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1
Cuidado Com Os Microrrobôs
Kurt Mahr
Tradução
Richard Paul Neto
Formatação
ÐØØM SCANS
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Tropa de choque “Piquenique” — só três
homens escapam da peste de nonus.
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Personagens Principais:
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2
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Tiff sentiu que alguém o sacudia fortemente
pelo ombro. Levantou-se sobressaltado.
Na penumbra reinante no interior do veícu-
lo, viu o rosto preocupado de O’Keefe.
— Está chegando alguma coisa — informou
O’Keefe.
Tiff pôs-se de pé. Ainda sonolento, esguei-
rou-se entre os bancos e os homens que dormi-
am. Dirigiu-se à poltrona do piloto.
A imagem do vale, projetada na tela, era
fantasmagórica. A luminosidade das estrelas só
penetrava até a metade das encostas. Abaixo
da linha iluminada pelas estrelas, começava a
área de profunda escuridão. Esta era interrom-
pida apenas por um estreito feixe de luz produ-
zido pelos raios vindos na vertical, desenhando
uma faixa luminosa no fundo do vale.
Tiff teve de forçar a vista por bastante tem-
po até enxergar aquilo a que O’Keefe se refe-
ria. Abaixo da linha iluminada das encostas do
vale, a escuridão não era completa. Pouco aci-
ma do fundo do vale, aproximadamente no lu-
gar em que Tiff, recorrendo à memória, imagi-
nava ficar a curva, viu-se uma mancha de fraca
luminosidade. Tiff constatou que a intensidade
da luz não era constante, e que a mancha não
permanecia no mesmo lugar.
— O que acha? — perguntou a O’Keefe.
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O’Keefe resmungou:
— Até parece um holofote manual visto de
longe e encoberto pela curva da encosta.
— Isso mesmo. Mas quem poderia andar
com um holofote manual por aqui?
O’Keefe esteve a ponto de dizer alguma coi-
sa, mas antes que pudesse fazê-lo Tiff teve uma
idéia e acrescentou:
— Um instante. A que distância estamos do
lugar em que Chaney realizou o pouso de emer-
gência?
O’Keefe fez um gesto de concordância.
— Era o que eu pretendia dizer. Talvez seja
o major Chaney com seu grupo.
— Muito bem. Coloque uma sonda. Se for
Chaney, está conversando com seu pessoal. E
ele usa o mesmo tipo de traje protetor que nós.
O’Keefe colocou a sonda eletromagnética,
um instrumento que registrava todo o espectro
de radio-ondas com uma sensibilidade fantásti-
ca. A sonda estava acoplada a um alto-falante
comum. Mal O’Keefe a ligou, ouviu-se uma voz
retumbante:
— Pelo que diz, a aldeia fica logo atrás da
curva, Halligan. Mantenha os olhos bem aber-
tos.
E Halligan respondeu:
— Sim senhor. É o que estou fazendo.
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O’Keefe gemeu.
— Oh, não! — fungou. — Os céus não me
podem fazer tanto mal. Logo Halligan, este ve-
lho canibal.
A amizade disfarçada em inimizade que rei-
nava entre os dois sargentos já não era novida-
de entre os homens da frota espacial terrana.
Halligan e O’Keefe não podiam jogar pôquer
por cinco minutos sem brigar. Em compensa-
ção lutaram em Vênus, ombro a ombro, usando
armas um tanto primitivas e detendo as hordas
de Tomisenkow por algumas horas, até que re-
cebessem reforços e pudessem aprisionar o ini-
migo.
Tiff sorriu e transmitiu um sinal codificado
que seria ouvido no receptor de capacete de
Chaney. Depois disse:
— O tenente Tifflor reportando. Esta mos
logo atrás da curva com cinco Câmbios. Faça o
favor de não tropeçar por cima de nosso hono
que está sentado junto à encosta.
Por alguns segundos não se ouviu nada. A
seguir, a voz espantada de Chaney soou no
alto-falante:
— Tifflor! O senhor me ouve?
— Ouço-o perfeitamente. Colocamos uma
sonda.
— Muito bem. Iremos até aí. Dê um sinal
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com o holofote.
Tiff obedeceu. Poucos minutos depois o gru-
po de Chaney, conduzido pelos três honos, do-
brou a curva. Tiff já descera de seu veículo. Ex-
plicou a Chaney que nos Câmbios só havia lu-
gar para metade dos homens do grupo; a outra
metade teria que dormir ao ar livre. Chaney
não gostou nem um pouco, e Tiff ficou sabendo
o que havia acontecido com o tenente Crimson
e o sargento Dee.
Mas, passando o facho do farol pela encos-
ta, descobriram uma caverna igual àquela em
que o grupo de Chaney se mantivera escondido
até a chegada dos honos. Chaney abrigou dois
terços dos seus homens nessa caverna e colo-
cou os restantes nos veículos. Ele mesmo e o
sargento Halligan penetraram no Câmbio nú-
mero 1. O’Keefe, que os vira chegar na tela,
deitou se e fez de conta que estava dormindo
enquanto entravam pela comporta.
Os três honos que haviam marchado à fren-
te do grupo de Chaney juntaram-se ao outro,
que dirigira o grupo de Tiff. Não houve maiores
cumprimentos. Ao que parecia, o hono que es-
tava dormindo nem chegou a acordar. Os ou-
tros três sentaram da mesma forma que ele e
dormiram com as cabeças balouçantes.
Ao que tudo indicava, a tarefa de Chaney
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estava tomando um rumo feliz. A Titan foi in-
formada imediatamente sobre as ocorrências e
o oficial de plantão não procurou disfarçar o alí-
vio que sentiu. Tiff pediu novas instruções e foi
informado de que poderia prosseguir por conta
própria na operação de busca em que os honos
lhe serviam de guia. Não se fez questão de que
um dos honos ou todos eles fossem forçados a
fazer uma visita à Titan. Rhodan disse que
achava perfeitamente plausível sua afirmativa
de não pertencerem à casta dos purificados.
Sendo assim, não acreditava que poderia tirar
alguma coisa desses indivíduos através dos re-
cursos psicanalíticos.
O que provocou certo nervosismo foi o fato
de que Tiff, suspeitando de alguma coisa, exa-
minou na manhã do dia seguinte os trajes pro-
tetores de Dee e Crimson e viu suas suspeitas
confirmadas.
Em cada um dos trajes havia três perfura-
ções muito finas. Ao contrário das que haviam
sido encontradas no traje de Tiff, estas atraves-
savam o plástico. Colocaram os doentes num
dos Câmbios, tiraram suas roupas e procuraram
descobrir picadas em seu corpo. Não encontra-
ram nada. Se houve alguma — e Tiff estava
convencido de que houve — as feridas certa-
mente se fecharam no dia anterior, sem deixar
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o menor vestígio.
O passo seguinte consistiu numa revista da
aldeia abandonada. As cabanas, feitas com ma-
deira semelhante ao bambu, eram de constru-
ção bastante primitiva. Consistiam de um único
recinto. Pela sujeira que se espalhava no chão
de terra batida concluía-se que a aldeia já devia
ter sido abandonada muito antes do dia em que
os terranos puseram os pés em Honur. Toda-
via, Tiff, Chaney e Hathome não pode riam
deixar de reconhecer que não sabiam quase
nada sobre as concepções de higiene reinantes
entre os purificados. Era bem possível que a su-
jeira das cabanas fosse justamente o elemento
em que se sentiam bem.
Durante o exame, os quatro honos mantive-
ram-se à distância. Ao que parecia, tinham
medo das cabanas desabitadas. Tiff, porém,
teve de pedir aos honos que se aproximassem,
pois não conseguia encontrar a pista dos deu-
ses.
Vieram em passos hesitantes. O indivíduo
que guiara o grupo de Tiff, ao qual o sargento
O’Keefe dera o apelido de Nathan, caminhava
à frente dos outros.
— Estamos procurando a pista dos deuses,
mas não conseguimos encontrá-la — disse Tiff.
— Não fica aqui — respondeu Nathan em
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tom compenetrado. — O senhor poderá encon-
trá-la mais adiante, no lugar em que começa a
fenda na rocha.
Tiff examinou a fenda. Tinha menos de dois
metros de largura e parecia estreitar-se ainda
mais na parte dos fundos. Um regato jorrava
tranqüilamente de dentro da pequena gruta. Daí
se concluía que a inclinação da fenda não era
muito acentuada.
No lugar em que a água jorrava do paredão,
uma vegetação rasteira e de folhas duras cobria
a rocha.
Tiff, Chaney e Hathome examinaram o solo
nas proximidades da área coberta pela vegeta-
ção. Nathan e os outros honos olhavam-nos
como quem não tem nada a ver com aquilo. Só
depois de alguns minutos, Nathan começou a
falar:
— Vocês terão de entrar nessas moitas.
Como vêem, há um lugar em que são mais ra-
las. É lá que começa a pista.
Tiff viu o lugar de vegetação mais rala, exa-
minou-o e chegou à conclusão de que não se
formara de maneira natural.
— Está vendo estes galhos quebrados? —
perguntou, dirigindo-se a Chaney.
Chaney confirmou com um aceno de cabe-
ça.
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— Até parece que alguma coisa abriu cami-
nho à força. E, pelos meus cálculos, isso deve
ter acontecido há poucos dias.
Tiff ajoelhou-se.
— Os galhos estão todos quebrados até as
raízes — murmurou. — Até os troncos foram
quebrados.
Chaney enfiou-se pela vegetação, abrindo
caminho com os cotovelos. Desapareceu no in-
terior da fenda. Tiff ouviu-o fungar de surpresa.
Depois de algum tempo gritou:
— Hathome! Tifflor! Venham cá!
Com um salto vigoroso Tiff atravessou a fo-
lhagem. Hathome seguiu de perto. O major
Chaney estava agachado. Sua mão enluvada
apontava a uma marca nítida deixada no solo,
junto ao regato.
A impressão deixada no solo tinha cerca de
um metro de comprimento e meio metro de lar-
gura. Estava subdividida em retângulos de cin-
qüenta centímetros de comprimento e vinte de
largura.
Tiff examinou a marca por algum tempo,
sem chegar a qualquer conclusão. Finalmente
Chaney, que tinha avançado mais alguns me-
tros, exclamou:
— Aqui é bem mais nítida.
A segunda marca era um pouco mais com-
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prida; tinha pouco menos de dois metros. Em
tudo mais, era igual a outra, com exceção do
corpo sujo e achatado de um nonus, estendido
no interior da marca.
— É uma esteira! — exclamou Tiff. — Uma
simples esteira de tanque.
Chaney confirmou com um aceno de cabeça
e apalpou o chão com o dedo.
— Não há dúvida. Acontece que só se vê a
marca de uma esteira. Onde terá ficado a da se-
gunda?
Tiff avaliou a largura da marca.
— Não acredito que exista outra esteira —
disse.
— Como?
— Acha que se trata de um veículo de estei-
ra única — interveio Hathome.
— É isso mesmo. A marca tem meio metro
de largura. Um veículo estreito pode equilibrar-
se perfeitamente numa base destas.
Chaney refletiu.
— É possível que o senhor tenha razão, Tif-
flor — confessou. — E o veículo só pode ser es-
treito, pois do contrário não conseguiria entrar
aqui.
Tiff contemplou o cadáver do ursinho.
— Se nos lembrarmos de que os únicos veí-
culos dos purificados são suas pernas... — disse
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em tom pensativo.
— ...chegaremos à conclusão de que aquilo
que temos diante de nós realmente é uma pista
dos deuses — completou Chaney em tom reso-
luto.
Hathome não estava totalmente de acordo.
— Se quisesse fazer o favor de explicar o
que alguém pode fazer num buraco destes com
um veículo de esteira, eu lhe ficaria muito gra-
to. Por enquanto tenho a impressão...
— Por quê? — interrompeu-o Chaney. —
Entraram por aqui. Provavelmente levaram os
honos a algum esconderijo. Pelo que sei a res-
peito dos purificados, eles não tinham certeza
de que os honos saberiam deslocar-se com a ve-
locidade necessária se não recorressem a um
veículo.
— É possível... — murmurou Hathome.
— Procure superar esse ceticismo — disse
Chaney em tom alegre. — A pista é esta, e nós
a seguiremos.
Tiff virou ostensivamente a cabeça. Chaney
percebeu o gesto.
— Tem alguma dúvida? — perguntou.
— Para falar com franqueza, tenho — res-
pondeu Tiff. — Não conseguimos entra aqui
com os Câmbios.
— É verdade. Metade dos homens terão de
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ficar aqui, com os Câmbios, a fim de nos darem
cobertura. Quanto ao mais, acredito que nossas
armas serão suficientes para livrar-nos de qual-
quer incômodo que possa surgir.
Tiff lembrou-se das perfurações encontradas
nos trajes espaciais, mas preferiu não formular
qualquer objeção. Não tinha receio de contradi-
zer Chaney, mas estava muito curioso para des-
cobrir aonde o levaria a pista.
Não demoraria a chegar o instante em que a
responsabilidade por essa atitude leviana repre-
sentaria uma carga pesada para ele.
Chaney avançou mais um pouco para o in-
terior da fenda. Via de regra o chão era firme,
sendo formado de rocha compacta. Somente
nas curvas do regato, onde a corrente deixara
um pouco de areia ou seixos, aparecia a marca
de esteira. Nesses lugares ainda havia arbustos
e pequenas árvores; pelas deformações ou da-
nos sofridos pelas plantas, podia-se tirar uma
conclusão sobre o formato do veículo que abrira
caminho por ali.
Devia ter cerca de um metro de altura e sua
largura não seria muito maior que a da marca
da esteira. Se tivesse mais de dois metros de
comprimento, teria que consistir em partes arti-
culadas, pois nos primeiros cem metros a fenda
descrevia curvas tão fechadas que qualquer veí-
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culo inteiriço desse comprimento não consegui-
ria ultrapassá-las.
O que causou estranheza a Tiff foi o fato de
que em três das oito marcas de esteira existen-
tes nos primeiros cem metros encontraram um
ursinho morto. Hathome murmurou em tom
pouco convicto:
— Até parece que a cada trinta metros um
dos ursinhos foi atirado à frente das esteiras.
Talvez seja uma espécie de sacrifício.
Seria inútil refletir a este respeito. A mentali-
dade dos purificados era tão conhecida que não
havia a menor possibilidade de encontrarem
uma resposta.
Voltaram à entrada da fenda. Os quatro ho-
nos, com Nathan à frente, continuavam a espe-
rar em atitude compenetrada, mantendo-se fora
da área coberta pela vegetação.
— Encontraram a pista? — perguntou Na-
than.
— Encontramos — respondeu o major Cha-
ney com a voz alta e alegre. — E vamos segui-
la.
Nathan fez um gesto preocupado.
— Sabem que nossas idéias sobre os deuses
são muito diferentes daquelas que passam pela
cabeça dos seres que se chamam de purificados
— disse. — No entanto, acreditamos que os
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deuses são seres muito poderosos. Não sabe-
mos se convém que vocês sigam a pista deles.
Poderiam armar uma cilada e destruí-los.
O major Chaney parou perto de Nathan.
— Escute aí, meu filho — disse em tom
amável. — Se é assim, por que nos mostraram
a pista? Queriam que a olhássemos e déssemos
o fora?
— Bem, não foi isso...
— Então, o que foi?
Nathan lançou um olhar para seus compa-
nheiros de raça e respondeu em tom mais segu-
ro:
— Acreditávamos que vocês fossem seguir a
pista. De qualquer maneira, não queremos dei-
xar de preveni-los.
— Virão conosco quando seguirmos a pista?
— perguntou o major.
Nathan assustou-se.
— Logo nós? Não poderíamos prestar muita
ajuda a vocês.
— Ora essa — disse Chaney, esticando as
palavras. — Não pensei em ajuda. Apenas pen-
sei que se interessassem em assisti à descoberta
do esconderijo dos deuses.
Mais uma vez Nathan lançou um olhar para
seus companheiros, que parecia um pedido de
socorro.
78
— Receio que nossa autoconfiança seja me-
nor que a sua — confessou depois de algum
tempo.
Chaney confirmou com um gesto da cabeça.
— Já que estão com medo — disse — pode-
rão ficar aqui, aguardando nosso regresso.
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Perry Rhodan sente-se desesperado. A
nova missão em Honur revelou a identidade
dos causadores da peste dos nonus, mas não
lhes proporcionou o precioso soro que cura a
doença artificial.
Será que o cérebro positrônico que gover-
na Árcon conhece o antídoto?
Perry Rhodan espera que sim. Entra em
contato com o robô, mas apenas para receber
outra missão, à qual não pode fugir.
Perry Rhodan em O HOMEM E O MONS-
TRO irá viver lances de inimaginável emo-
ção!
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ÐØØM SCANS
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