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a arte é expressão
Disjunção
ou clarificação de P∨Q
inclusiva 1- Usando as tabelas de verdades em sequência, consegue
emoções
P ou Q provar-se se os argumentos verofuncionais são válidos ou não.
Marie Curie nasceu
Disjunção
em França ou na P∨Q a) Se encontrar pelo menos uma condição de verdade (uma
exclusiva Polónia fila) com conclusão falsa apesar de todas as premissas serem
se tudo está verdadeiras, os argumentos verofuncionais daquela forma são
determinado, então se P, então inválidos.
condicional PQ
a liberdade é uma Q
ilusão b) Se não encontrar, os argumentos daquela forma lógica
os animais têm são válidos.
bicondiciona P se e só se
direitos se e só se P⇄Q
l Q 2- Caso qualquer proposição tenha mais que uma conectiva
sentirem dor
verofuncional, preciso de saber qual delas é a principal.
> âmbito das conectivas 3- Numa tabela de verdade, os valores da conectiva
O âmbito que uma conectiva tem numa certa fórmula, é a verofuncional principal são os últimos que preencho.
parte dessa fórmula a que ela se aplica. Exemplo:
1. A ∨ ¬B Exemplo 1: P ⇄ Q, P ... Q
2. ¬A → ¬B
PQ P⇄Q P Q
O âmbito de cada conectiva corresponde à parte sublinhada
da fórmula. VV V V V
Âmbito da disjunção VF F V F
A∨¬B
1 FV F F V
Âmbito da negação A∨¬B
Âmbito da primeira negação FF V F F
¬A→¬B
2 Âmbito da condicional ¬A→¬B Todos os argumentos com esta forma lógica são válidos
Âmbito da segunda negação ¬A→¬B porque não há qualquer condição de verdade em que as duas
premissas sejam verdadeiras quando a conclusão é falsa.
A conectiva principal de uma fórmula é aquela que tem maior
âmbito, aplicando a toda a fórmula. Na primeira, ∨ é a Exemplo 2: P → Q, ¬P ... P ⇄ Q
conectiva principal, na segunda → é a conectiva principal.
PQ P→Q ¬P P⇄Q
A negação é diferente das outras conectivas verofuncionais
porque se aplica a uma só frase (nas outras são duas). Uma VV V F V
negação ¬P é falsa quando a frase sem a conectiva é VF F F F
verdadeira, é verdadeira quando a outra é falsa. FV V V F
P ¬P FF V V V
As
V F Uma vez que há uma condição de verdade (fila 3) em que as
F V duas premissas são verdadeiras e a conclusão é falsa, os
conjunções só são verdadeiras quando as duas proposições argumentos verofuncionais com esta forma são inválidos.
são verdadeiras.
As disjunções inclusivas só são falsas quando duas
proposições também o são.
As disjunções exclusivas só são verdadeiras caso uma das
proposições seja falsa e outra verdadeira.
Exemplo 3: Dicionário:
Numa proposição, há sempre apenas uma conectiva P: A arte é apenas uma questão de imitar a natureza.
verofuncional que é a principal, e as outras são secundárias: Q: Toda a arte é realista.
1. ¬(P → Q): Não é verdadeiro que se Paris é uma cidade Forma lógica:
europeia, então Marie Curie viveu em África. P⇄Q
2. ¬P → Q: Se Paris não é uma cidade europeia, então Marie ¬Q
Curie viveu em África. ... ¬P
Usa-se os parênteses para indicar qual é a conectiva > formas de inferência válida
verofuncional principal. Os valores a cinzento são os que Algumas formas de inferência (argumento) válida são tão
preenchemos primeiro, para chegar ao valor principal. comuns que têm nome. Com sequências de tabelas de
PQ ¬(P → Q) ¬P → Q verdade consegue-se provar são realmente válidas.
VV FV FVV A→B, A ...B
modus ponens ¬A→ B, ¬A...B
VF VF FVF (A∧B) → (C∨D), A∧B ...C∨D
FV FV VVV (A∨¬B) →¬C, A∨¬B ∴¬C
A→B, ¬B...¬A
FF FV VFF modus tollens ¬A→B, ¬B∴¬¬A
(A∧B)→(C∨D), ¬(C∨D)∴ ¬(A∧B)
Exemplo 4: (P ˄ Q) →P, Q ... P. (A ⇄¬B)→¬C,¬¬C∴¬(A ⇄¬B)
silogismo disjuntivo A∨B, ¬A∴B ou A∨B, ¬B∴A
PQ (P ˄ Q) → P Q P (A∧B)∨C,¬(A∧B)∴c
silogismo hipotético A→B, B→C∴A→C
VV VV V V ¬A→¬B, ¬B→¬C∴¬A→¬C
contraposição p → q≡¬q→¬p
VF FV F V A→B∴¬B→¬A // ¬B→¬A ∴A→B
dupla negação p≡¬¬p
FV FV V F ¬¬A∴A // A∴¬¬A
Leis de Morgan ¬(A∨B)≡¬A∧¬B
FF FV F F ¬(A∧B)≡¬A∨¬B
O símbolo≡significa que tanto podemos inferir a segunda
Todos os argumentos verofuncionais com esta forma lógica parte da fórmula a partir da primeira como inferir a primeira
são inválidos porque há uma condição de verdade em que parte da fórmula a partir da segunda.
duas premissas são verdadeiras e a conclusão é falsa.
Principais falácias formais
> argumentos e forma lógica Uma falácia é um argumento que parece bom mas não é. Quando
Depois de a forma lógica de um argumento verofuncional ter o erro está na forma lógica (inválido), é uma falácia formal.
sido especificada, é fácil usar as tabelas de verdade para É o caso da afirmação do consequente e da negação do
provar se é válido ou não. Mas os argumentos não aparecem antecedente. Os argumentos verofuncionais com estas formas
escritos já de maneira explícita, ou com a sua forma lógica lógicas são falaciosos porque parecem válidos mas são
inválidos. Consegue-se provar que são inválidos com
especificada.
sequências de tabelas de verdade.
Para especificar a forma lógica de um argumento verofuncional:
Afirmação do consequente P→Q, Q∴P
1. Procura-se a conclusão: é a ideia principal que o autor
defende. As premissas são as outras proposições usadas para Negação do antecedente P→Q, ¬P∴¬Q
provar a conclusão.
O discurso argumentativo e principais tipos de
2. Explicita-se o argumento, eliminando o que não argumentos e falácias informais
desempenha qualquer papel argumentativo.
Argumento dedutivo - a validade depende exclusivamente da
3. Estipula-se um dicionário: atribuímos as letras P, Q, R, etc.,
sua forma lógica. Um argumento dedutivo é inválido se as
às proposições sem conectivas verofuncionais. premissas forem verdadeiras e a conclusão falsa.
4. Especifica-se a forma lógica do argumento.
Argumento não dedutivo – destina-se a fornecer suporte
Exemplo: probabilístico para a conclusão mas não suporte conclusivo
lógico para a mesma (sem validade). Num argumento não
É falso que a arte seja apenas uma questão de imitar a
dedutivo se todas as premissas são verdadeiras, a conclusão é
natureza (conclusão). Isso aconteceria (a arte ser apenas uma muito provável ser verdadeira mas não necessariamente.
questão de imitar a natureza) se toda a arte fosse realista, e só
Podemos distinguir três tipos de argumentos não-dedutivos:
nesse caso aconteceria. Só que é óbvio que não é (premissa –
argumentos por indução
A arte não é toda realista). argumentos por analogia
Explicitação: argumentos por autoridade
A arte é apenas uma questão de imitar a natureza se e só se Todos estes argumentos são informais, porque a sua não
toda a arte for realista. depende apenas da sua forma lógica.
A arte não é toda realista. Não é pela forma lógica destes argumentos que conseguimos
Logo, a arte não é apenas uma questão de imitar a natureza. determinar em que medida as premissas confirmam a
conclusão, mas existem critérios ajudam a determinar se os Caso a resposta a qualquer uma das perguntas seja negativa, o
argumentos são fortes ou não. argumento não é bom.
> Argumentos por indução (ou indutivos): Conclusão:
Nos argumentos por indução, trata-se de fazer um certo a) uma analogia não é forte se os objetos comparados não
número de observações (amostra), e depois conclui-se algo forem semelhantes nos aspetos relevantes.
sobre o que não foi observado (uma inferência baseada numa b) quanto maiores forem as semelhanças relevantes entre os
comparação). objetos comparados nas premissas, mais estas confirmam a
Há três perguntas que ajudam a saber se um argumento conclusão.
indutivo é bom ou não (forte ou não): > Argumentos por autoridade
1. Os casos observados são representativos do todo? (amostra Num argumento de autoridade conclui-se que uma
representativa- casos observados que não pertencem a um determinada proposição é verdadeira porque uma certa
grupo específico e têm as características relevantes do autoridade (um ou vários indivíduos, uma ou várias
universo que se tem em mente) organizações) defende que essa proposição é verdadeira.
2. Procurei ativamente contraexemplos? São do género: “Alguém afirmou que P; logo, P.”
3. Procurei ativamente informação de fundo (conhecimento
geral sobre vários aspetos da realidade que sejam relevantes Ex.: Platão defendeu que a alma é imortal.
para o argumento indutivo) que cancele o apoio indutivo que Logo, a alma é realmente imortal.
as premissas dão à conclusão? Uma pessoa só tem autoridade epistémica quanto a uma
Caso a resposta a qualquer uma das perguntas seja negativa, o afirmação se tiver boas provas dessa afirmação. A autoridade
argumento não é bom. epistémica é completamente diferente de outros tipos de
autoridade (social, política, académica, etc.).
Conclusão:
a) quanto maior é a amostra referida na(s) premissa (s), mais Há três perguntas que ajudam a saber se um argumento de
estas confirmam a conclusão. autoridade é bom ou não (forte ou não):
1. A autoridade tem boas provas do que afirma?
b) quanto mais diversificada é a amostra referida na(s) 2. Compreendo essas provas?
premissa(s), mais estas confirmam a conclusão. 3. Há outras autoridades com boas provas do contrário?
Há dois tipos de argumentos por indução:
Caso a resposta a qualquer uma das duas primeiras perguntas
previsões: concluo indutivamente algo sobre um caso que seja negativa, o argumento não é bom. E não é bom se a
não observei, com base em vários casos que observei, e a resposta à terceira pergunta for afirmativa.
conclusão inferida é a de que algo ocorrerá no futuro.
Conclusão:
Ex.: Cada um dos cisnes observados até agora é branco. Logo, o a) a autoridade invocada tem de ser competente no que
próximo cisne que observarmos será branco. respeita ao assunto em causa e não podem existir autoridades
generalizações: concluo indutivamente algo sobre um igualmente competentes que a contradigam
número maior de casos que não observei, partindo de b) a autoridade invocada tem de ser imparcial sobre o assunto
um número menos de casos que observei. em causa
Ex.: Cada um dos cisnes observados até agora é branco. Logo, > Falácias informais
todos os cisnes são brancos. Nas falácias informais o erro não está na forma lógica. Mesmo
> Argumento por analogia que sejam vadios não são sólidos.
Uma analogia entre duas ou mais coisas é uma semelhança 1. As falácias indutivas são maus argumentos indutivos que
entre elas. parecem bons:
Os argumentos por analogia partem de uma analogia entre generalização precipitada: conclusão geral a partir de um
duas coisas ou categorias de coisas. Caso uma delas tenha uma número insuficiente de casos (amostra demasiado reduzida)
certa característica, conclui-se que a outra também a tem. Ex.: Uma pessoa vai à Austrália, fala com 5 ou 10 pessoas e
conclui que os australianos são simpáticos (observou poucos
Ex.: O organismo humano é em muitos aspetos relevantes
australianos)
como o dos ratinhos de laboratório (o “como” aqui quer dizer
“é semelhante”). amostra não representativa: conclusão geral com base
em observações de casos excecionais.
Nos ratinhos, a substância X inibe a formação de células
Ex.: Alguém pergunta a 100 pessoas à saída do estádio se
cancerígenas.
gostam de futebol e depois conclui que todos os portugueses
Logo, há uma boa probabilidade de também a inibir no caso gostam de futebol (a amostra não é representativa da
dos seres humanos. totalidade dos português, só é das pessoas que vão ao estádio
Há três perguntas que ajudam a saber se um argumento por ver futebol – logo gostam de futebol).
analogia é bom ou não (forte ou não): 2. Falsa analogia
1. As analogias (ou seja, as semelhanças) são relevantes com Cai-se na falácia da falsa analogia quando, num argumento por
respeito à conclusão? analogia, se ignoram diferenças relevantes entre os objetos
2. As diferenças são irrelevantes com respeito à conclusão? comparados.
3. Há várias analogias (ou seja, semelhanças) relevantes com
Ex.: A cerveja, como o sumo de laranja, é constituída
respeito à conclusão?
sobretudo por água.
O sumo de laranja é saudável.
Logo, a cerveja também é saudável. Ex.: O argumento principal a favor da legalização da eutanásia
é que o Estado quer se livrar dos idosos, que só consomem os
3. Apelo à autoridade
recursos e já não são produtivos
Um apelo falacioso à autoridade ocorre quando não há
consenso entre os especialistas, ou quando a autoridade 11. Derrapagem (ou “bola de neve”)
invocada não é especialista no assunto em causa. Consistem em afirmar, sem provas adequadas, que, se uma
Ex.: O mais recente Prémio Nobel da Literatura tem um livro coisa acontecer, acaba por ocorrer outra muito desagradável.
em que defende a homeopatia. Ex.: Se permitirmos a eutanásia, os médicos irão matar as
Logo, a homeopatia funciona (não é autoridade). pessoas idosas.
4. Petição de princípio (ou falácia da circularidade)
Ex.: Só há justiça plena quando há inteira igualdade.
Logo, se não há inteira igualdade, não há justiça plena.
Este argumento é válido (é uma contraposição), mas é falacioso
porque a conclusão limita-se a repetir o que está nas premissas,
ou seja é um círculo lógico do qual não se consegue sair.
5. Falso dilema
Ex.: Ou acreditas em Deus ou és ateu.
Não acreditas em Deus.
Logo, és ateu.
Este argumento é válido (silogismo disjuntivo), mas é falacioso
pois reduz a apenas duas hipóteses alternativas, quando na
verdade existem mais do que duas (tal como o ser agnóstico).
6. Falsa relação causal
Há uma relação causal entre dois acontecimentos quando um
provoca o outro: um deles é a causa, e o outro é o efeito.
As relações causais são superficialmente parecidas com as
correlações, mas não são apenas correlações.
Há uma correlação entre dois acontecimentos quando
ocorrem repetidamente em sucessão (um ocorre depois do
outro) e com a mesma frequência. Mas não significa que haja
relação causal entre as duas, talvez possa ser uma situação em
que se trata de um mero acaso estatístico ou talvez sejam
ambos efeitos de uma terceira causa.
Quando se confunde correlação com causa, ou seja, pensar
que há uma relação causal só porque há uma correlação, cai-
se na falácia da falsa relação causal.
7. Ad hominem
Uma falácia ad hominem é um ataque pessoal de maneira a
evitar responder (refutar) aos argumentos apresentados.
Ex.: Não tens razão porque és um idiota.
8. Ad populum
Cai-se a falácia ad populum quando se invoca o povo (“maioria
das pessoas” ou “população”) e este não é a autoridade
epistémica quanto à afirmação em causa.
Ex.: Nas mais diversas sociedades, em todas as épocas, as
pessoas creditaram numa vida após a morte.
Logo, há vida após a morte.
9. Apelo à ignorância
Cai-se na falácia do apelo à ignorância quando se concluí algo
só porque não há prova do contrário.
Ex.: Existem bruxas porque nunca se provou que não existem.
10. Boneco de palha
Cai-se na falácia boneco de palha quando se responde a uma
caricatura ou distorção do argumento ou (ridicularizando-o) e
não ao argumento genuíno (é uma maneira de dar a ilusão
que se refutou um argumento).