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UNIVERSIDADE ROVUMA

EXTENSÃO DE CABO DELGADO

Licenciatura em Ensino de História com Habilidades em Documentação


AS RESISTÊNCIAS DOS ESCRAVOS NAS AMÉRICAS

Atija Uraibo Sumail

Montepuez, Junho, 2022

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UNIVERSIDADE ROVUMA
EXTENSÃO DE CABO DELGADO

Licenciatura em Ensino de História com Habilidades em Documentação


AS RESISTÊNCIAS DOS ESCRAVOS NAS AMÉRICAS

Trabalho de carácter avaliativo a ser


entregue na cadeira de História de África
II, 2º Ano, 1º Semestre. Recomendado
pelo docente MA. Mouzinho M. Lopes.

Atija Uraibo Sumail

Montepuez, Junho, 2022

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Índice
1. Introdução.............................................................................................................................1

2. Conceitos preliminares.........................................................................................................2

2.1. Resistência........................................................................................................................2

2.2. Escravo..............................................................................................................................2

3. As resistências dos escravos nas américas............................................................................2

3.1. A resistência contra a escravidão..........................................................................................3

3.2. Símbolo da resistência negra (Quilombo).............................................................................4

Conclusão.....................................................................................................................................6

Referência Bibliográfica..............................................................................................................7

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1. Introdução
A presente pesquisa, referente a cadeira de História de África II, basea-se num estudo teórico e
visa abordar aspectos ligados as resistências dos escravos nas Américas, com o objectivo de
definir a escravidão e resistência; e descrever as resistências dos escravos nas Américas.

A utilização de escravizados negros, nas minas, fazia-se necessária em lugares onde não havia
nativos à mão, a exemplo de Nova Granada, atualmente Colômbia, ou quando estes já haviam
sido exterminados. Nas minas de prata de Potosi, por exemplo, ocorreu um verdadeiro
morticínio, gerando preocupação, por parte da Coroa espanhola, e a ideia de utilizar – no lugar
dos nativos-, escravizados africanos. Diante do alto custo monetário para comprá-los, por meio
do tráfico negreiro, os castigos e maus-tratos poderiam diminuir por parte dos exploradores das
minas. Acreditava-se que os senhores passariam a valorizar a mão de obra do escravizado,
evitando, assim, o prejuízo financeiro com a morte devido a excessos físicos e a punições. Com
essas palavras, levanta-se a seguinte pergunta: Quais foram as formas de resistências dos
escravos nas Américas?

Em fim, nesta pesquisa, usou-se o método bibliográfico, para o levantamento de informações


pertinentes ao tema proposto. Contudo, o trabalho compreende a seguinte estruturação:
introdução, analise e discussão (desenvolvimento), conclusão e por ultimo referência
bibliográfica.

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2. Conceitos preliminares
2.1. Resistência

Para Carvalho (2002), é prática social em que um ser humano assume direitos de propriedade
sobre outro, designado por escravo, imposta por meio da força.

2.2. Escravo

É todo indivíduo que vive privado da liberdade, em absoluta sujeição a um senhor que pertence
como propriedade, (Duarte,2003).

3. As resistências dos escravos nas américas

No transcorrer do século XV, a expansão de Portugal, ao longo da costa africana, favoreceu, com
o aval de bulas papais, o tráfico negreiro. Totalizando 1.552.000 escravizados, trazidos nos
tumbeiros ou navios negreiros, a América espanhola perde em índice numérico para o Brasil que,
atingiu o total de 4,8 milhões de escravizados, (Munanga, 2006).

Para o autor acima citado, o número inferior de escravizados negros, na América espanhola,
justifica-se pelo fato de que o nativo conhecia técnicas de mineração e já havia sido subjugado
pelos espanhóis em suas conquistas neste continente. Além disso, a taxa de mortalidade nas
minas, em virtude da insalubridade, era grande e repor constantemente esta mão de obra com a
compra, por meio do tráfico negreiro, significava investimento financeiro.

Na ótica do Bernd (2011), as maiores concentrações de escravizados ocorreram nas seguintes


regiões: Caribe, América Central, norte da América do Sul, litoral nordestino, litoral do Sudeste
e o interior de Minas Gerais. Nos engenhos de açúcar, em Cuba, os senhores permitiram que os
escravizados tivessem locais próprios para o plantio, visando a sua subsistência, desde que isto
não atrapalhasse outras atividades de rotina desenvolvidas com fins lucrativos.  Em São
Domingos, os negros também trabalharam na criação do gado. No Brasil a mão de obra negra foi
explorada por quatro séculos, sendo o sustentáculo da nossa produção econômica,
principalmente, no Ciclo do Açúcar, do Ouro e do Café.

A passividade do escravizado, diante da sua condição, constitui-se num mito. Havia várias
formas de resistência à escravidão, como a fuga para os quilombos, o assassinato do seu senhor e

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o aborto dos nascituros. Esta última forma, somada ao fato de chegarem mais escravizados do
sexo masculino que mulheres, justifica o baixo índice de reprodução e nascimentos de negros nas
colônias ibéricas. Já nas colônias inglesas da Virgínia e Carolina do Sul havia verdadeiros
criadores de escravos que se encarregavam da tarefa de reposição de futura mão de obra, (Santos,
1985).

3.1. A resistência contra a escravidão

De acordo com Pesavento (1988), onde houve escravidão houve resistência, e, vale mencionar,
de vários tipos. Mesmo sob a ameaça do chicote, o negro escravizado negociava espaços de
autonomia com os senhores ou boicotava a produção, quebrava propositadamente as ferramentas,
incendiava as plantações, agredia senhores e feitores ou rebelava-se, individual e coletivamente.

No pensar do autor, a lista é grande e conhecida. Houve, no entanto, um tipo de resistência que
poderíamos caracterizar como a mais típica da escravidão – e de outras formas de trabalho
forçado. Trata se da fuga e formação de grupos de negros fugidos.

É importante ressaltar que a fuga nem sempre levava à formação desses grupos. Ela podia ser
individual ou até grupal, e os escravos terminavam procurando se diluir no anonimato da massa
escrava e de negros livres. Nesses casos, o destino podia ser as cidades, onde não se estranhava a
circulação de homens e mulheres de vários matizes raciais, que vieram a formar setores
consideráveis, em muitas regiões até maioritários da população livre (Reis e Gomes, 1996, p.9,
citado por Lopes, 1999).

Para Lopes, (1999), aconteceram nas Américas, onde vicejou a escravidão, fugas que levavam à
formação de grupos de escravos fugidos, aos quais frequentemente se associavam outros
personagens sociais. Tinha nomes diferentes:

 Na América espanhola, palenques, cumbes;

 Na Inglaterra, maroons; na francesa grand marronage (para diferenciar da petit marronage, a


fuga individual, geralmente temporária);

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 No Brasil, esses grupos eram chamados, principalmente, quilombos e mocambos e seus
membros, quilombolas, calhambolas ou mocambeiros.

Segundo José, Curto (2005, p. 67-68), et al, citado por Santos (1985), seria também muito
comum do outro lado do Atlântico, onde alguns aprisionados já tentavam escapar das mãos dos
pombeiros que os carregavam para o litoral onde seriam traficados. (Curto, 2005, p. 67-68)
Embora não tivessem sido as únicas, a revolta e a formação de quilombo foram das mais
importantes formas de resistência coletiva contra a escravidão.

Na perspectiva de Freitas (1986), a história registra a inconformidade dos oprimidos contra o


sistema opressor e escravocrata, No caso da exploração do nativo, houve uma revolta, em 1712,
no sul do México; e também no Peru eclodiram no período de 1743 a 1750 e 1781. Ainda no
contexto da América espanhola, os escravizados africanos se organizavam em palenques que se
constituíam em redutos de negros fugidos, equivalendo-se ao que conhecemos como quilombos,
a exemplo da Colômbia (1750 -1790) e da Venezuela (1795).

O Haiti, sob a dominação francesa, vivenciou uma revolução sangrenta (1791-1804), que
colocou no poder líderes negros.  Após um ano, realizada a independência, instalou-se uma
monarquia e depois se instituiu uma república dirigida por ex-escravos. A Revolução Haitiana é
considerada um marco  na história dos africanos nas Américas, (Freitas, 1986).

3.2. Símbolo da resistência negra (Quilombo)

No caso da América portuguesa, no Brasil, o Quilombo dos Palmares (1630-1695) ficou famoso.
Resistindo aos ataques e emboscadas de expedições militares, este quilombo se destacou devido
à sua organização político-social e pela força do seu líder Zumbi (1655-1695), cujo nome nos
remete ao “Dia da Consciência Negra“, comemorado, em 20 de novembro, em alusão ao dia da
morte desse líder. Oficialmente instituído, em âmbito nacional, mediante a lei nº 12.519 de 10
/11/ 2011, a data foi reconhecida devido à mobilização do Movimento Negro e da liderança do
ativista gaúcho e professor Oliveira Silveira (1941-2009) que teve a iniciativa de propor o
reconhecimento da figura de Zumbi, como símbolo de resistência e luta dos afrodescendentes no
Brasil, José, Curto (2005, p. 78-82, citado por Carvalho, 2002).

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Segundo o autor acima citado, os historiadores, no início da década de 1970, descobriram a data
da morte de Zumbi dos Palmares, motivando o Movimento Negro Unificado contra a
Discriminação Racial, em um congresso, que se realizou, em 1978, ainda no período da Ditadura
Militar (1964-1985), a eleger a figura do líder Zumbi, como um ícone da luta e da resistência dos
negros escravizados, assim como da luta por direitos que os afrodescendentes reivindicam no
Brasil.

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Conclusão

Documentos oficiais e eclesiásticos confirmam, desde o século xvi, na América espanhola e no


Brasil, a existência de uma espécie de população flutuante entre os escravos, indivíduos que
escapavam das plantations e das minas para se unirem aos cimarrones das montanhas próximas,
mas que logo regressavam, seja para visitarem parentes ou simplesmente para pressionarem os
seus senhores a autorizá-los a, por exemplo, casarem com escravas de outros proprietários.
Delicados são os procedimentos que permitem avaliar o quão generalizáveis podem ser os
números encontrados para a América portuguesa. Isto porque, fascinados pelas grandes revoltas
de escravos e pelas bem estruturadas comunidades de fugitivos, os investigadores geralmente
relegam para um plano secundário a análise da resistência quotidiana e não necessariamente
tendente à superação da escravidão, como foi o caso da maioria das fugas.

Embora alguns fugitivos lograssem reinventar-se forros, mudando de nome e passando a viver de
ganhos eventuais no campo e nas cidades, e outros, raros, embarcassem em navios mercantes e
regressassem a África, a maior parte dos que jamais foram recapturados encontrava alternativa
distinta. Do Rio de la Plata ao sul dos Estados Unidos, os palenques, quilombos, cumbes,
marrons e mainels constituíam-se e reconstituíam-se nas franjas das plantations, minas e cidades.
Só na Nueva Granada, entre os rios Cauca e Magdalena e ao redor de Cartagena, foi identificada
mais de meia centena de palenques entre os séculos xvi e xviii, dos quais os de San Basílio, La
Ramada, Santa Cruz de Mazinga, Betancur, Uré, Matuderé e San Jacinto são os mais famosos.

Em fim, nas regiões de fronteira aberta era frequente a criação de redes de interação com as
comunidades indígenas, com as quais os fugitivos se mesclavam e até se diluíam, seja porque o
poder militar dos nativos inibia as forças coloniais, seja pelo facto de a sua existência minorar as
dificuldades dos recém-escapados.

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Referência Bibliográfica

1. Bernd, Z. (2011). Literatura e identidade nacional. Porto Alegre: Editora da UFRGS.


2. Carvalho, J. M. (2002). Cidadania no Brasil. O longo Caminho. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira.
3. Duarte, R. O. (2003). Manual sobre discriminação racial: a perspectiva dos direitos
humanos. Recife: Djumbay.
4. Freitas, D. (1986). Brasil Inconcluso. Porto Alegre: Escola Superior de Teologia.
5. Lopes, L. R. (1999). A Aventura dos Descobrimentos. Porto Alegre: Editora Novo Século.
6. Moura, C. (1988). Rebeliões da Senzala.  Porto Alegre: Mercado Aberto.
7. Munanga, K.; Gomes, N. L.  (2006). Para entender o negro no Brasil de hoje: história,
realidades, problemas e caminhos. São Paulo: Global Editora e Distribuidora Ltda.
8. Pesavento, S. J. (1988). De escravo a liberto um difícil caminho. Porto Alegre: CODEC /
Instituto Estadual do Livro (IEL).
9. Santos, J. R. (1985). Zumbi. São Paulo: Moderna.

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