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XX ENANGRAD Joinville / SC | 28 a 30 de outubro de 2009

ANÁLISE DOS PROGRAMAS DE GESTÃO AMBIENTAL OFERECIDOS PELO


SEBRAE/RR AS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS DE BOA VISTA/RR

Guilherme Costa Viana

Verçulina Firmino dos Santos


XX ENANGRAD Joinville / SC | 28 a 30 de outubro de 2009

ÁREA TEMÁTICA: QUALIDADE


CÓDIGO: QLD

ANÁLISE DOS PROGRAMAS DE GESTÃO AMBIENTAL OFERECIDOS PELO


SEBRAE/RR AS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS DE
BOA VISTA/RR
XX ENANGRAD Joinville / SC | 28 a 30 de outubro de 2009

RESUMO

Este estudo enfoca analiticamente os programas de gestão ambiental oferecidos


pelo Sebrae/RR (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Roraima) as
micro e pequenas empresas de Boa Vista, através das metodologias aplicadas pelo
Sebrae/RR, conhecendo-se seus benefícios, e as barreiras durante a implantação
destes programas. A preocupação ambiental, nos últimos anos, tem crescido por
parte da sociedade, sendo manifestada no repúdio dos consumidores em adquirir
bens e/ou produtos que causam degradação ambiental ou foram constituídos a partir
de materiais que apresentam restrições ambientais. Realizou-se pesquisa
bibliográfica e de campo quanto aos procedimentos operacionais, e a pesquisa
exploratória e descritiva quanto aos objetivos. Uma das questões constatadas foi a
de que os empresários locais ainda não “absorveram” as oportunidades de ter um
modelo de gestão ambiental em seus empreendimentos.

Palavras-chave: gestão, ambiental, empresários, empresas, benefícios.

ABSTRACT

This project focus on environmental management programs offered by Sebrae/RR


(Serviço de Apoio a Micro e Pequenas Empresas de Roraima) to micro and small
companies from Boa Vista, through techniques applied by Sebrae, becoming aware
of their implementation benefits and their barriers during it. The environmental
preoccupation, lately, has grown in society, being manifested by the costumers
rejection on buying goods and products that cause environmental destruction or were
made of materials with environmental restrictions. A bibliographic and the area of
research has been made about operational procedures, and an exploratory and
descriptive research about its aims. One observed question is that local companies’
owners haven’t realized about the opportunities of having an environmental
management model on their business.

Key-words: management, environmental, companies’ owners, companies, benefits.


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1 INTRODUÇÃO

A preocupação ambiental ao longo deste século XXI vem tornando-se cada


vez mais notável, tanto em relação ao aspecto social quanto, principalmente, ao
econômico. O cuidado com o meio ambiente proporciona ao empresário contribuir
para melhoria da qualidade de vida da cidade, do país e do mundo, reduzindo-se os
custos, trazendo ganhos para a imagem da empresa junto aos seus clientes, que
estão cada vez mais exigentes em relação aos impactos ambientais causados pela
produção de determinados produtos e/ou serviços.
Além do mais a implantação da Gestão Ambiental possibilita benefícios
sociais, estratégicos e econômicos em virtude da melhoria do desempenho
ambiental da empresa, levando os empresários a adotarem práticas que o
reposicionem ao contexto de mercado moderno e competitivo.
Com a perceptível importância de se ter uma Gestão Ambiental nas
organizações, os órgãos relacionados aos empresariados como o Serviço de Apoio
as Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) já criaram programas que possibilitam
implantar este modelo de gestão nas micro e pequenas empresas (MPE’s).
O Sebrae Nacional desde o final dos anos 90, quando no País se iniciou a
discussão e implantação de ações em favor da gestão ambiental, gerou dois
produtos para a serem desenvolvidos com as MPE’s: o Programa de Redução de
Desperdício e o Sistema de Gestão Ambiental (SGA).
Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas em Roraima (Sebrae/RR),
após décadas de atuação em Roraima e um intenso trabalho de articulação para
criação de um ambiente favorável para o desenvolvimento dos pequenos negócios,
tornou-se uma instituição voltada para a sociedade produtiva como um todo. E já
oferece “A Metodologia Sebrae para Implementação de Gestão Ambiental em Micro
e Pequenas Empresas”, através da qual disponibiliza aos empresários um modelo
de método de trabalho, testado por diferentes consultores.
Diante do exposto, questiona-se: os empresários locais já se conscientizaram
da importância de implantar a Gestão Ambiental em suas empresas? O Sebrae/RR
tem promovido estes programas com eficiência nas MPE’s do Estado? Há falta de
projetos de implantação destes modelos de gestão por parte do Sebrae/RR? As
empresas têm realizado campanhas de sensibilização, com os clientes, sobre os
impactos ambientais causados pelos mesmos? Na concepção dos empresários,
esses programas de Gestão Ambiental promovidos pelo Sebrae têm eficácia?
Este estudo tem como principal objetivo enfocar analiticamente a avaliação
dos programas de GA, promovidos pelo Sebrae e seus parceiros. E, tendo como
objetivos específicos: analisar as formas de divulgação da importância da GA nas
empresas, promovidos pelo Sebrae/RR; avaliar, os resultados da implantação de
uma Gestão Ambiental nas empresas roraimenses promovido pelo Sebrae/RR;
relatar os benefícios obtidos com a implantação da Gestão Ambiental e identificar os
aspectos negativos detectados na sua implantação.
Justifica-se a realização deste trabalho tendo em vista que a variável
ambiental, em nível de empresas, passou a ser uma das condições de “se estar”
inserida no mundo dos negócios. Com isso, as empresas passaram a adotar
práticas ambientais sustentáveis como vantagem competitiva, tornando a GA
“moeda forte”.
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2 A GESTÃO AMBIENTAL NAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS

Atualmente é percebível que as organizações têm crescido suas


preocupações para problemas que estão além das considerações econômicas,
envolvendo as de caráter sócio-ambiental, exigindo-se que ocorram mudanças na
forma de gerir os empreendimentos, buscando utilizar estratégicas que possibilitem
acompanhar e manter-se nesse mercado globalizado.
Com a implantação da Gestão Ambiental às micro e pequenas empresas
terão novas oportunidades de conseguir se manter e/ou crescer no mercado, de
forma sustentável. Elas podem ganhar maior competitividade no mercado por
consumirem menos matéria-prima e menos insumos para produzir mais, além de
conquistar novos mercados.

2.1 A Gestão Ambiental

Barbieri (2006) aduz que Gestão ambiental é um conjunto de políticas,


programas e práticas administrativa e operacionais que levam em conta a saúde, a
segurança das pessoas e a proteção do meio ambiente.
Portanto, Gestão Ambiental é conseqüência natural da evolução do
pensamento da humanidade em relação à utilização dos recursos naturais de um
modo mais sábio, onde se deve retirar apenas o que pode ser reposto ou caso isto
não seja possível, deve-se, no mínimo, recuperar a degradação ambiental causada.
Vianna e Veronese (1992 apud ANDRADE; TACHIZAWA; CARVALHO,
2002), o Brasil ao longo do tempo vem sofrendo grandes transformações em função
do crescimento demográfico (sua população aumentou em 2,7 vezes entre 1950 e
1970, passando 74,3% a viver em zonas urbanas) e da modernização de suas
bases de desenvolvimento. De um estágio de economia predominantemente
exportadora de produtos agrícolas passou a um estágio de industrialização
considerável, com predominância de produtos manufaturados em sua pauta de
exportações.

2.2 Legislação Ambiental

Segundo Andrade; Tachizawa; Carvalho (2002) até a década de 70, não


existia no Brasil uma legislação específica que tratasse a temática ambiental,
havendo apenas algumas normas e regulamentos que tratavam da fauna, da flora,
da saúde pública e da segurança e higiene industrial.
“A partir de 1975, órgãos ambientais foram sendo criados nos diversos
Estados, e começaram a surgir legislações e regulamentações específicas de
controle ambiental nos níveis federal, estadual e, posteriormente municipal.”
(ANDRADE; TACHIZAWA; CARVALHO, 2002, p. 6)
Atualmente o país já dispõe de uma legislação completa, abrangente e
avançada tratando de questões ambientais. Com isso, tanto em nível federal, quanto
estadual e municipal, já existem embasamento legal para questões ambientais.

2.3 Sistema de Gestão Ambiental e a série da ISO 14.000

A mudança na percepção da questão ambiental obrigou o setor industrial, a


desenvolver e implantar sistemas de gestão em seus processos de maneira que
atendessem a demanda vinda de seus clientes e cumprissem com a legislação
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ambiental vigente, a estes sistemas denominaram Sistema de Gestão Ambiental


(SGA).
Além disto, como uma forma de verificar e divulgar quais as empresas que
realmente apresentam uma postura ambientalmente correta, estabeleceu-se
sistemas de avaliação de desempenho ambiental, com normas e critérios
padronizados para o mundo todo. O conjunto de normas mais conhecido é o da
série ISO 14000. (ASSUMPÇÃO, 2006, p. 17)
A finalidade básica da ISO 14001 é a de fornecer às organizações os
requisitos básicos de um sistema de gestão ambiental eficaz. A norma não
estabelece requisitos absolutos de desempenho ambiental pode ocorrer que duas
organizações que desempenhem atividades similares e alcancem desempenhos
ambientais diferentes podem estar ambas em conformidade com a ISO 14001.
Assim, o escopo da ISO 14001 será definido pela própria organização que
decidirá o nível de detalhe e complexidade de seu sistema de gestão ambiental e a
quais atividades, processos e produtos ele se aplica.
Conforme Reis e Queiroz (2002) os requisitos para implementação do sistema
de gestão ambiental estão contidos no documento de orientação ISO 14004 como
um processo de cinco etapas: política ambiental; planejamento ambiental;
implementação e operação; verificações e ações corretivas e revisão geral pela alta
administração. (Figura 1)

Figura 1 – Sistema de gestão ambiental


Fonte: Adaptado de Maimon, 1996

Portanto, a implantação do SGA se dá em cinco etapas sucessivas e


contínuas. Todas essas etapas buscam a melhoria contínua, ou seja, um ciclo
dinâmico no qual está se reavaliando permanentemente o sistema de gestão e
procurando a melhor relação possível com o meio ambiente (MAIMON, 1996).
O autores Reis & Queiroz (2002) afirmam que existem vários pontos que
motivam os empresários a procurarem implantar a ISO 14.000 na sua empresa,
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dentre eles pode-se citar: melhoria da imagem da organização; clientes exigentes;


melhorar o relacionamento com demais órgãos e inovação dos processos.

2.4 Auditoria e Monitoramento Ambiental

Conforme Seiffert (2007), as indústrias introduziram em suas rotinas as


auditorias ambientais que se constituem em um dos mais importantes instrumentos
de gestão ambiental. Os principais objetivos de uma auditoria ambiental são: permitir
a investigação sistemática dos programas de controle ambiental de uma empresa;
auxiliar na identificação de situações potenciais de problemas ambientais e verificar
se a operações da empresa estão em conformidade com as normas/padrões legais;
Há ainda o monitoramento ambiental que é sistema contínuo de observação,
mediação e avaliação, que tem como principais objetivos: documentar os impactos
resultantes de uma ação proposta; alertar para impactos não previstos ou com
mudanças de tendências previamente observadas; oferecer informações imediatas,
quando o impacto torna-se iminente e oferecer informações que permitam avaliar
medidas corretivas para modificar ou ajustar as técnicas utilizadas.

2.5 Importância e Benefícios da Implantação da Gestão Ambiental

Conforme Maimon (1996) a preservação do meio ambiente converteu-se em


um dos fatores de maior influência da década de 90, com grande rapidez de
penetração de mercado. Assim, as empresas começam a apresentar soluções para
alcançar o desenvolvimento sustentável e ao mesmo tempo aumentar a
lucratividade de seus negócios.
Para Barbieri (2006) a proteção ambiental vem deslocando-se vez mais,
deixando de ser uma função exclusiva de proteção para tornar-se também função da
administração. Contemplada na estrutura organizacional e interferindo no
planejamento estratégico, passou a ser uma atividade importante na empresa, seja
no desenvolvimento das atividades de rotina, seja na discussão dos cenários
alternativos, e a conseqüente análise de sua evolução acabou gerando políticas,
metas e planos de ação.
O Sebrae (2004) cita que a consciência ambiental está abrindo caminhos para
o desenvolvimento de novos produtos, novas oportunidades de negócios e novos
mercados de trabalho, não só no setor industrial como também no setor de serviços.
Conforme Andrade; Tachizawa e Carvalho (2002), a variável ambiental,
gerada pelas transformações culturais ocorridas entre os anos 60 e 90, adquiriu
extrema importância em direção à proteção e preservação ambiental como valor
fundamental do novo ser humano e da organização dos novos tempos.
A sociedade industrializada está cada vez mais ambientalista, exigindo a
produção de substâncias biodegradáveis e menos tóxicas, na realidade o
consumidor é o agente que induz todas as mudanças internas nas organizações a
partir de uma maior consciência sobre os potenciais efeitos ambientais que as
empresas e seus produtos podem causar.
Existem características próprias para cada segmento, e elas fazem com que a
interação entre seus agentes ambientais seja intrínseca ao setor focalizado e que,
portanto, as estratégias genéricas das empresas que formam os diversos setores da
economia reflitam essas peculiaridades.
Conforme Donaire (1999), a tendência de preservação ambiental e ecológica
por parte das organizações deve continuar de forma permanente e definitiva, e os
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resultados econômicos passam a depender cada vez mais de decisões empresariais


que levem em conta que: não há conflito entre a lucratividade e a questão ambiental.

2.6 Impacto Ambiental

Segundo a Resolução 001/86 do CONAMA, pode-se conceituar impacto


ambiental como qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas
do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das
atividades humanas, que direta ou indiretamente afeta a saúde; a segurança e o
bem-estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições
estéticas e sanitárias do meio ambiente, além da qualidade dos recursos ambientais.
Por sua vez, a NBR ISO 14000, define impacto ambiental como qualquer
modificação do meio ambiente, adversa ou benéfica, que resulte, no todo ou em
parte, das atividades, produtos ou serviços de uma organização.

2.7 Avaliação do Impacto Ambiental

De acordo com Reis & Queiroz (2002), a Avaliação dos Impactos Ambientais
(AIA) é um instrumento de Política Ambiental, formada por um conjunto de
procedimentos capazes de assegurar, desde o início do processo, que se faça um
exame sistemático dos impactos ambientais de uma ação proposta (projeto, plano
ou política) e de suas alternativas, e que os resultados sejam apresentados de forma
adequada ao público e aos responsáveis pela tomada de decisão, e por eles
considerada.
A avaliação ambiental fornece a base para o SGA, através das informações
sobre emissões, lixo, problemas ambientais potenciais, ocorrência anteriores de
acidentes, questões de saúde.
A base de um programa ambiental é o conhecimento das atividades e
produtos no meio ambiente, e do meio ambiente nas atividades e produtos dos
empresários. (DONAIRE, 1999, p. 111)
Logo, faz-se necessário analisar o atual estado ambiental do
empreendimento, pois através desta apreciação é possível estabelecer uma posição
em relação ao meio ambiente, identificando as preocupações ambientais e áreas
problemáticas e, se possível, priorizar riscos ambientais.

2.8 Os Programas de Gestão Ambiental promovidos pelo Sebrae/RR às Micro e


Pequenas Empresas de Boa Vista/RR

Devido o agravamento dos impactos ambientais que a sociedade vem


ocasionando, faz-se necessário o estabelecimento de programas que possibilitem
minimizar esses problemas. Dentre os programas criados pelo Sebrae sobre Gestão
Ambiental tem-se o “Cinco Menos que São Mais”, que visa colocar os empresários
em condições de competitividade no mercado, em face à globalização,
internalizando os cinco principais pontos de economia que lhes renderão
produtividade, tais como: redução do desperdício de água na produção; minimização
do desperdício de energia por unidade de produção; redução da geração de
resíduos; redução das perdas de matéria-prima por unidade de produção e
minimização da poluição.
A maior parte das ações empresariais está diretamente ou indiretamente
envolvida com a questão do uso de recursos naturais, para que se possa formar os
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produtos/serviços ou subprodutos. Então, cabe ao empresário atuar de modo a


economizar insumos e matérias primas a serem utilizados em sua produção.
Outro programa que merece destaque é o Eficiência Energética, que tem
como principal objetivo preparar as Micro, Pequenas e Médias Empresas e os
empreendedores para o uso racional da energia, possibilitando a minimização do
desperdício e otimizando o desempenho dos equipamentos para o mínimo de
consumo. Dessa forma, o programa possibilita ao empreendedor ganho de
produtividade em sua empresa e consequentemente de lucratividade, além disso,
agrega conhecimento de como a empresa está utilizando a energia e como melhorar
a sua eficiência.

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O estudo, na sua concepção, analisou a implantação dos Programas de


Gestão Ambiental oferecidos pelo Sebrae/RR as micro e pequenas empresas
roraimenses, portanto foram realizados os seguintes procedimentos metodológicos:
quantos aos objetivos, utilizou-se de pesquisa exploratória e descritiva; quanto aos
procedimentos operacionais realizou-se pesquisas bibliográficas, que contêm
informações já elaboradas/publicadas sobre a Gestão Ambiental e por fim pesquisa
de campo levantando informações sobre os empreendimentos que implantaram ou
estão em fase de implantação da Gestão Ambiental, analisando os resultados e/ou
prejuízos obtidos.
Além de utilizar estes tipos de métodos foram usados os seguintes
instrumentos metodológicos: questionários, aplicado aos empresários boa vistenses
que adquiriram o repasse da metodologia de Gestão Ambiental realizados pelo
Sebrae/RR; entrevistas, buscando informações dos colaboradores do Sebrae sobre
o repasse das metodologias dos programas de Gestão Ambiental adotada pela
Instituição e seus parceiros.
As principais limitações encontradas no decorrer da pesquisa foram: a
dificuldade de conseguir informações sobre quais empresas obtiveram o repasse
das metodologias de gestão ambiental promovido pelo Sebrae/RR; algumas das
empresas constantes na relação disponibilizada pelos consultores do Sebrae/RR
afirmaram não ter recebido a metodologia; e, outras não estão mais em
funcionamento.

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

A coleta de dados foi realizada junto aos empresários da cidade de Boa Vista
que participaram das capacitações dos programas de gestão ambiental promovidos
pelo Sebrae/RR. E foram observadas empresas dos segmentos de alimentação,
comércio varejista, confecção e movelaria.
E com base no Gráfico 1, pode-se constatar que mais de 80% (oitenta por
cento) das empresas analisadas afirmam que não conseguem identificar os
impactos que podem causar ao meio ambiente, alegando que a execução de suas
atividades, sejam elas do comércio, serviço ou indústria, não causam nenhum
impacto ambiental.
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Gráfico 1 – Identificação dos Impactos Ambientais

Segundo Santos (2007) após um estudo, foram catalogados 44 (quarenta e


quatro) tipos de resíduos resultantes das atividades dos Correios no Paraná.
Portanto, se uma empresa de serviços consegue identificar todo esse
quantitativo de resíduos, uma empresa comercial ou industrial certamente gera
ainda mais efluentes.
Valle (1996) afirma que os efeitos ambientais gerados pelas atividades
produtivas das empresas devem ser percebidos pelos seus colaboradores,
facilitando sua sensibilização em participar da solução de tais problemas.
Portanto, a variável ambiental torna-se um dos fatores competitivos para as
empresas manter-se nesse mercado que está se globalizado de forma ativa.
Verificou-se ainda, que em média 60% (sessenta por cento) dos empresários
ainda não conseguiram aplicar efetivamente os conhecimentos repassados pelo
Sebrae, quanto a melhoria ou implantação da gestão ambiental em seus respectivos
empreendimentos.
A maioria encontra-se em processo de aplicação, entretanto observou-se que
as ações para implantação foram insignificantes, pois muitos processos que
impactam ao meio ambiente ainda permanecem da mesma forma os quais foram
detectados pela consultoria realizada Sebrae.

Gráfico 2 – Barreiras para implantação dos programas de gestão ambiental

Conforme demonstrado o Gráfico 2, os principais argumentos que baseiam


tais comportamentos desses empreendedores são de caráter financeiro, pois
acreditam que a implantação desse tipo de gestão impactaria muito no caixa da
empresa, além disso, segundo os mesmos há falta de recursos para que possam
realizar esses investimentos em suas empresas.
Entretanto, a elevação do nível de desempenho ambiental organizacional não
está relacionada, em longo prazo, com custos elevados. Ao invés disso, as práticas
gerenciais que preservem o ambiente podem melhorar os resultados financeiros da
empresa. (SEIFFERT, 2007).
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Algumas empresas acreditam que os programas ambientais elaborados pelo


Sebrae estão fora da realidade local, pois os empresários acreditam que a
metodologia adotada somente pode ser implantada nas grandes empresas.
Entretanto o relatório que é entregue ao empresário é na verdade um Plano
de Ação para a empresa iniciar a implantação das propostas, dessa forma, a
linguagem utilizada é simples, direta e objetiva, buscando mostrar ao empresário a
vantagem de adoção dessas recomendações. (SERVIÇO DE APOIO AS MICRO E
PEQUENAS EMPRESAS, 2004)
As empresas que estão implantando a metodologia repassada pelo Sebrae ou
que afirmam ter implantado a Gestão Ambiental, citam que os principais benefícios
observados pela organização foram: conhecimento a cerca do tema, redução de
despesas, nova imagem da empresa e aumento da lucratividade.
A maioria dos empresários investigados afirma que com o repasse da
metodologia tiveram a oportunidade de conhecer a importância de se adotar a
gestão ambiental e os benefícios advindos dessa implantação, fato este
desconhecido em momento anterior ao repasse.
Para Moura (2004) o que impulsiona a empresa a aumentar seus lucros são
as ações praticadas por esta, e as ações ambientais é um desses indicadores de
crescimento, pois a redução dos custos, dos resíduos e das multas por inadequação
ambiental, possibilitará o empreendimento reverter isto em lucro.
Segundo Seiffert (2007), a implantação da Gestão Ambiental nas micro e
pequenas empresas, possibilita um aprimoramento no desempenho ambiental
associado ao cumprimento da legislação, assim como gera uma vantagem
competitiva nesse mercado globalizado.
Em relação aos clientes, verificou-se que mais de 70% das empresas locais
analisadas não estão preocupadas em sensibilizar seus clientes com a degradação
ambiental (Gráfico 3). Os empreendimentos investigados não realizam, por exemplo,
nenhuma ação de incentivo ao descarte correto dos resíduos gerados após o
consumo de seus produtos.

Gráfico 3 – Preocupação em sensibilizar os clientes

O consumidor final é na realidade o principal agente indutor de todas essas


mudanças internas das organizações, em virtude de atualmente está mais
consciente dos potenciais efeitos ambientais que as empresas e seus produtos
podem causar. (ANDRADE, TACHIZAWA e CARVALHO, 2004)
Foi observada também a falta de preocupação das empresas em relação aos
resíduos gerados pela produção de seus produtos e/ou serviços, tais como: as
sobras de madeiras, sobras de alimentos, pó de serragem, além da destinação dos
materiais que acompanham os seus produtos, como por exemplo, as embalagens
plásticas, papelão, latas, retalhos, materiais descartáveis.
Valle (1996, p. 29) cita que se a sociedade humana mantiver seu atual estilo
de vida e os países em desenvolvimento crescerem e aumentarem seus padrões de
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consumo de produtos industrializados aos níveis dos países desenvolvidos, os


resíduos perigosos e os não perigosos continuarão a ser gerados em grandes
quantidades e necessitarão de técnicas mais eficientes para sua redução, destruição
e destinação final.
Grande parte das empresas analisadas também não busca verificar e exigir
ações ambientais dos seus fornecedores (Gráfico 4), os que têm essa preocupação,
levam em consideração somente algumas atitudes, tais como: certificação de
adequação ambiental quanto aos produtos que oferecem, utilizando-se desse
instrumento apenas como uma ressalva para implicações futuras de órgãos
fiscalizadores.
Como os produtos e serviços adquiridos pela organização interagem com o
meio ambiente e são aspectos ambientais de controle indireto da empresa, é
importante incluir critérios ambientais nos processos de seleção de produtos e
serviços de seus fornecedores. (BARBIERI, 2006)

Gráfico 4 – Preocupação com as ações ambientais dos fornecedores

Salienta-se a importância de que, no momento da assinatura de um


contratado para prestação de serviços ou fornecimento de insumos, a empresa
estabeleça critérios para escolha de determinado fornecedor, esses incluem:
informação com relação ao histórico do desempenho ambiental da fornecedora,
quais resíduos podem ser gerados pela atividade e/ou uso do produto, além de
indagar qual a natureza de qualquer substância química que possa ser utilizada pela
mesma.8)
Além da investigação das empresas que receberam a capacitação oferecida
pelo Sebrae/RR, foram visitados os órgãos fiscalizadores, onde pode-se constatar
que há uma falta de estrutura organizacional, principalmente em relação a pessoal e
logística, fato que segundo os mesmos, justifica a sua falta de efetividade e eficaz
quanto ao controle ambiental no âmbito das empresas.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES

Ao analisar os Programas de Gestão Ambiental promovidos pelo Sebrae/RR


para as micro e pequenas empresas de Boa Vista, buscando-se conhecer os
benefícios e/ou barreiras que as empresas obtiveram com a implantação da gestão
ambiental, verificou-se que não há preocupação das mesmas com a problemática
ambiental, o que torna um fator preocupante, ou até mesmo, primordial para que
estas operem em futuro próximo. Estas empresas devem procurar imediatamente
parceria para que possam adquirir conhecimentos para implantar a gestão
ambiental.
Vale ressaltar que os benefícios resultantes dessas ações são bastante
significativos para qualquer empresa, uma vez que minimizando os desperdícios, os
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pagamentos de multas e os custos dos produtos, a organização além de melhorar


seu desempenho ambiental, aumenta sua lucratividade.
Uma empresa pode perder sua posição competitiva se deixar de prestar
atenção às questões de cunho ambiental. Ao falhar neste tópico a empresa pode
fabricar produtos de menor qualidade, que futuramente podem ser rejeitados pelos
consumidores.
O Sebrae possui metodologias muito simples e fáceis de serem aplicadas às
empresas, tendo um foco bastante objetivo, possibilitando as empresas aumentar
sua rentabilidade/lucratividade, através da minimização de eventuais desperdícios.
Entretanto, estas metodologias não estão sendo aplicadas de forma eficaz, pois
conforme analisado mais de 80% dos empresários entrevistados que foram
capacitados nessas metodologias repassadas pelo Sebrae e seus parceiros, ainda
não conseguiram aplicar efetivamente esses conhecimentos em seus
empreendimentos.
Acredita-se que se o Sebrae realizasse campanhas de sensibilização para a
classe empresarial, mostrando que a questão ambiental pode contribuir no “caixa”
da empresa, aumentando os lucros em virtude das ações ambientais ou diminuindo
os lucros com pagamentos de multas, desperdícios, não aproveitamento de
resíduos, entre outros, promovesse mais efetividade as capacitações.
O Sebrae também necessita realizar mais ações no sentido de estimular os
administradores e empresários locais a repensar sua cultura de gestão para que
possam se adaptar e acompanhar os novos cenários socioeconômicos que a
sociedade vem enfrentando apesar da gestão ambiental ser uma questão aberta e
possibilite que cada empresa encontre o melhor caminho a seguir.
No entanto, para que os empresários possam buscar a sua excelência em
gestão ambiental é necessário que envolvam seus stakeholders, como seus
fornecedores, seus clientes e principalmente seus colaboradores, pois a
preocupação com a qualidade deve ser disseminada em todos os níveis hierárquicos
e funções, dessa forma a gestão ambiental torna-se mais eficaz, sendo o maior
diferencial para sucesso na implantação desse modelo de gestão.
Durante as visitas técnicas muitas empresas alegaram, que acreditam não
causar nenhum impacto ao meio ambiente, entretanto é inquestionável que em
todos os setores das empresas há algum impacto ambiental seja ele expressivo ou
não.
Esses problemas poderiam ser reduzidos ou até mesmos eliminados, através
de algumas ações, tais como: conhecer ou reconhecer quais impactos seus
empreendimentos causam ao meio ambiente; saber quais os benefícios advindo de
ações ambientais praticadas pelas empresas; estudar a viabilidade de melhorias da
manutenção das máquinas; treinar o pessoal; realizar manutenções elétricas;
elaborar manuais de instruções de uso das máquinas; monitorar constantemente o
consumo de energia e água; treinar o pessoal para o uso eficiente dos
equipamentos; fazer coletas seletivas e destinar os resíduos para reciclagem, para
uso energético ou para formas mais adequadas.
Através destas análises de aspectos e impactos ambientais as empresas
poderão gerar melhorias de produtividade para empresas, através da minimização
de desperdícios, proporcionando um aumento de rentabilidade/lucratividade. Com
isso, pode-se afirmar que a preocupação com a variável ambiental é irreversível,
exigindo-se das empresas um comportamento cada vez mais ético, responsável e
especializado.
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Entretanto, há empresas que não visam oportunidades através desta forma,


somente se forem pressionadas pela sociedade ou houver alguma exigência. Esses
órgãos precisam realizar um cronograma de ações, para que possam realizar uma
fiscalização e um monitoramento mais eficaz, apesar do quantitativo ser inferior,
acredita-se que um planejamento pode ajudar a melhorar esta situação.
Enfim, o resultado da pesquisa demonstrou que é preciso ter pressa quanto a
problemática ambiental, pois dificuldades financeiras não justifica tal adiamento, pois
as economias de matérias-primas, água e energia, quase sempre alcançadas
através da implantação de programas de gestão ambiental, resultam em expressivas
reduções nos custos operacionais da empresa.

REFERÊNCIAS

ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Sistemas de


gestão ambiental: especificação e diretrizes para uso. NBR ISO 14.001. Rio de
Janeiro, 2004.
______. Sistemas de gestão ambiental: diretrizes gerais sobre princípios, sistemas
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ANDRADE, R.O.B.; TACHIZAWA, T.; CARVALHO, A.B. Gestão ambiental: enfoque
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Books, 2002.
ASSUMPÇÃO, Luiz Fernando Joly. Sistema de gestão ambiental: manual prático
para implementação de SGA e certificação ISO 14.001. Curitiba: Juruá, 2006.
BARBIERI, José Carlos. Gestão ambiental empresarial. São Paulo: Saraiva, 2006.
BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). Resolução Conama
001 de 23 jan. 1986: estabelece as definições, as responsabilidades, os critérios
básicos e as diretrizes gerais para uso e implementação da Avaliação de Impacto
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