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Universidade Estadual de Goiás

Discente: Iranildes dos Santos Eugenio


Disciplina: Diversidade, direitos e cidadania
Profa: Madalena

Educação, cidadania e emancipação humana


A busca da realização pessoal, consequência da própria liberdade de todos,
faria com que os indivíduos se chocassem, inevitavelmente, entre si, dando
origem a toda sorte de conflitos. Embora não se falasse ainda em cidadania, a
igualdade e a liberdade naturais eram a base para o seu desenvolvimento
futuro. E ainda que não o fossem de fato, todos os homens já eram,
potencialmente, cidadãos, ou seja, sujeitos de direitos e deveres. O que
assistimos daí para diante, será o processo concreto, histórico, extremamente
complexo, de entificação da cidadania, sempre vista como um instrumento não
para erradicar, mas para equilibrar as desigualdades sociais.
Contudo, a fundamentação dos direitos em uma pretensa natureza humana
primária não é um consenso entre os pensadores liberais.
A igualdade é, então, o resultado da ação dos próprios homens através de sua
organização em comunidade politica. É, pois, a comunidade politica que atribui
direitos aos indivíduos. E o primeiro desses direitos é exatamente o direito de
ter direitos. De acordo com Lafer, “Isto significa pertencer, pelo vinculo da
cidadania, a algum tipo de comunidade juridicamente organizada e viver numa
estrutura onde se é julgado por ações e opiniões, por obra do princípio da
legalidade”.
Não importa muito se os homens nascem iguais ou diferentes. O ponto de
partida é uma concepção de individuo como um ente ontologicamente anterior
e fundante da sociedade, com todas as consequências que daí derivam.
Ser cidadão é, pois, ser membro de uma comunidade jurídica e politicamente
organizada, que tem como fiador o Estado, no interior da qual o individuo passa
a ter determinados direitos e deveres. Os indivíduos são essencialmente
regidos pelo interesse pessoal, o que faz com que as desigualdades sociais
sejam uma consequência inevitável do processo social.
Como se vê, para o autor, cidadania plena é exatamente sinônimo de
emancipação humana, ideia que seria esposada pelo próprio marx.
Desde modo, a construção da cidadania – um processo infinito – seria o
processo de realização da autêntica liberdade humana.
Atente-se para o fato de que os próprios direitos sociais, e mesmo os relativos
a esfera da produção econômica, são direitos, quer dizer, algo que os
indivíduos tem porque são membros da comunidade politica.
O que, no entanto, para nós, define a natureza essencial da cidadania não é
este fato, que certamente é muito importante para a compreensão da sua
concretude, mas o fato de que ela tem sua origem no ato fundante da
sociabilidade capitalista.
Qual é, porém, a lógica da transformação do individuo em cidadão? Sabe-se
que a cidadania teve a sua origem na passagem do feudalismo ao capitalismo
e que sua trajetória concreta é o resultado de um complexo processo onde
entram tanto a ação do Estado e da burguesia como as lutas da classe
trabalhadora e de outros grupos sociais. O que, porém, nos interessa, aqui, não
é esta trajetória concreta, mas a sua origem histórico-ontológica, ou seja, a sua
natureza essencial como produto d um determinado solo social. E, ao nosso
ver, esta se encontra exatamente naquele ato fundamental da sociabilidade
capitalista, que é o ato de compra-e-venda de força de trabalho e que resulta
na produção de mercadorias.

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