Recuperação de IVA nos créditos 26 Abril

incobráveis ou de cobrança duvidosa 14h30-17h30

Informações: Ana Bessa | Email: anabessa@vidaeconomica.pt | 223 399 427/00 | www.vebs.pt

Nº 1927 / 14 de abril 2022 / Semanal / Portugal Continental 2,40 J FUNDADOR: João Peixoto de Sousa DIRETOR: João Luís Peixoto de Sousa

www.vidaeconomica.pt

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SUPLEMENTO SEGUROS SUPLEMENTO SAÚDE

Guerra na Ucrânia eleva riscos Plano Nacional de Saúde
de mercado ao nível alto tem de ser colocado em prática
Pag. V Pág. 4

Joaquim Miranda Sarmento afirma

ATUALIDADE “Governo está

sem rumo”
Segunda volta das eleições
em França a 24 de abril
Mercados receiam
“Frexit”
Pág. 3

Germano Marques da Silva

considera
Gestão anticorrupção
é vantajosa
para as empresas
Pág. 9

MERCADOS
Crédito y Caución prevê
Retirada de apoios
• PRR não prepara economia
públicos pode para os desafios da transição
aumentar insolvências digital e climática
Pág. 17

Centro de acolhimento Págs. 8 e 9

de Lisboa já recebeu
mais de 1500 refugiados
Pág. 17 Associações empresariais consideram

Medidas para conter

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aumentos dos preços

são insuficientes Pág. 5

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“A VERDADEIRA LIDERANÇA COMEÇA DENTRO DE TI”

LEMON
01927

9 720972 000037 Com prefácio de Luís Miguel Ribeiro, Presidente da AEP

Uma viagem para a felicidade 2ª EDIÇÃO
2 QUINTA-FEIRA, 14 DE ABRIL 2022

ABERTURA

CONSULTÓRIO DE FUNDOS COMUNITÁRIOS FRANCISCO JAIME

QUESADO
Economista e Gestor

PEQUENO INVESTIMENTO NA EXPLORAÇÃO AGRÍCOLA jaime.quesado@gmail.com

Tenho uma plantação de framboesas em Alfena, Valongo, que desejo ampliar. Estou a prever um investimento de 39.000 J. A aposta na transição energética que neste momento
Posso candidatar-me aos apoios do PDR 2020? Quais as condições de acesso? estamos a ter em Portugal é um passo importante tendo
Com efeito, o PDR 2020 apoia económica e financeira; de prédios urbanos, sem em vista consolidar entre nós uma verdadeira economia
o investimento nas explorações • Cumprir as disposições estarem completamente inteligente. Discutir e avaliar hoje a dimensão estrutural
agrícolas. Para investimentos até legais relacionadas com os abandonados; da aposta da transformação de Portugal numa verdadeira
50.000J no desenvolvimento das investimentos propostos • Obras provisórias não economia inteligente é de forma clara antecipar com
explorações agrícolas, em territórios (licenciamentos, entre outros); diretamente ligadas à execução sentido de realismo um conjunto de compromissos que
classificados como “Vulneráveis • Serem iniciados e concluídos da operação; teremos que ser capazes de fazer para garantir o papel
pela Perigosidade de Incêndio no prazo de 6 e 24 meses, • Compra de animais; do nosso país num quadro competitivo complexo mas
Rural”, encontra-se aberto o respetivamente, a contar • Meios de transporte externo; ao mesmo tempo altamente desafiante. Uma economia
programa “Pequenos Investimentos da submissão do termo de • Plantas anuais ou plurianuais inteligente é um dos fatores centrais para dinamizar novas
na Exploração Agrícola”. aceitação. se a vida útil for inferior a 2 soluções estratégicas para a nossa economia e sociedade,
Os promotores devem: O aviso em vigor exclui o anos; num tempo global complexo e exigente. E a transição
• Exercer atividade agrícola; investimento em: • Direitos de produção agrícola; energética, nas suas diferentes dimensões e variáveis, terá
• Estar legalmente constituídos; • Renovação do parque de • Trabalhos de reparação e de aqui um contributo decisivo.
• Cumprir as condições legais tratores; manutenção;
necessárias ao exercício da • Instalação de painéis • Substituição de equipamentos;  
atividade; fotovoltaicos; • Infraestruturas de serviço
• Ter situação tributária e • Instalação de Redes antigranizo público;
contributiva regularizada; em Pomares de Pomóideas e • Vedações (exceção para ECONOMIA MAIS 
• Ter a situação regularizada em Prunóideas; explorações com atividade
matéria de FEADER, FEAGA e • Construção de charcas. pecuária); PRIORIDADE 1 - No início de mandato de um
IFAP; O apoio corresponde a um subsídio • Componentes do imobilizado novo Governo, Portugal tem que aproveitar o traba-
• Ser titulares da exploração a fundo perdido de 70% do incorpóreo; lho feito na área da Inovação, bem patente na subida
agrícola e efetuar o respetivo investimento total elegível. • Juros durante a realização de ranking nos  escalões europeus. Uma melhor arti-
registo no Sistema de O programa apoia o investimento do investimento e fundo de culação entre as universidades e centros de inovação e
Identificação Parcelar; em construção e melhoramento maneio; as empresas tem sido o grande motor desta capacita-
Cada promotor apenas pode de edifícios e terrenos agrícolas, • Custos relacionados com ção inovadora da economia portuguesa, que tem que
apresentar uma candidatura ao a compra ou locação de novas contratos de locação financeira; aproveitar este movimento para alargar a dimensão
aviso em vigor. máquinas e equipamentos e • Despesas de pré-financiamento.
Os projetos devem:
exportadora dos diferentes setores e qualificar a capa-
algumas despesas gerais, estas As candidaturas encontram-se
• Ter um custo total elegível últimas até 5% do custo total abertas até 06 de maio de 2022. cidade de integração nas diferentes redes globais.
mínimo de 1000 J e máximo elegível aprovado.
de 50.000J; Não são apoiados: PRIORIDADE 2 - Importante também valorizar a 
• Apresentar data de início • Bens de equipamento em gestão de redes, uma área na qual o nosso país sempre
WWW.SIBEC.PT teve uma vocação histórica, assumindo-se como uma
posterior à data da candidatura; estado de uso; SIBEC@SIBEC.PT
• Apresentar coerência técnica, • Compra de terrenos e compra 228 348 500 plataforma de intermediação inteligente entre diferen-
tes países e zonas do globo. O papel das redes globais 
pode nesta matéria ser decisivo e a participação colabo-
rativa de diferentes atores terá a grande virtualidade de
duráveis. Esta alternativa
Nesta edição Imprensa aos carburantes fósseis é
pôr em contacto os principais operadores económicos
de vários países, reforçando as oportunidades para no-
EM REVISTA considerada uma das chaves vos investimentos e projetos com carácter estrutural.
para descarbonizar os
transportes.
Bruxelas anunciou a criação PRIORIDADE 3 - A marca internacional do país
de uma aliança industrial é hoje uma referência central um pouco por todo o
China prepara estímulos com vista a aumentar a mundo. Portugal – e muitas das suas cidades e belezas
à economia produção e a utilização naturais – está na linha da frente em termos de rotas
destes carburantes, turísticas globais e a qualidade e capacidade de oferta
A China vai acelerar a fabricados à base de
sua política de apoio à aumentam de dia para dia.  Um processo sustentado e
resíduos alimentares ou aberto de reabertura terá na afirmação das capacidades
economia, estando a vegetais ou de hidrogénio.
estudar novas medidas de e competências do nosso país um verdadeiro “lab” de
relançamento. O Governo sucesso para o futuro.
chinês admite que o  
contexto internacional e Alemanha pressionada a
interno mudou e a economia fazer mais pela Ucrânia
está perante vários desafios Está a aumentar a pressão ECONOMIA MENOS  
e incertezas. sobre a Alemanha para
Estão a ser definidas dar uma resposta mais
medidas de urgência, numa SMART MANAGEMENT - Neste tempo de crise
convincente relativamente
altura em que a China se à invasão da Ucrânia pela incerta e complexa, a economia portuguesa tem pela

08 16 19
Atualidade Fiscalidade Mercados defronta com uma forte Rússia. O país é criticado frente a batalha de uma nova dimensão competitiva.
“Governo AutoVoucher LIPOR quer vaga da pandemia e com as por estar a bloquear sanções As empresas, em articulação com os centros de ino-
está sem rumo e acaba no final atingir neutralidade consequências da guerra mais fortes e por se recusar vação, terão que ser os motores deste novo desafio e
desorientado” do mês carbónica em 2030 na Ucrânia. Há ameaças a enviar ajuda militar os baixos índices de qualidade de gestão que o nos-
ao crescimento global substancial para a Ucrânia. so país continua a apresentar nos principais rankings
Opinião..........................Pág. 06 Opinião.......................... Pág. 10 e dificuldades no setor Os Estados Unidos e os internacionais terão que ser ultrapassados – a gestão,
“Z” de ameaça ao Ocidente e ao “O passado e o presente futuro: imobiliário, que fragilizam os seus aliados europeus como referia Peter Drucker, é a chave do sucesso das
nosso modo de vida quem será o consumidor ao mercados financeiros. mais próximos estão organizações.
acordar’” preocupados que depois
Internacional.................Pág. 07 de uma resposta robusta,
Zona Euro mais próxima de uma Automóvel.....................Pág. 16 Berlim esteja a abrandar O PAPEL DAS PME - A capacidade de reação
por causa dos receios da economia portuguesa neste período de crise pas-
recessão Parceria Garagem Aurora/Fuchs
económicos e do ceticismo sará também muito pela reforço da dimensão finan-
Internacional................ Pág. 07 tem balanço positivo Aliança nos transportes de que a Ucrânia possa ceira das nossas empresas. As PME, que representam
quer estimular os ganhar a guerra. Há mais de 97% da base empresarial nacional, têm feito
Preços dos alimentos atingem Mercados...................... Pág. 17
carburantes duráveis também quem pense que um esforço de modernização muito assinalável, mas
novos máximos Crédito y Caución prevê
A Comissão Europeia e a Alemanha receia a que continuamos a ter uma reduzida dimensão e insufi-
Atualidade.................... Pág. 09 crescimento das insolvências os “players” do setor dos ajuda adicional à Ucrânia ciência de capitais próprios, que limitam a capacidade
Adoção de medidas Mercados....................... Pág. 18 transportes vão cooperar e as sanções contra a de investimento e de integração nas redes estratégicas
para favorecer o acesso Rússia possam bloquear os
antocorrupção tem vantagens Qual a importância da logística esforços diplomáticos para de valor global.
da aviação e do transporte
para as empresas verde? marítimo aos carburantes colocar fim ao conflito.
RESPONSABILIDADE SUSTENTÁVEL - A
sustentabilidade e a responsabilidade social são hoje duas
marcas indissociáveis da nossa economia e sociedade e
EDITOR E PROPRIETÁRIO Vida Económica Editorial, SA Rua Gonçalo Cristóvão, 14 RC * 4000-263 Porto: • NIF: 507258487 •DETENTORES DE MEMBRO DA TIRAGEM A PRESENTE EDIÇÃO TEVE
as empresas têm que saber assumir estas novas marcas
5% OU MAIS DO CAPITAL DA EMPRESA: João Carlos Peixoto de Sousa - 57,14%; Jornal Fiscal, Lda. - 20,00%; João Luís Marinho Peixoto
de Sousa - 5,71%; Miguel Gil Marinho Peixoto de Sousa - 5,71%; Paulo Alexandre Marinho Peixoto de Sousa - 5,71% • ADMINISTRAÇÃO:
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João Luís Peixoto de Sousa • DIRETOR: João Luís Peixoto de Sousa • REDAÇÃO Virgílio Ferreira (Chefe de Redação), Adérito Bandeira, Guilherme
Osswald, Rute Barreira e Teresa Silveira; E-mail agenda@vidaeconomica.pt; PAGINAÇÃO Célia César, Flávia Leitão e Mário Almeida; • SEDE DA INCLUINDO A CIRCULAÇÃO os seus parceiros. Precisamos que gestores e demais res-
REDAÇÃO: Rua de Gonçalo Cristóvão, 14 RC, 4000-263 Porto. - Tel. 223 399 400. Fax. 222 058 098 • ESTATUTO EDITORIAL: https:// EM PAPEL E DIGITAL ponsáveis no nosso país assumam este desígnio de forma
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1121, 4471-909 Maia. - Telf: 229 411 085 Fax: 229 485 631 DISTRIBUIÇÃO VASP, SA - Cacém • E-mail geral@vasp.pt • Tel 214 337
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nº 109 477 mediação estratégica um pouco por todo o mundo.
 QUINTA-FEIRA, 14 DE ABRIL 2022 3

Indústria farmacêutica quer agilizar e tornar equitativo

acesso ao medicamento

ATUALIDADE A Federação Europeia de Associações e Indústrias Farmacêuticas (EFPIA) quer que os doentes
tenham um acesso mais rápido aos medicamentos e que os preços variem de acordo com a
capacidade financeira de cada país. A realidade é que os medicamentos não chegam a todos os
doentes ao mesmo tempo e nem sempre os preços são equitativos. A federação compromete-se
a desenvolver todos os esforços para que o mercado tenha um funcionamento mais adequado.

SEGUNDA VOLTA DAS ELEIÇÕES EM FRANÇA A 24 DE ABRIL

Mercados receiam “Frexit”

A bolsa francesa reagiu em queda à pri-
meira volta das eleições presidenciais face
à proximidade dos dois principais candi-
datos. O presidente Emmanuel Macron
continua à frente nas sondagens para a se-
gunda volta, mas a distância diminui para
51% contra 49% de Marine Le Pen. De
acordo com a análise da Coface, o desfe-
cho da segunda volta é muito mais incer-
to em comparação com últimas eleições,
onde o atual presidente foi eleito com 66%
dos votos.
Para a Coface, em caso de vitória de Ma-
rine Le Pen, a reação dos mercados deverá
ser negativa porque a candidata da extre-
ma-direita é considerada menos fiável nas
finanças públicas.
O seu programa prevê a antecipação
da idade de reforma para os 60 anos para
aqueles que têm carreiras contributivas
mais longas, com um custo estimado de
26 mil milhões de euros, a redução do IVA
sobre a energia de 20% para 5,5%, com
um custo de 10 mil milhões de euros, e um
empréstimo do governo de até 100.000
euros para todas as famílias com taxa de Emmanuel Macron. Marine Le Pen.
juro zero para promover a compra de casa
própria, com um custo estimado de 130 primado do direito da UE, relançando o e com menos capacidade para executar o fortemente condicionada pelas consequên-
mil milhões de euros. tema do “Frexit”. programa. cias da guerra na Ucrânia. O aumento de
Para a Coface, a eleição de Marine Le A Coface recorda que, apesar de as elei- preço das “commodities” está a levar a in-
Pen seria vista como uma ameaça à estabi- Risco de perda da maioria ções parlamentares realizadas logo após as flação ao nível mais alto em várias décadas,
lidade e coesão política da União Europeia. parlamentar eleições presidenciais darem habitualmen- e a situação deve manter-se nos próximos
Desta vez, ao contrário do que aconte- te a maioria ao presidente recém-eleito, meses, afetando o consumo das famílias.
ceu em 2017, a candidata deixou de lado Ainda que o presidente Macron seja ree- desta vez a situação poderá ser diferen- As empresas, já estavam a ser afetadas por
a promessa de sair da zona do euro. Mas, leito, as eleições legislativas marcadas para te ,especialmente no caso de uma vitória restrições de oferta que se estão a agravar, e
caso fosse eleita, enfrentaria a UE a partir junho podem ameaçar a estabilidade po- apertada na segunda volta a 24 de abril. veem-se agora confrontadas com aumen-
de dentro, reimpondo cheques de compen- lítica. Emmanuel Macron deverá perder a Independentemente do resultado das tos substanciais de custos. O investimento
sação, reduzindo a contribuição da França maioria parlamentar, sendo obrigado a for- eleições, a economia francesa enfrenta um privado deve diminuir perante a incerteza
para o orçamento da UE e questionaria o mar um governo de coalição, mais instável ambiente adverso. A recuperação está a ser e a redução da rentabilidade.

Inflação e preços são o “calcanhar de Aquiles” do OE2022

A proposta de Orçamento do Es-
tado para 2022, aprovada em reu-
nião extraordinária do Conselho
de Ministros na última terça-feira
e entregue ontem na Assembleia da
República, traz enormes desafios
para o ministro das Finanças.
Até ao fecho da edição VE des-
ta semana (terça-feira), apesar de
não ser conhecido o conteúdo do
documento, era já possível antever
que a inflação e os preços vão mar-
car as próximas discussões acerca
do OE2022.
A inflação para este ano vai cer-
tamente ultrapassar os 2,9% pre-
vistos no Programa de Estabilida-
de. O próprio executivo socialista
admitiu isso, ao apontar para um
crescimento de 4% da inflação.
Introduzir de imediato com-
pensações salariais poderá gerar
uma “espiral inflacionista”, tal
como o PS admitiu. Qualquer
solução passará, por isso, por con-
trolar os preços para proteger os
rendimentos das famílias.
A verificar-se esta situação, po-
deremos assistir este ano a “uma
austeridade encapotada”, tal como
já argumentou o PSD, com os au-
mentos salariais a não compensa-
rem a subida da inflação.
Ao nível macroeconómico, o
Governo deverá manter a meta do
défice em 1,9% do PIB, foi essa a
estimativa deixada por João Leão,
um desafio certamente difícil para
o seu sucessor, Fernando Medina,
tendo em conta o ambiente de
crise que se vive desde o início do
ano e agravada pela guerra da Rús-
sia contra a Ucrânia, que começou
há mais de um mês.
Lembre-se que o atual minis-
tro das Finanças prevê para 2024
França, Itália, Bélgica e Grécia. apenas superada pelas da Grécia e
um rácio de dívida pública em
Atualmente, a dívida portuguesa é da Itália. 
Portugal inferior aos de Espanha,
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4 QUINTA-FEIRA, 14 DE ABRIL 2022

ATUALIDADE

Volume de negócios aumenta quase 30% nos serviços
O volume de negócios no setor dos serviços registou um crescimento homólogo de 29,9%,
em fevereiro, sobretudo devido ao bom desempenho do alojamento, restauração e similares,
com um avanço de quase 170%, de acordo com o INE. Por sua vez, os índices de emprego,
remunerações e horas trabalhadas apresentaram variações homólogas de 5,7%, 4,5% e 18%,
respetivamente (que compara com 4,2%, 3,9% e 9,1%, em janeiro).
Governo disponibiliza 27 milhões para o setor agrícola
O Governo anunciou que vai disponibilizar cerca de 27 milhões de euros para dar resposta
ao aumento dos preços no setor agrícola. Nove milhões são provenientes da reserva de crise
da Comissão Europeia e 18 milhões inscritos no Orçamento do Estado. Os segmentos mais
afetados serão aqueles apoiados em primeira linha. Haverá ainda uma extensão da redução do
ISP para o gasóleo agrícola.

Lufthansa LGSP organiza

Porto International Youth Cup
A Lufthansa LGSP, em parceria
com a Ágora - Cultura e Desporto
do Porto e a escola de futebol IFT –
Individual Football Training, está a
organizar a 1ª edição do torneio de
futebol juvenil “Porto International
Youth Cup”.
Este torneio juvenil para o esca-
lão de Sub12, que é apoiado pelo
IPDJ (Instituto Português do Des-
porto e da Juventude) e pela Asso-
ciação de Futebol do Porto, decorre
entre 14 e 16 de abril no Complexo
Desportivo de Ramalde (Inatel).
Nesta 1ª edição estão confirmadas
10 equipas: FCPorto, SL Benfica,
Sporting CP, Boavista FC, Leixões
SC, RC Celta de Vigo, SC Braga,
Vitoria SC, Real Club Deportivo
de La Coruña  e SC Salgueiros.
“O nosso objetivo é criar um
evento de renome nacional e in-
ternacional, no distrito do Porto,
com capacidade de convidar clu-
bes e academias de todo o mun-
do”, refere Paulo Geisler, CEO da
LGSP, que realça o facto de “assim
se juntarem os potenciais talentos
que farão parte do futebol do futu-
ro”.  Este tipo de eventos ajuda a
divulgar o país e a dar a conhecer
a cultura portuguesa. “Queremos
continuar a elevar, nacional e inter-
nacionalmente, a cultura e talento
do futebol português”, menciona
ainda Paulo Geisler. Paulo Geisler, CEO da LGSP.

20 Abril
14h00-17h00

Foi publicado o Decreto de Lei 109-G/2021,

A “Diretiva Omnibus” – O reforço

de 10 de Dezembro, que transpõe para o or-
denamento jurídico português a Diretiva Co-
munitária (UE) 2019/771 (Diretiva Omnibus),
que visa reforçar o direito dos consumidores
em linha, harmonizando o normativo europeu
aplicável. O referido normativo também altera
da proteção do direito dos consumidores
o regime da defesa do consumidor, o regime
das cláusulas contratuais gerais, o regime da PROGRAMA
regulação dos preços na venda a retalho, o
regime das vendas com redução de preços,
regime aplicável às práticas comerciais de- 1 - A relação de consumo 5 - As alterações ao regime da regulação
sleais nas relações com os consumidores e o
regime das vendas à distância e fora do esta- dos preços das vendas a retalho e das
belecimento Dado o impacto que o norma- 2 - A transposição para o direito interno da vendas com redução de preço
tivo tem no comércio jurídico das pessoas e
profissionais, atenta a sua abrangência, este “Diretiva Omnibus”
será um tema de interesse generalizado.
6 - As alterações ao regime das práticas
3 - As alterações ao regime da defesa dos comerciais desleais nas relações com os
Formador
Luís Couto consumidores consumidores
advogado e sócio da Lopes Cardoso &
Associados
4 - As alterações ao regime das cláusulas 7 - As alterações ao regime das vendas à
contratuais gerais distância e fora do estabelecimento

PREÇOS
Público Geral: €75*
Assinantes: €70* Informações/Inscrições Ana Bessa (Dep. Formação) | Vida Económica - Editorial SA.
* Acresce IVA a taxa em vigor Rua Gonçalo Cristóvão, 14 R/C 4000-263 Porto | 223 399 427/00 | Email: anabessa@vidaeconomica.pt | www.vebs.pt
 QUINTA-FEIRA, 14 DE ABRIL 2022 5
ASSOCIAÇÕES EMPRESARIAIS CONSIDERAM
Medidas para conter aumentos
dos preços são insuficientes
“Falta ambição no desenho das políticas” –
Luís Miguel Ribeiro, presidente da AEP.
O Governo aprovou novas
medidas para conter o aumento
dos preços energéticos e
agroalimentares. Algumas
dessas medidas, já aprovadas em
Conselho de Ministros, visam
proteger as empresas e garantir
o crescimento económico. Mas
as associações empresariais
consideram tais medidas
insuficientes.
VIRGÍLIO FERREIRA
virgilio@vidaeconomica.pt
O Governo lançou várias medidas de emer-
gência para conter o aumento dos preços
energéticos e agroalimentares. São medidas de
cariz extraordinário alicerçadas em quatro ei-
xos: Contenção dos preços da energia; Apoios
à produção; Apoios às famílias; Aceleração da
transição energética.
Apresar da pompa e circunstância com que
estas medidas foram anunciadas pelo Gover-
no, as associações empresariais descem a terrei-
ro para exigir mais.
As associações empresariais contactadas pela
“Vida Económica” aplaudem a iniciativa do
Governo, mas consideram o conjunto das no-
vas medidas insuficiente.
AEP quer medidas imediatas
“Numa primeira apreciação, as medidas
para apoiar a economia são globalmente po-
sitivas, mas são insuficientes face à brutal esca-
lada dos custos de produção das empresas. Al-
gumas medidas vão no sentido do que a AEP
tem vindo a propor, como é o caso da descida
do ISP, mas, ao que parece, só terá lugar em
maio”, afirma Luís Miguel Ribeiro, presidente
da AEP.
“Mantém-se a crítica que a AEP já teve
oportunidade de veicular: falta ambição no de-
senho das políticas e ação imediata para atacar
o contexto extremamente difícil que o tecido
empresarial e o país enfrentam”, acrescenta.
“Para uma cabal resposta aos problemas que
as empresas e o país enfrentam, quer numa
perspetiva de curtíssimo prazo quer numa
vertente de médio e longo prazos, a AEP de-
fende várias medidas: Reorientar alguns eixos
do PRR para apoiar as empresas, evitando o
encerramento e destruição da capacidade pro-
dutiva; Promover uma redução substancial da
carga fiscal sobre a energia para baixar o preço;
“Deveriam ser retomados os apoios” – João “É necessário procurar mais respostas” – An- “Medidas não têm a intensidade suficiente” –
Vieira Lopes, presidente da CCP. tónio Saraiva, presidente da CIP. Reis Campos, presidente da AICCOPN.
Aplicar o lay-off simplificado para os setores mos de euro por litro consumido nas viaturas apoios deixam de fora empresas igualmente
mais afetados pela crise energética; Adotar me- com mais de 35 toneladas e agora deixam de afetadas por aumentos de outras tipologias de
didas que permitam aumentar o fundo de ma- poder recuperar qualquer valor.” custos”.
neio das empresas, nomeadamente com incen- Quanto às medidas relativas à transição Para além do reforço e alargamento destas
tivos a fundo perdido – com prorrogação das energética, a CCP entende que, “sendo po- medidas, a CIP continua a defender a reintro-
moratórias de crédito – e com novas linhas de sitivas, não terão um efeito no curto prazo. dução do “ay-off” simplificado e o recurso às
financiamento com reconversão a fundo per- Pensamos que se deverá ir mais longe, nomea- verbas disponíveis no Mecanismo de Recupe-
dido e um período de carência expressivo. As damente em termos do IVA que incide sobre ração e Resiliência, na vertente de emprésti-
quatro medidas são todas importantes, por isso um conjunto de bens alimentares e cuja taxa mos, que não foram solicitadas por Portugal.
mesmo difíceis de priorizar, mas, no imediato, deveria ser reduzida. Consideramos ainda que
daria prioridade às duas primeiras”, conclui. deveriam ser retomados os apoios, nomeada- AICCOPN quer maior intervenção
mente, o programa Apoiar, estruturado de efetiva
CCP defende medidas mais profundas uma forma a abranger todos os sectores que
comecem a revelar dificuldades.” Na perpetiva da AICCOPN, retirando a
À semelhança da AEP, também a CCP con- Em termos fiscais, “teremos que pensar em descida do ISP, “as restantes medidas não estão
sidera positivas as medidas relativas à conten- compensar, nomeadamente por via do IRS, o direcionadas para problemas específicos do se-
ção de preços dos custos da energia, “embora aumento da inflação, já que as empresas não tor, que precisam de uma intervenção efetiva e
possa não ser suficiente para algumas empre- terão capacidade de assumir em termos de ac- prioritária e que, como temos afirmado, neces-
sas. A suspensão do aumento da taxa de car- tualizações salariais a totalidade do aumento sitam de uma atuação concreta para a permitir
bono parecia-nos inevitável, só se estranhando da inflação”, conclui o presidente da CCP. a continuidade da nossa atividade perante o
que o Governo aponte essa suspensão apenas atual cenário de subida anómala dos preços das
até Junho”, afirma à VE João Vieira Lopes. CIP aponta para “apoios limitados” matérias-primas, da energia e dos materiais de
Para o presidente da CCP, “o principal pro- construção, o qual foi severamente agravado
blema das medidas é que o pacote apresentado Na mesma linha de opinião está a CIP: pela guerra na Ucrânia”, afirma Reis Campos.
fragmenta os apoios por setores, ignorando “São medidas bem-vindas, que já tardavam”. O presidente da AICCOPN lembra que foi
que há um impacto transversal em toda a ca- “É fundamental que cheguem rapidamente às apresentado ao novo Governo um pacote de
deia económica. Obviamente que há setores empresas, sem complexidades burocráticas”, medidas prioritárias, cuja adoção é essencial,
mais afetados do que outros, mas, ainda assim, afirma à “Vida Económica” António Saraiva. tais como a aceitação dos pedidos de prorroga-
não temos dúvidas de que o segundo semestre “Contudo, estas medidas não têm a intensi- ção do prazo de execução das empreitadas sem
deste ano será difícil, e deveríamos estar a tra- dade suficiente para fazer face ao exponencial aplicação de multas ou penalizações, a criação
balhar em medidas mais abrangentes”. aumento de custos que as empresas estão a de um fundo público ao qual as entidades ad-
Relativamente à redução do ISP, “para as sofrer, sendo necessário procurar mais respos- judicantes possam aceder para compensar as
empresas de transporte de mercadorias, não tas”, acrescenta. No caso dos apoios diretos empresas, a aprovação de um regime excecio-
existe qualquer descida, uma vez que, atual- às indústrias intensivas em gás, a CIP que a nal e temporário de contratação pública, entre
mente, as empresas recuperavam 0,136 cênti- compensação é “muito limitada” e que “os outras medidas.
Apoios assentam em quatro eixos
Eixo 1 contribuições para a segurança - Redução do ISP sobre o gasóleo de prestações sociais mínimas.
Contenção dos preços da energia social dos setores mais colorido e marcado agrícola até - Alargamento das medidas de
- Redução do ISP no equivalente vulneráveis. ao final do ano = menos 3,432 apoio à aquisição de botija de gás
à redução da taxa do IVA para - Subvenção para apoiar o cêntimos/litro. (10J) a todas as famílias titulares
13%: menos 0,215J/L no aumento dos custos com gás das - Mobilização de 18,2 MJ de prestações sociais mínimas.
gasóleo; Menos 0,207J/L na empresas intensivas em energia de recursos nacionais para
gasolina. (apoio de 160 MJ). mitigar custos acrescidos com a Eixo 4
- Limitação dos lucros inesperados - Redução das tarifas elétricas alimentação animal e fertilizantes. Aceleração da transição
e extraordinários das empresas para as empresas eletrointensiva. - Utilização dos saldos transitados energética
geradoras de eletricidade. - Desconto de 30 cêntimos por do Fundo de Compensação - Redução da taxa mínima do IVA
litro nos combustíveis para o setor Salarial do setor das pescas dos equipamentos elétricos.
- Suspensão do aumento da taxa
de carbono até junho = menos 5 social. para apoiar os aumentos dos - Agilização do licenciamento de
cêntimos/litro. - Alargamento do regime de custos de produção (a DGRM painéis solares.
flexibilização de obrigações fiscais irá operacionalizar esta medida - Simplificação dos procedimentos
Eixo 2 no primeiro semestre de 2022 através do BMar). relativos à descarbonização da
Apoios à produção (agricultura, pescas e setor social indústria.
- Criação do gás profissional para e solidário). Eixo 3 - Reforço de 46 MJ para
abastecimento do transporte de Apoio às famílias instalação de painéis fotovoltaicos
mercadorias. Apoios à agricultura e pescas - Alargamento das medidas de em 2022 e 2023 (agroindústria,
- Flexibilização de pagamentos - Isenção temporária do IVA dos apoio ao preço do cabaz alimentar exploração agrícola,
fiscais e diferimento das fertilizantes e das rações. (60J) a todas as famílias titulares aproveitamentos hidroagrícolas).
6 QUINTA-FEIRA, 14 DE ABRIL 2022
ATUALIDADE/Opinião
Portugal não cumpre transposição do Código
de Comunicações Eletrónicas
A Comissão Europeia submeteu dez Estados-Membros, entre os quais Portugal, ao Tribunal
de Justiça da União Europeia por não terem transposto integralmente e comunicado como as
medidas nacionais transpõem o Código de Comunicações Eletrónicas da UE .O Código mo-
derniza as regras de telecomunicações em benefício dos consumidores e da indústria.
“Z” de ameaça ao ocidente e ao nosso
modo de vida
O
exército russo pintou um “Z” nos
equipamentos militares usados na
Ucrânia, algo que se afigura pouco
castrense, atendendo que alegadamente se
encontra a realizar uma “operação militar
especial”, não para se distinguirem das
forças ucranianas, mas por encontrarem
nesse símbolo, que nem sequer é uma letra
do alfabeto cirílico, um estímulo superior
de missão, um desígnio sagrado, tal como
a suástica nazi figurava em toda a sinalética
alemã da época, substituindo a própria
bandeira.
O “Z” significa, “para Ocidente”, o que
afinal é o grande mote e objetivo da invasão
russa da Ucrânia, esmagando o país vizinho,
que, nas suas legitimas e livres escolhas, se
procurava ocidentalizar, não apenas nos
hábitos de consumo, mas essencialmente
procurando instalar uma democracia
representativa e uma economia de mercado
que abrisse oportunidades a todos e não
apernas aos subservientes do poder, algo que
repugna profundamente à Rússia, uma vez
que nunca conheceu uma coisa ou outra,
além de que, paredes meias, temia que o
sucesso do sistema democrático provocasse a
revolta popular e a deposição dos autocratas
e dos oligarcas que os suportam.
A “desnazificação” de que a Rússia fala
para justificar a invasão e a sua defesa
preventiva, afinal, é a neutralização de
toda a influência ocidental, usando como
argumentos cínicos acusações de “nazis” a
quem nada tem que ver com isso, antes pelo
contrário, quando são os próprios russos
que parecem seguir a cartilha de Hitler
em tudo que estão a realizar, incluindo a
barbárie com que tratam a população civil
que encontram pelo caminho, realizando
verdadeiros massacres, arrasando cidades
aos alicerces das casas, deixando um rasto
de destruição e morte que poderia competir
com as mais brutais e sanguinárias incursões
medievais de vikings ou de hunos, algo que
julgaríamos impensável na Europa do século
XXI.
O que se digladia na Ucrânia são, afinal,
duas conceções antagónicas do mundo: a
de um mundo livre, no qual o ser humano
é central na busca da sua felicidade,
individual e coletiva, e a dos regimes
autocráticos, tendo eles a inspiração de
uma ideologia fascista, nazi, supremacista
ou comunista, que perpetuam ditadores
ou partidos no poder, à custa da opressão
interna, com o mais absoluto desrespeito
pelos direitos humanos e menos ainda pela
ideia de liberdade, justificando todos os
atos, mesmo os atos de agressão a países
estrangeiros, como está a ser o caso da
invasão russa da Ucrânia.
Não é por acaso que o círculo mais próximo
de Putin não fala de guerra à Ucrânia,
mas de guerra ao Ocidente, uma vez
que este representa tudo aquilo que eles
profundamente desprezam: a liberdade, a
tolerância, a diversidade, a democratização
Portugal recebe dois centros de inovação da NATO
Portugal foi escolhido para acolher dois centros de inovação em defesa, no âmbito do Acelera-
dor de Inovação da NATO (“Defence Innovation Accelerator for the North Atlantic”, DIA-
NA). Estas infraestruturas deverão iniciar operações em 2023.O projeto DIANA é um instru-
mento que visa acelerar o desenvolvimento de soluções tecnológicas emergentes e disruptivas
no seio da NATO. Os locais para os centros são Almada e Tróia.
PAULO VAZ
Jurista e Gestor
do bem-estar, o pluralismo de opinião e o
contraditório. Para Putin e os seus aliados,
o Ocidente é fraco e corrupto, fácil de
assustar e de subjugar, razões que levaram
a Rússia a invadir a Ucrânia, na expetativa
de que a Europa e os Estados Unidos
iriam novamente perder-se nos discursos,
nas suas habituais divisões internas e na
incapacidade de reagir e sancionar, num
lapso de tempo que seria suficiente para
subjugar Kiev. A realidade está a demonstrar
que se enganaram completamente: nem
o Ocidente é tão fraco como julgavam,
menos ainda dividido na capacidade de
agir e aplicar sanções, nem a Ucrânia
se deixou subjugar como esperavam,
oferecendo uma resistência heroica e uma
capacidade de organização militar que
envergonha o exército russo, desorganizado,
indisciplinado, mal servido logisticamente
e com material obsoleto, evidenciando ao
mundo afinal uma fragilidade inesperada,
pouco próprio de quem quer fazer ressurgir
a glória de uma superpotência.
Aliás, Putin está a conseguir unir o
Ocidente, incluindo em aspetos militares,
fazendo ressurgir a NATO e voltando a
colocar no Atlântico Norte o epicentro das
decisões económicas globais, disputando
novamente com a Ásia-Pacífico uma
hegemonia que parecia irreversivelmente
perdida.
Neste conflito civilizacional importa ainda
perceber que é o nosso modo de vida
ocidental, livre, organizado politicamente
em democracias liberais e representativas e
economicamente no mercado, que está em
discussão, razão pela qual, mesmo dentro
das nossas fronteiras, há quem se coloque
do lado dos russos, como o PCP, que, sendo
comunista, não deixa de simpatizar com
o autocrata de extrema-direita Putin, e
há quem não tenha coragem de condenar
a Rússia sem invocar um “mas”, uma
justificação, uma desculpa, ou procurando
colocar na equação o ódio e a culpabilização
da NATO, dos EUA e da União Europeia,
como o Bloco de Esquerda e personalidades
que gravitam no seu círculo, num discurso
ambíguo e desprezível, que nem têm a
coragem de assumir.
É com esta gente que António Costa fez a
“geringonça” e submeteu o país à agenda de
forças políticas que desprezam a democracia
e o mercado, afinal o nosso modo de vida,
cujos valores deveriam ser inquestionáveis,
porque centrais e fundamentais, quando
escolhemos os parceiros para as alianças
políticas que traçam o destino de um
país. Convém não nos esquecermos desta
verdade pungente, até porque no seio do
Executivo atual, embora expurgada e já
esquecida a “geringonça”, ainda há quem
acalente os delírios frentistas de um país
vergado pelo marxismo e a caminhar
desassombradamente para um futuro
sinistro, em que a Venezuela continua como
modelo.
SUSTENTABILIDADE CORPORATIVA
Ameaças existenciais
e o desafio do Propósito
O
s últimos tempos têm sido
ricos em momentos de
viragem. Desde logo, nos
últimos anos temos assistido a um
aumento dramático da frequência,
intensidade e impacto dos desastres
naturais. Em particular, nos últimos
dois anos defrontámo-nos com uma
pandemia que provocou disrupções,
perdas e mudanças radicais na
vida dos indivíduos, das famílias e
das organizações. Hoje, vemo-nos
confrontados com uma guerra no
espaço europeu, que está a criar e
amplificar uma série de riscos sociais,
económicos e de segurança a nível
regional e global.
Ocasiões como estas, em que as regras
do jogo se alteram e o ser humano
é confrontado com verdadeiras
ameaças existenciais, são também
momentos de reflexão e de renovação.
Não apenas por sermos forçados a
olhar em redor e para dentro de uma
perspetiva diferente, mas sobretudo
porque, perante as adversidades,
somos levados a procurar segurança,
estabilidade e novas oportunidades
de afirmação e de realização. Em
suma, redefinimos o nosso propósito
individual. Ora, o propósito
individual alimenta-se não apenas
das nossas preferências e ambições
pessoais, mas também do significado
que conseguimos extrair da nossa
atividade profissional, e ainda da
relevância que reconhecemos no
propósito das organizações com que
interagimos e colaboramos.
Mas o que é afinal um propósito
corporativo relevante? Convém
referir que, quando falamos de
Propósito ou Missão em ambiente
empresarial, entramos no domínio
dos temas estratégicos que, por
descuido ou preguiça, muitas vezes
acabam cristalizados e negligenciados
durante anos a fio, enquanto a
organização se vai transfigurando e
ajustando aos novos tempos. Esses
“mission statements” identitários, que
tipicamente aparecem associados à
Visão e aos Valores, deveriam, em boa
verdade e em permanência, funcionar
como âncoras, bússolas e catalisadores
da organização e da sua atividade.
Desde que, em 1984, Edward
Freeman lançou as bases da teoria
das partes interessadas (“stakeholder
theory”) que ficou claro que o
propósito das empresas deve
ir bastante além da geração de
lucros para os acionistas. A partir
desse momento, e durante quase
JOÃO DIAS DA SILVA
CEO da Sharedness
joao@sharedness.com
www.sharedness.com
três décadas, a Responsabilidade
Social Corporativa (RSC) ganhou
relevância crescente no mundo
empresarial, ainda que ancorada na
dimensão social e muito baseada em
abordagens de cariz filantrópico e de
voluntariado, i.e., com uma ligação
ténue ao propósito das organizações.
Os temas ambientais e, em particular,
as alterações climáticas ganharam
mais relevo no âmbito da RSC a
partir do início do século XXI, com
o lançamento dos Objetivos do
Milénio e do Pacto Global das Nações
Unidas, consolidando-se também o
conceito de “triple bottom line” como
abordagem estratégica à gestão. Isto
significa que, para além de objetivos
económicos, os negócios passaram
a definir e a ter em conta também
objetivos de caráter social e ambiental,
o que certamente provocou reflexões
adicionais e ajudou a moldar alguns
discursos, mas não terá tido ainda
suficientes efeitos práticos ao nível do
propósito corporativo. Finalmente,
em 2011, Michael Porter e Mark
Kramer sugeriram a abordagem da
Criação de Valor Partilhado para as
partes interessadas como alternativa
à tradicional RSC, fazendo notar
que o propósito das organizações se
deve concentrar cada vez mais no
desenvolvimento de atividades que
efetivamente resolvem problemas
críticos para a sociedade e para o
planeta, e cada vez menos numa mera
competição por quotas de mercado
baseada em diferenças triviais nos
atributos de produtos e serviços. Esta
linha de pensamento culminaria, em
2015, no lançamento dos Objetivos
de Desenvolvimento Sustentável,
no âmbito da Agenda 2030 das
Nações Unidas, que se tornaram uma
referência para organizações em todo
o mundo.
Por conseguinte, pode hoje afirmar-se
que o propósito de uma organização
será tanto mais relevante quanto mais
contribuir para atenuar ou resolver (e
quanto menos contribuir para agravar)
os grandes problemas ambientais,
sociais e económicos da atualidade.
Esta orientação “de fora para dentro”
pressupõe processos sistemáticos e
periódicos de reflexão estratégica e
envolvimento das partes interessadas,
de forma a assistir e facilitar o
alinhamento com os propósitos
individuais, o que tem efeitos diretos
e favoráveis na atração e retenção
de talento, clientes e parceiros de
negócio.
 QUINTA-FEIRA, 14 DE ABRIL 2022 7

ATUALIDADE/Internacional

Banco de Espanha piora previsões
A recuperação da economia espanhola vai ser mais lenta do que o esperado anteriormente, entre
outros aspetos, em resultado do agravamento da inflação, que acelerou com a invasão da Ucrâ-
nia. Assim, o PIB do país vizinho deverá crescer 4,5%, este ano, com uma inflação de 7,5%. No
primeiro trimestre, a economia avançou 0,9%, muito inferior aos 2,2% registados nos últimos
meses do ano passado. Claramente, a tendência é para uma travagem na recuperação do país.
Grandes bancos querem clarificação sobre sanções
Os grandes bancos europeus apelaram à Comissão Europeia para apresentar informações mais
concretas e precisas para aplicarem adequadamente as diferentes sanções adotadas contra a
Rússia. Os bancos não querem correr o risco de serem apanhados em falso ou assumirem um
excesso de prudência. A realidade é que uma interpretação incorreta pode dar origem a pesa-
das multas. Bruxelas já apresentou cinco pacotes de sanções contra a Rússia.

Preços Zona Euro mais próxima de uma recessão

dos alimentos
Está a aumentar o risco de uma
atingem recessão na Zona Euro. A inflação
deverá continuar a crescer até ao
novos final do ano e o Banco Central
Europeu prepara-se para lançar
máximos um período de aumento das taxas
de juro, ainda antes de 2023, de
acordo com um inquérito realiza-
do pela Reuters junto de econo-
mistas.
A inflação da região da moeda
única atingiu os 7,5%, em março,
o nível mais alto desde a criação
O aumento das taxas
de juro vai acontecer
pela primeira vez
numa década
do euro, sendo que o pico ainda
não terá sido alcançado, já que a
guerra na Ucrânia tende a agra-
var os preços dos alimentos e da
energia. Em termos monetários,
o BCE vai colocar ponto final
na compra de ativos e agravar as
taxas de juro, o que acontecerá
pela primeira vez numa década.
Entretanto, a margem de atuação
vai-se reduzindo, com a possibili-
dade de uma recessão a tornar-se
cada vez mais uma realidade, já
que a Zona Euro está particular-
mente exposta ao conflito entre
a Rússia e a Ucrânia. Os econo-
mistas admitem que o impacto
da guerra seja pior do que o pre-
visto ou que a situação continue a
deteriorar-se.
As previsões de crescimento têm
sido revistas em baixa, de forma
muito considerável, não devendo
ficar acima das seis décimas nos
terceiro e quarto trimestres. Ago-
ra é esperado um crescimento de
apenas 2,9%, este ano, quase me-
nos um ponto percentual do que
há um mês. O agravamento da
guerra constitui o principal risco
para a economia.

Novidade
CONDOMÍNIOS – A Lei e a Prática, numa vertente
mais pragmática, aborda um vasto conjunto
de questões que se colocam no dia-a-dia de
todos os condóminos sobre a administração
do condomínio, a assembleia de condóminos,
Os preços mundiais dos ali-
a repartição dos encargos, o uso das fracções
mentos aumentaram cerca de IMEDIATO
13%, em março, tendo alcançado autónomas, das partes comuns, ou relativas á
um novo máximo. A guerra na realização de obras e à fiscalidade, entre outras.
Ucrânia continua a provocar pro-
blemas nos mercados dos cereais
e dos óleos vegetais, de acordo
com a Organização das Nações
Unidas para a Alimentação e a
Agricultura (FAO).
O índice dos preços alimenta- ESTRUTURA DA OBRA:
res atingiu uma média de 159,3
pontos, contra os 141,4 do mês • Mais de 100 questões práticas
de fevereiro. O agravamento dos • Legislação essencial
preços justifica-se pelos níveis re- • Inclui minutas com exemplos de actas,
cordes verificados nos subíndices regulamento de condomínio, comunicações,
dos óleos vegetais, dos cereais e
requerimentos de certidões e de vistoria, etc.
da carne, bem como ao aumento
do açúcar e dos produtos lácteos. • Glossário
Em termos concretos, os preços • Índices de consulta
dos cereais cresceram 17%, em
março, e dos óleos vegetais au-
mentaram 23%, adianta aquela
organização. A invasão russa está
a bloquear as exportações oriun-
das do Mar Negro, o que está a
provocar um aumento dos preços
dos alimentos.
A FAO prevê que, pelo menos,
20% das áreas plantadas no inver-
no não serão aproveitadas, face à
Título Condomínios - A lei e a prática
destruição direta, às dificuldades
de acesso e à falta de recursos. Autor Maria dos Anjos Guerra
As estimativas relativamente às
trocas mundiais de cereais, em PVP €18,90
2021-2022, foram reduzidas em
14,6 milhões de toneladas, para
cerca de 469 milhões de tonela-
das. A tendência será ainda para
um aumento dos stocks mundiais Brevemente Disponível
de cereais, no final daquele perío-
do, para atingirem perto de 851 Compre já em http://livraria.vidaeconomica.pt
milhões de toneladas. De salien-
tar que esta situação vai resultar http://livraria.vidaeconomica.pt encomendas@vidaeconomica.pt 223 399 453
numa má nutrição, a nível global.
8 QUINTA-FEIRA, 14 DE ABRIL 2022
ATUALIDADE
Ramada aumenta lucro em 116%
O grupo Ramada atingiu um resultado líquido de 15 milhões
de euros, no ano passado, o que se traduziu num aumento
de quase 116% face ao exercício anterior. As receitas totais
ascenderam a quase 145 milhões de euros, num acréscimo de
40,3%.
JOAQUIM MIRANDA SARMENTO AFIRMA
“Governo está sem rumo e deso
“O Governo, que tomou posse
há duas semanas, mas que é a
continuação de um Governo
de seis anos, está esgotado e
sem soluções”, afirma Joaquim
Miranda Sarmento, professor
de Finanças no ISEG, ex-
assessor económico do ex-
Primeiro-Ministro Cavaco
Silva e que esteve 10 anos no
Ministério das Finanças.
Segundo o mesmo
responsável, “o PRR não é
transformador da economia
portuguesa, não tem as
reformas necessárias, nem
prepara a economia para os
desafios da transição digital e
climática desta década.
Para Miranda Sarmento,
Portugal corre o risco de em
2030 se distanciar ainda mais
do rendimento “per capita” da
União Europeia.
VIRGÍLIO FERREIRA
virgilio@vidaeconomica.pt
Vida Económica – Quando escreveu o
seu livro “Portugal – Liberdade e Espe-
rança. Uma visão para Portugal 2030”,
era notória a sua preocupação com um
Portugal estagnado e com um défice
acentuado de competitividade e de pro-
dutividade. Essa preocupação ainda se
mantém? Por que razão o país não evolui?
Joaquim Miranda Sarmento - O livro
foi escrito entre outubro e dezembro de
2020, já em plena pandemia. Os proble-
mas estruturais da economia portuguesa
(que apelido no livro de “estrangulamen-
tos”), que fazem com que o país esteja es-
tagnado há duas décadas, foram agrava-
dos com a pandemia, e agora ainda mais
com a guerra na Ucrânia. Mas os pro-
blemas estruturais não resultaram dessas
duas crises, naturalmente. São proble-
mas, em alguns casos com décadas, mas
que não somos capazes de mitigar, de
forma a reduzir o seu impacto negativo.
Penso que são cada vez mais prementes e
que a sua discussão e resolução tornam-
-se cada vez mais urgentes, sob pena de
caminharmos inexoravelmente para o úl-
timo lugar dos 27 da União Europeia em
termos de riqueza e bem-estar.
VE – O Governo tem transmitido
perspetivas tranquilizadoras sobre a
economia portuguesa. Como comenta
isso? Que verdade deveria ser dita?
JMS - Estas últimas semanas mostram
Glintt aumenta lucros em 27%
A Glintt obteve um resultado líquido de 1,6 milhões de
euros, no ano passado, o que se traduziu num aumento
de 27% relativamente ao exercício anterior. O EBITDA
foi de 14,6 milhões de euros, mais 14% em termos ho-
mólogos.
“Mercado laboral não
responde aos desafios
das novas tecnologias e
empregos”
fazer, nesse período, uma consolidação
orçamental estrutural que preparasse as
contas públicas para um período mais
difícil; terceiro, o PRR foi pensado so-
bretudo para acudir ao Estado e realizar a
despesa e o investimento público que não
tinha sido feito nos últimos 15 anos. O
PRR não é transformador da economia
portuguesa, não tem as reformas neces-
sárias, nem prepara a economia para os
desafios da transição digital e climática
desta década.
VE – Que medidas se impunham
para travar o alastramento da crise e
conter uma espiral inflacionista?
JMS - O Governo andou este mês e
meio a “fazer de conta” com a proposta
de redução do IVA dos combustíveis da
taxa normal de 23% para a intermédia de
13%, quando sabia que a decisão de Bru-
xelas será sempre demorada, porque há
procedimentos em sede de IVA estabele-
cidos. É bastante mais simples e eficiente
reduzir o ISP, havendo margem face ao li-
mite estabelecido pela Diretiva Europeia,
na ordem dos 30 cêntimos por litro.
Programa de Estabilidade
não tem qualquer valor
VE – O OE2022 resolve alguma coi-
sa? O que deveria ter sido acautelado?
“Despejar dinheiro nos problemas, que é aquilo que os socialistas sabem fazer (mas com o dinhei-
 JMS - À data desta entrevista (se-
ro dos outros), desta vez não serve”, afirma Joaquim Miranda Sarmento.
gunda, dia 11) ainda não conhecemos
o inverso. O Governo, que tomou posse nómico da guerra na Ucrânia pode o OE22. Não me parece que possa ser a
há duas semanas, mas que é a continua- comprometer a recuperação económi- simples repetição do OE chumbado em
ção de um Governo de seis anos, está es- ca de Portugal e cavar ainda mais a di- outubro.
gotado e sem soluções. O Governo está vergência do nosso país face à média Por outro lado, é incompreensível o
sem soluções para a crise que a inflação europeia? Governo anterior, nos últimos dias, ter
está a criar. Na crise da Covid-19 a res- JMS - Pese embora Portugal seja um apresentado o Programa de Estabilidade,
posta foi lançar dinhei- dos países que menos quando o prazo limite é 20 de abril. O
ro europeu (por via da depende energetica- Programa de Estabilidade que foi apre-
dívida pública e do pro- “O Programa mente da Rússia, vai sentado ainda pelo Professor João Leão
grama do BCE e por sofrer as consequências já não tem qualquer valor. Mas temo que
via dos programas eu- de Estabilidade não económicas. Seja pela o OE22 reflita aquilo que disse antes:
ropeus de apoio, como tem qualquer valor” subida dos preços da um governo sem qualquer capacidade de
o REACT e o SURE) energia e das matérias- reação a esta crise, que é muito diferente
para acudir à falta de -primas (que, como da crise da Covid-19. Agora despejar di-
liquidez das empresas e à quebra de ren- “commodities” que são, têm preços glo- nheiro nos problemas, que é aquilo que
dimento das famílias. Agora as soluções bais), seja pela contração das economias os socialistas sabem fazer (mas com o di-
têm de ser diferentes. Não só não há uma no centro da Europa. Mas o Governo nheiro dos outros), desta vez não serve.
margem significativa de atuação como as tem poucas desculpas, por três grandes
mesmas soluções já não vão funcionar. O razões: primeiro, não usou o período VE – A margem de manobra orça-
Governo está sem rumo e desorientado. de 2015-2019, de bonança económica, mental dada pela forte redução do
para fazer as reformas estruturais que, défice público em 2021 – consegui-
Governo com poucas desculpas como referi antes, impedem a economia do à custa de um novo agravamento
portuguesa de ser mais competitiva e de fiscal sobre a economia portuguesa –
VE – Considera que o impacto eco- crescer mais; segundo, não foi capaz de não deveria ser utilizado para acorrer
 QUINTA-FEIRA, 14 DE ABRIL 2022 9

ATUALIDADE

EDP assegura parque solar Mota-Engil garante adjudicação

nos Estados Unidos da América
A EDP – Energias de Portugal assegurou dois contratos de
Aquisição de Energia (CAE) a longo prazo, num total de 216
MWac, para a venda de 90% da energia verde produzida por um
parque solar no Texas.
na Costa do Marfim
A Mota-Engil informou que foi adjudicada à sua participada para
África um contrato na Costa do Marfim pela Roxgold Sango, no va-
lor de 213 milhões de dólares norte-americanos. As obras têm início
previsto para dezembro de 2022 e terão uma duração de 66 meses.

GERMANO MARQUES DA SILVA CONSIDERA

Adoção de medidas anticorrupção

rientado” tem vantagens para as empresas
A existência de programas de “compliance”
aos riscos que ensombram a economia um programa sério, credível e ambicio- “pode afastar a responsabilidade dos dirigentes
portuguesa? so de atração de mão de obra, seja dos e das pessoas coletivas por se entender que os
JMS - A condicionante orçamental portugueses que saíram nos últimos 15 atos criminosos praticados pelos colaborado-
não deve ser olhada pelo défice, mas pela anos, seja de imigrantes que queiram vir res o são contra a vontade dos dirigentes e das
dívida pública, que está próxima dos estabelecer-se em Portugal, contribuindo pessoas coletivas, por constituírem formas de
130%. Mas mais grave que este valor foi também para combater o inverno demo- vigilância e controlo adequadas à prevenção
que não se aproveitou a política monetá- gráfico e a desertificação do interior. da criminalidade”, afirma o professor Germa-
ria do BCE entre 2015 e 2022 para au- no Marques da Silva, em entrevista publicada
mentar substancialmente as maturidades VE – Acha que o PRR deveria ser na última edição da revista “Vida Judiciária”.
da dívida. A maturidade média da dívida mais direcionado para as empresas do Nessa entrevista, realizada no âmbito da
pública em 2022 pouco maior é que a de que para o setor público? Que riscos introdução do Mecanismo Nacional Anti-
2015. Podíamos ter emitido muita dívida apresenta o atual desenho dos fundos corrupção (DL n.º 109-E/2021, de 9 de de-
a 10, 20 e 30 anos, com custos abaixo europeus? zembro), considera ainda positivo o facto de a
de 1% ao ano. Isso teria retirado pressão JMS - Como disse atrás, o PRR serve política criminal passar a apostar mais na pre-
A existência de programas de “compliance”
sobre os reembolsos da dívida pública sobretudo para realizar a despesa e o in- venção do que na repressão do crime.
“pode afastar a responsabilidade dos dirigen-
nesta década. Ao invés vestimento público que Tal como explica Germano Silva, “em ge-
tes e das pessoas coletivas”, afirma Germano
de termos cerca de 15 “PRR não está focado não foi realizado nestes ral a existência de programas de ‘compliance’,
Marques da Silva.
mil milhões por ano de últimos 15-20 anos. quer em sentido técnico, mais restrito, ou em
reembolsos de divida de nos ‘estrangulamentos’ Não está focado nos sentido mais amplo, os simplesmente denomi- Nacional Anticorrupção visa precisamente
médio e longo prazo (e da economia nacional” “estrangulamentos” da nados programas de cumprimento normativo, prevenir a prática de atos de corrupção no
não esquecer que a dí- economia nacional, não para além do efeito de prevenção da criminali- seio das empresas e, nessa medida, evitar que
vida aos instrumentos apoia as empresas na dade empresarial, são também tidos em conta as pessoas coletivas e os seus dirigentes incor-
europeus começa a ser medida do necessário e nos processos-crime por revelarem o propósito ram em responsabilidade criminal pela prática
paga já em 2025), devíamos ter reduzido não faz a transformação de que a econo- de cumprimento da lei, isto é, da abstenção da de crimes de corrupção, em sentido amplo”,
esse valor para uns cinco mil milhões por mia precisa face aos desafios da década. prática de crimes. Por isso, a existência desses esclarecendo que “o diploma [DL n.º 109-
ano, colocando grande parte desta dívi- programas antes da prática do crime é geral- E/2021] impõe um reforço na estrutura das
da para 2035, 2040, 2045 e mais adiante VE – Se as coisas se mantiverem como mente considerada uma circunstância ate- pessoas coletivas, em vista à prevenção da cor-
ainda. estão, como irá ser o Portugal 2030? As nuante com efeito na pena concreta aplicada, rupção eventualmente ligada à sua atividade e,
dificuldades atuais podem aumentar? quer na sua medida quer na aplicação de penas nessa medida, alterações bastante complexas
Mercado laboral dual e rígido JMS - Receio que esta seja mais uma substitutivas da multa. na sua organização interna, responsabilizando
década perdida, com crescimentos me- “Os programas de ‘compliance’ são uma es- a pessoa coletiva e os seus dirigentes pela não
VE – Como avalia o mercado laboral díocres. Como dizia o meu amigo Poia- pécie dos programas de comportamento nor- implantação desse mecanismo ou defeituoso
português e a falta de capital humano res Maduro: “António Costa vende a mativo em regra impostos do exterior, por lei funcionamento, sancionando-os com coimas
qualificado em diversos setores? mediocridade como um sucesso”. Receio ou regulamento, frequentemente da responsa- (contraordenações)”.
JMS - São dois dos estrangulamen- que em 2030 Portugal tenha um PIB “per bilidade das autoridades de supervisão e desti- Germano da Silva reconhece que “os me-
tos de que falava na primeira pergunta, capita” cada vez mais longe da média eu- nadas a prevenir a prática de crimes específicos canismos de prevenção da corrupção e do
a que se somam os custos de contexto e ropeia (hoje é 74%), que Portugal esteja (branqueamento de capitais, corrupção, frau- branqueamento de capitais implicam a criação
burocracia, o sistema fiscal, a Justiça, o cada vez mais no fundo da tabela dos paí- des fiscais, etc.). A violação destes programas, de serviços com os inerentes custos, que serão
endividamento, a falta de concorrência ses em rendimento “per capita” (é 22º), quer na sua implementação quer no seu fun- significativos”, tal como “a ideia de presença
em diversos setores e o facto de as em- que os salários sejam cada vez mais baixos cionamento, é sancionada como contraorde- de denunciantes internos criará um ambiente
presas terem baixa dimensão, baixa capi- no contexto europeu (hoje temos o 4º sa- nação. Em sentido amplo, os programas de relacional de desconfiança entre os colabo-
talização e baixa internacionalização. O lário médio mais baixo e a 2ª mediana ‘compliance’ abrangem também outros pro- radores”. Mas, em sua opinião, “uma certa
mercado laboral é dual e rígido e não res- mais baixa dos 27 Estados membros), gramas de comportamento normativo, mes- transformação do direito societário, uma ten-
ponde aos desafios das novas tecnologias que tenha regiões cada vez mais pobres, mo da iniciativa das empresas, ou seja, não im- dência para a sua publicização, justificada pela
e empregos. Precisamos também de uma desertificadas e mais longe da média eu- postos por lei, mas adotados voluntariamente prevenção criminal”, tem “vantagens a médio
agenda para o trabalho digno. Precisa- ropeia de rendimento, com uma popula- na estruturação da pessoa coletiva”, acrescenta. prazo, nomeadamente para proteção e des-
mos de melhorar as condições de empre- ção cada vez menor, mais envelhecida e responsabilização dos dirigentes e das pessoas
go dos jovens. Por outro lado, falta mão mais pobre, com maiores desigualdades e Apostar na prevenção, coletivas”.
de obra qualificada em muitos setores. pobreza, e um cada vez maior endivida- em vez da repressão Sobre um eventual avolumar de processos
Para isso é preciso continuar a apostar mento. Esta fórmula dos últimos 25 anos nas instâncias judiciais, Germano da Silva ad-
nas qualificações, mas reorientar o ensino só produziu estagnação, pobreza e desi- O entrevistado louva ainda o facto de a po- mite que, numa fase inicial, isso possa aconte-
secundário e profissional para os setores gualdades. Insistir neste erro será uma lítica criminal assentar mais na prevenção do cer, “mas que depois contribuirá para a redu-
que precisam de recursos. E temos de ter calamidade. que na repressão do crime: “O Mecanismo ção e não para o aumento dos processos”.

11 a 30 de abril

Agenda Jurídica 2022

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10 QUINTA-FEIRA, 14 DE ABRIL 2022
ATUALIDADE/Opinião
Comissão intenta ação contra Portugal no TJUE
A Comissão Europeia decidiu instaurar uma ação contra Portugal no Tribunal de Justiça da
União Europeia por violação das regras da UE em matéria de livre circulação de trabalhado-
res, liberdade de estabelecimento e da livre prestação de serviços, bem como a diretiva relativa
ao reconhecimento das qualificações profissionais. A legislação portuguesa torna estes direitos
adquiridos dependentes do cumprimento de condições restritivas que vão além das regras da
União Europeia.
JULIEN DIOGO
Coordenador do Curso
de Especialização em Neuromarketing
do ISAG – European Business School
“O passado e o presente futuro:
quem será o consumidor ao acordar?”
S
abia que, segundo dados do Institute
For The Future e da Dell Technologies,
avançados em 2018, 85% das profissões
que existirão em 2030 ainda não foram
inventadas? Consegui a sua atenção? Aquilo a
que a filósofa francesa Simone Weil chamou
de mais rara e pura forma de generosidade?
Nada melhor do que a ideia de Crys Rangel
para deixar vincada a importância de olhar em
frente, Rangel questiona a razão do retrovisor
de um carro ser menor que o para-brisas.
Sabe? Por que o caminho que tem a frente é
mais importante que o que deixou pra trás.
Segundo Patrick Dixon o futuro caracteriza-
se por ser “Fast, Urban, Tribal, Universal,
Radical e Ethical”, deixando desde logo
presente a complexidade e oscilações vividas
no dia a dia de todos nós, em dimensões
sociais, culturais, políticas, económicas ou de
comunicação.
Hoje, a nossa sociedade reinventou-se
também, e caracteriza-se pelo conceito
do futurista Cascio - Mundo BANI
(“Brittle, Anxious, Nonlinear and
Incomprehensible” – Frágil, Ansioso, Não
linear e Incompreensível), alinhada a visão do
futuro de Dixon, e percebemos que conhecer,
analisar ou prever comportamentos é um
processo que exige adaptação, consistência e
inteligência. É sobre essa mesma inteligência
de agências, observatórios ou estados que
quero falar hoje, como podemos aprender
com o passado e o futuro do presente? E
quem será o consumidor amanhã?
Esse caminho que temos pela frente pauta-se
por vetores de mudança com uma velocidade
fenomenal, num conceito de Sociedade 5.0,
com a computação dos serviços, sensores
dos equipamentos, inteligência artificial,
convergência entre tecnologias e objetos,
singularidade, interfaces inteligentes, predição
de comportamento ou ainda a conectividade
ininterrupta, a confirmarem a posição de
Darwin: “Não é o maior, nem o mais forte
que sobrevive, mas o que melhor se adapta”.
O consumidor, elemento central,
caracteriza-se por decidir com base em
hábitos, experiência pessoal e regras
práticas simplificadas, procura rapidez no
processo de decisão, tem dificuldade em
equilibrar 
interesses de curto e longo prazo e
é ainda influenciado por fatores emocionais
e pelos comportamentos dos outros, como
referem os grandes nomes da Economia
Comportamental, como Thaler, Ariely ou
Kahneman.
Zygmunt Bauman definiu a Modernidade
Líquida, afirmando que existe a crescente
convicção de que a mudança é a única
coisa permanente e a incerteza a única
certeza, os setores e agentes económicos
procuram reduzir essa mesma incerteza
pela identificação de tendências de
comportamento. Apenas podemos falar de
Tendência de Comportamento quando nos
encontramos face a “Processos de mudança
comportamental assentes em mentalidades
“Vistos dourados” captam menos investimento
O investimento obtido através dos “vistos gold” registou uma quebra de 5,7%, em março,
face a igual período do ano passado, para 34,6 milhões de euros. Relativamente a fevereiro,
a descida foi de cerca de 17%. No entanto, no primeiro trimestre, o investimento foi de
124,7 milhões de euros, num acréscimo homólogo de dois pontos percentuais. Os Estados
Unidos, a China e a África do Sul foram os países que garantiram o maior número de “vistos
dourados”.
emergentes e suportadas em interpretações
passíveis 
de gerar insights capazes de serem
convertidos em negócios”, como refere Luís
Rasquilha (Inova Consulting). Sendo que é
a inovação e o desejo/necessidade de igualar
os outros que alimentam essas mesmas
tendências.
Recentemente,verificámos a identificação
de três novas categorias de consumidores,
pela mão da agência Worth Global Style
Network, em resultado da pandemia
vivida: os Estabilizadores – Millennials que
priorizam a estabilidade, a simplicidade,
o comércio calmo e união de meios; os
Comunitários – Millennials e Geração
X que visam criar raízes sociais mas não
de trabalho, que procuram o comércio
social hiperlocal e cidades do interior; e
por último, os Otimistas – Baby Boomers
e Geração Z com um forte apetite pela
felicidade, pelo comércio em livestream, pelo
uso de RA/RV e serviços “on demand”.
Mas que tendências devemos considerar?
Explorar a tendência em si 
permite desde
logo evitar ameaças se a mudança for
identificada antecipadamente, após leitura
atenta nas últimas semanas em observatórios
como Worth Global Style Network,
Trendwatching, TrendHunter, IBM,
Euromonitor, Intel, entre outros; destaco as
seguintes tendências e drivers a explorar:
Identidade e Diversidade de todos nós
(“Reinvention of Genders Roles, Liquid
People, Mindsumers”, Hipersonalização, ou
ainda a Aprendizagem Ambiental);
Sentido de Comunidade (“Surroundings”,
Propósitos Coletivos, Localismo, “Earth
Postive”, “Build Back Better” ou a Gestão da
Felicidade);
Bens Intangíveis, o outro do momento
(Agilidade e otimização do Tempo, Atenção,
ou ainda Noção de Segurança);
Aceleração do digital (Conectividade total,
Hybridization, Internet of Caring Things,
Designed for WellBeing);
Nova Alimentação (“Plant-Ed, Transcycling,
Lab to Table”, Rotulagem de Carbono…).
Rapidamente entendemos a necessidade de
assumir “Organizational Ambidexterity”, que
se traduz pela capacidade de adaptabilidade
e o alinhamento por parte da empresa,
movendo-se em novas direções, permitindo
ajuste a dinâmicas voláteis e evitar perdas.
Por onde começar? Deixo três etapas para o
ponto de partida no mundo das tendências.
Avalie a sua maturidade face à implementação
e acompanhamento das mudanças do
mercado, setor Desenhe um “framework” de
recolha de dados, leitura, inteligência, com
elevados níveis de consistência e continuidade.
E por fim, sem receios, vamos adquirir novas
lentes, parece-me justo e adequado acabar
esta reflexão com o “claim” da organização
O Futuro das Coisas: “São necessárias novas
lentes para ver possíveis futuros e criar
presentes desejáveis”, fica o desafio para todos
nós, seres vivos do presente futuro.
FERNANDO AMARAL
Chairman
:Sendys Group
Ciberataques: um risco sistémico
E “
DP, Sonae, Vodafone, Altice,
Puma, Amazon, INEM, Cruz
Vermelha Internacional, BP,
BritishAirways, Amazon ou Ministério
dos Negócios Estrangeiros britânico.
Gostaria de ver a sua marca ou empresa
neste restrito clube de instituições de
referência? É muito fácil! Basta não fazer
nada.
Explico: esta pequena lista, que poderia
ter centenas de outras reputadas marcas,
é composta por organizações que
foram alvo de ciberataques. E cresce
diariamente. Quando me preparava para
enviar este artigo, recebi uma notificação:
“Sonae alvo de ataque informático.
Vários serviços em baixo”.
É neste cenário de “guerra” que estamos
e continuaremos a viver. Cibersegurança
é o tema que vai marcar a agenda das
tecnologias de informação nos próximos
anos e revolucionar investimentos.
Mas, para além dos factos, e como tanto
gosto, vamos a números. Segundo o
“The New York Times”, o cibercrime já
representa mais de 1% do PIB mundial
e, em 2025, atingirá os 15%.O ataque a
organizações portuguesas aumentou 81%
em 2021 e, segundo um importante
player na área da segurança, Portugal está
nos 30 países com o maior número de
ataques a nível global.
O avanço exponencial da tecnologia
nos últimos dois anos, tracionado
pela pandemia, com o crescente uso
de plataformas digitais de suporte ao
teletrabalho, trouxe também consigo
riscos reais e crescentes.O risco
cibernético deixou de ser percecionado
como um problema exclusivo do setor
tecnológico. É, agora mais um risco
sistémico das empresas e da sociedade,
que tem de ser gerido proativamente.
Prevenir, esclarecer, informar, investir
e implementar as melhores práticas é
a única forma de reduzir o risco, que,
como sabemos, nunca será nulo.
Ainda que pareça demasiado básico e
óbvio, o sucesso dos ataques depende,
essencialmente, de fatores humanos.
“Phishing” ou “smishing” são as
principais fontes para que hackers
obtenham dados pessoais e credenciais
de acessos a infraestruturas informáticas.
Contudo, o desafio vai subir, com
ataques mais sofisticados, invisíveis e sem
que o fator humano esteja envolvido.
Se é verdade que os mais recentes
ataques a empresas em Portugal têm
ajudado a despertar consciências, nos
casos Vodafone e SIC/Expresso, todos
sentimos o impacto direto que têm na
nossa vida pessoal e como sociedade,
sendo igualmente verdade que muitas
empresas ainda consideram que o risco
está nas grandes organizações. Ora, nada
é mais falacioso e irresponsável que essa
assunção.
O avanço
exponencial da
tecnologia nos
últimos dois anos,
tracionado pela
pandemia, com
o crescente uso
de plataformas
digitais de suporte
ao teletrabalho,
trouxe também
consigo riscos
reais e crescentes
”
O último Relatório Anual de Segurança
Interna constata o que já bem sabemos:
houve um aumento da espionagem
tecnologicamente avançada. Os alvos
poderão ser organismos do Estado
(motivações políticas), mas também
empresas (motivações financeiras ou
políticas). Imagine o quão devastador
seria ter toda a informação do seu
negócio capturada. Segredos industriais,
propriedade intelectual, bases de dados
de clientes, informação financeira ou
acesso a contas bancárias.
Pode parecer ficção, mas não é. Acontece
diariamente. Urge assim investir na
proteção adequada a cada negócio,
antever desafios e evitar riscos, o que
exige novas soluções e alterar paradigmas
de atuação, por forma a garantir (ainda
que nunca totalmente!) a segurança e
desenvolvimento das empresas.
Onde reside o maior risco? Afirmo com
total certeza: nas pequenas e médias
organizações, que continuam a acreditar
que não serão alvos. Quando o são,
o resultado é, muitas vezes, o colapso
total, leia-se mesmo, falência. Para além
de resgates, vêm as pesadas multas, a
crise reputacional, com os clientes que
deixam de confiar que os seus dados
estão em segurança e toda uma bola de
neve fatal.
Por todas as razões apontadas, não
deixe margem para que a sua marca ou
empresa figure na galeria que elenquei no
início deste artigo.
 QUINTA-FEIRA, 14 DE ABRIL 2022 11

​Multinacional Jolera instala-se em Amarante

NEGÓCIOS O município de Amarante e a Jolera assinaram um protocolo, no âmbito do Amarante Te-
chHub, que permite à empresa multinacional de tecnologia canadiana instalar-se no Insti-

E EMPRESAS
tuto Empresarial de Amarante. Numa primeira fase, serão criados 12 postos de trabalho. A
empresa conta já com uma sucursal no Porto. Em Amarante, vai prestar serviços de gestão,
monitorização, segurança e suporte aos clientes.

MARIA DOS ANJOS GUERRA ADVOGADA

marianjosguerra-3012p@adv.oa.pt

Programa Vistos Gold - fim do programa?

Como agente do mercado imobiliário
na Madeira, preocupa-me a perseguição
de que os Vistos Gold têm sido alvo. Ouvi
dizer que iam acabar.
Ou será que já acabaram para impedir
que os russos os usem para evitar as san-
ções?
O “Programa Vistos Gold”, que resultou
da alteração legislativa introduzida, pela Lei
29/2012, de 09.08, ao regime jurídico da
entrada, permanência, saída e afastamento
de estrangeiros do território nacional criado
pela Lei 23/2007, visava a concessão de
vistos de residência a cidadãos estrangeiros
e apátridas que pretendessem, durante um
período mínimo de cinco anos, desenvolver
em Portugal actividades de investimento,
designadamente através da transferência
de capitais em montante igual ou superior
a um milhão de euros, a criação de, pelo
menos 30 postos de trabalho ou a aquisição
de bens imóveis de valor igual ou superior a
500 mil euros, depois de, em 2015 e 2017,
ter sofrido alterações que sempre visaram
ampliar a sua aplicação a outras áreas de
investimento então consideradas prioritárias,
tais como o investimento para fins artísticos,
de investigação científica ou a reabilitação
de edifícios, efetivamente acabou de ser
objecto de uma alteração legislativa, que,
embora não tenha extinguido o referido
programa, veio limitar consideravelmente a
sua aplicação.
Não obstante o Decreto-Lei nº 14/2021
de 12 de fevereiro, só tenha entrado em
vigor em 01.01.2022, o certo é que este
diploma modificou consideravelmente
o regime jurídico do referido Programa,
quer no que concerne aos valores das
transferências mínimas a considerar para
o efeito, que passaram a oscilar entre os
quinhentos mil euros e 1,5 milhões de euros,
quer no que respeita aos imóveis a considerar
para o efeito, dado que foram introduzidas
várias limitações à concessão das autorizações
de residência para investimento (ARI),
nas áreas metropolitanas de Lisboa e do
Porto e nos territórios das Comunidades
Intermunicipais (CIM) do litoral que, no
que se refere ao investimento em imobiliário
para habitação, ficaram excluídas do referido
regime.
Concretamente, a aquisição de imóveis
de valor igual ou superior a 500.000J,
bem assim como a aquisição e realização de
obras de reabilitação urbana, em montante
global igual ou superior a 350.000J que se
destinem a habitação, apenas passaram a
permitir o acesso a este programa quando as
mesmas se situem nas Regiões autónomas
dos Açores e da Madeira ou nos territórios
do interior identificados na Portaria n.º
208/2017, de 13.07. ao fim do ano em curso visará, sobretudo,
Pelo exposto e atendendo aos valores
de investimento conseguidos desde o
lançamento do programa, cuja esmagadora
maioria foram investidos na aquisição de
imóveis, muitos dos quais adquiridos para
reabilitação urbana, numa altura em que
outros países europeus, tais como a Grécia,
criaram legislação para atrair este tipo de
investimento, que, efetivamente, poderia ter
um papel relevante na necessária recuperação
económica, entendemos a preocupação do
Leitor, mas acontece que, efetivamente,
no transato mês de março, a Comissão
Europeia determinou a apresentação de
uma recomendação, a todos os Estados-
Membros, para que «tratem dos regimes
de residência e cidadania por investimento,
tendo particularmente em conta o contexto
actual» surgido com a invasão russa da
Ucrânia.
Ainda que a referida recomendação
possa preconizar o fim dos Vistos Gold, a
proposta legislativa que será apresentada até
a regulamentação mais rigorosa deste tipo
de programas de modo a que estes deixem
de ser apelativos para os “oportunistas” que
deles pretendam prevalecer-se, podendo,
designadamente, passar a exigir a presença
física dos beneficiados no país cuja
autorização de residência estes pretendam
adquirir.

28 Abril
14h30-17h30

O Citius é uma ferramenta

CITIUS
incontornável para profissionais
de justiça, onde se encontram A plataforma do processo eletrónico
informações cruciais para o
seu dia a dia profissional. Esta para mandatários
formação visa dar a conhecer a
fundo o Citius, permitindo aos
seus participantes retirarem PROGRAMA
o máximo partido desta
ferramenta, de forma eficiente. 1 - O contexto do processo eletrónico

Formador 2 - Funcionalidades da plataforma

RUI MAURÍCIO
Jurista 3 - Entregas eletrónicas de atos processuais

4 - Assinatura digital e Signius

PREÇOS
Público Geral: €70* Informações/Inscrições Ana Bessa (Dep. Formação) | Vida Económica - Editorial SA.
Assinantes: €60* Rua Gonçalo Cristóvão, 14 R/C 4000-263 Porto | 223 399 427/00
* Acresce IVA a taxa em vigor Email: anabessa@vidaeconomica.pt | www.vebs.pt
12 QUINTA-FEIRA, 14 DE ABRIL 2022
NEGÓCIOS E EMPRESAS
Casos da Vida Judiciária
Sim, Senhora Ministra: os interesses
sem conflito na contratação pública
E
m Março de 2022 foi tornada pública a de-
cisão da Senhora Ministra da Administração
Interna, titular do cargo até à posse do novo
Governo, de afastar a presidente da empresa gestora
da rede SIRESP, S. A. e ex-quadro da Altice Portu-
gal, o que foi o culminar da actuação governativa
após a substituição do consultor de “comunicações
críticas” no Ministério da Administração Interna e
ex-diretor da Motorola em Portugal.
De acordo com as informações veiculadas pelos
órgãos de comunicação social, as referidas decisões
visaram eliminar “riscos de conflito de interesses” e
quaisquer suspeições sobre o concurso público in-
ternacional para os novos contratos de fornecimen-
to de serviços e tecnologia do Sistema Integrado das
Redes de Emergência e Segurança de Portugal (SI-
RESP) no período de 2023 a 2025.
A matéria da definição dos mecanismos que previ-
nam a existência de conflitos de interesse na con-
tratação pública assume particular importância num
momento histórico em que as entidades públicas e
privadas estão envolvidas em procedimentos de con-
tratação publica associados a colocar em prática o
Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
“A matéria da definição dos mecanismos que previnam a existência
de conflitos de interesse na contratação pública assume particular
importância num momento histórico em que as entidades públicas
e privadas estão envolvidas em procedimentos de contratação
publica associados a colocar em prática o Plano de Recuperação e
Resiliência (PRR).”
O conceito de conflito de interesses destina-se a
evitar distorções, além do mais, nos procedimentos
de contratação pública abrangidos pelo Código dos
Contratos Públicos por influência direta e expressa
das diretivas comunitárias sobre esta matéria, sendo
certo que os legisladores, nacional e comunitário,
pretendem salvaguardar os princípios da igualdade,
imparcialidade, transparência e concorrência.
Assim, as entidades adjudicantes estão vinculadas ao
cumprimento dos referidos princípios nas fases pré-
-procedimentais, por exemplo na elaboração de ca-
dernos de encargos, e nas fases subsequentes em que
o procedimento de contratação pública assume a sua
plenitude, tendo em vista bloquear o poder de influên-
cia de qualquer interveniente que coloque em causa
o interesse público subjacente à contratação pública.
O Código dos Contratos Públicos estabelece ex-
pressamente nos artigos 1.º-A, 55.º e 67.º as regras
associadas à temática do conflito de interesses que
espelham os princípios fundamentais na contratação
pública, regulando a fase de formação do contrato,
os impedimentos dos potenciais candidatos ou con-
correntes, bem como definem os deveres e limites
Só hoje 24 de março
Iniciativa promocional nos termos do regime jurídico do preço fixo do livro
ANDRÉ BATOCA
Advogado Principal RSA LP
Lisboa
do júri do procedimento.
Importa destacar que o conceito de conflito de inte-
resses não constitui letra morta num diploma legal
apenas para satisfazer as imposições do legislador
comunitário, uma vez que as regras de prevenção
deste risco associado às influências sem rosto dos
intervenientes decisórios constituem causa adequa-
da para afastar candidatos ou concorrentes, impedir
candidaturas e, no limite, imporem a invalidade de
adjudicações ou contratos em vigor, sem prejuízo da
eventual responsabilidade criminal a apurar pelas
entidades competentes.
Partilhamos do entendimento sufragado por Pedro
Costa Gonçalves de que o “tema dos conflitos de
interesse na contratação pública releva sobretudo
na perspectiva da entidade adjudicante, poden-
do tais conflitos originar casos de impedimento
administrativo”1, ou seja impõe-se o afastamento de
certos agentes das entidades adjudicantes ou, no li-
mite, de candidatos ou concorrentes.
O esforço de aplicação dos mecanismos de contro-
lo de conflitos de interesses sempre poderá implicar
um custo para as entidades adjudicantes que ficarão
impedidas de contratar com os mais experientes e
especializados nas respetivas áreas de atuação, o que
poderá redundar na redução a nível qualitativo do
leque de candidatos ou concorrentes aptos para a
contração pública.
O caso que mereceu a intervenção governamental
acima descrita constitui, por um lado, um sinal po-
sitivo de máxima prevenção do risco de conflito de
interesses e, por outro lado, um alerta às entidades
adjudicantes e candidatos ou concorrentes para o
cumprimento do dever de controlo prévio ao abrigo
das exigências em nome do interesse público para
benefício de todos os cidadãos.
Trata-se, assim, de exigir o máximo rigor na concre-
tização urgente do PRR por imposição comunitária,
através dos procedimentos de contratação pública,
o que reclama necessariamente uma especialização
da assessoria das entidades adjudicantes que, por
sua vez, assumem um papel essencial de entidades
fiscalizadoras no âmbito nacional e de controlo go-
vernamental.
1 - vd. Direitos dos Contratos Públicos, 5.ª Ed-
ição, pág. 696.
JOSÉ MARTINO
Blogger e Consultor
em Territórios de Baixa
Densidade
Produzir mais com menos
A
gora está na ordem do dia a subida
dos fatores de produção para a
agricultura ao nível dos consumos
intermédios (fertilizantes, fitofármacos,
etc.) e da energia, decorrentes da
quebra das cadeias de abastecimento da
globalização, o conhecido “just in time”,
mínimo de stocks intermédios porque
a logística assegurava o fornecimento a
tempo e horas, assim como o respetivo
custo baixo e constante na linha do
tempo, e a instabilidade colocada nos
mercados mundiais de matérias-primas,
não agrícolas e agrícolas, decorrente da
guerra na Ucrânia.
Esta instabilidade que os agricultores
sentem, e que me preocupa imenso,
tem-me levado a refletir como podem
nas agriculturas de Portugal fazer mais
com menos.
Uma das formas mais eficazes que
encontrei para responder a este desafio
em vastas regiões do país passa pela
Agricultura de Conservação.
Este sistema cultural tem como
objetivo colocar o solo como foco
central, melhorando a sua saúde e o seu
funcionamento, incremento anual do
teor em matéria orgânica, sumidouro de
carbono (um terço do carbono que está
na atmosfera tem como origem a matéria
orgânica do solo que desapareceu) assente
na rotação de culturas, colocar a mesma
cultura na mesma parcela ao fim de
mais de 3 anos, interrompe ciclos de
pragas, doenças e infestantes, mobilização
mínima do solo assente na sementeira
direta, movimentação superficial e na
linha de cultura ao mesmo tempo que
enterra a semente, pelo contrário, a
mobilização da camada arável do solo
destrói a matéria orgânica por maior
oxidação das camadas superficiais do
perfil do solo, as partículas do solo têm
maior contacto com o ar, maior risco
de erosão, destruição da drenagem
natural da água das precipitações, origina
dificuldades em fazer operações culturais
com tratores quando o solo está húmido
e, por último, cobertura permanente do
solo, impedindo a luz solar direta devido
à manutenção dos restolhos das culturas
sobre o solo, esta técnica também impede
o abaixamento da matéria orgânica.
É uma forma de combate à desertificação,
diminuição do teor de matéria orgânica
nos solos, consequentemente, com o
passar do tempo, o fenómeno acarreta a
perda de flora e fauna.
Por outro lado, em Portugal, a uma
elevada percentagem de superfície
agrícola útil assim como solos florestais,
os quais se adequam a esta agricultura
de conservação no sistema agro-silvo-
pastoril, junta na mesma exploração
agricultura, floresta e pecuária.
Utiliza as pastagens naturais ou
melhoradas, junta o regadio com o
sequeiro para produzir forragens e
cereais, privilegia as culturas outono-
inverno-primavera, que exigem menores
quantitativos de água de rega (1500m3/
ha/ano ou menos, enquanto as culturas
de verão exigem várias vezes mais).
As vantagens desta agricultura assentam
na minimização da utilização de
fertilizantes e fitofármacos por unidade
de produção, baixos custos, tira partido
das condições naturais para produzir
alimentos para alimentar os animais,
não há importação de alimentos
concentrados, como exige menos água
provoca menor impacto sobre as suas
reservas, com o mesmo quantitativo
de água do regadio comum é possível
cultivar várias vezes mais superfície,
as produtividades das culturas sobem
porque há melhoria da fertilidade do
solo, e menos quebras de produção por
pragas e doenças, as culturas têm menos
problemas com esta origem porque estão
em solos equilibrados e bem drenados.
Para perceberem melhor, do ponto
de vista prático, como é este sistema
de agricultura, podem consultar o
AGROMEETING, conferência digital
semanal, 4.ª-feira às 21h, organização
da Espaço Visual, sobre o tema “A
Agricultura de Conservação – A
Experiência de um Agricultor” a qual
teve como orador Nuno Marques,
agrónomo e proprietário da Herdade
da Parreira, aldeia de Ciborro, concelho
de Montemor-o-Novo, em 16 março
último (https://www.facebook.
com/EspacoVisualConsultores/
videos/2142542915910766).
Aproveito a oportunidade para
publicamente agradecer ao Eng. Nuno
Marques a comemoração dos 50 anos
da sua Herdade da Parreira, o serviço
público que presta na divulgação dos
seus sucessos e insucessos ao longo destas
dezenas de anos de empreendedorismo
agrícola, a incorporação que faz da
gestão na agricultura e a liderança
que tem exercido na incorporação do
conhecimento técnico e científico do
Prof. Mário de Carvalho, docente na
Universidade de Évora, em prol de uma
agricultura mais sustentável e de futuro.
Trigo em regadio com produtividade
interanual de 5,5 t/ha, venda de vitelos
sem compra exterior de alimentos
(exceto sais), solos saudáveis, drenados,
etc.
Se Portugal tirasse partido do que
de melhor por cá faz se em lugar de
atirar dinheiro público para cima dos
problemas, como querem os lóbis dos
cereais e dos concentrados, certamente o
Eng. Nuno Marques e o Prof. Mário de
Carvalho já tinham sido condecorados
pelo Presidente da República e o seu
exemplo ajustado e aplicado em muitos
milhares de agricultores!
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 QUINTA-FEIRA, 14 DE ABRIL 2022 13
FISCALIDADE
AutoVoucher acaba
no final do mês
O denominado AutoVoucher tem
os dias contados. No final do mês é
substituído pela redução do Imposto
sobre os Produtos Petrolíferos (ISP),
correspondente à descida para 13%
do IVA, anunciou o secretário de Es-
tado Adjunto e dos Assuntos Fiscais,
António Mendonça Mendes. Para o
governante, trata-se de “uma medida
mais agressiva em termos de descida
dos impostos”.
Fica, portanto, sem efeito, no final de
Abril, o subsídio mensal de 20 euros,
esperando o secretário de Estado ainda
a anuência da Comissão Europeia rela-
tivamente à descida da taxa de IVA. O
que significa que quem for abastecer a
viatura pagará uma taxa de IVA de 13%
Governo suaviza carga fiscal
para travar aumento dos preços
O Governo avançou com medidas
na tentativa de travar o aumento dos
preços dos bens energéticos e alimen-
tares. Em paralelo, pretende criar con-
dições para acelerar a transição energé-
tica. Algumas medidas são de caráter
fiscal e têm como pano de fundo o
agravamento da inflação, sobretudo
devido à guerra na Ucrânia.
Coube a Mariana Vieira da Silva,
ministra da Presidência, apresentar as
medidas em causa, as quais assentam
em quatro grandes eixos. Por sua vez,
ficou a garantia de que outras poderão
ser tomadas, desde que tal se reve-
le necessário. Pode-se assumir que as
medidas extraordinárias aprovadas se
centram em quatro grandes objetivos,
designadamente contenção dos preços
e não a habitual de 23%. Daí conside-
rar que se trata de “uma medida mais
agressiva” do que o subsídio previsto
anteriormente. Assim, através da taxa
intermédia de IVA, o preço por litro
deverá descer 16,5 cêntimos na gasoli-
na e 16,2 cêntimos no gasóleo, por via
do ISP. Referiu o secretário de Estado
a este propósito: “Todos sabemos que,
em Portugal como na generalidade dos
países europeus, a carga fiscal é algo que
pesa significativamente naquele que é o
preço final de venda ao público. Por
isso mesmo, a primeira medida que to-
mámos foi garantir que os portugueses
não estariam a pagar mais impostos em
função do aumento do preço dos com-
bustíveis.”
da energia, apoios às empresas e à pro-
dução, apoios às famílias e aceleração
da transição energética.
Quanto à primeira vertente, em cau-
sa está a redução do IVA para 13% em
sede do ISP, bem como a suspensão da
taxa de carbono até ao próximo mês
de junho. Já no âmbito do segundo
eixo, destaque para a criação do gás
profissional e a flexibilização dos pa-
gamentos fiscais e contribuições para
a Segurança Social, neste último caso
no que toca aos setores mais expostos
aos aumentos. Haverá ainda lugar a
uma subvenção para apoiar os custos
do gás, desta feita a empresas muito
dependentes da energia.
Em princípio, serão destinados 160
milhões de euros a cerca de três mil
Governo estuda possibilidades quanto a lucros inesperados
das empresas
O ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva, assumiu que o imposto sobre os lucros
inesperados das empresas não foi debatido em Conselho de Ministros, limitando-se a afirmar que o
Governo está a estudar todas as possibilidades. Contudo, diz que, se houver sinais de lucros inespe-
rados e aleatórios, o Governo estará atento, “porque o Estado não tem recursos infinitos”. Lembrou
ainda que a “windfall tax” foi uma hipótese avançada pela Comissão Europeia.
Ainda segundo António Mendonça
Mendes, esta medida deverá traduzir-
-se numa perda de receita fiscal mensal
de 80 milhões de euros, caso Bruxelas
autorize a descida do IVA da energia
de 23% para 13%, sendo então substi-
tuída a medida de redução do ISP. De-
fende que se trata de uma medida mais
direta e de caráter transitório. Lembrou
ainda que existe na União Europeia
consenso quanto à necessidade de aca-
bar com todos os subsídios fiscais no
que se refere aos combustíveis fósseis.
Por sua vez, a medida será avaliada no
final de cada trimestre, para avaliar se se
deverá manter em vigor. Além do mais,
esta medida não tem limite em termos
de utilização.
empresas. No setor social, está previsto
um desconto de 30 cêntimos por litro
nos combustíveis.
Por sua vez, na agricultura e pescas
serão lançadas isenções temporárias
do IVA nos fertilizantes e nas rações
e está prevista uma descida do ISP no
gasóleo colorido (até final do ano). No
terceiro eixo, haverá um apoio ao ca-
baz alimentar de 60 euros, alargado a
todos os que recebem prestações míni-
mas. Finalmente, no quarto eixo, o que
está em causa é a transição energética,
com medidas como a redução da taxa
mínima do IVA dos equipamentos elé-
tricos ou a agilização do licenciamento
dos painéis solares. Haverá ainda um
reforço ao nível do investimentos em
painéis fotovoltaicos.
AGENDA FISCAL
ABRIL
Até ao dia 15
• IRS - IMT - SELO
- Declaração Modelo 11 - Entrega pelos Notários e
outros funcionários ou entidades que desempenhem
funções notariais, bem como as entidades ou profis-
sionais com competência para autenticar documentos
particulares que titulem actos ou contratos sujeitos a
imposto sobre o rendimento ou património, das rela-
ções dos atos praticados no mês anterior.
• IMI - Imposto Municipal sobre Imóveis
- Declaração Modelo 2 - Entrega, por parte das enti-
dades fornecedoras de água, energia e do serviço fixo
de telefones, dos contratos celebrados com os seus
clientes, bem como as suas alterações, que se tenham
verificado no trimestre anterior.
• IMT - Imposto Municipal sobre Transmissões
- Envio, por transmissão eletrónica de dados, de rela-
ção, pelos serviços competentes do Ministério dos Ne-
gócios Estrangeiros, comprovativa de transmissão de
imóveis situados em Portugal, operada no estrangeiro
e legalizados no trimestre anterior.
Até ao dia 20
• IRC - IRC
- Retenções na fonte - Entrega das importâncias reti-
das no mês anterior.
• IVA - Imposto sobre o valor acrescentado
- Periodicidade Mensal – Envio da Declaração Periódi-
ca, por transmissão eletrónica de dados, acompanha-
da dos anexos que se mostrem devidos, pelos sujeitos
passivos do regime normal mensal, relativa às opera-
ções efetuadas em fevereiro
- Declaração Recapitulativa - Envio, por transmissão
eletrónica de dados, pelos sujeitos passivos do regi-
me normal trimestral que no trimestre anterior tenham
efetuado transmissões intracomunitárias de bens e/ou
prestações de serviços a sujeitos passivos registados
noutros Estados Membro, no trimestre anterior.
- Declaração Recapitulativa - Envio, por transmissão
eletrónica de dados, pelos sujeitos passivos do regime
normal mensal, que no mês anterior tenham efetuado
transmissões intracomunitárias de bens e/ou presta-
ções de serviços noutros Estados Membros.
• Imposto de Selo
- Entrega das importâncias liquidadas no mês anterior.
- Entrega das importâncias liquidadas nos termos da
verba 29 da Tabela Geral do Imposto do Selo (TGIS)
referente ao trimestre anterior.
- Envio da Declaração Mensal de Imposto do Selo
(DMIS), por transmissão eletrónica de dados, pelos su-
jeitos passivos que titulem atos, contratos, documen-
to, títulos ou outros factos sujeitos a imposto do selo,
ainda que dele isento, praticados no mês anterior.
Até ao dia 25
• IVA - Imposto sobre o valor acrescentado
- Periodicidade Mensal – Pagamento do Imposto sobre
o Valor Acrescentado, correspondente ao imposto apu-
rado na declaração respeitante a fevereiro, pelos sujei-
tos passivos abrangidos pela periodicidade mensal do
regime normal.
ISP
Redução das taxas
A Portaria n.º 138-A/2022, publicada no dia 8 de
abril, veio manter em vigor a Portaria n.º 128-A/2022,
de 25 de março, que determina a redução temporá-
ria do ISP de 4,7 cêntimos por litro de gasóleo e 3,7
cêntimos por litro de gasolina. Recorde-se que a Por-
taria n.º 111-A/2022, de 11 de março, introduziu um
mecanismo semanal de revisão dos valores das taxas
unitárias do ISP aplicáveis, no continente, à gasolina
sem chumbo e ao gasóleo rodoviário, tendo por base a
aplicação de uma fórmula que estabelece os valores
das taxas unitárias do ISP a vigorar semanalmente, por
forma a repercutir as variações da receita de IVA, por
litro, que decorram da variação semanal do preço mé-
dio de venda ao público dos combustíveis referidos,
conforme publicado a título semanal pela Direção-
-Geral da Energia e Geologia (DGEG).
14 QUINTA-FEIRA, 14 DE ABRIL 2022

FISCALIDADE

Carga fiscal atinge novo recorde
A carga fiscal voltou a atingir um valor recorde no ano passado, tendo atingido 35,8% do
PIB, o que compara com os 35,3% do exercício anterior. O valor ascendeu a cerca de 75,6 mil
milhões de euros, com os impostos diretos a aumentarem 2,2%, com especial destaque para
o IRS, enquanto os impostos indiretos tiveram um acréscimo de 10,6%. As contribuições
sociais registaram um aumento de quase sete pontos percentuais.
Estado encaixa 625 milhões em impostos sobre
dividendos do PSI
Os acionistas das 15 empresas do PSI deverão receber cerca de 2,4 mil milhões de euros em divi-
dendos, em termos brutos. Deste valor, o Estado vai encaixar 625 milhões, de acordo com o estudo
da BA&N. Deste montante, 360 milhões correspondem a retenção em sede de IRC, enquanto 265
milhões se ficam a dever à taxa liberatória sobre os lucros de remuneração a investidores particulares.

MÁRCIO PEREIRA
Consultor da Ordem
dos Contabilistas Certificados
comunicacao@occ.pt

Imparidades nas dívidas a receber – aspetos fiscais em IRC

N
as situações em que existem dúvidas
quanto à cobrabilidade das dívidas a
receber, observando-se as evidências
objetivas, as entidades devem reconhecer
contabilisticamente a respetiva perda por
imparidade. No entanto, em termos fiscais é
necessário atender às condições e limites para
que estas perdas possam ser deduzidas ao lucro
tributável. No passado dia 4 de fevereiro, foi
publicado um artigo (https://www.occ.pt/pt/
noticias/imparidades-nas-dividas-a-receber-
aspetos-contabilisticos/) sobre o tratamento
contabilístico das perdas por imparidades das
dívidas a receber. Neste artigo, o objetivo é o
de abordar o tratamento fiscal.
Em termos fiscais, o Código do IRC apresenta
o tratamento das perdas por imparidade em
dívidas a receber nos artigos 35.º e 36.º para os
períodos de tributação até 2013 e nos artigos
28.º-A e 28.º-B para os períodos de tributação
de 2014 e seguintes.
De acordo com estas normas fiscais, apenas são
aceites fiscalmente as perdas por imparidade
de créditos que preencham as três condições
seguintes:
- Respeitem a créditos resultantes da
atividade normal;
- Sejam consideradas de cobrança duvidosa;
- Estejam evidenciadas na contabilidade
como créditos de cobrança duvidosa.
Atente que estas condições terão que se
observar cumulativamente, pelo que importa
efetuar uma análise cuidada de cada uma delas.
Atividade normal
Quanto ao conceito de atividade normal, tem
sido entendimento da Autoridade Tributária
(AT) que se resumem aos créditos comerciais
que resultem das vendas e prestações de
serviços respeitantes à atividade da empresa. De
acordo com o entendimento da AT, os juros
de mora (juros de atraso no cumprimento das
obrigações) também são considerados como
resultantes da atividade normal.
Por outro lado, relativamente aos créditos
resultantes das vendas de ativos não correntes e
adiantamentos a fornecedores, o entendimento
da AT tem sido no sentido de que não
resultam da atividade normal. Desta forma, no
entender do fisco, estes créditos não são aceites
fiscalmente. No entanto, existem decisões dos
tribunais que vão no sentido contrário, isto é,
estas operações devem ser consideradas como
sendo da atividade normal, uma vez que o
objetivo da aquisição de uma máquina ou
do adiantamento ao fornecedor é o regular
funcionamento do seu objeto social. Assim,
segundo a jurisprudência nacional, também os
créditos das alienações de ativos não correntes
e os adiantamentos a fornecedores são aceites
fiscalmente.
Conceito de cobrança duvidosa
Em termos fiscais, consideram-se créditos
de cobrança duvidosa aqueles em que o
risco de incobrabilidade esteja devidamente
comprovado, o que acontece nas seguintes
situações:
- O devedor tenha pendente processo de
execução, processo de insolvência, processo
especial de revitalização ou procedimento de
recuperação de empresas por via extrajudicial
ao abrigo do Sistema de Recuperação de
Empresas por Via Extrajudicial (SIREVE),
aprovado pelo Decreto-Lei n.º 178/2012, de 3
de agosto;
- Os créditos tenham sido reclamados
judicialmente ou em tribunal arbitral;
- Os créditos estejam em mora há mais
de seis meses desde a data do respetivo
vencimento e existam provas de terem sido
efetuadas diligências para o seu recebimento,
atendendo aos seguintes limites:
- 25% para créditos em mora há mais de 6
meses e até 12 meses;
- 50% para créditos em mora há mais de 12
meses e até 18 meses;
- 75% para créditos em mora há mais de 18
meses e até 24 meses;
- 100% para créditos em mora há mais de
24 meses.
Por outro lado, as normas fiscais também
identificam as situações em que não são
considerados de cobrança duvidosa, logo não
aceites fiscalmente, mesmo que contabilizadas,
designadamente:
- Os créditos sobre o Estado, regiões
autónomas e autarquias locais ou aqueles em
que estas entidades tenham prestado aval;
- Os créditos cobertos por seguro, com
exceção da importância correspondente à
percentagem de descoberto obrigatório, ou
por qualquer espécie de garantia real;
- Os créditos sobre pessoas singulares
ou coletivas que detenham, direta ou
indiretamente, mais de 10% do capital da
empresa ou sobre membros dos seus órgãos
sociais (participantes no capital);
- Os créditos sobre empresas participadas,
direta ou indiretamente, em mais de 10%
do capital;
- Os créditos entre empresas detidas, direta
ou indiretamente, em mais de 10% do
capital pela mesma pessoa singular ou
coletiva (empresas com sócios em comum).
De notar que, relativamente a estes três
últimos pontos, isto é, para os créditos
sobre os participantes do capital, os créditos
sobre as participadas e os créditos entre
empresas com sócios em comum, são
aceites fiscalmente as perdas resultantes
de processo de execução, processo de
insolvência, processo especial de revitalização
ou procedimento de recuperação de empresas
por via extrajudicial ao abrigo do Sistema de
Recuperação de Empresas por Via Extrajudicial
(SIREVE), ou os créditos que tenham sido
reclamados judicialmente ou em tribunal
arbitral.
Evidenciados na contabilidade
Para que as perdas por imparidade dos créditos
a clientes sejam aceites fiscalmente é necessário
que estejam contabilizadas no mesmo período
de tributação ou em períodos de tributação
anteriores, pelo que é necessário atender às
evidências objetivas previstas nas normas
contabilísticas.
No que respeita à evidência dos créditos de
cobrança duvidosa na contabilidade, considera-
-se cumprida com os registos contabilísticos
propostos no artigo publicado neste jornal no
passado dia 4 de fevereiro.
Importa sublinhar que a constituição de
imparidades, quer em termos contabilísticos
quer em termos fiscais, tem de ter em
consideração que as demonstrações financeiras
são elaboradas com base no regime do
acréscimo ou periodização económica. Quer
isto dizer que, em termos contabilísticos, as
imparidades devem ser contabilizadas quando
se verificarem as evidências objetivas. Em
termos fiscais, devem ser consideradas no
resultado tributável do período em que se
cumprirem as condições acima referidas.
Na prática, a empresa pode considerar essas
perdas por imparidade para efeitos fiscais no
período em que, em termos contabilísticos,
considerou existirem as respetivas evidências
objetivas relacionadas com o risco de
incobrabilidade, tendo por isso reconhecido a
respetiva perda por imparidade.
As perdas por imparidade contabilizadas fora
dos períodos devidos colocam em causa a
dedutibilidade fiscal.
Caso prático
A entidade “XPTO” tem contabilizada uma
dívida do cliente, no valor de 6000 euros,
relativa a três faturas em que o prazo de
vencimento foi ultrapassado em junho do
ano passado (ano “n-1”). Na altura foram
feitos esforços, por intermédio de e-mails e
carta registada, no sentido de receber a dívida.
Esforços que se revelaram infrutíferos, o que
levou o órgão de gestão a ter sérias dúvidas
quanto à sua cobrabilidade. Apesar destas
dúvidas, no ano ”n-1”, não foi contabilizada
qualquer perda por imparidade pelo risco de
incobrabilidade. No final do corrente ano (ano
“n”) foi contabilizada a perda por imparidade
correspondente a 50% do valor da dívida
(3000 euros).
Qual o gasto fiscal aceite no ano “N+1”?
Em termos fiscais, para que a perda por
imparidade seja considerada, é necessário
que estejam cumpridos os três requisitos
anteriormente mencionados.
Neste caso, estes três requisitos estão
cumpridos, na medida em que a dívida é de
um cliente resultante da atividade normal da
entidade “XPTO”, os créditos são considerados
de cobrança duvidosa, pelo facto de se
encontrarem em mora há mais de 6 meses
(desde junho de “n-1”) e estão evidenciados na
contabilidade (registo efetuado no ano “n”).
No entanto, apesar de estarem cumpridos
os três requisitos, é importante atender ao
momento em que eles se verificam. Ora, em
termos contabilísticos, as evidências objetivas
foram observadas no ano “n-1”, pelo que
a perda por imparidade deveria ter sido
contabilizada no ano “n-1” pelo valor total da
dívida (6000 euros).

INFORMAÇÃO ELABORADA PELA ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

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Agenda Fiscal 2022

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 QUINTA-FEIRA, 14 DE ABRIL 2022 15

Hyundai expande soluções elétricas

A Hyundai Motor está a expandir a sua oferta de soluções

AUTOMÓVEL energéticas através do desenvolvimento da tecnologia Vehicle-

-to-Everything (V2X). A V2X é uma inovação tecnológica
que visa integrar, ainda mais, as energias renováveis e os veícu-
los elétricos (BEV) na sociedade.

Ensaio

O ágil Kia Rio 1.0 T-GDi Wave

JORGE KM FARROMBA
Jorgefarromba@gmail.com
Uma (boa) onda que se navega!
Ciente que tem de marcar presença nos
vários segmentos de mercado, a KIA sur-
ge aqui com o RIO, numa versão atuali-
zada do seu citadino, com o novo lette-
ring da marca e algumas anotações sobre
o interior e exterior, de forma a projetar-
-se como uma marca up-to-date com o
mercado.
Assim, sabendo que tem de concorrer
com uma armada poderosa, incluindo a
Renault, Fiat, Citroën e Peugeot, a marca
apresenta-se com um citadino robusto e
ágil mas sobretudo “clever”, de modo a
ser o mais competitivo possível. Daí que
o seu interior apresenta o espaço interior
suficiente para 4 ocupantes – um 5º viaja-
rá apertado – com plásticos rijos em todo
o habitáculo (onde a qualidade e robustez
dos mesmos é correta), com painel de ins-
trumentos analógico mas de fácil leitura.
De enaltecer a boa ergonomia de todo o
conjunto, a qualidade dos bancos (e res-
petivo apoio lateral) e a usabilidade do
conjunto. Pode parecer um “cliché”, mas
Preço: 16.000J em campanha
(20.000J preço normal)
às vezes entramos num veiculo e temos de
fazer 30 ajustes para encontrar a posição
ideal ou um compromisso. Aqui, parece
que o “fato encaixa logo à medida”.
Sendo um citadino, seria expetável não
ser muito expedito, mas é exatamente o
oposto. O motor 1.0 com 100cv é de uma
grande agilidade, sempre disponível. A
caixa de 6 velocidades é manual e obriga a
estar atento para acompanhar o ritmo do
andamento – caixa precisa e curta, muito
agradável. Pessoalmente, começo cada vez
mais a preferir caixas automáticas.
A agilidade do conjunto sente-se tam-
bém no modo célere e fácil com que se
conduz, dado que o comportamento e
conforto são salutares.
Em termos de consumos em estrada,
cheguei aos 4,4 l, mas em cidade andei
entre os 6.5 e os 7l, em média.
Com o apoio de:

Mazda quer atingir neutralidade

carbónica até 2050
A Mazda Motor Corporation
acaba de publicar o seu “Sustai-
nabilityReport 2021” (“Relató-
rio de Sustentabilidade 2021”).
No mesmo, a Mazda formula as
bases da sua política de sustenta-
bilidade e identifica as questões
sociais que devem ser abordadas
no âmbito dos negócios da com-
panhia, relacionando-as com os
Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável (ODS) adotados pe-
las Nações Unidas.
Assim,a partir de agora, a
companhia irá realizar iniciati-
vas que irão abordar oito temas
de sustentabilidade, assentes em
três pilares fundamentais: Terra,
Pessoas e Sociedade. A Mazda irá
empreender tudo isto com o ob-
jetivo de alcançar a neutralidade
carbónica até 2050.
Para atingir o objetivo de neu-
tralidade carbónica, a Mazda
reconhece a importância de re-
dução das emissões de CO2 ao
longo do ciclo de vida de um
veículo. Por esta razão, a empre-
sa implementou uma abordagem
multissoluções que lhe permite
oferecer diferentes tecnologias,
em consonância com as fontes de
energia de cada região, e métodos
de geração de energia, tanto na
perspetiva da avaliação do ciclo
well-to-wheel como na do ciclo
de vida (LCA).
Na indústria transformadora
e da logística, o Mazda Group
procura a maximização do valor
energético e a diversificação ener-
gética, visando alcançar reduções
nas emissões globais de CO2 to-
tais nas suas instalações e opera-
ções logísticas.
16 QUINTA-FEIRA, 14 DE ABRIL 2022

AUTOMÓVEL

Repsol fica acionista da Enerkem Ford produz primeiras unidades E-Transit

A Repsol tornou-se acionista da empresa canadiana Enerkem, líder  A Ford Pro encontra-se agora a embarcar, a partir da fábrica Ford
em tecnologia de recuperação de resíduos. A Repsol investiu 54 mi- Otosan, em Kocaeli, na Turquia, as primeiras unidades já produzi-
lhões de euros em ações e 68 milhões de euros adicionais, através da das do seu furgão E-Transit 100% elétrico, para entrega a clientes
subscrição de títulos convertíveis. de toda a Europa.

Parceria Garagem Aurora / FUCHS

tem balanço positivo
A parceria entre a Garagem Aurora
e a FUCHS tem um balanço positivo
ao fim do primeiro ano.
“Os pilotos confiam em nós e, real-
mente, com a FUCHS as coisas têm fun-
cionado muito bem. Agradou-me o fac-
to de eles se preocuparem em arranjar o
produto que a gente queria, meterem-se
logo no mercado à procura de soluções
para trazer para cá o produto. Têm-nos
dado um apoio muito bom, quando ligo
e pergunto o que recomendam para este
carro ou para aquele. E às vezes também
nos ligam a pedir uma opinião”, subli-
nha Eduardo Santos, o filho do “Mes-
tre Eduardo”, que há 13 anos assumiu a
gerência desta oficina fundada em 1946,
especializada na marca Porsche e nas
corridas de automóveis.
A colaboração entre a Garagem Auro-
ra e a FUCHS Lubrificantes foi precisa-
mente pensada assim: como parceria de
aconselhamento mútuo. Para o gerente,
esta vantagem e o espírito de equipa com
os técnicos e os comerciais da FUCHS
valem muito mais do que os bons re-
sultados de negócios desta parceria: “Eu
como empresário não devia dizer isto:
muitas vezes nas parcerias não olho para
o resultado. Para mim, é muito mais im-
portante a relação, a amizade, a troca e a
entreajuda e estou muito satisfeito”.
A FUCHS também fica a ganhar com
a parceria porque “é em competição que
surgem as maiores exigências aos com-
ponentes e lubrificantes”, informa An-
dré Castro Pinheiro, diretor da divisão A relação, a amizade, a troca e a entreajuda são o mais importante para Eduardo Santos, filho do
automóvel da FUCHS. “Mestre Eduardo”.

5 maio
9h30-18h00

Cobrança de dívidas a clientes

FORMADOR

Dr. Agostinho Costa

Licenciado em Economia pela

Universidade do Porto; Consultor de
Gestão de várias empresas nacionais,
no Continente e Ilhas. Membro do Corpo
Docente de Mestrados em Finanças;
Colunista de Revistas de Contabilidade
e Finanças; Especialista em Gestão PROGRAMA 5. Os aspetos fiscais
Financeira, Controlo de Gestão, Gestão
de Créditos e Cobranças. Formador nas 1. Como diminuir o crédito vencido
áreas de Gestão Financeira, Controlo 6. Cuidados a ter com os meios de
de Gestão, Gestão de Créditos e pagamento utilizados pelos clientes
Cobranças, de quadros empresariais 2. Como organizar um serviço de
em instituições nacionais de média e cobranças 7. O atraso nos pagamentos e a
grande dimensão e empresas angolanas
e moçambicanas de grande dimensão.
aplicação de Juros Comerciais
Colaborador em revistas técnicas, com 3. Ações a desenvolver no processo
artigos periódicos nas áreas de Controlo de cobranças 8. Como diminuir o risco de crédito
de gestão, Finanças empresariais e
Estratégia empresarial. Participação 4. Os aspetos jurídicos e a cobrança 9. Cartas tipo e formulários para o
como Orador, em Conferências sobre das dívidas dos clientes controlo de crédito e cobranças
temas ligados às Áreas de Gestão.

PREÇOS
Público Geral: €98*
Assinantes: €77* Informações/Inscrições Ana Bessa (Dep. Formação) | Vida Económica - Editorial SA.
* Acresce IVA a taxa em vigor Rua Gonçalo Cristóvão, 14 R/C 4000-263 Porto | 223 399 427/00 | Email: anabessa@vidaeconomica.pt | www.vebs.pt
20 QUINTA-FEIRA, 14 DE ABRIL 2022
MERCADOS
Crédito y Caución prevê
crescimento das insolvências
A Crédito y Caución prevê um incre-
mento das insolvências, ao longo de 2022
e 2023, na maior parte dos países, após os
níveis invulgarmente baixos registados du-
rante a pandemia: nos dois últimos anos,
a economia mundial registou uma descida
acumulada de 29% nos níveis de insolvên-
cia. 
Em 2020, apesar da grave recessão eco-
nómica, verificou-se uma descida das in-
solvências na maior parte dos mercados
mundiais, devido aos intensos estímulos
fiscais e às moratórias generalizadas na lei
de recuperação judicial e falência das em-
presas. Em 2021, o panorama foi misto.
A descida manteve-se em mercados como
os EUA, Portugal, Países Baixos, Coreia
do Sul ou Nova Zelândia, dada a conti-
nuidade dos programas de apoio à liquidez
empresarial, enquanto outros países, como
Espanha, Itália ou a República Checa, co-
meçaram a registar um aumento significa-
tivo nas insolvências. Em resultado disto,
países como Portugal, por exemplo, alcan-
çaram no último exercício menos de me-
tade das insolvências registadas em 2019,
enquanto outros mercados, como Espa-
nha, superam já os níveis pré-pandémicos.
Neste contexto, os anos de 2022 e 2023
vão ficar marcados por um aumento nos
níveis de insolvência na maior parte dos
mercados mundiais. “Em muitos dos mer-
cados observados, prevemos a ultrapas-
Câmara de Lisboa apoia integração de refugiados na cidade
VIRGÍLIO FERREIRA
virgilio@vidaeconomica.pt
São várias as iniciativas que demonstram
que Lisboa está ao lado de Kiev.
Poucos dias depois do início do confli-
to, a Câmara Municipal de Lisboa anun-
ciou a 28 de fevereiro, em conferência de
imprensa conjunta com o presidente da
CML, Carlos Moedas, e a Embaixadora
da Ucrânia, Inna Ohnivets, um conjunto
de medidas destinadas a apoiar as famílias
ucranianas em Lisboa.
De imediato, a CML, com o apoio das
juntas de freguesia, criou uma equipa de
missão para coordenar as operações de
apoio às famílias ucranianas residentes ou
refugiadas em Lisboa.
Conforme a “Vida Económica” apurou
junto da Câmara Municipal de Lisboa, fo-
ram criadas duas estruturas de apoio.
Uma delas é o Centro de Acolhimento
de Emergência – CAE (montado no Pa-
vilhão da Polícia Municipal), espaço coor-
denado pela Proteção Civil Municipal, em
articulação com a Embaixada da Ucrânia,
e com o apoio da Cruz Vermelha, das au-
toridades de saúde, do Alto Comissariado
para as Migrações e da Junta de Freguesia
Dow Jones 12/abr.......34548,05 DAX 12/abr...................14124,95
PSI-20 (12.04) 6097,58
Var Sem................................-0,35% Var Sem................................-2,09%
-0,10% Var. Semana Var 2021................................-5,00% Var 2021.............................. -11,09%
6120
Nasdaq 12/abr.............13584,04 CAC40 12/abr................. 6537,41
6110
6100
6090
6080
Var Sem................................-4,57% Var Sem................................-1,69%
Var 2021..............................-13,36% Var 2021................................-8,66%
Pontos
6070
6060
6050
6040
IBEX 35 12/abr............... 8576,50
6030
6/abr 7/abr 8/abr 9/abr 10/abr 11/abr 12/abr Var Sem................................-0,59%
9,43% Var. 2019 Var 2021................................-1,62% COLABORAÇÃO: BANCO SANTANDER
Guerra na Ucrânia
tem influência nas previsões
de insolvência
sagem dos níveis normais de insolvência
na segunda metade de 2022 ou no início
de 2023. Isto deve-se aos incumprimen-
tos adicionais provenientes das “empresas
zombie”. É provável que estes aconteçam
porque no período da pandemia os ní-
veis de insolvência ficaram muito abaixo
dos níveis pré-pandémicos. Acreditamos
que, quando os apoios públicos forem re-
tirados, estas empresas vão entrar em in-
cumprimento. Em geral, no final de 2023,
veremos um nivelamento das insolvências
para os níveis normais”, explica o relatório. 
O calendário de retirada das ajudas públi-
cas é o fator essencial nas projeções para
cada mercado: o aumento gradual das in-
solvências até à normalidade pré-pandémi-
ca é de esperar que aconteça nos seis meses
posteriores à retirada dos estímulos fiscais
e os incumprimentos adicionais por par-
te das “empresas zombie” prolongar-se-ão
durante doze meses.
CAE acolheu já cerca de 1500
refugiados ucranianos
de Campolide. Este espaço constitui uma
resposta de emergência e não de perma-
nência para pessoas que chegam sozinhas
ou em pequenos grupos. No CAE já foram
acolhidos até ao momento cerca de 1500
refugiados ucranianos. A outra é o Refei-
tório Municipal de Monsanto, espaço des-
tinado a oferecer refeições aos ucranianos
retidos em Portugal.
A CML passou a ter uma linha telefó-
nica de apoio e um email específicos para
quem quer oferecer ou procurar ajuda –
800 910 111 e sosucrania@cm-lisboa.pt
 Segundo informou uma fonte oficial da
CML, a autarquia lisboeta serviu também Lisboa 14 mil caixas de ajuda diversa com gração dos refugiados ucranianos na cida-
como espaço de acolhimento, no próprio destino a Lviv, na Ucrânia. de. Graças a este programa, foram matri-
edifício dos Paços do Concelho, de doa- Foi também aprovada em reunião de câ- culadas 81 crianças refugiadas, sendo que
ções de diferentes géneros de bens feitas mara, por unanimidade, a criação de um 16 destas estão em escolas particulares e as
por cidadãos. Foram reunidas cerca de Programa Municipal de Emergência, o restantes no ensino público, entre o 1º ci-
30 toneladas de donativos e partiram de “Vsi Tut – Todos Aqui”, com vista à inte- clo e o secundário.
18 QUINTA-FEIRA, 14 DE ABRIL 2022

MERCADOS

EURODÓLAR (12.02) 1,0852 Euro/Libra 12/abr......0,8327 EURIBOR 3M (12.02) -0,4330 Euribor 6M 12/abr... -0,4330 PETRÓLEO BRENT (12.02) 105,19 Ouro 12/abr..............1972,80
Var Sem..........................0,07% 7,28% Var. Semana Var Abs Sem................. 14,67% -1,32% Var. Semana Var Sem..........................2,59%
-0,37% Var. Semana Var 2021...........................7,88%
Var 2021..........................0,93% -0.29
6/abr 7/abr 8/abr 9/abr 10/abr 11/abr 12/abr
Var 2021........................41,39% 106

6120
-0.3 104
6110

6100 -0.31

Euro/Iene 12/abr... 135,8900 Euribor 1Y 12/abr..... 0,0050 Prata 12/abr.................25,56

102
6090
-0.32

6080
100

Var Sem..........................4,97%
-0.33
6070

6060
Var Sem.........................-0,93% -0.34 Var Abs Sem............... 105,38% 98

6050

6040
Var 2021.........................-3,79% -0.35

-0.36
Var 2021...................... 101,00% 96
Var 2021..........................9,53%
6030
6/abr 7/abr 8/abr 9/abr 10/abr 11/abr 12/abr -0.37 94
6/abr 7/abr 8/abr 9/abr 10/abr 11/abr 12/abr

-4,44% Var. 2019 24,30% Var. 2019 35,29% Var. 2019 COLABORAÇÃO: BANCO SANTANDER

CARLOS MENDES
Mestre em Direção de
Logística e Suplly Chain

Qual a importância da logística verde?

A “
responsabilidade ambiental do cenário atual e as organizações que logística mais eficiente e sustentável, tais
não é mais um “plus” que as têm pouca responsabilidade ambiental como:
organizações podem oferecer. Na vão sofrer consequências financeiras, de • Reciclagem e reutilização de
verdade, saber o que é logística verde, e imagem e, principalmente, perder poder produtos que seriam inutilizados, ou
aplicá-la na rotina de uma organização, é de competição. colocados no lixo; Mas a economia é
mais do que uma obrigação legal, é uma • Melhorar a eficiência de rotas para
responsabilidade ambiental. Mas o que é logística verde diminuir o tempo de transporte que assim, é preciso
Existem simples ações do dia a dia consecutivamente leva a uma redução
que impactam no meio ambiente, a Também chamada de ecologística, no consumo de combustíveis fosseis e produzir com
luz acesa que fica esquecida, o duche
mais demorado do que o necessário, a
refere-se a um conjunto de medidas,
ações e políticas sustentáveis. O objetivo
menos poluição do ar;
• Rastreabilidade e retorno dos agilidade, baixo custo
quantidade de embalagens de utilização
única que consumimos…
principal é reestruturar processos
logísticos para impactar cada vez menos
resíduos para a cadeia produtiva
através da recolha programada;
e fazer o produto
Imagine, então, uma indústria, o setor negativamente no meio ambiente. • Compensação ambiental realizada circular no menor
logístico de uma organização. Pois é, a Incluindo setores como a produção, pelas grandes organizações, como por
qualquer momento o meio ambiente vai armazenamento, transporte e o retorno exemplo a plantação de árvores, para tempo possível.

”
entrar em colapso! dos resíduos produzidos para entrarem serem carbono neutro;
Talvez esteja a pensar: “Mas a economia é novamente na cadeia de produção. • Gestão e manutenção de frotas
assim, é preciso produzir com agilidade, Existem inúmeras formas e categorias de para aquisição de veículos menos
baixo custo e fazer o produto circular no medidas que colaboram para diminuir poluentes, e realização atempada
menor tempo possível.” os impactos gerados por cada uma das das manutenções para diminuir
A questão é que a forma tradicional de etapas industriais e, claro, do processo de a poluição e evitar acidentes que sentidos. Mas o benefício principal refere-
produção, armazenamento e transporte logística. Algumas ações do quotidiano comprometam o solo, rios, etc. -se à questão ambiental. Compreender
tem um alto nível de desperdício, perdas da logística, com impactos no meio Saber o que é logística verde, entender que a empresa é responsável por tudo o
e falhas, tanto nos processos como no ambiente, são teoricamente óbvias, como a sua importância e aplicar ações que que produz, mesmo após a entrega do
destino final dos resíduos, acidentes, etc. a emissão de poluentes. No entanto, compensem os impactos ambientais é produto ao cliente final, é o primeiro
Entender o que é logística verde faz parte existem muitas formas de tornar a positivo para as organizações em todos os passo.

LUÍS BRAVO
Investment Advisory Director
Wealth Management Department

Mapear a incerteza geopolítica

A
s consequências da guerra em níveis mais recentes do PMI mostram das empresas permanecem em níveis
curso entre a Rússia e a Ucrânia que a economia está a sustentar-se saudáveis, e os níveis de insolvências
ainda são incertas e dependem surpreendentemente bem, apesar das também deverá permanecer baixa nos
de quanto tempo durará o conflito. No expectativas de crescimento económico próximos 12 meses, a menos que a

“
entanto, alguns impactos estão a fazer-se mais baixas. Europa entre em recessão, que não é
sentir e as expectativas agora apontam Os investidores refletiram este nosso cenário central. Além disso, os
para um crescimento económico mais ajustamento de expectativas e estão rendimentos de crédito corporativo nos
lento, sobretudo na Europa, assim a descontar nos preços uma postura EUA (3,6%) são agora quase 2 vezes
como a persistência de níveis de inflação muito mais agressiva em termos de o rendimento de dividendos do índice
elevados por mais tempo do que política monetária por parte dos bancos S&P 500 (1,9%). Os preços mais
inicialmente esperado. Os preços mais centrais, sobretudo por parte da Reserva Para os investidores, significa que faz
elevados das matérias-primas energéticas Federal. O movimento, tanto nas taxas sentido continuar investido, sempre elevados dos preços
vão continuar a pressionar os níveis de quanto nos prémios de risco (spreads) com uma carteira diversificada. Este
inflação e causar um impacto negativo de crédito, foi significativo nas últimas momento pode, contudo, constituir das matérias-
no sentimento do consumidor. Em
condições normais, dada a atual situação
semanas. Quanto aos mercados de
ações norte-americanos, estes até se
uma oportunidade para reposicionar a
carteira de um cenário de normalidade, -primas energéticas
de menor crescimento económico,
os Bancos Centrais adotariam novas
comportaram razoavelmente nas últimas
semanas, embora com episódios de
para um onde existe um fator de
incerteza mais elevado. Aumentar
vão continuar a
medidas de estímulos.
Contudo, e também por causa das
maior volatilidade, e o índice S&P 500 a diversificação, mais investimento pressionar os níveis
está agora em um nível acima do nível delegado, estar mais acompanhado
pressões inflacionistas, os Bancos pré-guerra há um mês. Essa recente via aconselhamento e com menos de inflação e causar
Centrais têm também um âmbito de dissociação dos mercados de ações e de investimento direto – nestes talvez faça
atuação mais limitado. Tanto a Reserva crédito poderá retornar à sua correlação sentido procurar investimentos com um impacto negativo
Federal como o Banco Central Europeu normal. mais distribuição de rendimentos e
adotaram uma narrativa mais agressiva Apesar destes complexos equilíbrios, menos risco. Nas obrigações, algumas no sentimento
relativamente a subida de taxas, nas
suas intervenções públicas recentes. Os
as expectativas gerais são de que a
economia mundial ainda cresça acima
emissões de curto prazo com boa yield
podem ser boas opções, enquanto, do consumidor

”
mercados agora esperam 6 subidas da de sua tendência natural em 2022, e em ações, empresas com posição
taxa diretora da Reserva Federal (após que o alívio das pressões inflacionistas dominante e dividendos acima da
o primeiro em março) e 1 aumento seja adiado em um trimestre. Dados os média do setor podem também ser
da taxa diretora do BCE em 2022. spreads atuais, os níveis de risco/retorno interessantes alternativas durante este
Em uma nota positiva, os mercados do crédito (tanto IG quanto HY) ciclo, com o objetivo de mapear a
de trabalho continuam fortes e os agora são atraentes. Os fundamentais incerteza geopolítica futura.
 QUINTA-FEIRA, 14 DE ABRIL 2022 19

MERCADOS

Greenvolt conclui aquisição de participação na MaxSolar
A Greenvolt – Energias Renováveis anunciou a conclusão da aquisição de uma participação
de 35% na empresa alemã MaxSolar, reforçando a intervenção ativa na respetiva gestão.
No futuro, poderá reforçar o seu nível de participação acionista. A Greenvolt prossegue o
seu projeto de crescimento e internacionalização no setor das energias renováveis a nível
europeu.
Sistema financeiro não tem sido impactado pela guerra
O sistema financeiro da Zona Euro tem reagido bem à guerra na Ucrânia e às sanções oci-
dentais contra a Rússia, na perspetiva do Banco Central Europeu. Até agora, o impacto da
guerra sobre a estabilidade financeira tem sido relativamente contido. Os mercados, em ter-
mos globais, têm funcionado adequadamente. Não tem havido um impacto sobre os sistemas
bancário e financeiro, no seu conjunto.

LIPOR quer atingir neutralidade carbónica em 2030

A LIPOR aposta na imple-
mentação de uma estratégia de
combate às alterações climáticas
que assenta em quatro pilares:
menos resíduos, privilegiando
o modelo de economia circu-
lar; menos carbono, convergin-
do para a descarbonização e a
transição energética; mais clima
e mais biodiversidade. Como
subscritora do Pacto do Porto
para o Clima, a LIPOR preten-
de atingir um estado de neutra-
lidade carbónica em 2030, que
só poderá ser atingido com ações
concretas.
A LIPOR assume este compro-
misso enquanto agente produtor
e gestor de Gases com Efeito Es-
tufa (GEE) e enquanto agente
indutor de conhecimento, ação
e mobilização dos cidadãos e da
sociedade, com vista a alcançar a
redução de 30% das emissões de
GEE até ao ano 2030.
Nas palavras do presidente do
Conselho de Administração da
LIPOR, José Manuel Ribeiro:
“A LIPOR e os seus municípios
acreditam que o conhecimento,
a mobilização e a cooperação são
essenciais para o atingimento da
neutralidade carbónica. Na nos-
sa área de atuação, ao darmos
uma nova vida aos resíduos, es-
tamos também a contribuir para
esta nova visão de futuro, tendo
em vista o cumprimento de uma A neutralidade carbónica é um objetivo comum, considera José Manuel Ri-
causa comum”. beiro.

MÁRIO JOEL QUEIRÓS

Docente do Ensino Superior
nas áreas de Economia e Finanças

“One Size Fits All”

Durante cerca de uma década, o
resultado da política monetária
do Banco Central Europeu
até 20211 foi bem-sucedida,
resultando numa inflação a
rondar 1%.
Apesar de neste último ano a
inflação ter ficado em 2,6%,
0,6 pontos percentuais acima
dos objetivos traçados pelo
próprio BCE, 2%, ainda em
Agosto de 2021 nenhum
estado-membro da Zona Euro
tinha ultrapassado os referidos
2% de inflação. No entanto,
e a partir desse momento, os
preços começaram a disparar em
alguns países, como a Estónia,
Lituânia e Bélgica. Outros,
como a Grécia, Portugal e Malta,
ainda conseguiram manter-se
abaixo dessa meta até ao fim de
Fevereiro de 2022.
Sim, o problema da subida dos
preços foi criado em 2020, com
uma inundação de liquidez da
Zona Euro por parte do BCE,
e ainda afeta alguns países, Acontece, porém, que o BCE Portugal e Malta ficaram demonstrou a partir de novembro e
apareceu um conflito armado é a autoridade monetária de abaixo de 2%. E pela tendência a França, a partir de dezembro.
na Europa, com consequências 19 países, onde se encontram observada, parece que o fosso Mas o BCE não pode ter uma
nefastas ao nível do comércio economias como a Alemanha vai continuar a crescer. Como política monetária restritiva
e produção de “commodities”. e a França, cujo PIB é de curiosidade, Alemanha e França para a Estónia e Lituânia, e
Se necessitávamos de elevar a 3600 e 2500 mil milhões de (não presentes no gráfico) simultaneamente, expansionista,
criação de riqueza para níveis euros, e outras, comoLituânia tiveram uma inflação de 3,8% e para Malta e Portugal! As taxas
capazes de compensar (ainda que e Malta, cujo PIB é de 55 e 2,6%2. de juro do BCE aplicam-se ao
parcialmente) a enxurrada de euro, e, portanto, a todas as
liquidez de 2020, este conflito economias da Zona Euro. Não
veio travar a fundo a recuperação Inflação % (IHPC) vai ser possível levar a cabo uma
que parecia ter iniciado na Zona política monetária adequada às
Euro. Para controlar a inflação, necessidades da maior parte dos
é necessário subir as taxas de estados-membros; uns vão sair
juro, ou seja, exatamente o que prejudicados por defeito, outros
não queremos, pois estaremos a por excesso. Mas já sabemos quais
desincentivar o investimento e vão beneficiar mais da política
o consumo, comprometendo a monetária da moeda única:
recuperação económica. exactamente aqueles que têm
Posto isto, já não há dúvidas um comportamento mediano
de que iremos registar níveis de ao nível dos preços: Alemanha,
inflação muito acima das nossas França, Itália, Países Baixos e
previsões de há cerca de um Áustria. Aqueles que, por sinal,
ano. E, para que os preços não representam 75% do PIB da Zona
entrem em total descontrolo, Fonte: Eurostat
Fonte: Eurostat
Euro.
também vamos ter de sofrer com Há vantagens em termos o euro?
taxas de juro bem acima do que Sem dúvida!
Se Portugal e Malta ainda têm alguma folga para não lhes ser aplicada imediatamente uma política monetária restritiva, Estónia e Lituânia demonstram que, desde Agosto, andam a precisar de restrições no controlo da moeda. Já a
Alemanha, por exemplo, só o demonstrou a partir de Novembro e a França, a partir de Dezembro.

que veio pressionar os preços em
2021.
Acontece que, neste momento,
a seguir a uma pandemia que
já vai em mais de dois anos
1 - Eurostat, índice harmonizado de
preços do consumidor, 2013-2021.
contávamos. Algo que só poderá
inverter-se com uma resolução
rápida do conflito armado, mas
que, mesmo assim, a persistência
das sanções impostas à Rússia
poderá atrasar em muito a tão
desejada recuperação do nível de
actividade.
15 mil milhões de euros,que Se Portugal e Malta ainda têm Há vantagens em que o
têm estruturas produtivas, de alguma folga para não lhes ser euro seja uma moeda única?
consumo, de investimento, aplicada imediatamente uma Provavelmente, não.
e comportamento de preços política monetária restritiva, Pois, tal como estamos a ver,
completamente diferentes. Estónia e Lituânia demonstram “One size does not fitall”.
Até março último, Estónia e que, desde agosto, andam a precisar
Lituânia registaram uma inflação de restrições no controlo da moeda.
entre 7% e 8%, enquanto Já a Alemanha, por exemplo, só o
PUB

Assessoria especializada B2B

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R. Júlio Dinis, 247 – 6º - Sala E9 – 4050-324 PORTO www.imf.pt Av. Duque de Loulé, 123 – Sala 54 – 1050-089 LISBOA
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20 QUINTA-FEIRA, 14 DE ABRIL 2022

MERCADOS

PSI-20 - ANÁLISE DE LONGO PRAZO DAX 30 - ANÁLISE DE LONGO PRAZO

O PSI deu continuidade aos Após o “sell-off” recente, o Dax alemão
ganhos recentes, quebrando estabilizou nas últimas sessões em torno
em alta o nível psicológico dos 14 mil pontos, o que poderá apontar
dos 6 mil pontos, renovando para uma lateralização entre os 14 mil
máximos de 2015. O índice e 15 000 pontos no curto prazo. Já para
continua assim a apresentar o médio prazo a tendência começa a
uma tendência altista para o ser um pouco mais negativa, tendo em
curto prazo, sendo esperado que conta o desempenho que tem vindo a
continue com os ganhos. apresentar desde o final de 2021.

RUI COSTA ruicosta@imf.pt

FILIPE GARCIA
Economista da IMF – Informação
MERCADO MONETÁRIO
INTERBANCÁRIO de Mercados Financeiros
filipegarcia@imf.pt
Eur/Usd em mínimos
Euribor voltaram a subir de 1 mês
As Euribor voltaram a subir entre deste índice para -41 pontos, face Ucrânia, defendendo-se ao reduzir EUR/USD
2 pb a 5 pb nesta última semana, aos -39,3 pontos do mês anterior, a sua tolerância face ao risco. À
sendo que a referência a 12 meses mas, ainda assim, muito melhor medida que a guerra se arrasta
que já é usada como indexante em que expetativas que apontavam e a inflação dispara, os políticos
muitos empréstimos, mesmo com para uma queda para -48 pontos. começam a ficar cada vez mais
períodos de pagamento de juros a Esta moderação no pessimismo preocupados com a possibilidade de
prazos inferiores, está muitíssimo dos investidores alemães deriva de os bancos restringirem o acesso ao
próxima dos 0%. O mercado está uma alteração na evolução recente crédito, dificultando o investimento
cada vez mais a acreditar que o da inflação, apesar de continuarem numa altura de forte incerteza. Este
BCE não terá outra hipótese senão muito pouco positivos quanto à atual aperto nas condições de acesso
seguir a política da Fed e de outros situação económica e a assumirem ao crédito empresarial já se notou
bancos centrais, e tal leva a que que a mesma irá continuar a no primeiro trimestre deste ano,
se projete um aumento de 50 pb deteriorar-se, havendo claramente segundo aquilo que o BCE concluiu
até ao final deste ano e 200 pb a expetativa de uma situação de do seu estudo. Já no que respeita ao
no total, com a Euribor 6 m para estagflação para os próximos seis crédito ao consumidor e hipotecário,
finais de 2024 a ser já projetada a meses. Se a situação não está fácil o aperto dos bancos deverá ser mais
valores perto dos 2%. Na base desta para os investidores e consumidores, moderado. As taxas fixas dispararam
expetativa do mercado continuam mais difícil estará certamente na última semana, cerca de 30 pb
as tensões inflacionistas, sendo para muitas empresas. Não só têm em toda a curva, com todos os prazos
que ainda esta manhã os dados da dificuldade de passar sucessivos acima dos 2 anos a negociarem já
Alemanha da inflação harmonizada aumentos de custos para os seus acima dos 1%. A dívida alemã a 10
em março confirmaram as indicações clientes, sem com isso sofrerem anos atingiu um máximo de 0,865%,
preliminares de um aumento anual reduções de vendas, como começam algo que não sucedia desde julho
de 7,6% e de 2,5% face ao mês a ter cada vez mais dificuldade de 2015. O facto de esta semana os
anterior, algo que veio de encontro de acesso ao crédito. Segundo EUA divulgarem dados de inflação
às expetativas dos analistas. O que um inquérito publicado hoje pelo que possam reforçar a expetativa
já não veio tanto em conta com BCE, os bancos da Zona Euro estão de duas subidas de 50 pb nas
o esperado pelos analistas foi o inclinados a restringir o acesso ao próximas reuniões, e de o BCE ter
índice ZEW, que mede a confiança crédito por parte das empresas para a sua reunião regular esta semana
dos investidores alemães. Os dados este segundo trimestre, temendo contribuíram para esta situação. Eur/Usd Eur/Gbp
para abril mostram uma queda os efeitos negativos da guerra na ANÁLISE PRODUZIDA A 12 DE ABRIL DE 2022 O Eur/Usd encontra-se numa A nível técnico, o Eur/Gbp
posição frágil. O par não obteve su- vem a lateralizar entre as £0,83
EVOLUÇÃO EURIBOR (EM BASIS POINTS) cesso ao teste que realizou aos $1,12 e £0,85. Recentemente o par
11.abril.2022 21.setembro 2021 12.outubro 2021 (38,2% de retração de fibonacci) e testou o limite superior deste
acabou por corrigir em baixa. O intervalo (que coincidiu tam-
1M -0,529% -0,563% 0,034 -0,561% 0,032 próximo suporte localizava-se nos bém com a média de 200 dias),
3M -0,435% -0,546% 0,111 -0,552% 0,117 $1,080 (23,6% de retração de fi- mas não obteve sucesso, reali-
6M -0,334% -0,530% 0,196 -0,523% 0,189
bonacci), mas na passada sexta-feira zando uma ampla correção em
o par acabou por quebrar em baixa baixa. De momento, o par se-
1Y -0,030% -0,497% 0,467 -0,476% 0,446 este importante nível. O nível psi- gue mesmo próximo do limite
FUTUROS EURIBOR cológico poderá oferecer apoio ao inferior. Para o curto prazo a
TAXAS EURIBOR E REFI BCE par, mas, ainda assim, as perspeti- tendência é de queda, tendo
Data 3 Meses Implícita
março 22 -0,375% vas para o curto prazo continuam o MACD invertido o sinal de
maio 22 -0,185%
setembro 22 0,435%
a apontar para uma descida. compra que apresentava desde
junho 23 1,545% meados de março. Não obs-
dezembro 23 1,610% Eur/Jpy tante, o suporte das £0,83 tem
junho 24 1,570% Após várias semanas de amplos provado ser robusto, pelo que
CONDIÇÕES DOS BANCOS CENTRAIS ganhos, o Eur/Jpy tem vindo a poderá muito bem amparar o
Euro Refinancing Rate 0,00% lateralizar nos últimos dias entre movimento descendente do par.
BCE Euro Marginal Lending Facility 0,25%
Euro Deposit Facility -0,50% os 134 e 137 pontos. Os indica- Caso tal não se verifique, o par
*desde 10 de março 2016 dores técnicos apontam para uma poderá ingressar numa perspeti-
EUA FED Funds 0,25% perspetiva mais neutra, sendo es- va mais “bearish” para o curto/
R.Unido Prime Rate 0,25%
Brasil Taxa Selic 9,25%
perado que consolide em torno médio prazo, tal como descreve
Japão Repo BoJ -0,10% dos níveis atuais. para o longo prazo.
EURO FRA’S
Forward Rate Agreements Var. Semanal Var. a 30 dias Var. desde
Tipo* Bid Ask 12/abril/2022
1X4 -0,390 -0,370 (%) (%) 1 jan (%)
3X6 -0,220 -0,200
YIELD 10 ANOS PORTUGAL 1X7 -0,246 -0,226 EUR/USD 1,0861 -0,98% -0,90% -11,67%
3X9 -0,020 -0,010
6X12 0,339 0,389 EUR/JPY 136,29 1,14% 5,41% 7,64%
12X24 1,483 1,493
*1x4 – Período termina a 4 meses, com início a 1M EUR/GBP 0,8346 -0,04% -0,55% -7,44%
EURO IRS
InterestSwapsvs Euribor 6M
EUR/CHF 1,0131 -0,10% -1,15% -6,29%
Prazo Bid Ask
EUR/NOK 9,5395 0,00% -3,24% -8,66%
2Y 0,735 0,740
3Y 1,014 1,054 EUR/SEK 10,3320 0,71% -1,94% 2,40%
5Y 1,250 1,255
8Y 1,394 1,424 EUR/DKK 7,4379 0,00% -0,03% 0,00%
10Y 1,489 1,509
EUR/PLN 4,6552 0,62% -1,41% 2,37%
Obrigações 5Y 10Y
0,89 1,65 EUR/AUD 1,4599 1,57% -3,55% -8,34%
1,10 1,71
0,82 1,31
EUR/NZD 1,5874 1,39% -1,59% -6,98%
0,57 0,80
EUR/CAD 1,3724 0,56% -1,82% -12,14%
1,55 2,41
1,58 1,82
EUR/ZAR 15,8490 -0,65% -3,96% -11,56%
2,69 2,71
0,01 0,23 EUR/BRL 5,0944 1,11% -7,85% -19,44%
Fontes: Reuters e IMF
 QUINTA-FEIRA, 14 DE ABRIL 2022 21

MERCADOS

OMC revê em baixa comércio mundial
A Organização Mundial do Comércio (OMC) reviu em baixa a sua previsão de crescimento
do comércio mundial, este ano, para 3%, contra os anteriores 4,7%, tendo em conta o im-
pacto da guerra na Ucrânia. Considera a organização que o duplo choque da pandemia e da
guerra penalizou as cadeias de abastecimento, reforçou as pressões inflacionistas e reduziu as
estimativas de crescimento da atividade e do comércio.
Fundos ESG europeus perdem terreno
O ano em curso está a ser difícil para os fundos ESG europeus, os quais investem com base
em critérios ambientais, sociais e de boa governação. Desde o início do exercício, estes produ-
tos acumulam perdas de 8,9%, de acordo com a Bloomberg. O índice MSCI World baixou
6,8%, enquanto o Stoxx desceu cerca de 6%. Foram incluídos nestes cálculos os fundos cujos
ativos superam os 500 milhões de dólares e têm um enfoque na sustentabilidade.

TÍTULOS EURONEXT LISBOA PAINEL BANCO SANTANDER PAULO ROSA

Economista Sénior
do Banco Carregosa
Última Variação Máximo Mínimo EPS EPS Est PER Est PER Est Div. Yield Div. Yield
Título Data Act Hora Act
Cotação Semanal 52 Sem 52 Sem Est Act Fut Act Fut Ind Est
Guerra na Ucrânia invalida Bitcoin
ALTRI SGPS SA

IBERSOL SGPS SA
6,765

6,000
8,76%

-0,33%
6,820

6,100
4,812

4,590
0,458

-0,210
0,470

0,270
14,771

-
14,394

22,222
1,48%

-
4,26%

0,00%
12/04/2022

12/04/2022
16:35:15

16:35:16
como reserva global de valor
BANCO COMERCIAL A invasão da Ucrânia pela Rússia a recuperação económica da crise ditada
0,160 -4,26% 0,203 0,111 0,017 0,030 9,382 5,317 0,56% 0,63% 12/04/2022 16:35:21 aumentou consideravelmente a incerteza pela pandemia.
PORTUGUES-R
e a volatilidade nos mercados. Nos A agudização das sanções à Rússia
F. RAMADA INVESTIMENTOS momentos seguintes ao início da guerra,
7,200 0,00% 7,600 5,400 0,320 0,370 22,500 19,459 8,33% 3,06% 12/04/2022 16:35:24 no início de março, mais visíveis no
SGPS SA a procura por ativos de refúgio foi uma fim de semana de 5 e 6 de março,
CORTICEIRA AMORIM SA 10,020 -0,79% 12,601 9,180 0,640 0,734 15,656 13,651 2,00% 3,01% 12/04/2022 16:35:20 realidade. A cotação do ouro acelerou nomeadamente ao petróleo e ao gás
a valorização das semanas anteriores natural russos, culminando em 8 de
CTT-CORREIOS DE
4,365 -0,91% 5,220 3,405 0,300 0,358 14,550 12,193 2,75% 4,35% 12/04/2022 16:35:21 ao conflito, refletindo o seu cunho de março com a proibição de importações
PORTUGAL
reserva de valor, e as obrigações do norte-americanas de combustíveis fósseis
EDP-ENERGIAS DE tesouro das economias mais robustas russos, impulsionou a cotação do ouro
4,665 1,06% 5,228 3,652 0,218 0,255 21,399 18,294 4,07% 4,14% 12/04/2022 16:35:15
PORTUGAL SA apresentaram um bom desempenho, até ao máximo de 18 meses, nos 2070
percecionadas pelos investidores como dólares. Mas nesse mesmo período a
EDP RENOVAVEIS SA 22,900 -7,55% 25,090 16,600 0,619 0,640 36,995 35,781 0,39% 0,44% 12/04/2022 16:35:29
importantes portos seguros. A principal BTC desceu 14% e o S&P 500 perdeu
GALP ENERGIA SGPS SA 11,975 2,97% 12,120 8,060 1,125 1,056 10,644 11,340 4,18% 4,38% 12/04/2022 16:38:38 moeda global, o dólar, também valorizou, 230 pontos, ou seja, à volta de 5%.
JERONIMO MARTINS 21,480 -0,37% 22,200 14,070 0,848 0,961 25,330 22,352 3,65% 2,46% 12/04/2022 16:35:54
como é habitual em alturas de menor Durante a guerra na Ucrânia, o ouro
liquidez. No entanto, a bitcoin (BTC) tem-se mostrado uma plena reserva de
MOTA ENGIL SGPS SA 1,374 3,62% 1,525 1,108 0,107 0,129 12,841 10,651 - 3,57% 12/04/2022 16:35:20 perdeu valor nas horas que se seguiram valor, ao contrário da BTC.
NAVIGATOR CO SA/THE 3,630 3,42% 3,688 2,748 0,263 0,245 13,802 14,816 7,75% 6,34% 12/04/2022 16:35:07 à invasão e acompanhou de perto a Mas se a atual guerra na Ucrânia
evolução do mercado acionista, fazendo invalida a BTC como cabal reserva de
NOS SGPS 4,054 6,40% 4,060 2,874 0,247 0,255 16,413 15,898 6,86% 6,96% 12/04/2022 16:35:13
jus à sua característica de ativo de risco. valor global, ao nível regional e quando
PHAROL SGPS SA 0,081 -4,62% 0,116 0,072 - - - - - - 12/04/2022 16:35:18 Uma guerra na Europa, em que um as alternativas financeiras diminuem,
REDES ENERGETICAS
dos intervenientes, a par dos EUA, a BTC tende a mitigar as dificuldades
NACIONAIS
2,915 0,87% 2,935 2,265 0,171 0,180 17,047 16,194 5,28% 5,83% 12/04/2022 16:35:27 detém atualmente o maior arsenal monetárias que aparecem pelo caminho.
nuclear do mundo, seria, talvez, um dos O controlo de capitais na Ucrânia, com
SEMAPA-SOCIEDADE DE
12,480 1,30% 12,980 10,320 1,440 1,160 8,667 10,759 4,10% 3,69% 12/04/2022 16:35:28
melhores testes para aferir a cabal reserva intuito de preservar alguma confiança e
INVESTIM de valor de um determinado ativo. A valor à economia de Kiev para financiar
SONAE 1,035 1,67% 1,072 0,738 0,083 0,083 12,470 12,470 4,70% 4,83% 12/04/2022 16:39:07
invasão teve início por volta das 4 horas a guerra, e o aumento significativo das
da manhã do dia 24 de fevereiro, 2h em sanções ocidentais à Rússia criaram
NOVABASE SGPS SA 4,880 1,46% 5,580 3,770 0,215 0,310 22,698 15,742 - 8,81% 12/04/2022 12:12:51 Lisboa, e nas horas seguintes a cotação dificuldades acrescidas aos povos e aos
GREENVOLT-ENERGIAS dos futuros do S&P 500 desvalorizou estados destes países, e as criptomoedas,
7,390 -6,93% 8,100 4,410 0,266 0,398 27,782 18,568 - - 12/04/2022 16:35:10 2,5% e a BTC caiu 8%, dos 37 mil
RENOVAVEI tais como a BTC, terão acelerado a sua
dólares até aos 34300. Enquanto isso, importância como reserva de valor e
o preço do ouro valorizou mais de 3%, moeda de troca nestas geografias. Quanto
TÍTULOS MERCADOS EUROPEUS PAINEL BANCO SANTANDER dos 1913 até aos 1973 dólares por onça, maior forem as fragilidades dos sistemas
o índice do dólar subiu quase 1,5%, financeiros em determinadas regiões,
Última Variação Máximo Mínimo EPS Est EPS PER Est PER Div. Yield Div. Yield
de 96,40 até 97,70, o rendimento do maior será a propensão para adotar as
Título
Cotação Semanal 52 Sem 52 Sem Act Est Fut Act Est Fut Ind Est
Data Act Hora Act tesouro norte-americano a 10 anos criptomoedas nessas geografias, talvez
desceu de 1,97% para 1,85%, refletindo mais a BTC, que é deflacionista, em
BANCO SANTANDER SA 3,133 -0,22% 3,509 2,490 0,491 0,520 6,381 6,025 3,19% 4,82% 12/04/2022 16:38:00 uma valorização dos títulos do governo detrimento do Ethereum, que permanece
INDUSTRIA DE DISENO
dos EUA, e a ‘yield’ do bund alemão inflacionista, apesar da intenção de
20,100 0,35% 32,480 18,545 1,138 1,271 17,663 15,814 3,13% 5,32% 12/04/2022 16:38:00 caiu de 0,23% para 0,12%. Como querer alterar o protocolo.
TEXTIL
habitualmente, a dívida pública, o ouro No Vietname, os entraves às remessas
REPSOL SA 13,235 8,57% 13,275 8,692 2,473 2,233 5,352 5,927 4,76% 4,83% 12/04/2022 16:38:00 e o dólar foram os verdadeiros ativos de dos emigrantes, devido ao controlo de
refúgio perante a crescente incerteza de capitais, e a maior propensão ao risco
TELEFONICA SA 4,822 7,23% 4,827 3,595 0,345 0,374 13,977 12,893 6,22% 6,22% 12/04/2022 16:38:00
uma escalada da guerra. Também como dos vietnamitas intensificam o uso da
SIEMENS AG-REG 116,640 -4,39% 157,960 105,920 8,468 9,251 13,784 12,617 3,43% 3,62% 12/04/2022 16:36:31 habitualmente, a BTC comportou-se BTC. Os venezuelanos procuram a BTC
como um ativo de risco, evoluindo de para contornarem a inflação e a forte
CARREFOUR SA 20,080 5,88% 20,460 14,515 1,707 1,951 11,763 10,292 2,59% 3,08% 12/04/2022 16:35:29 forma semelhante ao mercado acionista, desvalorização da sua moeda. Excesso de
BAYER AG-REG 67,420 3,63% 67,790 43,905 7,181 7,742 9,386 8,706 2,97% 3,25% 12/04/2022 16:36:18 penalizada pelo movimento de ‘risk-off ’. burocracias, corrupção, défice crónico
A exemplo, ao longo de 2018, a BTC de liberdade, nomeadamente económica,
DEUTSCHE BANK AG- desvalorizou 70%, aquando do primeiro, carências de saúde e deficientes sistemas
10,808 -8,14% 14,636 8,163 1,501 1,741 7,222 6,226 1,85% 2,90% 12/04/2022 16:35:37
REGISTERED e único, ‘Quantitative Tightening’ da de educação contribuem para economias
RWE AG 40,480 -0,34% 41,830 28,390 2,252 1,602 17,944 25,225 - 2,23% 12/04/2022 16:37:19 Fed dos EUA, ano em que o S&P 500 alicerçadas em aparelhos produtivos
perdeu 8%, o pior desempenho desde desestruturados e hiperinflação, e,
VOLKSWAGEN AG 210,800 -5,89% 314,000 180,100 30,729 33,071 6,844 6,359 3,56% 3,81% 12/04/2022 16:35:25 2008. A BTC retomou a tendência de consequentemente, frágeis sistemas
ING GROEP NV-CVA 9,340 -2,79% 13,998 7,904 1,081 1,308 8,640 7,141 9,53% 6,75% 12/04/2022 16:39:38
alta na primavera de 2020, impulsionada financeiros, deficientes sistemas bancários
pelas políticas monetárias expansionistas, e moedas locais fracas que aumentam a
Este relatório foi elaborado pela tesouraria do Banco Santander em Portugal, telf. 21 381 65 80, email: cashequi- como resposta à crise económica imposta propensão ao uso da BTC. Todavia, são
ties@santander.pt, com base em informação disponível ao público e considerada fidedigna, no entanto, a sua exac- pela covid-19, e intensificou a subida a economia e o trabalho produtivo que
tidão não é totalmente garantida. Este relatório é apenas para informação, não constituindo qualquer proposta de a partir de novembro, tal como o S&P criam uma moeda forte e a suportam no
500, a espelhar as boas perspetivas para futuro…
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 22 QUINTA-FEIRA, 14 DE ABRIL 2022

EMPRESAS

GONÇALO CAETANO
LEGAL & ILEGAL Advogado Associado na Vilar & Associados - Sociedade
de Advogados
E-mail: gc@vilar.pt

Como pode o trabalhador reagir ao atraso no pagamento da sua retribuição?

A relação de trabalho é sinalagmática,
encontrando-se, de um lado, a força de
trabalho disponibilizada pelo trabalhador,
e, do outro lado, a prestação pecuniária
devida pela entidade empregadora
ao trabalhador em virtude daquela
disponibilização.
A entidade empregadora tem o dever
de colocar a quantia correspondente à
retribuição à disposição do trabalhador
na data do respetivo vencimento. Assim,
para saber quando é que a entidade
empregadora emerge em incumprimento
contratual é necessário saber quando é
que a sua obrigação se vence. O Código
do Trabalho apenas refere que o crédito
retributivo se vence por períodos certos
e iguais, que, salvo estipulação em
contrário ou uso diverso, são a semana,
a quinzena e o mês, sendo claramente
este último o mais usual. A prestação
retributiva não tem necessariamente que
estar na disponibilidade do trabalhador
até ao último dia útil de cada semana,
quinzena ou mês. Tem, isso sim, que
estar disponível até ao último dia útil do
período de referência.
O pagamento da retribuição é uma
AF_HP_CAMPANHA_ABRIL_2022_VIDA_ECONOMICA_257x194.pdf
obrigação com prazo certo, o que significa
que o seu vencimento se verifica sem a
necessidade de interpelação da entidade
empregadora.
Perante a falta de pagamento pontual da
retribuição o trabalhador pode suspender
ou resolver com justa causa o contrato de
trabalho.
No caso de falta de pagamento pontual
da retribuição por um período de 15
dias sobre a data de vencimento, o
trabalhador pode suspender o contrato
de trabalho, mediante comunicação
por escrito à entidade empregadora
e à Autoridade para as Condições do
Trabalho (doravante, ACT), com a
antecedência mínima de 8 dias em
relação à data de início da suspensão.
Caso a entidade empregadora declare
por escrito que prevê que não vai pagar
a retribuição em dívida até ao termo
daquele prazo, o trabalhador pode
suspender o contrato de trabalho em
momento anterior.
A falta de pagamento que se prolongue
por período de 15 dias deve ser declarada
pela entidade empregadora no prazo de 5
dias, a1 pedido
25/02/2022do trabalhador. Em caso de
12:20:25
recusa, a ACT, a pedido do trabalhador,
emitirá a respetiva declaração.
Durante a suspensão do contrato de
trabalho, o trabalhador pode exercer outra
atividade remunerada, apesar de continuar
sujeito ao dever de lealdade para com a
entidade empregadora originária devedora.
O trabalhador poderá também ter direito
a receber subsídio de desemprego durante
o período em que o contrato de trabalho
se encontra suspenso.
A cessação da suspensão do contrato de
trabalho pode ocorrer de três formas:
mediante comunicação do trabalhador
à entidade empregadora e à ACT de
que põe termo à suspensão a partir de
determinada data; com o pagamento
integral das retribuições em dívida e
dos juros de mora; por acordo entre
trabalhador e entidade empregadora para
regularização das retribuições em dívida e
juros de mora.
A falta de pagamento pontual da
retribuição, seja ela culposa ou não
culposa, constitui justa causa de resolução
do contrato de trabalho pelo trabalhador.
Contudo, a falta culposa de pagamento
pontual da retribuição assume especial
relevância. A falta de pagamento pontual
da retribuição é considerada culposa
quando se prolongue por período de 60
dias, ou quando a entidade empregadora,
a pedido do trabalhador, declare, por
escrito, a previsão de não pagamento da
retribuição em falta, até ao termo daquele
prazo. Perante tal situação, o trabalhador
pode resolver com justa causa o contrato
de trabalho. A resolução do contrato de
trabalho deve ser comunicada por escrito
à entidade empregadora, no prazo de
30 dias a contar do termo do período
de 60 dias. Em caso de falta culposa o
trabalhador terá ainda direito a uma
indemnização a determinar entre 15 e 45
dias de retribuição base e diuturnidades
por cada ano completo de antiguidade,
atendendo ao valor da retribuição e ao
grau da ilicitude do comportamento da
entidade empregadora, não podendo ser
inferior a 3 meses de retribuição base e
diuturnidades.
A falta não culposa de pagamento pontual
da retribuição habilita o trabalhador a
resolver o contrato de trabalho com justa
causa, mas não lhe confere o direito a
receber uma indemnização.

CM

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CCP defende redução da fiscalidade para as empresas
A Confederação do Co-
mércio e Serviços de Portugal
(CCP) defende que o Gover-
no tem de reduzir a fiscalidade
sobre as empresas, tendo em
conta o contexto económico
que se desenha para os próxi-
mos tempos. Na perspectiva
do seu presidente, João Vieira
Lopes, a inflação não se resol-
ve por via de um aumento dos
salários.
Ainda que veja com bons
olhos as medidas já avançadas
Pedro Reis no conselho consultivo do ICPT
Pedro Reis é o novo presi-
dente do Conselho Consulti-
vo do International Club.
Com 54 anos, Pedro Reis
foi presidente da AICEP e do
Instituto Sá Carneiro, tendo
ainda integrado o Conselho
Nacional para o Empreende-
dorismo e a Inovação e o Con-
selho da Indústria.
Para Manuel Ramalho, pre-
sidente do ICTP, a disponibi-
lidade de Pedro Reis permite
imprimir dinâmica às ativida-
des do clube, nomeadamente
na agenda institucional com
pendor internacional.
Inflação continua a bater recordes
O índice de preços no con-
sumidor ascendeu a 5,3%, em
março, o que se traduziu num
aumento de 1,1%, face ao
mês anterior. Foi o valor mais
alto desde junho de 1994, de
acordo com o Instituto Nacio-
nal de Estatística (INE).
Já o índice de inflação sub-
jacente – que exclui produtos
Nº 1927 / 14 de abril 2022 Semanal 2,40 J Portugal Continental
pelo ministro das Finanças.
Fernando Medina, considera
que poderão não ser suficien-
tes e que é necessário avaliar
como as mesmas vão impactar
certos sectores. Referiu a este
propósito, à saída da reunião
da Concertação Social: “Ten-
do em conta a gravidade da si-
tuação que se vive em termos
de economia este ano, temos
de ter um Orçamento agres-
sivo em termos de fiscalidade
que permita às empresas ar-
Pedro Reis passa a apoiar Manuel Ramalho na agenda de iniciativas
do International Club.
alimentares não transforma-
dos e energéticos – também
subiu consideravelmente,
com uma variação de 3,8%,
que compara com os 3,2% de
fevereiro. O INE explica que
o índice dos produtos ener-
géticos cresceu para 19,8%
(contra 15% no mês ante-
rior), neste caso o valor mais
rancarem. Há neste momento
um risco real de perda de po-
der de compra com a inflação.
As empresas, em especial as
pequenas e médias empresas
e as microempresas, não têm
capacidade de acompanhar a
inflação em termos de aumen-
tos salariais. O Governo tem
de fazer a sua parte em termos
de fiscalidade, seja fiscalida-
de para as empresas, seja fis-
calidade em termos de IRS“,
adiantou João Vieira Lopes.
alto desde fevereiro de 1991,
enquanto os produtos ali-
mentares não transformados
apresentaram uma variação
de 5,8% (em fevereiro foi de
3,7%). O índice harmoniza-
do de preços no consumidor
nacional teve uma variação
homóloga de 5,5%, o mais
elevado desde 1996.
Compre já em livraria.vidaeconomica.pt
NOTA DE FECHO
JORGE A. VASCONCELLOS E SÁ
Mestre Drucker School / PhD Columbia University
Professor Catedrático
E-mail: associates@vasconcellosesa.com
Website: www.vasconcellosesa.com
LinkedIn: http://www.linkedin.com/in/vasconcellosesa
http://www.linkedin.com/company/vasconcellos-e-sa-associates/
Twitter: https://twitter.com/VasconcelloseSa
Honte (vergonha)
Um dos aspectos mais negli-
genciados na análise do suces-
so dos blocos económicos é a
compatibilidade cultural.
A cultura é a personalidade dos
povos. Quando muito diferentes
o convívio não é difícil por opi-
niões divergentes, é impossível
por mundividências diferentes.
Pura e simplesmente, vive-se em
mundos distintos.
Um retrato é dado pela lín-
gua. Em alemão schuld significa
simultaneamente dívida e cul-
pa. Faul quer dizer preguiçoso e
também podre. E assim sucessi-
vamente.
A língua formata a mente. E
esta as acções. As quais são tam-
bém, em parte, fruto dos líderes.
Tenho mais medo de ovelhas
conduzidas por um leão, que de
leões liderados por uma ovelha
(Churchill).
Boris Johnson encabeçando
os anglo-saxónicos (com os EUA
atrás como aconteceu na I e II
Guerras Mundiais) e incluindo a
Alemanha (pela primeira vez ex-
portadora de armas), 1) fala com
o presidente ucraniano, 2) visita
a Ucrânia, 3) assume abertamen-
te o apoio militar, em armas e in-
teligência e 4) incentivou dezenas
de empresas britânicas a saírem
da Rússia desde a Unilever até à
Marks & Spencer, passando pela
Shell, Burberry ou BP.
O senhor Macron (uma versão
menos intensa, mais esbatida de
Sarkozy) 1) fala com o presiden-
te da Rússia, 2) visita a Rússia,
3) é tíbio publicamente no apoio
militar à Ucrânia e 4) grande nú-
mero de empresas francesas con-
tinuam na Rússia.
As excepções de Pernod Ricard,
Air France, LVMH, Michelin e
outras dignas de menção, confir-
mam a regra de que para muitas
empresas francesas é “business as
usual”: Danone (parcialmente),
Decathlon, Leroy Merlin, BNP
Paribas, bem como todos os cin-
co maiores bancos franceses, La-
coste, Bureau Veritas, etc. etc.
Tal tem duas vantagens. Não
afectar os negócios (sair da Rús-
sia it’s “bad for business”) e não
prejudicar… os empregados (e
respectivas famílias) na Rússia…
O que aparentemente pesa
mais que alguns “pequenos”
inconvenientes. Enfraquecer
(economicamente) o regime. Pe-
nalizar os apoiantes. Induzir os
pilatos a agir. E criar em todos,
como noticiou recentemente o
canal americano NBC, um pro-
fundo impacto psicológico atra-
Uma edição
vés do sentimento de isolamento
fruto do ostracismo.
Quem observa o abismo de
comportamento entre a França
e o mundo anglo-saxónico, não
se pode admirar do Brexit: in-
compatibilidade de valores (“we
wanted our freedom back” - Bo-
ris Johnson), a começar pela ac-
countability (“we want our mo-
ney back” - Margaret Thatcher).
Ao fim e ao cabo o Brexit não
passa da expressão nacional do
que em que diversas culturas é
suficiente para o divórcio: bas-
ta um conjugue dizer ao outro:
rejeito-te.
Nem tão pouco se pode admi-
rar de que Marine Le Pen esteja
prestes a ganhar as eleições fran-
cesas.
Só se pode admirar de se pre-
tender criar uma união política
com base na geografia e não na
partilha de um cerne de valores
comuns. À volta dos quais po-
dem circular todo o tipo de di-
vergências acessórias.
As quais, se face ao núcleo
duro não forem secundárias, no
lugar de atração, criam disper-
são. Em vez de compatibilidade,
rejeição. Sendo a força centrífuga
mais forte que a centrípeta. E o
convívio praticamente impossí-
vel: what kind of people do the
germans thinks we are? (Chur-
chill).
E é também motivo de admi-
ração que em vez do Brexit, não
se tenha oferecido aos europeus a
escolha entre uma Europa de ca-
riz anglo-saxónica, ou do clube
méditerranée espelhada na buro-
cracia de Bruxelas.
A primeira centrada à volta de
Voltaire. A segunda de Rous-
seau com a sua teoria da “von-
tade geral” que se traduziu na
carnificina da revolução france-
sa, muito distinta da revolução
americana, como reconheceu o
inglês Edmund Burke.
Entre uma e outra Europas a
diferença não é de opiniões. É de
mundo. De valores. De mentali-
dade.
O caro leitor se tivesse podido,
que opção abraçaria (mantendo
naturalmente a nacionalidade
portuguesa)?
Quanto ao mais não admi-
ra que a Europa marque passo.
Quando não tropeça. Ou dê um
passo em frente seguido de dois
atrás. E Bruxelas faça regras so-
bre a indumentária dos barmans.
P.S.: E para registo de poten-
cial conflito de interesses, eu sou
de ascendência francesa.
 Este suplemento faz parte integrante da
Vida Económica nº 1927, de 14 de abril 2022,
e não pode ser vendido separadamente

Saúde mental

Reforma da saúde mental Opinião

cria unidades Saúde mental – novos desafios éticos pág. 3

de internamento
em hospitais gerais O desafio pós-Covid na gestão dos Recursos Humanos
Fazer a coisa certa pág. 3

O amor em tempos de Covid pág. 5

António Lúcio
Baptista defende O impacto da Covid-19 nas crianças
Plano nacional e a importância do brincar pág. 6

de saúde
mental tem Novos desafios para as organizações
educativas no período pós-pandemia pág. 6
de ser
colocado Efeitos secundários da epidemia Covid-19
do ponto de vista do ortopedista pág. 7
em prática
pág. 4

Qual o impacto da Covid-19 na indústria

farmacêutica? pág. 8
 2 quinta-feira, 14 de abril 2022

Destaque

Reforma da saúde mental cria unidades de internamento

em hospitais gerais

A
orientação técnica para a reforma
da saúde mental e a implementa-
ção da estratégia para as demências
tem como objetivo central criar
novas unidades de internamento
em hospitais gerais enquadrados no Plano
de Recuperação e Resiliência (PRR). Este
plano prevê a reforma da saúde mental,
com a finalidade da sua conclusão.
Como suporte desta reforma é imple-
mentado um investimento para a conclu-
são da reforma da saíde mental e imple-
mentação da estratégia para as demências,
com o objetivo de contribuir para enfren-
tar os desafios com que o país se confronta
no setor da saúde, agudizados pela pande-
mia, e que exigem um SNS mais resiliente
e eficaz na resposta às necessidades em saú-
de à população, na saúde mental em parti-
cular. Assim, a dotação do PRR alocada a
orientação técnica em causa é de cerca de
13,3 milhões de euros, sendo os beneficiá-
rios finais o Centro Hospitalar do Oeste, o
Centro Hospitalar de Entre Douro e Vou-
ga, o Centro Hospitalar Tondela-Viseu e
o Hospital Prof. Doutor Fernando Fon-
seca. A distribuição foi elaborada em ar-
ticulação com o Plano Nacional de Saúde
Mental, com recurso ao levantamento das
necessidades de cada hospital geral, com o
objetivo de reduzir os internamentos nos
hospitais psiquiátricos. Pretende-se redu-
zir em 50% os internamentos no Centro
Hospitalar e Universitário de Coimbra, no
Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa e
no Hospital Magalhães Lemos.
O que está em causa é a conclusão da
cobertura nacional de serviços locais de
saúde mental nas vertentes de internamen-
to, ambulatório e intervenção comunitá-
ria, através da criação de serviços de in-
ternamento nos hospitais gerais onde não
existam, eliminando os internamentos de
agudos em hospitais psiquiátricos ou em
hospitais distantes da área de residência
dos doentes. De salientar ainda que a ins-
talação de unidades de internamento em financeira e da otimização dos recursos so, pelo que os beneficiários finais (as EPE)
psiquiatria em hospitais gerais provém das disponíveis. Só podem ser consideradas estão dispensados de apresentação de can-
recomendações internacionais. despesas elegíveis as despesas efetivamen- didatura ao apoio. Este apoio formaliza-se
te pagas pelo beneficiário final e validadas através da assinatura de contrato de finan-
Despesas elegíveis pelo beneficiário intermediário. A taxa de ciamento entre a ACSS e as EPE – que in-
financiamento do investimento é de 100% tervêm na qualidade de beneficiários finais
São elegíveis todas as despesas que se do valor global elegível até ao limite máxi- – onde se encontram acauteladas todas as
destinem, exclusivamente, à concretização mo. Os valores a conceder revestem a for- obrigações e as responsabilidades das par-
dos projetos e que se rejam pelos princí- ma de incentivo não reembolsável. tes conducentes ao cumprimento dos ob-
pios da boa administração, da boa gestão Não há sujeição a abertura de concur- jetivos do investimento.
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FORMADOR

Dr. Agostinho Costa

O Controlo de Gestão de uma Clínica
Licenciado em Economia pela Universidade
do Porto; Consultor de Gestão de várias
empresas nacionais, no Continente e Ilhas.
Membro do Corpo Docente de Mestrados
PROGRAMA
em Finanças; Colunista de Revistas de
Contabilidade e Finanças; Especialista
em Gestão Financeira, Controlo de
O Controlo Económico de uma Clínica O Controlo Financeiro de uma Clínica
Gestão, Gestão de Créditos e Cobranças.
Formador nas áreas de Gestão Financeira, • A informação económica de uma clínica • A informação financeira de uma clínica
Controlo de Gestão, Gestão de Créditos • A rentabilidade de uma clínica • As necessidades de financiamento de uma clínica •
e Cobranças, de quadros empresariais
• Indicadores de rentabilidade da clínica Indicadores financeiros da clínica
em instituições nacionais de média e
grande dimensão e empresas angolanas • As margens • Como diminuir as necessidades de financiamento
e moçambicanas de grande dimensão.
Colaborador em revistas técnicas, com • O ponto crítico das vendas • A gestão de stocks e compras numa clínica
artigos periódicos nas áreas de Controlo de • A análise ABC e a rentabilidade dos serviços • Como evitar os maiores erros de gestão financeira de
gestão, Finanças empresariais e Estratégia uma clínica
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 PORTOS quinta-feira, 14 de abril 2022 3

Opinião

Saúde mental – novos desafios éticos

A
ética é a ciência dos
comportamentos. Os
comportamentos individuais
ou coletivos têm reflexos
importantes na condição
humana, que, por sua vez, está ligada de
forma indelével à vulnerabilidade que
reside em cada um. O humano é talvez
o ser vivo mais vulnerável, especialmente
quando nasce, se encontra doente ou
envelhece. A nossa interdependência
assenta numa sociedade solidária, sendo
a família o seu principal instrumento.
A evolução social, o processo de
envelhecimento individual e da
sociedade, a disrupção nos elos
familiares, a solidão, as novas doenças,
em especial a Covid-19, as incertezas
económicas e agora o eclodir de novas
guerras e conflitos constituem uma
agressão permanente à resistência
psicológica dos indivíduos – em especial,
dos mais vulneráveis.
Numa sociedade de comunicação
imediatista, especulativa e exploradora
de emoções, verdadeira fábrica de
medos, está-se a distorcer a visão do
mundo, limitando-se horizontes e onde
se espera constantemente pela morte
ou algum holocaustro. Transmite-se a
imagem de uma sociedade em que até
a estatística da morte é estratificada
pela idade – como se umas vidas
valessem menos que outras. Os
boletins da DGS referentes à Covid
são um exemplo eloquente. Revelam
um sentimento de “idadismo” em que
os velhos são os candidatos naturais
à morte e até podem representar um
fardo social. Mais recentemente, o
massacrar exclusivista das imagens
televisivas ou das redes sociais em
relação à guerra, e à destruição, geram
sentimentos antagónicos: uns de repulsa
pela ignomínia e agressão, outros, de
ansiedade, medo e depressão, mas todos
condicionantes da saúde mental em
especial nos mais sensíveis.
Uma boa saúde mental é condição
essencial que permite aos indivíduos
Uma boa saúde mental é
condição essencial que
permite aos indivíduos
poderem levar uma vida
sã e com significado
social
ARTUR OSÓRIO ARAÚJO
Médico
Professor de Oporto Business School
poderem levar uma vida sã e com piores políticas de apoio. Aliado à
significado social. Tal só pode ser gerado excessiva internalização dos idosos,
num ambiente de liberdade. Gerar há uma deficiente oferta qualitativa
medos não respeita a ética no dever de e quantitativa de recursos técnicos e
informar, tornando os fracos mais fracos humanos para uma correta assistência
e os fortes ainda mais fortes. aos idosos. Daí o risco de a demência ser
Tem havido uma degradação rápida o maior entre todos os países da OCDE
da saúde mental dos portugueses, pela citados.
convergência de vários fatores, sendo o Visitar alguns dos nossos lares, dos
envelhecimento, as disfunções sociais, mais humildes aos mais luxuosos, é um
o abandono e a falta de implementação quase regresso aos hospícios e faz-nos
de uma politica de saúde mental, a temer que o respeito pelos Princípios
que se vieram a somar as distopias das Nações Unidas para os mais velhos –
comunicacionais, os mais relevantes. Participação, Independência, Dignidade
Segundo dados da OCDE (relatório e Auto-realização – não constituem
de 2019), Portugal, sendo dos países prática generalizada e a ética social não
mais envelhecidos, é dos que têm existe.

Opinião
O desafio pós-Covid na gestão dos Recursos Humanos

Fazer a coisa certa

D
ois anos após sucessivos
confinamentos, máscaras, gel,
teletrabalho, etc, etc, começam
a surgir várias questões
pertinentes: será que voltaremos
à vida como a conhecemos antes da
Covid? Quais são os desafios que teremos
pela frente? Haverá aspetos positivos que
poderemos retirar desta pandemia?
Todos estaremos de acordo que muita
coisa mudou nas nossas vidas e vai
perdurar durante muito anos. Jamais
iremos ficar indiferentes quando um
colega apresentar sintomas de gripe
evidente ou quando num restaurante
um cliente não pára de tossir durante o
almoço. Também deixaremos de olhar
com espanto para os turistas asiáticos que
visitam o nosso País quando passeiam
com máscara sem qualquer tipo de
complexos.
E quanto tempo durarão os cuidados
pessoais como máscara e álcool gel?
Arrisco-me a dizer que depende do grau
de responsabilidade e sensatez de cada
um, como já acontece neste momento.
Ficará para a história que, segundo
as estatísticas, mais de 400 milhões de
pessoas no mundo foram infetadas, sendo
mais de 3 milhões em Portugal e dessas
morreram mais de 5 milhões no mundo,
cerca de 20.000 pessoas em Portugal.
Também ficará para a história que
quando o mundo quer, ou, melhor, é
obrigado a unir esforços, tudo é possível,
e a prova foi dada por cientistas (com o
surgimento de vacinas num curto espaço
de tempo), governos (com o apoio às
populações), profissionais de saúde (que
foram os “bombeiros” desta pandemia)
e população em geral, pela forma quase
sempre ordeira em aceitar e aplicar as
medidas mais ou menos impostas.
E agora que estamos a entrar na era
pós-Covid, que desafios se apresentam
para as pessoas, para as empresas e para
quem governa?
Começando pelo Governo
recentemente eleito pela maioria absoluta
dos eleitores, a mensagem subliminar
foi objetiva: queremos estabilidade e
que cumpram o que se comprometeram
fazer, melhorando a vida das pessoas e das
empresas e desta vez sem a pressão dos
partidos de esquerda. Condições existem
com a entrada de vários milhões de euros
da UE. Haja responsabilidade e visão de
longo prazo de quem vai decidir e aplicar
essas verbas.
Para as empresas e as pessoas, haverá
vários pontos de partida; como é normal,
houve empresas que passaram muito mal
e outras que até beneficiaram, e o mesmo
aconteceu com as pessoas. Mas não tenho
dúvidas de que serão as pessoas e as
empresas a ter o papel mais importante
no futuro do nosso País.
As empresas, porque têm de se
organizar pensando na eficiência e na
produtividade sem colocar em causa a
DIAMANTINO JOSÉ TEIXEIRA RIBEIRO
Doutorado em Economia; Docente Universitário nas
áreas da Economia e Gestão; Gestor e consultor
de várias empresas ligadas ao setor da Saúde e do
Turismo
diamantinojtribeiro@gmail.com
qualidade de vida dos trabalhadores. Os
trabalhadores, porque têm de perceber
que não basta cumprir o horário de
trabalho para garantir a remuneração
no final do mês. A competição entre
empresas vai aumentar para conseguir
os melhores trabalhadores, até porque
a “boa” mão de obra disponível começa
a ser escassa, mas a competição entre
trabalhadores também se fará sentir,
pois, como é natural, cada um pretende
trabalhar na empresa que melhor
condição oferecer.
No final, dum lado, continuaremos a
ter empresas que se queixarão dos seus
trabalhadores e trabalhadores que se
queixarão das empresas onde trabalham.
E, do lado oposto, teremos empresas
de sucesso e trabalhadores de sucesso.
Dificilmente um bom trabalhador
aceitará trabalhar numa empresa que não
o trate bem e da mesma forma nenhuma
boa empresa aceitará um trabalhador que
não corresponda e se enquadre no perfil
pretendido.
Em resumo, a receita é simples e
comum tanto para empresas como
trabalhadores: não aceitem menos do que
merecem. Os trabalhadores que não se
sentem reconhecidos que pesquisem novas
oportunidades no mercado de trabalho
e saiam o mais depressa possível; para as
empresas, que exijam dos trabalhadores,
recompensem os bons trabalhadores e
convidem todos os outros a sair.
Só aumentando o grau de exigência
de empresas e trabalhadores podemos
melhorar a eficiência e produtividade do
nosso Pais e chegarmo-nos ao pelotão da
frente da Europa. E hoje já é tarde.
4 quinta-feira, 14 de abril 2022
Entrevista
António Lúcio Baptista defende
Plano nacional de saúde mental
tem de ser colocado em prática
A pandemia e agora a
guerra têm um impacto
muito significativo na saúde
mental dos cidadãos. Os
serviços de saúde terão de
encontrar soluções para darem
resposta a toda uma série
de necessidades novas. Em
Portugal, o plano nacional
de saúde mental tarda em
ser aplicado, o que tem
consequências graves. Trata-
-se de uma área que tem de
ser impulsionada por todos os
intervenientes, na perspetiva
do médico António Lúcio
Baptista.
Vida Económica – De que forma a
pandemia e, mais recentemente, a
guerra na Ucrânia estão a afetar a
saúde mental dos cidadãos?
António Lúcio Baptista – As pessoas
estavam a sair da crise da Covid-19 com
casos de depressão, de perda de autoesti-
ma e agravamento de problemas de saúde
mental já existentes. Ora, praticamente
saídos da pandemia, a guerra foi a pior
coisa que podia ter acontecido, desde logo
pela tragédia humana que representa. Em
Portugal, já tínhamos um défice no trata-
mento da saúde mental. A pandemia agra-
vou ainda mais toda a situação, com refle-
xos nas camadas mais jovens. O quadro já
era dramático. É um facto que temos um
bom plano nacional de saúde mental, mas
não está a ser cumprido. O plano vai ter
novos investimentos, mas até agora não
foi colocado em prática. Não há resposta
por parte dos serviços públicos, sobretudo
por falta de organização. Os serviços são
centralizados, burocráticos e perdulários.
Há um centralismo que se traduz em per-
das e custos excessivos. A nível privado, há
mais agilidade, mas foram copiados alguns
vícios do sistema público. Em conclusão,
inda há muito a fazer na área da saúde
mental.
VE – A guerra terá também um
impacto na saúde mental dos
cidadãos?
ALB – Existe como que um excesso de
informação, as pessoas param o que estão a
fazer para ver e ouvir notícias sobre a guer-
ra. Aliás, a guerra “matou” a pandemia
(que também estava a ser empolada por al-
guns “media”). Uma crise tapa outra crise,
só que a guerra é diferente, é uma crise de
sangue e morte. Já com a pandemia houve
repercussões evidentes, por exemplo, entre
as crianças e os adolescentes. As crianças,
sobretudo, vão ser afetadas no seu desen-
volvimento psicomotor, devido ao distan-
ciamento e à falta de brincar. Ainda terá de
ser feita uma avaliação sobre esta matéria.
Entretanto, há ansiedade por parte de pais
e professores, sendo que foram perturba-
dos os próprios hábitos familiares. Quando
à pandemia, espero que seja possível uma
recuperação rápida. Naturalmente, a guer-
ra vem acentuar todos estes problemas.
VE – Perdeu-se muito o convívio, as
relações familiares e interpessoais…
ALB – Os contactos pessoais têm
um impacto muito positivo sobre a saú-
de mental, não é a mesma coisa que fa-
lar ao telemóvel, por exemplo. Permite
não acumular as angústias, exteriorizar as
preocupações. Uma outra consequência
da pandemia foi a inatividade física. No
sexo feminino, por exemplo, verificou-se
uma grande perda de autoestima, a par de
um aumento do peso, com consequências
nefastas ao nível da saúde. É o défice no e conflitos não é a mesma coisa que ope-
triângulo exercício, alimentação e repouso rar casos preparados ou doenças agudas.
corretos. Também a guerra terá influência Pessoalmente, tive alguma experiência no
numa série de distúrbios. Pelo que há a trauma de conflitos quando trabalhei na
necessidade de reforçar os planos de saú- África do Sul durante seis anos. Não sa-
de mental. Em todo este contexto, muita bemos o que nos espera no futuro, mas
gente tem deixado passar a fase ótima de devemos estar preparados. Há toda uma
se tratar. Faço notar que vários programas logística e casos negligenciados, além de
europeus, em resultado deste conflito, pas- doentes que têm outras patologias e pro-
saram para segundo plano. blemas agudos. É preciso estar sempre em
alerta e ter o material necessário, algo que,
Assistência hospitalar em países como a Ucrânia, sabemos que
existe.
VE – Como encara a questão da
assistência hospitalar no atual
contexto de guerra?
ALB – No que se refere à Ucrânia,
é um país que tem bons hospitais,
mas começam a ficar com falta de
recursos. Já no que toca ao resto da
Europa, está numa boa situação, já
que os hospitais têm uma qualidade
elevada. Pode haver uma boa assis-
tência aos refugiados e dada em boas
condições, de acordo com as necessi-
dades das populações. No que se refere
à pandemia, ainda vamos demorar vá-
rios anos a saber tudo o que se passou.
Muito terá ainda de ser explicado pelos
estudos científicos, temos de esperar pe-
las comunicações internacionais.
VE – Estão os médicos preparados
para a medicina de guerra e
catástrofe nos países europeus?
ALB – Os médicos portugueses que
tiveram treino médico-cirúrgico e expe-
riência de guerra estão à beira da re-
forma ou até já reformados. Nos
restantes países europeus
o panorama é diverso.
Preparar médicos
e cirurgiões em
traumas de guerra
A falta de organização prejudica a resposta dos serviços públicos no
que toca à saúde mental, na opinião de António Lúcio Baptista.
 PORTOS
Opinião
O amor em tempos de Covid
C
omo naqueles romances policiais
em que o crime acontece logo nas
primeiras páginas, começo este
artigo pelo fim.
Para que o amor não termine
logo aos primeiros dias de confinamento,
comecemos por elaborar um certo
número de regras para comunicar com o
parceiro.
Em primeiro lugar, dar espaço.
Passar períodos de tempo sozinho,
contribuindo para o relaxamento e a
redução do stress. E deve fazê-lo todos os
dias, seja numa caminhada, ou fechando
a porta do quarto sem ser incomodado,
ou ainda participando de uma atividade
só sua. Neste caso não é aconselhável
fechar-se no quarto com uma grade de
cervejas.
Em segundo lugar, sempre que
possível, nos diálogos, usar declarações
na primeira pessoa (“eu”). Dizer ao
parceiro como se sente ou tentar falar
do seu ponto de vista, em vez de acusá-
lo de errar, reduzindo as perceções de
hostilidade e raiva, muito comuns. O
exemplo típico é: “Sinto-me mal quando
há pratos sujos na pia. Podes ajudar-me a
manter a cozinha limpa?”
A propósito deste comportamento,
num artigo publicado, em 2010, muito
antes da pandemia, no “Journal of
Family Issues, intitulado “Quem tem
tempo? Relação entre as horas gastas
em trabalho doméstico e a frequência
das relações sexuais”, conclui-se que os
casais que partilham equilibradamente as
tarefas domésticas fazem mais sexo. Sem
dúvida que, como alguém já disse, em
vez de oferecer flores, um homem obterá
mais proveito se fizer uma máquina de
roupa ou cozinhar uma boa refeição...
Em terceiro lugar, incluir paragens
com o fim de suspender conflitos e
definir um horário para retomar o
diálogo apaziguador. Porque os nossos
cérebros experimentam o conflito
como uma ameaça, ativando emoções
e defesas, impedindo uma solução para
os problemas. Ao diminuir os níveis
de stress, os complexos pensamentos,
reflexões e raciocínios tornam-se mais
ágeis.
Em quarto lugar, o que deve fazer?
Responder à ansiedade do parceiro
com compaixão, em vez de se irritar
e ausentar-se intempestivamente.
Compartilhar as suas preocupações, em
vez de ficar com raiva por não levar o
lixo ou ajudar a cuidar dos filhos.
Por último, reconhecer os pontos
fortes, as habilidades especiais do
parceiro. Por exemplo, se faz os horários
das aulas para as crianças ou faz as
compras no supermercado enquanto
você trabalha, diga quão aprecia essas
tarefas e faça-lhe um elogio.
Ter sexo, em confinamento, não é fácil.
Mas continua a ser necessário como uma
das manifestações do amor. Por isso foi
elaborada uma lista de comportamentos
que vão dos menos aos mais arriscados,
publicada na revista americana “Anais
de Medicina Interna” (2020) e que
passamos a enumerar:
Os menos ousados, com ausência total
de risco, são a abstinência, a masturbação
e o uso de brinquedos sexuais.
De seguida, os comportamentos
sexuais em plataformas digitais
quinta-feira, 14 de abril 2022
(“sexting”, videochamada, etc.), sem
risco de contágio, mas com potenciais
complicações legais, como a eventual
divulgação de imagens e o assédio ou
chantagem.
Com um risco muito elevado, o
sexo entre pessoas que vivam em
casas diferentes. Em todo o caso, é
aconselhado, para minimizar esses
riscos, informar os parceiros do risco de
infeção, diminuir o número de parceiros
sexuais, evitar atividade sexual com
pessoas com sintomas de infeção pelo
novo coronavírus e usar máscara durante
o sexo. Mesmo assim, deve desinfetar-
se, bem como as superfícies que foram
tocadas (embora não haja evidência
científica de contágio por fluidos sexuais,
é aconselhável precaução).
Em virtude desse risco, no Reino
Unido, as regras de confinamento
ditaram a proibição de sexo entre pessoas
que viviam em agregados familiares
diferentes.
Apesar disso, Neil Ferguson,
epidemiologista inglês, que planeou
com Boris Johnson o confinamento,
foi obrigado a demitir-se de consultor
depois de desrespeitar as regras, ao
O “raio” do vírus, ao
obrigar a abrandar,
conduziu alguns casais
à reflexão, levou-os a
fazer coisas juntos. O
seu relacionamento ficou
mais coeso.
Outras, pelo contrário,
terão respostas
negativas.
receber em sua casa a sua amante
(Antonia Staats – ativista de esquerda)
que vivia com marido e filhos e
atravessou Londres para o visitar, pelo
menos duas vezes, desde que foi imposto
o bloqueio.
As relações em tempos de Covid
tornaram-se muito perigosas.
Encontrar o amor nunca foi fácil, mas,
graças a esta pandemia, ocorreu mais
uma estranha reviravolta.
Antes, questionávamo-nos se
estávamos a perder tempo com a pessoa
errada.
Agora, questionamo-nos se alguém vai
parar aos cuidados intensivos depois de
um beijo de boa noite à despedida!...
Mas, para fugir a esse perigo, há os
cuidadosos que se cumprimentam com
os pés e os cotovelos, os cuidadosos, com
o punho fechado ou de braço dado e os
supercuidadosos, fechados numa bolha
de plástico transparente.
Mas a experiência emocional mais
importante é amar e ser amado. Os que
se amam devem praticar o amor. Na
Covid (confinamento) há expressões do
amor diversas, sem dúvida.
Mas uma enorme quebra do desejo
sexual devido a angústia, medo de ser
infetado e à vida familiar confinada
sem privacidade. E entre os que não
têm parceiro ou que não vivem com
parceiro, há um cenário catastrófico –
FERNANDO MEDEIROS PAIVA
Médico Psiquiatra
Ex-Chefe de Serviço do Hospital de S. João
Mestre da Faculdade de Medicina do Porto
mais de 90% dizem não ter vida sexual.
Certamente, um sinal evidente disso
foi a quebra acentuada da venda de
preservativos durante a pandemia.
Mas nem todos a viveram da mesma
maneira. Alguns solteiros consideram o
seu estado ótimo. Apreciam a liberdade,
a independência e o poder que a sua
condição lhes confere. Porque, aos trinta
anos, podem estar a viver o seu melhor
período, focados na sua carreira, nos
seus desejos, na sua vida social e em si
próprios. Ou, mesmo em quarentena,
ter um animal de estimação como
companhia pode ser muito bom e até
suficiente.
Mas pode ser também assustador e
solitário. Porque, embora apreciem a sua
vida de solteiros, de repente sentem-se
forçados a reconhecer que não querem
morrer sozinhos. E o desespero pode
levá-los(as) a bater no fundo e desatar
a contactar ex-namorados(as) ou usar
obsessivamente aplicações de encontros.
Ou até dar o salto. A sensação de que a
vida é curta é amplificada, podendo levar
as pessoas a tomar decisões que, de outra
modo, poderiam levar muito tempo:
tentar ter um bebé, iniciar um novo
relacionamento ou até terminar um.
Não nos podemos esquecer que o
risco e o desconhecido aumentam o
desejo. E que o desejo desinibe. Nas
doenças sexualmente transmissíveis há o
preservativo como escudo. Ao passo que
o contágio pelo SARS-CoV-2 se faz por
um simples beijo ou carícia.
Como suplantar este isolamento:
A nova tendência são os encontros
virtuais tipo TINDER mas com imagem
– uma mistura de TINDER com
ZOOM.
Vejamos algumas vantagens (nem
sempre presentes):
Conhecer a pessoa do outro lado do
ecrã enquanto se bebe um copo no sofá
(gasta-se menos dinheiro...)
Melhor do que marcar um encontro
num bar sem saber nada dessa pessoa e
ao fim de 5 minutos querer desaparecer!
Levar mais tempo a conhecer o outro
[maior disponibilidade para falar] antes
de um encontro presencial aumentando
o potencial dos encontros virtuais para
continuarem pós-pandemia e serem até
mais duradouros que os normais
Há algumas perguntas que podem ter
respostas positivas:
Quantas relações começaram neste
tempo de pandemia? (alguns casais
ter-se-ão “juntado” mais cedo, por
conveniência).
5
Quantas abordagens criativas estarão a
desenvolver-se?
Quantos relacionamentos se estão a
consolidar?
Quantas relações sólidas antes da
pandemia se mantiveram resilientes
[enfrentando um inimigo externo
perigoso(vírus)]?
E quantas à beira da rutura tiveram
um retrocesso no processo de divórcio?
Porque o “raio” do vírus, ao obrigar
a abrandar, conduziu alguns casais à
reflexão, levou-os a fazer coisas juntos, a
encontrar pontes e a reaproximarem-se.
O seu relacionamento ficou mais coeso.
Outras, pelo contrário, terão respostas
negativas:
Quantos casais com fissuras e com
o stress adicional do teletrabalho, de
cuidar dos filhos numT2 exíguo, do
desemprego repentino e da incerteza
constante não suportaram a relação?
Alguns até desabafaram: “só quero
viver até ao dia seguinte”.
Mas mesmo com este desfecho
negativo, somos obrigados a perguntar:
Porque não pode o aumento de
divórcios (significativo?) corresponder
ao alívio de alguns projetos de vida
que estavam encalhados e não podiam
continuar?
Como dizia alguém:
“O amor não é para sempre e, mesmo
que seja, não quer dizer que nos faça
sempre felizes”.
Concluindo:
A solidão e o afeto em suspenso ou
apenas o amor em tempos de Covid.
Há histórias com finais felizes – e
outras nem por isso.
Vou terminar com Gabriel Garcia
Márquez e o seu “O amor nos tempos de
cólera”.
Em determinada altura, fazendo jus à
sua veia romântica, deveras conhecida,
desabafa: “Só me dói morrer se não for
por amor”.
Os que já leram o romance sabem
que o par Florentino e Fermina espera
50 anos para viver e consumar o seu
amor (já com mais de 70), isolando-
se voluntariamente numa quarentena
(barco), sob a falsa bandeira de uma
epidemia de cólera, assumindo ser a
única forma livre e pura de viver o seu
amor em pleno.
Terá havido quarentenas destas, em
tempos de Covid-19?
Para despedida, quero deixar uma
mensagem feliz, embora utópica.
Tomara que o amor seja a próxima
pandemia.
 6 quinta-feira, 14 de abril 2022

Opinião

O impacto da Covid-19 nas crianças e a importância do brincar

E
mbora esteja cientificamente
estabelecido que, clinicamente,
as crianças sofrem um menor
impacto por Covid-19 que os
adultos, estas são profundamente
afetadas pelas alterações que o vírus
acarreta nas suas vidas – não só pelas
alterações nas rotinas, mas também
pelo impacto psicológico que tem no
seio familiar e no meio social. Embora
necessário, na tentativa de travar a
pandemia, a evidência científica sugere
que o confinamento e o encerramento
prolongado das escolas, bem como
as restrições sociais realizadas no
decorrer da mesma, tiveram e têm sérias
consequências ao nível da saúde física e
mental das crianças. Por exemplo, atrasos
no desenvolvimento motor e cognitivo
devido à falta de estimulação e interação
social que evidenciam a necessidade
de suporte a nível preventivo junto
das crianças, bem como a intervenção
precoce de forma a minimizar o impacto
SAMANTA FILIPE
Psicóloga Clínica e da Saúde

da pandemia nesta população. ajuda as crianças a lidar com o stress

Durante um largo período, crianças e
pais ficaram confinados nas suas casas,
procurando muitas vezes conciliar o
teletrabalho com o ensino à distância e a
vida familiar. Esta tentativa de conciliação
levou, em alguns casos, ao fortalecimento
de laços familiares, mas também a
momentos de conflito, elevada sobrecarga
e stress que inevitavelmente levaram
a um aumento de casos de depressão,
ansiedade e outros problemas de saúde
mental quer em adultos quer em crianças.
Esta disrupção da vida quotidiana e
da infância levou a uma mudança sem
precedentes em relação a como, quando,
onde e com quem as crianças brincam.
O brincar é um direito fundamental de
todas as crianças, e a sua importância ao
nível psicológico e da saúde física está
amplamente estudado. As brincadeiras
foram inevitavelmente alteradas e
adaptadas à luz do que foram as restrições
e o distanciamento social, levando a uma
redução das mesmas e, em especial, uma
redução significativa das interações sociais
que são essenciais nesta faixa etária.
Em situações de crise, o brincar
e a ansiedade, permitindo promover a
estabilidade, normalidade e os momentos
de lazer. Num olhar sobre o futuro, é
de extrema importância promover e
criar condições para a socialização das
crianças através do brincar, uma vez que
é uma parte integrante e fundamental do
desenvolvimento da criança que permite
não só a regulação das suas próprias
emoções como também a compreensão
das emoções e necessidades do outro.
É essencial que as crianças retomem
as atividades sociais e coletivas, que haja
uma redução gradual na medida do
possível do consumo dos meios digitais
e procurar (re)estabelecer e encorajar
as relações sociais não só com outras
crianças, mas também com outros adultos
significativos. Urge a necessidade de
devolver a liberdade e a infância àqueles
que ficaram privados dela durante
demasiado tempo. A pretensão é que
as crianças sejam livres e felizes, na sua
essência e na sua adaptação, e que assim
embarquemos com elas numa grande
viagem rumo ao sorriso e nós, adultos, a
sorrir com elas também!

Opinião

Novos desafios para as organizações educativas no período pós-pandemia

A
s transformações tecnológicas
emergentes que impulsionam
a Quarta Revolução Industrial
têm impactado as organizações
educativas, induzindo a alterações
no comportamento organizacional. Não
obstante, estudos desenvolvidos, no
campo da sociologia das organizações,
revelam que a estrutura organizacional
clássica é, ainda, dominante, não
favorecendo a necessária flexibilização
para uma resposta rápida às demandas
contextuais, no período contemporâneo
marcado por elevados níveis de incerteza
e imprevisibilidade. Reconhece-se que,
apesar de muitas organizações educativas
incorporarem novas tecnologias, mantêm,
na sua matriz, o pensamento clássico
(taylorista e weberiano), revelando,
de certa maneira, uma “burocracia
aumentada” ou “hiperburocracia” (Lima,
2021) que reforça, naturalmente, a
sua face racional-tecnicista e dificulta
o desenvolvimento emancipatório e
autonómico dos sujeitos. A situação
pandémica e, concretamente, o
confinamento e distanciamento social
permitem revelar a fragilidade dos
sistemas organizacionais instituídos e
impele, de forma indireta, a alterações
no “modus operandi” das organizações,
acelerando a sua (re)configuração digital,
o que nos conduz a novas reflexões.
A interação e relação interpessoal
modificam-se e experiencia-se a
sensação de “clausura em máquinas”.
Os “filtros”, os condicionalismos e a
“frieza” das tecnologias não favorecem
o desenvolvimento de relações socio-
afetivas. A perceção de espaço e tempo
transforma-se. Torna-se difícil gerir o
espaço de vida privada e familiar com
os múltiplos espaços zoom. A dimensão
privada confunde-se com a dimensão
pública, trazendo sensações novas,
descritas, frequentemente, como uma
invasão do espaço pessoal e íntimo. Em
situação de realidades desfavorecidas,
do ponto de vista social e económico
ou em contextos familiares fragilizados,
a exposição do eu privado para o grupo
alargado, via tecnologia, é ainda mais
problemática. Por outro lado, e não
menos preocupante, muitas crianças e
jovens ficam afastadas da comunicação
em rede, por falta de infraestruturas
DORA FONSECA
Professora do Departamento de Educação e
Psicologia da Universidade de Aveiro
Investigadora do CIDTFF -Universidade de Aveiro
técnicas ou equipamentos. Tornam- aos desafios emergentes: i) a integração
-se mais evidentes as desvantagens de dos sistemas inteligentes com a dimensão
uns em relação aos outros no acesso humana; ii) a conexão entre o virtual e
e sucesso no percurso educativo o “real”; iii) o desenvolvimento humano
formal. Perante os cenários ambíguos com especial atenção ao bem-estar físico,
e de elevada mutabilidade que se psicológico e social; iv) a inclusão, nas
perspetivam, é necessário que os espaços suas diferentes vertentes; v) a autonomia e
educacionais híbridos, libertos da a emancipação dos sujeitos aprendentes.
“hiperburocratização”, assegurem o
equilíbrio entre a dimensão humana e Lima, L. (2021). Education Management
a dimensão tecnológica. A organização Machines: digital domination and augmented
educativa terá, no período pós-pandemia, Bureaucracy. Educ Soc, Campinas, v. 42,
que se “reinventar”, de modo a responder e249276.  https://doi.org/10.1590/ES.249276
 PORTOS
Opinião
Efeitos secundários da epidemia Covid-19 do ponto de vista do ortopedista
É
um ditado muito antigo do nosso
povo que um mal nunca vem só –
desgraça atrai desgraça!...
Do ponto de vista ortopédico, a
drástica diminuição da atividade
física resultante do confinamento que
nos foi imposto pela epidemia de covid
e o aumento da tensão psicológica,
condicionado pela presença da doença,
agravaram problemas específicos, mesmo
para aqueles que não foram contaminados.
É sabido que um dos problemas das
sociedades modernas é o sedentarismo,
ou, por outras palavras, a falta de atividade
física. Este problema, que antigamente
era predominante a partir da meia-idade,
tornou-se nos dias de hoje um problema
juvenil e até mesmo infantil, a partir do
momento em que as crianças deixaram
de brincar na rua, passando horas a fio,
absolutamente estáticas, em frente à
televisão ou do tablet.
As dores nas costas, por exemplo, são
uma praga da espécie humana. Calcula-
-se que mais de metade da população
mundial terá, ao longo da sua vida, pelo
menos um episódio de dores nas costas
suficientemente forte para interferir de
maneira significativa com as suas atividades
profissionais – eu também já faço parte da
estatística.
quinta-feira, 14 de abril 2022
O ser humano, como se sabe, no
decurso da sua evolução, teve uma atitude
muito particular: pegou numa estrutura
- a coluna vertebral - que à partida foi
concebida para funcionar na horizontal
apoiada em 4 pilares (leia-se “patas”) e,
sem alterações estruturais significativas,
levantou-se nos membros traseiros e
assumiu a posição vertical: foi como
transformar uma ponte num obelisco.
O exercício físico moderado e regular
é fundamental para o condicionamento
dos músculos que suportam a coluna e,
como tal, as horas passadas da cadeira do
computador para o sofá da TV e vice-versa
são instrumentos da desgraça no que diz
respeito a este problema.
Também não é novidade para ninguém,
moderadamente informado acerca desta
temática, que as dores nas costas podem
ser induzidas pelo estado psíquico do
indivíduo. Um exemplo bem conhecido é
O exercício físico
moderado e regular
é fundamental para o
condicionamento dos
músculos que suportam a
coluna
DINIS CARMO
Médico especialista em Ortopedia pela Ordem dos
Médicos Portuguesa; Ex-Principal Medical Officer,
Hosp. Baragwanath, República da África do Sul;
Proprietário e diretor de: Clínica Ortopédica Dr. Dinis
Carmo, Porto; Especializado em cirurgia ortopédica
electiva e mini-invasiva; Inventor e detentor de
patente internacional: cirurgia STCárpico
o caso dos estudantes que são acometidos
por fortes dores nas costas antes do período
dos exames. Pode-se argumentar que são
as horas extra, passadas à secretária durante
este período, que originam esta situação,
mas todos os profissionais de saúde da área
sabem que há algo mais…. Executivos
submetidos a cargas elevadas de stress,
pessoas com problemas familiares ou
profissionais severos são outros exemplos
do que acaba de ser dito.
Naturalmente que, também sob o ponto
de vista psicológico, a covid teve um efeito
devastador num número assinalável de
pessoas.
sexta-feira, 10 de março de 2017
7
A solução passa por manter um nível
aceitável de exercício físico mesmo quando
confinado ou a fazer trabalho domiciliário.
Na internet (nem tudo é negativo) é
possível encontrar toda uma gama de
programas de exercícios apropriados para
serem feitos em casa mesmo sem qualquer
tipo de aparelho extra.
Desta maneira, podem ser evitadas não
só as tenebrosas dores nas costas, mas
igualmente muitos outros problemas do
sistema músculo-esquelético e não só:
tensão psicológica, diabetes, tensão alta,
obesidade, níveis indesejáveis de colesterol
e triglicerídeos, etc., etc.
 8 quinta-feira, 14 de abril 2022

OPINIÃO

Qual o impacto da COVID-19 na indústria farmacêutica?

comercialmente até agora, como o RNA
mensageiro.
DANIEL GUEDELHA A confiança na indústria farmacêutica,
Chief of Staff na tradicionalmente baixa, teve impactos com
indústria farmacêutica a COVID-19. De acordo com o relatório
danielguedelha@gmail.com publicado por Edelmand, a confiança nes-
ta indústria tem crescido desde 2018(3).
São vários os factores que contribuem
para isso, mas terá algum peso o facto de

A
COVID-19 está a ter um grande a indústria (juntamente com os governos e
impacto na sociedade e com espe- várias instituições) ter consigo desenvolver
cial intensidade na indústria farma- vacinas e terapias para a COVID-19 num
cêutica. curto espaço de tempo.
É provável que a primeira associação O impacto da COVID-19 também se
que o leitor faça entre a COVID-19 a produção
ea de vacinas. Nos últimos 2 anos observou-se o aumento da agilidade e cooperação com está a sentir no modelo de negócio. Com
as autoridades reguladoras para aprovação de novos medicamentos (e.g. FDA). A COVID-19 também
indústria farmacêutica sejam as vacinas. os delegados de informação médica con-
Poderá inclusivamente ter-lhe ocorrido veio dar enorme importância a tecnologias menos utilizadas comercialmente até agora, como o finados RNA em casa, muitas conferências
que a produção e comercialização dessasmensageiro. canceladas, e o contacto presencial com
vacinas trouxe grandes benefícios para esta
A confiança na indústria farmacêutica, tradicionalmente baixa, teve impactos com a COVID-19. De
indústria. Mas será que trouxe? Destacaria
alguns pontos: acordo com o relatório publicado por Edelmand, a confiança nesta indústria tem crescido desde
 – O impacto económico de uma 2018 (3). São vários os factores que contribuem para isso, mas terá algum peso o facto da indústria
pes- Para além da alteração do
soa infectada com a COVID-19 pode ser
(juntamente com os governos e várias instituições) ter consigo desenvolver vacinas e terapias para amodelo de negócio, esta
muito significativo. Um estudo publicado
COVID-19 num curto espaço de tempo.
com doentes na Alemanha refere que o “Supply Chain”. Esta pandemia veio pôr Efeitos no longo prazo pandemia veio demonstrar
custo pode ir de 900 euros a 53.000 O impacto
eu- àda COVID-19
prova também
estas áreas se está
e de forma a sentir
geral as di- no modelo de negócio.
e um novo modelo Com os delegados de a grande importância
informaçãoficuldades
ros por pessoa, dependendo da severidade foram superadas
médica confinados commuitas
em casa, sucesso.
conferências canceladas,
de negócio e o contacto presencial da colaboração entre
da doença(1). Além disso, existemcom outros Vejamosmuito
os médicos alguns exemplos:
limitado, a indústria transformou-se para repensar o uso das ferramentas instituições (públicas e
potenciais impactos a serem considera- digitais e assim1) conseguir
A indústriacontinuar
foi capazade Este foco
continuar Um estudo
comunicar. na prevenção
publicado da COVID-19
pela consultora BCG concluiu privadas), de forma a
dos, como: o absentismo, diminuição da a produzir e a distribuir medicamentos à trouxe também maior atenção e investi-
que 75% dos médicos preferem manter ou aumentar o número de interações virtuais com os
produtividade, efeitos da doença a longo escala global, apesar de durante um grande mento no desenvolvimento de vacinas. continuar a satisfazer as
prazo, etc. delegados médicos, o que resulta da experiência positiva que tiveram durante a pandemia
período existir uma forte limitação na cir- Foi igualmente claro o aumento de cola-
(4).
necessidades de saúde
culação de pessoas e bens. borações público-privadas,
Como consequência, muitas empresas farmacêuticas têm adaptado o seu modelo de negócio nos nomeadamen- das pessoas
últimos meses, levando a algumas reorganizações internas, na procura da transformação das
empresas a estas novas necessidades (ver imagem):
É provável que a primeira os médicos muito limitado, a indústria
associação que o leitor transformou-se, para repensar o uso das
faça entre a COVID-19 e ferramentas digitais e assim conseguir con-
a indústria farmacêutica tinuar a comunicar. Um estudo publicado
sejam as vacinas. Mas pela consultora BCG concluiu que 75%
dos médicos preferem manter ou aumen-
será que trouxe? tar o número de interações virtuais com
os delegados médicos, o que resulta da
experiência positiva que tiveram durante a
pandemia(4).
Como consequência, muitas empresas
 – Apenas algumas empresas farmacêu- farmacêuticas têm adaptado o seu modelo
ticas desenvolveram e estão a comercializar de negócio nos últimos meses, levando a
vacinas para a COVID-19, sendo que estas algumas reorganizações internas, na pro-
têm procurado fomentar modelos de aces- cura da transformação das empresas a estas
so a países em desenvolvimento, como é o novas necessidades (ver quadro à esquer-
caso da AstraZeneca(2). da).
Por outro lado, a indústria farmacêu- Neste artigo apresento alguns dos im-
tica também teve impactos negativos pro- pactos que a COVID-19 teve na indústria
Neste artigo apresento alguns dos impactos que a COVID-19 teve na indústria farmacêutica e que
venientes da pandemia, sendo de destacar: se
farmacêutica e que se vão reflectir na sua
a menor procura de produtos paravão reflectir na sua estratégia nos próximos anos. Esta indústria continua saudável, apesar dos estratégia nos próximos anos. Esta indús-
outras
doenças (nomeadamente doenças desafios
cró- enfrentados,
2) Teve a mas terá que
capacidade de adaptar-se. Para te
manter os tra- além da alteração
através da partilhado
demodelo
bases dede negócio,
dados de esta
tria continua saudável, apesar dos desafios
nicas); a dificuldade em recrutar doentes
pandemia balhadores em segurança,
veio demonstrar a grande alterando
importância moléculas, que
for-da colaboração contribuíram
entre para
instituições acelerar e enfrentados, mas terá que adaptar-se. Para
(públicas
para ensaios clínicos, atrasando oprivadas)
lança- de masforma
de trabalho, nomeadamente
a continuar a satisfazernas
as suas a ciênciade
necessidades e osaúde
desenvolvimento
das pessoas. destes trata- além da alteração do modelo de negócio,
mento de novos medicamentos; e a disrup- fábricas. mentos. Também de assinalar a coopera- esta pandemia veio demonstrar a grande
ção temporária de algumas cadeias de valor de terminar
Gostaria 3) Apesareste
da súbita
artigo mudança
com umados ção entre
hábi- especial
palavra de as empresas farmacêuticas,
agradecimento a todos oscomo
profissionais
importância da colaboração entre institui-
devido à forte dependência da Ásia.de saúde que tos de trabalho euma
mostraram restrições
enorme de resiliência por exemplo na durante
circulação,e profissionalismo partilha adepandemia:
fábricas entre ções (públicas e privadas), de forma a con-
obrigado
conseguiu desenvolver vacinas e tratamen- empresas concorrentes para a produção de tinuar a satisfazer as necessidades de saúde
A resposta à COVID-19 tos para a COVID-19 num curto espaço vacinas. Nos últimos 2 anos observou-se o das pessoas.
de tempo. aumento da agilidade e cooperação com Gostaria de terminar este artigo com
Há mais de 13 anos que trabalho Bibliografia
na Muito deste sucesso foi conseguido de- as autoridades reguladoras para aprovação uma palavra especial de agradecimento a
indústria farmacêutica, tendo já tido diver- vido à agilidade e à criação de gabinetes de de novos medicamentos (e.g. FDA). A todos os profissionais de saúde que mos-
sas funções em investigação e desenvolvi-(1) https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/34406606/
gestão de crise para a COVID-19 dentro COVID-19 também veio dar enorme im- traram uma enorme resiliência e profissio-
mento, produção de medicamentos e (2) em https://www.theguardian.com/global-development/2020/nov/23/oxford-astrazeneca-results-
das empresas farmacêuticas. portância a tecnologias menos utilizadas nalismo durante a pandemia: obrigado.
covid-vaccine-developing-countries
Bibliografia (3) https://www.edelman.fr/sites/g/files/aatuss341/files/2020-09/Trust_in_health_0920_V1_0.pdf
(4) https://www.bcg.com/publications/2021/pharma-industry-changing-doctor-expectations
1. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/34406606/
2. https://www.theguardian.com/global-development/2020/nov/23/oxford-astrazeneca-results-covid-vaccine-developing-countries
3. https://www.edelman.fr/sites/g/files/aatuss341/files/2020-09/Trust_in_health_0920_V1_0.pdf
4. https://www.bcg.com/publications/2021/pharma-industry-changing-doctor-expectations

Ficha Técnica: Edição e coordenação: Vida Económica

Consultor de Saúde: António Lúcio Batista | Layout e paginação: Flávia Leitão | Periodicidade: Mensal
 Este suplemento faz parte integrante da Vida Económica n.º 1927, de 14 de abril 2022, e não pode ser vendido separadamente

SÃO CONTRATADOS SOBRETUDO POR ORDENS E ASSOCIAÇÕES

Seguros profissionais devem

adequar-se às especificidades
e riscos da profissão Págs. 2 e 3

OPINIÃO: Rita Gameiro Ferraz e Ana Algarvio de ASSOCIADO DO MÊS: PAULO CASIMIRO, SÓCIO-GERENTE
Sousa DA SERVIPLUS – MEDIAÇÃO DE SEGUROS, LDA., DESTACA
Sente-se lesado por um erro “A mediação de seguros já não poderá
profissional? ser gerida como antigamente” Pág. 7
Saiba o que fazer em caso de sinistro
Pág. 4

CONSULTÓRIO
OPINIÃO: Pedro Pinhal Período de validade das cartas verdes &
Responsabilidade civil exigência do correio eletrónico em seguros
profissional de empresas de ITPág. 4 celebrados pelos mediadores Pág. 8
2 quinta-feira, 14 de abril 2022

SÃO CONTRATADOS SOBRETUDO POR ORDENS E ASSOCIAÇÕES

Seguro de Responsabilidade

Seguros profissionais de
Civil Profissional: o que é?
A maioria das pessoas exerce
sua profissão com profissionalis-
mo e empenha-se em realizar um

adequar-se às especifici
trabalho de qualidade e que seja
reconhecido pela sua excelência.
Contudo, todos estão sujeitos a
cometerem falhas sem qualquer
intenção, que podem acabar por

e riscos da profissão
causar danos a terceiros. É para
proteger o trabalhador nestes casos
que existe o Seguro de Responsabi-
lidade Civil Profissional.
O Seguro de Responsabilidade

Civil Profissional é uma proteção
para empreendedores e profissio-
nais, como médicos, advogados,
administradores e prestadores de
serviço, que cobre danos causados
de forma involuntária a terceiros no
exercício da profissão. Este seguro
garante reembolso a eventuais in-
denizações por danos corporais ou
materiais que forem causados sem
intenção.  A vida Económica enviou algumas
O RC Profissional, como tam-
bém é conhecida essa modalida-
de de seguro, pode ser contratado
de forma coletiva ou individual. O
primeiro costuma ser utilizado por
sindicatos, associações de classe e
outras instituições representativas,
visando proteger os profissionais de
suas respetivas categorias. Já o se-
gundo é uma apólice particular, ou
seja, com apenas um contratante e
um segurado.  atividade, nomeadamente em termos de
O
seguro de responsabilidade civil
profissional visa garantir o pa-
gamento de indemnizações que
sejam legalmente exigíveis ao profissio-
nal a título de responsabilidade civil por
danos causados a clientes ou terceiros
em consequência de erro, omissão ou
negligência no exercício da sua atividade
profissional.
questões à APS – Associação Portuguesa
de Seguradoras sobre as características e
detalhes destes seguros profissionais.
“O fundamental, por isso, é que o
contrato de seguro esteja devidamen-
te configurado em função da atividade
profissional concreta do segurado: por
um lado, devidamente ajustado às es-
pecificidades e potenciais riscos em que
este pode incorrer no exercício dessa
capitais seguros; por outro, devidamen-

te conformado com as exigências legais por parte dos profissionais liberais, a

ou regulamentares que recaiam sobre a
atividade, em particular as que determi-
nem, eventualmente, a obrigatoriedade
de seguros desta natureza”, destaca a
APS.
Seguros contratados por ordens
profissionais
Tendo em conta que estes seguros
cobrem as responsabilidades dos profis-
sionais liberais e empresas de serviços,
é usual as suas apólices serem exclusivas
de cada profissão e negociadas pelas or-
dens e associações setoriais?
“A APS não conhece em detalhe os
contratos que são feitos. Mas é sabido
que algumas ordens profissionais con-
tratam seguros de responsabilidade civil
profissional aos quais os seus membros,
automática ou voluntariamente, con-
soante os casos, podem aderir”, destaca.
Desta forma, concedem-lhes o acesso
a um seguro com capitais base e cober-
turas adequadas ao exercício da ativida-
de, ainda que, tratando-se de um seguro
base, com capitais não muito elevados,
os profissionais possam, caso assim o
entendam, contratar individualmente
apólices complementares de reforço do
capital seguro ou outras garantias.
Sobre a atual situação em Portugal
em relação à subscrição destes seguros
APS destaca que não tem conhecimen-
to sobre essa situação, uma vez que não
existe nenhuma base de dados centrali-
zada que permita aferir se, pelo menos,
os seguros obrigatórios são contratados
ou não. “E, por isso, quer sejam seguros
ENQUANTO ASSOCIAÇÃO QUE
REPRESENTA AS EMPRESAS
DE SEGUROS QUE OPERAM
EM PORTUGAL, A APS É
POR VEZES CHAMADA A
PRONUNCIAR-SE SOBRE
DIPLOMAS QUE IMPÕEM
A OBRIGATORIEDADE DO
SEGURO
obrigatórios, quer facultativos, só mes-
mo as empresas de seguros poderão res-
ponder a essa questão”, destaca.
Enquanto associação que represen-
ta as empresas de seguros que operam
em Portugal, a APS é por vezes chama-
da a pronunciar-se sobre diplomas que
impõem a obrigatoriedade do seguro.

vem
dades
“Nesses casos, a preocupação é salva-
guardar que as exigências legais que
conformam muitos destes seguros se
ajustem, devidamente, às condições da
oferta e da procura, garantindo, por um
lado, a viabilidade da sua exploração
para o setor segurador e, por outro, a
sua adequação às especificidades e riscos
da profissão em causa. Aliás, esta deve
ser, em primeira linha, uma preocupa-
ção fundamental do próprio legislador,
para evitar a criação de seguros obriga-
tórios que, na prática, se revelam inexe-
quíveis, como existem alguns exemplos
no nosso quadro regulatório.
Depois, no âmbito das suas preocu-
pações com a literacia financeira, a APS
procura evidenciar sistematicamente a
importância dos seguros na atividade
dos cidadãos e das empresas em geral.
Por último, no contexto da sua ati-
vidade formativa, a APS procura de-
senvolver as competências daqueles que
interagem com o setor segurador para
estimular e aperfeiçoar a oferta e gestão
deste tipo de seguros. Durante o mês de
abril, está aliás a decorrer, na Academia
Portuguesa de Seguros um Ciclo de For-
mação sobre Seguros de Responsabili-
dade Civil, que inclui (no dia 19) um
módulo sobre seguros, de responsabili-
dade civil profissional, e que deverá ser
replicado no mês de maio.
OPINIÃO
LÚCIO PEREIRA DA SILVA
Consultor/Auditor,
DefendeRisk
O Seguro Profissional como solução
para a consequência do erro
P
rimeiro: quando o erro
e a consequência são no
contexto profissional, seja
numa conexão contratual
ou extracontratual, não
ajuda só assumir o erro e pedir
desculpas pelo sucedido, lamentando
o mesmo com a retórica de que não
voltará a acontecer, mas não são
normalmente suficientes para reparar
um dano a um cliente. Há solução?
Vejamos, os médicos preservam
sempre os seus doentes, os
engenheiros projetam sempre
as melhores e mais resistentes
estruturas, os advogados defendem
sempre com êxito os seus clientes e
os mediadores subscrevem para os
seus clientes (segurados) as melhores
apólices para garantir os riscos
identificados.
No entanto todos aprendemos
rapidamente, quando começamos
a trabalhar, que a aprendizagem é
também pela experiência acumulada,
sempre com erro associado e
porque “errar é uma característica
do ser humano”, podemos com um
milimétrico erro prejudicar um
terceiro que confiou em nós. Mais
grave ainda é o profissional agir com
a maior dedicação e, ainda assim, o
seu cliente, por não ter gostado do
resultado, reclamar do tratamento,
do resultado da construção ou da
sentença após julgamento.
Estes erros podem ter dimensões
desastrosas, se pensarmos na morte
de um doente, na derrocada de um
edifício, de uma construção ou numa
pessoa condenada a uma pena de
prisão efetiva.
Na indústria, podemos ter desde
o eletricista que deixa a instalação
mal executada, provocando um
sobreaquecimento no quadro elétrico
por exemplo e a consequência
ser um incêndio que destrói
completamente a empresa. Assim,
foi com base nisso mesmo que se
entendeu criar seguros para algumas
profissões em que se incluem as
tradicionais, pois os profissionais
não podem ficar desprotegidos, nem,
consequentemente, os terceiros.
Para garantir essa proteção,
são obrigatórios seguros de
responsabilidade civil profissional
em determinadas profissões, com a
possibilidade de aumentar a proteção
com apólices de grupo, que garantam
a responsabilidade não só do segurado,
mas também de todo o conjunto de
profissionais agregados por empresa ou
por ordem profissional.
Segundo: os processos de sinistro
não são simples de gerir. Implicam,
invariavelmente, uma quebra
de confiança entre o lesado e o
profissional e essa desilusão poderá
levar a pedidos de indemnização
altos, pouco lógicos e que muito
raramente se resolvem fora dos
tribunais.
Estes processos são invariavelmente
processos demorados, longos
que necessariamente envolvem
advogados, peritos, testemunhas,
que por sua vez implicam reuniões,
preparação de estratégias de defesa,
e uma série de procedimentos que
aumentam o valor dos honorários.
São muitas horas de análise de
documentação, de pedidos de
informação ou até de averiguação dos
factos e de informação já fornecida.
Com toda esta complexidade,
os mediadores corretores ou
seguradores tentam sempre junto
dos segurados oferecer-lhes, além
das coberturas da apólice em que se
incluem os pagamentos de custos
de defesa e claro, o pagamento do
valor de indemnização a que foram
condenados caso se prove o erro, o
acompanhamento e a segurança de
que de facto “errar é humano”. Que
essa falha sempre humana, além de
um pedido de desculpas, é concluída
com a solução de um seguro de
responsabilidade civil profissional,
que de facto protege profissionais e
terceiros lesados.
Esta apólice tem por base dar
cumprimento às reclamações de
terceiros, com base no erro, omissão
ou negligência cometidos durante
o período do seguro, sendo que
a retroatividade dos efeitos desta
apólice é a expressamente definida
nas Condições Particulares da
referida Apólice.
O terceiro é qualquer pessoa física
ou jurídica, distinta do tomador
do seguro e do segurado, seus
cônjuges, ascendentes e descendentes
e bem assim as pessoas que vivam
habitualmente no domicílio do
segurado, também os sócios, quadros
diretivos, empregados e quaisquer
pessoas que, de facto ou de direito,
dependam do tomador do seguro ou
do segurado, pela definição usual
nesta matéria.
Quanto à gestão de sinistros,
os segurados devem fazer chegar
à seguradora a participação do
acontecimento, no prazo definido nas
condições particulares da apólice, e
de imediato a seguradora procederá
ao estudo da documentação recebida
e remeterá a comunicação para a
área técnica, indicando as primeiras
ações que entendeu desenvolver para
esclarecimento e regularização do
sinistro.
A seguradora procederá às
diligências adequadas, contactando
quinta-feira, 14 de abril 2022 3
o segurado com a maior brevidade
possível, através do perito designado
para efeito e para realizar todas as
diligências que forem necessárias,
em consequência do pedido
recebido, adotando todas as medidas
designadas à resolução da reclamação.
No decurso do processo de
regularização do sinistro, o
departamento de sinistros da
seguradora providenciará informação
ao corretor e ao segurado de
forma ininterrupta sobre todos os
acontecimentos e evoluções que se
vão produzindo. O segurado tem o
dever de colaborar com a seguradora,
seja com o seu departamento de
sinistros, seja com o colaborador/
perito por esta designado, devendo
facultar toda a espécie de informações
e documentos relacionados com a
reclamação. O incumprimento desta
PARA GARANTIR
ESSA PROTEÇÃO SÃO
OBRIGATÓRIOS SEGUROS
DE RESPONSABILIDADE
CIVIL PROFISSIONAL EM
DETERMINADAS PROFISSÕES,
COM A POSSIBILIDADE DE
AUMENTAR A PROTEÇÃO
COM APÓLICES DE
GRUPO, QUE GARANTAM A
RESPONSABILIDADE NÃO SÓ
DO SEGURADO, MAS TAMBÉM
DE TODO O CONJUNTO DE
PROFISSIONAIS AGREGADOS
POR EMPRESA OU POR
ORDEM PROFISSIONAL.
obrigação que possa qualificar-se
como dolo ou culpa grave permitirá à
seguradora recusar o sinistro.
Não sendo obrigatório, devem
as organizações efetuar a análise de
risco da organização, com o único
objetivo de monitorizar os riscos
associados à continuidade do negócio
face a determinado acontecimento
no âmbito da sua normal atividade
profissional.
A organização deve considerar
tramitar o risco associado ao seu
normal funcionamento da atividade
para o segurador, considerando
sempre e com os cuidados acrescidos
na responsabilidade extracontratual,
mas também a contratual, de forma
a não ter surpresas desagradáveis no
momento de participar um sinistro.
4 quinta-feira, 14 de abril 2022
OPINIÃO
RITA GAMEIRO FERRAZ ANA ALGARVIO DE SOUSA
Associada Associada Sénior da
PRA – Raposo, Sá Miranda e Associados
Sente-se lesado por um
erro de profissional?
Saiba o que fazer em caso
de sinistro
N
as últimas décadas
assistimos à
proliferação e
especialização das
várias categorias
de seguros vigentes no contexto
profissional e empresarial, quer
por via de imposição legislativa,
quer pela existência de atividades e
mercados que comportam maiores
riscos, na perspetiva do profissional
e, também, mais esclarecido e
exigente, da perspetiva do cliente/
consumidor, o que conduziu à
necessidade de as empresas de
seguros irem ao encontro de
soluções para as mais distintas
atividades profissionais e riscos
inerentes às mesmas.
A NÍVEL DE
COBERTURAS, ESTES
CONTRATOS DE
SEGURO GARANTEM,
ESSENCIALMENTE,
O PAGAMENTO DE
INDEMNIZAÇÕES
QUE SEJAM
LEGALMENTE DEVIDAS
PELO SEGURADO/
PROFISSIONAL A TÍTULO
DE RESPONSABILIDADE
CIVIL POR DANOS
CAUSADOS A TERCEIROS
EM CONSEQUÊNCIA
DE ERRO OU FALTA
PROFISSIONAL
PRATICADOS NO
EXERCÍCIO DA RESPETIVA
ATIVIDADE.
Destacam-se, neste contexto, os
seguros de responsabilidade civil
no âmbito das atividades clínicas
(médicos, médicos dentistas e
enfermeiros, entre outros), dos
contabilistas certificados, advogados,
solicitadores, animação turística,
engenheiros e arquitetos, entre
outros.
Com estes seguros visa-se o
ressarcimento da responsabilidade
pelos danos causados aos clientes
dos referidos profissionais ou a
terceiros, em consequência de erro
ou falha profissional, abrangendo
tanto erros do próprio como dos
seus empregados, assalariados ou
mandatários.
Atendendo à adesão massiva
dos profissionais aos seguros de
responsabilidade civil profissional,
por força do crescimento do leque
de seguros obrigatórios (diga-se:
legalmente impostos), também
as próprias ordens profissionais
passaram a contratar seguros que
garantam a responsabilidade civil
dos seus associados, como é o
caso da Ordem dos Médicos e dos
Médicos-Dentistas, Solicitadores,
Advogados, Contabilistas
Certificados, Engenheiros,
Arquitetos, entre outros.
A nível de coberturas, estes
contratos de seguro garantem,
essencialmente, o pagamento de
indemnizações que sejam legalmente
devidas pelo segurado/profissional
a título de responsabilidade civil
por danos causados a terceiros
em consequência de erro ou falta
profissional praticados no exercício
da respetiva atividade.
A par da crescente existência
e contratualização dos
commumente denominados
seguros profissionais, ao longo da
última década, temos, também,
vindo a assistir nos Tribunais
a um aumento exponencial de
ações de responsabilidade civil
profissional. Tal fenómeno faz
denotar a relevância destes seguros
e o conhecimento por parte dos
clientes dos profissionais em causa
da existência dos mesmos.
Assim, qualquer cidadão
que se sinta lesado por um ato
praticado no âmbito das citadas
atividades profissionais poderá
junto do mesmo, da respetiva
Ordem profissional ou da respetiva
seguradora acionar o contrato de
seguro com vista a ser indemnizado
por eventual dano que lhe tenha
sido causado.
Uma vez levado ao conhecimento
do segurador qualquer incidente
ocorrido no âmbito das atividades
em causa, este irá efetuar a análise
do sinistro que lhe tenha chegado
ao conhecimento e efetuar o
competente enquadramento no
contrato de seguro existente,
indemnizando danos patrimoniais,
corporais ou financeiros, entre
outros, caso tal seja o caso.
Essencial, neste caso, é não só que
seja desencadeado o mecanismo de
averiguação de qualquer sinistro
como a colaboração do respetivo
lesado na análise do mesmo.
A entidade reguladora da
atividade seguradora é a ASF
– Associação de Supervisão de
Seguros e Fundos Pensões, à qual
qualquer cidadão ou profissional
se poderá dirigir e obter os devidos
esclarecimentos, bem assim como
junto dos respetivos profissionais e
Ordens profissionais.
OPINIÃO
PEDRO PINHAL
Diretor Técnico e
Sinistros da MDS
Portugal 
Responsabilidade civil
profissional de empresas de IT
A
tecnologia está a revolucionar
o mundo, a forma como
vivemos e como as empresas
operam. Na realidade, as
nossas vidas estão a ser
digitalizadas, gerando novos ecossistemas
virtuais, com novos modelos económicos
e novos mercados.
Portugal está a aproveitar este
contexto e as oportunidades que dele
decorrem, estando progressivamente a
transformar-se num importante hub
tecnológico. Inúmeras empresas nacionais
e estrangeiras escolheram o nosso país
para se instalarem e prosseguirem
as suas atividades de investigação
e de desenvolvimento de produtos
tecnológicos, de software e de prestação
de serviços associados.
Mas estas novas oportunidades também
geram riscos importantes que devem ser
acautelados.
Atualmente, a exposição ao risco que as
empresas e profissionais de IT enfrentam
é – e continuará a ser – cada vez maior,
desde logo porque o potencial de
reclamação é proporcional à progressiva
dependência dos negócios da tecnologia
(hardware e software). Para além disso,
o risco é também exponenciado pelo
imparável aumento das expetativas, do
maior escrutínio e do grau de litigância
dos clientes.
Por todas estas razões, e apesar de
a lei não o determinar, é de crucial
importância que estas empresas
transfiram os seus riscos através de
seguros de responsabilidade civil que
respondam, eficaz e cabalmente, às suas
especificidades.
E não são quaisquer seguros de
responsabilidade civil que o conseguem
fazer. Não! Têm de ser seguros específicos
de responsabilidade civil profissional,
também denominados como seguros de
erros e omissões, que se traduzam em
soluções devidamente estruturadas e
construídas para garantirem efetivamente
todas as dimensões dos riscos
profissionais. Importa dar ênfase a esta
afirmação, pois, infelizmente, é frequente
as empresas estarem confiantes que têm os
seus riscos corretamente transferidos, mas
na realidade não os têm.
De facto, nem todos, seguros de
responsabilidade civil são aptos a
responderem a sinistros de índole
profissional que podem ser imputáveis
às empresas, pois muitas vezes os seguros
apenas dão cobertura a eventos do
mundo físico, ou seja, que resultem em
danos materiais e/ou corporais. Ora,
no âmbito das atividades prosseguidas
por empresas tecnológicas, as principais
ameaças relacionam-se com reclamações
por prejuízos financeiros decorrentes
de erros e omissões negligentes que
lhe sejam imputáveis, muitas das vezes
quando o serviço não corresponde às
expectativas do cliente. E estas ameaças
de responsabilidade podem ser garantidas
através de seguros de responsabilidade
civil profissional, especialmente
desenhados para estes segmentos de
empresas.
O seguro de Responsabilidade Civil
Profissional cobre, até ao limite do capital
seguro, os montantes que o segurado
tiver que pagar como indemnização
a terceiros pelos prejuízos financeiros
que lhe sejam exigíveis no decurso do
exercício da sua atividade profissional,
nomeadamente resultantes de erro ou
omissão negligente ou violação do dever
de diligência; e de incumprimento não
intencional de um contrato ou condição
contratual implícita relativa à segurança,
qualidade e fiabilidade de um produto/
serviço fornecido. Estes seguros garantem
ainda os custos da defesa do segurado
para contestar reclamações que lhe sejam
formuladas, pois o certo é que, sejam
ou não fundamentadas as alegações,
as empresas terão, pelo menos, de se
defender. Adicionalmente, podem também
incluir coberturas adicionais relacionadas
com infração dos direitos de propriedade
intelectual, quebra de confidencialidade,
perda de documentos, etc.
ATUALMENTE A EXPOSIÇÃO
AO RISCO QUE AS EMPRESAS
E PROFISSIONAIS DE
IT ENFRENTAM É – E
CONTINUARÁ A SER – CADA
VEZ MAIOR, DESDE LOGO
PORQUE O POTENCIAL
DE RECLAMAÇÃO É
PROPORCIONAL À
PROGRESSIVA DEPENDÊNCIA
DOS NEGÓCIOS DA
TECNOLOGIA (HARDWARE
E SOFTWARE). PARA ALÉM
DISSO, O RISCO É TAMBÉM
EXPONENCIADO PELO
IMPARÁVEL AUMENTO DAS
EXPETATIVAS, DO MAIOR
ESCRUTÍNIO E DO GRAU DE
LITIGÂNCIA DOS CLIENTES.
Por fim, é importante que este seguro
seja conjugado com soluções de seguro
cibernético, dado que em alguns casos as
empresas de IT podem ser confrontadas
com reclamações que tanto podem ter
enquadramento e relação com riscos
de índole profissional e/ou riscos
cibernéticos. Assim, e para prevenir
situações dúbias e de sem cobertura, é
crucial a análise conjugada e integrada
destas diferentes esferas de risco, o que
pode pressupor a subscrição de seguros
que garantam estes dois tipos de riscos: os
profissionais e os cibernéticos.
Pela complexidade técnica envolvida, é
altamente recomendável que as empresas
e os profissionais que desenvolvam a
sua atividade no domínio da tecnologia
contem com o apoio de consultores
especializados de risco e seguro, como
a MDS, de forma a ter a tranquilidade,
segurança e confiança necessária para se
focarem no seu negócio.

PAINEL DE RISCOS DO SETOR SEGURADOR DA ASF
Guerra na Ucrânia provoca revisão dos riscos
de mercado para o nível alto
A A INCERTEZA QUANTO À
Autoridade de Supervisão de Se-
guros e Fundos de Pensões (ASF)
publicou recentemente a edição do
Painel de Riscos do Setor Segurador, apre-
sentando o panorama atual dos riscos face
à informação disponível. Em concreto, o
painel considera a informação das variáveis
financeiras relativa a 15 de março de 2022,
conjugada com os dados reportados pelas
empresas de seguros com referência a 31 de
dezembro de 2021.
No primeiro trimestre de 2022, a ava-
liação dos principais riscos do setor segu-
rador nacional encontra-se fortemente
influenciada pelo conflito armado entre a
Rússia e a Ucrânia, que conduziu à subida
dos preços globais da energia e de outros
bens, agravando as tensões inflacionistas e
aumentando as incertezas quanto à condu-
ção da política monetária e à recuperação
económica em curso. Assim, no cenário
atual, os riscos macroeconómicos man-
têm-se classificados no nível alto, embora
com tendência ascendente devido ao atual
cenário geopolítico.
A incerteza quanto à evolução do con-
flito armado e ao respetivo impacto sobre
a atividade económica refletiu-se num au-
mento da volatilidade dos mercados finan-
ceiros, motivando a revisão dos riscos de
mercado para o nível alto. Paralelamente,
os prémios de risco permaneceram em ní-
veis contidos – mantendo-se, assim, a clas-
sificação da classe de riscos de crédito em
médio-baixo – apesar de se terem observa-
do, no período mais recente, ligeiras corre-
ções no sentido ascendente. Não obstante,
fruto da sobreavaliação de alguns segmen-
tos dos mercados financeiros e do aumen-
to da incerteza por parte dos investidores
quanto à evolução dos preços, acentuam-se
Setor segurador distinguido como líder
na melhor experiência do cliente
A O ESTUDO DESTACA AINDA
o longo dos últimos anos, o setor tem
vindo a melhorar a sua posição neste
ranking e, em 2021, ano fortemente
marcado pela pandemia, o setor conseguiu
efetivamente alcançar o primeiro lugar, de-
monstrando a capacidade de resposta aos
seus clientes, cidadãos e empresas, em tem-
pos muito difíceis para todos.
Através de inquéritos aos clientes, o
estudo revela que o setor obteve um total
de 7,6 pontos, num máximo de 10 pon-
tos (em ex-aequo com o gás em garrafa e
o gás natural) e que as dimensões Canais
(8,1 pontos), Esforço e Qualidade (am-
bos com 8 pontos) são os fatores que mais
contribuem para uma melhor experiência
do cliente, confirmando a importância
do investimento que as seguradoras têm
vindo a fazer em áreas como a inovação,
a tecnologia e a qualificação dos colabo-
radores e refletindo uma nova abordagem
aos seus clientes, acrescentando serviços
novos e diversificando os meios de con-
tacto com os clientes e beneficiários dos
seguros.
O estudo destaca ainda que, relati-
vamente aos canais de contacto, os mais
utilizados e preferidos para contacto com
os riscos de uma reavaliação abrupta dos
prémios de risco.
Ao nível da rendibilidade do setor se-
gurador nacional, no final de 2021, o re-
sultado líquido global provisório manteve-
-se positivo, tendo registado um aumento
em termos homólogos.
Por sua vez, o rácio global de solvência
registou um decréscimo de 8,5 pontos per-
centuais, na variação trimestral em cadeia,
para 206,6%, permanecendo, ainda assim,
num nível superior ao registado no final de
2020.
as seguradoras são a loja/agência e o tele-
fone da agência/do gestor; e, na avaliação
dos canais, as redes sociais são o canal mais
bem avaliado, com 9,8 pontos, seguindo-
-se a loja/agência e o chat, ambos com 8,4
pontos.
Para José Galamba de Oliveira, presi-
dente da Associação Portuguesa de Segura-
dores, “este reconhecimento é o reflexo de
um trabalho de aproximação aos clientes
que tem sido desenvolvido pelas segura-
doras, no sentido de compreender quais as
suas necessidades e como os podem apoiar,
e que é cada vez mais reconhecido e va-
lorizado pelo público. Este trabalho tem,
no entanto, de ser constante, para que as
pessoas e as empresas sintam que o seguro
é, de facto, uma rede de segurança cada vez
mais relevante na sua vida.”
Desenvolvido pela da NOVA IMS, da
Universidade Nova de Lisboa e Associação
Portuguesa para a Qualidade (APQ), este
estudo analisou um total de 11 setores e
subsetores, como Água, Gás, Eletricidade,
a Banca ou as Telecomunicações, avaliando
não apenas a experiência do cliente, mas
também as principais dimensões com esta
relacionadas: Qualidade, Valor, Lealdade
Desta forma, a categoria de riscos de
rendibilidade e solvabilidade permanece
classificada em médio-baixo. No que res-
peita aos riscos específicos de seguros Vida
e Não Vida, a respetiva avaliação perma-
nece classificada em médio-alto, tendo-se
assistido à manutenção da tendência de
crescimento da produção em ambos os
segmentos.
Neste âmbito, o ramo Vida merece par-
ticular destaque, dado registar, em 2021,
um crescimento homólogo de 73% face
ao ano transato, estreitamente relacionado
QUE, RELATIVAMENTE AOS
CANAIS DE CONTACTO,
OS MAIS UTILIZADOS E
PREFERIDOS PARA CONTACTO
COM AS SEGURADORAS SÃO A
LOJA/AGÊNCIA E O TELEFONE
DA AGÊNCIA/DO GESTOR.
do Cliente, Emoções, Esforço, Canais e
Incidentes.
O Projeto BECX (Best European Cus-
tomer Experience), ou Melhor Experiência
do Cliente, pretende ser a refundação do
Projeto ECSI (European Customer Satis-
faction Index), alargando o seu âmbito e
adaptando-o às novas realidades, desig-
nadamente aos múltiplos canais com que
presentemente as empresas interagem com
os seus clientes e que dão origem a um ele-
quinta-feira, 14 de abril 2022 5
EVOLUÇÃO DO CONFLITO
ARMADO E AO RESPETIVO
IMPACTO SOBRE A ATIVIDADE
ECONÓMICA REFLETIU-
-SE NUM AUMENTO
DA VOLATILIDADE DOS
MERCADOS FINANCEIROS,
MOTIVANDO A REVISÃO DOS
RISCOS DE MERCADO PARA O
NÍVEL ALTO.
com a evolução observada nos seguros de
vida ligados. Importa ainda notar que, no
contexto dos riscos do setor segurador, as
pressões inflacionistas poderão condicio-
nar a rendibilidade das linhas de negócio
mais expostas à inflação por via dos custos
com sinistros, especialmente nos segmen-
tos Não Vida. No que concerne aos riscos
de liquidez e de interligações, não se ob-
servaram variações de relevo, mantendo-se
as respetivas avaliações em médio-baixo e
médio-alto, respetivamente.
O painel de riscos do setor segurador
português, de publicação trimestral, é uma
das ferramentas utilizadas pela ASF para
a identificação e mensuração dos riscos e
vulnerabilidades do setor na perspetiva da
preservação da estabilidade financeira, ten-
do por base um conjunto de indicadores, e
considerando seis categorias de risco: ma-
croeconómico, crédito, mercado, liquidez,
rendibilidade e solvabilidade, interligações,
específicos de seguros vida e específicos de
seguros não vida.
vado número de pontos decontacto.
Deste modo, o projeto BECX preten-
de tornar-se a referência nacional para a
avaliação da Experiência do Cliente, bem
como para a premiação das organizações
que nos diversos setores de atividade da
economia portuguesa mais se distinguem
na oferta de uma experiência de excelência.
A NOVA IMS da Universidade Nova
de Lisboa e a Associação Portuguesa para
a Qualidade são as entidades responsáveis
pelo projeto, dando continuidade à parce-
ria estabelecida de 1999 a 2020, no âmbito
do desenvolvimento do ECSI Portugal.
O estudo de cada setor foi baseado em
amostras representativas dos clientes das
empresas estudadas, selecionadas de forma
probabilística, com periodicidade trimes-
tral.
A recolha de dados foi feita através de
um questionário administrado às amostras
de clientes selecionados, utilizando duas
vias alternativas e complementares: online,
por via CAWI (computer assisted web in-
terview) e telefónica, por via CATI (com-
puter assisted telephone interview). Foram
realizadas 2249 entrevistas para o setor dos
seguros.
6 quinta-feira, 14 de abril 2022

OPINIÃO
LUIZ FILIPE
Administrador da Actaseguros – Corretores de Seguros, S.A.

Temos gostos caros para com os nossos clientes

Q
uando, a partir de 1
de junho deste ano,
o capital mínimo do
seguro obrigatório de
responsabilidade civil
automóvel aumentar em 460.000J,
fruto não da Covid nem da Guerra
nos Balcãs, mas antes da Diretiva (EU)
2009/103/CE do Parlamento Europeu e
do Conselho, dos idos 15 de Setembro
2009, então e de novo lá os astros estão
alinhados para que sejam uma vez mais
os mediadores ou corretores a darem o
corpo às “balas”, porque já se começam
ao longe a ver as avestruzes a cavar a
areia, para esconderem a cabeça.
Como sabemos, desde a apresentação
às diferentes simulações que temos de
fazer para eleger aquela que na relação
qualidade/preço melhor se adequará ao
caso específico, até à posterior emissão
da apólice e tudo o que é relacionado à
normal gestão do contrato, passa pelas
mãos e pelos bolsos destes profissionais
qualificados e devotados.
Não devemos escamotear os nossos
fornecedores, no caso em apreço as
seguradoras, que, de pau feito, lá vão
negociar com os resseguradores ao
estrangeiro e regressam de lá feitos em
pau porque naturalmente o mercado
português, pela sua reduzida dimensão
comparativa, pouco ou nada traz em
termos de cifrões a essas entidades.
Ora, como temos constatado nos
últimos tempos, assiste-se a que os bons
profissionais saem das seguradoras e
iniciam a atividade na mediação. Outros
há que se mantêm por lá, pelo facto de
a reforma, lhes estar a bater à porta ou
outra situação, mas nunca esquecendo
que podem contar com eles das 9 às
17 horas, de segunda à sexta-feira. Não
vamos falar dos que entram na portaria
da companhia de costas, isto é, nunca
os colegas sabem se estão a chegar ou a
partir.
São estes que para fazerem negócios
andam de volta dos mediadores e
corretores a pedirem para trabalharem
para eles ou, quando os não recebem
numa determinada altura, informam
que já não pagam a ‘over comission’.
Por certo sabem do procedimento
deste e doutros azeiteiros que poluem o
mercado, como também, em contratos
intervencionados por mediadores ou
corretores, denunciam por alegada À CORJA DE GENTE
sinistralidade e apresentam-se muito QUE VIVE À CUSTA
penitentes juntos dos Clientes,
oferecendo-lhes os seguros diretamente DO TRABALHO DOS
(para não pagarem comissões) e MEDIADORES E
deixando o Cliente ao deus-dará, ou
este de volta do mediador suplicando CORRETORES E SÓ
para que este lhe continue a dar serviço, OS RECONHECE
atenção e disponibilidade que deixou de
ter. EM REUNIÕES DE
Efetivamente há seguradoras que TRETA PARA DEPOIS
deveriam mudar (uma vez mais o nome) OS APUNHALAREM
para batel, p.e.
À corja de gente que vive à custa do MANDÁ-LOS-IA PARA A
trabalho dos mediadores e corretores PEQUENA CESTA QUE
e só os reconhece em reuniões de treta
para depois os apunhalarem mandá-los- HAVIA NO ALTO DOS
ia para a pequena cesta que havia no alto BARCOS DOS ANTIGOS
dos barcos dos antigos descobridores e
da qual olvidei agora o nome. DESCOBRIDORES E DA
De lá poderiam ver o trabalho QUAL OLVIDEI AGORA O
destrutivo feito sistematicamente para
com esta classe. NOME.
Contudo e há que enaltecer, a
APROSE tem gostos caros, porque
possui associados que valem ouro e isso
ninguém pode contestar.

ABRIL/MAIO 2022 CONSULTE ONLINE EM WWW.APROSE.PT

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19, 20 e 21/04/22 Ciclo de formação Seguros de responsabilidade civil Online elearning APS 213848142 form@apseguradores.pt www.apseguradores.pt

PDEADS – Agente de Seguros, Corretor de Seguros ou

21/04/22 Online elearning.aprose.pt/ APROSE 222003000 academia@aprose.pt www.aprose.pt
Mediador de Resseguros – Ramos Vida e Não Vida

Agente de Seguros, Corretor de Seguros ou Mediador

21/04/22 Online elearning.aprose.pt/ APROSE 222003000 academia@aprose.pt www.aprose.pt
de Resseguros - Ramos Vida e Não Vida

21, 22, 28 e 29/04/22 IFRS 17 - Contratos de seguro Online elearning APS 213848142 form@apseguradores.pt www.apseguradores.pt

Análise de riscos para o ramo de acidentes de trab-

27/04/22 (início) Online elearning APS 213848142 form@apseguradores.pt www.apseguradores.pt
alho

Prevenção e análise de riscos em acidentes de

27/04/22 (início) Online elearning APS 213848142 form@apseguradores.pt www.apseguradores.pt
trabalho

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12/05/22 Argumentação na comercialização de seguros Online elearning.aprose.pt/ APROSE 222003000 academia@aprose.pt www.aprose.pt

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10/05/22 Gestão e atendimento de Reclamações Online elearning.aprose.pt/ APROSE 222003000 academia@aprose.pt www.aprose.pt

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24/05/22 Regularização de sinistros - Ramo automóvel Online elearning.aprose.pt/ APROSE 222003000 academia@aprose.pt www.aprose.pt

25/05/22 Branqueamento de Capitais Online elearning.aprose.pt/ APROSE 222003000 academia@aprose.pt www.aprose.pt

 quinta-feira, 14 de abril 2022 7

PAULO CASIMIRO, SÓCIO-GERENTE DA SERVIPLUS – MEDIAÇÃO DE SEGUROS, LDA., DESTACA

“A mediação de seguros já não poderá

ser gerida como antigamente”
Em entrevista, Paulo Casimiro
destaca que os agentes de
seguros têm que se adaptar
aos novos tempos. Na sua
opinião, a mediação de seguros
já não poderá ser gerida
como antigamente, o futuro
passa pelos jovens, muitos
deles formados no mundo da
informática e das plataformas
digitais.
Vida Económica (VE) - Quando e
como se iniciou a atividade da Ser-
viplus – Mediação de Seguros, Lda.?
Paulo Casimiro (PC) - A origem da
Serviplus – Mediação de Seguros Lda. re-
monta ao ano de 1975, quando o seu fun-
dador, Edgard Correia de Sousa, iniciou a
atividade da mediação de seguros. Com o
passar dos anos, o número de clientes foi
aumentando e, para manter o nível de ex-
celência do acompanhamento prestado,
houve necessidade de contratar colabora-
dores.
Foi nessa altura, estávamos no ano de
1995, que foi tomada a decisão de fundar
a Serviplus – Mediação de Seguros, Lda.,
para desenvolver a profissionalização da
atividade e contratar colaboradores para
formar uma equipa que pudesse manter o
timbre do seu fundador.
Atualmente, a Serviplus – Mediação de
Seguros Lda. é constituída por uma equipa VE - A representação de várias VE - O encerramento das delega-
multidisciplinar dinâmica e competente, seguradoras é uma vantagem ou des- ções das seguradoras a nível regional
que preza pela transparência e profissio- vantagem? Porquê? constitui um desafio ou uma ameaça?
nalismo adquirido ao longo dos anos de PC - Pensamos ser vantajoso, assim po- PC - Encaramos como um desafio, um
sólida experiência e reconhecimento dos A NOSSA ATIVIDADE TEM demos oferecer aos nossos clientes soluções desafio aliciante e de muita responsabilida-
clientes, tornando-se uma empresa de QUE SER ENCARADA COM de forma independente e adaptadas às ne- de e confiança. A nossa atividade tem que
referência da região e nacional, bastante cessidades de cada cliente, o que não acon- ser encarada com grande profissionalismo,
abrangente. GRANDE PROFISSIONALISMO,
tecia se estivéssemos ligados a uma única que se traduzirá em confiança por parte
QUE SE TRADUZIRÁ EM companhia, por estarmos dependentes da dos clientes. No fundo, estes encerramen-
VE - Os efeitos da guerra entre a CONFIANÇA POR PARTE DOS oferta da mesma. tos, foi o que veio proporcionar.
Rússia e Ucrânia já se fazem sentir CLIENTES. NO FUNDO ESTES
na economia. Na vossa opinião, a me-
diação de seguros já foi impactada? ENCERRAMENTOS, FOI O QUE
De que forma? VEIO PROPORCIONAR.
PC - Pensamos que sim, pois o reflexo
desse conflito está a ser sentido na saúde
financeira dos clientes. A maior vulnera-
bilidade das pessoas vai gerar procura só
de seguros chamados “obrigatórios” e o
ajustamento e reavaliação dos contratos já
vigentes.
co entre os mediadores e as segura-
VE - A palavra de ordem é a di- doras? Como?
gitalização. Que leitura fazem desta PC - Ainda falta alguma coisa a fazer,
realidade na mediação de seguros? no entanto notamos um grande esforço e
PC - É uma realidade dos nossos tem- avanço nesse relacionamento. As segura-
pos, que com a pandemia se veio a inten- doras já dispõem de meios informáticos
sificar. Nós, agentes de seguros, temos que que tendem a agilizar e com maior rapidez
nos adaptar aos novos tempos. A mediação todo o trabalho em online. Os portais dos
de seguros já não poderá ser gerida como clientes também criados com intuito de os
antigamente, o futuro passa pelos jovens, mesmos, com uma navegação fácil e intui-
muitos deles formados no mundo da in- tiva, fazerem uma ligação rápida e eficaz
formática e das plataformas digitais. Seja com o agente e a seguradora.
por meio de plataformas ou até na cons- Como forma de melhorar o nosso
trução de processos mais ágeis e flexíveis, desempenho, no relacionamento com
entender as novas demandas e responder a os nossos parceiros de negócio e com os
elas rapidamente é uma postura que deve nossos clientes, as seguradoras terão que
ser adotada o quanto antes. incluir ferramentas de análise, controle e
gestão no online, para que esta tecnologia
VE - Ainda há muito a fazer no seja mais rápida e eficaz na comunicação
âmbito do relacionamento informáti- com os nossos parceiros e clientes.
 8 quinta-feira, 14 de abril 2022
CONSULTÓRIO JURÍDICO
CORVACEIRA GOMES
Departamento jurídico
Diretor Executivo APROSE
Período de validade das cartas verdes & exigência
do correio eletrónico em seguros celebrados
pelos mediadores
Uma determinada companhia de
seguros tomou duas medidas sobre as
quais gostava de saber a vossa opinião
quanto à legalidade das mesmas e as
responsabilidades / consequências
para nós, mediação. As medidas são:
1ª – Em alguns produtos, para
conseguirmos emitir o contrato, o
cliente tem obrigatoriamente de
informar o e-mail, caso contrário não
conseguimos emitir o contrato.
2ª – As cartas verdes entregues aos
clientes são emitidas com mais 15
dias do que o período do recibo.
C
omeçando por responder à
segunda pergunta, sendo hoje
líquido e pacífico o entendimento
sobre a matéria, devemos esclarecer
que, à luz do n.º 10 do artigo 29.º do
Decreto-Lei n.º 291/2007, de 21 de
agosto, conclui-se que, por regra, deve
existir correspondência entre o período
de validade constante da carta verde –
certificado internacional de seguro – e
aquele para o qual foi pago o respetivo
prémio.
Deste modo, as empresas de seguros
que atribuam à carta verde, por sua
livre iniciativa, um período de validade
superior àquele que foi efetivamente
contratado e para o qual foi liquidado
o prémio não poderão desonerar-se
da assunção de sinistros que venham a
ocorrer durante esse período de extensão
de validade, tanto mais que a mesma é
considerada um documento autêntico
nos termos do n.º 1 do artigo 83.º do
Decreto-Lei n.º 291/2007, de 21 de
agosto, e como tal a respetiva falsificação
ou utilização dolosa é punida nos termos
da lei penal.
No tocante à segunda questão, ou seja,
relacionada com o facto de a plataforma
destinada pela seguradora em questão
aos mediadores de seguros, em alguns
produtos, não lhes permitir a emissão dos
contratos de seguros – em relação aos que
têm capacidade de subscrição dos riscos
em apreço e de celebração, em nome e por
conta da seguradora –, sem que o campo
respeitante à identificação do correio
APROSE chega a acordo salarial com sindicatos
Culminando a ronda de negociações já
iniciada em finais de 2021, os empregado-
res representados pela APROSE e os traba-
lhadores filiados no STAS e no SISEP as-
sistiram à atualização, para 2022, da tabela
salarial, subsídio de refeição e cláusulas de
expressão pecuniária.
Concluído em 7 de março, foi publica-
do em 29 do mesmo mês, no jornal oficial,
Boletim de Trabalho e Emprego (BTE) n.º
12/2022, o acordo de revisão para 2022 –
em 2021 não sofreu qualquer alteração –
eletrónico do tomador esteja preenchido,
existem autores que são do entendimento
que, interpretado tal condicionamento
como uma imposição unilateral por parte
da seguradora ao tomador do seguro na
formalização e entrega da apólice em
suporte eletrónico duradouro, e não em
papel, o procedimento em questão é
suscetível de constituir uma ilegalidade,
podendo até ser considerado uma situação
de abuso de direito, por não permitir, por
sua vez, o exercício do direito de optar
do cliente em relação ao suporte em que
pretende a documentação contratual.
Efetivamente, prescreve-se no n.º
2 do artigo 34.º do Decreto-Lei n.º
72/2008, de 16 de abril, que aprovou
o regime do contrato de seguro, que,
quando convencionado, pode o segurador
entregar a apólice ao tomador do seguro
em suporte eletrónico duradouro.
Revestindo-se de natureza
absolutamente imperativa, ou seja, a
disciplina referida no preceito legal não
pode ser afastada por vontade das partes,
sem que se prejudique o princípio da
desformalização do contrato de seguro
estabelecido no artigo 32.º do mesmo
diploma, o legislador exige o acordo do
tomador do seguro para que a seguradora
lhe possa entregar a apólice em suporte
eletrónico duradouro, facto que não se
compagina, obviamente, com a imposição
unilateral de tal procedimento por parte
da empresa de seguros.
Todavia, devemos esclarecer que,
não sendo uma questão pacífica, existe
doutrina que defende, integrando-se a
imposição do procedimento em questão
num momento prévio à celebração do
contrato de seguro, sem o qual, conforme
alegado, o mesmo não se concretiza, e
regendo-se o contrato de seguro, com
as limitações decorrentes da lei, pelo
princípio da liberdade contratual, à luz
do qual assiste às seguradoras, inclusive,
o direito de não contratar, mesmo no
respeitante aos seguros obrigatórios
por imposição legal, que aceitando o
tomador a respetiva celebração nos termos
indicados, ou seja, com a identificação do
respetivo endereço de correio eletrónico,
as mesmas seguradoras ficam legitimadas
a utilizar o suporte eletrónico no âmbito
do contrato coletivo de trabalho (CCT) da
distribuição de seguros, com texto base pu-
blicado no Boletim de Trabalho e Emprego
(BTE) n.º 40/2018, de 29 de outubro.
Com data de entrada em vigor em
3/04/2022 (5º dia após a publicação, data
a partir da qual se tornou eficaz e com força
obrigatória), mas retroagindo a produção
de efeitos a 1/01/2022, nos termos do acor-
do de revisão parcial do CCT em apreço, as
estruturas representativas dos empregadores
(APROSE) e dos trabalhadores (STAS e SI-
do relacionamento contratual com o
tomador, em especial, quando o contrato
de seguro é efetuado através de um
mediador de seguros, como se nos afigura
ser o caso sob consulta.
Não tendo até à presente data a
Autoridade de Supervisão de Seguros
e Fundos de Pensões (ASF) utilizado a
habilitação que o n.º 2 do artigo 21.º
do Decreto-Lei n.º 72/2008 lhe confere
de poder fixar, por norma regulamentar,
regras quanto ao suporte das informações
a prestar ao tomador do seguro, e
apoiando-se no regime estabelecido
no n.º 2 do artigo 31.º do mesmo
diploma, por um lado, segundo o qual as
comunicações, a prestação de informações
e a entrega de documentos ao tomador
sejam realizados e àquele dirigidos
pelo mediador de seguros que atue em
nome e com poderes de representação
da seguradora, produzem efeitos
relativamente a esta como se fossem por
si ou perante si diretamente realizados,
e por outro, no regime jurídico da
distribuição de seguros, aprovado pela Lei
n.º 7/2019, de 16 de janeiro – podendo
existir algumas especificidades em função
da categoria de distribuidor –, nos termos
do qual se prescreve que, conforme
o disposto no n.º 4 do artigo 32.º, a
prestação de informações através de um
suporte duradouro diferente do papel
ou através de um sítio na Internet deve
ser considerada apropriada no contexto
da relação comercial existente entre o
distribuidor de seguros e o respetivo
cliente se existirem elementos que
comprovem que o cliente dispõe de um
acesso regular à Internet, designadamente
a indicação pelo cliente de um endereço
de correio eletrónico para efeito dessa
relação, são frequentemente identificados
como o fundamento e apoio legal para
a utilização do suporte eletrónico no
âmbito do relacionamento contratual com
o tomador.
Se se pode compreender, por um
lado, a crescente e incontornável
desmaterialização e digitalização da “vida”
e do mundo em todas as suas vertentes,
em que, para o que aqui nos interessa, a
informação disponibilizada em suporte
físico de papel parece estar condenada
SEP) concordaram em atualizar em 1,6%
a tabela salarial aplicável ao setor (com ex-
ceção das bandas salariais F e G, J750,00
e J715,58, respetivamente), o subsídio diá-
rio de refeição em J 8,30 e, no âmbito das
outras cláusulas de expressão pecuniária, do
valor das despesas de serviço em Portugal,
por diária completa, em J64,60, refeição
isolada de J8,30 e J0,40 por cada quilo-
metro percorrido pelos trabalhadores, ao
serviço da empresa, em automóvel ligeiro
próprio.
à extinção, a verdade é que a sociedade
e a economia real não “se move” ainda
à velocidade que alguns operadores lhe
pretendem imprimir, sendo prolixa a
legislação que exige o consentimento
do consumidor para a virtualização da
relação contratual, reconhecendo-lhe,
expressamente ou implicitamente, o
direito a que lhe sejam fornecidos os
termos dos contratos em suporte de papel.
Neste âmbito, importa referir que quer
no respeitante às seguradoras, ainda que
procedam à contratação do seguro por
intermédio de mediadores de seguros, o
regime jurídico relativo à comercialização
à distância de serviços financeiros,
aprovado pelo Decreto-Lei n.º 95/2006,
de 29 de maio, apesar de lhes permitir a
comunicação da informação em papel ou
noutro suporte duradouro disponível e
acessível ao consumidor, em tempo útil
e antes de este ficar vinculado por uma
proposta ou por um contrato à distância,
não preclude de modo algum o direito
do tomador de exigir que lhe sejam
fornecidos os termos do contrato em
suporte de papel a qualquer momento da
relação contratual, conforme o prescrito
no artigo seu 11.º.
E, por outro lado, no âmbito das regras
que se aplicam ao exercício da atividade
de distribuição de seguros, o n.º 5 do
artigo 32.º da Lei n.º 7/2019 estabelece
que, se as informações a que o mediador
se encontra obrigado a prestar aos clientes
por aquele regime – que não se podem
confundir com as que a legislação do
contrato de seguro impõe às seguradoras
– forem prestadas utilizando um suporte
duradouro diferente do papel ou através
de um sítio na Internet, mediante pedido
do cliente, deve ser-lhe entregue uma
cópia em papel a título gratuito.
Daí que não constitua boa prática,
que não se recomenda, a indicação do
endereço eletrónico do mediador de
seguros ou de qualquer outro, como
forma de ultrapassar a contingência
do sistema da emissão de contratos
de seguros através da plataforma da
seguradora, nos casos em que o tomador
ou o potencial tomador não disponha ou
não queira disponibilizar a identificação
do seu próprio endereço de e-mail.
A. Tabela Salarial 2022
(Aumentos de 1,6%, exceto bandas F e G)
Retribuição base mensal
Banda salarial Valor mínimo obrigatório
A 2.195,58 €
B 1.518,92 €
C 1.158,24 €
D 1.027,18 €
E 997,71 €
F 750,00 €
G 715,58 €