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CENTRO UNIVERSITÁRIO MAURÍCIO DE NASSAU –UNINASSAU- PARNAÍBA

SOCIEDADE DE ENSINO SUPERIOR DO PIAUÍ – SESPI


CURSO DE FISIOTERAPIA

ANTONIO MARIA SILVA DE ASSIS SOBRINHO

A INTERVENÇÃO FISIOTERAPÊUTICA NA PREVENÇÃO DAS


COMPLICAÇÕES DA SÍNDROME DO IMOBILISMO EM PACIENTE CRÍTICO
ADULTO JOVEM, VÍTIMA DE TRAUMATISMO CRÂNIO ENCEFÁLICO

PARNAÍBA –PI
2017
ANTONIO MARIA SILVA DE ASSIS SOBRINHO 1

A INTERVENÇÃO FISIOTERAPÊUTICA NA PREVENÇÃO DAS


COMPLICAÇÕES DA SÍNDROME DO IMOBILISMO EM PACIENTE
CRÍTICO ADULTO JOVEM, VÍTIMA DE TRAUMATISMO CRÂNIO
ENCEFÁLICO

Trabalho de Conclusão de curso


apresentado ao curso de Bacharelado
em Fisioterapia da Faculdade
Mauricio de Nassau, como requisito
parcial para obtenção do grau de
Bacharel em Fisioterapia.

Orientadora: Prof. Me. Jéssica do


Amaral Rodrigues

PARNAÍBA – PI
2017
ANTONIO MARIA SILVA DE ASSIS SOBRINHO

A INTERVENÇÃO FISIOTERAPÊUTICA NA PREVENÇÃO DAS


COMPLICAÇÕES DA SÍNDROME DO IMOBILISMO EM PACIENTE
CRÍTICO ADULTO JOVEM, VÍTIMA DE TRAUMATISMO CRÂNIO
ENCEFÁLICO

Trabalho de Conclusão de curso


apresentado ao curso de
Bacharelado em Fisioterapia da
Faculdade Mauricio de Nassau,
como requisito parcial para
obtenção do grau de Bacharel em
Fisioterapia.

Orientadora: Prof. Me. Jéssica do


Amaral Rodrigues

APROVADA EM: / /

BANCA EXAMINADORA:

Jéssica do Amaral Rodrigues


Orientadora

Nome do Professor Examinador


Titulação do Examinador

Nome do Professor Examinador


Titulação do Examinador

PARNAÍBA - PI
2017
Aos meus pais e familiares que me apoiaram ao longo da minha vida ajudando e estimulando
no meu crescimento como pessoa, quanto futuro profissional.
LISTA DE QUADROS

Quadro 1
Quadro 2
SUMÁRIO

RESUMO
ABSTRACT
1 Introdução........................................................................................................ 08
2. Objetivos.......................................................................................................... 10
2.1 Geral............................................................................................................... 10
2.2 Específicos..................................................................................................... 10
3 Metodologia..................................................................................................... 11
4 Referencial Teórico.......................................................................................... 12
4.1 Traumatismo Crânio Encefálico.................................................................... 12
4.1.1 Definição..................................................................................................... 12
4.1.2 Classificação............................................................................................... 12
4.1.3 Epidemiologia............................................................................................. 13
4.1.4 Mecanismo do Trauma.............................................................................. 13
4.1.5 Quadro Clínico........................................................................................... 14
4.1.6 Avaliação .................................................................................................. 14
4.2 Síndrome do Imobilismo em Paciente Crítico.............................................. 15
4.2.1 Conceito...................................................................................................... 16
4.2.2 Efeitos da Imobilização.............................................................................. 16
4.3 Mobilização Precoce...................................................................................... 17
4.3.1 Osteocinemática.......................................................................................... 17
4.3.2 Manobras Motoras...................................................................................... 17
4.3.3 Alongamento............................................................................................... 18
4.3.4 Prevenção de Úlceras por Pressão................................................................ 18
5 RESULTADOS ................................................................................................ 19
6 DISCUSSÃO..................................................................................................... 23
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................ 26
REFERÊNCIAS 27
RESUMO

O traumatismo crânio encefálico (TCE) hoje é considerado um grande


problema de saúde, uma vez que é responsável por um grande número de internações e
mortes no País. Sendo mais frequente em pessoas do sexo masculino e sua grande
incidência em adultos jovens e nos extremos das faixas etárias. Geralmente pessoas
acometidas com TCE tendem a passar por um período prolongado de internação
hospitalar, assim então estar propenso a sofrer os efeitos da imobilidade. Considera-se
que de sete a dez dias seja um período de repouso, de doze a quinze dias já é
considerada imobilização e a partir de quinze dias é considerado decúbito de longa
duração. Assim o objetivo do presente estudo foi realizar uma revisão bibliográfica
sobre a intervenção fisioterapêutica na prevenção das complicações da síndrome do
imobilismo em paciente crítico adulto jovem, vítima de TCE. Para isso, realizou-se um
levantamento bibliográfico de caráter exploratório, analisando artigos armazenados
nas bases de dados: Lilac’s, Pubmed, Scielo e Bireme, utilizando as palavras chaves:
síndrome do imobilismo, traumatismo crânio encefálico, fisioterapia intensiva,
paciente crítico, prevenção e tendo como critério de inclusão, artigos publicados na
língua portuguesa entre os anos de 2005 a 2015 e que se enquadraram na temática
proposta pelo estudo, foram excluídos os artigos publicado em idiomas diferente da
língua portuguesa e que ultrapassaram os 11 anos de data da publicação. Os programas
fisioterapêuticos supracitados apontam resultados como redução do tempo de
desmame, dias de internação na UTI e hospital e custos as instituições, além de
reversão da fraqueza muscular e retorno mais rápido a funcionalidade, diminuindo
complicações e evitando a invalidez. Seu uso tem boa aceitação por parte dos
pacientes, sendo seguro e eficaz, podendo minimizar os efeitos deletérios da
imobilidade e contribuindo para melhora na autoestima e qualidade de vida.

PALAVRAS-CHAVE: Fisioterapia. TCE. Mobilização Precoce. UTI


ABSTRACT

The skull trauma (CET) is now considered a major health problem, since it is
responsible for a large number of hospitalizations and deaths in the country. Being
more frequent in males and their high incidence in young adults and at the extremes of
age ranges. Usually people suffering with CET tend to go through a prolonged period
of hospitalization, so then be prone to suffer the effects of immobility. It is considered
that seven to ten days is a period of rest, from twelve to fifteen days is already
considered and from 15 days is considered a supine of long duration. Thus the
objective of this study was to conduct a literature review about the physiotherapeutic
intervention in preventing complications of the syndrome of immobilization in
critically ill patients young adult, a victim of CET. For this reason, we carried out a
literature survey of exploratory nature, analysing articles stored in databases: Lilacs,
Pubmed, Scielo e Bireme, using the key words: syndrome of immobility, trauma to the
skull injury, physiotherapy intensive, critically ill patients, prevention and having as
inclusion criteria, articles published in the Portuguese language between the years of
2005 to 2015 and that fit the theme proposed by the study, were excluded articles
published in languages other than that of the Portuguese language and more than 11
years of publication date. The physical therapy programs listed above indicate results
such as reduction of the time of weaning, days of ICU and hospital costs and the
institutions, in addition to reverse the muscle weakness and a faster return to
functionality, reducing complications and avoiding the disability. Its use has good
acceptance by patients, being safe and effective, and may minimize the deleterious
effects of immobility and contributing to improvement in self-esteem and quality of
life.

KEYWORDS: Physical Therapy. CET. Early mobilization. ICU.


8

1 INTRODUÇÃO

Na sociedade moderna é evidente o crescente número de casos de pessoas vítimas de


acidentes que resultam em traumatismo crânio encefálico (TCE), sendo que este é responsável
pelas elevadas taxa de morbidades, mortes e que levam a um alto grau de incapacidade. Nos
Estados Unidos, segundo Marik, Varon e Trask são admitidos por ano, mais de 250 mil
pacientes com TCE e a cada ano ocorre óbito de aproximadamente 60 mil pacientes
decorrente deste tipo de trauma. Segundo Oliveira, Webinger e Luca (2005), o TCE
configura-se como as principais causas de óbitos e sequelas em pacientes multitraumatizado.
Dentre as principais causas estão os acidentes automobilístico (50%), as quedas (21%),
assaltos e agressões (12%) e esportes e recreações (10%). No Brasil, anualmente, cerca de
500.000 (quinhentos mil) pessoas necessitam de hospitalização em decorrência de
traumatismo craniano.
Segundo Melo, Silva e Moreira Jr (2004) em torno de 37% dos pacientes admitidos
em serviço de emergência são vítimas de trauma mecânico, e 40% dos óbitos por trauma de
pessoas entre 1 a 45 anos estão atribuídos ao TCE, e que a eficácia do atendimento está
relacionada com o tipo de trauma e a população atingida.
Visto isso, essas pessoas normalmente são admitidas ao setor de terapia intensiva e o
tempo de internação dependerá da intensidade e dos órgãos afetados pelo trauma. Os
pacientes que ficam muito tempo internado podem estar sujeitos a graves complicações tanto
pelo aparecimento de infecções bacteriana ou viral, e também pelo elevado tempo de
imobilização em leitos que pode levar a síndrome do imobilismo (ARAÚJO, BORGES,
2010).
A problemática em torno do tema abordado se deve ao fato de quanto mais tempo a
pessoa passa no leito imobilizado, poderá resultar em várias complicações a níveis sistêmicos,
ou seja, atingido vários órgãos e tecidos do corpo humano. E como a atuação da fisioterapia
poderá prevenir essas complicações? E como essas ações podem diminuir o tempo de
internação e os custos para sistema público de saúde?
As principais consequências da imobilização são definidas como comprometimento
funcional dos sistemas osteomusculares, tecido articular, tecido conjuntivo, sistema
respiratório, sistemas gastrointestinais, sistema metabólico, sistemas geniturinários e outros
mais, que irão contribuir para o prolongamento do tempo de internação (CARVALHO, 2013).
9

A fisioterapia para pacientes com síndrome do imobilismo tem sido indicada com o
objetivo de minimizar os efeitos das anomalias, incrementar a oxigenação, garantir ventilação
normal e reexpandir áreas atelectasiadas. Sua eficácia pode ser observada pela redução dos
efeitos da síndrome do imobilismo e pela melhora das funções orgânicas. Estudos
comprovaram a diminuição nas taxas de incidência com a implementação do serviço de
fisioterapia (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012).
Visto isso, a justificativa do presente estudo se dar pelo fato de ser um tema atual e
recorrente, além da tamanha importância do tema para saúde pública, devido o grande
impacto na saúde da população em geral, tendo notória importância tanto na morbidade
quanto na mortalidade. Cabe esclarecer que a delimitação ao paciente crítico se deve pelo
fato, de se encontrarem em um grupo de potencial mais grave.
10

2 OBJETIVOS

2.1 GERAL

Analisar, por meio de uma revisão bibliográfica, a atuação fisioterapêutica na


síndrome do imobilismo em pacientes críticos vítimas de traumatismo craniano, bem como
suas repercussões na evolução do paciente

2.2 ESPECÍFICOS

 Avaliar as principais abordagens fisioterapêutica realizadas no paciente com TCE


visando prevenir e minimizar os efeitos do imobilismo;
 Identificar os principais efeitos dos protocolos fisioterapêuticos implementados em
pacientes com síndrome do imobilismo devido TCE.
 Apontar os recursos fisioterapêuticos contraindicados nesses pacientes.
11

3 METODOLOGIA

Para desenvolvimento do presente trabalho foi realizado uma pesquisa de revisão


bibliográfica. Segundo Hochman et al. (2005) a revisão bibliográfica trata-se de um trabalho
no qual se estabelece conclusões por meios de estudos já realizados anteriormente, ou seja, de
fontes primárias.
Lakatos e Marconi (2010) trazem que a bibliografia pertinente “oferece meios para
definir, resolver, não somente problemas já conhecidos, como também explorar novas áreas
onde os problemas não se cristalizaram suficientemente”, e finalizam com as palavras de
Trujillo (1974) dizendo que tal pesquisa tem por objetivo permitir ao cientista “o reforço
paralelo na análise de suas pesquisas ou a manipulação de suas informações”.
O embasamento teórico utilizado para sua estruturação foi extraído de artigos, livros e
monografias publicadas sobre o tema abordado na língua portuguesa e inglesa, nas bases de
dados: LILAC’S (Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências e Saúde), Pubmed,
Medline, Bireme, entre os anos de 2006 a 2016. Os descritores que foram utilizados são:
“TCE”, “imobilismo”, “mobilização precoce”, “TEC", “paralysis", “Early mobilization".
Foram selecionados artigos que se enquadraram com os objetivos proposto na
pesquisa, e excluídos os artigos que estiveram em outras línguas que não seja o português e
artigos que ultrapassarem a data de publicação superior a 11 anos.
12

4 REFERENCIAL TEÓRICO

4.1 Traumatismo crânio encefálico

4.1.1 Definição

O traumatismo crânio encefálico (TCE) hoje é considerado um grande problema de


saúde, uma vez que é responsável por um grande número de internações e mortes no país
(HORA, 2005). A maioria dos casos ocorre envolvendo pessoas sem mínimo conhecimento
de primeiros socorros e longe dos centros assistenciais, o que contribui para gravidade e
aumento do tempo de internação hospitalar e até mesmo para os quadros fatais.
De acordo com Canova et al., (2010), Brunner, Suddarth (2005), o traumatismo
cranioencefálico (TCE) é definido como qualquer agressão que acarreta lesão anatômica ou
comprometimento funcional do couro cabeludo, crânio, meninges ou encéfalo. A Brain Injury
Association – Associação de Lesão Cerebral (BIA) define traumatismo cranioencefálico
(TCE) como uma lesão ao cérebro, não degenerativa ou congênita, provocada por força física
externa. Vistos esses vários conceitos podemos dimensionar a importância do tratamento
eficaz que envolvem uma pessoa acometida com TCE.

4.1.2 Classificação

O traumatismo crânio encefálico é classificado de acordo com a magnitude do trauma


podendo ser classificado leve, moderado ou grave. Para esse estadiamento é utilizada a escala
de coma Glasgow para a avaliação dos níveis fisiológico da função cerebral. É classificado
como leve paciente com Glasgow 13 a 15, moderado, pessoas com que atinjam pontuação
inicial 9 a 12 e por fim é classificado paciente grave aqueles que atinjam Glasgow igual ou
inferior a 8 apresentando amnésia pós-traumática nas primeiras 24 horas e com perda de
consciência (AZEVEDO, 2011; BOECHAT, 2012).
Temos ainda a classificação de acordo com os achados físicos de acordo exames de
imagens e clínicos (CARVALHO, 2013):
13

A) Traumatismo de crânio fechado – apresenta fratura linear e sem ferimento aparente


na cabeça, as disfunções cerebrais estão relacionadas de acordo com o grau de mobilização do
cérebro na caixa craniana.
B) Fratura exposta de crânio – tipo de fratura muito grave na qual ocorre contato
direto do couro cabeludo com a massa cefálica, laceração de hemisfério cerebral e grande
desvio de massa.
C) TCE com afundamento – osso afundado ou comprimido que passa a lesar o
cérebro.
Para PLECAT (2004) existem dois tipos de lesões cranianas: lesão primária e
secundária.
Lesão cerebral primária é aquela resultante da lesão mecânica que ocorre no momento
do trauma, em decorrência do impacto. A lesão cerebral secundária não está diretamente
relacionada ao mecanismo de trauma; ela ocorre após o trauma inicial e é definida como lesão
neuronal decorrente da resposta local ou sistêmica à lesão inicial.
A assistência pré-hospitalar é determinante para que o paciente chegue com a vida ao
hospital, e ainda realizada de maneira bem-sucedida pode evitar várias sequelas que podem
levar o paciente a uma incapacidade.

4.1.3 Epidemiologia

As principais causas de TCE estão os acidentes automobilísticos, atropelamentos,


mergulho em águas rasas, agressões, quedas e projéteis de arma de fogo. Segundo Pires
(2006), nos países ocidentais, atualmente, o trauma consiste na primeira causa de morte entre
adultos jovens (15 aos 29 anos), e representa a terceira causa na população em geral.
Nasi (2005), afirma que nos Estados Unidos o TCE atinge uma incidência de
aproximadamente 100 casos por 100 mil habitantes/ano, o que resulta em 52 mil mortes e 70 a
90 mil pacientes com sequelas/ano. No Reino Unido, acontecem 150 mil TCEs por ano e as
sequelas estima-se que chegam em torno de 45/100 mil pacientes ao ano.
Segundo a organização mundial da saúde (OMS) anualmente cerca de 700 mil pessoas
morrem e 15 milhões ficam feridas. A cada 50 segundos uma pessoa morre e uma se fere a
cada 2 segundos em todo o mundo. Segundo NASI (2005) no Brasil não há dados específicos
sobre TCE, mas estima-se que cerca de 150 mil morem por ano. Sendo mais frequente em
pessoas do sexo masculino e sua grande incidência em adultos jovens e nos extremos das
14

faixas etárias. Para PHTLS (2004), o trauma ainda lidera a causa de mortes em todas as faixas
etárias. Crianças, adolescentes e jovens adultos o trauma é a principal causa de morte de modo
geral.

4.1.4 Mecanismo do Trauma

Segundo Black (1996), há três mecanismos de lesões que contribuem para o TCE:
Aceleração, desaceleração e deformação. Uma lesão por aceleração ocorre quando a cabeça
imóvel é atingida por um objeto em movimento. Já desaceleração acontece quando a cabeça
em movimento bate contra um objeto.
Nas lesões de aceleração e desaceleração não necessariamente ocorre o impacto entre
o crânio contra as estruturas externas. Como o encéfalo e caixa craniana possuem diferentes
densidades, respondem de forma desigual as forças inerciais. Assim em um eventual trauma
esses tipos de movimentação poderão levar a um rompimento das veias cerebrais que
desemborcam nos seios durais e laceração do parênquima cerebral. A deformação refere-se
às agressões resultantes do choque, em deformação e interrupção da integridade de parte do
corpo impactado (DA COSTA, 2014; SILVA, MAYNARD, CRUZ, 2010).
Segundo Nasi (2005), a lesão secundária acontece em outros locais do encéfalo por
complicações da lesão primária. A lesão secundária (hematoma, edema, hidrocefalia, resposta
inflamatória cerebral) é desencadeada pela lesão primária. Ocorrem por modificações
intracranianas ocasionadas por complicações do TCE. A lesão secundária tem origem da
isquemia, decorrente do desequilíbrio na oferta e consumo cerebral de oxigênio. No momento
da lesão, iniciam-se os processos fisiopatológicos que continuam a lesar o cérebro por horas,
dias e semanas após a agressão inicial.

4.1.5 Quadro Clinico

Alteração marcante no paciente vítima de TCE é a perca da consciência. Em casos que


ocorrem tumefação cerebral hemorragia e lesão axonal difusa (LAD) pode levar ao um coma
muito prolongado. (ROWLAND,1997). Diversos transtornos são adjuntos ao quadro de
paciente traumatizado como o transtorno muscular decorrente de choque cirúrgico na qual
caracteriza-se por: aumento do tônus (centro superiores do encéfalo), hipotonia, tremor, perca
15

do equilíbrio. Além disso, se tem outros achados como: transtornos de personalidade,


sensorial, visuais, paralisia de nervos cranianos, alteração postural.

4.1.6 Avaliação

Para Bortolotti (2008), a avaliação inicial é um método para identificar e corrigir de


imediato, problemas que ameaçam a vida dentro de um curto prazo. Portanto, as funções
vitais devem ser analisadas de forma rápida, eficiente e quando identificado o problema que
esteja ameaçando a vida do paciente, deve-se corrigir imediatamente para restabelecer suas
funções vitais.
Na avaliação inicial em pacientes com TCE são considerados os seguintes critérios:
A) Vias aéreas, respiração e ventilação, circulação, avaliação neurológica e exposição
do paciente/controle da hipotermia (A, B, C, D e E);
B) Sinais vitais: Pressão arterial (P.A.), respiração (R), pulso (P), temperatura (T),
Saturação (SpO2) e Glicemia (HGT).
Deve-se levar em conta que paciente TCE é politraumatizado e sempre deve levar
checar a presença de outra fratura presente em membros superiores e inferiores, abdominais e
torácicos.
Verificar quadro de hipóxia, hipotensão, hiper ou hipocapnia, além da pressão
intracraniana (PIC) para que se tenha uma rápida reversão do quadro e o tratamento adequado.

4.2 Síndrome do imobilismo em paciente crítico

Segundo a ASSOBRAFIR (Associação Brasileira de Fisioterapia Cardiorrespiratória e


Fisioterapia em Terapia Intensiva), a fisioterapia aplicada na Unidade de Terapia Intensiva
(UTI) tem uma visão geral do paciente, pois atua de maneira complexa no amplo
gerenciamento do funcionamento do sistema respiratório e de todas as atividades
correlacionadas com a otimização da função ventilatória. É fundamental que as vias aéreas
estejam sem secreção e os músculos respiratórios funcionem adequadamente. A Fisioterapia
auxilia na manutenção das funções vitais de diversos sistemas corporais, pois atua na
prevenção e/ou no tratamento das doenças cardiopulmonares, circulatórias e musculares,
reduzindo assim a chance de possíveis complicações clínicas.
16

O Fisioterapeuta também possui o objetivo de trabalhar a força dos músculos,


diminuírem a retração de tendões e evitar os vícios posturais que podem provocar contraturas
e úlceras de pressão (SILVA, OLIVEIRA, 2015). A Resolução – RDC Nº 07 de 24 de
fevereiro de 2010, regulamenta a obrigatoriedade do Fisioterapeuta, com título de especialista,
inserido em uma equipe multidisciplinar, dentro de uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Dispõe sobre os requisitos mínimos para funcionamento de Unidades de Terapia Intensiva
(UTI) e dá outras providências.

Art. 13 Deve ser formalmente designado um Responsável Técnico médico, um


enfermeiro coordenador da equipe de enfermagem e um fisioterapeuta coordenador da equipe
de fisioterapia, assim como seus respectivos substitutos.
4.2.1 Conceito

A Síndrome da Imobilidade Prolongada (SIP) é um conjunto de disfunções que tem


por mecanismo inicial, a manutenção da postura no leito do indivíduo acamado por um
período prolongado (PRESTO & DAMÁZIO, 2009). Considera-se que de sete a dez dias seja
um período de repouso, de doze a quinze dias já é considerada imobilização e a partir de
quinze dias é considerado decúbito de longa duração (KANOBEL, 2004).
A fisioterapia no paciente crítico é fundamental para manutenção e prevenção de
vários aspectos da fisiologia em virtude da dependência total ou parcial dos pacientes que
podem culminar na chamada Síndrome do Imobilismo. Na Síndrome há diminuição do
trofismo muscular, emagrecimento, retração de tendões e vícios posturais que podem
provocar contrações permanentes e no dorso (nas costas) as chamadas escaras (PEDROSO et
al, 2010).

4.2.2 Efeitos Da Imobilização

Os efeitos da imobilização são definidos como uma redução na capacidade funcional


dos sistemas osteomusculares, tecido conjuntivo, tecido articular, sistema respiratório, sistema
metabólico, sistemas gastrointestinais, sistemas geniturinários entre outros, o que contribui
para o prolongamento da internação (MACHADO, NUNES, REZENDE, 2016).
Para cada semana de imobilização completa no leito um paciente pode perder de 10 a
20% (dez a vinte por cento) de seu nível inicial de força muscular. Por volta de quatro
semanas, 50% (cinquenta por cento) da força inicial pode estar perdida (JÚNIOR, 2013).
17

Segundo Silveira et al (2007) relata que a imobilização é um recurso utilizado para


proteger as estruturas danificadas, de um determinado segmento, mas diante da falta de
estimulação física, ocorre uma deficiência na remodelação natural dos tecidos, pois a
imobilização rígida e a amplitude de movimento reduzida levam a alterações teciduais
adversas.
A imobilidade em pacientes hospitalizados tem impacto negativo em vários sistemas
orgânicos, sendo que as complicações pulmonares são as mais prejudiciais e se apresentam na
forma de atelectasia, hipoxemia, embolia pulmonar e pneumonia, causando aumento do
tempo de internação e à mortalidade.
O sistema musculoesquelético é o mais acometido pelo imobilismo, podendo levar a
osteoporose (osteopenia), fibrose, contraturas, atrofias, diminuição da força muscular e
redução de resistência muscular.

4.3 Mobilização Precoce

O movimento é uma característica fundamental de toda a vida animal e meio pelo qual
o organismo se adapta às exigências exercidas sobre ele pelo ambiente no qual vive
(GARDINER, 1995). A mobilização precoce na UTI tem como objetivo manter a amplitude
de movimento articular, prevenir ou minimizar grandes retrações musculares e manter ou
aumentar a força muscular e a função física do paciente reduzindo as complicações acima
citadas, sendo consideradas como elemento fundamental na maioria das condutas de
assistência da fisioterapia em pacientes internados em uma UTI, incluindo uma variedade de
exercícios terapêuticos que previnem fraquezas musculares, deformidades e ainda reduzem a
utilização de recursos de assistência durante a hospitalização (GLAESER et al., 2012).
A utilização da Cinesioterapia motora em pacientes imobilizados, restrito ao leito de
uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) por tempo prolongado, tem como objetivo
minimizar os efeitos negativos do imobilismo, tempo de internação e melhorar a qualidade de
vida do paciente. Entre tanto para indicação dessa técnica é necessários critérios muito
rigorosos para tal aplicação, uma vez que necessita de monitorização constante e avaliação
para que se trace os objetivos e condutas (ENGEL et al, 2013).

4.3.1 Osteocinemática
18

O fisioterapeuta move a articulação dentro da amplitude de movimento, normalmente


é feito para a manutenção do movimento completo ou para determinar a natureza da
resistência no final da amplitude (LIPPERT, 2000).

4.3.2 Manobras motoras

Manobras motoras intensivas: reabilitação da musculatura em pacientes inconscientes


e conscientes sem estímulos voluntários através de eletroestimulação (FES), cinesioterapia.
Atuação em escaras de decúbito através do posicionamento do leito, uso de laser terapêutico e
manipulação miofascial (quando instalada a lesão). Indicações de órteses para minimização de
distúrbios osteoarticulares (KNOBEL, 2002).

4.3.3 Alongamento

O alongamento estático é uma técnica que consiste em alongar passivamente um


segmento à máxima amplitude possível, utilizando força manual ou mecânica e mantendo-o
por um período específico de tempo. Esse tipo de exercício seria responsável pela redução da
resistência muscular, devido ao aumento da viscoelasticidade da unidade motora, resultando
no aumento do comprimento muscular (ALMEIDA, et al., 2009).O posicionamento
ortostático vem sendo cada vez mais encorajado dentro do ambiente da UTI, apesar das
inúmeras resistências dos profissionais (FRANÇA et al, 2012).

4.3.4 Prevenção de Úlceras por Pressão

Na prevenção das úlceras de pressão, o fisioterapeuta e os outros integrantes da equipe


multidisciplinar de saúde devem atuar juntos. O posicionamento adequado do paciente no
leito, fisiologicamente, facilita o transporte de oxigênio através do aumento da relação
ventilação/perfusão (V/Q), aumenta os volumes pulmonares, reduz o trabalho respiratório,
diminui o trabalho cardíaco e aumenta o clearance mucociliar.
Deve ser elaborado protocolo que aborde a inspeção diária da pele, higienização,
manutenção da oleosidade da pele, vestuário bem adaptado, ausência de objetos e alimentação
no leito, lençóis sempre esticados, colchões adaptados e transferência de decúbito.
19

5 RESULTADOS

Utilizando as palavras-chave nos bancos de dados incluídos no estudo, obteve-se um


total de 35 artigos. Estes foram analisados por meio da leitura de seus títulos, sendo
removidos 20 artigos, o que resultou em 15 artigos para a leitura dos resumos. Após esta fase
de análise 04 artigos foram excluídos, pois estavam foram do período cronológico
determinado, critério definido como fator de exclusão do estudo. Dessa forma, 11 artigos
foram lidos na íntegra de forma minuciosa, e baseado nos critérios de inclusão e exclusão,
resultaram 09 artigos que atendiam as necessidades da pesquisa (QUADRO 1).
Os artigos que atendiam os critérios de inclusão que foram previamente estabelecidos,
preenchem quadro 2, este apresenta um panorama desses trabalhos, definindo a data de
publicação, nome dos autores, número de participantes presentes na pesquisa, idades dos
participantes incluídos no trabalho, método ou o protocolo de atendimento utilizado pelos
autores e por fim, é trago os resultados obtidos e suas respectivas conclusões.

Quadro 1. Resultado da busca de dados nas bases de dados de acordo com os critérios de
exclusão.

Bases de Dados Títulos Resumo Artigos


Total Aceitos Total Aceitos Total Aceitos
Scielo 0 02 02 01 0 01
4 1
Lilacs 2 07 07 05 0 03
1 5
Pubmed 0 05 05 04 0 03
7 4
Pedro 1 05 05 03 0 02
0 3

Apesar de muitos autores elucidarem na literatura sobre a importância do papel da


fisioterapia como tratamento para a síndrome do imobilismo dentro da UTI, dando ênfase nos
20

seus benefícios, encontra-se pouco sobre como a fisioterapia pode atuar em benefício dos
pacientes que sofreram Trauma Cranioencefálico (TCE).

Quadro 2 – Artigos utilizados na discussão do estudo

Autor – Título da Tipo de Objetivo da Pesquisa Conclusão


Ano Pesquisa Pesquisa
Morais et Mobilização Revisão de Identificar os efeitos e A mobilização precoce
al, 2011 precoce em Literatura as repercussões da em pacientes críticos gera
pacientes mobilização precoce em benefícios físicos,
críticos pacientes críticos na psicológicos, evita riscos
reabilitação e no tempo gerados pela
de permanência hospitalização
da internação prolongada, acelerando a
recuperação e reduzindo a
incidência sobre
complicações pulmonares
e musculoesqueléticas.
Mais estudos
ainda são necessários
sobre protocolos para o
procedimento e quais os
efeitos causados.
Gentile et Condutas no Revisão de Rever na literatura dos Apesar do objetivo central
al, 2011 paciente com Literatura últimos 10 anos, do tratamento do TCE ser
trauma referente às condutas evitar lesões secundárias
cranioencefálico mais adequadas em através do controle
TCE. rigoroso da hipotensão e
da hipóxia cerebral com
monitoramento da PIC e
do fluxo sanguíneo
cerebral (FSC), devem ser
considerar outras
condutas, que apresentam
altos índices de
recomendação por
inúmeros estudos e
protocolos para o paciente
traumatizado, com
finalidade de reduzir ao
máximo as sequelas do
trauma craniano,
melhorando a sobrevida e
qualidade de vida dos
pacientes.
Baia et al, A reabilitação Estudo de caso Relatar a evolução A reabilitação
2012 fisioterapêutica fisioterapêutica de um fisioterapêutica em
no traumatismo paciente vítima de TCE pacientes
crânio encefálico: politraumatizados
estudo de caso expressa grande
contribuição para vítimas
de TCE, otimizando as
21

atividades de vida destes


pacientes.
Baron, Fisioterapia Revisão Revisar as publicações Os programas de
Carvalho e motora na integrativa de científicas sobre fisioterapia motora são
Cardoso, unidade de terapia literatura fisioterapia motora e efetivos na reversão da
2016 intensiva: revisão seus efeitos quando fraqueza muscular,
integrativa aplicada em pacientes retorno mais rápido a
internados em unidade funcionalidade, redução
de terapia intensiva, do tempo de desmame,
analisando a dias de internação e
metodologia empregada custos, sendo viáveis e
nesses estudos e seus seguros.
resultados.
Silva et al, Efeitos do Estudo Verificar os efeitos do Apesar do ortostatismo
2016 ortostatismo descritivo, do ortostatismo passivo passivo, por meio do uso
passivo sobre tipo série de sobre as variáveis da prancha ortostática ter
variáveis casos. cardiopulmonares em influenciado as variáveis
cardiopulmonares pacientes vítimas de cardiopulmonares, não
em pacientes Traumatismo causou instabilidade
vítimas de Cranioencefálico (TCE). nestas. Evidenciando-se,
traumatismo assim, como uma
cranioencefálico estratégia de mobilidade
precoce segura e viável no
ambiente de cuidados
intensivos.
Machado, Intervenções Revisão Discorrer as diferentes As intervenções
Nunes e fisioterapêuticas bibliográfica intervenções fisioterapêuticas, relatadas
Rezende, para mobilizar fisioterapêuticas que vão nos estudos anteriores,
2016 precocemente os possibilitar a para mobilizar
pacientes mobilização precoce dos precocemente os
internados em pacientes internados nas pacientes internados são:
Unidades de UTI’s. prancha ortostática;
Terapia Intensiva: alongamento passivo nos
estudo de revisão quatro membros (4MM);
mobilização passiva;
deambulação; exercícios
de coordenação com a
bola, treino de equilíbrio
Júnior, A importância da Revisão de Verificar na literatura, a A mobilização precoce é
2013 mobilização literatura importância da um procedimento seguro
precoce em mobilização precoce em e viável, importante por
pacientes pacientes internados na apresentar resultados
internados na unidade de terapia favoráveis na prevenção
unidade de terapia intensiva da fraqueza muscular
intensiva (UTI): generalizada adquirida
revisão de pelo paciente crítico,
literatura reduzindo o tempo na
ventilação mecânica e
prevenindo limitações
funcionais decorrentes do
imobilismo.
Silva, Efeitos da Revisão de Rever a literatura Apesar da escassez de
Maynard e fisioterapia literatura relacionada ao uso da estudos e da diversidade
Cruz, 2010 motora em cinesioterapia em metodológica dos estudos
22

pacientes críticos: pacientes internados em encontrados


revisão de unidades de terapia demonstrando o uso da
literatura intensiva. cinesioterapia como
recurso terapêutico, o seu
uso, inclusive
precocemente parece uma
alternativa à prevenção e
reversão da fraqueza
muscular adquirida na
unidade de terapia
intensiva.
Pedroso et Efeitos do Pesquisa de Relatar os efeitos da O estudo demonstrou a
al, 2010 treinamento campo aplicação do importância do
muscular treinamento muscular treinamento muscular em
esquelético em esquelético em dois pacientes críticos, para
pacientes pacientes internados em minimizar os distúrbios
submetidos à unidade de terapia musculoesqueléticos
ventilação intensiva. devido ao repouso
mecânica prolongado.
prolongada
23

6 DISCUSSÃO

Conforme Silva, Maynard e Cruz (2010) a mobilização precoce compreende os


exercícios motores na cama como, por exemplo, controle de tronco, os exercícios passivos,
ativos, ativo-assistido e resistidos, sedestação, a utilização do cicloergômetro tanto para
fortalecimento de membro superior quanto membro inferior, ortostatismo, mudanças para
cadeira, eletroestimulação e deambulação destes pacientes internados na Unidade de Terapia
Intensiva. Não há melhor forma de prevenir atrofias como atividades de contração muscular e
pacientes críticos muitas vezes não possuem a capacidade de atingir a contração voluntária
(GOOSELINK, 2006).
O estudo de Silva et al (2016) consistiu em um programa de reabilitação fisioterápico
na UTI iniciou durante as primeiras 24 horas do TCE até a alta e consistiu de posicionamento
apropriado, medidas de prevenção, exercícios para amplitude de movimento (AM),
alongamentos, drenagem postural, vibração, percussão e exercícios respiratórios. A
pneumonia, atelectasia, anemia e meningite foram as complicações mais frequentes durante o
programa. Os pacientes foram avaliados na admissão e na alta e, os pesquisadores concluíram
que a reabilitação tem papel fundamental na recuperação de pacientes com TCE, com redução
na incidência de complicações e melhora nos resultados funcionais e níveis de invalidez.
Observou-se que a medida que aumenta o número de complicações no paciente, ocorre uma
piora nos níveis funcionais e de invalidez.
Gentile et al (2011) tiveram como objetivo do estudo definir e atualizar protocolos de
atendimento a vítimas de trauma cranioencefálico na urgência médica. Após a estabilização
do paciente pela equipe, o fisioterapeuta pode se utilizar de técnicas de mobilização passiva,
que devem evoluir o mais rápido possível para mobilizações ativas, se mostra fundamental na
redução do tempo de imobilização no leito. Destaca ainda que a mobilização precoce diminui
24

a incidência de Trombose Venosa Profunda (TVP) e tromboembolismo, além de permitir


melhor oxigenação e nutrição dos órgãos internos.
Baia et al (2012) descreveram um estudo de caso com paciente do sexo masculino, 21
anos, politraumatizado (traumatismo torácico fechado e TCE). Os objetivos fisioterapêuticos
foram: analgesia, ganho de amplitude de movimento (ADM), fortalecimento da musculatura
dos membros superiores e inferiores, trabalho proprioceptivo, ganho de equilíbrio, melhora da
marcha, treino de transferência, reexpansão pulmonar e treinamento da musculatura
respiratória. Após as condutas fisioterapêuticas o paciente foi reavaliado e apresentou apenas
diminuição de força para abdução do ombro esquerdo e hiporreflexia de calcâneo -plantar
direito e esquerdo. Mostrou-se cooperativo e orientado durante todo o período de tratamento,
evoluiu com ausência da dor, ganho da ADM, exceto no braço esquerdo devido uma má
consolidação óssea, melhora do equilíbrio, marcha e transferência de decúbito dorsal
(decúbito lateral esquerdo para decúbito ventral), voltando assim a realizar todas as suas
atividades de vida diária.
Baron, Carvalho e Cardoso (2016) realizaram uma revisão integrativa da literatura e
constataram que as técnicas de cinesioterapia, mobilização precoce, utilização de
cicloergômetro, prancha ortostática e eletroestimulação como recursos importantes na
recuperação do paciente crítico. Os autores concluíram que os programas de fisioterapia
motora são efetivos na reversão da fraqueza muscular, retorno mais rápido a funcionalidade,
redução do tempo de desmame, dias de internação e custos, sendo viáveis e seguros.
Segundo Cavenaghi (2005) o emprego de exercícios físicos promove implicações
fisiológicas como o acréscimo do fluxo sanguíneo, o restabelecimento da distribuição de
oxigênio nos tecidos e modificações expressivas no sistema cardiovascular por conta do
aperfeiçoamento do sistema de transporte, extração e da utilização de O2, assim como os
benefícios respiratórios e psicológicos, onde há uma sensação de bem-estar, alta autoestima e
aumento na qualidade de vida.
Diversos trabalhos demonstram que a mobilização precoce de pacientes dentro da UTI
beneficia o status funcional e antecipa o processo de retorno à vida pré-internação (FRANÇA,
et al., 2009). Soares et al. (2010) evidenciam que a atividade física e a saída precoce do leito
de pacientes em estado crítico assumem papeis indispensáveis no reparo da função perdida.
Os autores ainda analisaram um tempo de permanência reduzido na UTI no grupo intervenção
quando comparados com outros autores que avaliaram apenas a estatística de pacientes
ventilados mecanicamente sem a intervenção do fisioterapeuta.
25

É de grande importância o desempenho do Fisioterapeuta na prevenção da Síndrome


do Imobilismo, porque, apenas utilizando os métodos de cinesioterapia, apropriadamente
recomendadas e, inserida no contexto de multidisciplinaridade, arquitetará a diferença na
evolução do paciente, prevenindo sequelas e permanência prolongada na Unidade de Terapia
Intensiva (MACHADO, NUNES E REZENDE, 2016).
O autor Júnior (2013) após realizar uma revisão da literatura chegou à conclusão que
existe prevalência elevada de fraqueza muscular durante o período de internação na UTI, que
repercute em até um ano após a alta hospitalar, a mobilização precoce em pacientes críticos
pode ser realizada diariamente empregando desde posicionamento funcional, exercícios
terapêuticos progressivos, sedestação com membros pendentes, ortostatismo, transferência do
leito para a poltrona, deambulação, até o uso de protocolos mais elaborados que empreguem
cicloergômetro e eletroestimulação; apresentando essas intervenções respostas positivas que
mantém o foco na funcionalidade e qualidade de vida no sujeito sob terapia intensiva.
Pedroso et al (2010) desenvolveu um estudo no qual o objetivo de relatar os efeitos da
aplicação do treinamento muscular esquelético em dois pacientes internados em unidade de
terapia intensiva. Após a avaliação inicial, foram aplicados exercícios passivos até o período
de desmame da ventilação. A partir desse período até a alta hospitalar foram aplicados
exercícios ativos, testes de força muscular e goniometria. Houve melhora da força muscular e
amplitude de movimento articular e o peso não sofreu redução importante, apesar da
desnutrição encontrada em ambos os casos. O estudo demonstrou a importância do
treinamento muscular em pacientes críticos, para minimizar os distúrbios musculoesqueléticos
devido ao repouso prolongado.
O trabalho desenvolvido por Morais et al (2011) afirma que entre os pacientes
criticamente internados, são citados com mais frequência os que possuem ou adquirem
doenças respiratórias. Os autores não relatam contraindicação para pacientes com apenas este
comprometimento, podendo ser feita a mobilização precoce com segurança. Pacientes
instáveis, queimados ou com grandes traumas devem ser observados criteriosamente e
selecionados para a conduta da mobilização precoce. O uso da sedação intensificada é a
questão mais comentada sobre contraindicações, porém não são relatados quais os tipos de
sedação e nem qual seria a dose para que isso seja uma barreira para a mobilização precoce.
Outras barreiras para tal conduta são a questão da taquicardia ou bradicardia, sinais de
desconforto respiratório, baixa saturação e aumento da pressão arterial média.
26

O Fisioterapeuta deve realizar uma avaliação diária para orientar-se na prescrição da


sua conduta fisioterapêutica sabendo que, frequentes modificações podem ocorrer para cada
paciente. A Cinesioterapia motora, adotada como conduta na prevenção da Síndrome da
Imobilidade Prolongada (SIP) traz resultados favoráveis para pacientes críticos, tais como a
volta mais rápida à funcionalidade, redução do tempo de desmame, menor tempo de
permanência na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e no hospital (BOECHAT et al, 2012).

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apesar da escassez de conteúdo, não obstante a diversidade metodológica dos


trabalhos selecionados, os quais evidenciam com nitidez o emprego da cinesioterapia motora
como recurso terapêutico, com resultados fortes quando empregada precocemente, sugestiona
uma alternativa sólida à prevenção da Síndrome da Imobilidade adquirida na Unidade de
Terapia Intensiva, entretanto, é necessário um maior aprofundamento na temática, utilizando
modelos pré-definidos de conduta fisioterapêutica, obtidos por meio de estudos
randomizados, controlados, com maior casuística e com melhor padronização para descrição e
comparação de diferentes protocolos de tratamento, socializando as informações técnicas para
melhorar a interatividade nos tratamento, trazendo novas metodologias, fundamentadas em
estudos reforçados e de acesso simples.
Após a alta da Unidade de Terapia Intensiva, os pacientes evidenciam incapacidades
que podem persistir por até um ano, sendo impossibilitados de regressar ao trabalho por conta
da fadiga persistente, fraqueza e a pobreza do status funcional. A Fisioterapia, por meio da
cinesioterapia motora, possui um potencial de reestabelecer a funcionalidade. A cinesioterapia
motora é estimada como um componente central na maioria dos planos de assistência da
Fisioterapia, com o objetivo de aperfeiçoar a funcionalidade física e diminuir as
incapacidades, investindo na readaptação do paciente ao seu meio e o pronto restabelecimento
de suas atividades da vida diária.

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