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A D V O G A D O S, L D A.

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Setembro 2011 | N.º 45 | Mensal Tiragem 500 exemplares | Distribuição

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Áreas de Intervenção
Serviços Jurídico/Comerciais Contencioso Reforma Legal

Nota do Editor
Índice Caros Leitores: Interesse Turístico em
Moçambique” agora com a
Zonas de Interesse Turístico em Moçam- 2
bique – Parte II
Nesta edição são abordados sua Parte II.
temas como “As Formas de Pode ainda, como habitual-
As Formas de Suspensão da Relação de 3 Suspensão da Relação de mente, consultar o nosso
Trabalho e seus Efeitos Gerais
Da Obrigatoriedade da Remessa do Pro-
Trabalho e seus Efeitos Calendário Fiscal e a Nova
cesso Disciplinar ao Órgão Sindical
4
Gerais”, “Da Obrigatoriedade Legislação Publicada.
A Possibilidade de Indeferimento Liminar 5 da Remessa do Processo A finalizar, partilhamos tam-
em Sede de Recurso de Apelação 1 Disciplinar ao Órgão Sindical” bém consigo as diversas dis-
Nova Legislação Publicada 6 e “A Possibilidade de Indeferi- tinções que recebemos ao
Novas Taxas a Pagar em Diversos Secto- 6 mento Liminar em Sede de longo deste ano e que poderá
res e Serviços
Recurso de Apelação”. visualizar em rodapé.
Obrigações Declarativas e Contributivas -
Calendário Fiscal 2011 -(Novembro)
6
De igual modo damos conti-
nuidade á série “Zonas de Tenha uma boa leitura !

Ficha Técnica
Direcção: Jorge Soeiro
Edição, Grafismo e Montagem: Sónia Sultuane
Dispensa de Registo: Nº 125/GABINFO-DE/2005
Colaboradores: Alexandre Chivale, Danilo Nhaca, Diana Ramalho, Olga Pelembe, Olívia
Ribeiro, Raimundo Nefulane, Rute Nhatave.

José Manuel Caldeira Samuel Levy José Manuel Caldeira

Proteja o ambiente: Por favor não imprima esta Newsletter se não for necessário

As opiniões expressas pelos autores nos artigos aqui publicados, não veiculam necessariamente o posicionamento da Sal & Caldeira.
Zonas de Interesse Turístico em Moçambique – Parte II

matéria assente que Moçam- A declaração de ZIT, teve por objectivo central proporcionar a
É bique possui um elevado melhoria do clima de investimento e ambiente de negócios em
potencial turístico, dai que o Moçambique, definindo zonas de desenvolvimento de projectos
Governo já tenha identificado o turísticos integrando toda a sua cadeia de valores e garantindo
Turismo como um sector económi- desta forma uma contínua atracção de investimentos directos,
co prioritário, estando agora em externo e interno, para a execução de projectos específicos,
processo de efectivar a conversão em áreas devidamente seleccionadas e adequadas ao investi-
desse potencial turístico do País mento
em investimento tangível e de A primeira implicação imediata da criação das acima referidas
qualidade. ZIT é a suspensão de emissão de títulos e autorizações que
Olívia Ribeiro
Jurista
Na publicação da Newsletter nº. confiram direito de uso e aproveitamento de terra, licenças
43 de Setembro de 2011, inicia- especiais ou qualquer outra forma de ocupação, bem como a
oribeiro@salcaldeira.com mos a abordagem das Zonas de emissão de licenças para o exercício de actividades económi-
Interesse Turísticos (“ZIT”). Na referida publicação e como cas.
forma de divulgação das ZIT, como um dos regimes com possí- As autorizações e licenças supra mencionadas ficam sujeitas à
veis impactos positivos ao nível das actividades turísticas, aprovação do Plano de Ordenamento e Desenvolvimento
desenvolvimentos normativos posteriores ao regime jurídico (“POD”) da zona abrangida pela declaração. Pretende-se que o
fixado no Diploma Ministerial n.º 77/2009, de 15 de Dezembro POD venha a determinar o programa de acções necessárias
tiveram lugar. O presente artigo visa dar continuidade ao tema para o desenvolvimento de cada ZIT criada, bem como as
iniciado. A presente edição pretende informar sobre os referi- medidas de preservação do meio ambiente e sobre o uso sus-
dos desenvolvimentos mais recentes na matéria, especifica- tentável dos recursos de cada zona.
mente, sobre as zonas já declaradas como ZIT no país. Os decretos de criação das ZIT determinam que o respectivo
Foram publicadas através do Boletim da República de 31 de
Dezembro de 2010, I Série, Número 52, as ZIT declaradas pelo ´´ Apesar de, com a aprovação do Regula-
Conselho de Ministro na sua XXIV Secção, realizada em 13 de mento das Zonas de Interesse Turístico ter
Julho de 2010, nomeadamente: havido desenvolvimentos normativos nesta
Decreto n.º 70/2010, de 31 de Dezembro10, declara como
matéria, para sua efectiva implementação,
ZIT a zona do Chiunga, situada no Município de Metangula,
Distrito do Lago, Província de Niassa, com 80 hectares;
continua a haver necessidade que se proce-
Decreto n.º 71/2010, de 31 de Dezembro, declara como ZIT da à regulamentação de matérias remetidas
a zona florestal da Cidade de Lichinga, Província de Niassa, a diplomas específicos.´´
com 100 hectares;
Decreto n.º 72/2010, de 31 de Dezembro, declara como ZIT
a Cidade de Pemba, Costa Leste até Murrébué, Província de
Cabo Delgado, com 1081 hectares; POD deve ser aprovado no prazo de seis meses contados a
Decreto n.º 73/2010, de 31 de Dezembro, declara como ZIT partir da data da entrada em vigor de cada Decreto.
a zona do Chiunga, situada no Município de Metangula, Isto implica que, apesar de após a aprovação do Regulamento
Distrito do Lago, Província de Niassa, com 80 hectares; das Zonas de Interesse Turístico ter havido novos desenvolvi-
Decreto n.º 74/2010, de 31 de Dezembro, declara como ZIT mentos normativos na matéria, a sua efectiva implementação
a área das Ilhas Crusse e Jamali, Província de Nampula, continua ainda por ser efectivada.
com 1750 hectares; Voltamos a ressalvar a importância de, entre outros aspectos,
Decreto n.º 75/2010, de 31 de Dezembro, declara como ZIT que se proceda à regulamentação das matérias remetidas a
a zona de Mapanzene e Chipongo, Província de Inhambane, diplomas específicos, designadamente os procedimentos para
com 2750 hectares; e, tramitação de expediente, as regras para a actividade de ins-
pecção das ZIT, as taxas a ser aplicadas pelo INATUR pela
Decreto n.º 79/2010, de 31 de Dezembro, declara como ZIT
prestação de serviços de facilitação institucional, bem como o
a Baía de Pemba, Província de Cabo Delgado com 1400
esclarecimento e ou definição dos prazos aplicáveis, conforme
hectares.
o caso, visando a determinação da duração do processo no
As nove zonas situadas nas Províncias de Cabo Delgado, Nias-
seu todo.
sa, Nampula e Inhambane, foram consideradas de interesse
Portanto, na expectativa de que o POD de cada uma das zonas
turístico porque reúnem características relevantes para atrair
criadas seja aprovado dentro do prazo legalmente estabeleci-
projectos de desenvolvimento turístico integrado, por possuir
do, fechamos o presente texto, que esperamos voltar a comple-
recursos naturais e histórico-culturais capazes de originar cor-
mentar em breve com informação sobre os instrumentos em
rentes de turistas nacionais e internacionais que possam acele-
falta para a completa implementação das ZIT.
rar o desenvolvimento no país, conforme referências nos decre-
tos de criação.

SAL & Caldeira Newsletter Página 2/6 Setembro/2011


As Formas de Suspensão da Relação de Trabalho e seus Efeitos Gerais
Os efeitos que derivam da suspensão da relação laboral por
A relação individual de trabalho
é baseada no vínculo estabe-
lecido entre os seus sujeitos, o
motivo respeitante ao trabalhador são: i) conservação do posto
de trabalho; ii) manutenção dos deveres acessórios (mormente
empregador e o trabalhador, ten- os deveres de lealdade e de respeito mútuos) e iii) conservação
da antiguidade, na medida em que não obstante a relação labo-
do por regra como fonte um con-
trato de trabalho. ral encontrar-se suspensa, o contrato de trabalho subsiste, com
excepção dos casos de prisão preventiva do trabalhador nos
Desta relação surgem direitos, quais a suspensão só conta para a antiguidade do trabalhador
deveres e garantias para os sujei- se o processo terminar com a não-acusação ou com a absolvi-
tos, podendo-se indicar, a título ção deste.
exemplificativo, o direito à remu-
neração e os deveres de urbani- A suspensão da relação individual de trabalho por motivo res-
peitante ao trabalhador não interrompe o prazo de caducidade
dade, lealdade e de respeito
mútuo. Porém, ao longo da sua nos contratos de trabalho a prazo certo que atinjam o seu ter-
Danilo Nhaca
Jurista
vigência podem ocorrer situações mo durante o período da referida suspensão.
dnhaca@salcaldeira.com que obriguem á suspensão dessa Importa também referir que a não reintegração do trabalhador,
relação por motivos respeitantes após extinto o motivo que originou a suspensão da relação
i) ao trabalhador ou ii) à entidade empregadora, mantendo-se laboral, corresponderá a despedimento tácito e sem justa cau-
todavia alguns desses direitos, deveres e garantias. sa, salvo nos casos em que não seja possível a sua reintegra-
ção com fundamento no disposto no artigo 130 da L.T.
O presente artigo visa abordar, ainda que de forma sucinta, os
principais aspectos que resultam da suspensão da relação de Por seu turno, a suspensão da relação de trabalho por motivo
trabalho e seus efeitos gerais. respeitante ao empregador pode ocorrer por motivos económi-
Por motivo respeitante ao trabalhador, a relação individual de cos, entendendo-se estes como sendo os resultantes de i)
motivos de mercado; ii) tecnológicos; iii) catástrofes ou iv)
trabalho suspende-se: i) durante a prestação do serviço militar
obrigatório e ii) durante o período em que o trabalhador se outras situações que possam, previsivelmente, afectar a activi-
encontre provisoriamente privado de liberdade – alíneas a) e b) dade normal da empresa ou estabelecimento – nº 1 do artigo
123 da L.T.
“A suspensão da relação individual do Em tais situações o empregador deve sempre comunicar, por
escrito, a cada trabalhador abrangido, os fundamentos da sus-
trabalho por motivo respeitante ao tra- pensão e indicar a data do início e da duração da mesma. O
empregador deve, simultaneamente, remeter cópias dessas
balhador não interrompe o prazo de comunicações ao Ministério que tutela a área do trabalho e ao
caducidade nos contratos de trabalho a órgão sindical existente na empresa ou, na falta deste, a asso-
ciação sindical representativa.
prazo certo que atinjam o seu termo Diferentemente da suspensão por motivo respeitante ao traba-
durante o período da referida suspen- lhador, na suspensão por motivo respeitante ao empregador, o
dever de pagamento das remunerações por parte da entidade
são”. empregadora subsiste, ainda que de forma parcial, na medida
em que durante a suspensão a entidade empregadora deve
pagar ao trabalhador setenta e cinco por cento, cinquenta por
do nº 1 do artigo 122 da Lei 23/2007, de 01 de Agosto (Lei do cento e vinte e cinco por cento das respectivas remunerações,
Trabalho), doravante L.T.
no primeiro, segundo e terceiro mês, respectivamente, não
Por regra nas situações acima referidas suspendem-se os direi- devendo, em qualquer dos casos, as mesmas ser inferiores ao
tos, deveres e garantias das partes inerentes à efectiva presta- salário mínimo nacional.
ção de trabalho (como o pagamento das remunerações e a Contudo, se o impedimento subsistir, para além de três meses,
prestação da actividade laboral), enquanto que os deveres
o pagamento das remunerações suspende-se, podendo em tais
acessórios, como o dever de lealdade do trabalhador em rela- casos as partes acordar a extinção da relação laboral, sem
ção ao empregador e a obrigação deste manter o posto de prejuízo das indemnizações a que o trabalhador tenha direito,
trabalho, e o dever de respeito mútuo, subsistem.
sendo que na data da cessação, o empregador é obrigado à
Nos casos de suspensão da relação de trabalho por motivo colocar á disposição do trabalhador compensação calculada
respeitante ao trabalhador este conserva o direito ao posto de nos termos do artigo 128 da L.T., podendo, contudo, a indemni-
trabalho desde que se apresente no respectivo local de traba- zação ser fraccionada em três parcelas, desde que haja acordo
lho nos prazos referidos na lei, designadamente: i) logo que o entre as partes.
impedimento cesse; ou ii) em caso justificado, no prazo de três Tal como a suspensão por motivo respeitante ao trabalhador, a
dias úteis ou iii) no prazo de trinta dias de calendário, contados suspensão da relação laboral por motivo respeitante ao empre-
a partir da data de cessação do serviço militar obrigatório – nº 5
gador não obsta à extinção do contrato de trabalho a prazo
do artigo 122 da L.T. certo, nos casos em que a caducidade opere durante o período
Caso o trabalhador não cumpra com os prazos acima referidos de suspensão e tem igualmente como efeitos i) a conservação
o empregador reserva-se ao direito de não readmiti-lo pelo do posto de trabalho; ii) manutenção dos deveres acessórios e
facto do trabalhador não ter gozado desse direito no tempo iii) conservação da antiguidade do trabalhador.
estipulado. Pode ainda o empregador rescindir o contrato de Em jeito de conclusão, chamamos a atenção do caro leitor para
trabalho, sem a obrigação de indemnizar, se devido à natureza o facto de que a suspensão da relação individual de trabalho
das funções do trabalhador, a sua detenção ou prisão prejudi-
ser uma situação particular e que, por regra, com a cessação
car o normal funcionamento dos serviços, desde que, posterior- do motivo que a originou o trabalhador deve ser reintegrado,
mente, o trabalhador não seja isento de procedimento criminal desde que cumpra com os prazos estabelecidos pela L.T para
ou absolvido – nºs 8 e 4, alínea c) do artigo 127 e alínea b) do
a sua reintegração.
n.º 1 do artigo 122, parte final, todos da L.T.

SAL & Caldeira Newsletter Página 3/6 Setembro/2011


Da Obrigatoriedade da Remessa do Processo Disciplinar ao Órgão Sindical

N o decurso da relação jurídico-


laboral, a entidade emprega-
dora tem a faculdade de exercer o
representativa.” (vide n.º 2 do art. 123º);
“No caso de rescisão do contrato de trabalho, o empregador é
obrigado a comunicar [...] ao órgão sindical ou, na falta deste, à
poder disciplinar sempre que tome
comissão de trabalhadores ou à associação sindical representa-
conhecimento da ocorrência de
tiva [...]” (vide n.º 1 do artigo 131º).
um comportamento culposo de um
Entretanto, mesmo sem ter estabelecido para que entidade (s)
trabalhador que viole os deveres
deverá o empregador submeter o pedido de parecer sobre os
profissionais deste, nos termos
autos do processo disciplinar, a LT elenca, na alínea a) do n.º 1
conjugados do n.º 1 e 2 do artigo
do art. 68º, a falta de remessa dos autos ao órgão sindical
62º com o n.º 1 do artigo 66º,
como uma das causas para a invalidade do processo discipli-
ambos da Lei n.º 23/2007, de 1 de
nar.
Agosto - Lei do Trabalho (LT).
Por forma a satisfazer este requisito legal algumas entidades
Diana Ramalho A LT impõe, no n.º 1 do artigo 65º,
Jurista empregadoras cujos trabalhadores não tenham exercido o direi-
que a aplicação da medida discipli-
to de livremente constituir uma associação sindical optam, à
dramalho@salcaldeira.com nar de suspensão do trabalho,
cautela, por solicitar o parecer ao órgão sindical do seu ramo de
multa, despromoção ou despedi-
actividade. Tal posição não é consensual na medida em que:
mento seja efectuada no âmbito do encerramento de um pro-
cesso disciplinar instaurado contra o trabalhador, que deverá O parecer do órgão sindical é emitido mediante o pagamento
conter: i) a notificação ao trabalhador dos factos de que é acu- de uma taxa administrativa que é cobrada às expensas do
sado; ii) a eventual resposta do trabalhador; e iii) o parecer do empregador constituindo, portanto, um custo adicional para
órgão sindical, cumprindo-se os prazos previstos na alínea b) este; e
do n.º 2 do artigo 67º da LT. A LT veda aos empregadores a promoção da constituição,
Por sua vez, o n.º 2 do artigo 67º da LT consagra que o proces- manutenção ou financiamento do funcionamento das estruturas
so disciplinar é composto por três fases, designadamente: i) a de representação colectiva dos trabalhadores, assim como a
fase de acusação; ii) a fase de defesa; e iii) a fase de decisão. intervenção na organização e direcção destas entidades, bem
Iremos de seguida caracterizar, ainda que de forma muito como que aqueles impeçam ou dificultem o exercício dos direi-
sucinta, as duas primeiras: tos do trabalhador (vide n.º 1 do artigo 138º).
A fase da acusação deve ter início até 30 dias depois de o Apesar das contradições da LT acima apresentadas, alertamos
empregador ter tomado conhecimento da prática de uma infrac- que a não remessa dos autos do processo disciplinar, que cul-
ção disciplinar (não prescrita). Dentro deste período, o empre- mine com a aplicação de uma medida disciplinar, constitui um
gador deve expedir ao trabalhador, e ao órgão sindical existente dos fundamentos para o trabalhador intentar uma acção de
na empresa, a nota de culpa contendo a descrição pormenori-
zada dos factos e das circunstâncias de tempo, lugar e modo
do cometimento de infracção que lhe é imputada.
“A questão com que muitos empregadores
A fase de defesa comporta dois momentos, sendo que o pri-
meiro é o período de 15 (quinze) dias que o legislador confere se debatem é: quid juris se a entidade
ao trabalhador para apresentar a sua defesa e juntar documen- empregadora não tiver órgão sindical?
tos ou requerer a sua audição ou diligências de prova, enquanto
o segundo é o período de 5 (cinco) dias dentro do qual o órgão Poderá o processo disciplinar seguir com
sindical (existente na empresa) emite um parecer relativo ao
processo que lhe foi enviado.
os ulteriores termos legalmente estabeleci-
A questão com que muitos empregadores se debatem é: quid dos, entrando na terceira e última fase do
juris se a entidade empregadora não tiver órgão sindical? Pode-
rá o processo disciplinar seguir com os ulteriores termos legal- processo disciplinar, que culminará com a
mente estabelecidos, entrando na terceira e última fase do decisão da entidade empregadora?”
processo disciplinar, que culminará com a decisão da entidade
empregadora?
É importante frisar que a própria LT contribui para que os
empregadores optem pelo não envio dos autos do processo
pois, a mesma não determina para que entidade (s) deverá ser,
impugnação da medida disciplinar aplicada, por força do vertido
supletivamente, solicitada a emissão do parecer relativo a um
no n.º 1 do artigo 64º da LT conjugado com o n.º 1 do artigo
processo disciplinar, contrariamente a outras situações em que,
161º do Código do Processo de Trabalho.
na falta de órgão sindical existente na empresa, estabelece
Ora, tratando-se de uma acção de impugnação de despedimen-
para que entidade (s) poderão os empregadores enviar uma
to, sendo este declarado ilícito, o trabalhador: (i) terá o direito a
comunicação ou solicitar determinada consulta. Senão vejamos:
ser reintegrado no seu posto de trabalho e a receber as remu-
“A entrada em vigor de regulamentos internos de trabalho [...] nerações vencidas desde a data do despedimento até ao máxi-
é, necessariamente, precedida de consulta ao comité sindical mo de seis meses (vide n.os 1 a 3 do artigo 69º da LT); ou (ii)
da empresa ou, na falta deste, ao órgão sindical competente, querendo, por sua opção expressa ou quando circunstâncias
[...]”; (vide n.º 2 do art. 61º); objectivas impossibilitem a sua reintegração na empresa, a
“O transmitente e o adquirente devem, previamente, informar receber uma indemnização correspondente a quarenta e cinco
dias por cada ano de serviço, nos termos do n.º 5 do art. 69º da
e consultar os órgãos sindicais de cada uma das empresas ou,
LT, situações que não seriam favoráveis para o empregador.
na falta destes, a comissão dos trabalhadores ou a associação
Assim, recomendamos que, à cautela, a entidade empregadora
sindical representativa [...]”; (vide n.º 1 do art. 77º);
solicite o parecer do órgão sindical superior, caso os seus tra-
“O empregador deve comunicar, por escrito, a cada trabalha- balhadores não tenham constituído um comité sindical na
dor abrangido, os fundamentos da suspensão [...] e ao órgão empresa onde prestam as suas actividades.
sindical da empresa ou, na falta deste, à associação sindical

SAL & Caldeira Newsletter Página 4/6 Setembro/ 2011


A Possibilidade de Indeferimento Liminar em Sede de Recurso de Apelação 1

I ntrodução
É recorrente – para quem anda
nos meios forenses – deparar-se,
narmente. Porém, tendo proferido despacho de citação, não
haverá mais lugar a indeferimento liminar, já que, conforme Ana
Prata, Dicionário Jurídico, 3ª Edição, “despacho liminar é o
nos últimos tempos, com decisões primeiro despacho que o juiz profere no processo em acção
pouco consentâneas com as declarativa, no momento em que daquele consta tão-somente a
regras básicas do Direito, sobretu- petição inicial”.
do quando estas emanam de um
tribunal à altura do Tribunal Supre- E outro não podia ser o entendimento, uma vez que esse des-
mo. Mais especificamente, pergun- pacho liminar já havia antes sido proferido pelo Tribunal de
ta-se se pode o Juiz do Tribunal primeira instância. Aliás, como refere a alínea a) do n°1 do
Supremo proferir o despacho limi- artigo 474° do C.P.C3,se a petição for logo considerada inepta,
nar de indeferimento em sede de esta deve ser indeferida liminarmente, não chegando assim a
Alexandre Chivale um recurso de Apelação 2. existir o processo.
Advogado
Contudo, compulsando o referido acórdão do Tribunal Supremo
achivale@salcaldeira.com Procuraremos, no presente artigo, resulta claro que este veio dar razão a Ré, ao considerar inepta
demonstrar que o Juiz só pode a petição inicial da A. Portanto, tendo o Tribunal Supremo
proferir o despacho de indeferimento liminar em primeira instân- declarado essa ineptidão, fica nulo e de nenhum efeito todo o
cia, isto é, nos termos do previsto no artigo 474 do Código de processado, nos termos conjugados da alínea a) do nº 1 do
Processo Civil, uma vez que admitindo o contrário, não custa artigo 494º e do nº 1 do artigo 193º do C.P.C.
perceber o cortejo de inconvenientes que desse entendimento Ora, sendo nulo todo o processo, deve entender-se que a pre-
possam resultar. sente acção é nova, não gozando a A. do benefício concedido
O Problema nos termos do artigo 476° do C.P.C, pois este apenas é aplicá-
Confrontamo-nos há dias com uma acção especial de liquida- vel nos casos do indeferimento liminar da acção declarada pelo
ção da conta em participação em benefício das partes, proposta tribunal da primeira instância. Como se disse, no caso presente,
no Tribunal Judicial da Cidade de Maputo, com fundamento no foram já proferidos vários despachos judiciais a seguir à petição
facto de o Tribunal Supremo ter declarado inepta a petição inicial.
inicial, pedindo que fosse apensado ao processo em relação ao Não pode, por isso, a nova acção correr por apenso ao proces-
so inicial, que foi declarado nulo, muito menos à providência
cautelar que se encontrava dependente do mesmo processo.
Aliás, decorre do nº 2 do artigo 199º do C.P.C que os actos já
“Ora, sendo nulo todo o processo, deve praticados não aproveitam a acção, quando diminuem as
entender-se que a presente acção é garantias do Réu. É que nos presentes autos, a A. vem reque-
nova, não gozando a A. do benefício rer a realização de uma auditoria independente sobre contas
dos anos 1998/1999, que nos termos da legislação fiscal vigen-
concedido nos termos do artigo 476° te (artigo 46° do Regulamento do Código do Imposto sobre o
do C.P.C, pois este apenas é aplicável Rendimento das Pessoas Colectivas, aprovado pelo Decreto nº
nos casos do indeferimento liminar da 9/08 de 16 de Abril), os respectivos documentos deixaram de
ser exigíveis pelo decurso de tempo.
acção declarada pelo tribunal da pri- Conclusão
meira instância. “ Não pode, portanto, ser defensável a possibilidade de em sede
de recurso de apelação proferir-se o despacho de indeferimento
liminar pelas razões acima indicadas, por um lado, e, por outro,
qual foi interposto o recurso, assim como à Providencia Caute- pelo simples facto de não poder-se, no mesmo processo, profe-
lar respectiva, que correram os seus termos no Tribunal Judicial rir-se mais do que um despacho liminar. A única possibilidade
da Cidade de Maputo, supostamente para aproveitar os docu- de se proferir mais do que um despacho liminar, como ensina
mentos juntos aos autos, em alusão ao princípio da economia Tomás Timbane4, é a que vem prevista no artigo 477 do CPC,
processual. nos casos em que tendo o autor sido convidado a corrigir a
É que em 22 de Outubro de 1999, foi intentada uma acção com petição inicial, por falta de indicação da data da ocorrência de
processo especial de prestação de contas, para que a Ré apre- determinados factos, e acedido favoravelmente, se constatar
sentasse as contas da operação de venda de castanha de caju que o direito de propositura da acção caducara. Ainda assim, é
referentes a campanha agrícola 1998/1999, em resultado de fácil perceber que nem mesmo esta possibilidade se cogita em
uma alegada Joint Venture acordada entre a A. e a Ré. sede de um recurso de apelação, mesmo que o Tribunal Supre-
Apesar de a Ré ter fundamentado em sede de contestação que mo julgue em primeira instância5.
a A. usou uma forma imprópria do processo, o Tribunal proce- É, pois, este, a nossa posição sobre a questão que acima se
deu à convolação da acção especial de verificação e apresenta- levanta.
ção de contas em acção de liquidação da conta em participa- 1
Artigo elaborado tendo em atenção o regime de recursos vigente
ção, dando prosseguimento os autos, facto que culminou com antes da entrada em funcionamento dos Tribunais Superiores de
liquidação das contas e condenação da Ré. Recurso.
2
Não conformando com a sentença proferida em primeira instân- A apelação compete da sentença final e do despacho saneador que
cia, a Ré interpôs o competente recurso de apelação ao Tribu- conheça do mérito da causa ou decidam da procedência de alguma
nal Supremo, tendo este declarado inepta a petição inicial e por excepção peremptória que não seja o caso julgado, conforme o artigo
691 do CPC.
conseguinte, proferido o despacho liminar de indeferimento do 3
Vide artigo 193 do CPC para ver que situações dão lugar à ineptidão
requerimento inicial. da petição inicial.
Nossa posição 4
Cfr Tomás Timbane, Lições de Processo Civil I, Maputo, 2010, p.
Como é bom de ver, não pode colher a posição do Venerando 323.
5
tribunal Supremo. Vide artigo 51, alínea d) da lei nº 24/2007, de 20 de Agosto – Lei de
Ora, o Tribunal de primeira instância se tivesse declarado inep- Organização Judiciária.
ta a petição inicial, teria consequentemente que indeferi-la limi-

SAL & Caldeira Newsletter Página 5/6 Setembro/ 2011


Nova Legislação Publicada
Decreto nº 38.2011 - Aprova o Regulamento para ção e Combate ao Terrorismo .
o Licenciamento de Operadores Aéreos Particula-
res Decreto nº 41/2011 de 2 de Setembro de 2011 -
Aprova a Estrutura Orgânica das Forças Armadas
Decreto nº 39.2011 - Regulamento do Exercício de Defesa de Moçambique.
das Actividades de Transporte Aéreo e Trabalho
Aéreo Resolução nº 41/2011 de 15 de Setembro de
2011 - Ratifica o Acordo de Cooperação entre o
Decreto nº 40/2011 de 2 de Setembro de 2011 - Governo da República de Moçambique e o Gover-
Altera os limites da Reserva Especial de Maputo e no da República Socialista do Vietname no domí-
revoga o Diploma Legislativo n.º 22314, de 9 de nio da Prevenção e Combate à Criminalidade
Agosto de 1969.
Diploma Ministerial nº 226/2011 de 14 de
Resolução nº 40/2011 de 15 de Setembro de Setembro de 2011 - Aprova o Regulamento Inter-
2011 - Aprova a adesão da República de Moçam- no do Ministério das Pescas e revoga o Diploma
bique ao Protocolo Facultativo à Convenção da Ministerial n.º 75/2001, de 9 de Maio.
Organização da Unidade Africana para a Preven-

Novas Taxas a Pagar em Diversos Sectores e Serviços

Não temos disponível nova informação.

Obrigações Declarativas e Contributivas - Calendário Fiscal 2011


Novembro

INSS
10 Entrega das contribuições para segurança social referente ao mês de
Outubro.

IRPS
20 Entrega do Imposto retido na fonte durante o mês de Outubro.

Raimundo Nefulane
Consultor Financeiro

rnefulane@salcaldeira.com IRPC
20 Entrega do imposto retido durante o mês de Outubro.

Leia os nos-
sos
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SAL & Caldeira Newsletter Página 6/6 Setembro/2011

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