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AULA 2
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Figura 1 – Hierarquia de necessidades de Maslow
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A racionalidade humana sempre vai buscar o jeito que exija menos
esforço para atender uma necessidade. Para isso, a humanidade pôs em uso
sua genialidade utilizando a inovação para criar meios para diminuir o esforço na
busca da satisfação da sua necessidade.
Ou seja, em uma relação de custo-benefício, se algum método de
satisfazer uma necessidade apresentar um benefício maior e um custo menor,
será adotado. Nessa busca, o homem inventou ferramentas e máquinas e
transferiu o trabalho para outras pessoas de acordo com o sistema de trocas.
No caso do pão, antigamente, ele era feito em casa, depois passou-se a
compra-lo na padaria, pois ganhava-se tempo e o custo pelo produto era menor.
Todavia, recentemente, várias pessoas passaram a fazer pão em casa buscando
um produto mais natural sem o uso de conservantes e também por hobby (veja
a Figura 3).
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2. A necessidade de segurança ao consumir um produto que não faça mal,
pois a pessoa acredita que os conservantes utilizados podem ser
prejudiciais à saúde.
3. A necessidade de realização fazendo você mesmo um pão, ou seja, a
satisfação de ver que se é capaz de fazer um pão melhor do que o da
padaria.
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Figura 4 – Tomar um milk-shake de café da manhã é prático
Como exemplo, vamos imaginar uma pessoa que precisa ir à sua agência
bancária. Como essa agência fica distante dez quadras da sua casa, o trabalho
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que essa pessoa precisa fazer é se deslocar essa distância. Esse deslocamento
envolve algumas opções (Figura 6):
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Quadro 1 – Formas, trabalho e tempo para obtenção da bebida café
4. Comprar pronto na Sem tempo de preparo e não Valor unitário mais caro do que
cafeteria no local de precisa arrumar nem limpar fazer em casa.
trabalho louça e equipamentos
utilizados.
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Quadro 3 – Categorias de benefícios e custos
Benefícios Custos
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Uma oportunidade de negócios se mostra na medida que um
produto/serviço cria valor para o cliente, provendo mais benefícios do que custos,
quando o cliente decide adquirir e usar o produto/serviço em questão. Mas como
se cria valor para o cliente? Já temos o conceito de valor apresentado por
Churchil e Peter (2000) e o conceito de job to be done proposto por Christensen.
Mas, ainda assim, empreendedores podem achar os dois conceitos um
pouco abstratos e difíceis de se colocar em prática. Até por isso, muitas vezes,
são ignorados na hora de se avaliar uma oportunidade de negócio, aumentando
a chance de insucesso do novo empreendimento.
Para ajudar os futuros empreendedores Alexander Osterwalder junto com
alguns colaboradores criou uma ferramenta para análise e criação de valor,
conhecida como Canvas da Proposta de Valor. Essa ferramenta se tornou muito
popular por facilitar muito para os interessados a lidar com essa questão da
geração de valor.
Essa ferramenta foi uma evolução de outra ferramenta, que é o Business
Model Generation – mais conhecido no Brasil por BMG Canvas, cujo propósito
é ajudar a criar e a analisar modelos de negócios. Isso é feito a partir de nove
quadrantes que são os elementos que compõem o modelo de negócio, conforme
pode ser observado na Figura 9.
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A Figura 9 mostra a interseção das duas ferramentas, na qual observa-se
que os quadrantes Proposta de Valor e Segmentos de clientes do BMG Canvas
tornaram-se a base do Canvas da Proposta de Valor (representados pelo
quadrado e o círculo azul).
O Canvas da Proposta de Valor concebido por Osterwalder et al. (2014,
p. 61) possui dois lados. O lado representado pelo círculo refere-se ao perfil do
cliente, no qual se esclarece a compreensão do cliente. O outro lado,
representado pelo quadrado, é o mapa de valor, no qual se descreve como a
empresa intenciona criar valor para o cliente em questão. Quando a proposta de
valor se ajusta ao perfil do cliente, se tem o encaixe de mercado. Veja a
representação da ferramenta na Figura 10.
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Sem falar que isso também facilita o uso da ferramenta em grupo,
facilitando a discussão dos temas por todos os envolvidos. A ferramenta em uso
ficaria como mostra a Figura 11.
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Figura 12 – Trabalho do cliente
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Figura 13 – Dores dos clientes
• Como seus clientes definem muito caro? Leva muito tempo, custa muito dinheiro, ou
requer esforços substanciais?
• O que faz com que seu cliente se sinta mal? Quais são suas frustrações,
aborrecimentos ou coisas que lhes dão dor de cabeça?
• A proposta de valor atual está atendendo adequadamente seus clientes? Está faltando
alguma coisa? Algo não está funcionando bem?
• Quais riscos seus clientes temem? Riscos financeiros, sociais ou técnicos? Ou algo
que poderia dar errado preocupa eles?
• O que está tirando o sono dos seus clientes acordados à noite? Quais são seus
grandes problemas e preocupações?
• Quais erros comuns seus clientes costumam cometer? Eles estão usando uma
solução da maneira errada?
Seguindo para o próximo item, temos os ganhos dos clientes, que, para
Osterwalder et al. (2014, p. 16),
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clientes, e alguns os surpreenderiam. Os ganhos incluem utilidade
funcional, ganhos sociais, emoções positivas e economia de custos.
Ganhos São ganhos sem os quais uma A expectativa mais básica que temos
necessários solução não funcionaria. de um smartphone é que podemos
fazer uma ligação com ele.
Ganhos Esses são ganhos relativamente Desde que a Apple lançou o iPhone,
esperados básicos que esperamos de uma esperamos que os telefones sejam
solução, mesmo que funcione sem bem projetados e com boa
eles. aparência.
Ganhos Esses são ganhos que vão além do Desejamos que os smartphones
desejados que esperamos de uma solução, sejam perfeitamente integrados aos
mas que gostaríamos de ter, se nossos outros dispositivos.
pudéssemos. Esses geralmente são
ganhos que os clientes poderiam
obter se você os perguntasse.
Ganhos São ganhos que vão além das Antes que a Apple trouxesse telas
inesperados expectativas e desejos dos clientes. sensíveis ao toque, ninguém
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Eles nem pensariam neles se você realmente pensava nelas como parte
perguntasse. de um telefone.
• Quais economias fariam seus clientes felizes? Quais economias em termos de tempo,
dinheiro e esforço eles valorizariam?
• Quais níveis de qualidade eles esperam e o que eles desejam mais ou menos?
• O que facilitaria a vida ou o trabalho de seus clientes? Poderia haver uma curva de
aprendizado mais plana, mais serviços ou custos mais baixos de propriedade?
• Quais consequências sociais positivas seus clientes desejam? O que os faz parecer
bons? O que aumenta seu poder ou status?
• O que os clientes mais procuram? Eles estão procurando um bom design, garantias,
características específicas ou mais?
• Com o que os clientes sonham? O que eles desejam alcançar, ou o que seria um
grande alívio para eles?
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empresa. Esses produtos e serviços somente têm potencial para criar valor
quando levando em consideração a relação com um segmento específico de
consumidores e seus respectivos trabalho, ganhos e dores.
Para Osterwalder et al. (2014, p. 29), a proposta de valor da empresa deve
considerar vários tipos de produtos e serviços, entre os quais:
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Os autores destacam que propostas de valor adequadas focam nas dores
extremas do cliente, uma vez que não é necessário ou possível tentar encontrar
soluções para todas as dores do cliente. Deve se focar nas dores maiores e
aliviar estas efetivamente.
O Quadro 7 traz uma lista de questões que, segundo os autores, podem
ajudar a pensar de diferentes modos em como seus produtos e serviços podem
ajudar os clientes a aliviarem suas dores.
...eliminar os riscos que seus clientes temem? Em termos de riscos financeiros, sociais,
técnicos ou coisas que potencialmente
podem dar errado.
limitar ou erradicar erros comuns cometidos Ajudando-os a usar uma solução da maneira
pelos clientes? certa.
eliminar barreiras que impedem seu cliente Introduzir custos de investimento iniciais
de adotar propostas de valor? mais baixos ou inexistentes, uma curva de
aprendizado mais plana ou eliminar outros
obstáculos que impedem a adoção.
Fonte: Elaborado com base em Osterwalder et al., 2014, p. 31.
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surpreso, incluindo utilidade funcional, ganhos sociais, emoções
positivas e economia de custos.
...criar consequências sociais positivas? Fazendo com que o cliente pareça melhor ou
produzindo um aumento de poder ou status.
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...cumprir um desejo que os clientes sonham? Ajudando-os a alcançar suas aspirações ou
obtendo alívio de uma dificuldade?
Figura 18 – Encaixe
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Figura 19 – Encaixe entre o mapa de valor e o perfil do cliente
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Quadro 9 – Bases e critérios para segmentação de mercado
Demográfica Sexo
Idade
Etnia
Renda
Ocupação
Tamanho da família
Ciclo de vida da família
Geográfica Região
Densidade populacional
Clima
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Quadro 10 – Perfil de um consumidor de café
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Verifica-se que, para o mesmo consumidor de café (Carlos), dependendo
do contexto, soluções diferentes são necessárias. Exceto em sua casa, seu
trabalho nas outras situações consiste em buscar um lugar para consumir o café
e consumi-lo. Em sua casa, não terá o trabalho de buscar um local para consumir
o café, mas terá o trabalho de prepará-lo.
Focando esse trabalho de preparar o café em casa, muitas empresas
criaram um produto para facilitar a vida de Carlos: a cafeteria elétrica doméstica
(Figura 20).
Crédito: xiaorui/Shutterstock.
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Do lado do perfil do cliente, nos post-its da cor azul, observa-se o trabalho
que Carlos precisa fazer pela manhã para beber o seu café. Como muitas
pessoas nesse horário, acaba tendo que fazer outras tarefas em paralelo
também. Nos post-its da cor vermelha, vemos as dores que afligem Carlos. E
nos post-its da cor laranja estão os ganhos esperados por Carlos. Resumindo,
aproveitar o momento do café, resolver as coisas e não atrasar.
Do lado da Proposta de Valor do produto cafeteira, tem-se nos post-its
verdes os ganhos proporcionados e dores aliviadas pelo produto, ou seja, o valor
gerado. Para proceder ao encaixe, verifique se o produto alivia as dores, cria
ganhos e contempla diretamente alguns dos trabalhos, dores ou ganhos do
cliente. A Figura 15 mostra o resultado do encaixe para a proposta de valor da
cafeteira.
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Voltando à análise do encaixe, somente um dos ganhos não foi
contemplado pela proposta de valor da cafeteira: café pronto ao acordar. A
cafeteira considerada nesse exemplo é um modelo mais simples, que precisa
ser ligado para iniciar a preparação do café. Para atender a esse ganho, essa
cafeteira precisaria ter um timer, que ligaria o equipamento em um horário pré-
determinado e, quando Carlos acordasse, já teria o café pronto esperando por
ele.
Todavia, pode-se considerar esse ganho como não essencial, pois, para
atender ele colocando o recurso do timer, provavelmente o preço da cafeteira
seria mais do que o dobro do valor, fazendo com que Carlos não pagasse esse
preço somente por esse recurso a mais (por isso existem vários modelos com
diferentes recursos e preços no mercado). Ou seja, na percepção de Carlos,
seria bom ter um timer, mas ele vive bem sem esse recurso.
FINALIZANDO
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REFERÊNCIAS
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