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CAMPOS ELÉTRICOS NA MATÉRIA PARTE 2

Neil Diogo Silva Coimbra


Junho de 2022

Materiais dielétricos na presença de campos elétricos apresentam cargas polarizadas, que por sua vez, geram
um campo próprio diferente do campo externo que é aplicado sobre o material, para saber qual o campo total
que age no sistema devemos conhecer a contribuição das cargas polarizadas.
Podemos calcular o potencial criado a partir dessas cargas para obter o campo gerado por elas por meio do
divergente do potencial, porém, muitas vezes trabalhar com o potencial em termos da carga polarizada acaba
sendo muito custoso, uma vez que em geral, é muito complicado encontrar o campo por meio dessa descrição.
Uma outra abordagem seria considerar o potencial de materiais dielétricos sobre a influência de campos externos,
como sendo gerada pela densidade superficial e volumétrica de cargas polarizadas, essa abordagem é mais
abrangente do que a ultima porém ainda sim não há muito ganho na tentativa de obter o campo, uma vez
que para conhecer essas densidades é preciso conhecer a polarização e consequentemente, o campo que a gerou,
essa definição circular impossibilita o calculo do potencial, quando o campo ou as cargas polarizadas não são
conhecidas.
É necessária uma nova abordagem para o calculo do potencial, avaliando a lei de Gauss para a eletrostática,
que diz que a existência de densidades de carga em um ponto do espaço implica no surgimento de campos
elétricos nesse mesmo ponto, não há nenhuma especificação acerca de qual carga essa densidade citada na lei
se refere, se considerarmos essa densidade como a soma das densidades de cargas livres e cargas polarizadas
conseguimos chegar em uma nova abordagem da lei de Gauss, interpretando a densidade volumétrica de cargas
polarizadas em um elemento de volume, como sendo o negativo das cargas ligadas que se afastam desse volume
por conta da polarização, chegamos a uma relação que nos diz que a existência de densidades da cargas livres
(aquelas que podem ser controladas) em um ponto do espaço, implica automaticamente no surgimento de campos
elétricos e no afastamento de cargas ligadas nesse mesmo ponto , na formulação matemática,
n o
⃗ ·E
ϵ0 ∇ ⃗ + ∇.
⃗ P⃗ = ∇ ⃗ · ϵ0 E
⃗ + P⃗ = ρl (1)

, sendo P⃗ o vetor de polarização.


A expressão entre chaves, ϵ0 E ⃗ + P⃗ , é definido como sendo o vetor de deslocamento elétrico, apesar de
não tratar de nenhum deslocamento em si (com exceção das cargas polarizadas). Essa expressão não carrega
consigo nenhuma informação nova ao problema, ela é apenas a reformulação da lei de Gauss considerando as
cargas polarizadas, porém, essa nova grandeza vetorial depende apenas das cargas livres, oque simplifica muito
a obtenção do campo visto que, I
⃗ · ⃗a = Ql
D (2)
enc

pode ser resolvido a partir de argumentos de simetria assim como para a lei de Gauss usual.
⃗ será semelhante a de E
A semelhança com a lei de Gauss nos induz ao erro de pensar que a expressão de D ⃗
na lei usual, ou seja, Z
D⃗ = 1 ρl dτ
r̂. (3)
4π r2
Porém, quando chegamos na expressão do campo elétrico, a lei de Gauss não é a unica suposição feita para o
⃗ ·E
vetor de campo elétrico, além de ∇ ⃗ = ρ também consideramos o fato de ∇⃗ ×E ⃗ = 0, aplicar essa suposição
ϵ0
ao vetor de deslocamento elétrico seria equivalente a afirmar que,
n o
∇⃗ ×D⃗ =∇ ⃗ × ϵ0 E ⃗ + P⃗ = ϵ0 ∇
⃗ ×E⃗ +∇
⃗ × P⃗ (4)

⃗ ×E
, como ∇ ⃗ = 0,
⃗ × P⃗ = 0
∇ (5)
⃗ coincide com a descrição de E,
oque em geral, não é verdade. Há problemas onde a descrição de D ⃗ mas esses
são apenas casos particulares.

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