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SOCORROS
Introdução
Sinais vitais são medidas que fornecem dados fisiológicos que indicam as
condições de saúde da pessoa, sendo imprescindíveis para o atendimento
de primeiros socorros, juntamente com os sinais de apoio, que são pistas
que o organismo dá sobre seu estado de saúde, podendo ser entendidos
como indicativos de lesões mais graves. Avaliar ambos auxilia a pessoa
que irá prestar os primeiros socorros em ter a noção da gravidade do
acidente e da condição de saúde do acidentado, podendo, assim, realizar
o melhor atendimento possível e passar a informação mais completa e
correta possível para o serviço de saúde de emergência.
Neste capítulo, você vai conhecer quais são as funções vitais, bem
como seus conceitos e características, reconhecendo os sinais de apoio
do organismo e quais as suas comorbidades associadas, além de aprender
como aferir corretamente os sinais vitais.
Funções vitais
As funções vitais ou sinais vitais são funções que são exercidas pelo cérebro
e pelo miocárdio, tais como a frequência cardíaca (FC), pressão arterial (PA),
frequência respiratória (FR) e a saturação de oxigênio. Essas funções dão
condições para que todas as células do nosso corpo continuem operando de
maneira adequada.
2 Funções, sinais vitais e sinais de apoio
A hipóxia (falta de ar) pode acabar matando os neurônios do cérebro. Essa morte
pode acontecer total — levando a óbito — ou parcialmente — provocando lesões
no cérebro que interfere na vida da pessoa que sofreu esse mal. A hipóxia é muito
perigosa, devendo ser atendida imediatamente, uma vez que o tempo que o cérebro
consegue suportar sem oxigênio é de três minutos.
O pulso pode ser apresentado variando de acordo com sua frequência, regu-
laridade e volume. A regularidade refere-se à alteração de ritmo, podendo ter
um ritmo constante, o considerado normal, ou uma variação do ritmo. O volume
é a “força da pulsação” e pode ser classificado como “pulso cheio” ou “pulso
filiforme”, que é quando a pulsação é muito fraca, difícil de se perceber. Já a
frequência varia de acordo com a idade e o sexo, como veremos no Quadro 1:
Pressão arterial (PA): é a pressão que o sangue exerce nos vasos sanguíneos,
dependendo da força de contração do coração, da quantidade de sangue e do
quanto o vaso sanguíneo é capaz de distender para a passagem do volume de
sangue que está circulando no organismo. A aferição da PA é uma excelente
fonte de indicação de funcionamento do organismo de uma pessoa. Para tal,
deve-se utilizar materiais e técnicas adequados (BRASIL, 2003b), sendo
considerado um valor normal de PA para indivíduos adultos o valor de 120/80
mmHg (POTTER; PERRY, 2011). A PA sofre interferência da atividade física,
podendo subir durante sua prática, bem como em função de fatores emocionais,
dor, alimentação e temperatura ambiente.
Sinais de apoio
Além dos sinais vitais, existem outros sinais que podem ser observados com o
intuito de ter mais informações sobre o estado de saúde da pessoa que sofreu
um acidente: são os chamados sinais de apoio.
Sinais de apoio são os sinais que o corpo dá e que informam as condições
do funcionamento de seus órgãos vitais; mas é necessário saber ler essas
informações. Esses sinais tornam-se mais evidentes à medida que a pessoa
Funções, sinais vitais e sinais de apoio 7
acidentada tem seu quadro piorado. Os principais sinais de apoio são: dilata-
ção e reatividade das pupilas, cor e umidade da pele, estado de consciência e
motilidade e sensibilidade do corpo (BRASIL, 2003b). Veremos mais sobre
estes sinais abaixo.
Cor e umidade da pele: esses sinais de apoio podem ser muito úteis para
entender o quadro geral de saúde do acidentado. A pele pode apresentar-se de
maneira pálida, cianosada (tom de pele azulado) ou hiperemiada (vermelha e
quente), bem como úmida e pegajosa. Cada alteração dessas pode significar
um agravo diferente de saúde, como veremos no Quadro 3 e na Figura 3.
Em um dia muito frio, você encontra uma pessoa acidentada, com o corpo molhado
e com os pés descalços e percebe que a boca e os dedos dos pés e das mãos estão
azulados. Por conta de toda a situação, é fácil pensar que essa pessoa está com uma
hipotermia, que é a quando a temperatura corporal fica muito abaixo do esperado. O
procedimento adequado é tapar essa pessoa com cobertores, casacos, ou seja, o que
estiver disponível no momento pra fazer a sua temperatura voltar ao estágio normal.
Alteração Ocorrência
(a) (b)
Figura 3. Da esquerda para direita: mãos com característica de Cianose (a) e pés com
característica de Hiperemia (b).
Fonte: (a) Alterações... ([201-?, documento on-line]); (b) Hanning (2018, documento on-line).
Por esse motivo, pedir que a pessoa acidentada movimente a ponta dos
dedos das mãos e dos pés é tão importante. Às vezes, a pessoa acidentada
apresenta movimento e sensibilidade nos membros, mas há queixa de dormên-
cia e formigamento, podendo isto também ser indicativo de lesão medular,
devendo todas essas informações serem transmitidas para o serviço de saúde
especializado.
Conhecer e verificar rapidamente todos esses sinais é importante para que
o socorro possa ser realizado da melhor e mais assertiva maneira possível.
Mas, para tal, é necessário conhecer as técnicas e métodos adequados para a
verificação de cada um deles, o você poderá acompanhar a seguir.
Oral: o termômetro deve ser de uso individual, ou seja, não pode ser
compartilhado. Ele der ser posicionado abaixo da língua e mantido
Funções, sinais vitais e sinais de apoio 11
firme e com os lábios fechados por 3 minutos. Não se deve utilizar esse
método em crianças, idosos, pessoas inconscientes ou após ingestão
de alimentos.
Retal: é a medição mais precisa, ou seja, a que apresenta a temperatura
de maneira mais fidedigna. Para realizar esta aferição, é necessário que
a pessoa esteja em decúbito lateral, inserindo cerca de 3,5 cm, mantendo
o termômetro por 3 minutos. É importante que o termômetro seja de
uso individual.
Axilar: esta é a verificação menos invasiva e, por consequência, a mais
utilizada, mesmo não sendo tão precisa. Para que a verificação seja
adequada, é necessário ter o cuidado ao colocar o termômetro na axila,
pois somente a pele deve entrar em contato com o termômetro, bem
como cuidar para que a axila esteja seca, pois o suor pode modificar
o resultado da aferição. Para este procedimento, é indicado deixar o
termômetro de 5 a 7 minutos.
Para realizar esta aferição, o bulbo (ou seja, a parte de metal, que mede
a temperatura) deve ser colocado sob a axila seca, devendo ser colocado o
braço, com o cotovelo flexionado, sobre o peito, com a mão em direção ao
ombro oposto; mantendo o termômetro durante o período indicado. Para ler
o termômetro, o ideal é que o segure na altura dos olhos, principalmente nos
termômetros de mercúrio, para melhor visualização do resultado. Após o uso,
é importante higienizar o equipamento, com álcool a 70%.
Frequência Cardíaca (FC): também conhecida como pulso, ela mede quantos
batimentos o coração está dando em 1 minuto. Para tal, é possível contar,
por 1 minuto, quantos batimentos aconteceram nesse intervalo de tempo,
ou, o mais utilizado, que é contar os batimentos por durante 15 segundos,
multiplicando o número de batimentos por 4, dando assim, a quantidade de
batimentos em 1 minuto.
Mesmo tendo o nome usual de “pulso”, os batimentos podem ser verifica-
dos em diferentes locais do corpo humano (Figura 4), mas, pela praticidade e
eficiência, o local mais utilizado é o pulso. Para fazer a verificação da FC no
pulso, usa-se a ponta dos dedos indicador e médio na parte anterior do punho.
É importante fazer um pouco de pressão, mas sem pressionar demasiadamente.
Para sentir o pulso com mais facilidade, é indicado (BRASIL, 2003b):
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Figura 4. Localização das artérias utilizadas para avaliação dos pulsos periféricos.
Fonte: Costa e Eugenio (2014, p. 77).
Funções, sinais vitais e sinais de apoio 13
Neste vídeo do telessaúde, você pode verificar a técnica de aferição da pressão arterial.
Acesse-o no link a seguir.
https://qrgo.page.link/qJY66
ALTERAÇÕES da coloração da pele. Cianose. [S. l.], [201-?]. Disponível em: https://www.
studyblue.com/notes/note/n/alteracoes-da-coloracao-da-pele/deck/20270790. Acesso
em: 21 jul. 2019.
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Disponível em: http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/manuais/biosseguranca/
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POTTER, P. A.; PERRY, A. G. Fundamentos de enfermagem. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier;
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Leituras recomendadas
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