Acho

que conversaria bem com os piratas se capturarmos alguns. Me

dou melhor com os humanos do que a maioria dos cyborgs, mesmo

os loucos com problemas de pele.

A expressão de Flint se suavizou. — Anotado.

— Pessoalmente, acho que o conselho deveria enviar o

Varnish atrás dos piratas. Toda aquela equipe adoraria. Eles ainda

estão conosco, e o Bridden também. Com a blindagem no Bridden,

eles poderiam procurar à frente e encontrar o que estamos

procurando.

Flint riu. — Stag gostaria dessa tarefa. Ele e sua equipe são

conhecidos por terem se voluntariado para assumir missões

difíceis.
— Estou feliz que vocês dois pensem assim. — Zorus declarou

de repente, os comunicadores ativos novamente. — Vou dizer a ele

que você o ofereceu para o trabalho de capturar piratas.

— Merda. — Flint murmurou.

Zorus não tinha terminado. — O conselho e eu concordamos

que uma investigação é justificada. Entraremos em contato com

Varnish e Onyx imediatamente, e eles vão conversar com você

sobre como vocês três podem trabalhar juntos para capturar

qualquer pirata em potencial para descobrirem a verdade. Sejam

vigilantes e mantenha-nos informados.

Os monitores ficaram pretos, deixando Sky e Flint se

encarando por um momento, antes de Flint se levantar. — Volte

para Coms.

— Você está com raiva. — Sky ficou de pé. — Desculpa. Sei

que você quer voltar para Garden, mas precisamos ter certeza se os

cyborgs que escaparam assumiram o controle dos piratas. Eles

estão causando problemas suficientes para se recuperar. A última


coisa que precisamos é de cruzadores de batalha chegando ao

espaço profundo.

— Estou mais do que consciente. — Flint suspirou. — Eu sinto

falta da minha família. Odeio que não é seguro para eles viajarem

no Star comigo atualmente.

Sky sentiu simpatia pelo homem, principalmente porque

agora ele tinha uma esposa com que se preocupar. — Stag é

excelente em caçar suas presas, e ele rastreará rapidamente piratas

para as celas. Toda a equipe é louca o suficiente para fazer o que

for preciso. Vamos descobrir isso rapidamente e saber exatamente

com o que estamos lidando. Então, chegaremos a uma resolução.

— Eu gostaria de poder transferi-lo para a nave deles para

tirá-lo do meu.

Sky sorriu. — Eu apreciaria isso.

— Saia daqui e volte para Coms.

Sky saiu, mas fez uma rápida viagem à engenharia, já que


Mick não estava com ele. Brute foi o único que encontrou no

caminho. A outra equipe provavelmente estava fazendo reparos

em algum lugar do Star. — Eu preciso de um favor.

— Não estou instalando luzes de humor dentro de seus

quartos novamente, Sky. Eu já fiz isso uma vez, mas quando você

foi embora, a próxima pessoa que ocupou esses aposentos

reclamou. É muito trabalho. Estamos atarefados.

— Eu preciso que você me mostre o que está sendo mantido

no armazenamento quatro. Entrei em contato com Coalon em

Garden, e ele me disse que você desativou robôs lá. Minha esposa

teve um companheiro androide que precisa de um corpo substituto.

— Nós não temos nenhum robô sexual. — Brute de repente

sorriu. — Ela está solicitando mais homens? Ficaria feliz em

concordar com quaisquer termos de compartilhamento de tempo,

se ela estiver oferecendo. Você trabalha muito. Eu poderia mudar

meus turnos para ficar em frente ao seu. Nenhum robô sexual é

necessário para fazer companhia a ela, eu estou pronto para a


tarefa.

— Ela é humana e não está tendo outro marido. Esqueça.

Apenas me mostre o armazenamento quatro.

— Vamos lá, Sky! Nós poderíamos ser bons para ela.

— Pegue seu próprio humano. Mick é minha. Você vai me

ajudar ou não?

— Você precisará de mais do que minha ajuda. Posso mostrar

o que está disponível, mas alguém terá que integrar os dados em

qualquer modelo que você selecionar. Que modelo era o velho robô?

— Eu não sei.

— Que tipo de robô complementar era?

— Eu também não sei.

— Você deveria perguntar a ela. Existem muitos tipos

diferentes. Era mulher ou homem?

— Masculino. Ela disse que o nome dele é Jorg. E é uma


surpresa. Seria suspeito se eu fizesse muitas perguntas.

— Macho. — Ele assentiu. — Venha comigo. Vamos ver o que

temos. Ninguém sentirá falta de um. Nós nunca os usamos, de

qualquer maneira. Só espero que o modelo que você escolher não

precise de muitos reparos, já que atualmente estamos carregando

uma carga de trabalho pesada. Você vai me dever.

— O que você quer?

Brute lhe lançou um sorriso. — Encontre-me uma mulher

solitária que queira uma unidade familiar exclusiva.

— Vou ver o que posso fazer. — Sky não quis mencionar

quanto tempo levou para encontrar Mick.


Capítulo 11
Mick acordou sozinha na cama grande em seus novos

aposentos três dias depois. Ela se espreguiçou, saiu da cama e

vestiu uma camisa. Sky estava sentado na pequena cozinha,

bebendo café. Ele sorriu quando ela entrou na sala principal.

— Você deveria ter me acordado.

— Você parecia muito fofa dormindo. — Seu olhar correu por

seu corpo. — Eu gostaria que você ainda estivesse nua.

O calor se espalhou por ela quando ela caminhou até ele e deu

um beijo em seus lábios. E Sky abraçou pela cintura, puxando-a

para mais perto. — Eu estou com uma certa frequência. A que

horas temos que voltar ao trabalho?

— Em breve, infelizmente. Eu gostaria de poder tirar algumas

semanas de folga.
Ela também queria isso. — Tivemos sorte com o seu conselho,

lembra? Eles permitiram nosso casamento, e também ficarmos

juntos. Essa é a parte importante.

— Verdade. Odeio pensar em você entediada enquanto

estamos nessa caçada.

— Eu não estou. Você tem que estar presente para seus

amigos, Sky. As informações que você coleta são importantes. Eu

entendo.

Lembrou-se da conversa que tiveram na primeira noite em

que ficaram a bordo do Star, quando Sky compartilhou o que havia

sido discutido durante a reunião com o conselho. — O Star ainda

está seguindo aquelas naves? Aquele em que costumávamos estar,

e aquela equipe de desajustados sociais que você me contou?

Ele sorriu. — Gosto dos seus nomes para Stag e seus homens.

Sim. Eu verifiquei nosso status quando acordei. Estamos indo para

o sistema de apostas. Lá tem três luas agrupadas as quais o Star

pode se esconder atrás. Houve alguma atividade organizada de


piratas relatada lá. Onyx está nos levando no Bridden para explorar

à frente, para garantir que o Varnish não voe para uma armadilha

pirata. Essas duas naves vão montar uma armadilha ao invés, em

seguida, vão nos trazer quaisquer prisioneiros que capturarem.

— Estamos em perigo? — Ela se preocupava com isso

constantemente desde que soube da reunião do conselho.

Sua expressão suavizou, e ele a abraçou com mais força. — O

Star pode ser uma nave de luxo, mas não é indefesa. Fizemos

atualizações desde a sua aquisição. Não é um cruzador de batalha,

mas poderíamos lidar com piratas, se necessário. O Varnish e o

Bridden estarão conosco. O que a nave de Stag não tem tamanho,

ele e seus homens compensam em bolas puras. Eu não gostaria de

enfrentá-los em uma briga.

— Eles são loucos, em outras palavras.

Ele riu. — Um pouco, mas muito corajosos. Eles vão capturar

piratas para interrogarmos.


Lembrou-se dos piratas que apareceram em sua tela durante

o ataque a sua estação mineradora, e um estremecimento lhe

percorreu o corpo. Sky deve ter sentido o tremor ou identificado o

medo em seus olhos e a puxou contra seu corpo. Mick enfiou a

cabeça, descansando o rosto contra seu peito.

— Você não precisa ir para o prédio comigo. Prefiro que fique

no nosso quarto quando chegar a hora. Piratas podem ser instáveis

e violentos.

— Isso não ajuda a aliviar meus medos. Você será íntimo e

pessoal com eles. Eu presumo, de qualquer maneira.

Ele riu. — É melhor que eles vejam o que eu sou. Eles não têm

chance de me machucar. Eu fui projetado para ser duro.

— Ainda vou me preocupar. — Ela adorava estar em seus

braços. — Eu nunca quero que nada aconteça com você.

Ele encostou a cabeça na dela. — Não se preocupe, Mick. Vou

levá-los a falar comigo, tentar descobrir por que eles se tornaram


mais organizados, e vamos aprender com essas respostas.

Ela se afastou, olhando nos olhos dele. — Ok. Só tenho medo

de piratas, como qualquer pessoa sã.

— Claro que sim. Eles quase te mataram. Mas não deixei isso

acontecer. — Ele alcançou você e acariciou sua bochecha. — Nada

nunca vai te machucar. Você está em uma nave enorme, com

dezenas de cyborgs. Alguns piratas são brincadeiras de criança

para nós. Pare de se preocupar.

— Vou tentar.

De repente, ele se levantou, agarrou seus quadris e a sentou

sobre mesa. Ela agarrou as laterais e viu quando ele caiu de joelhos.

— O que você está fazendo?

Ele agarrou seus joelhos, afastando-os. — Tomando café da

manhã.

Ela começou a falar, mas Sky se inclinou, empurrando a

camisa para fora de seu caminho para expor sua buceta. Então ele
foi em frente, com a boca trancada em seu clitóris. E Mick gemeu,

amando a sensação de sua língua quando Sky lambeu e começou a

chupar suavemente o botão sensível.

Ela se inclinou um pouco para assistir e mordeu o lábio. —

Deus eu te amo.

Ele ficou mais agressivo, sabendo exatamente como tirá-la

rapidamente. O clímax bateu forte, destruindo sua capacidade de

pensar. Sky se levantou, abriu as calças e a prendeu na cintura com

um braço. Ele usou a mão para guiar seu pênis para sua buceta,

dirigindo dentro dela com um longo impulso.

Parecia incrível. Ela colocou as pernas em volta da cintura

dele e deitou-se na mesa, dando-lhe um melhor acesso. Sky

começou a se mover lentamente, e Mick gritou, encontrando cada

impulso de seus quadris, combinando com o ritmo dele.

— Eu te amo para caralho, Mick. — Sky empurrou a camisa

que ela usava mais acima de seu corpo, brincando com seus seios

quando metia nela.


Mick olhou nos olhos dele enquanto e Sky beliscava

levemente seus mamilos, transando com ela com força. Seu clímax

construiu rápido e forte, cada sensação a flor da pele, até que

Mickayla estava gritando seu nome.

Ele veio com ela, gemendo o nome dela de volta, e depois se

inclinou para frente, beijando-a sem sentido.

— Uma rapidinha de manhã. Como eu fui?

Ela deslizou as mãos nos cabelos dele, sorrindo. —

Surpreendente.

— A mesa não foi muito ruim?

— Eu nem sequer notei. Foi perfeito.

— Sim, você é perfeita Mick. De todo jeito.

— Adoro quando você diz coisas doces assim.

— Quero dizer cada palavra.

Um sinal tocou e ele fez uma careta. — Droga.


— Alguém está tentando se conectar ao nosso quarto?

— É a porta.

Ele se retirou dela, ajudou-a a sair da mesa e deu um tapa leve

na bunda dela. — Vá tomar banho e se vista. — Ele fechou as calças.

— Eu vou lidar com quem está no corredor.

Mick correu para o quarto, selando-se dentro. Ela usou a

unidade de limpeza, vestiu um dos novos uniformes pretos que

Sky havia pedido para ela, o Star tinha bons replicadores de roupas,

e finalmente voltou para a sala de estar.

Sky estava sentado no sofá com dois cyborgs que ela não

conhecia. Ambos eram do sexo masculino, e olharam para ela como

todos os outros.

— Estes são Crave e Max. Eles trabalham com segurança.

Vamos analisar o que precisamos fazer se Stag nos entregar algum

pirata. O Star tem celas para convidados indisciplinados. Coma

Mick, e apenas nos ignore.


Como se ela pudesse. Os dois homens a observavam de uma

maneira que a deixava desconfortável, mas ela entrou na cozinha

para aquecer uma refeição. Mick deu-lhes as costas, sentando-se no

balcão, ouvindo sua conversa suave sobre quantos guardas

precisavam ser designados para as celas de detenção, o que os

piratas poderiam comer e o tipo de restrições necessárias para

impedir que seus prisioneiros se tornassem indisciplinados. Os

dois homens finalmente foram embora, e Sky sentou-se ao lado

dela.

— Desculpe, eles estavam olhando para você. A maioria dos

cyborgs adoraria ter uma mulher da Terra.

— Estou começando a me acostumar. Não se preocupe, eles

não me atingiram.

Ele riu. — Ameacei espancá-los, se o fizessem.

Ela sorriu de volta. — Ah.

— Precisamos sair em breve.


— Mas você não comeu.

— Comi antes de você acordar. Eu só preciso tomar banho e

me vestir. Volto logo. Não abra a porta se tocar. Você está segura

aqui no Star, mas os cyborgs vão tentar se aproximarem de você.

Ele a deixou para terminar o café da manhã, e Mick repetiu

todos os detalhes que aprendeu sobre cyborgs. O conceito de suas

unidades familiares não era atraente para ela no mínimo. Mickayla

não queria vários maridos. Eventualmente, ela esperava que os

cyborgs aprendessem isso e parassem de olhá-la como se ela fosse

um pedaço de carne tentadora.

Sky se juntou a ela cinco minutos depois, e eles voltaram para

a sala de comunicação. Hoover e Tweak sorriram para eles, já

trabalhando. Ela sentou-se ao lado de Sky, ouvindo quando ele

alcançou várias estações, obtendo informações. Sky finalmente

alcançou Denny novamente, o cara de com quem ele havia

conversado antes, no Sistema Yornton. O cruzador de batalha da

Terra não havia chegado, mas ainda se falava em um deles.


— Continuamos recebendo demandas por atualizações da

Terra. — Anunciou Denny. — Eles parecem sérios sobre o envio de

ajuda.

— Eles realmente estão considerando isso? Uau. Eu nunca

ouvi falar de um cruzador de batalha indo além do nosso setor.

— Todos nós vamos respirar um pouco mais fácil, se eles

vierem.

— Mais ataques de cyborgs?

— Nada até agora. — Denny fez uma pausa. — Eles nos

perguntaram como está o nosso estoque de suprimentos.

Sky fez uma careta.

Mick digitou a pergunta na tela para ele ler. — O que há de

errado?

Ele olhou para ela enquanto falava. — Você está preocupado

que soldados levem sua comida se eles vierem?


— Claro. Temos quarenta e duas pessoas na estação. Estamos

fodidos se estiverem com pouco suprimento. Leva três semanas

para recebermos suprimentos, nossas refeições estão contadas. As

colônias locais cultivam sua própria comida, mas não plantam o

suficiente para lidar com tantas bocas extras. O capitão está

nervoso. Ele acha que ainda pode ser ruim para todos nós, mesmo

que eles venham.

— Espero que não corra para o lado, cara.

— Eu também. Seria ótimo se eles pegarem os cyborgs, mas

foder-nos, e os colonos mais ao fazê-lo não seria legal. Ei, eu pensei

que você estaria fora de alcance agora.

— Tivemos problemas no motor e estamos fazendo reparos.

Dê um toque para mim se a merda cair. Sei que não podemos

ajudar muito, mas podemos pelo menos espalhar a notícia.

Denny bufou. — Como se alguém desse a mínima se os

militares acabassem matando todos neste setor. Não seria a

primeira vez.
Sky terminou a transmissão e estendeu a mão, pegando sua

mão.

— Você acha que a Terra roubaria toda a comida e deixaria

todos nesse setor morrendo de fome?

— Você ouviu Denny. Não seria a primeira vez. Eu odeio o

Governo da Terra, e estou tão feliz por não trabalhar mais para eles.

— Eu também. — Ele plantou um beijo em seus lábios.

Sky escoltou Mick de volta para seu quarto no horário de

almoço, comeram juntos, e então falou para ela ficar e tirar um

cochilo enquanto ele voltava ao trabalho. Ele viu como Mickayla

ficou chateada ao ouvi-lo falar com outras estações e colonos

durante a manhã.

Parte de seu trabalho pode ser sombrio. A maioria dos

humanos com quem ele falou se queixou de más condições de vida,


ataques que sofreram ou medo de vários perigos encontrados no

espaço profundo.

Era parte da razão pela qual ele tinha gostado tanto das

conversas com Mick quando ela estava em Velion One. Sua mulher

sempre foi otimista, compartilhando piadas, não jogando seus

problemas nele.

Ele entrou na sala de comando. Ambos os machos franziram

a testa quando a porta se fechou.

— Onde está sua linda mulher? — Hoover arqueou as

sobrancelhas.

— Tirando uma soneca. Ela não precisava mais ouvir.

Tweak assentiu. — Ouvimos bastante coisas ruins. Boa

decisão.

Sky sentou-se. — Algo sobre os modelos Markus?

— Nada. — Hoover suspirou. — É estranho. O único sinal de

socorro recente em que foram mencionados, não foram eles. Isso


me faz pensar no que eles estão fazendo para se manterem

ocupados, já que não mataram ninguém ultimamente.

— Provavelmente, escolhendo o próximo alvo. — Tweak

adivinhou. — Recebemos uma atualização. O Bridden encontrou

um grupo de seis naves piratas meia hora atrás. Talvez não

tenhamos que viajar até o sistema Gambit.

O coração de Sky disparou. — Eles estão envolvidos?

Tweak encolheu os ombros. — O Bridden os observa e o

Varnish calcula os riscos. Deveríamos ouvir em breve se eles

acreditarem que podem atacar com segurança muitas naves e

vencer.

Hoover fez uma careta. — Eu odeio a ideia de ter piratas a

bordo. Fui a uma estação, há alguns anos, que comercializa com

piratas, e um se aproximou de mim. Ele queria saber se eu tinha

visto mulheres que pudessem sequestrar para “criar”. O que, é

claro, significava estupro. Você deveria ter ouvido ele explicar o

quão excitado ficam quando elas brigam e gritam. Eu queria


estripá-lo na hora.

Sky não queria pensar sobre o que teria acontecido com Mick

se não tivesse chego a ela a tempo. — Não pretendo deixar minha

esposa perto de piratas. Ela pode ficar em nossos quartos enquanto

eu interrogá-los.

Tweak assentiu. — Eu não culpo você.

— Eles podem assustá-la. — Hoover recostou-se na cadeira.

— Você tem certeza de que não quer reconsiderar a adição de

homens à sua unidade familiar? As fêmeas humanas não são tão

fortes quanto as cyborgs. Ela pode gostar da proteção e conforto

extras. Eu estaria disposto a segurá-la quando você não estiver por

perto.

Sky olhou para ele. — Isso nunca vai acontecer.

— Apenas verificando. — Hoover abaixou a cabeça. — Estou

voltando a verificar os relatórios agora.

Tweak deu um sorriso a Sky e abaixou a cabeça,


concentrando-se em sua própria tela. — Eu sou inteligente o

suficiente para não perguntar. Você deixou seus sentimentos claros.

Sky voltou ao trabalho, entrando em contato com uma das

colônias em outro planeta no Sistema Yornton. Uma mulher

respondeu ao chamado. Ele normalmente flertava nas raras

ocorrências que ele tinha a oportunidade de falar com mulheres,

mas o desejo não estava lá. Não parecia certo. Ele era um homem

casado agora.

A fêmea estava preocupada sobre os militares exigirem a

comida deles também, se a Terra começar a enviar cruzadores de

batalha. Ela disse que os habitantes da colônia têm mais medo dos

militares do que um ataque cyborg. Sky sentiu-se mal por ela.

— Ficarei feliz em salvá-la. — Hoover murmurou.

Sky lançou-lhe um olhar de aviso e encerrou a comunicação o

mais rápido possível, sem ser rude. Ele procurou por atualização

das outras naves, e amaldiçoou suavemente.


— O que houve?

— Stag está enfrentando piratas. — Ele se levantou. — Eu

estou indo para a ponte.

Ele correu para lá e entrou, encontrando Flint sentado na

cadeira do capitão. Ele parecia tenso. O homem olhou para Sky,

sem mostrar nenhuma surpresa ao vê-lo.

— Qual é o plano?

— O Bridden permanecerá protegido enquanto o Varnish

finge ser aleijado, diminuindo sua velocidade quando estão dentro

do alcance do sensor, e então Stag planeja girar como se estivesse

correndo. Deve fazê-los parecer um alvo fácil.

— Então o quê?

Flint olhou para o monitor à sua frente. — Eles vão lutar se os

piratas os envolverem. Stag planeja tirar os motores de uma das

naves e afastar as outras. Ele pode facilmente superá-los, se

necessário. O Bridden atacará o navio danificado e irá a bordo para


tentar capturar alguns dos piratas.

Sky assentiu. — É um plano sólido.

— Se funcionar, e as outras cinco naves abandonarem a

danificada. Estamos duas horas atrás deles, mas podemos

aumentar a velocidade se os planos derem errado. Eu gostaria que

estivéssemos mais perto. Stag insistiu que ele e sua equipe

poderiam fazer isso.

— Stag e sua equipe podem fazer isso. — Sky confiava neles.

— Estou preocupado com o Bridden. Não podemos nos dar

ao luxo de perder um ônibus blindado no momento. Isso é muito

importante. Para não mencionar a perda de vidas que sofreríamos.

— Teg está a bordo. Ele pode acessar remotamente seus

sistemas e assumir o controle da nave danificada. Não estou

preocupado em perdê-los ou aquele ônibus espacial.

Flint agarrou os braços da cadeira. — E se houver cyborgs

nessa nave? Você acha que eles vão atacar?


Sky não teve resposta. — Espero que não. Não seria lógico.

Eles devem sentir alívio ao descobrir que não estão sozinhos.

— Isso me fará sentir vergonha se os cyborgs estiverem

trabalhando com piratas.

Sky assentiu, concordando silenciosamente com Flint. Os

amigos eram loucos, e as mulheres não estavam seguras perto

deles, mas juntar-se a alguém sem qualquer honra era realmente

vergonhoso. Ele entendeu que, para fazer isso, qualquer cyborg

teria que estar desesperado, mas todos tinham seus limites.

Cyborgs mantinham padrões mais elevados do que a maioria das

espécies.

Tensão montada na ponte. Esperar para receber atualizações

era difícil, e ninguém falou até Onyx entrar em contato com eles

vinte minutos depois.

— Temos três prisioneiros.

Sky respondeu antes que Flint pudesse. — Todos estão bem


no Bridden?

— Sim. Estamos bem. Nenhuma perda de nossa parte. Foi

fácil atracar com eles. Teg assumiu o controle do computador e

silenciou os alarmes. Eu duvido que eles sequer perceberam que

estávamos lá, a menos que notem o desaparecimento dos três

piratas que nós sequestramos. Nossos prisioneiros estão

inconscientes e continuarão assim. Estamos indo para você.

— Você ouviu falar de Stag? — Flint parecia tenso.

— Sim, e nós os monitoramos em sensores. Eles tiveram que

destruir quatro naves piratas. Parece que os piratas haviam

atualizado seus motores e conseguiam acompanhar o Varnish. Ele

não teve escolha a não ser abatê-los.

Outra ligação chegou. Era Stag, e seu rosto chateado apareceu

no monitor. — Destruímos quatro de suas naves e danificamos a

quinta. Fizemos uma tentativa de abordagem para levarmos algum

pirata vivo, mas os bastardos usaram seus propulsores para bater

no campo de destroços das outras naves, e eles fizeram isso de


propósito.

Sky ficou chocado. — Eles cometeram suicídio?

Stag assentiu. — Foi assim que me pareceu. Nós tentamos

ganhar o controle de seu computador, mas eles foram desligados

manualmente e dirigidos para o campo. Malditos bastardos. Não

há sinais de vida no que resta dos destroços.

Flint virou a cabeça, segurando o olhar de Sky. Ele arqueou

uma sobrancelha.

— Esse não é um comportamento normal. Assim como na

estação Zippo.

— Foda-se. — Flint olhou para frente. — O Varnish sofreu

danos? Você precisa de reboquê?

— Estamos inteiros e ninguém ficou ferido. Não há nada que

não possamos esperar para reparar quando estivermos em casa.

Vamos para lá agora, se você não precisar de nós.

— Entre em contato com o conselho primeiro.


— Stag desligou. — Ele cortou as mensagens.

— Estamos a caminho de você com os três piratas. — Onyx

avisou. — Eles também perderam o sinal do Bridden.

Flint entrou em contato com a segurança para que eles

preparem as celas. Então ele se dirigiu a Sky. — Vou ter que

providenciar um médico para eles primeiro, e vou deixar você

saber quando eles estão habilitados para serem entrevistados.

— Interrogados. Até lá, vou passar um tempo com minha

esposa.

Flint assentiu.

Sky saiu da ponte. Ele queria ver Mick e deixá-la saber o que

estava acontecendo. Ele entrou no quarto deles e a encontrou

deitada no sofá assistindo a um vídeo de entretenimento.

Ela sentou-se e sorriu. — Você voltou! Senti sua falta. — Ela

pulou do sofá se jogando nele.

Ele abriu os braços, sorrindo. Era bom ter alguém para recebê-
lo. Sky a beijou quando ela colocou os braços em volta do pescoço

dele e depois a levantou do chão, carregando-a em direção ao

quarto.

— Também senti sua falta. Estou prestes a mostrar quanto.

Depois contaria a ela sobre seus prisioneiros. Ele só queria

fazer amor com ela e comemorar o fato de que nenhum de seus

amigos havia morrido. Mick tinha um jeito de fazer tudo certo em

seu mundo, apenas tocando nele. Sky precisava disso,

especialmente com a tarefa inviável que estava por vir.


Capítulo 12
Sky estudou cuidadosamente os três prisioneiros. Os piratas

se recusaram a falar até agora. Eles simplesmente sentaram-se em

silêncio, olhando para ele. Dois outros cyborgs permaneceram

dentro da cela com ele, apenas para dissuadir os presos de

acreditar que tinham uma chance de escapar.

— Quem está liderando os piratas agora? — Sky dirigiu-se

àquele que ele imaginou que estaria no comando. O macho parecia

mais velho e tinha menos danos causados pela radiação do que os

outros dois. — Seu padrão de ataque mudou. Por que isso

aconteceu?

O macho selou os lábios com mais força.

Sky contou mentalmente até dez. Era uma técnica de

enfrentamento que muitos humanos usaram enquanto ele esteve


na Terra, para evitar perder o ânimo. — Você viu outros cyborgs?

O pirata mais velho sorriu. — É isso que você é? Você parece

uma aberração para mim.

Os outros dois piratas riram.

Max puxou o atordoador do cinto. — Nós parecemos

esquisitos? Você tem feridas abertas no seu rosto. Alguém deveria

lhe ensinar algumas maneiras.

Sky apontou o cyborg de volta. — Existe uma instalação

médica de ponta a bordo. Poderíamos curar muitas das suas

feridas e ver se nosso médico poderia reverter alguns dos danos

causados pela radiação que você sofreu.

O velho pirata cuspiu no chão. — Nós não estamos

interessados.

— Também temos um ônibus espacial antigo em um de

nossos porões de carga dos quais estamos dispostos a nos separar.

Sua nave não foi destruída. O ônibus está abastecido e você poderia
voltar para seus amigos. — Sky tinha permissão para fazer a oferta.

Não era como se alguém acreditasse em um pirata se dissesse que

estava a bordo de um navio cyborg. — Vamos permitir que vocês

saiam se você responder minhas perguntas.

Crave parecia furioso. — Eles só atacariam outra pessoa.

— Isso não é nosso problema agora. — Observou Sky,

mantendo sua atenção nos piratas. — Conte-nos o que mudou.

Alguns de vocês estão atacando em grupo. Você sabe algo sobre

isso? Vocês estavam agrupados em seis naves. Isso é algo que vocês

nunca fizeram antes.

Os três piratas não disseram nada.

— Droga! — Flint murmurou da linha mental que ele tinha

aberto da sala ao lado. — Pare de ser gentil com eles.

Sky se aproximou. — Você quer morrer hoje? Você pode ser

útil ou morto. Sua escolha. Faça.

Sky sentiu pressão para fazer seu trabalho, mas foi rasgado ao
mesmo tempo. Ele evitou olhar para a câmera. Mick pediu para

estar presente quando entrevistasse os piratas. Ele concordou, mas

agora estava em duvidava sobre sua decisão. Atualmente ela

assistia a partir do monitor ao lado, com a equipe de agentes de

segurança e Flint. E Sky não queria torturar os piratas para forçar

uma resposta, temendo que isso pudesse fazê-la vê-lo em uma luz

ruim.

— Por que você não me deixa assumir? — Max deu um passo

à frente. — Eu tenho estômago para estripar um dos bastardos para

mostrar aos outros dois seus intestinos. Isso pode incentivá-los a

conversar.

Sky lançou um olhar de aviso para Max. — Você está

querendo traumatizar Mick? — Ele falou suavemente. — Cale a sua

boca ou saia.

Max deu um passo atrás, mas não parecia feliz em fazê-lo.

Sky respirou fundo e se virou, estudando os três prisioneiros

presos em cadeiras na cela, sentados a alguns metros de distância.


— Estou lhe oferecendo a melhor oferta que você receberá.

Liberdade. Caso contrário, um dos meus dois amigos assumirá.

Gritos, sangue e dor estarão envolvidos. Eu saio, e o acordo para

colocá-los em um ônibus vivos para retornar a sua nave está fora

de questão.

Os piratas se entreolharam. O mais velho finalmente

encontrou seu olhar. — Foda-se. Você vai nos matar de qualquer

maneira. Ninguém mantém a palavra ao lidar com a nossa espécie.

Sky se aproximou. — Minha palavra é sólida. — Ele escolheu

suas palavras com cuidado. — Temos algo em comum. O Governo

da Terra nos fodeu. Eles querem todos nós mortos.

— Vou ser honesto. O que vocês fazem atacando pessoas

inocentes, matando, levando mulheres para criar contra sua

vontade, isso nos deixa doentes. Não há honra em nada disso. Eu

normalmente ficaria doente só porque a maneira como você vive

me ofende. Odeio ter que negociar com você, mas os cyborgs são

lógicos. Precisamos de respostas mais do que vingança. Estou lhe


dando minha palavra de que não os prejudicaremos, colocaremos

em um ônibus que os levará com segurança de volta a sua nave, se

me disser o que eu quero saber. Faça-nos entender por que você

passou de atacar individualmente ao comportamento de ataque

grupal. Sua liderança mudou? Quem está no comando? Sabemos

que alguém é.

Os três piratas se entreolharam novamente.

— O que você tem a perder? — Sky cruzou os braços. — Você

acredita que vamos matar você, de qualquer maneira. Mas e se eu

for tão honesto quanto eu digo? Você vai sentar lá em silêncio e

morrer? Ou está disposto a correr um risco que pode lhe dar

liberdade?

O mais velho encontrou seu olhar e sibilou. — Estamos

mortos de qualquer maneira, se você nos enviar de volta para os

outros.

Sky fez uma careta. — Eu não entendo.


Emoção brilhou nos traços do pirata. Medo seguido de

frustração. — Você nos sequestrou. Eles saberão que fizemos o que

você queria se nos deixar ir. Estamos fodidos de qualquer maneira.

— Os piratas têm um código de silêncio? — Isso era novidade

para Sky. — Você vive de acordo com as regras?

— Agora nós fazemos.

Isso o interessou muito. — O que você quer em troca de

responder às minhas perguntas?

— Uma nave para nós três podermos viver, e muitos

suprimentos. — O mais novo deixou escapar. — Assim teremos

uma chance de viver por conta própria.

Sky o estudou. — Você tem tanto medo do seu próprio povo?

O mais velho trocou na cadeira, tanto quanto as restrições

permitiriam. — Estávamos planejando fugir antes que você nos

sequestrasse. Você estragou tudo isso, e um ônibus de curto

alcance não nos levará a lugar algum perto do planeta aquático que
encontramos. Eles não vão confiar em nós se voltarmos. Eles

provavelmente vão nos matar imediatamente.

— Que planeta?

Todos os três se fecharam, ficando em silêncio.

Sky suspirou. — O ônibus pode levá-lo para onde você quiser.

Nós lhe daremos combustível de sobra e muita comida.

— Armas também. — Exigiu o mais velho, segurando o olhar

de Sky.

Sky fez uma careta. — O ônibus não tem armas. É um

transporte. É tudo o que temos para oferecer.

— Precisamos de armas para caçar.

— Pessoas?

O mais velho balançou a cabeça. — Para onde estamos indo,

há algumas massas terrestres com animais. Temos que comer. Não

há pessoas. É por isso que o nosso povo não vai para lá. Não há
nada para roubar.

Sky se aproximou dele e se agachou. — Nós podemos fazer

isso. Fale comigo. Quem está liderando seu povo agora?

O pirata mais velho segurou seu olhar, e Sky detectou um

lampejo de esperança nos olhos do outro homem. — Você jura que

está sendo honesto? Você vai nos deixar ir, nos dar armas e

suprimentos de comida?

Sky assentiu.

— Também precisamos de alguns materiais de construção. —

Sussurrou o mais novo. — Para construir algum tipo de abrigo

quando chegarmos ao planeta.

— Sim, isso também. — Concordou o velho pirata.

— Por que não usar o ônibus?

O velho pirata balançou a cabeça. — Temos que jogá-lo no

oceano. Nossa única chance de nos escondermos é se não houver

nave para encontrar.


Sky ficou surpreso com a inteligência deles. A maioria dos

piratas estavam danificados demais para raciocinar. — Feito.

Iremos até lançar ferramentas para ajudá-lo a construir. Tenho

certeza de que elas serão úteis se você planeja se estabelecer em um

planeta. Médicos também.

Os piratas se entreolharam e, finalmente, o mais velho

assentiu. — De verdade?

— Sim. — Sky assentiu. — Você já viu cyborgs antes? A

pessoa que está liderando voês é como nós?

O pirata mais velho balançou a cabeça. — Não. Eu nunca vi

nada como você.

— Quem está liderando seu povo agora?

O homem hesitou e disse: — O nome dele é Brant. Uma das

naves piratas o encontrou quando estavam atacando um cargueiro

danificado que havia enviado um sinal de socorro. Ele era o único

a bordo ainda vivo, e armara uma armadilha para eles, pelo que
ouvimos. Brant os convenceu a segui-lo e depois começou a

procurar mais de nós. Ele fez muitas promessas.

O mais novo assentiu. — Brant disse que seríamos invencíveis

se trabalhássemos juntos, em vez de sermos solitários. Que, se

fizéssemos o que ele disse, todos ganharíamos mais suprimentos,

sofreríamos menos mortes e poderíamos controlar os setores

externos. E o homem até disse que poderia fazer o governo da Terra

nos deixar em paz. Tudo parecia bom... até que percebemos o que

isso nos custaria.

Sky tinha muitas perguntas. — Eu não entendo. Que custos?

— Ele queria os membros mais doentes de cada nave para se

juntarem a ele. — O mais velho resmungou. — Ele disse que

poderia curá-los, aqueles com mais exposição a radiação,

invertendo o envenenamento em saúde. O cargueiro tinha uma

área médica, e ele os convidou para serem tratados.

O terceiro pirata cuspiu. — Ele os curou, tudo bem. Se você

chama ser curado pela mente, é uma cura.


— Curado pela mente? — Sky olhou para o líder.

O pirata manteve o olhar. — Eles mudaram. Qualquer pessoa

que se submetesse ao tratamento voltava com menos danos

causados pela radiação em seus corpos, mas não eram os mesmos.

— Meu pai fez o tratamento. — Disse o caçula em voz baixa.

— Ele estava realmente doente, não podia mais falar comigo em

nenhum sentido. A doença nos deixa mais loucos à medida que

envelhecemos. Eu o convenci, esperando que meu pai melhorasse.

Eu não queria que ele morresse. Quando a loucura toma conta, não

vivemos muito mais depois disso. No começo, quando ele voltou,

fiquei aliviado. Mas depois de apenas algumas horas, eu percebi

que ele tinha memórias do meu pai, mas era como se ele não

sentisse mais nada. E meu pai acabou matando alguns membros

da nossa equipe que não queriam seguir Brant. Eu fiquei com medo

dele.

— Nós não somos todos estúpidos. — O terceiro pirata

acrescentou, parecendo irritado. — Percebemos que muitos de


nossos amigos e familiares voltaram diferentes. Era como se Brant

tivesse entrado na cabeça deles, e removido as partes que os faziam

pensar por si mesmos ou sentir alguma coisa. Eles só se

importavam com Brant. O que Brant quer, o que Brant pensa. E

essas pessoas estão convencidas de que Brant é a nossa salvação.

O velho pirata assentiu. — É por isso que as naves se agrupam

agora. Brant ordenou que eles lutassem juntos, e eles fazem tudo o

que ele diz.

— Ele e seu irmão gêmeo, que apareceu mais tarde. — O

terceiro murmurou.

O coração de Sky disparou. — Gêmeo?

— Idênticos. — O líder acrescentou. — Eu os vi juntos. Eles

não falam. Basta olhar um para o outro, é como se os filhos da puta

pudessem ler a mente um dos outros. Eles não estão certos. Isso me

deu um arrepio.

Sky ficou de pé. — Envie-me um bloco de dados, agora. — Ele


exigiu para o outro quarto.

Em segundos, um cyborg entrou na sala com um na mão,

franzindo a testa.

Sky pegou e apertou a tela de mão, ligou e puxou imagens dos

modelos Markus que eles tinham em vídeo. Ele encontrou um bom

visual e o congelou. Então Sky girou o bloco, mostrando-o aos

piratas.

— Esse é Brant! — O líder pareceu surpreso.

— Foda-se. — Sky murmurou. — Este é um modelo Markus.

Você tem certeza de que eles são iguais?

— Seu cabelo é um pouco maior agora, mas este é ele. — O

terceiro pirata confirmou. — Que porra é um modelo Markus?

— Um grupo louco de androides idênticos que escaparam da

Terra e querem exterminar toda a vida existente. — Sky fez uma

pausa. — E eles estão usando vocês para fazer isso. Merda.

Ele olhou para o espelho, sabendo que os outros cyborgs


parados lá se sentiriam tão chocados quanto ele. Sky parou,

pensando, antes de se dirigir aos piratas novamente. — Foi por

ordem de Brant que vocês se vestiram de forma diferente?

O mais novo assentiu. — Somente os que foram fazer

tratamento. Deu-lhes macacões pretos para vestir. Brant disse que

apenas sua elite poderia usá-los. Ele os colocou no comando das

naves, todas elas. Ordens de Brant.

— Estávamos escondendo suprimentos para escapar. —

Admitiu o mais velho. — Nós desistimos de ficar por lá quando

ouvimos Brant planejando “curar” a todos nós. Prefiro morrer do

que tornar-me alguma marionete fodida da mente, beijando a sua

bunda.

Sky sentiu-se enojado. O que os modelos Markus estavam

fazendo com os piratas? — Preciso conversar com uma equipe

médica e depois fazer mais perguntas. Eles podem descobrir o que

foi feito com seus colegas de equipe curados. Vou liberá-los

quando terminarmos. Vocês terão transporte, liberdade e todos os


suprimentos que combinamos.

Ele se virou para Max. — Solte-os. Pegue comida para eles. —

Ele olhou para os piratas. — Vocês são nossos convidados por

enquanto. Eu aconselho vocês a não atacar os guardas. Só

queremos mais respostas antes de vocês serem liberados. Também

enviarei a equipe médica para ver o que eles podem fazer por vocês

e que não envolva nenhuma foda mental, ok? Nós não vamos

mudar vocês.

Os três piratas pareciam incertos. O líder deu um aceno agudo.

— Um banho seria bom. Você tem água?

Sky estava disposto a dar isso a eles. Eles cheiravam como o

inferno. Seria rude mencionar isso, no entanto. — Temos chuveiros

de espuma e roupas limpas, se você quiser.

— Sem macacões.

Sky sorriu para o jovem. — Roupa casual. Nós não somos

como Brant. Cyborgs mantém sua palavra. Mantenha a calma, não


ataque seus guardas e você será bem tratado até ser escoltado para

o ônibus espacial. Apenas seja paciente por mais algum tempo. Sua

estadia será confortável. — Ele voltou para os guardas. — Faça isso

acontecer.

Ele saiu da cela e entrou na próxima sala. Mick parecia

abalada, mas ficou sentada. Flint avançou assim que Sky fechou a

porta, garantindo que seus prisioneiros não pudessem ouvir o que

foi dito.

— Modelos Markus. Eu não entendo, eles matam tudo o que

encontram.

Sky tentou raciocinar, apesar de seu estado altamente agitado.

— Parece que eles encontraram utilidade para os piratas.

Deveríamos ligar para o conselho enquanto a equipe médica

estiver lá. Eles podem questionar mais aos homens sobre o que foi

feito com os que os Modelos Markus mudaram enquanto os

tratavam. Você acha que os modelos Markus adicionaram chips ao

cérebro dos piratas que eles estão tratando? Danificá-los de alguma


forma para torná-los mais compatíveis, matando suas emoções ao

mesmo tempo que curam seus corpos? É mesmo possível?

— Eu não sou médico. — Flint estendeu a mão e esfregou a

parte de trás do pescoço. — Pelo menos não são cyborgs. Essa é a

boa notícia.

— A má notícia é que acredito que esse “Brant”

propositadamente fez com que alguns piratas manchem algo na

pele para fazê-los parecer cyborgs para enganar a tripulação

daquela transportadora. Eles queriam nos incriminar por esse

ataque.

Flint olhou para Sky. — Por quê?

— Você ouviu o que foi prometido a esses piratas? Assumir

os setores externos? Os modelos Markus não conseguiram nos

encontrar, mas devem ter percebido que somos considerados uma

ameaça maior do que eles, por causa de nossos números. O

governo da Terra sabe quantos de nós escaparam. Há muito menos

modelos Markus. A captura de Zorus provou que alguns de nós


sobreviveram. Eles poderiam temer que mais de nós estivesse por

aí. O que foi o suficiente para que eles estivessem ameaçando

enviar um cruzador de batalha onde o ataque ocorreu porque um

avistamento cyborg foi relatado. Pense sobre isso.

Flint fechou os olhos, parecendo fisicamente doente por um

segundo antes de abri-los novamente. — Merda.

— Eu não entendo. — Mick chamou a atenção de Sky.

— Os piratas normalmente têm naves lentas e desatualizadas,

mas os modelos Markus poderiam facilmente assumir um

cruzador de batalha solitário, se fossem dadas as circunstâncias

certas. Eles são capazes de invadir sistemas essenciais suficientes,

como armas e suporte à vida, para causar estragos e deram a um

grande grupo de naves piratas a oportunidade de apoderar-se

delas. Eles poderiam roubá-los.

— Eles teriam um cruzador de batalha à sua disposição. —

Flint parecia furioso. — Eles poderiam transferir os piratas sob seu

controle para viverem nele. A Terra não aceitaria isso tão bem. Eles
enviariam mais para recuperá-lo.

— Eles tentariam roubar esses também. A perda de

cruzadores de batalha suficientes deixaria a Terra vulnerável a

ataques em algum momento. Tenho certeza que os modelos

Markus adorariam assumir o controle e reabrir as fábricas onde

foram construídos.

— Parece que os modelos Markus são muito mais perigosos

do que pensávamos. Eles não têm escrúpulos em sacrificar vidas

ou levá-las para conseguir o que querem, ou seja, mais do seu tipo.

Droga. Eu nunca pensei que sentiria pena dos piratas. — Sky se

aproximou Mick, a necessidade de estar perto dela.

— Estou enviando os médicos agora. — Flint murmurou. —

Então entraremos em contato com o conselho.

— Vou deixar Mick em nossos aposentos e nos encontramos

na sala de conferências.
Sky acabou com uma dor de cabeça após conversar com o

conselho. Os membros ficaram compreensivelmente chateados,

mas pelo menos agora estavam cientes do porquê os piratas

mudaram seus padrões; alguns atacando a Estação Zippo vestindo

roupas diferentes e tentando roubar o computador principal de

operações. Os modelos Markus planejavam assumir os setores

externos. Era sabido que eles poderiam reprogramar

computadores, no entanto eles não desejavam perder tempo e

optaram em roubá-lo, antes de assumir o posto existente.

Os androides precisavam ser parados.

Sky pediu mais um favor aos piratas que interrogou. Ele tinha

um plano. Custaria mais suprimentos no comércio, mas valia a

pena.

Em breve, a Terra teria imagens falsas de um ônibus espacial

com três piratas com a pele manchada de cinza, preparando-se


para atacar uma nave. A intenção era de lançar dúvidas sobre o

relatório que haviam recebido sobre cyborgs. Sky até escreveu um

roteiro para os piratas, onde eles deveriam falar que estavam

convencidos de que a tripulação ficaria tão assustada quando os

visse, assumindo que eram cyborgs, que pulariam nas cápsulas de

fuga e abandonariam sua nave.

Os piratas concordaram com isso de bom grado, fazendo o

possível para representar suas partes.

O conselho ficou satisfeito ao ver as filmagens que haviam

feito que seriam “acidentalmente” vazadas. Isso poderia fazer o

governo da Terra repensar o envio de um cruzador de batalha para

uma área vulnerável aos ataques do modelo Markus. Os androides

eram uma ameaça grande o suficiente sem esse tipo de poder de

fogo.

Foi o melhor que a Sky conseguiu criar a curto prazo.

As portas de seus aposentos se abriram e a primeira coisa que

viu foi Mick. Ela se levantou do sofá e caminhou até ele, mostrando
sua preocupação em seu olhar. Sky abriu os braços e a aconchegou

no segundo em que sua mulher chegou ao seu alcance, beijando o

topo de sua cabeça.

— Isso é ruim, não é?

— Sim. Eu suspeitava que um cyborg, ou talvez um grupo de

nossa espécie estivessem trabalhando com os piratas. É possível

que alguns da minha espécie tenham sido mantidos vivos na Terra,

mantidos em cativeiro e depois escapado, sem saber que o restante

de nós está vivo. Eles estariam sozinhos e desesperados por

qualquer tipo de ajuda que pudessem encontrar, já que a Terra os

caçaria ativamente. Parte de mim é grata por serem os modelos

Markus, pois me dói pensar em qualquer cyborg trabalhando com

piratas. Eles cometem crimes atrozes. É claro que os modelos

Markus não se importam com esse tipo de coisa.

— Você estava realmente chateado, imaginando cyborgs

aliados com piratas.

— A reunião do conselho não foi tão ruim quanto eu temia.


Ela se afastou dele o suficiente para levantar a cabeça,

segurando o olhar dele. — Como assim?

— Eles ficaram aliviados por não serem cyborgs também, mas

temos que repensar nossas estratégias sobre como proceder.

Pensávamos que estávamos apenas procurando as três naves

restantes que já sabíamos que os modelos Markus tinham. Agora

eles basicamente têm um exército de naves piratas para se esconder.

Também amplia muito a capacidade de nos procurar. Não temos

ideia de quantas naves piratas eles controlam agora. Poderia ser

centenas, todas reportando a esses androides.

— Você só precisa encontrar a que Brant está, não é?

Ele balançou sua cabeça. — Você não entende.

— Acho que não.

— “Brant” pode estar em muitas naves. Os piratas acham que

o segundo que viram deve ser seu irmão gêmeo. Brant pode ser o

nome que os androides estão usando, mas todos os modelos


compartilham o corpo e o rosto exatos. Qualquer um deles poderia

se mover entre as naves piratas e assumir a identidade de Brant. Se

dois são vistos juntos, os piratas assumem que é o gêmeo

novamente. Os piratas não têm ideia com o que estão lidando. Eles

acham que os androides são apenas um ou dois humanos.

Ela empalideceu. — Merda.

Sky assentiu. — Os modelos Markus devem ter atacado

aquele cargueiro porque tinha instalações médicas, e emitiram um

sinal de socorro para atrair os piratas. Foi fácil para eles capturá-

los e enganá-los. Então eles começaram a mudá-los de alguma

forma.

— O que você acha que estão fazendo com eles?

— Os médicos têm algumas teorias. Teríamos que recuperar

o corpo de um pirata não danificado, um dos uniformizados, e

fazer uma autópsia para ter certeza. Infelizmente, os quatro no

Zippo deram um tiro na cabeça. Stag disse que o dano foi extenso.

Achamos que foi com essa intenção, inutilizar a cabeça. Não apenas
para evitar serem questionados, mas para esconder o que uma

autópsia poderia ter revelado sobre seus cérebros.

— Ok, mas quais são as teorias dos médicos?

— Eles têm lembranças, mas foi mencionado que eles não

tinham emoções. Existem partes do cérebro que podem ser

danificadas ou removidas para que isso aconteça. Eles também

poderiam ter dispositivos instalados para desligar certas partes do

cérebro que os modelos Markus desejam controlar.

Ela empalideceu. — Jesus. Então eles estão roubando partes

do cérebro dos piratas?

— É nisso que os médicos acreditam. Só os modelos Markus

fariam facilmente algo tão cruel. Eles não se importam com a vida.

Estes androides oferecem assistência médica gratuita para remover

parte dos danos causados pela radiação e depois alteram cada um

deles à medida que entram para o tratamento. Posso imaginá-los

removendo partes do cérebro humano que os faz sentir emoções...

e o inferno, até adicionando receptores remotos de dor ou


colocando interruptores nos corpos dos piratas, à prova de falhas.

Se algum deles ligar para os Modelos Markus, eles poderão se

vincular mentalmente aos piratas alterados e matá-los

instantaneamente. Isso motivaria aqueles que se recusam a seguir

ordens.

— Você precisa encontrar em qual nave eles estão.

— Pelo menos dez ou mais cargueiros desaparecem

anualmente, devido a falhas mecânicas, ataques ou danos

catastróficos, como serem atingidos por detritos espaciais, antes

que possam enviar sinais de socorro. É um número potencialmente

grande para procurar, considerando que os piratas que

capturamos não estão certos exatamente quando isso começou.

Nós vamos revisar todos os relatórios que faltam para ver se

alguma nave tinha baías médicas avançadas.

— Qual é o plano então? Presumo que vamos passar muito

tempo na sala de comunicações a partir de agora, tentando

encontrar grandes grupos de naves piratas?


— Nós não. Nós liberamos os três piratas em nossa cela e os

expulsamos. Quando o ônibus estiver fora de alcance, estamos

voltando para Garden. O conselho está chamando a maioria de

nossas naves para casa. É uma reação instintiva. Estamos todos

preocupados. Como eu disse, precisamos de uma nova estratégia.

Os modelos Markus estão usando os piratas e todas as suas naves

para nos encontrar.

— Você realmente deixou esses piratas irem?

Ele assentiu. — Cyborgs não mentem. Mantemos nossa

palavra. Eles fizeram tudo o que pedimos e nos disseram o que

sabiam.

Ela se aconchegou nele e apoiou a cabeça no peito dele. — Eu

quase senti pena deles. Isso é loucura?

— De modo nenhum. Eles também despertaram minha

simpatia. Foi um dia infernal.


Capítulo 13
Mick ficou boquiaberta quando viu a cidade em Garden. Os

jardins impecáveis, as estruturas bem construídas, e os edifícios

altos eram totalmente impressionantes. — Vocês ergueram tudo

isso de sucata de naves?

— Sim.

— Dos que vocês roubaram quando fugiram da Terra?

— No princípio. — Sky manteve-a perto de seu lado, o braço

enganchado no dele. — Mantivemos algumas delas em boas

condições de funcionamento e saímos para encontrar mais sucata.

— As naves abatidas no espaço que você mencionou?

— Na maioria das vezes.

Ela sabia tudo sobre naves abatidas. Às vezes acontecia, uma


nave espacial passando por um desastre catastrófico e toda a vida

a bordo era perdida. Era raro para qualquer um tentar salvar-lhes

se estivessem no espaço profundo. Eles eram geralmente

considerados uma perda total. Detritos espaciais.

Mesmo entre as poucas naves que haviam sido recuperados,

era quase impossível para as empresas que os possuíam contratar

tripulação ou mantê-las por muito tempo. Alguns temiam que as

naves fossem assombradas. Outros acharam que poderiam ser

amaldiçoadas. De qualquer maneira, todos consideraram azar re-

comissionar uma nave abatida. Simplesmente não era rentável

limpar o material, consertar a nave antiga, depois transportar para

um porto espacial e pagar incentivos maciços para que

pouquíssimas pessoas corajosas quisessem trabalhar em um navio

morto. Era mais barato a longo prazo para uma empresa de usar

um modelo novo ou usado.

Sky pareceu ler sua mente. — Não matamos as tripulações

para levar suas naves. A maioria das que localizamos tinham sido
vítimas de piratas, ladrões ou acidentes. Piratas e ladrões tendem

a matar os humanos a bordo e despojar os navios de alimentos,

muitos eletrônicos, mas têm pouco interesse em muito mais.

Encontramos e as rebocamos para Garden para desmontá-las no

espaço, voando grandes distâncias com ônibus espaciais.

— Isso é impressionante.

— Nós estávamos motivados. Levamos vinte anos para

construir a maior parte da cidade. As paredes externas de proteção

eram nossa primeira prioridade, antes mesmo dos prédios. A

maioria de nós viveu em naves e ônibus durante os primeiros anos.

— Deve ter dado muito trabalho.

— Somos fortes e trabalhamos bem em equipe. — Ele olhou

para os cyborgs atrás deles. — Você não precisa seguir isso de perto.

— Ele rosnou.

Ela virou a cabeça, olhando para os dois guardas que os

escoltaram do ônibus que os levou para a superfície, nos arredores


da cidade. Os cyborgs eram um par de rostos sombrios em roupas

pretas que não tinham falado nada. Eles ignoraram a sugestão,

ficando quase atrás de nós.

Ela se agarrou a Sky um pouco mais forte.

— Vai ficar tudo bem. — Ele assegurou. — Os documentos

foram assinados. Somos uma unidade familiar. O conselho só quer

conhecê-la antes de dispensar os guardas. É besteira burocrática.

Ela tentou imaginar o que estava por vir, mas não tinha ideia

se seria como uma corte da Terra ou não. E Mick já esteve em um

desses, logo após a morte de seus pais. O painel de quatro pessoas

nem olhou para ela antes de enviá-la para morar naquele horrível

abrigo.

Sky a levou para dentro de um prédio e eles foram parados

por mais guardas. Sky a soltou e entrou na frente dela. — Você não

toca na minha esposa. Mickayla não precisa ser revistada. Ela não

tem armas.
— Você conhece as regras, Sky.

— Eu a ajudei a se vestir. Você está me chamando de

mentiroso, Brine?

O guarda alto recuou e balançou a cabeça. — Sem problemas,

podem ir.

Sky pegou a mão dela e a levou por um corredor alto até um

conjunto de portas duplas. Outro guarda estava lá, e ele fez sinal

para eles, abrindo a porta.

— Esta não é a câmara formal. — Sky informou em voz baixa

a Mick. — Isso é bom.

— Isso é?

— Sim.

Ela teria que acreditar na palavra dele. Eles entraram em uma

sala ampla e longa, que não parecia muito como um tribunal.

Havia dois cyborgs em pé no meio, perto de algumas cadeiras em

conjuntos de quatro, cerca de dois metros de distância, de frente


uma para outra. Sky a levou na direção deles e fez um sinal para

Mick se sentar. Sentou-se ao lado dela, e os outros dois cyborgs

tomaram posições em frente a eles.

— Mick, eu gostaria de apresentá-la aos vereadores Blackie e

Zorus.

Aquele com a carranca no rosto bonito grunhiu, mas seu olhar

se fixou em Sky. — Eu deveria ter esperado isso de você. Você

quebrou muitas regras para ter sua mulher.

Sky encolheu os ombros. — Eu não sinto muito, Zorus.

— Você nunca sentiu. — Zorus estudou Mick então. — Eu

conversei com minha esposa sobre você. Ela não era mineira, mas

fazia parte de uma força de trabalho na Terra. É por isso que

estamos aqui, em vez de em câmaras com todo os membros. A

informação que você deu a Teg também foi verdadeira. Sinto muito

sobre a perda de seus pais. Entendemos que seu pai tentou

melhorar a vida dos mineiros. Respeitamos qualquer pessoa que

esteja disposta a ser a voz de seu povo e se posicione contra a


injustiça. A terra subvalorizou a nós, também.

— Obrigada. — Mick assentiu. — Mas isso custou a vida deles.

Papai realmente acreditava na causa, no entanto. Ele era um

mineiro de segunda geração. Seus pais morreram quando meu pai

tinha vinte e poucos anos devido a condições inseguras de trabalho.

Ele queria um futuro melhor para mim.

— Isso foi admirável. — Blackie murmurou.

Sky se inclinou para frente, olhando para os dois homens. —

Eu não menti sobre Mick ou seu passado. Ela não é uma espiã.

— Temos a certeza disso agora, mas também esperávamos

que tivesse algumas informações úteis sobre os modelos de

Markus. — Zorus suspirou. — Parece que sabemos mais do que ela.

— Ela é alimentada com as mesmas besteiras do governo que

as notícias transmitem para outros terráqueos. — Sky endireitou-

se em seu assento. — Qual é o meu castigo? Por quanto tempo você

estará me castigando? Estou tirando minhas coisas da minha casa


ou você já nos transferiu para uma nova?

Zorus cruzou os braços sobre o peito. — Precisamos de você,

Sky, e você sempre conta com isso quando quebra as regras. Não

pense que não estamos cientes de suas táticas.

— Isso não teve nada a ver comigo pensando que sou

inestimável. Era sobre salvar Mick da morte.

Blackie pigarreou. — Compreendo. Aqui está a situação. O

conselho está zangado e sente que você os desrespeitou. Eles

querem que você seja rebaixado, mas Zorus argumentou que o

estresse de seu trabalho o coloca em risco de lidar com muitas

emoções. Emoções que a maioria dos cyborgs não costumam lidar.

Mas é uma parte necessária de suas habilidades, a fim de ser um

especialista humano eficaz. — O cyborg estudou Mick. — E isso

deu-lhe a oportunidade de tomar uma esposa humana, uma vez

que vocês estavam conversando e tinha crescido um vínculo com

ela.

Zorus assumiu. — Tivemos uma votação e a maioria de nós


concordou que sua instabilidade poderia ser considerada um risco

para o seu trabalho. Você não está sendo rebaixado em status, mas

sua esposa deve permanecer com você o tempo todo, seja em

Garden ou em tarefas futuras. Basicamente, ela é seu risco à

segurança e você é totalmente responsável por suas ações. — Zorus

revirou os olhos. — Alguns membros do conselho consideraram

que isso já era bastante punitivo, pois eles não conseguem entender

o desejo de ingressar em uma unidade familiar com um humano.

Sky assentiu. — Boa. Eu estava preparado para argumentar

que poderia ter resgatado Mick, mas ainda ajudei a descobrir o que

está acontecendo com os modelos Markus. Isso é prova suficiente

de que eu posso fazer bem meu trabalho, mesmo quebrando as

regras. Eu também deveria receber crédito por planejar as imagens

falsas enviadas para a Terra. Eles verão piratas fingindo ser cyborgs,

o que você tem que admitir que foi brilhante.

Zorus bufou. — Sim, Sky. Todos nós estamos gratos que isso

deixará o Governo da Terra desconfiado de acreditar em futuros


relatórios sobre nossa espécie. Você fez o seu trabalho bem. — Ele

fez uma pausa. — Você ainda não deveria ter quebrado as regras,

no entanto.

— Sem arrependimentos. Eu tenho Mick.

— Não fique convencido. — Zorus retrucou. — Você vai

trabalhar duro. Esse é o seu castigo, especialmente quando você

deseja passar todo o seu tempo com sua mulher.

— Eu pretendo ir de qualquer maneira. — Sky respirou fundo

e soltou o ar.

— Enviamos o Bridden de volta para procurar os

agrupamentos de naves piratas e espioná-los. Você será

transportado de volta ao Star em alguns dias. Manterá você em

movimento para continuar seu trabalho, mas longe de Garden.

Você precisa ter comunicações com todas as estações e ouvir

quaisquer relatórios de modelos Markus ou atividade ataques de

piratas. — Acrescentou Blackie. — Temos muito a aprender sobre

a nova ameaça. Entendido?


— Sim, Blackie. — Sky sorriu.

Mick relaxou em sua cadeira. Sky parecia feliz e tinha sido

muito melhor do que ela esperava. Ninguém a colocou em algemas

ou a levou para longe de Sky, seu pior medo.

— Podemos ir agora? Gostaria de mostrar a Mick minha casa

e pedir-lhe algumas roupas decentes antes de voltarmos ao espaço.

Ela está vestindo minhas roupas e o que podemos replicar na

estrela.

— Vá. — Zorus se levantou. — Não empurre o conselho

novamente, Sky. Até eles têm limites. Tente se lembrar disso. — E

ele saiu da sala sem outra palavra.

O outro cyborg, Blackie, suspirou e cruzou os braços sobre o

peito. — Você teve sorte, Sky. O conselho precisa muito de você

agora, e estamos todos preocupados com o que os modelos Markus

estão planejando fazer com os piratas. Encontre aqueles bastardos.

Os modelos Markus parecem se sobressair na manipulação além

de nossas expectativas. É preocupante.


— Estou ciente. Obrigado por tomar o meu partido.

— Você está ajudando Gene a procurar Danica. Ele

permaneceu no Bridden, já que está voltando para áreas humanas

mais populosas do espaço. Eva está preocupada, pois os Modelos

Markus acabarão por atacar uma nave em que sua irmã pode estar,

desde que eles não só têm alvo em estações, mas agora cargueiros

e ônibus. Fora do registro, pergunte sobre qualquer caçadora de

recompensas quando entrar em contato com essas estações.

Ele abriu os braços e se levantou, entregando um chip de

dados. — Aqui está uma lista que Eve fez das estações com as quais

as irmãs interagiram enquanto deixavam criminosos. Eles estavam

entre seus lugares favoritos para visitar. Estamos achando que

Danica pode dizer às pessoas que Eve morreu, se perguntarem

sobre o paradeiro dela. Não é obrigatório, apenas no caso. Você

provavelmente vai querer fingir que está tentando evitar a Danica.

Eve disse que a maioria dos criminosos as odiava e as temia.

Sky aceitou o chip. — Eu posso fazer isso.


Blackie ergueu a mão e tirou o colar de Mick do bolso no peito.

Ele ofereceu a ela. — Não encontramos nada que interessasse ao

conselho. Seu androide não é muito avançado; nós repassamos a

programação dele. Ele é uma tecnologia ultrapassada e não é uma

ameaça para nós. Você pode querer atualizar, se algum dia tiver

um modelo reconstruído.

Mick colocou o colar de volta. — Eu amo Jorg e não quero um

modelo atualizado, mas obrigada.

Blackie assentiu, encarando Sky. — Encontre aqueles

bastardos e Danica. Isso tornaria minha vida mais fácil. Eu odeio

ver minha esposa chateada toda vez que um relatório chega,

pensando que poderia ter envolvido sua irmã.

— Eu estou nisso. — Sky apertou sua mão. — Podemos sair

agora?

— Vão.

Sky ofereceu a mão a Mick e ela a pegou. Ele a puxou da


cadeira e cruzou a mão em seu braço, levando-a para fora do

prédio. Nenhum dos guardas cyborgs tentou detê-los.

Sky riu. — Eu disse para você não se preocupar.

— Eu estou com aquele cara Blackie. Tivemos sorte, não é?

— Eles precisam de mim. A maioria dos cyborgs tem

dificuldade em se relacionar com pessoas da Terra. Eu falo como

eles, e isso torna mais fácil para mim fazer amigos e ganhar sua

confiança. Amigos compartilham informações.

— Vai ser uma coisa boa para mim.

Ele parou na rua e a puxou para perto, dando um beijo em

seus lábios. Ele sorriu. — Somos muito mais que amigos.

Ela sorriu, tentando ignorar o modo como os cyborgs mais

próximos haviam parado, abertamente olhando boquiabertos para

a demonstração de afeto. Isso a deixou um pouco constrangida.

Sky parecia adivinhar seus pensamentos. — Os cyborgs não

se beijam apenas por diversão. Você me salvou dessa merda fria,


Mick. Vamos comprar algumas roupas boas primeiro e depois

vamos para casa.

Sky assistiu à reação de Mick ao ver sua casa, e seu coração se

encheu de felicidade. Quando ela sorriu, sua expressão se

iluminando de alegria. — Estou muito orgulhoso de você.

Ela se virou para ele. — Por quê?

— Você sofreu um dos meus piores pesadelos: fazer compras

de roupas e assessórios, mas você não está nem mesmo de mau

humor. Eu odeio fazer isso.

— Você não estava mentindo sobre todas aquelas roupas que

não lhe custavam créditos, estava?

— As roupas são grátis em Garden. Você não pode viver em

minhas camisas e calças alteradas por muito tempo, Mick. A

quantidade de materiais do Star estava desatualizada. O que


produzimos em Garden é muito melhor. Você precisa de um

guarda-roupa próprio, com coisas que se encaixem. Estou feliz que

eles podem replicá-los tão rapidamente e vão entregar suas roupas

novas antes de sairmos. Normalmente, há uma espera de dois dias,

mas você é uma prioridade, como minha esposa, e porque nós

estamos sendo empurrados para fora da superfície tão cedo. Meu

trabalho tem algumas vantagens. — Ele piscou.

Ela encarou as janelas novamente. — É tão bonito aqui.

Ele andou atrás dela e passou os braços em volta de sua

cintura, apoiando as costas no peito dele. Sky gostava de abraçá-la.

— Voltaremos em breve, e vou levá-la para nadar.

— Está bem. Já estou satisfeita em ver o oceano e toda esta

vegetação, é como um sonho se tornado realidade depois de olhar

para poeira e rochas por quatro anos. Definitivamente, este não é

um planeta morto. O ar fresco também é incrível.

— Sinto muito por termos que voltar ao espaço tão cedo.


— Eu não estou. — Ela esticou a cabeça para olhar para ele. —

Estaremos juntos. Isso é tudo que importa. Você também é uma

visão fantástica. Embora eu goste de você com menos roupas.

Ele a abraçou com mais força. — Nós vamos ser muito felizes.

— Eu já sou.

— Está com fome?

— Não. Ainda estou me adaptando a você tentando me

alimentar pelo menos três vezes por dia. Estou avisando agora que

provavelmente vou engordar.

— Eu vou ajudá-la a manter a forma e saudável. — Ele mexeu

as sobrancelhas e olhou para ela.

Ela riu. — Estou ansiosa por isso. A prática leva à perfeição,

eu ouvi. Embora não tenha queixas sobre nós em um quarto. — Ela

olhou de volta pelas janelas. — Eu simplesmente não consigo

superar essa visão. É de tirar o fôlego.

— Isto é. Da próxima vez que estivermos aqui, também


deixarei você ver os nativos. Vou levá-la para além das paredes de

segurança e vamos para as falésias próximas. As pessoas do mar

podem ser vistas à distância. Alguns deles saem nas praias abaixo.

— Não vai assustá-los?

— Eles não têm consciência de nós dessa altura. Eles nunca

escalaram os penhascos, tanto quanto sabemos. Deixamos eles em

paz, mas ficamos de olho neles. Uma equipe de cyborgs os estuda

sem interferência. Um dia eles podem estar mais abertos a se

tornarem nossos amigos. Nós gostaríamos de saber o máximo

sobre eles de antemão, para evitar que acidentalmente ofendê-los

de alguma forma. A equipe de pesquisa informa-me de tempos em

tempos sobre nossos vizinhos, já que sou especialista na Terra.

— Mas eles não são humanos.

Ele sorriu. — Eu continuo dizendo à equipe esse fato, mas às

vezes eles executam comportamentos que veem por mim,

esperando que seja algo com o qual eu esteja familiarizado.


— Como o quê?

— Eles pegaram alguns deles dançando uma vez.

Ela olhou para ele surpresa. — Realmente?

Ele assentiu. — Eles não estavam perto o suficiente para

captar o som, mas gravaram imagens, e eles estavam dançando na

praia. Alguns deles pareciam ter instrumentos. Parecia que eles

estavam soprando grandes conchas. Não entendemos por que eles

fariam isso.

— Uma celebração de algum tipo? Ou uma dança de

acasalamento? Talvez pensem que podem trazer chuva! Eu li uma

história uma vez sobre tribos indígenas que costumavam fazer isso

nos velhos tempos na Terra. Eu adoraria ver esse vídeo!

Sua excitação o divertiu. — Você gostaria de trabalhar com a

equipe, como minha assistente?

— Sério? Eu adoraria.

— Feito. Vou me certificar de que você esteja lá na próxima


vez que entrarem em contato comigo, então você pode sentar-se à

reunião de oferecer sua contribuição.

— Mas vou precisar de um emprego de verdade

eventualmente. Você tem algum tipo de operação de mineração

aqui?

— Não. Nós não mexemos com o planeta.

— É uma coisa boa. Só não sei mais o que fazer.

— Seu trabalho “real” é ser minha esposa e agora minha

assistente na equipe que estuda nossos vizinhos. Eles ficarão

emocionados com uma nova perspectiva. Eu não sou muito útil

para eles. Você também pode ouvir quando falo com as estações

espaciais e me ajudar, se quiser.

— Gostaria disso.

— Eu também.

Ele olhou por cima da cabeça para Garden, vendo pela

primeira vez há um longo tempo. Mick fez isso por ele. Sky se
sentiu vivo com ela. Um sorriso curvou seus lábios. Ele só

precisava mantê-la feliz.

Ele levantou a mão e acariciou o estômago dela, antes de

passar os dedos mais alto, entre os seios dela. Sky roçou seu colar

com as pontas dos dedos, a única coisa que ela tinha deixado do

Androide que ela amava.

Lembrou-se que lhe devia um anel e um presente de

casamento. Ele a soltou. — Eu volto já. Tenho algumas ligações

para fazer. Explore a nossa casa. Temos quatro quartos, mas só

mobiliei um, já que nunca tenho convidados.

— Acho que vou ficar aqui por um tempo para apreciar a vista.

Ele foi ao painel de comunicação. Primeiro, ordenou que um

anel fosse feito para ela. Foi bastante fácil, desde que ela tinha

tirado medidas para a roupa. O tamanho do anel poderia ser

retirado do exame corporal feito anteriormente. Sky escolheu um

conjunto de correspondência, sabendo que é o que as pessoas da

Terra fazem, e se alegrou quando lhe foi dito que poderia ser
entregue dentro de horas. Cyborgs não eram extremamente

eficientes.

Em seguida, ele entrou em contato com Brute no Star. O

homem respondeu rapidamente. — Como vai o projeto? Eu tenho

acesso ao chip de dados. O conselho devolveu.

— Enviei o modelo em um ônibus espacial. Ele deveria ter

sido entregue ao seu edifício já. Pedi que eles para mantê-lo em

segurança, desde que sei que você quer para surpreender sua

humana. Basta fazer o upload dos dados. Pode haver algumas

falhas, já que eu não tinha certeza da compatibilidade com a

programação.

— Você pode descer para instalar o chip?

— Eles nos deixam bem ocupados aqui em cima, já que vamos

embora daqui a alguns dias não, então não posso. Desculpa.

Sky ficou desapontado.

— Basta conectar o chip atrás do pescoço e ligar a energia. Ele


será inicializado em minutos. Eu mantive os protocolos básicos de

proteção instalados, mas ele foi apagado de sua programação

original.

— Obrigado.

— Apenas lembre-se. A próxima fêmea da Terra que você

encontrar, é minha. Eu coloquei muito trabalho neste androide,

Sky. Todos eles estavam empoeirados por serem mantidos em

armazenamento, e eu tive que mexer um pouco para torná-lo

funcional. Você tem o modelo que foi solicitado, o melhor que eu

poderia encontrar no grupo.

— Você tem a minha palavra que estarei à procura de

encontrar uma mulher solteira.

Sky terminou a ligação e procurou Mick. Ele a encontrou em

seu quarto, esparramada na cama.

— Aí está você. Eu pensei que você ficaria mais tempo fora.

— Ela deu um tapinha no colchão ao lado dela. — Quer me abraçar?


Ele pegou a cintura da camisa e puxou-a para cima. — Eu

quero fazer isso e muito mais com você.

Ela sorriu. — Soa como um plano.


Capítulo 14
Mick acordou e se virou, querendo se aconchegar em Sky, mas

o outro lado da cama estava vazio e a luz do sol da manhã

atravessava as janelas. Ela se sentou, olhando ao redor do grande

quarto dele, mas não havia sinal dele. O seu lado na cama estava

frio quando tocou os lençóis.

Ela saiu da cama e entrou no banheiro. Sua casa era boa. Na

Terra, ele seria considerado rico por ter uma casa tão grande e

luxuosa. E ainda a surpreendia que cyborgs não usassem dinheiro.

O sistema deles parecia simples, avançado e muito melhor do que

qualquer coisa que ela já ouvira falar. Um ótimo lugar para se viver,

acesso a cuidados médicos, alimentos e roupas gratuitos, tudo em

troca de trabalho. Todos os habitantes pareciam apreciados por seu

governo dominante, ou no caso dos cyborgs, por seu conselho.


Ela usou o banheiro, tomou banho e escovou os dentes. Sky

tinha uma túnica que ela pegou emprestada. Era enorme,

pendurada em seu corpo e caindo até tocar o chão. Então deixou

seu quarto em busca dele.

— Sky?

Ele não respondeu. Uma rápida pesquisa revelou que ela

estava sozinha no apartamento deles, embora não estivesse

preocupada. Sua atenção foi atraída para a vista novamente. Mick

caminhou até a janela e sorriu. Garden era tão adorável, um

verdadeiro refúgio para cyborgs, e agora para ela. Mickayla nunca

se cansaria de olhar para o oceano à distância, toda aquela

vegetação exuberante e até a cidade abaixo era impressionante.

Eles deviam estar orgulhosos do que construíram.

Era uma pena que não pudessem ficar mais tempo, mas ela

sabia que eles voltariam.

Ela finalmente se afastou das janelas, entrando na cozinha.

Mick nunca realmente morou em um lugar com uma, além de seus


aposentos no Star.

O replicador de comida era o melhor a que ela já teve acesso.

Eram pasta, barras ou pílulas que estavam disponíveis na maioria

dos locais de trabalho. Marte tinha uma cafeteria, mas não servia

quase nada de refeições frescas ou cozidas. Era mais como latas de

comida reaquecidas.

— Eu preciso aprender a cozinhar. — Mick suspirou, tendo

no balcão, armários, e vários aparelhos. — Porcaria. Gostaria de

saber se os cyborgs têm vídeos de aprendizado disponíveis. — Ela

teria que perguntar a Sky. Na noite anterior, ele mandou alguém

entregar comida, dizendo que era a lua de mel deles. Parecia que

tinham muitos serviços de alimentação.

Ela ouviu as portas se abrirem e saiu da cozinha, com um

grande sorriso em seus lábios. Sky usava calça cinza solta, camisa

branca e sapatos pretos.

— Oi!
Ele sorriu para ela. — Eu esperava que você ainda estivesse

dormindo. Tenho uma surpresa para você. — Ele se virou para as

portas ainda abertas. — Entrem!

Ela ficou atônita quando dois cyborgs grandes vestindo

uniformes rolaram algo sobre rodas. Era uma caixa alta. Eles

trouxeram alguns metros para dentro e depois saíram, as portas se

fechando atrás deles. Sua atenção disparou entre a caixa e Sky. —

O que é isso?

Ele sorriu. — Sente-se no sofá e feche os olhos. Escolha um

para que você esteja de costas para mim. Nada de espreitar.

Mick hesitou, encarando a caixa. Era tão alto quanto Sky, com

o palete de rodas embaixo. Ela tentou pensar, mas não sabia o que

poderia estar lá dentro. Então Mickayla sorriu animadamente.

Talvez fosse as novas roupas dela. Ainda não havia chegado. O fato

de a caixa ter alguns metros de largura significava que ele devia ter

pedido muitas roupas.

Ela se virou e sentou-se no sofá, de costas para Sky, e fechou


os olhos por uma boa medida. — Isso é demais, Sky.

— Você merece tudo o que posso lhe dar.

Mick sentiu o calor em seu peito se espalhar. Sky estava

incrivelmente amoroso. Ela não se arrependia de ter se casado com

ele nem por um segundo. Sky nunca deixou de surpreendê-la com

seus gestos e bondade, ele a fez se sentir amada e apreciada.

Houve ruídos, provavelmente a caixa sendo rasgada. Alguns

rangidos confirmaram. A caixa parecia folhas finas de madeira.

Então houve um baque. Era tentador abrir os olhos e olhar para

trás, mas ela ficou parada.

Ela ouviu Sky se aproximando, seus sapatos fazendo um

barulho silencioso quando ele veio em sua direção. Então suas

mãos tocaram as dela.

— Abra seus olhos, mas apenas olhe para mim. Em nenhum

outro lugar.

Ela fez, encontrando Sky agachado na frente dela. — Você é a


melhor coisa que já me aconteceu, Mick. Quero que você não tenha

dúvidas sobre isso.

— Eu já estou convencida.

O sorriso dele aumentou. Ele pegou uma de suas mãos,

continuou segurando a mão esquerda, e levantou-a. Então enfiou

a mão no bolso da calça e retirou algo pequeno. Sky escondeu até

começar a deslizar em um dos dedos dela.

Ela olhou. Era uma bela pulseira de prata com desenhos

queimados no metal.

— Ela afirma “amor sempre” em nossa linguagem escrita

cyborg. Dentro da banda está o meu nome em inglês. — Sky soltou

a mão dela e ergueu a sua, para mostrar uma banda combinada

com os mesmos desenhos. — Seu nome está no interior da minha

banda.

Ela sentiu as lágrimas subindo e não tentou piscá-las de volta.

— Você nos comprou alianças?


Ele assentiu. — Eu fiz. É uma tradição da Terra que eu pensei

que você gostaria de manter.

— Oh, Sky. Obrigada! — Mick se jogou para frente,

abraçando-o.

Sky riu, pegando-a e agarrou a parte de trás da cabeça dela.

— Também tenho mais uma surpresa. Pronta?

Ela assentiu. — Sim. Mas isso é mais do que suficiente.

O olhar dele a deixou olhando para algo atrás dela. E Mick

tentou virar a cabeça, mas a mão de Sky a agarrou gentilmente,

impedindo-a de olhar. — Não se mexa. Sua surpresa está chegando.

Ela ouviu um leve ruído e franziu a testa. Roupas não faziam

barulho. O que havia atrás dela? Então, em sua visão periférica, um

grande corpo apareceu. Ela virou a cabeça levemente, encarando a

pessoa.

Ele usava um uniforme preto como os cyborgs, mas sua pele

estava pálida e branca. Foram necessários mais alguns passos


hesitantes, até que Sky soltou a cabeça e ela se voltou totalmente

para ela.

Não era uma pessoa ou um cyborg, era um androide. Ela já

tinha visto alguns antes. O modelo na sala era diferente de

qualquer uma das versões mais mecânicas nas operações de

mineração. Tinha um corpo humanoide, sem engrenagens ou fios

aparecendo. Grandes olhos castanhos artificiais que se arregalaram,

fazendo as feições de boneca parecerem estranhamente

assustadoras.

Então sorriu. E parte de sua barriga começou a tremer para

frente e para trás.

Era como se a coisa estivesse tentando dançar balançando os

quadris.

Mick olhou para Sky, atordoada, sem palavras. Seu marido

havia lhe dado um androide assustador.

— É Jorg — Sky sussurrou.


Sua boca caiu aberta enquanto ela continuava olhando para o

rosto de boneca.

— Mick? — Sky disse timidamente. — Essa não é a reação que

eu esperava. Há algo errado com a caixa de voz dele, mas podemos

consertar isso. Meu amigo Brute vai pegar um de outro modelo e

trocá-lo assim que voltarmos ao Star. Ele tem acesso a pelo menos

mais dez desse modelo.

Ela desviou o olhar do androide para encontrar o de Sky. —

Hum... Jorg era um cachorro.

Os olhos de Sky se arregalaram em choque.

Agora fazia sentido o motivo pelo qual o androide tremia seus

quadris. – Ele estava tentando abanar o rabo.

Sky a soltou. — Ah Merda!

Ela se levantou do sofá, olhando para o androide e deu alguns

passos mais perto. — Jorg?

Sky se levantou também, de pé ao seu lado. — Você nunca


disse! Eu apenas assumi que era um androide companheiro

humanoide.

— Companheiro de estimação artificial. Jorg não podia falar

— Ela sussurrou, olhando para aqueles grandes olhos castanhos.

Seu Jorg estava naquele corpo em forma de humano. Mick viu

reconhecimento na maneira como ele a olhava, mesmo que a cor e

a forma dos olhos estivessem erradas. Ele se mexeu um pouco mais,

quase caindo em sua aparente excitação.

Ela pulou para frente e agarrou o androide pelos quadris. —

Calma rapaz!

O androide parou de tremer e sua boca aberta, e colocou a

língua artificial de fora. Jorg olhou para ela com um olhar idiota de

adoração. As feições de boneca ainda o faziam parecer assustador

como o inferno.

— Ele está de pé com duas pernas. — Ela não conseguiu

superar.
— Isso faz mais sentido agora.

Ela se virou para Sky.

Ele suspirou. — Quando iniciei o programa dele, ele caiu de

joelhos e mãos. Eu pensei que era do corpo sendo armazenado por

muito tempo, ou talvez um conflito de programação. Os androides

do Star nunca foram usados quando tomamos posse da nave. Este

é um modelo de massagem. Foi projetado para uso humano em um

spa. Eu o escolhi porque sua programação básica o tornava muito

consciente de quão frágeis são os corpos humanos. Eu estava com

medo de que um androide que servisse comida a machucasse por

acidente. — Sky suspirou novamente. — Eu tive que ordenar que

Jorg se levantasse repetidamente, mas ele teve alguns problemas

para se levantar. Então pareceu superar o problema com rapidez

suficiente. Jorg cambaleou um pouco enquanto caminhava, mas eu

falei com Brute. Ele ia ver se conseguia consertar os problemas que

encontrei depois de inicializar Jorg.

— O Jorg está programado para aprender rápido. Uma das


pernas da frente apresentou problemas de funcionamento uma vez.

Ele começou a andar com três pernas em um minuto. Jorg se ajusta.

— Ela olhou para o androide. — Ei, Jorg! — Ela sorriu. — Modo de

movimento da cabeça. Todo o seu sistema está funcionando?

Ele balançou sua cabeça.

— Eu não duvido. — Com bom humor pela situação, ela

começou a rir. — Você não tem cauda, tem que andar com duas

pernas em vez de quatro e é muito mais alto!

Sky colocou o braço em volta da cintura dela. — Eu sinto

muito.

Ela se virou para ele, segurando a camisa dele, ainda rindo. —

Não fique. Isso é hilário! Também foi uma coisa tão doce e

maravilhosa que você fez por mim.

Sky não parecia concordar, mas ele deu um pequeno sorriso.

— Estou feliz que você pensa assim.

— Você não sabia. O fato de você ter encontrado um corpo


para ele é incrível. — Mick soltou a camisa dele e estendeu a mão,

enxugando uma lágrima do olho e depois encarou o androide. —

Jorg, fique no modo relaxado.

Ele caiu sobre as mãos e os joelhos no chão com um estrondo.

Mick se encolheu com o som. Jorg pode ter um corpo androide,

mas não estava acostumado a estar nessa configuração. Então

Mickayla soltou Sky e se agachou, olhando nos olhos de seu animal

de estimação artificial. — Jorg, sente-se.

Jorg recostou-se nas pernas, os quadris tremendo. Parecia

engraçado, mas ela resistiu a rir novamente. Levaria algum tempo

para os dois se acostumarem com seu novo corpo.

— Jorg, novo modo de pedidos. Indique quando estiver

pronto.

Jorg parou, mas manteve o olhar. Sua língua desapareceu, a

boca se fechando. Ele acenou com a cabeça.

— Acesse o software anterior ao modelo atual do corpo.


Existem instruções lá que operam para a mobilidade básica, tais

como sentar nos móveis?

Jorg fechou os olhos, mas depois os abriu. E balançou sua

cabeça.

— Grande parte da programação original foi apagada, exceto

as de segurança. — Sky se agachou ao lado dela. — Podemos ver

se é possível construir um corpo de cachorro a partir de partes

quando retornamos ao Star. Eles têm muitos androides

armazenados.

Ela se virou para olhá-lo. — Está tudo bem. Isso parece ser

muito difícil. Jorg pode aprender a se ajustar a esse corpo. Vou

ensiná-lo a funcionar melhor quando conhecer seus novos

parâmetros. — Mick se inclinou na direção de Sky e sorriu. — Você

me deu um novo projeto para fazer quando voltarmos ao espaço.

Isso é ótimo. Eu posso até ser capaz de ensiná-lo a falar, agora que

ele está em um corpo que pode fazer isso. Suponho que esses

modelos tenham capacidade de fala?


Sky assentiu. — Sim.

— Muito obrigada por me devolver Jorg.

Sky não parecia tão feliz quanto ela. — Eu estraguei. Eu

deveria ter feito mais perguntas sobre Jorg.

— Fiquei triste de falar sobre ele. — Ela acenou para Jorg. —

Isso me faz feliz. Eu o recuperei. Obrigada, Sky. Posso ajustar Jorg

para parecer uma criança e ajudá-lo a aprender a mover-se e sentar-

se sem se jogar no chão. — Ela sorriu. — Jogos de busca não vão

acontecer, no entanto. Isso pareceria muito estranho. Talvez eu

possa ensiná-lo a pegar bolas com as novas mãos.

Sky hesitou. — Eu deveria confessar alguma coisa.

— O quê?

Ele hesitou. — Não escolhi este modelo por causa dos

sensores de segurança de pressão que o acompanham para corpos

humanos, mas porque ele parece pateta. Eu pensei que Jorg era um

companheiro masculino para você, tipo um possível robô sexual.


Isso me deixou com ciúmes. Este modelo não é anatômico, correto

ou sexualmente atraente. E eu limpei a maior parte de sua

programação, caso os humanos que o treinaram praticassem

massagens sexuais. Não queria que ele te tocasse dessa maneira.

Eu sou o único tocando você ou passando minhas mãos sobre seu

corpo nu.

— Oh, querido. — Ela se virou para ele, ajoelhando-se. — Isso

é tão doce e fofo ao mesmo tempo. Jorg era apenas meu cachorro.

Pelo menos esse é um homem com o qual não precisaremos nos

preocupar. Ele não tinha um pau antes, e ainda não tem. — Ela

começou a rir. Foi por acaso que Sky pensou que Jorg tinha sido

um companheiro sexual.

— Estou feliz que isso te diverte.

Ela empurrou Sky, derrubando-o, e montou em seus quadris,

onde ele estava deitado no chão da sala. Jorg fez um som atrás dela

e ela virou a cabeça. Ele estava olhando para Sky e aproximando

seu corpo volumoso. Ele provavelmente se preocupou que ela


estivesse sob ataque.

— Jorg, modo de suspensão. — Ela ordenou.

Jorg congelou e fechou os olhos. A cabeça dele caiu para frente.

Ela voltou-se para Sky. Ele parecia confuso.

— Jorg está programado para me proteger. Ele não pode

atacar, mas foi treinado para ficar entre mim e qualquer coisa que

perceba como uma ameaça. Jorg nunca me viu interagir com

ninguém antes. Comprei-o antes de partir para Velion One, mas

não o ativei até chegarmos lá.

Sky agarrou seus quadris. — E por que você me derrubou?

Ela abaixou o corpo, indo para a boca dele. — Para beijar você.

Eu amo você, Sky. — Ela apertou os lábios nos dele.

Ele abriu a boca para ela, e gemeu quando eles aprofundaram

o beijo. As mãos dele deslizaram dos quadris para a bunda dela.

Ela quebrou o beijo, olhando profundamente em seus olhos.


— Obrigada. Foi uma surpresa maravilhosa.

— Estou feliz que você gostou de Jorg, e nossas alianças.

— Eu os amo quase tanto quanto você.

Ele sorriu. — Estou feliz.

Ela olhou profundamente nos olhos dele. — Você é a melhor

coisa que já aconteceu comigo também. Obrigada por me salvar.

Ele estendeu a mão e segurou o rosto dela. — Mesmo se

gastarmos mais tempo no espaço do que neste belo planeta? Eu sei

que você ama estar aqui.

— Estar juntos é tudo o que importa. E quero dizer isso, Sky.

Você é tudo o que importa. Nós estarmos juntos. Eu não me

importo onde estamos ou estaremos.

A expressão dele ficou séria. — Eu só não gostaria de colocar

você em perigo. Não vai ser fácil de encontrar os modelos Markus

e impedi-los, agora que sabemos que eles estão usando os piratas.


— Mineira, lembra? Então eu era a única pessoa viva em um

planeta que poderia me queimar como uma batata frita sob o sol

do meio-dia, sem equipamento de proteção, estive em tempestades

que atiraram pedras ao redor, e que teriam levado semanas para

ajudar a me socorrer se fosse ferida. Minha vida adulta inteira foi

perigosa, mas eu estava sempre sozinha. Agora não mais, pois

estou contigo. Nós vamos enfrentar o que vier juntos.

Sky sorriu. — Nós vamos nos divertir muito.

— Temos certeza que sim. Começando agora. — Ela sacudiu

a cabeça em direção ao quarto. — Vamos fazer amor. Quero tirar

vantagem de termos algum tempo para nós antes que seu conselho

o coloque de volta ao trabalho.

Ele soltou o rosto dela e segurou sua bunda, moendo seu pau

endurecido contra onde ela montou nele. — Eu quero você aqui,

agora.

Ela olhou para Jorg. — Lembra como você escolheu esse

modelo androide por que ele não era sexy? — Mick encontrou o
olhar de Sky, deixando seu show de diversões. — Você acertou

precisamente. Nós nunca faremos isso na frente dele. Ele pode ser

desligado, mas... — Ela balançou a cabeça. — Eu estou mantendo

você na sua palavra, quando você disse que nunca quis que outro

homem me visse nua. Que agora inclui Jorg.

Ele riu e sentou-se, ajudando-a a se levantar. — Boa. Eu

sempre vou ser seu único homem.

— Sim você é. Para todo o sempre.

Então ele se levantou e a pegou nos braços. Ela colocou a

cabeça no pescoço dele, pressionando a bochecha em seu ombro

enquanto ele a carregava para o quarto.

Ela estava ansiosa pelo futuro deles, o que quer que isso

trouxesse, porque Sky a fazia muito feliz.

Fim...
Sobre a Autora
Sou esposa, mãe e escritora em tempo integral. Tive a sorte de

ter passado mais de duas décadas com o amor da minha vida e

estou ansiosa por muitos, muitos anos com o Sr. Laurann. Sou

viciada em café gelado, uma barra de chocolate ocasional (ou duas),

e tentando dormir pelo menos cinco horas à noite.

Eu amo escrever todos os tipos de histórias. Acho que a

melhor parte da escrita é o fato de que a vida real é sempre incerta,

sempre jogando coisas sobre as quais não temos controle, mas ao

escrever, você pode garantir que sempre haja um final feliz. Eu

amo isso em ser um autor. Minha parte favorita é quando me sento

à mesa do computador, coloco meus fones de ouvido para ouvir

música alta e bloquear tudo o que me rodeia, para que eu possa


criar mundos à minha frente.

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