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Contextualização histórica da filosofia Questões Domínios Exemplo de Problemas

Quais os princípios que


Tales, Anaximandro, A coerência do
Lógicas subjazem ao pensamento
Anaxímenes, pensamento
Questões cosmológicas coerente
Filosofia Antiga Parménides, As primeiras
séc. XVIII – XI a.c. Zenão… Metafísicas causas, os Será a alma Mortal?
até séc. IV (Grécia Questões primeiros princípios
Antiga) Sócrates, Platão e antropológicas, ética, A origem e
Aristóteles conhecimento, política, Como se originou o
Cosmológicas estrutura do
estética, arte Universo?
Universo
Filosofia Santo Agostinho, Ontológicas O ser O que é o ser?
Medieval Santo Anselmo, São Questões da metafísica Gnosiológicas O conhecimento O que é o Conhecimento?
séc. V até séc. XV Tomás de Aquino As ciências Qual a legitimidade da
Epistemológicas
Filosofia Questões do (conhecimento) Ciência?
Descartes, David Religiosas O Sagrado (Deus) Existe Deus?
Moderna conhecimento, ética,
Hume, Kant, O belo e a obra de Como se define uma obra
séc. XVI até séc. política, estética e Estéticas
Nitzshe, Stuart Mill arte de arte?
XIX metafísica
Questões da metafísica, Éticas A ação justa O que são o bem e o mal?
Filosofia Husserl, Heidegger, existência, As ações humanas são
Contemporânea Kuhn, Rawls, Nozick, conhecimento e ciência livres ou são determinadas
Axiológicas Os valores
Sandel (Kuhn), ética e política por efeitos de causas
séc. XX - XXI
(Rawls). anteriores?
Políticas e A vida em
Qual o melhor regime?
O que é a filosofia? Sociais sociedade
Antropológicas O Homem O que é o Homem?
A filosofia pode ser caracterizada como uma atividade O Sentido da
Existenciais Quem somos?
conceptual critica Existência
 Atividade racional/conceptual: usa a razão e o raciocínio; Para identificar um problema, basta a sua designação filosófica
 Fundamentadora: procura justificar questões; habitual. Formular um problema exige que o apresentemos
 Critica: examina a realidade com cuidado – não é com clareza e rigor. A forma mais natural de o fazer é através
dogmática (a verdade não é tomada por garantida e que de uma pergunta.
pode ser questionada).
Ex.: Quando se afirma “Este texto é sobre o problema do mal”,
Difere das ciências (história, física…) porque não é empírica. estamos a identifica-lo num determinado texto. Para o
Difere-se da lógica e da matemática: formular, poderíamos apresentar da seguinte forma: “Se o
 o raciocínio é apenas exercido no pensamento; poder de Deus não tem limites e Ele é sumamente bom, por
 não tem métodos formais (cálculos matemáticos e que razão existe tanto mal no mundo?”
métodos da lógica) de prova; É importante saber relacionar problemas, isto é, mostrar de
 levanta questões, argumenta, explora ideias e vê quais que modo a forma como respondemos a um tem implicações
são os prós e contras; para a resposta de outro.
 tentativa de compreender melhor os próprios conceitos
Ex.: Se Deus existir, então sabe-se tudo a respeito do que irá
(imoral e verdade).
acontecer, o que inclui todas as nossas escolhas futuras. Nesse
Os filósofos são os que sabem que no sabem, e amam a caso, as nossas escolhas nunca serão realmente livres.
sabedoria. Estes devem adotar uma postura de:
Esta é uma maneira de relacionar o problema do mal com o
 Espanto perante a realidade;
problema do livre-arbítrio. Quando se relacionam problemas,
 Dúvida em relação ao saber adquirido;
não basta dizer que estão relacionados. O desafio é mostrar
 Curiosidade pela descoberta;
como estão relacionados.
 Postura ativa face aos problemas;
 Recusa da passividade. Tese, argumento, validade, verdade e solidez.
Quadrado da oposição
As questões da filosofia
> Tese
Os problemas filosóficos são diversificados, mas têm em
comum o facto de não poderem ser resolvidos pelos métodos As teses/teorias/perspetivas filosóficas são respostas possíveis
da ciência. aos problemas da filosofia (ideias dos filósofos). Na filosofia
não existe respostas consensuais para os problemas
discutidos, o estudo de um problema filosófico envolve a
identificação de várias teses alternativas que se apresentam
como respostas.
As teses são proposições. Uma proposição é aquilo que é > Quadrado da Oposição
expresso por uma frase que tem valor de verdade (verdadeiro
ou falso). Todo S é P Nenhum S é P
Tipo A ou universais Tipo E ou universais
> Argumento afirmativas negativas

Um argumento é uma tentativa de provar uma conclusão com


base numa ou várias premissas. Ou seja, a tentativa de provar
as crenças defendidas nas teses. As premissas e conclusões
são afirmações ou proposições.
Algum S é P Algum S não é P
A conclusão é a tese defendida a partir das premissas. Tipo I ou particulares Tipo O ou particulares
afirmativas negativas
Argumento (raciocínio):
As proposições destes tipos incluem sempre dois termos. O
• Pelo menos 1 premissa
termo sujeito é aquele que ocupa o lugar de S. O termo de
• 1 conclusão
predicado é aquele que ocupa o lugar de P.
Explicitação do argumento:
A classificação das proposições realiza-se a partir de dois
1º Localizamos as premissas e as conclusões fatores:
2º Explicitamos as premissas e a conclusão.  quantidade – proposições universais (tipo A e E) e
particulares (tipo I e O).
3º Apresentamos as premissas separadamente, com a
 qualidade – proposições afirmativas (tipo A e I) e
conclusão no fim.
negativas (tipo E e O).
Exemplo1:
Na resolução dos exercícios de lógica aristotélica é preciso
Argumento: Temos o dever de ajudar as pessoas muitíssimo apresentar as proposições na forma canónica. Ex.: “Há
pobres porque, sempre que estiver ao nosso alcance evitar um homens mortais” exprime uma proposição do tipo I, e para
grande mal, devemos fazê-lo. coloca-la na forma canónica teríamos de a exprimir através da
Explicitação: frase “Alguns homens são mortais”.
- Sempre que estiver ao nosso alcance evitar um grande mal, > Relação entre proposições
devemos evitá-lo.
1. Nas linhas diagonais há uma relação de contradição entre as
... Logo, temos o dever de ajudar as pessoas muitíssimo pobres.
proposições do tipo A e O, bem como entre as do tipo E e I. As
Exemplo2: proposições contraditórias têm valores de verdade opostos: se
Argumento num texto: Não me venham dizer que a Marie uma delas é verdadeira a outra é falsa. As proposições
Curie não era uma excelente cientista! Alguma vez uma contraditórias não podem ser ambas verdadeiras ou falsas.
cientista que não seja excelente iria ganhar duas vezes o Só as linhas diagonais representam as negações corretas de
Prémio Nobel? cada um dos tipos de frase.
Explicitação: Negação:
- Se Marie Curie não fosse uma excelente cientista, não teria  Quando duas proposições se negam mutuamente, uma é
ganhado duas vezes o Prémio Nobel. verdadeira e a outra falsa.
- Ela ganhou duas vezes o Prémio Nobel.
2. Na linha horizontal superior, entre as proposições
... Logo, era uma excelente cientista. universais, há uma relação de contrariedade. Proposições
> Validade contrárias não podem ser ambas verdadeiras mas podem ser
Um argumento é válido se a conclusão estiver de acordo com ambas falsas.
as premissas, se não, é inválido. 3. Na linha horizontal inferior, entre as proposições
> Verdade particulares, há uma relação de subcontrariedade.
As premissas e a conclusão são proposições logo expressão Proposições subcontrárias podem ser ambas verdadeiras, mas
valores de verdade, verdadeiras ou falsas (V/F). não podem ser ambas falsas.
4. As linhas verticais correspondem à relação entre
> Solidez
proposições universais e particulares, onde as proposições
 Argumento válido
particulares mantêm uma relação de subalternidade com as
 Proposições verdadeiras (premissas + conclusões)
proposições universais. Isto significa que se a proposição
universal é verdadeira, a proposição que lhe corresponde
também é verdadeira; se a proposição particular é falsa, a
proposição universal que lhe corresponde também é falsa.
Formas de inferência válida As condicionais só são falsas caso a antecedente seja
verdadeira e consequente falsa.
As proposições simples são aquelas que não têm quaisquer
conectivas. As proposições complexas têm conectivas. As bicondicionais só são falsas quando uma das proposições é
verdadeira e a outra falsa. A bicondicional é a conjunção de
A validade de alguns argumentos depende exclusivamente de
duas condicionais P → Q e Q → P
seis conectivas verofuncionais.
PQ P∧Q P∨Q P∨Q P→Q P⇄Q
conectiva exemplo forma lógica
VV V V F V V
o conhecimento é
negação não P ¬P
ilusório VF F V V F F
a música e a FV F V V V F
conjunção literatura são formas PeQ P∧Q
de arte FF F F F V V

a arte é expressão
Disjunção
ou clarificação de P∨Q
inclusiva 1- Usando as tabelas de verdades em sequência, consegue
emoções
P ou Q provar-se se os argumentos verofuncionais são válidos ou não.
Marie Curie nasceu
Disjunção
em França ou na P∨Q a) Se encontrar pelo menos uma condição de verdade (uma
exclusiva Polónia fila) com conclusão falsa apesar de todas as premissas serem
se tudo está verdadeiras, os argumentos verofuncionais daquela forma são
determinado, então se P, então inválidos.
condicional PQ
a liberdade é uma Q
ilusão b) Se não encontrar, os argumentos daquela forma lógica
os animais têm são válidos.
bicondiciona P se e só se
direitos se e só se P⇄Q
l Q 2- Caso qualquer proposição tenha mais que uma conectiva
sentirem dor
verofuncional, preciso de saber qual delas é a principal.
> âmbito das conectivas 3- Numa tabela de verdade, os valores da conectiva
O âmbito que uma conectiva tem numa certa fórmula, é a verofuncional principal são os últimos que preencho.
parte dessa fórmula a que ela se aplica. Exemplo:
1. A ∨ ¬B Exemplo 1: P ⇄ Q, P ... Q
2. ¬A → ¬B
PQ P⇄Q P Q
O âmbito de cada conectiva corresponde à parte sublinhada
da fórmula. VV V V V

Âmbito da disjunção VF F V F
A∨¬B
1 FV F F V
Âmbito da negação A∨¬B
Âmbito da primeira negação FF V F F
¬A→¬B
2 Âmbito da condicional ¬A→¬B Todos os argumentos com esta forma lógica são válidos
Âmbito da segunda negação ¬A→¬B porque não há qualquer condição de verdade em que as duas
premissas sejam verdadeiras quando a conclusão é falsa.
A conectiva principal de uma fórmula é aquela que tem maior
âmbito, aplicando a toda a fórmula. Na primeira, ∨ é a Exemplo 2: P → Q, ¬P ... P ⇄ Q
conectiva principal, na segunda → é a conectiva principal.
PQ P→Q ¬P P⇄Q
A negação é diferente das outras conectivas verofuncionais
porque se aplica a uma só frase (nas outras são duas). Uma VV V F V
negação ¬P é falsa quando a frase sem a conectiva é VF F F F
verdadeira, é verdadeira quando a outra é falsa. FV V V F

P ¬P FF V V V
As
V F Uma vez que há uma condição de verdade (fila 3) em que as
F V duas premissas são verdadeiras e a conclusão é falsa, os
conjunções só são verdadeiras quando as duas proposições argumentos verofuncionais com esta forma são inválidos.
são verdadeiras.
As disjunções inclusivas só são falsas quando duas
proposições também o são.
As disjunções exclusivas só são verdadeiras caso uma das
proposições seja falsa e outra verdadeira.
Exemplo 3: Dicionário:
Numa proposição, há sempre apenas uma conectiva P: A arte é apenas uma questão de imitar a natureza.
verofuncional que é a principal, e as outras são secundárias: Q: Toda a arte é realista.
1. ¬(P → Q): Não é verdadeiro que se Paris é uma cidade Forma lógica:
europeia, então Marie Curie viveu em África. P⇄Q
2. ¬P → Q: Se Paris não é uma cidade europeia, então Marie ¬Q
Curie viveu em África. ... ¬P
Usa-se os parênteses para indicar qual é a conectiva > formas de inferência válida
verofuncional principal. Os valores a cinzento são os que Algumas formas de inferência (argumento) válida são tão
preenchemos primeiro, para chegar ao valor principal. comuns que têm nome. Com sequências de tabelas de
PQ ¬(P → Q) ¬P → Q verdade consegue-se provar são realmente válidas.
VV FV FVV A→B, A ...B
modus ponens ¬A→ B, ¬A...B
VF VF FVF (A∧B) → (C∨D), A∧B ...C∨D
FV FV VVV (A∨¬B) →¬C, A∨¬B ∴¬C
A→B, ¬B...¬A
FF FV VFF modus tollens ¬A→B, ¬B∴¬¬A
(A∧B)→(C∨D), ¬(C∨D)∴ ¬(A∧B)
Exemplo 4: (P ˄ Q) →P, Q ... P. (A ⇄¬B)→¬C,¬¬C∴¬(A ⇄¬B)
silogismo disjuntivo A∨B, ¬A∴B ou A∨B, ¬B∴A
PQ (P ˄ Q) → P Q P (A∧B)∨C,¬(A∧B)∴c
silogismo hipotético A→B, B→C∴A→C
VV VV V V ¬A→¬B, ¬B→¬C∴¬A→¬C
contraposição p → q≡¬q→¬p
VF FV F V A→B∴¬B→¬A // ¬B→¬A ∴A→B
dupla negação p≡¬¬p
FV FV V F ¬¬A∴A // A∴¬¬A
Leis de Morgan ¬(A∨B)≡¬A∧¬B
FF FV F F ¬(A∧B)≡¬A∨¬B
O símbolo≡significa que tanto podemos inferir a segunda
Todos os argumentos verofuncionais com esta forma lógica parte da fórmula a partir da primeira como inferir a primeira
são inválidos porque há uma condição de verdade em que parte da fórmula a partir da segunda.
duas premissas são verdadeiras e a conclusão é falsa.
Principais falácias formais
> argumentos e forma lógica Uma falácia é um argumento que parece bom mas não é. Quando
Depois de a forma lógica de um argumento verofuncional ter o erro está na forma lógica (inválido), é uma falácia formal.
sido especificada, é fácil usar as tabelas de verdade para É o caso da afirmação do consequente e da negação do
provar se é válido ou não. Mas os argumentos não aparecem antecedente. Os argumentos verofuncionais com estas formas
escritos já de maneira explícita, ou com a sua forma lógica lógicas são falaciosos porque parecem válidos mas são
inválidos. Consegue-se provar que são inválidos com
especificada.
sequências de tabelas de verdade.
Para especificar a forma lógica de um argumento verofuncional:
Afirmação do consequente P→Q, Q∴P
1. Procura-se a conclusão: é a ideia principal que o autor
defende. As premissas são as outras proposições usadas para Negação do antecedente P→Q, ¬P∴¬Q
provar a conclusão.
O discurso argumentativo e principais tipos de
2. Explicita-se o argumento, eliminando o que não argumentos e falácias informais
desempenha qualquer papel argumentativo.
Argumento dedutivo - a validade depende exclusivamente da
3. Estipula-se um dicionário: atribuímos as letras P, Q, R, etc.,
sua forma lógica. Um argumento dedutivo é inválido se as
às proposições sem conectivas verofuncionais. premissas forem verdadeiras e a conclusão falsa.
4. Especifica-se a forma lógica do argumento.
Argumento não dedutivo – destina-se a fornecer suporte
Exemplo: probabilístico para a conclusão mas não suporte conclusivo
lógico para a mesma (sem validade). Num argumento não
É falso que a arte seja apenas uma questão de imitar a
dedutivo se todas as premissas são verdadeiras, a conclusão é
natureza (conclusão). Isso aconteceria (a arte ser apenas uma muito provável ser verdadeira mas não necessariamente.
questão de imitar a natureza) se toda a arte fosse realista, e só
Podemos distinguir três tipos de argumentos não-dedutivos:
nesse caso aconteceria. Só que é óbvio que não é (premissa –
 argumentos por indução
A arte não é toda realista).  argumentos por analogia
Explicitação:  argumentos por autoridade
A arte é apenas uma questão de imitar a natureza se e só se Todos estes argumentos são informais, porque a sua não
toda a arte for realista. depende apenas da sua forma lógica.
A arte não é toda realista. Não é pela forma lógica destes argumentos que conseguimos
Logo, a arte não é apenas uma questão de imitar a natureza. determinar em que medida as premissas confirmam a
conclusão, mas existem critérios ajudam a determinar se os Caso a resposta a qualquer uma das perguntas seja negativa, o
argumentos são fortes ou não. argumento não é bom.
> Argumentos por indução (ou indutivos): Conclusão:
Nos argumentos por indução, trata-se de fazer um certo a) uma analogia não é forte se os objetos comparados não
número de observações (amostra), e depois conclui-se algo forem semelhantes nos aspetos relevantes.
sobre o que não foi observado (uma inferência baseada numa b) quanto maiores forem as semelhanças relevantes entre os
comparação). objetos comparados nas premissas, mais estas confirmam a
Há três perguntas que ajudam a saber se um argumento conclusão.
indutivo é bom ou não (forte ou não): > Argumentos por autoridade
1. Os casos observados são representativos do todo? (amostra Num argumento de autoridade conclui-se que uma
representativa- casos observados que não pertencem a um determinada proposição é verdadeira porque uma certa
grupo específico e têm as características relevantes do autoridade (um ou vários indivíduos, uma ou várias
universo que se tem em mente) organizações) defende que essa proposição é verdadeira.
2. Procurei ativamente contraexemplos? São do género: “Alguém afirmou que P; logo, P.”
3. Procurei ativamente informação de fundo (conhecimento
geral sobre vários aspetos da realidade que sejam relevantes Ex.: Platão defendeu que a alma é imortal.
para o argumento indutivo) que cancele o apoio indutivo que Logo, a alma é realmente imortal.
as premissas dão à conclusão? Uma pessoa só tem autoridade epistémica quanto a uma
Caso a resposta a qualquer uma das perguntas seja negativa, o afirmação se tiver boas provas dessa afirmação. A autoridade
argumento não é bom. epistémica é completamente diferente de outros tipos de
autoridade (social, política, académica, etc.).
Conclusão:
a) quanto maior é a amostra referida na(s) premissa (s), mais Há três perguntas que ajudam a saber se um argumento de
estas confirmam a conclusão. autoridade é bom ou não (forte ou não):
1. A autoridade tem boas provas do que afirma?
b) quanto mais diversificada é a amostra referida na(s) 2. Compreendo essas provas?
premissa(s), mais estas confirmam a conclusão. 3. Há outras autoridades com boas provas do contrário?
Há dois tipos de argumentos por indução:
Caso a resposta a qualquer uma das duas primeiras perguntas
 previsões: concluo indutivamente algo sobre um caso que seja negativa, o argumento não é bom. E não é bom se a
não observei, com base em vários casos que observei, e a resposta à terceira pergunta for afirmativa.
conclusão inferida é a de que algo ocorrerá no futuro.
Conclusão:
Ex.: Cada um dos cisnes observados até agora é branco. Logo, o a) a autoridade invocada tem de ser competente no que
próximo cisne que observarmos será branco. respeita ao assunto em causa e não podem existir autoridades
 generalizações: concluo indutivamente algo sobre um igualmente competentes que a contradigam
número maior de casos que não observei, partindo de b) a autoridade invocada tem de ser imparcial sobre o assunto
um número menos de casos que observei. em causa
Ex.: Cada um dos cisnes observados até agora é branco. Logo, > Falácias informais
todos os cisnes são brancos. Nas falácias informais o erro não está na forma lógica. Mesmo
> Argumento por analogia que sejam vadios não são sólidos.
Uma analogia entre duas ou mais coisas é uma semelhança 1. As falácias indutivas são maus argumentos indutivos que
entre elas. parecem bons:
Os argumentos por analogia partem de uma analogia entre  generalização precipitada: conclusão geral a partir de um
duas coisas ou categorias de coisas. Caso uma delas tenha uma número insuficiente de casos (amostra demasiado reduzida)
certa característica, conclui-se que a outra também a tem. Ex.: Uma pessoa vai à Austrália, fala com 5 ou 10 pessoas e
conclui que os australianos são simpáticos (observou poucos
Ex.: O organismo humano é em muitos aspetos relevantes
australianos)
como o dos ratinhos de laboratório (o “como” aqui quer dizer
“é semelhante”).  amostra não representativa: conclusão geral com base
em observações de casos excecionais.
Nos ratinhos, a substância X inibe a formação de células
Ex.: Alguém pergunta a 100 pessoas à saída do estádio se
cancerígenas.
gostam de futebol e depois conclui que todos os portugueses
Logo, há uma boa probabilidade de também a inibir no caso gostam de futebol (a amostra não é representativa da
dos seres humanos. totalidade dos português, só é das pessoas que vão ao estádio
Há três perguntas que ajudam a saber se um argumento por ver futebol – logo gostam de futebol).
analogia é bom ou não (forte ou não): 2. Falsa analogia
1. As analogias (ou seja, as semelhanças) são relevantes com Cai-se na falácia da falsa analogia quando, num argumento por
respeito à conclusão? analogia, se ignoram diferenças relevantes entre os objetos
2. As diferenças são irrelevantes com respeito à conclusão? comparados.
3. Há várias analogias (ou seja, semelhanças) relevantes com
Ex.: A cerveja, como o sumo de laranja, é constituída
respeito à conclusão?
sobretudo por água.
O sumo de laranja é saudável.
Logo, a cerveja também é saudável. Ex.: O argumento principal a favor da legalização da eutanásia
é que o Estado quer se livrar dos idosos, que só consomem os
3. Apelo à autoridade
recursos e já não são produtivos
Um apelo falacioso à autoridade ocorre quando não há
consenso entre os especialistas, ou quando a autoridade 11. Derrapagem (ou “bola de neve”)
invocada não é especialista no assunto em causa. Consistem em afirmar, sem provas adequadas, que, se uma
Ex.: O mais recente Prémio Nobel da Literatura tem um livro coisa acontecer, acaba por ocorrer outra muito desagradável.
em que defende a homeopatia. Ex.: Se permitirmos a eutanásia, os médicos irão matar as
Logo, a homeopatia funciona (não é autoridade). pessoas idosas.
4. Petição de princípio (ou falácia da circularidade)
Ex.: Só há justiça plena quando há inteira igualdade.
Logo, se não há inteira igualdade, não há justiça plena.
Este argumento é válido (é uma contraposição), mas é falacioso
porque a conclusão limita-se a repetir o que está nas premissas,
ou seja é um círculo lógico do qual não se consegue sair.
5. Falso dilema
Ex.: Ou acreditas em Deus ou és ateu.
Não acreditas em Deus.
Logo, és ateu.
Este argumento é válido (silogismo disjuntivo), mas é falacioso
pois reduz a apenas duas hipóteses alternativas, quando na
verdade existem mais do que duas (tal como o ser agnóstico).
6. Falsa relação causal
Há uma relação causal entre dois acontecimentos quando um
provoca o outro: um deles é a causa, e o outro é o efeito.
As relações causais são superficialmente parecidas com as
correlações, mas não são apenas correlações.
Há uma correlação entre dois acontecimentos quando
ocorrem repetidamente em sucessão (um ocorre depois do
outro) e com a mesma frequência. Mas não significa que haja
relação causal entre as duas, talvez possa ser uma situação em
que se trata de um mero acaso estatístico ou talvez sejam
ambos efeitos de uma terceira causa.
Quando se confunde correlação com causa, ou seja, pensar
que há uma relação causal só porque há uma correlação, cai-
se na falácia da falsa relação causal.
7. Ad hominem
Uma falácia ad hominem é um ataque pessoal de maneira a
evitar responder (refutar) aos argumentos apresentados.
Ex.: Não tens razão porque és um idiota.
8. Ad populum
Cai-se a falácia ad populum quando se invoca o povo (“maioria
das pessoas” ou “população”) e este não é a autoridade
epistémica quanto à afirmação em causa.
Ex.: Nas mais diversas sociedades, em todas as épocas, as
pessoas creditaram numa vida após a morte.
Logo, há vida após a morte.
9. Apelo à ignorância
Cai-se na falácia do apelo à ignorância quando se concluí algo
só porque não há prova do contrário.
Ex.: Existem bruxas porque nunca se provou que não existem.
10. Boneco de palha
Cai-se na falácia boneco de palha quando se responde a uma
caricatura ou distorção do argumento ou (ridicularizando-o) e
não ao argumento genuíno (é uma maneira de dar a ilusão
que se refutou um argumento).

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