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PRIMEIROS

SOCORROS

Beatriz Paulo Biedrzycki


Funções, sinais vitais
e sinais de apoio
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Descrever as funções vitais.


„„ Examinar os sinais de apoio.
„„ Avaliar os sinais vitais.

Introdução
Sinais vitais são medidas que fornecem dados fisiológicos que indicam as
condições de saúde da pessoa, sendo imprescindíveis para o atendimento
de primeiros socorros, juntamente com os sinais de apoio, que são pistas
que o organismo dá sobre seu estado de saúde, podendo ser entendidos
como indicativos de lesões mais graves. Avaliar ambos auxilia a pessoa
que irá prestar os primeiros socorros em ter a noção da gravidade do
acidente e da condição de saúde do acidentado, podendo, assim, realizar
o melhor atendimento possível e passar a informação mais completa e
correta possível para o serviço de saúde de emergência.
Neste capítulo, você vai conhecer quais são as funções vitais, bem
como seus conceitos e características, reconhecendo os sinais de apoio
do organismo e quais as suas comorbidades associadas, além de aprender
como aferir corretamente os sinais vitais.

Funções vitais
As funções vitais ou sinais vitais são funções que são exercidas pelo cérebro
e pelo miocárdio, tais como a frequência cardíaca (FC), pressão arterial (PA),
frequência respiratória (FR) e a saturação de oxigênio. Essas funções dão
condições para que todas as células do nosso corpo continuem operando de
maneira adequada.
2 Funções, sinais vitais e sinais de apoio

Cada tecido é constituído por células, e a união de vários tecidos forma o


corpo humano. A medida dos sinais vitais, conhecidos também como dados
basais, fornece dados para determinar o estado de saúde de uma pessoa. Muitos
fatores, como a temperatura do ambiente, o esforço físico, os efeitos de uma
doença, um acidente, lesão ou trauma causam alterações nos sinais vitais,
podendo inclusive variar fora de um padrão considerado aceitável, gerando
risco para a saúde da pessoa (POTTER; PERRY, 2011).
As funções vitais do corpo humano são controladas pelo Sistema Nervoso
Central, que é estruturado por células muito especializadas, chamadas de
neurônios. Essas células são muito sensíveis à falta de oxigênio, cuja ausência
provoca alterações funcionais, popularmente conhecidas como “sequelas”. Esse
processo de hipóxia pode causar sérios danos se não acontecer a intervenção
correta rapidamente (BRASIL, 2003b).

A hipóxia (falta de ar) pode acabar matando os neurônios do cérebro. Essa morte
pode acontecer total — levando a óbito — ou parcialmente — provocando lesões
no cérebro que interfere na vida da pessoa que sofreu esse mal. A hipóxia é muito
perigosa, devendo ser atendida imediatamente, uma vez que o tempo que o cérebro
consegue suportar sem oxigênio é de três minutos.

Entender como o corpo humano funciona auxilia a entender os sinais


vitais. O sangue que chega aos capilares traz nutrientes e oxigênio, que são
passados continuamente para os tecidos. O sangue arterial é rico em nutrientes;
já o sangue venoso é mais pobre e transporta gás carbônico. O sangue não se
deteriora graças à atividade de órgãos vitais como os pulmões, rins e aparelho
digestivo, que permanentemente recondicionam o sangue arterial. Os rins par-
ticipam do mecanismo de regulação do equilíbrio hidroeletrolítico eliminando
as substâncias tóxicas. O aparelho digestivo incrementa o teor sanguíneo de
substratos orgânicos, íons e outros agentes metabólicos, como as vitaminas,
por exemplo. O fígado age como órgão sintetizador e como modificador da
composição do sangue, participando nos mecanismos da excreção de subs-
tâncias tóxicas. Os pulmões e a porção condutora do aparelho respiratório
Funções, sinais vitais e sinais de apoio 3

têm como função principal fornecer oxigênio e remover dióxido de carbono


resultante da respiração. O pulmão não é apenas um órgão respiratório; ele
desempenha uma função importante no equilíbrio térmico. Os movimentos
ventilatórios são controlados pelo Sistema Nervoso Central e estão parcialmente
sob nossa vontade. A respiração, no entanto, é um mecanismo involuntário e
automático, ou seja, não podemos controlá-la; ela acontece até mesmo quando
estamos inconscientes (BRASIL, 2003b).
Entender os sinais vitais é entender os sinais que o corpo mostra, como a
gravidade do acidente sofrido, o estado de saúde da pessoa que sofreu o acidente
e sua necessidade de atendimento. Esses sinais são entendidos como respostas
ao organismo, necessárias para a manutenção da vida. Por esse motivo, as
funções vitais também são consideradas indicadores de vida (POTTER;
PERRY, 2011); sendo eles temperatura, frequência cardíaca, frequência res-
piratória e pressão arterial.

Temperatura: é entendida como a diferença entre a quantidade de calor


produzida pelo corpo e a quantidade de calor perdido para o ambiente ex-
terno. A temperatura corporal média varia entre 36°C a 37°C. É normal que
o corpo apresente variações de temperatura ao longo do dia, com a atividade
que está sendo realizada e em função da temperatura do ambiente; podendo
variar também dependendo do local da medição e do tipo de equipamento
utilizado. Além dos fatores supracitados, também podem interferir na tempe-
ratura corporal a idade — recém-nascidos apresentam temperatura corporal
mais baixa que adultos — e o estresse, uma vez que ele faz com que o corpo
libere mais hormônios, ficando ansioso, aumentando a frequência cardíaca e,
consequentemente, aumentando sua temperatura corporal (POTTER; PERRY,
2011) (Figura 1).

Frequência cardíaca (FC): também entendida como pulso, é uma onda de


distensão de uma artéria transmitida pela pressão que o coração exerce sobre
o sangue. Essa onda é perceptível pela palpação de uma artéria e se repete
com regularidade, segundo as batidas do coração (BRASIL, 2003b). A FC
tem a unidade de medida de batimentos por minuto (bpm), que simboliza
exatamente o que esta medida busca identificar, que é o número de pulsações
do coração durante o período de 1 minuto. Assim como a temperatura, a FC
também sobre variação da atividade que a pessoa está realizando, medicações,
a própria temperatura corporal, estado emocional e desmaios.
4 Funções, sinais vitais e sinais de apoio

Figura 1. Variação da temperatura corporal ao longo do dia.


Fonte: Potter e Perry (2011).

O pulso pode ser apresentado variando de acordo com sua frequência, regu-
laridade e volume. A regularidade refere-se à alteração de ritmo, podendo ter
um ritmo constante, o considerado normal, ou uma variação do ritmo. O volume
é a “força da pulsação” e pode ser classificado como “pulso cheio” ou “pulso
filiforme”, que é quando a pulsação é muito fraca, difícil de se perceber. Já a
frequência varia de acordo com a idade e o sexo, como veremos no Quadro 1:

Quadro 1. Variação da frequência cardíaca

Faixa-etária Pulso Normal (em repouso)

Homens adultos 60–70 bpm

Mulheres adultas 70–80 bpm

Crianças acima de 7 anos 80–90 bpm

Crianças de 1 a 7 anos 80–120 bpm

Crianças abaixo de 1 ano 110–130 bpm

Recém-nascidos 130–160 bpm

Fonte: Adaptado de Brasil (2003b).


Funções, sinais vitais e sinais de apoio 5

Frequência respiratória (FR): é contada pela quantidade de vezes que uma


pessoa realiza o movimento de respiração completo (inspiração e expiração)
em um minuto. A frequência média por minuto dos movimentos respiratórios
varia com a idade. Se levarmos em consideração uma pessoa em estado normal
de saúde, sendo para um homem adulto um valor médio respiratório de 14–20
respirações por minuto, diferente de uma mulher adulta, em quem a frequência
respiratória varia entre 16–22 respirações por minuto (BRASIL, 2003b).
Todo ato de respirar gera um gasto de energia, podendo ou não gerar
esforço (cansaço); em um indivíduo saudável, a respiração não requer esforço,
enquanto em alguns casos o simples ato de respirar pode gerar um grande
esforço. No Quadro 2 você irá visualizar as diferentes formas de respiração
(POTTER; PERRY, 2011):

Quadro 2. Tipos de respiração

Respiração que se processa por movimentos


Eupnéia regulares, sem dificuldades.
A respiração é normal.

É a ausência dos movimentos respiratórios.


Apnéia
Equivale a parada respiratória.

Dificuldade na execução dos


Dispinéia
movimentos respiratórios.

Diminuição na frequência média


Bradipnéia
dos movimentos respiratórios.

Taquipnéia Aceleração dos movimentos respiratórios.

Ortopnéia O acidentado só respira sentado.

É quando ocorre o aumento da frequência


e da profundidade dos movimentos
Hiperventilação
respiratórios. Respira-se mais vezes,
fazendo longas inspirações.

Fonte: Adaptado de Brasil (2003b).


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Pressão arterial (PA): é a pressão que o sangue exerce nos vasos sanguíneos,
dependendo da força de contração do coração, da quantidade de sangue e do
quanto o vaso sanguíneo é capaz de distender para a passagem do volume de
sangue que está circulando no organismo. A aferição da PA é uma excelente
fonte de indicação de funcionamento do organismo de uma pessoa. Para tal,
deve-se utilizar materiais e técnicas adequados (BRASIL, 2003b), sendo
considerado um valor normal de PA para indivíduos adultos o valor de 120/80
mmHg (POTTER; PERRY, 2011). A PA sofre interferência da atividade física,
podendo subir durante sua prática, bem como em função de fatores emocionais,
dor, alimentação e temperatura ambiente.

Quando a atividade muscular requer um suprimento sanguíneo maior e uma quebra


maior de carboidratos e de gordura, ela tende a aumentar o metabolismo, aumentando
assim a produção de calor e a temperatura corporal. Um exercício intenso e prolongado,
como a corrida de longa distância, aumenta temporariamente a temperatura corpórea
até 41°C e os batimentos cardíacos a 180bpm; podendo também, durante a prática
do exercício, elevar a PA a 140/80 mmHg (POTTER; PERRY, 2011).

As funções vitais são importantes para determinar o quadro geral da vítima


de um acidente, podendo ser verificadas tanto por profissionais da área da
saúde como por leigos, desde que tenham as orientações necessárias para tal.
Além dessas funções, também é importante conhecer os sinais de apoio, que
veremos a seguir.

Sinais de apoio
Além dos sinais vitais, existem outros sinais que podem ser observados com o
intuito de ter mais informações sobre o estado de saúde da pessoa que sofreu
um acidente: são os chamados sinais de apoio.
Sinais de apoio são os sinais que o corpo dá e que informam as condições
do funcionamento de seus órgãos vitais; mas é necessário saber ler essas
informações. Esses sinais tornam-se mais evidentes à medida que a pessoa
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acidentada tem seu quadro piorado. Os principais sinais de apoio são: dilata-
ção e reatividade das pupilas, cor e umidade da pele, estado de consciência e
motilidade e sensibilidade do corpo (BRASIL, 2003b). Veremos mais sobre
estes sinais abaixo.

Dilatação e reatividade das pupilas: a pupila é uma abertura no centro da


íris (a parte colorida do olho) e tem a função de controlar a exposição de luz no
olho, auxiliando na formação das imagens. Quando a pupila é exposta a luz,
ela se contrai — fica pequena — e quando há pouca luz, ela se dilata, ou seja,
fica grande (BRASIL, 2003b). O tamanho e a reatividade da pupila dependem
da ação de neurônios simpáticos e parassimpáticos. Caso, em um trauma,
aconteça o comprometimento das estruturas que fazem este movimento — os
neurônios — é possível identificar pela falta de reatividade das pupilas. Quando
a pupila está totalmente dilatada, significa que o cérebro não está recebendo
oxigênio. O uso de drogas também pode fazer com que a pupila se dilate ou
fique mais contraída, uma vez que estes psicoativos agem diretamente no cé-
rebro (ANDRADE et al., 2007). Alguns fatores podem provocar alterações na
pupila como: estresse, parada cardíaca, uso de drogas, traumatismo craniano,
intoxicação, colírios. A verificação da reatividade das pupilas pode ser feita
colocando um feixe de luz nos olhos da pessoa acidentada e retirando o feixe
logo em seguida. Quando o feixe de luz é apontado, a resposta esperada é que
a pupila se contraia, e quando a luz for deslocada, a resposta esperada é que
a pupila volte a se dilatar (Figura 2).

Figura 2. Reatividade das pupilas.


Fonte: Leonel (2019, documento on-line).
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Cor e umidade da pele: esses sinais de apoio podem ser muito úteis para
entender o quadro geral de saúde do acidentado. A pele pode apresentar-se de
maneira pálida, cianosada (tom de pele azulado) ou hiperemiada (vermelha e
quente), bem como úmida e pegajosa. Cada alteração dessas pode significar
um agravo diferente de saúde, como veremos no Quadro 3 e na Figura 3.

Em um dia muito frio, você encontra uma pessoa acidentada, com o corpo molhado
e com os pés descalços e percebe que a boca e os dedos dos pés e das mãos estão
azulados. Por conta de toda a situação, é fácil pensar que essa pessoa está com uma
hipotermia, que é a quando a temperatura corporal fica muito abaixo do esperado. O
procedimento adequado é tapar essa pessoa com cobertores, casacos, ou seja, o que
estiver disponível no momento pra fazer a sua temperatura voltar ao estágio normal.

Quadro 3. Alterações orgânicas que provocam modificações na cor e na umidade da pele

Alteração Ocorrência

Cianose Exposição ao frio, parada


cardiorespiratória, estado
de choque, morte.

Palidez Hemorragia, parada cardio-


respiratória, exposição ao frio, extrema
tensão emocional, estado de choque.

Hiperemia Febre, exposição a ambientes


quentes, ingestão de bebidas
alcoólicas, queimaduras de
primeiro grau, traumatismos.

Pele fria e viscosa ou Estado de choque.


úmida e pegajosa

Pele amarela Icterícia, hipercarotenemia.

Fonte: Adaptado de Brasil (2003b).


Funções, sinais vitais e sinais de apoio 9

(a) (b)

Figura 3. Da esquerda para direita: mãos com característica de Cianose (a) e pés com
característica de Hiperemia (b).
Fonte: (a) Alterações... ([201-?, documento on-line]); (b) Hanning (2018, documento on-line).

Estado de consciência: esse sinal é de suma importância, pois permite relatar


se a pessoa acidentada se encontra em estado de alerta ou não, ou seja, se
está consciente do que acontece ao seu redor ou não. Para tal, utiliza-se de
estímulos sensoriais, verbais e táteis com a intenção de que a pessoa responda
a tais estímulos (ANDRADE et al., 2007). O perfeito estado de consciência é
quando a pessoa consegue relatar com detalhes o que lhe aconteceu, informar
seu nome e a data corretamente, com tranquilidade, por exemplo. Quando a
vítima está apreensiva, nervosa, com medo e desatenta, consequentemente
ela não estará em seu pleno estado de consciência. Uma pessoa pode estar
inconsciente pois levou um choque, ou teve um desmaio, uma parada cardíaca
ou respiratória, até mesmo o uso excessivo de álcool e outras drogas.

Quando ocorre um desmaio, há uma súbita e breve perda da consciência, juntamente


com a diminuição do tônus muscular e a redução da frequência cardíaca e respiratória.
Esse estado é diferente do coma, que se caracteriza por uma perda de consciência
por um longo período, podendo a pessoa, inclusive, deixar de responder a estímulos
dolorosos, bem como a perder os reflexos.
10 Funções, sinais vitais e sinais de apoio

Motilidade e sensibilidade do corpo: refere-se à capacidade de movimentar ou


sentir determinadas partes do corpo. A falta de mobilidade e/ou sensibilidade
é um sinal muito importante que deve ser observado com grande atenção, pois,
segundo Brasil (2003b, documento on-line):

Quando há incapacidade de uma pessoa consciente realizar certos movimentos,


pode-se suspeitar de uma paralisia da área que deveria ser movimentada. A
incapacidade de mover o membro superior depois de um acidente pode indi-
car lesão do nervo do membro. A incapacidade de movimento nos membros
inferiores pode indicar uma lesão da medula espinhal.

Por esse motivo, pedir que a pessoa acidentada movimente a ponta dos
dedos das mãos e dos pés é tão importante. Às vezes, a pessoa acidentada
apresenta movimento e sensibilidade nos membros, mas há queixa de dormên-
cia e formigamento, podendo isto também ser indicativo de lesão medular,
devendo todas essas informações serem transmitidas para o serviço de saúde
especializado.
Conhecer e verificar rapidamente todos esses sinais é importante para que
o socorro possa ser realizado da melhor e mais assertiva maneira possível.
Mas, para tal, é necessário conhecer as técnicas e métodos adequados para a
verificação de cada um deles, o você poderá acompanhar a seguir.

Aferindo os sinais vitais


Como visto anteriormente, os sinais vitais ou ainda funções vitais, são os
indicadores de vida; são eles que nos mostram o nosso estado de saúde ge-
ral. Por terem tamanha importância, ao longo dos anos foram inventadas e
aprimoradas técnicas para aferir esses sinais da maneira mais fiel e adequada
possível. Entender estas técnicas e procedimentos é imprescindível para um
bom atendimento de saúde, como você verá a seguir.

Temperatura: esse sinal vital é aferido com o auxílio de um termômetro,


podendo ser o de mercúrio ou o digital. Esse instrumento pode ser utilizado
para verificar a temperatura corporal pelos métodos abaixo (BRASIL, 2003a).

„„ Oral: o termômetro deve ser de uso individual, ou seja, não pode ser
compartilhado. Ele der ser posicionado abaixo da língua e mantido
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firme e com os lábios fechados por 3 minutos. Não se deve utilizar esse
método em crianças, idosos, pessoas inconscientes ou após ingestão
de alimentos.
„„ Retal: é a medição mais precisa, ou seja, a que apresenta a temperatura
de maneira mais fidedigna. Para realizar esta aferição, é necessário que
a pessoa esteja em decúbito lateral, inserindo cerca de 3,5 cm, mantendo
o termômetro por 3 minutos. É importante que o termômetro seja de
uso individual.
„„ Axilar: esta é a verificação menos invasiva e, por consequência, a mais
utilizada, mesmo não sendo tão precisa. Para que a verificação seja
adequada, é necessário ter o cuidado ao colocar o termômetro na axila,
pois somente a pele deve entrar em contato com o termômetro, bem
como cuidar para que a axila esteja seca, pois o suor pode modificar
o resultado da aferição. Para este procedimento, é indicado deixar o
termômetro de 5 a 7 minutos.

Para realizar esta aferição, o bulbo (ou seja, a parte de metal, que mede
a temperatura) deve ser colocado sob a axila seca, devendo ser colocado o
braço, com o cotovelo flexionado, sobre o peito, com a mão em direção ao
ombro oposto; mantendo o termômetro durante o período indicado. Para ler
o termômetro, o ideal é que o segure na altura dos olhos, principalmente nos
termômetros de mercúrio, para melhor visualização do resultado. Após o uso,
é importante higienizar o equipamento, com álcool a 70%.

Frequência Cardíaca (FC): também conhecida como pulso, ela mede quantos
batimentos o coração está dando em 1 minuto. Para tal, é possível contar,
por 1 minuto, quantos batimentos aconteceram nesse intervalo de tempo,
ou, o mais utilizado, que é contar os batimentos por durante 15 segundos,
multiplicando o número de batimentos por 4, dando assim, a quantidade de
batimentos em 1 minuto.
Mesmo tendo o nome usual de “pulso”, os batimentos podem ser verifica-
dos em diferentes locais do corpo humano (Figura 4), mas, pela praticidade e
eficiência, o local mais utilizado é o pulso. Para fazer a verificação da FC no
pulso, usa-se a ponta dos dedos indicador e médio na parte anterior do punho.
É importante fazer um pouco de pressão, mas sem pressionar demasiadamente.
Para sentir o pulso com mais facilidade, é indicado (BRASIL, 2003b):
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1. Procurar acomodar o braço do acidentado em posição relaxada.


2. Usar o dedo indicador, médio e anular sobre a artéria escolhida para
sentir o pulso, fazendo uma leve pressão sobre qualquer um dos pontos
onde se pode verificar mais facilmente o pulso de uma pessoa.
3. Não usar o polegar para não correr o risco de sentir suas próprias
pulsações.
4. Contar no relógio as pulsações num período de 60 segundos. Nesse
período deve-se procurar observar a regularidade, a tensão, o volume
e a frequência do pulso.
5. Anotar em um papel o valor verificado (BRASIL, 2003a).

Figura 4. Localização das artérias utilizadas para avaliação dos pulsos periféricos.
Fonte: Costa e Eugenio (2014, p. 77).
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Frequência respiratória (FR): é a quantidade de vezes que uma pessoa respira


em 1 minuto. Para tal, inicialmente, é necessário e importante verificar se a
pessoa está respirando. Caso a resposta seja positiva, é importante verificar a
frequência da respiração, ou seja, quantas vezes a pessoa completa o movimento
respiratório em 1 minuto.
A contagem pode ser feita observando-se a elevação do tórax e/ou abdômen,
podendo ser feita ainda se contando as saídas de ar quente pelas narinas por
10 segundos. Para isso, deve-se aproximar bem a orelha do rosto da vítima,
de maneira que o olhar fique na direção do seu tórax, e executar a técnica ver,
ouvir e sentir, da seguinte forma: ver se há movimento do tórax e do abdômen;
ouvir se se existe ruído do ar entrando e saindo pela boa ou nariz e sentir o
ar saindo da boca ou nariz.
A frequência média por minuto dos movimentos respiratórios varia com a
idade. Se levarmos em consideração uma pessoa em estado normal de saúde,
por exemplo: um adulto possui um valor médio respiratório de 14–20 respi-
rações por minuto (no homem) ou 16–22 respirações por minuto (na mulher),
enquanto uma criança, nos primeiros meses de vida, 40–50 respirações por
minuto (BRASIL, 2003b).

Ciclo respiratório é como é chamado o movimento completo da respiração, composto


por 1 inspiração + 1 expiração = 1 movimento respiratório.

Pressão Arterial (PA): esse pode ser considerado o procedimento de medição


mais complexo e com o maior número de instrumentos e, por isso, necessita de
uma maior atenção. Para realizar esse procedimento faz-se necessário o uso do
estetoscópio e do esfigmomanômetro. A pessoa da qual se está verificando a
PA deve estar na posição sentada, semi-sentada (reclinada) ou deitada, sendo
esta a melhor posição para realizar o procedimento.
Inicialmente é importante tranquilizar a pessoa, explicando qual procedi-
mento será feito. Com o braço apoiado ao mesmo nível do coração, coloque o
manguito ao redor do braço, a cerca de 4 dedos da dobra do cotovelo e feche-o
14 Funções, sinais vitais e sinais de apoio

de maneira que fique ajustada ao braço. Feche a saída de ar e insufle o manguito


utilizando a pera até que o ponteiro atinja a marca de 200 mm Hg. Posicione-o
na artéria umeral, abaixo do manguito, e ouça se há batimentos. Abra a saída
de ar lentamente; conforme o manguito vai desinflando, é possível ouvir os
batimentos cardíacos. Marque bem o ponto onde eles iniciam pois esta será a
PA sistólica. No ponto onde não for mais possível ouvir será a PA diastólica
(BRASIL, 2003a; BRASIL, 2003b) (Figura 5).

Figura 5. Instrumentos para a aferição da pressão arterial. (A e B) Esfigmomanômetro


aneroide ou de coluna de mercúrio. (C) Estetoscópio clínico. (D) Monitor digital de PA.
Fonte: Costa e Eugenio (2014, p. 84).

Neste vídeo do telessaúde, você pode verificar a técnica de aferição da pressão arterial.
Acesse-o no link a seguir.

https://qrgo.page.link/qJY66

Conhecer corretamente as técnicas de aferição é crucial para se ter consciên-


cia do estado de saúde da pessoa acidentada da maneira correta. Caso você não
se sinta confiável para realizar tais procedimentos, é interessante pedir ajuda
ou, caso os faça, explicar para o Serviço de Atendimento Médico de Urgência
(SAMU) que pode ser que tal aferição não esteja adequada. Compreender as
funções vitais e os sinais de apoio é de grande valia para que o SAMU possa
realizar um atendimento adequado, podendo, assim, salvar uma vida.
Funções, sinais vitais e sinais de apoio 15

ALTERAÇÕES da coloração da pele. Cianose. [S. l.], [201-?]. Disponível em: https://www.
studyblue.com/notes/note/n/alteracoes-da-coloracao-da-pele/deck/20270790. Acesso
em: 21 jul. 2019.
ANDRADE, A. F. et al. Coma e outros estados de consciência. Revista de Medicina, v. 86,
n. 3, p. 123–131, 2007. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/revistadc/article/
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BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de primeiros socorros. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2003b.
Disponível em: http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/manuais/biosseguranca/
manualdeprimeirossocorros.pdf. Acesso em: 21 jul. 2019.
BRASIL. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de
Gestão da Educação na Saúde. Profissionalização de auxiliares de enfermagem. Brasília,
DF: Ministério da Saúde, 2003a. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publi-
cacoes/profae/pae_cad3.pdf. Acesso em: 21 jul. 2019.
COSTA, A. L. J. da; EUGENIO, S. C. F. Cuidados de enfermagem. Porto Alegre: Artmed,
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HANNING, C. Hiperemia da pele: o que é isso?: causas de hiperemia da pele. Brasil, 2018.
Disponível em: https://pt.carolchanning.net/zdorove/128292-giperemiya-kozhnyh-
-pokrovov-chto-eto-takoe-prichiny-giperemii-kozhnyh-pokrovov.html. Acesso em:
21 jul. 2019.
LEONEL, C. Pupilas dilatadas pode ser sinal de doença. Brasil, 2019. Disponível em: https://
www.medicinamitoseverdades.com.br/blog/pupilas-dilatadas-pode-ser-sinal-de-
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POTTER, P. A.; PERRY, A. G. Fundamentos de enfermagem. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier;
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Leituras recomendadas
ALCANTARA, P. L et al. Efeito da interação com palhaços nos sinais vitais e na comu-
nicação não verbal de crianças hospitalizadas. Revista Paulista de Pediatria, v. 34, n. 4,
p. 432–438, 2016. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/
S2359348216000324. Acesso em: 21 jul. 2019.
NISHIDAN, J. K.; NASSAR, V.; VIEIRA, M. L. H. Processo interativo para aferição de sinais
vitais de pacientes: proposta de uma pulseira multiparamétrica. Hergodesign e HCI,
v. 4, nesp., p. 85−92, 2016. Disponível em: http://periodicos.puc-rio.br/index.php/
revistaergodesign-hci/article/download/122/158/. Acesso em: 21 jul. 2019.
TEIXEIRA, C. C. et al. Aferição de sinais vitais: um indicador do cuidado seguro em idosos.
Texto & Contexto Enfermagem, v. 24, n. 4, p. 1071-1078, 2015. Disponível em: http://www.
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