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29/08/2022 22:14 UNINTER

EMPREENDEDORISMO
AULA 2

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Prof. Paulo Fernando Cherubin

CONVERSA INICIAL

Esta aula se inicia abordando o tema de


identificação de oportunidades, pois esse é o ponto de

partida para iniciar o


processo empreendedor. O tema seguinte discute o conceito de valor para o

cliente, que é de grande importância para entender as necessidades do cliente e


sua decisão de
comprar ou não determinado bem ou serviço.

O valor para o cliente é trabalhado com


base no uso da ferramenta Canvas da Proposta de Valor,

devido a sua relevância,


facilidade de uso e apelo visual. Por meio do uso do Canvas, três dimensões

são
trabalhadas: o perfil do cliente, o mapa de valor do produto/serviço em questão
e o encaixe

entre ambos.

Os
objetivos desta aula são:

Proporcionar
ao aluno o entendimento do conceito oportunidade e sua relevância no processo

empreendedor.

Permitir
ao aluno compreender o conceito de valor para o cliente e sua importância no
que diz

respeito a atender as necessidades desse cliente.

Ensinar
o aluno a utilizar a ferramenta Canvas da Proposta de Valor para identificar e
analisar o

perfil do cliente.

Ensinar
o aluno a utilizar a ferramenta Canvas da Proposta de Valor para identificar e
analisar o

mapa de valor.

Ensinar
o aluno a utilizar a ferramenta Canvas da Proposta de Valor para analisar o
encaixe

entre o perfil do cliente e o mapa de valor.

TEMA 1 – IDENTIFICAÇÃO
DE OPORTUNIDADES

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Uma oportunidade é uma situação ou ocasião


favorável para a realização de algo. E é justamente

disso que empreendedores


estão em busca. Identificar uma oportunidade adequadamente e

conseguir atender
a mesma de modo economicamente viável é o que garante a lucratividade de um

empreendimento.

Mas como surgem as oportunidades? Surgem


das necessidades humanas, necessidades que

foram esquematizadas por Maslow


(2014) na sua famosa pirâmide da hierarquia de necessidades,

mostradas na Figura
1:

Figura 1 – Hierarquia de
necessidades de Maslow

Fonte:
Elaborado com base em Maslow, 2014.

Conforme a teoria de Maslow (2014), conforme


as necessidades da base são atendidas, o foco

do indivíduo passa para a camada


superior. Assim, enquanto as necessidades das camadas inferiores

estiverem
sendo atendidas, o foco do indivíduo passa a ser o atendimento das necessidades
das

camadas superiores.

Por exemplo, a necessidade sede é


satisfeita pelo consumo de água. O ser humano começou

satisfazendo essa
necessidade em fontes proporcionadas pela natureza e hoje boa parte da

humanidade possui água encanada em casa, conforme observa-se na Figura 2.

Figura
2 – Evolução do atendimento da necessidade sede

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Créditos: Ivan
Marjanovic/Shutterstock; VGstockstudio/Shutterstock.

Qual é o trabalho necessário para saciar a


sede? No caso do rio, é só chegar até ele e beber a

água. Mas, para isso, não é


possível se afastar muito do rio, caso contrário, um segundo trabalho

precisará
ser feito, que é se deslocar até o rio. Hoje a água chega na nossa casa porque
alguém

providenciou isso para nós.

A racionalidade humana sempre vai buscar o


jeito que exija menos esforço para atender uma

necessidade. Para isso, a


humanidade pôs em uso sua genialidade utilizando a inovação para criar

meios
para diminuir o esforço na busca da satisfação da sua necessidade.

Ou seja, em uma relação de custo-benefício,


se algum método de satisfazer uma necessidade

apresentar um benefício maior e


um custo menor, será adotado. Nessa busca, o homem inventou

ferramentas e
máquinas e transferiu o trabalho para outras pessoas de acordo com o sistema de

trocas.

No caso do pão, antigamente, ele era feito


em casa, depois passou-se a compra-lo na padaria,

pois ganhava-se tempo e o


custo pelo produto era menor. Todavia, recentemente, várias pessoas

passaram a
fazer pão em casa buscando um produto mais natural sem o uso de conservantes e
também por hobby (veja a Figura 3).

Figura
3 – Comparação entre fazer o pão em casa e comprar pronto

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Crédito: eldar
nurkovic/Shutterstock; Craft24/Shutterstock.

Quando as pessoas decidiram passar a


comprar o pão, criou-se a oportunidade para alguém
montar uma padaria e fazer
pão para as outras pessoas, vendendo esse produto. Por sua vez, quando

algumas
pessoas decidiram fazer seu próprio pão, deixaram de comprar o mesmo na
padaria, mas

criaram oportunidades para quem produz farinha, fermento e até


para quem faz vídeos no YouTube

ensinando a fazer pão.

Ainda seguindo esse exemplo, podemos observar três


necessidades sendo atendidas com essa

tarefa :

1. A
necessidade fisiológica da fome em si.

2. A
necessidade de segurança ao consumir um produto que não faça mal, pois a pessoa

acredita que os conservantes utilizados podem ser prejudiciais à saúde.

3. 
A
necessidade de realização fazendo você mesmo um pão, ou seja, a satisfação de
ver que se

é capaz de fazer um pão melhor do que o da padaria.

Olhando para esse exemplo, observa-se três necessidades


distintas, mas com as necessidades 2

e 3 ofuscadas pela necessidade 1. Seguindo


essa linha, o professor Clayton Christensen, da Harvard

Business School, em
suas aulas no curso de MBA, conta o caso de uma cadeia de restaurantes fast

food
que queria aumentar as vendas de milk-shake (Nobel, 2020). A empresa fez
uma pesquisa junto

aos clientes perguntando quais seriam as características ideais


de um milk-shake. Com as respostas

em mãos, fizeram as alterações no


produto, só que as vendas não aumentaram.

Ao estudar o problema de outra forma,


descobriram que os milk-shakes eram vendidos pela
manhã e, após
entrevistar alguns clientes, descobriram que o milk-shake estava sendo
consumido

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como café da manhã. Assim, não era o sabor ou a cremosidade que


importava tanto, mas a

praticidade de consumo e o fato de aplacar a fome até a


hora do almoço.

O que o caso mostra é que, além de atender


a necessidade da fome, que poderia até ser

atendida com alimentos mais


saudáveis, o milk-shake atendia a necessidade de fazer um lanche para

aguentar até o almoço enquanto o indivíduo se deslocava para o trabalho. E o


consumo do milk-

shake no carro permitia fazer isso apenas com uma mão e


sem sujar o carro e a roupa de trabalho

(ver Figura 4).

Figura 4 – Tomar um milk-shake


de café da manhã é prático

Crédito:
Fecundap stock/Shutterstock.

Esse caso do milk-shake ilustra o


conceito de job to be done (ou “trabalho a ser feito”)

apresentado por
Christensen. Em vez de procurar entender a necessidade do cliente tentando
caracterizar o mesmo demograficamente a partir de um perfil comum de
consumidor, o foco deve

ser a tarefa que o consumidor precisa realizar para


atender a necessidade. Nesse caso, pesou mais a
forma de se obter e consumir o
alimento do que um alimento que agradasse mais o consumidor.

Na lógica do “trabalho a ser feito”, o


consumidor precisa tomar duas decisões: (1) fazer ele

mesmo o trabalho ou
buscar auxílio e (2) ao buscar auxílio, que auxílio será buscado. Veja o
esquema
da Figura 5.

Figura 5 – Lógica do “trabalho


a ser feito”

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Como
exemplo, vamos imaginar uma pessoa que precisa ir à sua agência bancária. Como
essa
agência fica distante dez quadras da sua casa, o trabalho que essa pessoa
precisa fazer é se deslocar

essa distância. Esse deslocamento envolve algumas


opções (Figura 6):

Deslocar-se
a pé, o que não necessita da compra de nenhum bem ou serviço.

Deslocar-se
com auxílio de um produto (bicicleta ou carro próprio) ou serviço (ônibus,
táxi,
Uber etc.).

Figura 6 – Trabalho a ser feito para


deslocamento ao banco

Para a tomada dessas decisões, o cliente realizou


uma análise de valor, buscando a melhor

opção para ele naquele momento. Isso


significa que um dia ele pode ir caminhando para fazer um
exercício e
espairecer durante o trajeto. Noutro dia, ele pode resolver ir de carro, pois
além de ir ao
banco, ele precisará se deslocar pela cidade para fazer outras
coisas. E, em um outro dia, ele poderá ir

de Uber, pois, como é difícil


estacionar nos arredores do banco, não quer se aborrecer com isso.

TEMA
2 – VALOR PARA O CLIENTE

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Na lógica do “trabalho a ser feito”, o


consumidor tem algumas decisões a tomar na busca da

satisfação das suas


necessidades. Para ilustrar o valor para o cliente, vamos utilizar o produto
café na
situação de consumo no café da manhã, quando a pessoa tem o desejo de
beber um café logo cedo.

Vamos desconsiderar que ela vá comer algo, ficando


somente na bebida café. E como é dia útil, não
há muito tempo disponível, pois
precisa sair para trabalhar. Como essa bebida poderia ser obtida?

Veja o Quadro
1 para ajudar a responder a essa pergunta.

Quadro
1 – Formas, trabalho e tempo para obtenção da bebida café

Forma Trabalho Tempo

gasto

1.
Café coado Esquentar
água no fogão, colocar pó 16

manualmente de café no coador, passar o café num minutos


recipiente
apropriado.

2.
Cafeteira elétrica Colocar
pó de café e água na cafeteira 8

e aguardar. minutos

3.
Cafeteira expresso Ligar
a máquina e apertar o botão. 1,5

automática minutos

4.
Comprar pronto Pedir
o café, pagar e aguardar. 1,5

na cafeteria no local minutos


de trabalho

Todas
as formas levam à obtenção de um café (sem considerar as especificidades de um
café
coado ou um café expresso). Já o tempo para isso, que de uma certa forma
compõe a necessidade de

rapidez do processo, varia significativamente, em torno


de dez vezes entre a forma mais demorada e
a mais rápida.

Considerando o fator tempo, então, as opções


de fazer o café expresso em casa ou comprar
pronto na cafeteria são as mais
adequadas. Todavia, no caso da cafeteira elétrica e da cafeteira

expresso, há o
custo de aquisição das máquinas e o café comprado na cafeteria será mais caro,
pois o
preço tem que incluir o custo de operação da estrutura.

Nesse momento de decidir entre as quatro


formas de obter o café, entra o conceito de valor

para o cliente. Ou seja, a


decisão do cliente considerará o valor gerado para escolher uma das
alternativas.

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Mas o que é valor para o cliente? Para


Churchil e Peter (2000, p. 13), o “valor para o cliente é a
diferença entre as
percepções do cliente quanto aos benefícios da compra e uso dos produtos e

serviços e os custos em que eles incorrerão para obtê-los”.

Churchil e Peter (2000, p. 14) também


colocam que o conceito de valor “pressupõe que os
clientes que estejam
dispostos e sejam capazes de realizar trocas o farão quando (1) os benefícios

das trocas excederem os custos e (2) os produtos ou serviços oferecerem um


valor superior em
comparação com outras opções”. A equação do valor ficaria
como mostrada na Figura 7.

Figura 7 – Equação do valor

Fonte:
Churchil e Peter, 2000, p. 14.

Voltando
ao exemplo da bebida café, temos um comparativo de benefícios e custos de cada
forma no Quadro 2.

Quadro
2 – Custos e benefícios para a obtenção da bebida café

Forma Benefício Custo

1.
Café coado Café do “seu jeito”. Longo tempo

manualmente de preparo.

2. Cafeteira Curto tempo de preparo. Aquisição da

elétrica cafeteira.

3.
Cafeteira Curto tempo de preparo. Preço maior que

expresso Sabor do café expresso. o da cafeteira


automática elétrica.

4.
Comprar Sem tempo de preparo e não Valor unitário

pronto na precisa
arrumar nem limpar louça mais caro do
cafeteria no local e equipamentos utilizados. que fazer em

de trabalho casa.

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Os
benefícios e custos variam conforme as preferências de cada cliente. Por
exemplo, tem

pessoas que não gostam de café expresso, então mesmo tendo um


tempo de preparo menor, essas
pessoas preferirão o café coado. Para elas, o
quesito sabor é mais importante do que o quesito
tempo.

Churchil e Peter (2000, p. 15) apresentam


“quatro tipos comuns de benefícios que os clientes
podem receber da compra e
uso de produtos e serviços e quatro tipos de custos que podem tentar

reduzir”,
resumidos no Quadro 3.

Quadro
3 – Categorias de benefícios e custos

Benefícios Custos

Funcionais – Benefícios tangíveis Monetários – A quantidade

recebidos em bens e serviços. de dinheiro


que os clientes
pagam para receber produtos

e serviços.

Sociais – Respostas positivas que os Temporais – O tempo gasto

clientes recebem de outras pessoas por comprando


produtos e
comprar e usar determinados produtos serviços.

e
serviços.

Pessoais – Os bons sentimentos que o Psicológicos – A energia e

cliente experimenta pelas compras, tensão


mentais envolvidas em
propriedade e uso de produtos, ou pelo fazer compras e aceitar os

recebimento de serviços. riscos dos produtos.

Experimentais – O prazer sensorial que Comportamentais – A energia

os clientes obtêm com produtos e física que


os clientes
serviços. despedem para comprar

produtos e serviços.

Fonte: Elaborado com


base em Churchil
e Peter, 2000, p. 15.

Os conceitos de “trabalho a ser feito” e


valor para o cliente se complementam na medida que o

cliente vai escolher o


produto ou serviço para fazer o trabalho para ele que lhe trouxer mais valor
(veja esquema na Figura 8).

Figura 8 – Composição entre os


conceitos de “trabalho a ser feito” e
valor para o cliente
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Uma oportunidade de negócios se mostra na


medida que um produto/serviço cria valor para o

cliente, provendo mais


benefícios do que custos, quando o cliente decide adquirir e usar o
produto/serviço em questão. Mas como se cria valor para o cliente? Já temos o
conceito de valor
apresentado por Churchil e Peter (2000) e o
conceito de job to be done proposto por Christensen.

Mas, ainda assim, empreendedores podem


achar os dois conceitos um pouco abstratos e difíceis
de se colocar em prática.
Até por isso, muitas vezes, são ignorados na hora de se avaliar uma

oportunidade de negócio, aumentando a chance de insucesso do novo


empreendimento.

Para ajudar os futuros empreendedores


Alexander Osterwalder junto com alguns colaboradores

criou uma ferramenta para


análise e criação de valor, conhecida como Canvas da Proposta de Valor.
Essa
ferramenta se tornou muito popular por facilitar muito para os interessados a
lidar com essa

questão da geração de valor.

Essa ferramenta foi uma evolução de outra


ferramenta, que é o Business Model Generation – mais

conhecido no Brasil
por BMG Canvas, cujo propósito é ajudar a criar e a analisar modelos de

negócios. Isso é feito a partir de nove quadrantes que são os elementos que
compõem o modelo de
negócio, conforme pode ser observado na Figura 9.

Figura 9 – Business Model


Generation

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Fonte:
Osterwalder
et al., 2014, p. xvii.

A Figura 9 mostra a interseção das duas


ferramentas, na qual observa-se que os quadrantes

Proposta de Valor e Segmentos


de clientes do BMG Canvas tornaram-se a base do Canvas da

Proposta de Valor (representados


pelo quadrado e o círculo azul).

O Canvas da Proposta de Valor concebido


por Osterwalder et al. (2014, p. 61) possui dois lados.

O
lado representado pelo círculo refere-se ao perfil do cliente, no qual se
esclarece a compreensão
do cliente. O outro lado, representado pelo quadrado, é
o mapa de valor, no qual se descreve como a

empresa intenciona criar valor para


o cliente em questão. Quando a proposta de valor se ajusta ao

perfil do
cliente, se tem o encaixe de mercado. Veja a representação da ferramenta na Figura
10.

Figura 10 – Canvas da Proposta


de Valor

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Fonte:
Osterwalder et al., 2014, p. 61.

Osterwalder e seus colaboradores


usam o termo canvas (tela branca em português) para

denominar
suas ferramentas, pois se trata de ferramentas com forte apelo visual e
prático, de forma a

facilitar e otimizar o uso pelos interessados.

A ideia é ter tanto o Business Model


Canvas quanto o Canvas da Proposta de Valor impressos e

fixados em uma parede,


mesa ou até no chão, para que o conteúdo de cada elemento seja
preenchido
utilizando-se post-its, que podem ser realocados em outro quadrante ou
descartados

sem precisar desenhar a figura da ferramenta novamente.

Sem falar que isso também facilita o uso


da ferramenta em grupo, facilitando a discussão dos

temas por todos os


envolvidos. A ferramenta em uso ficaria como mostra a Figura 11.

Figura 11 – Canvas da Proposta


de Valor em uso com os post-its

Fonte:
Osterwalder et al., 2014, p. 147.
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A lógica de utilização da ferramenta


Canvas da Proposta de Valor começa pela análise do perfil

do cliente,
investigando o trabalho a ser feito por ele, suas dores e seus ganhos. Depois,
segue-se
para a análise do mapa de valor com a análise dos produtos e serviços
e dos ganhos proporcionados

por estes, assim como das dores aliviadas. A


terceira fase da utilização é a análise do encaixe, no qual

se verifica se
realmente os produtos e serviços criam valor para o cliente, proporcionando
ganhos e

aliviando as dores dele.

TEMA
3 – CANVAS DA PROPOSTA DE VALOR E O PERFIL DO
CLIENTE

Para
utilizar o Canvas da Proposta de Valor, começa-se entendendo o trabalho do
cliente. Para

Osterwalder et al. (2014, p. 12):

Os trabalhos descrevem
as coisas que seus clientes estão tentando realizar no trabalho ou na sua

vida.
Um trabalho do cliente podem ser tarefas que eles estão tentando executar e
concluir,

problemas que estão tentando resolver ou necessidades que estão


tentando satisfazer. Ao investigar
esses trabalhos, esteja certo de fazê-lo sob
a perspectiva do cliente, pois o que você considera

importante na sua
perspectiva pode não ser um trabalho que os clientes estão realmente tentando

fazer.

Figura 12 – Trabalho do
cliente

Ainda
para Osterwalder et al. (2014, p. 12), os trabalhos do cliente
podem ser classificados em

três tipos:

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Trabalhos
funcionais – são aquele nos quais o cliente tenta executar ou
completar uma tarefa

específica ou resolver um problema específico. Por


exemplo, cortar a grama, consumir refeições

mais saudáveis, escrever um


relatório ou auxiliar clientes na sua profissão.
Trabalhos
sociais – quando os clientes querem ter uma aparência melhor ou
obter poder e

status. Esse trabalho descreve como os clientes querem ser


percebidos pelos outros. Por

exemplo, como seguidor das últimas tendências como


consumidor ou competente como
profissional.

Trabalhos pessoais/emocionais – quando


os clientes buscam um estado emocional específico,

como se sentir bem ou


seguro. Por exemplo, buscando tranquilidade em relação aos

investimentos como
consumidor ou buscando a sensação de segurança no seu emprego, no
lado
profissional.

Outro aspecto do Canvas da


Proposta de Valor são as dores dos clientes, que, segundo
Osterwalder
et al. (2014, p. 14),

descrevem tudo o que incomoda seus clientes antes, durante


e depois de tentar fazer um

trabalho ou simplesmente os impede de fazer um


trabalho. As dores também descrevem riscos, isto

é, possíveis maus resultados,


relacionados à realização de um trabalho mal ou de forma alguma.

Figura 13 – Dores dos clientes

O Quadro 4 apresenta uma lista de


questões criadas pelos autores para ajudar a pensar e

identificar diferentes
dores potenciais para os clientes:

Quadro
4 – Questões para identificar dores potenciais

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Como seus clientes definem muito caro? Leva muito


tempo, custa

muito dinheiro, ou requer esforços substanciais?


O que faz com que seu cliente se sinta mal? Quais são
suas

frustrações, aborrecimentos ou coisas que lhes dão dor de cabeça?


A proposta de valor atual está atendendo adequadamente
seus

clientes? Está faltando alguma coisa? Algo não está funcionando bem?

Quais riscos seus clientes temem? Riscos financeiros,


sociais ou
técnicos? Ou algo que poderia dar errado preocupa eles?

O que está tirando o sono dos seus clientes acordados à


noite? Quais
são seus grandes problemas e preocupações?

Quais erros comuns seus clientes costumam cometer? Eles


estão

usando uma solução da maneira errada?


Quais obstáculos estão impedindo seus clientes de
reconhecer uma

proposta de valor? Existem custos antecipados de investimento,


uma
curva de aprendizado acentuada ou outros obstáculos que impedem a

adoção?

Fonte: Elaborado com


base em Osterwalder et al., 2014, p. 14.

Seguindo
para o próximo item, temos os ganhos dos clientes, que, para Osterwalder
et al.

(2014, p. 16),

descrevem os resultados
e os benefícios que seus clientes desejam. Alguns ganhos são

necessários,
esperados ou desejados pelos clientes, e alguns os surpreenderiam. Os ganhos
incluem

utilidade funcional, ganhos sociais, emoções positivas e economia de


custos.

Figura 14 – Ganhos dos clientes

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Osterwalder et al. (2014, p.


16) classificam os ganhos em quatro tipos em termos de resultados e

benefícios
para os clientes, conforme descritos no Quadro 5.

Quadro
5 – Descrição dos tipos de ganhos para o cliente

Tipo Descrição Exemplo

Ganhos São ganhos sem os quais uma A expectativa mais

necessários solução não


funcionaria. básica que temos
de
um smartphone

é que podemos
fazer uma ligação

com ele.

Ganhos Esses são ganhos relativamente Desde que a Apple

esperados básicos
que esperamos de uma lançou o iPhone,
  solução, mesmo que funcione sem esperamos que os

eles. telefones sejam


bem projetados e

com boa aparência.

Ganhos Esses são ganhos que vão além do Desejamos que os

desejados que
esperamos de uma solução, smartphones sejam
mas que gostaríamos de ter, se perfeitamente

pudéssemos. Esses
geralmente são integrados aos
ganhos que os clientes poderiam nossos outros

obter se você os perguntasse. dispositivos.

Ganhos São ganhos que vão além das Antes que a Apple

inesperados expectativas
e desejos dos clientes. trouxesse telas
Eles nem pensariam neles se você sensíveis ao toque,

perguntasse. ninguém realmente


pensava nelas como

parte de um

telefone.

Fonte: Elaborado com


base em Osterwalder et al., 2014, p. 16.

Da mesma forma, os autores formularam uma


lista de questões para ajudar a pensar em

diferentes tipos de ganhos potenciais


para os clientes quadro 6:

Quadro
6 – Questões para identificar ganhos potenciais para os clientes

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Quais economias fariam seus clientes felizes? Quais


economias em

termos de tempo, dinheiro e esforço eles valorizariam?


Quais níveis de qualidade eles esperam e o que eles
desejam mais ou

menos?
Como as propostas de valor atuais encantam seus clientes?
Quais

recursos específicos eles apreciam? Qual desempenho e qualidade eles

esperam?
O que facilitaria a vida ou o trabalho de seus clientes?
Poderia haver

uma curva de aprendizado mais plana, mais serviços ou custos


mais
baixos de propriedade?

Quais consequências sociais positivas seus clientes


desejam? O que os

faz parecer bons? O que aumenta seu poder ou status?


O que os clientes mais procuram? Eles estão procurando um
bom

design, garantias, características específicas ou mais?


Com o que os clientes sonham? O que eles desejam
alcançar, ou o

que seria um grande alívio para eles?

Como seus clientes medem o sucesso e o fracasso? Como


eles
medem o desempenho ou o custo?

O que aumentaria a probabilidade de seus clientes


adotarem uma
proposta de valor? Eles desejam menor custo, menos investimento,

menor risco ou melhor qualidade?

Fonte: Elaborado com


base em Osterwalder et al., 2014, p. 17.

TEMA 4 – CANVAS DA PROPOSTA DE VALOR E O


MAPA DE VALOR

O Mapa de Valor é a ferramenta que permite


identificar e analisar os ganhos proporcionados
pelos produtos e serviços da
empresa aos seus clientes, assim como as dores desses mesmos clientes

que podem
ser aliviadas pelo consumo desses produtos e serviços.

Segundo Osterwalder et al.


(2014,
p. 29), o primeiro componente a ser relacionado no Mapa de

Valor é a lista
de produtos e serviços oferecidos pela empresa. Esses produtos e serviços
somente

têm potencial para criar valor quando levando em consideração a relação


com um segmento
específico de consumidores e seus respectivos trabalho, ganhos
e dores.

Para Osterwalder
et al. (2014, p. 29), a proposta de valor da empresa deve considerar
vários tipos
de produtos e serviços, entre os quais:

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Físicos/tangíveis,
como as mercadorias/manufaturados.

Intangíveis,
como direitos autorais e assistência pós-venda.
Digitais,
como streaming de músicas ou vídeos e plataformas de serviços
profissionais.

Financeiros,
como fundos de investimento e linhas de crédito.

Figura 15 – Produtos e
serviços

O segundo componente do mapa de valor são


os aliviadores de dores, os quais para
Osterwalder et al.
(2014,
p. 31) “descrevem explicitamente como você pretende eliminar ou reduzir

algumas
das coisas que incomodam seus clientes antes, durante ou depois de tentarem
concluir um

trabalho ou que os impedem de fazê-lo”.

Figura 16 – Aliviadores de
dores

Os autores destacam que propostas de


valor adequadas focam nas dores extremas do cliente,

uma vez que não é


necessário ou possível tentar encontrar soluções para todas as dores do
cliente.

Deve se focar nas dores maiores e aliviar estas efetivamente.

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O Quadro 7 traz uma lista de questões que,


segundo os autores, podem ajudar a pensar de

diferentes modos em como seus


produtos e serviços podem ajudar os clientes a aliviarem suas dores.

Quadro
7 – Questões para pensar em produtos e serviços que aliviem dores

Pergunte a si mesmo:  

seus produtos e
serviços
podem...

...produzir economia? Em
termos de tempo, dinheiro ou esforços.

...fazer seus clientes se Eliminando


frustrações, aborrecimentos e

sentirem melhor? outras coisas que causam dor de cabeça aos


clientes.

...corrigir soluções de Introduzindo novos recursos, melhor

baixo desempenho? desempenho ou


qualidade aprimorada.

...pôr um fim às Facilitando


as coisas ou eliminando obstáculos.

dificuldades e desafios
que seus
clientes

encontram?

...eliminar as Em
termos de perda de face ou perda de

consequências sociais poder, confiança ou status.


negativas que seus

clientes encontram ou
temem?

...eliminar os riscos que Em


termos de riscos financeiros, sociais,

seus clientes temem? técnicos ou coisas que potencialmente


podem
dar errado.

...ajudar seus clientes a Abordando


questões importantes, diminuindo

dormir melhor à noite? preocupações ou eliminando preocupações.

limitar ou erradicar Ajudando-os


a usar uma solução da maneira

erros comuns certa.


cometidos pelos

clientes?

eliminar barreiras que Introduzir


custos de investimento iniciais mais

impedem seu cliente de baixos ou inexistentes, uma curva de


adotar
propostas de aprendizado mais plana ou eliminar outros

valor? obstáculos que impedem a adoção.

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Fonte: Elaborado com


base em Osterwalder et al., 2014, p. 31.

O
terceiro componente do mapa de valor são os criadores de ganhos, que
descrevem como os

produtos e serviços criam ganhos para os clientes. Na ótica


de Osterwalder
et al. (2014, p. 33),

eles descrevem
explicitamente como a empresa pretende produzir resultados e benefícios que
seu
cliente espera, deseja ou ficaria surpreso, incluindo utilidade funcional,
ganhos sociais, emoções

positivas e economia de custos.

Figura 17 – Criadores de ganhos

Os autores também dizem que, da mesma forma


que os aliviadores de dores, os criadores de

ganhos não precisam contemplar


todos os ganhos identificados no perfil do cliente, mas se

concentrar nos mais


relevantes.

Uma lista de questões para auxiliar a


pensar em diferentes formas de produtos e serviços

proporcionarem resultados e
benefícios para os clientes foi elaborada pelos autores e está no
Quadro 8.

Quadro
8 – Perguntas para pensar em formas de produtos e serviços proporcionarem
resultados

e benefícios para os clientes

Pergunte a si mesmo: seus  

produtos e serviços
podem...

...criar economias que agradem seus Em termos de tempo, dinheiro e

clientes? esforço.

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...produzir resultados que seus Ao oferecer níveis de qualidade,

clientes esperam ou que


excedam mais de alguma coisa ou
menos
suas expectativas? de alguma coisa.

...superar as propostas atuais de Em relação a recursos,

valor e encantar seus


clientes? desempenho ou qualidade
específicos.

...facilitar o trabalho ou a vida de Por meio de melhor usabilidade,

seus clientes? acessibilidade, mais


serviços ou
menor custo de propriedade.

...criar consequências sociais Fazendo com que o cliente

positivas? pareça melhor ou produzindo um


aumento de poder ou status.

...fazer algo específico que os Em termos de bom design,

clientes procuram? garantias ou recursos


específicos
ou recursos adicionais.

...cumprir um desejo que os clientes Ajudando-os a alcançar suas

sonham? aspirações ou obtendo alívio


de
uma dificuldade?

...produzir resultados positivos que Em termos de melhor

correspondem aos
critérios de desempenho ou menor custo.
sucesso e fracasso de seus clientes?

Fonte: Elaborado com


base em em Osterwalder et al., 2014, p. 33.

TEMA 5 – CANVAS DA PROPOSTA DE VALOR E O ENCAIXE

O encaixe é o encontro da proposta de


valor da empresa com as necessidades do cliente. Isso
ocorre quando a proposta
de valor do produto/serviço contempla trabalhos importantes do cliente,

alivia
dores extremas e cria ganhos essenciais. Osterwalder et al. (2014, p. 42)
pontuam que é difícil
encontrar e manter o encaixe, por isso, a importância de
se focar nas dores e ganhos que realmente

importam para o cliente.

Figura 18 – Encaixe

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Como mostra a Figura 19, os criadores de


ganho devem contemplar os ganhos essenciais do

cliente, assim como os


aliviadores de dores devem contemplar as dores mais extremas.

Figura 19 – Encaixe entre o mapa de valor e o perfil


do cliente

Fonte:
Elaborado com base em Osterwalder et al., 2014, p. 42.

Ao analisar o encaixe Osterwalder


et al. (2014, 55), trazem mais uma variável que deve ser levada

em
consideração que é o contexto do cliente. E essa variável que diferencia a
abordagem do perfil
psicodemográfico tradicional da abordagem do “trabalho a
ser feito”.

Vamos fazer uma pausa rápida para


apresentar o conceito de segmentação de mercado.
Segundo Churchil
e Peter (2000, p. 204), “segmentação de mercado é o processo de dividir um
mercado em grupos de compradores potenciais com necessidades, desejos, percepções
de valores

ou comportamentos de compra semelhantes”.

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Isso permite ao empreendedor entender


melhor as necessidades desses clientes e obter ganhos

de especialização e
escala ao atender esse segmento. Por exemplo, o mercado de carros de passeio
tem uma segmentação bem conhecida de mercado em termos de renda: modelos
populares,

intermediários e topo de linha. Quase todas as montadoras seguem


essa segmentação, inclusive com
alguns grupos fazendo a segmentação por marcas,
como no caso do Grupo Volkswagen: a marca
Volkswagem é para o mercado popular e
intermediário, enquanto a marca Audi é voltada para o

mercado de luxo.

Existem critérios para fazer essa divisão


de mercado e agrupamento de consumidores. Os mais

conhecidos são apresentados no


Quadro 9.

Quadro
9 – Bases e critérios para segmentação de mercado

Base para segmentação Critério

Geográfica Região

Densidade populacional
Clima

Demográfica Sexo

Idade
Etnia

Renda
Ocupação

Tamanho da família

Ciclo de vida da família

Geográfica Região

Densidade populacional
Clima

Psicográfica Estilo de vida

Personalidade

Pensamentos e sentimentos do Atitudes Benefícios

comprador procurados
Caráter de inovação

Risco percebido
Envolvimento

Comportamento de compra Frequência de uso

Lealdade da fonte

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Status do usuário

Fonte: Elaborado com


base em Churchil e Peter, 2000, p. 210.

Retomando a abordagem do “trabalho a ser feito”,


além de permitir o estudo da motivação de
diferentes segmentos de clientes,
leva em consideração o contexto de consumo, que altera a
natureza do trabalho a
ser feito, o que impacta na percepção de valor para o cliente. Para

exemplificar, vamos considerar o perfil de um consumidor de café bem comum (Quadro


10).

Quadro
10 – Perfil de um consumidor de café

Carlos tem 32 anos, é separado, com 2


filhos, mora sozinho e

trabalha na área financeira de uma grande empresa, com


uma renda
mensal de 7 salários mínimos. Aprecia cafés especiais e consome

várias xícaras ao longo do dia.

Crédito: Africa
Studio/Shutterstock.

Olhando para o perfil psicodemográfico,


uma empresa que produz cafés elaboraria um produto
premium, em uma
embalagem moderna e chamativa, distribuindo o mesmo para no varejo que

atende a
classe média-alta. Mas e se olharmos para a forma de obter o café? Nesse caso,
já começa a
complicar. Poderia se dizer que Carlos gosta de preparar seu café gourmet
seguindo todo um ritual
para tirar o máximo dos sabores e aromas dos grãos
moídos. Mas será que é isso mesmo?

Para entender quais as preferências de


Carlos sobre as formas de obtenção do café, é preciso
investigar mais a fundo o
trabalho a ser feito por ele para consumir o café. Vamos verificar em quais

situações/contextos Carlos consome seu café no Quadro 11.

Quadro
11 – Contextos de consumo de café para Carlos

1. Na refeição matinal (café da manhã).


2. Pausas no local de trabalho.

3. Após o almoço.
4. Acompanhando a realização do trabalho.

5. Em reuniões sociais com amigos em cafeterias da


cidade.
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6. Após a refeição em jantares em restaurantes.

Crédito: Gennadii
Zakharov/Shutterstock.

Verifica-se que, para o mesmo consumidor


de café (Carlos), dependendo do contexto, soluções
diferentes são necessárias.
Exceto em sua casa, seu trabalho nas outras situações consiste em buscar

um
lugar para consumir o café e consumi-lo. Em sua casa, não terá o trabalho de
buscar um local
para consumir o café, mas terá o trabalho de prepará-lo.

Focando esse trabalho de preparar o café


em casa, muitas empresas criaram um produto para
facilitar a vida de Carlos: a
cafeteria elétrica doméstica (Figura 20).

Figura 20 – Cafeteira elétrica


doméstica

Crédito:
xiaorui/Shutterstock.

A Figura 21 mostra o Canvas da Proposta de


Valor para uma cafeteira elétrica para uso

doméstico.

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Figura 21 – Canvas da Proposta


de Valor para uma cafeteira elétrica doméstica

Do lado do perfil do cliente, nos post-its


da cor azul, observa-se o trabalho que Carlos precisa
fazer pela manhã para
beber o seu café. Como muitas pessoas nesse horário, acaba tendo que fazer

outras tarefas em paralelo também. Nos post-its da cor vermelha, vemos


as dores que afligem Carlos.
E nos post-its da cor laranja estão os
ganhos esperados por Carlos. Resumindo, aproveitar o
momento do café, resolver
as coisas e não atrasar.

Do lado da Proposta de Valor do produto


cafeteira, tem-se nos post-its verdes os ganhos
proporcionados e dores
aliviadas pelo produto, ou seja, o valor gerado. Para proceder ao encaixe,

verifique se o produto alivia as dores, cria ganhos e contempla diretamente


alguns dos trabalhos,
dores ou ganhos do cliente. A Figura 15 mostra o
resultado do encaixe para a proposta de valor da
cafeteira.

Figura 15 – Encaixe entre a


proposta de valor da cafeteira e o perfil do cliente

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Observando o encaixe mostrado na Figura 15,


verifica-se que a proposta de valor da cafeteira

contempla praticamente todas


as dores, ganhos e trabalhos do perfil do cliente Carlos (lembrando
que ele
representa milhões de consumidores de café da manhã pelo mundo).

A opção ao uso da cafeteira elétrica seria


Carlos fazer o café manualmente, com mais trabalho e
maior risco de ocorrência
das dores e menor probabilidade de alcançar os ganhos. Ao fazer uso da
cafeteira, ela proporciona mais tempo livre para ele fazer outras coisas,
garante um café de

qualidade, diminui o risco de acidentes e aumenta a chance


dele não se atrasar.

Voltando à análise do encaixe, somente um


dos ganhos não foi contemplado pela proposta de

valor da cafeteira: café pronto


ao acordar. A cafeteira considerada nesse exemplo é um modelo mais
simples, que
precisa ser ligado para iniciar a preparação do café. Para atender a esse ganho,
essa
cafeteira precisaria ter um timer, que ligaria o equipamento em um
horário pré-determinado e,

quando Carlos acordasse, já teria o café pronto


esperando por ele.

Todavia, pode-se considerar esse ganho


como não essencial, pois, para atender ele colocando o

recurso do timer,
provavelmente o preço da cafeteira seria mais do que o dobro do valor, fazendo
com que Carlos não pagasse esse preço somente por esse recurso a mais (por isso
existem vários
modelos com diferentes recursos e preços no mercado). Ou seja,
na percepção de Carlos, seria bom

ter um timer, mas ele vive bem sem


esse recurso.

FINALIZANDO

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Vimos nesta aula como é importante na


identificação e análise de oportunidades o
entendimento do conceito de geração
de valor. Se o consumidor não percebe valor no produto ou

serviço ofertado, ele


não vai comprá-lo. Entender a relação custo-benefício na equação da geração
de
valor ajuda a analisar o quanto o produto ou serviço realmente atende a
necessidade do
consumidor.

No contexto da análise de valor, o


conceito de “trabalho a ser feito” pelo consumidor impacta
muito na criação de
valor. Além das características psicodemográficas utilizadas para a segmentação

de mercado, o contexto de consumo, o qual envolve o “trabalho a ser feito” deve


ser considerado
para identificar o valor gerado ou não para o cliente.

O Canvas da Proposta de Valor se tornou


uma ferramenta acessível e popular para essa análise
de valor. Ao descrever o
perfil do cliente e o mapa de valor, ela cria uma base sólida para comparar
os
dois lados envolvidos na geração de valor.

Com base nessa análise e estando claro


como se gera o valor para o cliente em questão, o
empreendedor pode seguir para
a próxima etapa do processo empreendedor, com o intuito de

oferecer um produto
e/ou serviço com chances muito maiores de ser bem-sucedido.

REFERÊNCIAS

CHURCHIL,
G. A.; PETER, J. P. Marketing: criando valor para o cliente. São
Paulo: Saraiva, 2000.

MASLOW,
A. H. A theory of human motivation. Floyd: Sublime Books, 2014.

NOBEL, C. Clay Christensen’s


Milkshake Marketing. Havard Business School, 14 fev. 2011.

Working
Knowledge. Disponível em: <https://hbswk.hbs.edu/item/clay-christensens-milkshake-
marketing>.
Acesso em: 8 dez. 2020.

OSTERWALDER, A. et al. Value


proposition design: how to create products and services

customers want. New


Jersey: John Wiley & Sons, 2014.

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