ALUNO: WALLACE DA SILVA ALVES PROFESSORA: JULIANA MARINHO
FICHAMENTO DE ARTIGO CIENTÍFICO
Referência bibliográfica (Como é vivida a adoção na adolescência? Construção de um
Questionário de Sentimentos relacionados com a adoção Raquel Barroso* / Maria Acciaiuoli Barbosa-Ducharne* / Vanessa Coelho* * Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto, Porto, Portugal) “De fato, a entrada na adolescência implica maior frequência, intensidade e profundidade de questões sobre a identidade e, em particular, sobre as origens’’ (Grotevant, Dunbar, Kohler, & Esau, 2000; Von Korff & Grotevant, 2011) (pagina 235). O adolescente em formação está em busca da sua identidade, e principalmente entender o meio em que ele está inserido, a falta dos pais nessa fase pode gerar uma série de questionamentos sobre a sua origem. “Sendo evidente para o adolescente o impacto emocional, intelectual e social do seu estatuto de adotado” (Hayden, 1998) Após a adoção esse adolescente começa a entender algumas questões, o processo de adaptação pode ser difícil em alguns casos, pois é uma realidade totalmente diferente da que ele vivia, esse adolescente pode se sentir acolhido, mas também com receio, medos e inseguranças de não ser aceito nessa nova vivencia. Powell e Afifi (2005), “Demonstram a ambivalência emocional da vivência da adoção durante o ciclo vital do indivíduo adotado, demonstrando que apesar destes indivíduos terem a oportunidade de viver com famílias que supriram as suas necessidades físicas e emocionais (valência positiva), existe um sentimento de perda e incompletude (valência negativa) que origina sentimentos ambivalência na experiência adotiva”. A partir do momento que esse adolescente recebe esse acolhimento, carinho e afeto dos pais adotivos, ele pode perceber a falta que os seus pais biológicos fizeram nesse processo de crescimento, e isso pode gerar duvidas, e incompreensão. Na adolescência como é uma fase de entender a sua identidade, esse adolescente pode buscar o motivo pelo qual ele foi abandonado, surgindo questionamentos sobre os seus pais biológicos. “Independentemente de quão bem-sucedida for a adoção, esta é sempre acompanhada por perda e luto (Lifton, 2002; McGinn, 2000), perda dos pais e irmãos biológicos, de conexão genealógica e perda de identidade” (Brodzinsky, 1990), “que poderão ser traumáticas para a criança. Esta experiência de perda, que se manifesta por sentimentos negativos relativos ao passado, a si mesmos e pela curiosidade relativamente à família biológica” (Smith & Brodzinsky, 2002)” não termina num período específico da vida do adotado, mas continua ao longo do ciclo de vital” (Brodzinsky, Schechter, & Henig, 1992). “A gestão destes sentimentos é contínua e permanece como parte integrante da sua narrativa de vida” (Schachter & Schachter, 2011). Em alguns casos, crianças e adolescentes tiveram a oportunidade de conhecer os seus pais biológicos, e isso pode trazer muitos traumas para esse indivíduo, como o sentimento de abandono, perdas. Acontece que na maioria dos casos em que esses adolescentes perdem alguém, pode gerar uma possível depressão pela perda da família, mesmo com acolhimento dos pais adotivos do próprio abrigo. Hoje sabemos que a realidade na adoção de crianças e adolescentes é muito complicada pelo processo e a longa demora, e infelizmente ficam muito tempo aguardando a possibilidade de adoção. O indivíduo adotado em sua consciência, sabe da sua realidade, e busca entender ao longo da vida algumas questões sobre as suas vivencias, e acredito que seja algo impossível de esquecer, faz parte do processo de cada pessoa. Como essa pessoa irá lidar com esse sentimento é muito subjetivo, pois alguns poderão enfrentar esse obstáculo da melhor forma, e outros sentiram como um grande peso ao longo da vida. “As crianças que acreditam que os pais biológicos fizeram uma escolha voluntária no sentido de abdicar de si, interpretam por vezes que esta decisão teve por base um conjunto de características pessoais negativas, atribuindo a sua indesejabilidade à razão pela qual foram abandonados” (Brodzinsky, 2011). “A separação dos irmãos biológicos é também frequentemente vivida com grande frustração e stress por parte do adolescente adotado (Brodzinsky, 2009), surgindo muitas vezes questões acerca da vida atual dos irmãos e preocupação com a segurança e bem-estar dos mesmos”. A partir dessa interpretação essa criança cria certas fantasias, inclusive pode surgir o sentimento de rejeição pelos pais biológicos, esses sentimentos podem interferir no processo de adaptação com os pais adotivos, pois a criança acaba desenvolvendo o medo de ser abandonada novamente, e não conseguir se adaptar ao novo meio, O afastamento dos irmãos, pode acontecer de fato, trazendo ao indivíduo uma tristeza muito grande, ter essa experiencia não é fácil de ser resolvida, pois, crescer com uma pessoa e simplesmente se afastar de repente por alguma consequência, em alguns casos isso pode se tornar incompreensível. “A forma como a sociedade e a comunidade percebem a adoção desempenha igualmente um papel relevante na forma como o adotado se sente em relação ao seu estatuto adotivo. A importância dada à ligação genética e à família com laços biológicos e a ideia de que a adoção é uma solução de segunda opção para a infertilidade poderão conduzir a criança adotada a questionar a legitimidade da pertença à sua família adotiva” (Johnson, 2002). O indivíduo começa a perceber o seu papel, e cria a justificativa de ter sido adotado, além desse adolescente ter que lidar como o abandono, em alguns casos muitos são vítimas de preconceitos em espaços que deveriam ser acolhidos. “Todavia, apesar de ser consensual que a adoção suscita sentimentos ambivalentes, que implica o ganho de uma família, mas também a perda de outra, apenas se tem conhecimento de um instrumento que tem como objetivo a avaliação dos sentimentos de perda em relação aos pais biológicos o Birthparent Loss Appraisal Scale” (BLAS; Smith & Brodzinsky, 2002). É um processo que traz tantos sentimentos positivos pelo fato conseguir um lar, e uma nova família, mas muitos passam a vida inteira em um abrigo, a acabam criando laços muito fortes, com isso eles podem sofrer muito com a separação.