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21/03/2019
Política
Poética Retórica
Ética a
Eudemo
Ética a
Nicomaco
Ciências Naturais Matemática Metafísica
Filosofia Primeira
Teologia
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1. A ética das virtudes hoje
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[T3]. Há um sumo bem
Se, pois, para as coisas que fazemos existe um fim que desejamos por ele mesmo e tudo o
mais é desejado no interesse desse fim; e se é verdade que nem toda coisa desejamos com
vistas em outra (porque, então, o processo se repetiria ao infinito, e inútil e vão seria o nosso
desejar), evidentemente tal fim será o bem, ou antes, o sumo bem. Mas não terá o seu
conhecimento, porventura, grande influência sobre a essa vida? Semelhantes a arqueiros que
têm um alvo certo para a sua pontaria, não alcançaremos mais facilmente aquilo que nos
cumpre alcançar? Se assim é, esforcemo-nos por determinar, ainda que em linhas gerais
apenas, o que seja ele e de qual das ciências ou faculdades constitui o objeto. (EN, I 2,
1094a18-26, trad. Vallandro e Bornheim).
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escolher cada um deles); mas também os escolhemos no interesse da felicidade, pensando
que a posse deles nos tornará felizes. A felicidade, todavia, ninguém a escolhe tendo em vista
algum destes, nem, em geral, qualquer coisa que não seja ela própria. (EN, I 7, 1097a25-b7,
trad. Vallandro e Bornheim)
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tem tal princípio no sentido de ser- lhe obediente, e a outra no sentido de possuí-lo e de
exercer o pensamento. E, como a ''vida do elemento racional" também tem dois significados,
devemos esclarecer aqui que nos referimos a vida no sentido de atividade; pois esta parece
ser a acepção mais própria do termo.
Ora, se a função do homem é uma atividade da alma que segue ou que implica um princípio
racional, e se dizemos que "um tal-e-tal" e "um bom tal-e-tal" têm uma função que é a mesma
em espécie (por exemplo, um tocador de lira e um bom tocador de lira, e assim em todos os
casos, sem maiores discriminações, sendo acrescentada ao nome da função a eminência com
respeito à bondade — pois a função de um tocador de lira é tocar lira, e a de um bom tocador
de lira é fazê-lo bem); se realmente assim é [e afirmamos ser a função do homem uma certa
espécie de vida, e esta vida uma atividade ou ações da alma que implicam um princípio
racional; e acrescentamos que a função de um bom homem é uma boa e nobre realização das
mesmas; e se qualquer ação é bem realizada quando está de acordo com a excelência que
lhe é própria; se realmente assim é], o bem do homem nos aparece como uma atividade da
alma em consonância com a virtude, e, se há mais de uma virtude, com a melhor e mais
completa. Mas é preciso ajuntar "numa vida completa". Porquanto uma andorinha não faz
verão, nem um dia tampouco; e da mesma forma um dia, ou um breve espaço de tempo, não
faz um homem feliz e venturoso. (EN, I 7, 1097b21-1098a20, trad. Vallandro e Bornheim)
3. Em que sentido podemos dizer que a ética de Aristóteles é uma ética das virtudes?
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contribui de alguma forma para o desenvolvimento, a conservação ou o bem-estar de alguma
outra coisa ou ser. (von Wright 1963, 42).
4. Médico: bons pulmões, bons olhos, boa memória, etc. O sentido médico é o sentido que
nós utilizamos para falar de nossos órgãos e faculdades, e ele denota a execução adequada
de uma ou mais funções por parte destes órgãos e faculdades. (von Wright 1963, 51-53).
5. Hedônico: uma boa comida, uma boa partida de futebol, etc. Dizemos que algo é bom no
sentido hedônico quando pensamos que é prazeroso. (von Wright 1963, 63-65).
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temos por hostis. Por exemplo, uma pessoa com visão ruim pode não conseguir reconhecer
um conhecido, que então atribui essa falta de reconhecimento à sua frieza. Uma maior
compreensão da situação do agente e da maneira como ela contribui para a sua ação pode
levar a uma maior tolerância e compreensão dos outros. (Harman 1999, 328-329).
Eventos recentes terríveis na antiga Iugoslávia são comumente atribuídos a um ódio ‘étnico-
racial’ histórico. No entanto, é possível explicar esses eventos de forma racional (Hardin,
1995). Suponha que existem recursos limitados e uma coalização bem sucedida beneficie os
seus membros mais do que aqueles excluídos da coalizão. Uma tal coalizão é possível
somente se os que estão nela puderem ser distinguidos dos que não estão e se for possível
impedir os seus membros de desertar para outros grupos. Coalizões construídas em torno de
critérios étnicos ou religiosos podem ter sucesso. A ameaça que uma tal coalizão cria pode
levar outros grupos a formar coalizões rivais e a iniciar um enfrentamento com ela. Se o que
estiver em jogo for importante o suficiente, tais enfrentamentos podem se tornar violentos.
Se nós atribuirmos a violência resultante ao ódio étnico, nós podemos muito bem duvidas
que existe qualquer coisa que possamos fazer. Se compreendermos a maneira como a
violência surge da situação, nós podemos ver mais oportunidades para encerrar o conflito.
(Harman 1999, 329).
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quando comete uma tal ação, visto que nos envergonhamos de nossas ações voluntárias, e o
homem bom jamais cometerá más ações voluntariamente. Mas a vergonha pode ser
considerada uma boa coisa dentro de certas condições: se um homem bom cometer uma
ação dessas, sentirá vergonha. As virtudes, porém, não estão sujeitas a tais condições. E se
o despudor — o não se envergonhar de praticar ações vis — é mau, não se segue que seja
bom envergonhar-se de praticá-las. (EN, IV 9, 1128b17-33, trad. Vallandro e Bornheim 1991).
Referências
Aristóteles. 1991. Etica a Nicômaco e Poética. Translated by L. Vallandro, G. Bornheim, and
E. de Souza. São Paulo: Nova Cultural.
Harman, G. 1999. “Moral Philosophy Meets Social Psychology: Virtue Ethics and the
Fundamental Attribution Error.” Proceedings of the Aristotelian Society 99: 315–31.
Hursthouse, R., and G. Pettigrove. 2016. “Virtue Ethics.” In The Stanford Encyclopedia of
Philosophy, edited by E. N. Zalta, Winter 2016. Metaphysics Research Lab, Stanford
University. https://plato.stanford.edu/archives/win2016/entries/ethics-virtue/.
Wright, G. H. von. 1963. The Varieties of Goodness. London: Routledge.