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Quinta- feira, 10 de Julho de 1997 I SÉRIE - Número 28

BOLETIM DA REPÚBLICA
PUBLICAÇÃO OFICIAL DA REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE

SUPLEMENTO
IMPRENSA NACIONAL DE MOÇAMBIQUE Lei n.o 14/97:
Define o regime jurídico da fiscalização sucessiva das
A V I S O despesas públicas, no que concerne à Conta Geral do
Estado e às contas de gerência dos serviços e orga-
nismos sujeitos à jurisdição e controlo financeiro do
A materia a publicar no «Boletim da República» deva Tribunal Administrativo.
ter remetida em cópia devidamente autenticada, uma
por cada assunto, donde conste, além das indicações Lei n.° 15/97:
necessárias para esse efeito, o averbamento seguinte, Estabelece princípios, regras e normas de enquadra-
assinado e autenticado: Para publicação no «Boletim mento do Orçamento do Estado e da Conta Geral do
da República». Estado.
Lei n.° 16/97:
Aprova o Regimento da organização, funcionamento e
processo da 3.a Secção do Tribunal Administrativo.
SUMÁRIO
Presidência da República:
Despacho Presidencial n.° 10/97: PRESIDÊNCIA DA REPUBLICA
Nomeia Daniel Eduardo Mondlane para o cargo de
Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário da Despacho Presidencial n.° 10/97
República de Moçambique junto da República Árabe
do Egipto. de 10 de Julho

Despacho Presidencial n.° 11/97: No uso das competências que me são conferidas pela
Nomeia Gregório Elton Paulo Ling'Ande para o cargo alínea c) do artigo 123 da Constituição da República,
de Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário da nomeio Daniel Eduardo Mondlane para o cargo de Em-
República de Moçambique junto da Federação da baixador Extraordinário e Plenipotenciário da República
Rússia.
de Moçambique junto da República Árabe do Egipto.
Despacho Presidencial n.° 12/97:
Nomeia Francisco Elias Paulo Cigarro para o cargo de Publique-se.
Alto Comissário da República de Moçambique junto
da República do Quénia. O Presidente da República, JOAQUIM ALBERTO CHISSANO

Despacho Presidencial n.° 13/97:


Nomeia Felizarda Isaura Monteiro para o cargo de
Embaixatriz Extraordinária e Plenipotenciária da Despacho Presidencial n.° 11/97
República de Moçambique junto da República Fede-
rativa do Brasil. de 10 de Julho

Despacho Presidencial n.° 14/97: No uso das competências que me são conferidas pela
Nomeia António Correia Fernandes Sumbana para o alínea c) do artigo 123 da Constituição da República,
cargo de Alto Comissário da República de Moçambi- nomeio Gregório Elton Paulo Ling'Ande para o cargo de
que junto da República de Botswana. Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário da Repú-
Assembleia da República: blica de Moçambique junto da Federação da Rússia.
Lei n.o 13/97: Publique-se.
Estabelece o regime jurídico da fiscalização prévia
das despesas públicas. O Presidente da República, JOAQUIM ALBERTO CHISSANO
Despacho Presidencial n.° 12/97 ARTIGO 2
de 10 de Julho (Âmbito subjectivo da fiscalização prévia)

No uso das competências que me são conferidas pela Estão sujeitos à fiscalização prévia do Tribunal Admi-
alínea c) do artigo 123 da Constituição da República, nistrativo:
nomeio Francisco Elias Paulo Cigarro para o cargo de a) o Estado e outras entidades públicas, designada-
Alto Comissário da República de Moçambique junto da mente os serviços e organismos inseridos no
República do Quénia. âmbito da Administração Pública Central, Pro-
vincial e Local, incluindo os dotadas de auto-
Publique-se. nomia administrativa e ou financeira e perso-
O Presidente da República, JOAQUIM ALBERTO CHISSANO
nalidade jurídica;
b) as autarquias locais;
c) outras entidades que a lei determinar.
Despacho Presidencial n.° 13/97 ARTIGO 3

de 10 de Julho (Âmbito material da fiscalização prévia)


1. São obrigatoriamente sujeitos à fiscalização prévia
No uso das competências que me são conferidas pela os seguintes actos, contratos e mais instrumentos jurídicos
alínea c) do artigo 123 da Constituição da República, geradores de despesa pública, praticados ou celebrados
nomeio Felizarda Isaura Monteiro para o cargo de Em- pelas entidades referidas no artigo anterior:
baixatriz Extraordinária e Plenipotenciária da República
de Moçambique junto da República Federativa do Brasil. a) os actos administrativos de provimento do pessoal
civil ou militar, designadamente os relativos
Publique-se. às admissões de pessoal não vinculado à fun-
ção pública ou para categoria de ingresso, pro-
O Presidente da República, JOAQUIM ALBERTO CHISSANO moções, progressões, transferências, aposenta-
ções, reformas e outros de que decorram
abonos de qualquer espécie, bem como de
Despacho Presidencial n.° 14/97 atribuição de pensões;
de 10 de Julho
b) o acto de designação dos recebedores, tesoureiros,
exactores e demais responsáveis por dinheiros
No uso das competências que me são conferidas pela públicos;
alínea c) do artigo 123 da Constituição da República, c) os contratos de qualquer natureza ou montante,
nomeio António Correia Fernandes Sumbana para o cargo designadamente os relativos a pessoal, obras
de Alto Comissário da República de Moçambique junto públicas, empréstimos, concessão, fornecimen-
da República de Botswana. to e prestação de serviços;
d) as minutas de contratos da valor igual ou superior
Publique-se. a um montante a fixar pelo Conselho de Minis-
O Presidente da República, JOAQUIM ALBERTO CHISSANO tros;
e) as minutas de contratos de qualquer valor que
venham a celebrar-se por escritura pública e
cujos encargos tenham de ser satisfeitos no acto
da sua celebração;
ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA f) outros actos que a lei determinar, nomeadamente
as operações de tesouraria e dívida pública de
Lei n.° 13/97 acordo com o respectivo regime.
de 10 de Julho
2. Os notários e demais entidades com funções notariais
Visando estabelecer o regime jurídico da fiscalização não podem lavrar qualquer escritura sem verificar e atestar
prévia das despesas públicas, tendo em atenção as compa- a conformidade do contrato com a minuta previamente vi-
rências atribuídas ao Tribunal Administrativo, pelo n.° 2 sada.
do artigo 30 e artigo 31 da Lei n.° 5/92, de 6 de Maio, 3. Nos casos referidos no número precedente, os trasla-
cabe proceder-se à respectiva formalização legal. dos ou certidões são remetidos ao Tribunal Administrati-
Nestes termos, ao abrigo do n.° 1 do artigo 135 da Cons- vo nos trinta dias seguintes à celebração da escritura,
tituição, a Assembleia da República determina: acompanhados da respectiva minuta.
4. O Tribunal Administrativo pode, anualmente, de-
ARTIGO 1 terminar que certos actos e contratos apenas sejam objec-
(Conteúdo da fiscalização prévia) to de fiscalização sucessiva ou apenas fiquem sujeitos a
esta a partir de determinado montante, sem prejuízo do
A competência do Tribunal Administrativo em matéria disposto no n.° 1 do artigo 4 do presente diploma.
de fiscalização prévia da legalidade das despesas públicas 5. Incluem-se no âmbito das alíneas c), d) e e) do n.° 1
exerce-se através da concessão ou recusa do visto nos deste artigo, os contratos ou minutas que constituam meras
actos, contratos e mais instrumentos emanados pelo Esta- adendas ou adicionais ou se traduzam em trabalhos a mais,
do e demais entidades públicas, traduzindo-se na análise acessórios ou complementares.
da legalidade e cabimento financeiro dos mesmos e, rela- 6. Estão igualmente sujeitos à fiscalização prévia, para
tivamente aos contratos, na indagação também sobre se além dos contratos formais, os documentos escritos avul-
foram observadas as condições mais favoráveis para o sos que, conjugados entre si, consubstanciem um acordo
Estado. de vontades e um contrato, embora informal.
ARTIGO 4 5. Apenas podem produzir efeitos anteriormente à fis-
(Excepções) calização prévia os actos ou contratos praticados com
fundamento em urgente conveniência de serviço e bem
1. Não estão sujeitos à fiscalização prévia, sem prejuízo assim os contratos de seguro.
da sua eventual fiscalização sucessiva:
ARTIGO 8
a) os diplomas de nomeação emanados do Presidente
da República; (Reapreciação de acto por recusa de visto)
b) os diplomas relativos aos cargos electivos; 1. No caso de recusa de visto, pode a Administração,
c) os contratos de cooperação; pelo membro do Governo ou entidade competente, inter-
d) os actos administrativos sobre a concessão de por recurso no prazo fixado na lei.
vencimentos certos ou eventuais resultantes do 2. Os eventuais prejudicados pela recusa de visto
exercício de cargo por inerência legal expressa, podem intervir no processo nos termos previstos pela Lei
com excepção dos que concedem gratificação; de Processo.
e) os títulos definitivos de contratos cujas minutas ARTIGO 9
hajam sido objecto de visto; (Urgente conveniência de serviço)
f) os contratos de arrendamento celebrados no es-
1. Excepcionalmente, a eficácia dos actos e contratos
trangeiro para instalação de postos diplomáticos sujeitos à fiscalização prévia do Tribunal poderá repor-
ou consultores ou outros serviços de represen- tar-se a data anterior ao visto, desde que declarada por
tação internacional, quando a urgência da sua escrito pelo membro do Governo ou entidade competente
realização impeça a sujeição daqueles ao visto a urgente conveniência de serviço e digam respeito a:
prévio do Tribunal Administrativo;
g) outros actos ou contratos especialmente previs- a) nomeação de Magistrados Judiciais e do Ministé-
tos por lei. rio Público, das autoridades civis, do pessoal
técnico-profissional de saúde de nível básico,
2. Os serviços devem, no prazo de trinta dias após a médio e superior, professores, recebedores, te-
celebração dos contratos a que se referem as alíneas c) a soureiros, escrivães de direito, ajudantes de
f) do número anterior, remeter cópia dos mesmos ao escrivães, oficiais de justiça e pessoal das for-
Tribunal Administrativo. ças militarizadas;
b) contratos que prorrogam outros anteriores permi-
ARTIGO 5
tidos por lei, desde que as condições sejam
(Natureza e efeitos do visto) as mesmas;
O visto constitui um acto jurisdicional condicionante c) contratos não relativos a pessoal de que tenha
da eficácia global dos actos, e mais instrumentas legal- sido prestada caução não inferior a 50 por
mente sujeitos à fiscalização prévia. cento do seu valor global;
d) contratos de qualquer natureza decorrentes de caso
ARTIGO 6 fortuito ou força maior.
(Fundamentos da recusa de visto)
2. Os funcionários referidos no número anterior podem
Constituem fundamentos de recusa do visto, nomeada- tomar posse, entrar em exercício e receber vencimentos
mente: antes do visto e publicação do diploma.
a) a desconformidade do acto ou contrato, traduzida 3. Os processos em que tenha sido declarada a urgente
conveniência de serviço devem ser enviados ao Tribunal
em absoluta falta de forma, impossibilidade
Administrativo nos trinta dias subsequentes à data do des-
do objecto ou vício determinante de inexistên-
cia ou nulidade absoluta; pacho de autorização, sob pena de cessação dos respectivos
b) a falta de cabimento financeiro; efeitos, salvo motivos ponderosos que o Tribunal avalia-
c) a intempestividade da submissão à fiscalização rá,
prévia, decorrente da execução prévia ilegal; 4. A recusa do visto produz os efeitos referidos no
artigo 7 da presente.
d) a mera anulabilidade, legitimamente invocada por
ARTIGO 1 0
interessado;
e) a ofensa de caso julgado. (Visto tácito)

ARTIGO 7 1. Decorrido o prazo de noventa dias sobre a data da


entrada no Tribunal Administrativo dos processos para
(Efeitos da falta ou recusa do visto)
fiscalização prévia ou de resposta a pedido de elementos
1. Os actos, contratos e mais instrumentos subtraídos ou informações complementares solicitados pelo Tribunal,
à fiscalização prévia ou objecto de recusa de visto não presume-se a concessão do visto.
são exequíveis, sendo insusceptíveis de quaisquer efeitos 2. A contagem do prazo a que se refere o n.° 1 inter-
financeiros. rompe-se nos termos previstos pela Lei de Processo.
2. A recusa de visto determina a cessação de quaisquer
ARTIGO 1 1
abonos, a partir da data em que, da respectiva decisão, for
dado conhecimento aos serviços. (A mera anotação)
3. A execução de um acto ou contrato, objectos de
recusa de visto, ofendo o caso julgado e determina a nuli- 1. Estão sujeitos à anotação os actos não sujeitos a visto
dade dos actos de execução. que a lei determinar.
4. É aplicável à anulação do visto o regime prescrito 2. Estão igualmente sujeitos à anotação outros actos
nos números anteriores. modificativos da relação jurídica de trabalho de que não
ARTIGO 16
resulte aumento de vencimento, designadamente a exone-
ração, demissão, expulsão e outros contratos cujas minutas (Instrução de processos de provimento)
hajam sido previamente visadas. 1. O provimento dos lugares do quadro dos serviços é
3. A anotação não implica qualquer juízo relativamente feito através de diploma individual de provimento e de
à legalidade do acto, efectuando-se sempre que o visto não contrato.
seja exigido legalmente, tendo em vista a actualização do 2. Os processos de visto ou contratos no âmbito do
cadastro dos funcionários e agentes em exercício de fun- primeiro provimento ou da admissão de pessoal devem ser
ções, a qualquer título. instruídos e enviados ao Tribunal Administrativo com os
seguintes documentos, em duplicado:
ARTIGO 12
(Infracções financeiras típicas) a) os diplomas de provimento completa e correcta-
mente preenchidos, designadamente com a indi-
Constitui infracção financeira punível com multa e cação da legalidade geral e da legislação especial
determinante de anulação, a todo o tempo, do visto conce- que fundamentam o provimento e do despacho
dido ao acto ou contrato, assim como de suspensão de todo em que se funda o provimento, quando caso
c qualquer pagamento futuro: disso;
b) declaração do responsável máximo do serviço, no
a) a apresentação de documentos ou declarações
sentido de que foram cumpridas as formalida-
falsos; des legalmente exigidas para o provimento e o
b) a execução do acto ou contrato, sem prévia sujei- candidato reúne todos os requisitos legalmente
ção a visto ou após conhecimento da recusa de exigidos para o efeito;
visto ou ainda sem que este revista forma c) certidão de registo de nascimento;
escrita; d) certificado de habilitações literárias e das quali-
c) a desconformidade substancial entre a minuta e o ficações profissionais legalmente exigidas;
contrato celebrado mediante escritura notarial. e) certificado de registo criminal;
f) certificado médico comprovativo de possuir a ro-
ARTIGO 13 bustez física e sanidade mental necessária para
(Responsabilidade financeira) o exercício do cargo a prover;
g) documento militar comprovativo do cumprimento
1. Sem prejuízo de eventual responsabilidade discipli- das obrigações militares, quando legalmente
nar, criminal ou civil, o desrespeito das normas previstas sujeito a elas;
no presente diploma acarreta responsabilidade financeira h) declaração de não inibição para o exercício de
das entidades ou funcionários cuja actuação seja lesiva do funções públicas, mormente resultante de even-
património e os interesses financeiros do Estado. tuais acumulações ou incompatibilidades e de-
2. A instrução deficiente e repetida dos actos sujeitos mais restrições legais;
à fiscalização preventiva, por parte dos serviços, pode ser i) nota biográfica donde constem todos os cargos ou
objecto de multa a arbitrar pelo Tribunal. funções anteriormente exercidos na Adminis-
3. A multa a arbitrar, conforme as circunstâncias a pon- tração Pública;
derar pelo Tribunal, não deve ser inferior a um terço do j) informação de cabimento de verba pelos depar-
vencimento mensal do agente de facto ou do responsável tamentos ou serviços competentes;
pelo serviço, a identificar no respectivo processo. k) aviso de abertura de concurso e comprovativo da
competência para o efeito, sendo caso disso.
ARTIGO 14
(Prova e coadjuvação) 3. Os provimentos relativos a indivíduos detentores da
qualidade de funcionários deverão apenas ser instruídos
1. O Tribunal Administrativo pode requisitar aos ser- com os documentos especialmente exigidos para o efeito,
viços quaisquer documentos ou diligências e solicitar os face à natureza do acto.
esclarecimentos que entenda indispensáveis.
ARTIGO 17
2. Os serviços, os funcionários e quaisquer entidades
públicas ou privadas são obrigados a fornecer com toda a (Instrução de processos não relativos a pessoal)
urgência e, de preferência, a qualquer outro serviço, as 1. Os contratos não relativos a pessoal, devem ser ins-
informações e processos que lhe forem pedidos para efeito truídos com os documentos seguintes, em duplicado, devi-
do visto. damente autenticados com o selo branco em uso no
3. As entidades mencionadas no número anterior são, respectivo serviço:
sob pena de desobediência, obrigadas a dar execução aos
acórdãos, resoluções, instruções e despachos que, no âmbito a) aviso de abertura do concurso público ou autori-
das suas atribuições e competências, o Tribunal Adminis- zação de dispensa do mesmo;
trativo profira relativamente às matérias sujeitas à sua b) caderno de encargos, sendo caso disso;
apreciação e julgamento. c) acta da abertura das propostas;
d) prova do cumprimento das obrigações fiscais,
ARTIGO 15 designadamente do pagamento do imposto de
(Instruções) selo;
e) despachos de adjudicação e outros, devidamente
1. O Tribunal emitirá instruções de execução obrigató- autenticados pelos serviços remetentes.
ria, sobre a forma como devem ser instruídos os processos
para efeitos de fiscalização prévia. 2. Os contratos definitivos são ainda acompanhados de
2. Os serviços podem ser dispensados, pontualmente, documento donde constem:
da apresentação dos documentos que devem instruir os a) a identificação do ministério ou outra instituição
processos a submeter à fiscalização prévia. onde se insere o serviço ou organismo;
b) a data da sua celebração; Aprovada pela Assembleia da República aos 30
c) a identificação dos outorgantes; de Abril de 1997.
d) o prazo de validade;
e) o objecto e valor do contrato; O Presidente da Assembleia da República, Eduardo
f) a informação de cabimento de verba. Joaquim Mulêmbwè.

ARTIGO 18 Promulgada aos 10 de Julho de 1997.


(Informação de cabimento)
Publique-se.
A informação de cabimento é exarada nos documentos
sujeitos a visto e consiste na declaração de que os encar- O Presidente da República, JOAQUIM ALBERTO CHISSANO.
gos decorrentes do acto ou contrato têm cobertura orça-
mental em verba legalmente aplicável, cativa para o efeito.

ARTIGO 19 Lei n.° 14/97


(Aferição de requisitos) de 10 de Julho

Sob pena de extemporaneidade, os documentos compro- Visando definir o regime jurídico da fiscalização suces-
vativos dos requisitos de habilitação a qualquer concurso siva das despesas públicas, no que concerne à Conta Geral
devem ser entregues até ao último dia do prazo para a do Estado e às contas de gerência dos serviços e organismos
apresentação de candidaturas. sujeitos à jurisdição e controlo financeiros do Tribunal
Administrativo, complementando a Lei n.° 5/92, de 6 de
ARTIGO 2 0
Maio, sobre esta matéria, cabe proceder-se à respectiva
(Documentos em língua estrangeira) formalização legal.
Os documentos passados em língua estrangeira, para Assim, nos termos do n.° 1 do artigo 135 da Constitui-
serem válidos perante o Tribunal Administrativo, de- ção, a Assembleia da República determina:
vem ser traduzidos para a língua oficial do país e auten-
ticados por autoridade nacional competente. ARTIGO 1
(Âmbito da fiscalização sucessiva)
ARTIGO 2 1
(Autenticação de documentos e instrução dos processos) Estão sujeitos à prestação de contas os recebedores,
tesoureiros, exactores e demais responsáveis pela cobrança,
1. Os documentos sujeitos a visto do Tribunal Adminis-
guarda ou administração de dinheiros públicos, bem como
trativo devem ser autenticados com o selo branco ou
os responsáveis, de direito ou de facto, pela gestão das
carimbo do respectivo serviço.
entidades sujeitas ã jurisdição e controlo financeiros do
2. Os processos são sempre instruídos em duplicado, Tribunal Administrativo, qualquer que seja o grau da sua
que devem ser mantido em arquivo pelo Tribunal. autonomia, ainda que as suas despesas sejam parcial ou
ARTIGO 2 2
totalmente cobertas por receitas próprias ou que, umas e
outras, não constem do Orçamento do Estado.
(Falsidade de documentos ou declarações)

No caso de falsidade de documentos ou de declarações, ARTIGO 2


o Tribunal Administrativo anula o visto do diploma por (Periodicidade)
meio de acórdão, importando a notificação deste a imediata
suspensão do pagamento de quaisquer abonos e a vacatura Salvo disposição legal em contrário, as contas são
do cargo, sem prejuízo da responsabilidade disciplinar prestadas por anos económicos ou no termo de cada ge-
ou criminal que no caso se verifiquem. rência, no caso de substituição total dos responsáveis.
ARTIGO 2 3
ARTIGO 3
(Declaração de conformidade)
(Conta Geral d o Estado)
A fiscalização prévia pode, ainda, mediante prévia deli-
beração do Tribunal nesse sentido e emissão de instruções 1. A Conta Geral do Estado deve ser remetida pelo
para o efeito, assumir a forma de declaração de conformi- Governo à Assembleia da República e ao Tribunal Admi-
dade, a efectuar no âmbito restrito dos serviços de apoio nistrativo, até 31 de Dezembro do ano seguinte àquele a
técnico e administrativo, relativamente aos actos, contratos que respeite.
e mais instrumentos sujeitos a visto, que não suscitem 2. O relatório e o parecer do Tribunal Administrativo
dúvidas relativamente à sua legalidade jurídico-financeira. sobre a Conta Geral do Estado devem ser enviados à
Assembleia da República, até 31 de Agosto do ano seguinte
ARTIGO 2 4 àquele em que a mesma for apresentada.
(Norma revogatória) 3. O relatório e o parecer referidos no número anterior
É revogada toda a legislação que contrarie esta Lei. devem certificar a exactidão, regularidade, legalidade e
correcção económico-financeira das contas e a respectiva
ARTIGO 2 5 gestão financeira anual, sendo objecto de publicação em
(Entrada em vigor)
Boletim da República.
4. O relatório e o parecer do Tribunal Administrativo
A presente Lei entra em vigor seis meses após a sua serão acompanhados das respostas dos serviços e organis-
publicação. mos às questões que esse órgão lhe formular.
ARTIGO 4 regularidade financeira e contabilística das operações e
(Prestação e julgamento de contas) registos que integram essas contas.
3. O eventual julgamento, nessas circunstâncias, pode
1. As contas das entidades sujeitas à jurisdição e con- ser promovido não apenas pelo Tribunal, como pelo Mi-
trolo financeiros do Tribunal Administrativo devem dar nistério Público ou qualquer interessado que demonstre
entrada neste no prazo de seis meses, contados a partir da legitimidade para o efeito.
data do termo da gerência,
2. A requerimento dos interessados que invoquem mo- ARTIGO 9
tivo justificado, o Tribunal Administrativo pode fixar prazo (Verificação interna de 2.° grau)
diferente.
3. O Tribunal Administrativo pode, excepcionalmente, A verificação interna de 2° grau traduz-se na análise
relevar a falta de cumprimento dos prazos referidos nos dos documentos de despesa e da forma de instrução da
números anteriores. conta, na perspectiva não apenas da sua conformação
formal e substancial relativamente às instruções aplicáveis,
4. O prazo para o julgamento das contas é de um ano. mas também da verificação da consistência dos documen-
5. O prazo suspende-se pelo tempo que for necessário tos, da correcção contabilística e da legalidade e regulari-
para obter informações ou documentos ou para efectuar dade das operações e registos neles evidenciados, a par da
investigações complementares. liquidação da conta, da fixação dos emolumentos e da
ultimação do respectivo relatório.
ARTIGO 5
(Instruções) ARTIGO 10
(Auditoria)
1. O Tribunal Administrativo emite instruções de exe-
cução obrigatória sobre a forma como devem ser prestadas As auditorias sejam às contas ou aos projectos, revistam
as contas e os documentos que devem instruí-las. carácter geral ou sectorial, sejam financeiras propriamente
2. Os serviços podem ser dispensados pelo Tribunal ditas quer sejam de mera legalidade e regularidade, cons-
Administrativo, da apresentação dos documentos de des- tituem instrumentos privilegiados de controlo financeiro,
pesa, no todo ou em parte. tendo em vista habilitar o Tribunal a emitir juízos sobre
a legalidade substantiva dos actos, com base em critérios
ARTIGO 6 de economia, eficácia e eficiência,
(Diligências probatórias e coadjuvação)
ARTIGO 11
1. A prestação de contas pela forma que estiver deter- (Julgamento)
minada não prejudica a faculdade de o Tribunal exigir
de quaisquer entidades os documentos e informações tidos O julgamento das contas traduz-se na apreciação da
ainda por necessários, bem como de requisitar aos compe- legalidade da actividade das entidades sujeitas à prestação
tentes serviços de controlo interno as diligências e meios de contas, bem como da respectiva gestão económico-finan-
que julgar convenientes. ceira e patrimonial e no apuramento e eventual efectivação
2. Sob pena de desobediência, punível nos termos da da inerente responsabilidade financeira,
Lei Penal, os serviços, os funcionários em geral e quaisquer
entidades públicas ou privadas, são obrigados a dar exe- ARTIGO 12
cução aos acórdãos, resoluções e despachos que, sobre (Conceito de irregularidade grave)
matéria das suas atribuições e competência específica, o
Tribunal Administrativo profira em processos sujeitos à Integram o conceito de irregularidade grave as infrac-
sua apreciação ou julgamento. ções financeiras consubstanciadas em alcance ou desvio de
dinheiros públicos e outros valores e em pagamentos inde-
ARTIGO 7 vidos de significativo montante, perpetrados com dolo,
(Forma de apreciação das contas) propósito de fraude e prejuízo efectivo para o Estado.
ARTIGO 13
As contas são susceptíveis de apreciação de natureza,
metodologias e complexidade crescentes, quais sejam: (Fases processuais)
a) verificação interna de 1.° grau ou preliminar; Os processos de contas integram as fases administra-
b) verificação interna de 2.° grau; tiva e jurisdicional, consoante corram trâmites sob a di-
c) auditoria; recção dos serviços de apoio ou, elaborado o relatório
d) julgamento técnico e organizado o processo respectivo, hajam dado
ARTIGO 8
entrada na secretaria do expediente processual ficando
(Verificação interna de 1.° grau)
afectos ao juiz relator, com vista à apreciação jurisdicional.
ARTIGO 14
1. As contas pendentes que não enfermem de fortes
suspeitas de alcances ou desvios de dinheiros públicos, (Decisão final)
pagamentos indevidos e outras irregularidades graves po- As contas são objecto de julgamento de quitação, quan-
dem ser devolvidas aos serviços responsáveis, após verifi- do os responsáveis pela sua prestação são julgados livres
cação preliminar, sem prejuízo de ulterior julgamento, de qualquer responsabilidade financeira e as contas havidas
no prazo de cinco anos. como regulares, ou de efectivação de responsabilidade
2. Esta forma de controlo traduz-se em verificar se as quando, pelo contrário, é aos mesmos imputada respon-
contas se fazem acompanhar dos documentos exigidos pelas sabilidade financeira traduzida no dever de repor ou de
respectivas instruções e se os mesmos estão escriturados pagar uma multa podendo merecer, ainda, simples juízo
correctamente, a par do exame sumário da legalidade, e censura ou recomendações.
ARTIGO 15 Aprovada pela Assembleia da República aos 30
(Relevação e redução de responsabilidade) de Abril de 1997.

A responsabilidade financeira é susceptível de releva- O Presidente da Assembleia da República, Eduardo


ção ou redução, apenas, consoante o grau de culpa e o pre- Joaquim Mulémbwè.
juízo efectivo para o Estado.
Promulgada aos 10 de Julho de 1997.
ARTIGO 16
(Apensação de processos) Publique-se.

São susceptíveis de apensação as contas de gerência em O Presidente da República, JOAQUIM ALBERTO CHISSANO.
que se detectem infracções financeiras continuadas, impu-
táveis aos mesmos agentes, ou em que os elementos inte-
grantes da gerência sejam os mesmos. Lei n.° 15/97
de 10 de Julho
ARTIGO 17
(Identificação dos responsáveis pelas infracções) Convindo estabelecer, numa só lei, os princípios básicos
que norteiam a elaboração, gestão, execução, controlo
1. As contas de gerência que enfermem de irregularida- c fiscalização do Orçamento do Estado e da Conta Geral
des financeiras que, simultaneamente, constituam crimes do Estado, ao abrigo do disposto no n.° 1 do artigo 135
previstos e punidos pela Lei Penal, em cujo âmbito os da Constituição, a Assembleia da República determina:
autores estejam perfeitamente identificados, por sentença
penal transitada em julgado, devem ser objecto de quita-
ção, se os responsáveis pela gerência forem estranhos aos TITULO I
factos e as contas não padecerem de outras irregularidades
que a isso obstem. Objectivo da Lei
2. De igual modo, são susceptíveis de arquivamento as
contas em cujo âmbito decisão penal conclua pelo arqui- CAPÍTULO I
vamento do processo-crime, por impossibilidade de impu-
tação dos factos criminosos ou de identificação dos seus Objectivo da Lei
autores materiais, inexistindo igualmente culpa dos respon- ARTIGO 1
sáveis pela gerência. (Objectivo)
3. Nas circunstâncias previstas nos n.os 1 e 2, deve abo-
nar-se aos responsáveis pela conta os dinheiros e outros A presente Lei tem por objectivo o estabelecimento de
valores em falta e procedesse ao ajustamento daquela, princípios, regras e normas referentes ao Orçamento do
por forma a reflectir essa mesma realidade. Estado e à Conta Geral do Estado.

ARTIGO 18
TITULO II
(Efectivação de responsabilidade)
Orçamento do Estado
A responsabilidade financeira é efectivada pelo tribunal
competente para as execuções fiscais, podendo ser garan-
tida através de arresto contra os responsáveis por dinhei- CAPITULO I

ros e outros valores públicos. Disposições gerais


ARTIGO 2
ARTIGO 19
(Definição)
(Processos pendentes)

As contas anteriores a 31 de Dezembro de 1995, qual- 1. O Orçamento do Estado é um documento no qual


quer que seja a fase em que se encontrem, desde que não estão previstas as receitas a arrecadar e fixadas as des-
suspeitas de graves irregularidades, são devolvidas aos res- pesas a efectuar num determinado ano económico, visando
pectivos serviços, sem prejuízo de eventual julgamento a prossecução da política financeira do Estado.
ulterior, por iniciativa do Tribunal ou promoção do Minis- 2. O ano económico coincide com o ano civil.
tério Público ou qualquer interessado que mostre legiti-
midade para o efeito, no prazo de cinco anos. ARTIGO 3
(Objecto)
ARTIGO 2 0
(Norma revogatória) O documento a que se refere o artigo anterior é o
instrumento-base do Governo para prosseguir a gestão
É revogada toda a legislação que contrarie o disposto racional das finanças do Estado e do seu património.
nesta Lei.
ARTIGO 2 1 ARTIGO 4

(Entrada em vigor) (Âmbito de aplicação)

A presente Lei entra em vigor seis meses após a sua O Orçamento do Estado aplica-se a todo o território
publicação. nacional e às missões ou delegações do país no exterior.
CAPÍTULO II ARTIGO 12
(Publicidade)
Princípios e regras orçamentais
ARTIGO 5 1. Sem prejuízo de outros meios de divulgação, o
(Princípios e regras para a preparação do Orçamento do Estado) Orçamento do Estado é publicado no Boletim da República.
2. Para o efeito do disposto no número anterior é
Na preparação do Orçamento do Estado, devem ser matéria de publicação:
observados os princípios e regras orçamentais seguintes:
a) a Lei Orçamental;
a) anualidade;
b) a tabela de receita;
b) unidade e universalidade;
c) não consignação; c) a tabela de despesa.
d) especificação;
e) orçamento bruto; 3. São objectos de separata orçamental os documentos
f) equilíbrio; descritos no número anterior e as demais informações
g) publicidade. económicas e financeiras julgadas pertinentes.
ARTIGO 6
(Anualidade) CAPITULO III

O Orçamento do Estado é anual. Organização e elaboração do Orçamento do Estado


ARTIGO 7 ARTIGO 13

(Unidade e universalidade) (Proposta de orçamento)

1. O Orçamento do Estado é unitário e compreende 1. O Governo apresenta à Assembleia da República


todas as receitas e despesas dos organismos do Estado que c Orçamento do Estado de acordo com o estipulado no
não tenham natureza, forma e designação de instituição Regimento da Assembleia da República.
autónoma, empresa pública ou autarquia. 2. Na elaboração da proposta do orçamento é dada
2. Os orçamentos das instituições autónomas, empresas prioridade ao cumprimento do Programa do Governo e
públicas e autarquias regem-se por legislação própria. às obrigações do Estado decorrentes de lei ou de contrato,
3. Do Orçamento do Estado devem constar, em anexo, lendo em conta a necessária correlação entre as previsões
os elementos necessários à apreciação da situação finan- orçamentais e a evolução provável da conjuntura política,
ceira das instituições autónomas, empresas públicas e económica e social.
autarquias.
ARTIGO 8 ARTIGO 1 4
(Não consignação) (Conteúdo da proposta de orçamento)
1. No Orçamento do Estado não pode afectar-se o
produto de quaisquer receitas à cobertura de determinadas A proposta do Orçamento do Estado deve conter o
despesas. articulado da respectiva proposta de lei, os mapas orça-
2. Exceptuam-se do disposto no número anterior os mentais e os anexos informativos, de acordo com o estabe-
casos em que, por virtude de autonomia financeira ou de lecido nos artigos 15, 16 e 17 da presente Lei.
outra razão especial, a lei determine expressamente a afec-
tação de certas receitas a determinadas despesas. ARTIGO 15
(Proposta de Lei Orçamental)
ARTIGO 9
(Especificação) O articulado da proposta de Lei Orçamental deve
conter:
1. O Orçamento do Estado especifica pormenorizada-
mente as receitas mínimas previstas e os limites máximos a) explicação da política orçamental e normas espe-
das despesas. cíficas da sua execução;
2. É inscrita no Orçamento do Estado uma dotação b) previsão das receitas correntes e de capital;
provisional, sob gestão do Ministério do Plano e Finanças, c) fixação dos limites das despesas correntes e de
destinada a fazer face a despesas não previsíveis e ina- capital;
diáveis.
d) determinação do saldo orçamental;
ARTIGO 10
e) outras medidas que se mostrarem indispensáveis
(Orçamento bruto) à correcta gestão orçamental.
1. Todas as receitas são inscritas no Orçamento do
Estado pela importância integral em que foram avaliadas, ARTIGO 16
sem dedução alguma para encargos de cobrança ou de (Estrutura dos mapas orçamentais)
qualquer outra natureza.
2. Todas as despesas são inscritas no Orçamento do Os mapas orçamentais a que se refere o artigo 14
Estado pela sua importância integral, sem dedução de da presente Lei devem ter a seguinte estrutura:
qualquer espécie.
ARTIGO 11 a) mapa global das receitas, despesas e financiamento
(Equilíbrio) do Estado;
b) mapa das receitas e despesas do Estado segundo
O Orçamento do Estado prevê os recursos necessários as classificações económica, orgânica, funcional
para cobrir todas as despesas. e territorial.
ARTIGO 17 no início do ano económico a que se destina, sem prejuízo
(Anexos informativos). da imediata aplicação das normas da Lei Orçamental,
e tendo sempre em conta o princípio da utilização mais
O Governo apresenta à Assembleia da República, com racional possível das dotações orçamentais aprovadas e
a proposta de orçamento, todos os elementos necessários o princípio da melhor gestão de tesouraria.
a justificação da política orçamental designadamente: 2. O Governo aprova a regulamentação contendo as
a) Plano Económico e Social do Governo; disposições necessárias à correcta execução do Orçamento
b) balanço preliminar da execução do Orçamento do do Estado, até 31 de Dezembro de cada ano.
Estado do ano anterior;
c) justificação das previsões das receitas fiscais; ARTIGO 2 1

d) justificação das previsões dos limites de despesa; (Execução do orçamento de receitas)


e) financiamento global do Orçamento do Estado,
com discriminação da situação das principais 1. Nenhuma receita pode ser liquidada ou cobrada
fontes de financiamento; nem ser objecto de inscrição no Orçamento do Estado,
f ) relação de todas as instituições da administração se não tiver base legal.
central e provincial, assim como de todas as 2. A cobrança pode, todavia, ser efectuada para além
instituições autónomas, empresas públicas e do montante inscrito no orçamento.
autarquias;
g) situação financeira das instituições autónomas, ARTIGO 2 2
empresas públicas e autarquias. (Execução do orçamento de despesas)

ARTIGO 1 8 1. As dotações orçamentais constituem o limite máximo


(Votação do Orçamento do Estado) a utilizar na realização das despesas públicas.
2. Nenhuma despesa pode ser ordenada e realizada sem
1. A Assembleia da República delibera sobre o Orça- que, além de ser legal, se encontre devidamente inscrita
mento do Estado, até 31 de Dezembro de cada ano. no Orçamento do Estado, tenha cabimento na correspon-
2. Uma vez aprovado o Orçamento do Estado, os depu- dente verba orçamental e obedeça ao princípio da utilização
tados e as Comissões da Assembleia da República não por duodécimos, salvo, nesta última matéria, as execuções
podem tomar iniciativas de lei que envolvam o aumento autorizadas por lei,
das despesas ou a diminuição das receitas previstas. 3. Nenhuma despesa deve ainda ser efectuada sem que,
além de satisfazer os requisitos referidos no número ante-
ARTIGO 19 rior, obedeça aos princípios de economia, eficiência e
(Recondução do Orçamento do Estado) eficácia.
4. As despesas só podem ser assumidas durante o ano
1. Havendo necessidade de reformulação do Orçamento económico para o qual estiverem orçamentadas.
do Estado, o Plenário, com o fim de garantir a continui-
dade do funcionamento das instituições, pode reconduzir 5. Nenhum encargo pode ser assumido sem que a
correspondente despesa obedeça aos requisitos dos números
temporariamente o orçamento do ano anterior com as
anteriores.
alterações que nele tenham sido introduzidas ao longo
ARTIGO 2 3
da sua efectiva execução.
(Contrato e acordos)
2. A manutenção da vigência do orçamento do ano
anterior abrange a autorização para a cobrança de todas 1. A assinatura de contratos e acordos, por qualquer
as receitas nele previstas, exceptuados os regimes de entidade, carece de prévia autorização expressa do Ministro
receitas que se destinavam apenas a vigorar até ao fim do Plano e Finanças desde que impliquem assumpção de
do referido ano. quaisquer responsabilidades para o Tesouro do Estado,
3. Durante o período em que se mantiver em vigor o mesmo quando essas despesas tenham cabimento no Or-
orçamento do ano anterior, a execução do orçamento das çamento do Estado, bem como quando envolvam matéria
despesas deve obedecer ao princípio da utilização por fiscal.
duodécimos das verbas fixadas nos mapas das despesas. 2. O Banco Central não pode licenciar transferências
4. Durante o período transitório referido nos números cambiais relativas a contratos assinados sem a observância
anteriores são aplicáveis os princípios sobre alterações do disposto no número anterior.
orçamentais estabelecidos no artigo 24 da presente Lei.
5. Quando ocorrer a situação prevista no n.° 1, o ARTIGO 2 4
Governo deve apresentar à Assembleia da República uma (Alterações orçamentais)
nova proposta de orçamento para o respectivo ano eco-
nómico, no prazo de noventa dias. 1. As alterações dos limites globais fixados no Orça-
6. O novo orçamento deve integrar a parte do orça- mento do Estado são efectuadas por lei sob proposta do
mento anterior que tenha sido executada até à cessação Governo devidamente fundamentada.
do regime transitório estabelecido nos números anteriores. 2. O Governo pode, porém, efectuar inscrições de verbas
no Orçamento do Estado, utilizando, para o efeito, a
CAPÍTULO IV dotação provisional prevista no n.° 2 do artigo 9 da
presente Lei, desde que sejam devidamente fundamentadas.
Execução do orçamento e alterações orçamentais 3. Compete ao Governo o ajustamento de preços para
ARTIGO 2 0 despesas correntes constantes dos limites fixados na Lei
(Execução do orçamento) Orçamental para os órgãos e instituições do Estado.
4. É ainda da competência do Governo a redistribuição
1. O Governo toma as medidas necessárias para que das verbas dentro dos limites estabelecidos pela Assembleia
o Orçamento do Estado possa começar a ser executado da República.
5. O Governo define as regras a que obedecem as TÍTULO III
alterações orçamentais que forem da sua competência.
Contas do Estado
ARTIGO 2 5
CAPÍTULO I
(Período complementar e encerramento das contas)
Conta Geral do Estado
1. O período complementar visa a regularização das ARTIGO 3 2
desposas pendentes, referentes ao ano económico anterior
(Definição)
c decorre de Janeiro a Março, data do encerramento das
contas do exercício. 1. A Conta Geral do Estado é um documento no qual
2. O encerramento das contas do exercício e das contas estão apresentadas as receitas arrecadadas e as despesas
bancárias do Estado processa-se nos termos da legislação efectuadas num determinado ano económico, assim como
aplicável. os devedores e credores existentes no fim do ano,
ARTIGO 2 6 2. A Conta Geral do Estado é baseada nos princípios
(Exercícios findos) e regras da contabilidade pública.

As despesas não pagas dentro do período complementar ARTIGO 3 3


e as dos anos económicos findos são satisfeitas pela rúbrica (Objectivos)
de Exercícios Findos, de acordo com a legislação espe-
cífica sobre a matéria. 1. O resultado da execução orçamental consta da Conta
Geral do Estado.
CAPITULO V 2. Os objectivos da Conta Geral do Estado são:
a) possibilitar um controlo da execução do Orça-
Fiscalização e responsabilidade orçamentais mento do Estado;
ARTIGO 2 7 b) possibilitar um controlo dos devedores e credores
(Responsabilidade pela execução orçamental) do Estado.
ARTIGO 3 4
Os titulares de cargos públicos, funcionários e agentes (Âmbito da Conta Gera! do Estado)
do Estado e demais entidades públicas respondem disci-
plinar, civil e criminalmente pelos actos ou omissões que 1. A Conta Geral do Estado abrange as contas de todos
pratiquem no âmbito do exercício das suas funções de os organismos do Estado que não tenham natureza, forma
execução orçamental, nos termos da legislação aplicável. e designação de instituição autónoma, empresa pública
cu autarquia.
ARTIGO 2 8 2. As contas anuais das instituições autónomas, em-
(Fiscalização orçamental) presas públicas e autarquias regem-se por legislação própria.
ARTIGO 3 5
A fiscalização administrativa, da execução orçamental
compete, além da própria entidade responsável pela gestão (Princípios fundamentais)
e execução, às entidades hierarquicamente superiores e de 1. A Conta Geral do Estado deve ser elaborada com
tutela, aos serviços de contabilidade pública e aos órgãos clareza, exactidão e simplicidade, de modo a possibilitar
gerais de inspecção, nos termos da legislação aplicável. a sua análise económica e financeira.
2. Da Conta Geral do Estado consta informação com-
ARTIGO 2 9 pleta sobre:
(Controlo jurisdicional) a) receitas cobradas e despesas pagas pelo Estado;
b) financiamento ao défice orçamental;
Compete ao Tribunal Administrativo: c) adiantamentos e suas regularizações;
a) fiscalizar as despesas públicas; d) fundos de terceiros;
e) caixas do Estado;
b) apreciar as Contas do Estado.
f ) activos e passivos financeiros do Estado.
ARTIGO 3 0 ARTIGO 3 6
(Deliberação da Assembleia da República) (Estrutura da Conta Geral do Estado)
A Conta Geral do Estado compreende:
Compete à Assembleia da República deliberar sobre o
relatório de execução do Orçamento do Estado. a) o relatório do Governo sobre os resultados da
execução orçamental;
ARTIGO 3 1
b) o mapa das entradas e saídas de fundos do Estado,
por cofres, com respectivos saldos existentes
(informações a prestar à Assembleia da República) no início e no final do ano económico;
c) os mapas das receitas e despesas do Estado segundo
O Governo presta informação trimestralmente à Assem-
bleia da República sobre: as classificações económica, orgânica, funcional
e territorial;
a) a execução das receitas e despesas do Orçamento d) o mapa do movimento das operações de tesouraria
do Estado; em saldos, credores e devedores, iniciais e finais;
b) o montante dos financiamentos recebidos pelo e) o mapa dos activos e passivos financeiros existen-
Governo. tes no inicio e no final do ano económico.
ARTIGO 3 7 ARTIGO 4 2
(Anexos informativos) (Entrada em vigor)

1. Nos anexos informativos apresentados pelo Governo 1. A presente Lei entra em vigor a partir de 1 de
constam: Janeiro de 1998.
a) financiamento global do Orçamento do Estado, 2. Até a entrada em vigor da presente Lei, o Governo
com discriminação da situação das principais deve criar as condições necessárias e adequadas para a
fontes de financiamento; sua aplicação.
b) resumos das receitas, despesas e saldos por cada
instituição autónoma, empresa pública e au- Aprovada pela Assembleia da República aos 30
tarquia. de Abril de 1997.

2. Para o efeito do disposto na alínea b) do número O Presidente da Assembleia da República, Eduardo


anterior, as instituições autónomas, empresas públicas e Joaquim Mulémbwè.
autarquias devem apresentar ao Ministério do Plano e
Finanças, até ao dia 30 de Setembro de cada ano, as Promulgada aos 10 de Julho de 1997.
respectivas contas anuais.
Publique-se.
ARTIGO 3 8
O Presidente da República, JOAQUIM ALBERTO CHISSANO.
(Prazos)

1. O Governo deve apresentar à Assembleia da Repú-


blica e ao Tribunal Administrativo a Conta Geral do Lei n.° 16/97
Estado, até Dezembro do ano seguinte àquele a que de 10 de Julho
respeite.
2. O relatório e o parecer do Tribunal Administrativo Mostrando-se necessário definir a organização, o funcio-
sobre a Conta Geral do Estado devem ser enviados à namento e o processo atinente à 3.a Secção do Tribunal
Assembleia da República, até Agosto do ano seguinte Administrativo, enquanto órgão externo e independente de
àquele em que a mesma for apresentada. controlo financeiro das receitas e despesas públicas, tendo
3. A Assembleia da República aprecia e aprova a Conta em vista a plena prossecução das suas atribuições e com-
Geral do Estado, observando o parecer do Tribunal Admi- petências nos domínios da jurisdição e controlo financeiros
nistrativo, até Dezembro do ano seguinte àquele em que dos bens e dinheiros públicos, há que proceder à respectiva
a Conta Geral do Estado foi elaborada. formalização legal.
Nestes termos, considerando o artigo 46 da Lei n.° 5/92,
TÍTULO IV de 6 de Maio, e o n.° 1 do artigo 135 da Constituição, a
Assembleia da República determina:
Classificadores Artigo 1. É aprovado o Regimento relativo à organiza-
ção, funcionamento e processo da 3.a Secção do Tribunal
CAPÍTULO I
Administrativo, anexo à presente Lei e que dela faz parte
Classificações orçamentais integrante.
Art. 2 - 1. É ainda aplicável, em matéria de jurisdição
ARTIGO 3 9
e controlo financeiros:
(Definição)
a) a Lei n.° 5/92, de 6 de Maio;
Os classificadores orçamentais são códigos que visam b) as leis que aprovam os regimes jurídicos especí-
a organização da informação sobre as receitas e despesas ficos das fiscalizações prévia e sucessiva das
em várias dimensões, com vista a uma melhor programação despesas públicas;
e acompanhamento das finanças públicas e análise eco- c) qualquer outra legislação subsistente sobre a ma-
nómica e financeira. téria.
ARTIGO 4 0
2. Subsidiariamente, é aplicável também o Código de
(Classificação das receitas e despesas)
Processo Civil e demais legislação relativa aos tribunais
1. A especificação das receitas e despesas rege-se por judiciais.
códigos de classificação económica, orgânica, funcional e Art. 3. O Tribunal Administrativo insere-se no poder
territorial. judicial, sendo único na sua ordem.
2. Os códigos referidos no número anterior são fixados Art. 4. É revogada toda a legislação que contrarie
pelo Governo. esta Lei.
Art. 5. A presente Lei entra em vigor seis meses após
TÍTULO V a sua
Disposições transitórias e finais Aprovada pela Assembleia da República aos 30
de Abril de 1997.
CAPÍTULO I
O Presidente da Assembleia da República, Eduardo
Norma revogatória e entrada em vigor Joaquim Mulémbwè.
ARTIGO 4 1
Promulgada aos 10 de Julho de 1997.
(Norma revogatória)
Publique-se.
Fica revogada toda a legislação anterior que contrarie
a presente Lei. O Presidente da República, JOAQUIM ALBERTO CHISSANO.
Regimento relativo à organização, funcionamento qualquer outro serviço, as informações e processos que
e processo da V Secção do Tribunal Administrativo lhes forem pedidos
2. A 3.a Secção do Tribunal pode determinar a requisi-
CAPÍTULO I
ção de serviços de inspecção e auditoria aos órgãos de
controlo financeiro interno e, bem assim, a contratação de
Das disposições gerais empresas especializadas, com esse mesmo objectivo.
3. As entidades públicas devem comunicar à 3.a Secção
ARTIGO 1 do Tribunal as irregularidades de que tomem conheci-
(Natureza e atribuições) mento no exercício das suas funções, sempre que a apre-
ciação das mesmas se insira no domínio das atribuições e
1. O Tribunal Administrativo de Moçambique tem competência da 3.a Secção do Tribunal.
jurisdição e controlo financeiros, no âmbito de toda a
ordem jurídica da República de Moçambique, tanto em ARTIGO 4
território nacional como no estrangeiro, neste caso incluin-
do os serviços, organismos e representações nacionais em (Principio do contraditório)
funcionamento no estrangeiro.
A 3.a Secção do Tribunal confere direito de audição
2. O Tribunal Administrativo é o órgão supremo e prévia e de defesa aos responsáveis pelas contas ou aos
independente de controlo externo da legalidade das recei- eventuais suspeitos de infracções financeiras.
tas e despesas públicas, julgamento das contas que a lei
mandar submeter-lhe e efectivação da responsabilidade
ARTIGO 5
financeira por eventuais infracções financeiras,
3. A apreciação da legalidade financeira nos processos (Publicação das decisões)
de julgamento de contas ou fora deles integra a conformi-
dade à lei, a regularidade e a correcção ou gestão segundo 1. São publicados, no Boletim da República, o relatório
critérios de economia, eficácia e eficiência. e parecer sobre a Conta Geral do Estado e as decisões
com força obrigatória geral.
ARTIGO 2
2. São ainda susceptíveis de publicação as instruções
emitidas e as decisões em relação às quais a 3.a Secção
(Jurisdição e controlo financeiros) do Tribunal determine a respectiva publicação.
Sem prejuízo do disposto em outras disposições legais, CAPÍTULO II
estão sujeitos à jurisdição e controlo financeiros do Tribu-
nal Administrativo, através da sua 3.a Secção: Da organização e funcionamento
a) o Estado e todos os seus serviços; SECÇÃO I
b) os serviços e organismos autónomos;
Da composição
c) os órgãos locais representativos do Estado;
ARTIGO 6
d) as autarquias locais nos termos da lei;
e) as empresas públicas e as sociedades de capitais (Estrutura e composição)
exclusiva ou maioritariamente públicos; 1. A 3.a Secção do Tribunal Administrativo integra a
f) os exactores, tesoureiros, recebedores, pagadores e Subsecção de Fiscalização das Despesas Públicas ou de
mais responsáveis pela guarda ou administração Contas e a Subsecção de Visto ou Fiscalização Prévia.
de dinheiros públicos; 2. A apreciação dos processos de visto efectua-se diaria-
g) os responsáveis por contas relativas a material ou mente por um dos juízes de Secção.
equipamento e quaisquer entidades que giram 3. Para efeitos de julgamento de contas e, bem assim,
ou beneficiem de receitas ou financiamentos dos processos de visto duvidosos, a 3.a Secção funciona
provenientes de organismos internacionais ou em conferência integrada por três juízes.
das entidades referidas nas alíneas anteriores,
ou obtidos com a intervenção destas, consubs- 4. O plenário do Tribunal Administrativo é a última
tanciados nomeadamente em subsídios, emprés- instância da 3.a Secção e tem a composição e competência
timos ou avales; definidas nos artigos 23 e 24 da Lei n.° 5/92, de 6 de
Maio.
h) os conselhos administrativos ou comissões admi- ARTIGO 7
nistrativas; (Sessões)
i)
dinheiros públicos ou outros activos do Estado, 1. A 3.a Secção do Tribunal Administrativo reúne em
seja qual for a sua designação, bera como pelos conferência, pelo menos uma vez por semana, em sessão
fundos provenientes do exterior, sob a forma ordinária.
de empréstimos, subsídios, donativos ou outra; 2. Extraordinariamente, reúne sempre que convocada
j) as entidades a quem forem adjudicados, por qual- pelo respectivo titular.
quer forma, fundos do Estado;
ARTIGO 8
k) outras entidades ou organismos determinados pela
lei. (Quórum e deliberações)
ARTIGO 3
1. Relativamente às matérias que devam ser apreciadas
(Colaboração de outras entidades) em conferência, a 3.a Secção funciona com três juízes.
1. Todas as entidades públicas ou privadas são obriga- 2. As deliberações são tomadas por maioria de votos,
das a fornecer, com toda a urgência e de preferência a 3. Os juízes têm o direito de fazer declarações de voto,
SECÇÃO II
d) ordenar reposições de verbas, aplicar multas aos
Do Ministério Público responsáveis das quantias em falta, dentro de
ARTIGO 9 determinados limites;
(Estatuto)
e) efectivar, reduzir ou relevar a responsabilidade
financeira decorrente de infracções financeiras,
1. O Ministério Público é representado junto do Tribu- contabilísticas e administrativas.
nal Administrativo nos termos do artigo 35 da Lei n.° 5/92,
de 6 de Maio. CAPÍTULO IV
2. O Ministério Público intervém em todas as sessões, Das infracções e responsabilidades financeiras
podendo usar da palavra e promover o que achar conve-
ARTIGO 12
niente.
CAPITULO III (Infracções financeiras típicas)

Das competências 1. Constituem infracções financeiras típicas o alcance ou


desvio de dinheiros públicos e os pagamentos indevidos.
ARTIGO 10
2. Constituem também infracções financeiras, nomeada-
(Competência) mente:
1. Compete ao Tribunal Administrativo, no âmbito da a) a não liquidação, cobrança ou entrega, nos cofres
3.a Secção: do Estado, das receitas devidas;
a) dar parecer sobre a Conta Geral do Estado; b) a violação das normas sobre a elaboração e execu-
b) fiscalizar sucessiva ou concomitantemente as enti- ção dos orçamentos, bem como da assumpção,
autorização ou pagamento de despesas públicas;
dades mencionadas nas alíneas a) a i) do ar-
tigo 32 da Lei n.° 5/92, de 6 de Maio, e julgar c) a não efectivação ou retenção indevida dos des-
as respectivas contas; contos legalmente obrigatórios a efectuar ao
c) fiscalizar previamente, de modo sistemático e pon- pessoal;
tual, a legalidade e a cobertura orçamental dos d) a falta de apresentação das contas nos prazos legal
actos e contratos de que resulte receita ou des- ou judicialmente fixados;
pesa para alguma das entidades referidas no e) o extravio de processos ou documentos e sonegação
artigo 2 do presente Regimento; ou deficiente prestação de informações ou docu-
mentos pedidos pelo Tribunal ou exigidos por
d) fiscalizar a aplicação dos recursos financeiros obti-
lei;
dos no estrangeiro, nomeadamente através de f ) a falta injustificada de comparência para a pres-
empréstimos, subsídios, avales e donativos. tação de declarações ou de colaboração devida;
2. No parecer sobre a Conta Geral do Estado, o Tribunal g) a introdução, nos processos, de elementos com o
Administrativo aprecia, designadamente: intuito de induzirem em erro o Tribunal, ou
que dificultem substancialmente ou de todo
a) a actividade financeira do Estado no ano a que a obstem o julgamento das contas;
Conta se reporta, nos domínios patrimonial e h) a publicação, no Boletim da República, de actos
das receitas e despesas;
ou contratos sujeitos ao visto, sem a prévia con-
b) o cumprimento da Lei do Orçamento e legislação cessão do mesmo;
complementar; i) a execução de actos ou contratos sujeitos à fiscali-
c) o inventário do património do Estado; zação prévia, independentemente do visto.
d) as subvenções, subsídios, benefícios fiscais, crédi-
tos e outras formas de apoio concedidos, di- 3. A desobediência, a fiscalização e quaisquer outros
recta ou indirectamente. factos que configurem ilícito penal são ainda punidos nos
3. Para os efeitos do n.° 2, a Conta Geral do Estado termos da Lei Penal.
deve dar entrada no Tribunal, até 31 de Dezembro do ano ARTIGO 13
seguinte àquele a que respeita. (Alcance ou desvio de dinheiros públicos)
4. O relatório e parecer sobre a Conta devem ser con-
cluídos e remetidos à Assembleia da República, até 30 de Alcance ou desvio de dinheiros ou valores públicos é
Agosto do ano seguinte ao da sua apresentação ao Tribunal. o desaparecimento de bens, dinheiros ou outros valores
públicos, decorrente de qualquer falta no cofre ou sem
ARTIGO 11 saída documentada, atribuível a infidelidade, dolo ou
(Competência complementar) intuito fraudulento.
ARTIGO 14
Para a correcta execução da sua actividade, compete
ainda à 3.a Secção do Tribunal Administrativo: (Pagamentos indevidos)
a) aprovar os regulamentos internos necessários ao Constituem pagamentos indevidos os actos de dispêndio
seu funcionamento; de dinheiros públicos com preterição das normas aplicá-
b) emitir e publicar, com carácter imperativo, as veis, designadamente no plano da tramitação ou, no que
instruções indispensáveis ao exercício da sua concerne aos contratos, que não acautelem as condições
competência, nomeadamente no referente ao mais vantajosas para o Estado.
modo como as contas e os processos devem ser
submetidos à sua apreciação; ARTIGO 15
c) propor as medidas legislativas e administrativas (Tipos de responsabilidade financeira)
que julgue necessárias, nesta área específica, e
intervir nos processos legislativos respeitantes A responsabilidade financeira pode ser de tipo reinte-
à mesma; gratório ou meramente sancionatório.
ARTIGO 16 ARTIGO 2 0

(Características da responsabilidade financeira) (Reposição e multa)

1. A responsabilidade financeira pressupõe a existência 1. A responsabilidade financeira traduz-se na sujeição


de culpa e é independente do dano efectivamente causado. às penas de reposição e de multa, as quais podem ser
2. A culpa é graduável em função das circunstâncias aplicadas isolada ou cumulativamente.
e tendo em atenção o volume dos dinheiros públicos ou 2. São puníveis com a pena de reposição as infracções
valores movimentados e os meios humanos e materiais financeiras tipificadas no n.° 1 do artigo 12 e nos ar-
disponíveis. tigos 13 e 14 deste Regimento.
3. A responsabilidade financeira é pessoal e incide 3. As demais infracções financeiras e as meras irregu-
sobre o agente de facto. laridades contabilísticas ou administrativas com reflexos
4. A responsabilidade financeira pode recair sobre os financeiros, tipificadas no n.° 2 do artigo 12 ou decorren-
gerentes, membros do conselho administrativo ou equi- tes da demais legislação financeira aplicável, são puníveis
parados e quaisquer outros responsáveis pelos serviços com multa a definir no próprio processo ou em processo
ou organismos, quando: específico, sendo caso disso.
a) por ordem sua, a guarda e arrecadação dos dinhei- 4. As multas são graduáveis em função da gravidada
ros ou valores tiverem sido entregues à pessoa da infracção, do grau hierárquico e da situação económica
que os alcançou ou praticou o desvio, sem ter dos responsáveis.
ocorrido a ausência ou impedimento daqueles 5. A multa a arbitrar, conforme circunstâncias a pon-
a que, por lei, estejam acometidas tais funções; derar pelo Tribunal, não deverá ser inferior a 1/3 do
b) por indicação ou nomeação sua, pessoa já des- vencimento ou remuneração anual do infractor.
provida de idoneidade moral e, como tal re- 6. O pagamento da multa arbitrada é da responsabili-
conhecida, tenha sido designada para o cargo dade pessoal dos infractores referidos no n.° 3 do ar-
em cujo exercício haja praticado o facto, tigo 16.
c) no desempenho das funções de fiscalização que ARTIGO 2 1
lhe estiverem cometidas, tiverem procedido com (Efectivação de responsabilidade)
culpa grave, nomeadamente quando não tenham
acatado as instruções do Tribunal em ordem A responsabilidade financeira é efectivada pelo tribunal
a existência de controlo interno, às regras de competente para as execuções fiscais, podendo ser garan-
boa gestão dos dinheiros públicos ou os pare- tida através de arresto contra os responsáveis por dinheiros
ceres técnicos. e outros valores públicos.
5. O acórdão define expressamente, quando for caso ARTIGO 2 2
disso, o grau de responsabilidade imputável, podendo ainda
(Extinção da responsabilidade)
conter juízo de censura ou recomendação à instituição e
outras providências a adoptar relativamente aos respon- A responsabilidade financeira extingue se com:
sáveis, incluindo a sua demissão. Estas medidas podem
ainda ser tomadas visando a melhoria da gestão e garantia a) o pagamento do montante em dívida;
da legalidade no futuro. b) a morte do responsável;
6. A responsabilidade inclui os juros de mora legais c) a prescrição da dívida ou do procedimento;
sobre as respectivas importâncias em dívida, contados
desde o termo do período a que se refere a prestação d) a amnistia,
de contas.
ARTIGO 17
CAPÍTULO V
(Redução ou relevação da responsabilidade financeira) Do processo
1. A responsabilidade financeira decorrente de infrac- SECÇÃO I
ções financeiras perpetradas com mera culpa é passível Das disposições comuns
de redução ou de relevação, em função do grau de culpa
ARTIGO 2 3
apurado.
2. Fica isento de responsabilidade aquele que houver (Lei reguladora do processo)
manifestado, por forma inequívoca, oposição aos actos O processo na 3.a Secção do Tribunal Administrativo
que a originaram. rege-se pelo disposto no presente Diploma e, supletiva-
ARTIGO 1 8
mente, pela Lei do Processo Civil, corn as necessárias
adaptações.
(Intransmissibilidade do dever de reposição)
ARTIGO 2 4
A responsabilidade financeira reintegratória, nomeada- (Distribuição e espécies)
mente o dever de reposição, não é transmissível aos
herdeiros do infractor. Para efeitos de distribuição, há as seguintes espécies
de processos:
ARTIGO 19 a) Conta Geral do Estado;
(Enriquecimento sem causa) b) julgamento de contas;
c) visto;
O eventual enriquecimento sem causa da herança do
infractor, determinado por alcance ou desvio de dinheiros d) multa;
públicos, apenas é susceptível de ressarcimento pelo Es- e) recursos;
tado através dos tribunais comuns. f) outros processos,
ARTIGO 2 5 nico que é ouvido na discussão quando o Tribunal o
(Relatores) considerar conveniente.

1. A distribuição é o meio utilizado para designar o ARTIGO 3 3


relator do processo. (Requisição de serviços e contratação)
2. Para efeitos de distribuição e substituição de rela-
tores, a ordem dos juízes é sorteada na primeira sessão O Tribunal pode, igualmente, ordenar a requisição dos
anual. serviços dos órgãos de controlo financeiro interno, designa-
3. A distribuição dos processos de visto a serem apre- damente da Inspecção-Geral de Finanças, ou obter, me-
ciados em sessão diária de visto faz-se nos termos previstos diante contrato, a prestação de serviços de especialidade,
no artigo 43 do presente Regimento. por conta da entidade beneficiária.

ARTIGO 2 6 ARTIGO 3 4

(Direcção processual) (Constituição de advogado)

1. Compete ao juiz relator dirigir a instrução dos pro- É permitida a constituição de advogado salvo, em
cessos e a sua preparação para julgamento. primeira instância, nos processos de visto e de contas.
2. Das decisões proferidas nesse âmbito cabe sempre
reclamação, sem efeito suspensivo. ARTIGO 3 5

(Trânsito em juigado)
ARTIGO 2 7

(Audiência dos responsáveis)


As decisões condenatórias transitam em julgado no
prazo de dez dias.
A Tribunal procede sempre à audição dos responsáveis, ARTIGO 3 6
salvo relativamente ao processo de elaboração do relatório (Contagem dos prazos)
e parecer sobre a Conta Geral do Estado.
Os prazos são contínuos e interrompem-se até à res-
ARTIGO 2 8 pectiva satisfação, sempre que sejam solicitados elementos
(Citação e notificação) adicionais ou em falta, considerados imprescindíveis, ou
tendo em vista o suprimento de deficiências.
A citação e a notificação são feitas nos termos da Lei
de Processo Civil, podendo o juiz relator determinar que ARTIGO 3 7
sejam efectuadas por agente da autoridade administrativa (Prazo supletivo)
ou policial.
ARTIGO 2 9 Quando a lei não especifique qualquer outro prazo,
(Faita de remessa de elementos) entende-se ser de cinco dias o prazo a observar em qualquer
diligência.
1. Verificando-se a falta injustificada de remessa de
elementos com relevância para a decisão do processo, o SECÇÃO I I

Tribunal aprecia livremente essa conduta, para efeitos Dos processos de visto
probatórios, sem prejuízo de eventual instauração de pro- ARTIGO 3 8
cesso de multa e da comunicação às entidades competentes
(Distribuição dos processos de visto)
para o apuramento de responsabilidades.
2. A multa a arbitrar, pela falta referida anteriormente, Os processos de visto entrados são distribuídos ao juiz
conforme as circunstâncias a ponderar pelo Tribunal, não de semana, devidamente informados pela contadoria, até
deverá ser inferior a 1/3 do vencimento do responsável ao primeiro dia útil da semana seguinte ao registo de
pelo seu pagamento, a identificar no respectivo processo. entrada.
ARTIGO 3 9
ARTIGO 3 0 (Sequência da instrução dos processos)
(Execução de decisões condenatórias)
1. A instrução dos processos faz-se pela ordem de
As decisões condenatórias devem ser executadas, quando registo de entrada, salvo nos casos de urgência.
for caso disso, no prazo de trinta dias após notificação 2. Por iniciativa própria ou a requerimento de qualquer
correndo trâmites nos tribunais competentes para as exe- entidade, ou juízes podem declarar a urgência de qualquer
cuções fiscais. processo, mediante despacho fundamentado.
ARTIGO 3 1

(Provas) ARTIGO 4 0

Nos processos referidos no artigo 24 do presente Regi- (Prazos)


mento só são admitidas a prova por inspecção, a prova
1. A concessão do visto deverá ter lugar no prazo de
documental e, quando o Tribunal o considere necessário,
trinta dias, salvo se forem solicitados elementos ou informa-
a prova parcial. ções complementares.
ARTIGO 3 2
2. Os pedidos de elementos ou informações devem
(Audiência de técnicos) efectuar-se no mesmo prazo.
1. Quando, num processo, se devem resolver questões
que pressuponham conhecimentos especializados, pode o ARTIGO 4 1

Tribunal determinar a intervenção de técnico, que pode (Processo de visto em conferência)


ser ouvido na discussão.
2. Nas condições do número anterior, o representante Sempre que o juiz de semana entenda que deve ser
do Ministério Público pode também ser assistido por téc- recusado o visto ou se suscitem dúvidas acerca da deci-
são a tomar, o processo é levado à sessão, para apreciação que qualidade, o relator manda-o citar para contestar os
em conferência, acompanhado de projecto de decisão. factos que se lhe imputam, juntar documentos e requerer
o que tiver por conveniente, no prazo de trinta dias.
ARTIGO 4 2
(Notificação das decisões em processo de visto) ARTIGO 50
(Visto ao Ministério Público)
1. As decisões de recusa de visto em actos e contratos
relativos a pessoal são enviados, com os respectivos pro- Apresentada a contestação ou decorrido o respectivo
cessos, aos serviços que os tiverem remetido ao Tribunal. prazo sem que esta tenha sido apresentada, vai o processo
2. Nos casos referidos no número anterior, as decisões com visto ao Ministério Público para emitir parecer.
são também notificadas aos respectivos interessados.
ARTIGO 51
ARTIGO 4 3
(Outros Infractores)
(Recurso do Ministério Público)
As decisões de recusa de visto são notificadas ao repre- Quando da sua instrução resulte que a infracção é sus-
sentante do Ministério Público, pana efeitos de eventual ceptível de ser imputada a outras pessoas, são estas tam-
recurso, no prazo de vinte e quatro horas. bém citadas, seguindo-se os demais termos dos artigos
anteriores.
SECÇÃO III
ARTIGO 52
Dos processos de contas (Extinção por pagamento voluntário)
ARTIGO 4 4
1. O responsável pode pôr termo ao processo pagando
(Decisão em responsabilidade financeira ou Juízo de censura) voluntariamente o montante mínimo da multa legalmente
1. Sempre que da instrução resultem factos que envol- fixado dentro do prazo da contestação.
vem responsabilidade financeira ou qualquer juízo de 2. O juiz julga extinto o procedimento logo que seja
censura, o relator ordena a citação dos responsáveis para, junta aos autos a guia comprovativa do pagamento.
no prazo de trinta dias, contestarem e apresentarem os do- ARTIGO 5 3
cumentos que entendam necessários.
(Suprimento da falta)
2. Se se tratar de infrações puníveis apenas com multa,
é instaurado o respectivo processo. 1. O pagamento da multa não isenta o infractor da
obrigação de suprir a falta que originou a infracção,
ARTIGO 4 5
se tal for possível.
(Conteúdo das decisões) 2. Para o efeito, previsto no número anterior, a deci-
As decisões desfavoráveis, ainda que consistam num são condenatória fixa prazo razoável.
mero juízo de censura, devem mencionar expressamente ARTIGO 5 4
a posição adoptada pelos visados a propósito dos actos ou
omissões que lhes sejam imputados. (Prescrição)

SECÇÃO IV
1. O procedimento judicial prescreve no prazo de dez
anos a contar do termo da gerência em que os factos
Do processo de multa
ocorreram.
ARTIGO 4 6 2. A multa e os emolumentos em dívida prescrevem no
(Âmbito de aplicação) prazo de cinco anos a contar do trânsito em julgado do
As normas da presente secção são aplicáveis ao julga- acórdão.
mento de todas as infracções puníveis com multa, cujo 3. O prazo de prescrição previsto no número anterior
conhecimento seja da competência do Tribunal Adminis- é aplicável à reposição de dinheiros recebidos a mais ou
trativo. indevidamente.
4. A prescrição prevista no n.° 3 recai apenas sobre
ARTIGO 4 7
quem beneficiou do pagamento.
(Instauração do processo)
1. O processo de multa é instaurado com base em des- ARTIGO 5 5
pacho proferido em qualquer processo, informação da se- (Responsabilidade financeira cumulativa)
cretaria ou denúncia. A condenação em processo de multa não isenta o infrac-
2. A denúncia é obrigatória para os funcionários e tor da responsabilidade financeira eventualmente decor-
agentes das entidades sujeitas ao controlo do Tribunal rente dos mesmos factos.
quanto aos factos de que tomarem conhecimento no
exercício das suas funções ou por causa delas. SECÇÃO v
Dos outros processos
ARTIGO 4 8
(Intervenção do Ministério Público)
Das disposições comuns
Distribuído e autuado o processo, é dado visto oficiosa- ARTIGO 5 6
mente ao Ministério Público que pode requerer o que ti-
ver por conveniente, no prazo de oito dias. (Regime aplicável)
As disposições relativas aos processos de contas ou de
ARTIGO 4 9
multa são aplicáveis, com as necessárias adaptações, no-
(Citação) meadamente aos seguintes processos:
Logo que o processo contenha elementos paca permitir a) averiguações, inquéritos e auditorias;
apurar a existência da infracção, qual o seu autor e em b) declaração de impossibilidade de julgamento;
c) fixação do débito dos responsáveis que não hajam e) os que forem condenados em processo de multa;
apresentado contas; f) as entidades competentes para praticar o acto ou
d) condenação em reposição; outorgar no contrato objecto de visto.
e) reforma de processo;
f) embargos à execução de decisão; 2. O funcionário, agente interessado ou pretenso bene-
g) extinção de fianças, cauções e mais garantias exi- ficiário do acto a que tenha sido recusado o visto pode
gíveis aos responsáveis por dinheiros públicos. requerer a interposição de recurso à entidade com compe-
tência para a prática do acto no prazo de dez dias.
CAPITULO VI 3. O funcionário, agente interessado ou pretenso bene-
ficiário do acto a que tenha sido recusado o visto, não
Dos recursos
fica impedido de interposição directa do recurso, se a
SECÇÃO I entidade referida no número anterior não o fizer no prazo
de dez dias a contar da data da entrega do seu pedido.
Dos recursos
SUBSECÇÃO I ARTIGO 6 4

Das disposições comuns (Forma)


ARTIGO 5 7 Os recursos são interpostos mediante requerimento que
(Decisões recorríveis) deve conter as alegações.

As decisões condenatórias da 3.a Secção do Tribunal ARTIGO 6 5


Administrativo que apurem respnsabilidades, determinem (Preparos e custas)
o dever de repor dinheiros e outros valores públicos ou o
pagamento de multa, recusem o visto ou fixem os emolu- 1. Nos recursos há lugar a preparos e custas a fixar
mentos, são susceptíveis de recurso. nos termos regulados para o Contencioso Administrativo.
2. Nos recursos em que o Tribunal considere ter havido
ARTIGO 5 8 má fé, as custas podem ser agravadas até ao dobro.
(Julgamento dos recursos)
ARTIGO 6 6
Os recursos são julgados pelo Plenário do Tribunal (Efeitos dos recursos)
Administrativo.
ARTIGO 5 9 1. Os recursos ordinários das decisões finais têm sempre
(Admissibilidade de recursos ordinários) efeito suspensivo, salvo em matéria de visto.
2. Os recursos de outras decisões só podem ser apre-
As decisões do Tribunal Administrativo podem ser ciados na decisão final.
objecto de recurso ordinário, salvo quando tenham sido
proferidas em recurso ou se trate de despacho de mero ARTIGO 6 7
expediente. (Tramitação)
ARTIGO 6 0
1. Distribuído e autuado o processo, o juiz mandará
(Recurso extraordinário)
informar o pedido aos competentes serviços de apoio, se
As decisões referidas no artigo anterior podem igual- o julgar necessário, e profere despacho liminar de admis-
mente ser objecto de recurso de revisão, pelos fundamen- são do recurso.
tos previstos na Lei do Processo Civil. 2. Se, pelo exame do requerimento e dos documentos
anexos, o juiz verificar que o recurso é extemporâneo,
ARTIGO 6 1 inepto ou manifestamente ilegal ou que o Tribunal é in-
(Constituição de advogado) competente, indefere liminarmente o recurso.
3. Do despacho de indeferimento cabe recurso para
Nos recursos não é obrigatória a constituição de advo-
o Plenário, no prazo de cinco dias, que na primeira sessão
gado.
seguinte deve proferir decisão que admita o recurso ou
ARTIGO 6 2
mantenha o despacho recorrido.
(Prazo) 4. Admitido o recurso, são citados os interessados ou
1. O prazo para a interposição dos recursos das deci- e Ministério Público para alegarem o que tiverem por
sões finais é de trinta dias, contados da data da efectiva conveniente e juntarem documentos em prazo não supe-
notificação, com as dilações previstas na Lei de Processo rior a trinta dias.
Civil. 5. Juntas as alegações ou decorrido o respectivo prazo,
2. Os recursos de outras decisões são interpostos no os autos vão com visto aos juízes, após o que o juiz relator
prazo de cinco dias, com as mesmas dilações. elabora o projecto de acórdão.
ARTIGO 6 3 ARTIGO 6 8
(Legitimidade) (Preparação para julgamento)
1. Têm legitimidade para recorrer: Elaborando o projecto de acórdão, deve o juiz ordenar
a) o Ministério Público; que o mesmo baixe aos competentes serviços de apoio,
b)membro do Governo ou entidade de que depende apenso ao processo respectivo, e sejam remetidas cópias
o funcionário ou o serviço; aos demais juízes e ao Ministério Público, até três dias antes
c) a instituição interessada através do seu titular; da sessão em que tenha de ser apreciado, com expressa
d) os responsáveis dirigentes condenados ou objecto menção de que o processo se encontra preparado para
de juízo de censura; julgamento.
ARTIGO 6 9 ARTIGO 7 3

(Notificação de decisão final) (Competência dos serviços de apoio à 3.a Secção)

A decisão final é notificada ao recorrente e a todos os 1. Compete aos serviços de apoio à 3.a Secção prestar
que tenham sido notificados para os termos do processo. todo o apoio técnico administrativo e, designadamente,
informar oficiosamente os actos, contratos e mais instru-
SUBSECÇÃO II mentos sujeitos à fiscalização do Tribunal e organizar os
Dos recursos de revisão respectivos processos,
2. Para os efeitos do número anterior, podem os servi-
ARTIGO 7 0 ços solicitar os elementos indispensáveis.
(Fundamentos da revisão)
ARTIGO 7 4
As decisões transitadas em julgado podem ser objecto (Secretariado das sessões)
de revisão pelos fundamentos admitidos na Lei do Processo
Civil e ainda quando supervenientemente se revelem fac- 1. As sessões são secretariadas pelo Secretário do 3.°
tos susceptíveis de originar responsabilidade financeira Cartório, sem prejuízo das demais funções que lhe estão
que não tenham sido apreciados para o efeito. legalmente cometidas.
2. Nas sessões do Tribunal, o secretário poderá intervir
ARTIGO 7 1 para prestar quaisquer informações que lhe sejam solicita-
(Prazos de interposição do recurso de revisão) das pelos juízes ou pelo Ministério Público.
A interposição do recurso de revisão da decisão que SECÇÃO II
concedeu o visto apenas é possível durante o prazo em Das sessões
que o acto ou contrato pode ser impugnado no contencio-
ARTIGO 75
so administrativo.
(Discussão e aprovação)
CAPÍTULO VII
1. Os julgamentos em sessão iniciam-se com a leitura
Dos serviços de apoio do projecto de decisão, após o que se procede à respecti-
SECÇÃO I va discussão e aprovação.
Da organização e funcionamento 2. Na discussão participam o representante do Ministé-
rio Público e os juízes.
ARTIGO 7 2
(Apoio técnico e administrativo) ARTIGO 7 6

a (Acta)
No âmbito das suas atribuições e competência, a 3.
Secção do Tribunal Administrativo é apoiada técnica e De tudo o que ocorrer nas sessões é lavrada acta pelo
administrativamente por serviços, cuja estrutura orgânica, Secretário da 3.a Secção, a qual é submetida à aprovação
competência, quadro de pessoal e funcionamento são objec- na reunião seguinte, se o não tiver sido na própria reu-
to de diploma legal específico. nião a que se reporta.

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